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GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA PROF. CRÍSTIAN RODRIGUES TENÓRIO Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica: Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Fernando Sachetti Bomfim Marta Yumi Ando Simone Barbosa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5 1. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................................... 6 2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM GERAL (ORIGENS, CONCEITO E ENTES GERAIS) ....................................... 7 3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO ......................................................................................... 8 3.1 FOMENTO ............................................................................................................................................................. 8 3.2 POLÍCIA ADMINISTRATIVA ................................................................................................................................ 9 3.3 SERVIÇO PÚBLICO .............................................................................................................................................. 9 3.4 INTERVENÇÃO.................................................................................................................................................... 10 4. DIREITO ADMINISTRATIVO E SERVIÇO PÚBLICO ............................................................................................11 5. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA ............................................................................. 12 5.1 REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO ............................................................................................................. 12 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, GOVERNO, PRINCÍPIOS E SERVIDORES PROF. CRÍSTIAN RODRIGUES TENÓRIO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA 4WWW.UNINGA.BR 5.2 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................................................................................. 13 5.2.1 LEGALIDADE .................................................................................................................................................... 13 5.2.2 IMPESSOALIDADE ......................................................................................................................................... 14 5.2.3 MORALIDADE ................................................................................................................................................. 14 5.2.4 PUBLICIDADE ................................................................................................................................................. 15 5.2.5 EFICIÊNCIA ..................................................................................................................................................... 16 5.2.6 DEMAIS PRINCÍPIOS ..................................................................................................................................... 16 6. SERVIÇOS PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS ........................................................................................... 18 7. PODER DE POLÍCIA .............................................................................................................................................. 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 20 5WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A presente obra se propõe a oferecer uma visão objetiva e setorizada da administração pública brasileira. Aqui, como deve ser feito em todo início, as de� nições (conceitos limitados) e noções (visões de autores) sobre governo e administração formarão para você uma base de conhecimento (saber o que é) e entendimento (saber o que fazer com o que se sabe). Não é nossa pretensão esgotar o assunto de forma a tornar especializado aquele que lê as noções e conceitos de administração pública, suas origens, princípios e papel dos agentes públicos. Nossa intenção é, por outro lado, fornecer, a quem se pretende gestor da coisa pública, ingresso ou ingressante em carreiras da administração, as diretrizes e limites elementares para a formação de um pro� ssional de conhecimento e competência. Tudo relacionado ao governo, os negócios públicos e a administração pública, deve ser pautado pela ética: a ética pura – a prática do bem –, com a visão publicista (visando ao interesse do bem comum, à preservação e e� ciência da coisa pública que se presta a reger e proteger a vida de todas as pessoas). O compromisso e a consciência de quem pretende atuar na administração pública devem sempre se � ar na honestidade, na empatia, no préstimo ao próximo – coisas essas que não precisam constar em livros ou manuais, mas que, no entanto, abordaremos sucintamente. Assim, � ca como compromisso desta unidade o de oferecer as primeiras noções, de um número razoável de autores, que lhe fornecerão uma base forte, útil, necessária e, sobretudo, ética de conhecimento. 6WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Em boa parte do desenvolvimento do Estado (e do Direito no Ocidente), é sabido que toda de� nição tende a ser perigosa. Porém, não se pode começar uma marcha sem um primeiro passo; sendo assim, é forçosa uma de� nição já de partida. Uma de� nição de Estado (base da administração pública) é: “O Estado é a manifestação formal da organização da sociedade para assegurar a organização do poder” (JUSTEN FILHO, 2016, p. 23). Ainda sobre de� nições, o risco não é o de provocar danos, mas, sim, limitar uma ideia a um plano de execução que não atenda às necessidades do real, no momento em que uma pessoa ou uma coletividade corre algum risco. Assim, de� nir administração pública, embora importante, tende a levar a um comportamento limitador de algo que, por fazer parte do poder (e, sobretudo, por ser expressãodo poder), age e resolve situações que colocam uma coletividade inteira a seu dispor. Por razões didáticas, pode-se partir do princípio da administração pública e do poder como o seguinte: “o Poder para ser efetivamente exercitado, conta, mais das vezes, com a presença dos seguintes protagonistas: pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos” (PESTANA, 2008, p. 22). Percebe-se desde já que é impossível falar em administração pública sem mencionar sua divisão e as pessoas que a integram. A principal coluna da administração é o Estado. E o Estado, “[...] por sua natureza, não poderia ser admitido como instituição destituída de � nalidade. Negar � nalidade ao Estado seria negar o próprio Estado” (MALUF, 2011, p. 335). Portanto, o Estado e tudo nele possuem uma � nalidade. Sobretudo no caso brasileiro, cujo Estado é democrático de Direito, possuindo princípios que devem integrar todas as suas partes e manifestações. Como escreveu Manuel Gonçalves Ferreira Filho: “O Estado de Direito condensa, como se sabe, o ideal de governo de leis e não de homens. Ou seja, o império do Direito, do Justo, sobre as relações sociais” (FERREIRA FILHO, 2005, p. 106). Como a administração faz parte do poder, e o poder, no caso do Estado brasileiro, se expressa em três funções sabidamente conhecidas (Legislativo, Executivo e Judiciário), é preciso limitar qual poder administrativo se deve estudar. Assim, “[...] o exercício da função administrativa em si, a qual compete, predominantemente, ao Poder Executivo” (PESTANA, 2008, p. 19) e, feita essa última limitação, saber que “[...] já sob o prisma subjetivo ou formal, equivale ao conjunto de pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que têm o objetivo de exercer a função administrativa” (PESTANA, 2008, p. 19). Entretanto, cabe a advertência de Justen Filho (2016) para encerrar o tema: A expressão administração pública abrange todos os entes e sujeitos estatais exercentes de funções administrativas, ainda que o façam de modo secundário e acessório. Assim, a Administração Pública compreende o Poder Executivo, mas também o Judiciário e o Legislativo enquanto exercentes de atividade administrativa. Ou seja, Administração Pública não é sinônimo de Poder Executivo (JUSTEN FILHO, 2016, p. 111). Isso quer dizer que a administração pública, essa estrutura de poder e função do poder do Estado para si mesmo e para a coletividade (formada por pessoas e trabalhando para elas), possui uma divisão interna rumo a seu � m maior, qual seja, o de prover o poder do Estado e suas funções no cumprimento de sua � nalidade. 7WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM GERAL (ORIGENS, CONCEITO E ENTES GERAIS) Há estrutura de poder desde o princípio das sociedades. Em verdade, “[...] a Civilização é o resultado de um processo de repressão dos instintos animais dos indivíduos” (JUSTEN FILHO, 2016, p. 23). A percepção de um poder dotado de personalidade, funções e � nalidades (com responsabilidade) passou a ser discutida no último milênio, a partir do século XVIII, na Europa. A evolução transforma a todos e a vida de todos (pessoas e entes, como o caso do Estado), e a transformação não foge ao Direito, pois, como a� rma Ana Lúcia Sabadell: No início do século foi necessário estender o conceito da propriedade para proibir o furto de eletricidade [...] da mesma forma, os legisladores modernos introduziram normas para regulamentar os problemas relacionados com a informática (SABADELL, 2010, p. 106). Isso ilustra como a vida muda e, com ela, a dinâmica da lei e a própria estrutura do Estado. No século XIX, marcado por forte industrialização e por avanços sociais e toda uma discussão do avanço ou recuo das atividades do governo sobre a vida dos cidadãos, houve o nascedouro do Direito Administrativo e de todos os estudos que culminaram na administração púbica tal como é conhecida nos dias atuais: “A administração pública pode ser entendida como poder executivo ou como todos os órgãos pertencentes a esse poder” (MARTINS, 2003, p. 98). Interessante notar que, em busca de um nome, escolheu-se administração para o Direito Administrativo e administração pública em geral. O termo, vindo de ad manus trahere (que signi� ca servir), envolve a ideia de direção ou gestão. Há a ideia de hierarquia, de subordinação (DI PIETRO, 2008, p. 81). Sempre é importante saber ou lembrar que, hoje, não se fala em administração pública sem que se tenha como norte a Constituição Federal. Isso porque “A Constituição é a lei do Poder, que há de comandar segundo as formas que ela prescrever, nos limites que ela admitir” (FERREIRA FILHO, 2005, p. 4). Mais ainda, não apenas o poder, mas um poder que está fundado pelo povo e em seu interesse. É a expressão legítima da vontade do povo brasileiro. Deu ênfase à proteção dos direitos individuais, enfatizou e ampliou os direitos trabalhistas, criou novos instrumentos de proteção e garantia dos direitos individuais e coletivos. De forma geral constitui, sem dúvida, um largo passo na busca de uma sociedade livre, preocupada com a erradicação da miséria, com a diminuição das diferenças entre as classes sociais, com a fome, com o analfabetismo, com as garantias reais aos que produzem e acima de tudo com a justiça social, principal anseio dos Estados modernos (MALUF, 2011, p. 397). Nunca, porém, devemos perder a perspectiva já mencionada de que tudo muda, tudo se transforma ao sabor da evolução da técnica humana e social. Portanto, a obra constituinte, sobre a qual se constrói a administração pública, também sofre pressões culturais e do tempo, como bem de� niu Venosa (2004): 8WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA [...] a Constituição em vigor, de 1988, já várias vezes alterada, prolixa e detalhada, re� ete muitas conquistas sociais, mas ao mesmo tempo espelha uma democracia apenas burocrática, com sistema eleitoral e representativo ine� ciente, sem que o direito social atue e� cazmente (VENOSA, 2004, p. 340). Via de regra, a administração pública exercida pelo Estado se manifesta por meio de três entes: • Pessoas jurídicas: as criações de personalidade em lei, que podem ser, por exemplo, um município ou o Distrito Federal e “[...] possuem a marcante condição de serem titulares de direitos e obrigações, os quais, de certa maneira, se referem ao interesse público, ao interesse coletivo” (PESTANA, 2008, p. 22). • Órgãos: setores na administração que são especializados e aparelhados com cumprimentos especí� cos de uma ou mais funções. Nascidos e modi� cados por lei, são “[...] parte de um todo, ampliado, este sim, contendo a aptidão de pugnar por direitos e atender às obrigações que é titular” (PESTANA, 2008, p. 22). Exemplos são uma delegacia regional ou uma secretaria de educação. • Agentes públicos: são o funcionário público ou o assim considerado. São a pessoa humana que externa em suas atribuições e vontade (dentro da legalidade) as � nalidades da administração pública. A presença das pessoas é indispensável, pois “[...] não há atividade do estado, sem que se contenha a presença de um ser humano” (PESTANA, 2008, p. 22). 3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO Em sentido estrido, a administração pública se concretiza a partir de quatro expressões de seu poder: fomento, polícia administrativa, serviço público e intervenção. 3.1 Fomento O fomento é a “[...] atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de utilidade pública” (DI PIETRO, 2008, p. 87). De forma mais contundente: É uma atividade administrativa de intervenção no domínio econômico para incentivar condutas dos sujeitos privados mediante a outorga de benefícios diferenciados inclusive mediante a aplicação de recursos � nanceiros, visando a promover o desenvolvimento econômico e social (JUSTEN FILHO, 2016,p. 545). Segundo Di Pietro (2008), a variação de aplicações de fomentos pode ser realizada em forma de: • Auxílios � nanceiros ou subvenções, por conta dos orçamentos públicos. 9WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Financiamento, sob condições especiais, para a construção de hotéis e outras obras ligadas ao desenvolvimento do turismo, para a organização e o funcionamento de indústrias relacionadas com a construção civil, e que tenham por � m a produção em larga escala de materiais aplicáveis na edi� cação de residências populares, concorrendo para seu barateamento. • Favores � scais que estimulem atividades consideradas particularmente bené� cas ao progresso material do País. • Desapropriações que favoreçam entidades privadas sem � ns lucrativos, que realizem atividades úteis à coletividade, como os clubes desportivos e as instituições bene� centes. 3.2 Polícia Administrativa A polícia administrativa (jamais confundir com a Força Pública de Segurança) é o exercício de manutenção da ordem por parte da administração pública. O poder do Estado (e seus entes) deve se fazer respeitar. Assim, recomendações (como fechamentos de ruas ou horários diferenciados de atividades em uma Secretaria ou em uma escola) podem ser impostas à população, formada por usuários interessados no funcionamento de um ente público. Nas palavras de Di Pietro (2008): [...] compreende toda atividade de execução das chamadas limitações administrativas, que são restrições impostas por lei ao exercício de direitos individuais em benefício do interesse coletivo. Compreende medidas de polícia, como ordens, noti� cações, licenças, autorizações, � scalização e sanções (DI PIETRO, 2008, p. 88). O exercício de polícia administrativa foi sentido em todas as esferas da administração pública brasileira em 2020 por conta da pandemia causada pela COVID-19. 3.3 Serviço Público São atividades essenciais e relevantes que, por razões de bem-estar dos cidadãos ou por razões estratégicas quanto à soberania, � cam a cargo da administração pública. É imprescindível que os gestores e pessoas que ocupam cargos eletivos tenham noção da importância dos serviços públicos (essenciais ou não) e de sua � nalidade para o cumprimento das razões de existir do Estado e sua administração. [...] é toda atividade que a Administração Pública executa, direta ou indiretamente, para satisfazer à necessidade coletiva, sob regime jurídico predominantemente público. Abrange atividades que, por sua essencialidade ou relevância para a coletividade, foram assimiladas pelo Estado, com ou sem exclusividade (DI PIETRO, 2008, p. 88). Como exemplo, a Constituição Federal elenca alguns serviços que competem à administração pública federal (União): 10WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA [...] Art. 21. Compete à União: X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; f) os portos marítimos, � uviais e lacustres; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições (BRASIL, 1988). 3.4 Intervenção A intervenção “[...] compreende a regulamentação e � scalização da atividade econômica” (DI PIETRO, 2008, p. 88), podendo ser de dois tipos: • Intervenção direta: atuação do Estado por meio de empresas estatais. • Intervenção indireta: � scalização da atividade econômica privada. Ocorrendo a intervenção direta, o Estado atua com a administração pública com o uso de uma empresa estatal, submetendo-se à boa parte das regras do mercado e atuando pelas leis dele. Conforme consta da própria Constituição Federal: [...] Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme de� nidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I - sua função social e formas de � scalização pelo Estado e pela sociedade; II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários (BRASIL, 1988, grifo do autor). A administração pública, portanto, é vista como atividade concreta. Coloca a vontade do Estado (por seus administradores legitimamente postos) em prática, satisfazendo-se, assim, os � ns constitucionais do Estado. Seu regime jurídico é predominantemente de direito público (DI PIETRO, 2008). 11WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4. DIREITO ADMINISTRATIVO E SERVIÇO PÚBLICO Há a seguinte de� nição, antiga, sobre direito administrativo: “[...] conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os � ns desejados pelo Estado” (MARTINS, 2003, p. 98). Numa visão mais especí� ca, dentro da ciência do Direito, seria “[...] o ramo do direito público interno que regula a atividade das pessoas jurídicas públicas e a instituição de meios e órgãos relativos à ação dessas pessoas” (MARTINS, 2003, p. 98). Segundo a� rmava o Papa Leão XIII em sua encíclica Rerum Novarum: “A sociedade é destinada pelo Criador como meio para a natural perfeição do homem” (MALUF, 2011, p. 337). O pontí� ce publicou a citada encíclica em 15 de maio de 1891, ou seja, quase um século antes da Constituição Federal. Contudo, ali já estavam presentes as ideias da sociedade jurídica e civilmente organizada com � nalidades próprias, incluindo-se as ideias de interferência nas relações de trabalho, reforçando a ideia de administração pública e serviço público que se desenvolveria durante o século seguinte. Pestana (2008) de� ne o Direito Administrativo como “[...] a ordem concreta que regula as relações sociais e econômicas dos integrantes de uma determinada população, num determinado território” (PESTANA, 2008, p. 17). Repisando sempre a ideia de que o Direito Administrativo, a administração pública e o Estado precisam de um sentido, de uma � nalidade guia, escreveu Maluf (2011): “O Estado é meio pelo qual a nação procura atingir seus � ns. Não pode, pois, possuir outros que não sejam os da nação, que lhe dá causa que determina a sua organização e que traça as diretrizes de sua atividade” (MALUF, 2011, p. 335). O que vale para o Estado vale para a administração pública e seus gestores, sem nunca desviar o olhar das disposições legais, pois elas norteiam a atividade administrativa e a própria sociedade. Assim, o Direito exerceduplo papel dentro da sociedade: ativo e passivo. “Ele atua como um fator determinante da realidade social e, ao mesmo tempo, como um elemento determinado por essa realidade” (SABADELL, 2010, p. 103). Não há como se falar em Estado sem Direito ou em administração sem Direito Administrativo. Conhecer o Direito Administrativo é, antes de mais nada, conhecer as bases do funcionamento do Estado e os limites de atuação dos gestores e servidores públicos, bem como a capacidade e poder que entes administrativos têm de se colocarem ora como porta ora como obstáculo a qualquer movimento social. Nas palavras de Mascaro (2008): Não nos contentamos com os direitos civis e políticos apenas; queiramos estes direitos e os sociais. Mas nos contentemos com uma não juridicamente cidadã; queiramos um país socialmente cidadão e justo. Queiramos, mais ainda, um mundo justo (MASCARO, 2008, p. 19). Portanto, o conhecimento e o questionamento da lei (na esfera administrativa ou em geral) proporcionam força ao cidadão e ao povo como um todo, na decisão e participação dos rumos que a sociedade, guiada pelo Estado, toma ao longo da história. Tanto que, num plano especí� co, a administração pública, os governos e os princípios do Estado são sujeitos protegidos pelo Direito (incluindo-se o Direito Penal). Mais que guardar muros, escolas e equipamentos, é preciso guardar a moralidade administrativa, seus princípios e, com isso, garantir o bom funcionamento do Estado, o bom serviço à sociedade e o pleno exercício da cidadania. 12WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Igualmente importante é a opinião da população sobre o sistema jurídico. A desconsideração dos sistemas de solução de con� itos e a rejeição da legislação em vigor indicam uma crise de legitimidade do direito e também do poder público que o cria e administra (SABADELL, 2010, p. 256). A proteção ao Direito em geral, ao Direito Administrativo e à própria administração pública também incide na seara do Direito Penal, nos crimes contra a administração pública. Nos dizeres de Prado (2014): No tipo em exame a� ora não só o interesse em preservar o patrimônio público, mas, sobretudo, a � nalidade de resguardar a probidade – correção e lisura – no exercício da função administrativa, cuja importância, inclusive, vem cristalizada na Constituição de 1988 (PRADO, 2014, p. 1.317). O Direito Administrativo regula e forma a base para proteção da coisa pública – e de sua moral. Por � m, seguem as palavras de Ferreira Filho (2005) sobre a representação na Constituição, base da administração pública: Mas a preservação da sociedade exige o Poder Político. Para estabelecê-lo, institucionalizá-lo, organizá-lo, limitá-lo, o povo, comunidade resultante do pacto, gera o poder constituinte composto de representantes extraordinários dele mesmo. Tal poder constituinte edita a Constituição (FERREIRA FILHO, 2005, p. 4). A manutenção de uma estrutura se enquadra da seguinte forma no âmbito da administração direta no Poder Executivo: - Administração federal: Art. 84, II, CF – Presidente da República, Ministros de Estado e secretários especiais. - Administração estadual: Art. 25, CF – governador e secretários estaduais. - Administração distrital: Art. 32, CF – governador e secretários. - Administração municipal: Art. 29, CF – prefeito, secretários municipais e assessores. No caso da administração pública, serviço público e administração pública estão ligados de forma resistente, legal, a serviço do Estado e em pleno acesso às cidadãs e cidadãos. O gestor público deve ter sempre em mente a servidão à lei e aos princípios administrativos em nome do cumprimento dos � ns da administração em si e, por consequência, da realização das � nalidades constitucionais do Estado. 5. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA 5.1 Regime Jurídico-Administrativo A administração pública brasileira, como já mencionado, pode optar, em nome do melhor cumprimento de suas funções, ora por um regime jurídico público (na maioria dos casos) ora por um regime jurídico privado (caso de empresas estatais ou de economia mista). Em complemento a isso, o Art. 175 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) dá ao Estado a escolha de prestar serviço público pela administração direta por meio de sua estrutura, secretarias, servidores etc. 13WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ou, como em alguns casos, pode adotar o regime de concessão, dando à iniciativa privada o direito de explorar economicamente serviços que poderiam ser executados pelo poder público. Como ressalta Di Pietro (2008): Não há possibilidade de estabelecer-se todas as hipóteses em que a Administração pode atuar sob regime de direito privado; em geral, a opção é feita pelo próprio legislado, como ocorre com as pessoas jurídicas, contratos e bens de domínio privado do Estado (DI PIETRO, 2008, p. 92). A administração pode atuar desde que previsto em lei, em regime jurídico público ou privado. Mas ressalte-se: somente se houver previsão legal. Não se pode estabelecer exploração de pedágio ou portagem em estradas estaduais ou federais se não houver disposição legal para tal. 5.2 Princípios da Administração Pública Princípios são entendidos como o começo, a base, os fundamentos de uma ideia em plano geral. Para a administração pública, princípios são essa base, o norte segundo o qual o gestor público deve navegar. Os princípios da administração pública brasileira estão explicitados em uma fonte acima de qualquer suspeita ou crítica: a Constituição Federal. Dispõe assim seu texto: [...] Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e e� ciência e, também, ao seguinte: [...] (BRASIL, 1988). Os princípios constitucionais para a administração pública são os que seguem. 5.2.1 Legalidade A ideia de legalidade perpassa todo o Estado democrático de Direito. A legalidade é a garantia de que nada se faz ou se fará fora da lei. Assim, são de conhecimento de todos as regras do jogo, sem favorecimentos ou surpresas indesejadas. Para o administrador público, seguir a legalidade é único e vital. Nas palavras de Justen Filho (2016), a legalidade coloca a administração pública e seus agentes como súditos da lei. E isso é bom: A atividade administrativa é um conjunto de ações dirigidas a conformar a autonomia dos particulares e a promover a satisfação dos direitos fundamentais que se desenvolve sob a égide da legalidade. Numa democracia republicana, a atividade administrativa não pode ser compreendida senão como atuação infralegal (JUSTEN FILHO, 2016, p. 69). A ideia de legalidade é vista como garantia contra despotismos, desmandos e uso privado da coisa pública, como ressalta Mello (2016): “[...] o princípio da legalidade contrapõe-se, portanto, e visceralmente a quaisquer tendências de exacerbação personalista dos governantes. Põe-se todas as formas de poder autoritário [...]” (MELLO, 2016, p. 103). Para Carvalho Filho (2017), o princípio da legalidade reforça a ideia de planejamento público de que, para que haja uma administração funcional, deve haver, antes de mais nada, leis funcionais, pois é preciso legislar antes de administrar. “Por isso administrar é uma função subjacente a legislar. O princípio da legalidade denota extremamente essa relação: só é legítima a atividade do administrador público se estiver condizente com o disposto na lei” (CARVALHO FILHO, 2017, p. 20). 14WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Assim, sem a legalidade, não há direção ou con� abilidade na administração pública. Seguir a legalidade é seguir a lei,que é feita pelos representantes do povo. Logo, é necessário ao gestor público observar a lei e, assim, prestar a devida homenagem à soberania popular, exercida pelo voto em seus representantes. 5.2.2 Impessoalidade A gestão pública não é negócio (no sentido econômico da palavra). O papel do gestor já possui destaque por si mesmo. Quem gerencia negócios públicos ou atua em nome do Estado recebe atenção e destaque su� cientes – aquilo que, em termos sociais, é conhecido por notoriedade. É inadmissível a um gestor público abusar desse destaque ou notoriedade, fazendo uso da máquina pública e de toda sua estrutura para a autopromoção. Isso é imoral, criminoso e contrário ao princípio da impessoalidade. Com a impessoalidade, a gestão não se torna objeto das paixões pessoais de gestores e servidores: [...] é uma faceta da isonomia, tomando em vista especi� camente a aplicação da lei pelo Estado. Todos são iguais perante o Estado, o que não impede discriminações contempladas na norma constitucional ou legal. Onde a norma legal não discriminou, é vedado introduzir inovações diferenciadoras (JUSTEN FILHO, 2016, p. 64). Ou seja, sem clubismos, sem misturar preferências pessoais ou de grupo, com o acesso de todos aos serviços do Estado. O objetivo do princípio é levar a ideia de que, se todos são iguais perante a lei, o serviço público não criará diferenças desnecessárias no trato com as pessoas. O princípio em causa não é senão o próprio princípio da igualdade ou isonomia. Está consagrado explicitamente no artigo 37 caput da Constituição. Além disso, assim como ‘todos são iguais perante a lei’, a fortiori, teriam de sê-lo perante a administração (MELLO, 2016, p. 117). Nas palavras de Carvalho Filho (2017): Como a lei em si mesma deve respeitar a isonomia, porque a isso a Constituição a obriga, a função administrativa nela baseada também deve fazê-lo, sob pena de cometer-se desvio de � nalidade, que ocorre quando o administrador se afasta do escopo que lhe deve nortear o comportamento – o interesse público (CARVALHO FILHO, 2017, p. 21). Por � m, o interesse na impessoalidade é garantir que todos recebam, de acordo com a lei, um tratamento que seja respeitoso e minimamente igualitário perante os atos da administração pública. 5.2.3 Moralidade O plano moral e ético permeia a vida de todos os humanos – e de suas obras. Onde há o ser humano, há a ética e, com ela, a moral. A medida de tratamento e cálculo social para a resolução de problemas e ações diárias é necessária na gestão da coisa pública. Ou seja: a moralidade com alteridade, com respeito à ética social e com a visão do outro. Com respeito a todas as pessoas, fazendo com que a atuação estatal seja humanizada, e não somente � nalista e burocrática. 15WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A moralidade consiste na exigência da compatibilidade da atividade administrativa com os valores éticos genericamente considerados. A moralidade reside no respeito à identidade, à autonomia e aos interesses de terceiros. O princípio da moralidade interdita a obtenção de vantagens que não sejam oriundas de boa-fé (JUSTEN FILHO, 2016, p. 65). Com moralidade, portanto, há honestidade no trato da coisa pública. O princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispensa os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Deve não só averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o que é honesto do que é desonesto (CARVALHO FILHO, 2017, p. 22). Não há Estado democrático de Direito ou gestão de qualidade da coisa pública sem a honestidade, sem uma administração cujos limites legais de atuação são exercidos tendo a moralidade como princípio. 5.2.4 Publicidade Da mesma maneira como há espaço para a moralidade, dentro de uma perspectiva kantiana, nada deve ser feito em segredo – apenas atos administrativos que, dada sua natureza e interesse do Estado (como segurança), devam ser mantidos em sigilo de classi� cação. Contudo, a maior parte dos atos administrativos deve ser realizada com clareza e publicidade. Como destaca Justen Filho: “[...] os atos estatais sejam levados ao conhecimento de todos, ressalvadas hipóteses em que se justi� car o sigilo” (JUSTEN FILHO, 2016, p. 65). A transparência é a marca da gestão legal, moral e principiológica. Não é um favor do gestor público ou do funcionário público para mera exibição e aplauso geral. Segundo Mello (2016, p. 117), “[...] o dever administrativo de manter plena transparência em seus comportamentos. Não pode haver um estado Democrático de Direito, no qual o poder reside no povo, ocultamento aos administrados dos assuntos que a todos interessam”. Há, contudo, que se considerar que certos atos administrativos lidam com assuntos sensíveis, de segurança pública ou que podem levar à população um clima desnecessário e perigoso de pânico. Ressalta Carvalho Filho (2017): São contempladas, no entanto, restrições de acesso à informação, cabíveis quando a divulgação puser em risco a segurança da sociedade ou do Estado. Assim, tais informações sujeitam-se a uma classi� cação considerada em três grupos (CARVALHO FILHO, 2017, p. 28). A classi� cação a que alude o autor pode ser condensada da seguinte forma na relação conteúdo e tempo de vedação à publicidade: - Informação ultrassecreta: 25 anos de sigilo. - Informação secreta: 15 anos de sigilo. - Informação reservada: 5 anos de sigilo. 16WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 5.2.5 Eficiência A e� ciência (capacidade de otimizar tempo, recursos e pessoas, ao cumprimento em prazo satisfatório dos objetivos a que se presta a administração) é marca cada vez mais exigida pela população – e, desde há muito, cobrada dos administradores públicos. Justen Filho (2016) assim de� ne a e� ciência como princípio: Assim o impõe a concepção republicana de organização do poder político, que estabelece que todas as competências estatais têm de ser exercitadas do modo mais satisfatório possível. Portanto, o próprio princípio da República já impõe o dever de utilização e� ciente dos recursos públicos (JUSTEN FILHO, 2016, p. 67). Carvalho Filho (2017) destaca a bisca de economia e produtividade (legais) num binômio que assim descreve a e� ciência: O núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional (CARVALHO FILHO, 2017, p. 31). Nesse princípio, ao � m e ao cabo, buscando a satisfação do cidadão/utente (ou usuário) do serviço público, há de se considerar: Produtividade Economicidade Qualidade Celeridade Presteza Flexibilização Desburocratização Uma prestação de serviço com metas. Uma prestação que tenha gastos racionais. Uma prestação feita atenta às necessidades de cada caso. Uma pres- tação feita com apreço ao tempo. Uma pres- tação proa- tiva. Uma prestação que dialoga com outros se- tores. Uma prestação para além dos carimbos e guias. Atenta aos de- mais quadros. Quadro 1 – Variáveis a se considerar quanto ao princípio da e� ciência. Fonte: Carvalho Filho (2017). Há autores mais clássicos, a exemplo de Celso Bandeira de Mello, que preferem chamar esse princípio de princípio da boa administração, a saber que a tal e� ciência já se encontra na legalidade. Aquele que age dentro da lei só poderá fazê-lo de forma e� ciente (respeitando pessoas, prazos e limites físicos previstos na lei). Para tanto, se a e� ciência está na legalidade, resta às ações da administração a “boa administração”. Assim escreveu Mello (2016, p. 127) sobre a boa administração: “[...] desenvolver a atividade administrativa do modo mais congruente, maisoportuno e mais adequado aos � ns a serem alcançados, graças à escolha dos meios e da ocasião de utilizá-los”. 5.2.6 Demais princípios Outros princípios, fora da descrição constitucional, mas inseridos na ideia de administração pública, são: a � nalidade, a razoabilidade, a responsabilidade e a autotutela. Para Mello (2016), há ainda que se considerar o princípio da � nalidade (haja vista que, desde o primeiro tópico desta unidade, foi mencionada a � nalidade do Estado, do poder, da administração e de seus atos). 17WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA [...] o princípio da � nalidade não é uma decorrência do princípio da legalidade. É mais que isto: é uma inerência dele; está nele contido, pois corresponde à aplicação da lei tal e qual é; ou seja, na conformidade da sua razão de ser, do objetivo em vista do qual foi editada (MELLO, 2016, p. 109). Em resumo, toda ação do ente administrativo limitada pela lei deve ter uma razão, uma motivação, sem a qual se perde o sentido e se torna ilegal. Fala-se também num princípio da razoabilidade: A Administração, ao atuar, no exercício de discrição, terá de obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas das � nalidades que presidiriam a outorga da competência exercida (MELLO, 2016, p. 111). Nenhum ato administrativo pode ser desmedido, fora da lógica, colocando em dúvida a ciência (respeitando princípios da administração, do direito, da econômica, da biologia etc.). Há que se considerar, como já mencionado, que o Estado e sua estrutura administrativa atuam tanto na vida pública quanto na vida econômica privada (por intermédio de empresas públicas). Assim, como qualquer empresa, como qualquer ator econômico ou social, o Estado não está blindado de responsabilidade em caso de atuação criminosa ou danosa à comunidade ou ao indivíduo. Portanto, há que se falar em um princípio da responsabilidade do Estado ou da administração pública. A ação do agente público, do servidor público e da pessoa jurídica de direito público não está imune a sofrer ações na Justiça e a ser sentenciada. De acordo com Mello (2016), “[...] a responsabilidade do Estado aplica-se indistintamente a quaisquer das funções públicas, não estando restrita a danos provenientes de atos administrativos” (MELLO, 2016, p. 125). E mais: isso encontra respaldo legal na própria Constituição, em seu Art. 37, 6° (BRASIL, 1988), segundo o qual, por ação ou omissão, a administração responde judicialmente por danos causados por dolo (intenção livre e consciente) ou culpa. Há ainda o princípio da autotutela. Típico da administração moderna, ele pode ser considerado como uma função autocrítica da administração e do gestor. Ou seja, se algo for feito de forma equivocada, a administração pode reexaminar seus atos e corrigi-los antes de qualquer órgão (como o Ministério Público) ou antes que a população (mediante reclamações em ouvidorias especí� cas) o solicite. Logo, [...] não precisa, portanto, a Administração ser provocada para o � m de rever seus atos. Pode fazê-lo de ofício. Aliás, não lhe compete apenas sanar as irregularidades; é necessário que também as previna, evitando-se re� exos prejudiciais aos administrados ou ao próprio Estado (CARVALHO FILHO, 2017, p. 36). Com esses princípios, o serviço público e a gestão da coisa pública se coadunam ao espírito de representatividade popular do qual é imbuído o Estado democrático de Direito, tanto na esfera administrativa federal quanto na estadual, distrital ou municipal. 18WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6. SERVIÇOS PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS Os serviços públicos, em sua boa parte, se voltam a atividades essenciais para o corpo social. Dissemos “em boa parte”, pois, como explica Di Pietro (2008), serviços aeroportuários, embora importantes para as vidas e a economia das pessoas e do País, não seriam básicos, vitais ao dia a dia. Ainda assim, a autora ressalta que serviços públicos são “[...] toda atividade que o Estado exerce para cumprir os seus � ns” (DI PIETRO, 2008, p. 133). Nesse diapasão, para melhor entendimento, é preciso partir do princípio de que, em tese, há distinção entre serviço público e serviço de utilidade pública. Segundo Martins (2003): - Serviço público: prestado pela administração para satisfazer necessidades gerais das pessoas. Exemplo: segurança pública com as polícias. - Serviço de utilidade pública: prestado pela administração ou por delegação (companhias públicas, semipúblicas ou concessionárias) para facilitar a existência da pessoa. Exemplo: telefone, gás, água e energia elétrica. Os serviços públicos podem ainda ser assim classi� cados: - Próprios: atendem a necessidades coletivas e, por isso, são de área de atuação do Estado. - Impróprios: atendem a necessidades de grupos, regiões ou da coletividade, mas o Estado apenas regula a atividade e passa para a iniciativa privada sob a forma de concessões. Concluímos que: [...] serviços públicos são toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público (DI PIETRO, 2008, p. 139). Servidor público é gênero, englobando funcionário público (estatutário) e empregado público (celetista). Ambos devem prestar concurso público para serem admitidos. A necessidade de concurso público mostra que o ente público não pode fazer contratações com objetivos eleitorais. Para � ns de responsabilidade penal: [...] somente pode ser considerado funcionário público para � gurar no polo passivo dos crimes praticados por particular contra a Administração aqueles que se enquadrem no conceito do art. 327, caput, do Código Penal, excluindo- se, portanto, a categoria de funcionário público por equiparação (parágrafo primeiro) (ANDREUCCI, 2018, p. 532). O servidor, portanto, é a face do Estado, da administração pública e, com legalidade, deve se portar com a consciência de ser, no seu mister, canalizador e realizador da face legal do Estado em nome do bem comum e do melhor interesse público. 19WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 7. PODER DE POLÍCIA Nos dizeres de Carvalho Filho (2017, p. 79), poder de polícia “[...] é a prerrogativa de direito público que, calcada na Lei, autoriza a administração pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade”. O Estado é forte. Sua força, no caso das democracias, fundada em princípio na sua Constituição, é dosada ao povo por princípios gerais de Direito, da seguinte forma: [...] a) legalidade: as autoridades do Estado podem aplicar somente as sanções penais previstas em lei anterior ao fato delitivo [...] sem discriminação de pessoas; b) proporcionalidade: a gravidade da sanção deve corresponder à gravidade da infração; c) imparcialidade: a competência sancionatória pertence aos órgãos do estado e principalmente aos tribunais (SABADELL, 2010, p. 163). Não deve haver arbitrariedade por parte do gestor durante a � scalização da sociedade e da atividade do Estado. Assim, “[...] esse princípio signi� ca, ao nascer, que a conduta do homem há de ser regida pelo justo (que se identi� ca ao racional e ao natural)” (FERREIRA FILHO, 2005, p. 107). Em conceito clássico, tem-se que o poder de polícia do Estado é “[...] a atividade estatal que limitava o exercício dos direitos individuais em benefício da segurança” (DI PIETRO, 2008, p. 155). Portanto, ao se valer do poder de polícia do Estado, o gestor deve observar na lei a dose de força de sua atuação. “O poder ainda é pluridimensional,ou seja, tem vários campos de atuação. Geralmente, identi� ca-se o poder como a capacidade de tomar decisões sobre questões públicas e de comandar a força pública. Este é o poder político” (SABADELL, 2010, p. 163). Dada a legalidade na democracia, o gestor público deve ter em mente que o poder de polícia deve ser aplicado com moderação, dentro dos limites legais: No que concerne ao benefício do poder de polícia, constitui fundamento dessa prerrogativa do Poder público o interesse público. A interferência do Estado no conteúdo dos direitos individuais somente se justi� ca ante a � nalidade que deve sempre nortear a ação dos administradores públicos, qual seja, o interesse da coletividade (CARVALHO FILHO, 2017, p. 86). Qualquer que seja a área da administração pública, ela pode � scalizar, interditar, cercar e até mesmo prender ou apreender. Mas sempre com fundamento na lei e, em todo ato, visando à necessidade de se agir em nome do interesse público. 20WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível contemplar a grandeza do Estado e sua força pela sua utilidade, prevista em e limitada por inúmeras legislações, a começar pela Constituição Federal. Sem a organização proposta pelo Estado, na forma do governo, e com um governo sem � nalidade, a vida em sociedade ante as complexidades tecnológicas seria impossível. A � nalidade e o bem comum apenas são possíveis pela intervenção de pessoas: os servidores (temporários ou efetivados de forma vitalícia). Eles, por sua vez, destinam o melhor de suas competências em prol das pessoas – dentro de uma perspectiva de coletividade, de grupo, de um número indeterminado de pessoas cujas necessidades básicas, elementares de vida, possam ser satisfeitas. Para isso existe e é a isso que se presta a administração pública, em quaisquer esferas. Para se estruturar e funcionar como operadora-instrumento da realização de ações em prol de um bem comum, a princípio para uma determinada comunidade. E para se evitarem abusos, necessário é estruturar a administração em princípios – o verdadeiro norte da bússola do gestor público. Os princípios, como vimos, resumem a ideia e a ação do gestor público, dando-lhe direção e limites de ação a � m de que: o governo se torne útil, jamais abusivo; as ações possam até ser contestadas, jamais tipi� cadas como crimes; e o escopo de se atingir o bem comum se torne cada vez mais plausível e realizável na realidade do mundo. A sociedade se organiza e se vale do Poder do Estado e de sua organização em governo. O gestor e os demais funcionários materializam as ações a partir de princípios, que servem de garantia para que tudo se encaminhe rumo a um bem maior: o bem comum. 2121WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 23 1. SERVIDOR PÚBLICO: AGENTES PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS ........................................................ 24 1.1 CONCEITO ............................................................................................................................................................ 24 1.2 SERVIDORES ESTATAIS ..................................................................................................................................... 25 1.3 CONTENÇÃO DE DESPESAS COM SERVIDORES ............................................................................................ 27 1.4 CARGOS PÚBICOS E DEVERES DOS AGENTES PÚBLICOS ............................................................................ 28 1.5 RESPONSABILIDADES ....................................................................................................................................... 30 2. ATOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................................................................... 31 2.1 REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................................. 33 2.2 ELEMENTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................................. 35 2.2.1 COMPETÊNCIA ................................................................................................................................................ 35 SERVIDOR PÚBLICO E ATOS ADMINISTRATIVOS PROF. CRÍSTIAN RODRIGUES TENÓRIO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA 22WWW.UNINGA.BR 2.2.2 OBJETO ............................................................................................................................................................. 35 2.2.3 FORMA ............................................................................................................................................................. 35 2.2.4 MOTIVO............................................................................................................................................................ 36 2.2.5 FINALIDADE ..................................................................................................................................................... 36 2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................ 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 38 23WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, veremos o essencial sobre o servidor público. É uma parte indispensável na administração, pois representa o elemento humano, que deve ser a � nalidade maior da organização social e política. As espécies de servidores, suas características e princípios serão vistos de forma a construir um entendimento elementar ao gestor público (sendo concursado ou agente político) para o melhor proveito no exercício de suas funções. Tudo isso para proporcionar uma visão global do serviço público em seus elementos humanos (diretos) e seus atos (as consequências de suas competências). Também serão examinados os atos administrativos, parte importante do poder público, pois eles são a manifestação, com intenção justi� cada, da vontade humana. Ademais, tais atos são limitados pelas leis, com o propósito ético e � nal do bem comum. Sem isso, é difícil atender às demandas populares e de mercado, haja vista que cada vez mais consumidores cobram em redes sociais o engajamento de pessoas e empresas em suas relações com entes públicos de forma transparente e honesta. Nos dias atuais, com uma participação popular cada vez mais crítica (pelas redes sociais), o gestor público deve primar pelo cuidado com seus servidores – e com a imagem de todo o serviço público. O início desse cuidado é, naturalmente, conhecer a essência dos humanos que devotam seu tempo remunerado em prol do bem comum a partir da estrutura de governo. Para que os atos administrativos sejam satisfatórios e e� cientes, não basta a competência em si, mas a legalidade e a ética de quem faz e do porquê se faz. Igualmente, não vale a satisfação do povo de modo que cabe ao gestor público conhecer os atos administrativos e seus limites para servir com lealdade ao povo, na legalidade instituída e com a ética em prática. Sem isso, a dimensão do gestor público se perde daquilo que, em qualquer tempo, se exige: competência e honestidade. 24WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. SERVIDOR PÚBLICO: AGENTES PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS 1.1 Conceito Para início, é preciso estar atento aosconceitos, tendo em mente que “ Os servidores públicos são uma espécie dentro dos agentes públicos” (MELLO, 2016, p. 254). Ou seja: dentre os agentes públicos, que se movem dentro da estrutura legal da administração, estão os servidores (pessoas humanas, contratadas em regime trabalhista ordinário – fato raro na atualidade –, concursadas e efetivadas, lotadas em postos de trabalho ou contratadas em regime especial, de con� ança). Para o conceito de agentes públicos (gerais, incluindo-se os eleitos), � cam aqueles que “[...] representam uma concepção mais ampla: chefe do executivo, senadores, deputados, vereadores, ocupantes das empresas públicas, fundações, contratados sob locação de serviços e gestores de negócios públicos” (MELLO, 2016, p. 25). Isso quer dizer que o que se chama ordinariamente de políticos são, em verdade, agentes públicos, dotados de capacidade e responsabilidade legal. Pessoas naturais, que, em virtude de um fundamento legal desde a Constituição, são investidas de poderes representativos limitados para que, dentro de princípios formadores de uma democracia representativa, possam exercer escolha, opinião e obrigações afetas ao cargo para o qual foram eleitas. O que se observa é que “[...] a Constituição Federal atribui propriedades e efeitos jurídicos à � gura do agente público, que é a pessoa física que presta serviço ao estado e à administração pública direta ou indireta” (PESTANA, 2008, p. 100). Esses são, portanto, agentes públicos de natureza política. Ocupantes de cargos, com funções legais estabelecidas, mas com acesso diferenciado. Repisando o tema com a � nalidade de tornar mais completa a visão sobre agentes políticos, tem-se que eles são o que se de� ne como: [...] titulares dos cargos que integram a cúspide da atividade política do País, alojando-se tanto no Poder Executivo (presidente da república, governadores, prefeitos e respectivos auxiliares – ministros, secretários), quanto no Poder Legislativo (senadores, deputados e vereadores) (PESTANA, 2008, p. 100). De forma resumida: - Agentes públicos: todos os que servem na estrutura do Estado (agentes políticos e servidores). Pessoas dotadas de capacidade e responsabilidade. Agem pelo Estado, dentro de limites prede� nidos por lei e, em virtude dela, podem, em casos extremos, de exceção, agir para além de suas atribuições primeiras. - Servidores públicos: trabalhadores que servem por diversos acessos à estrutura do poder por meio da administração pública, fazendo carreira (com previsão legal de progressão) ou lotados sem possibilidade de alterações nas mesmas funções – dotados de capacidade e responsabilidade, que agem pelo Estado e em nome dele, do ente público, nos ditames e limites da lei. 25WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Assim, um servidor público ou agente público possui um objetivo, na lei, além de poderes, responsabilidades e limites nos quais poderá exercer sua atividade com relativa autonomia e poder, respondendo sempre por suas atitudes e atividades. Ao gestor público, cabe bem dirigir sua equipe de servidores para o cumprimento dos atos que lhe competem, sem que os limites dessa atuação sejam extrapolados. 1.2 Servidores Estatais Aqueles que lidam com o serviço público sem a origem política (por eleições) se constituem como servidores públicos, que, em essência, são “[...] todo aquele que mantém vínculo de trabalho pro� ssional com as entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos da União, Estados, Distrito Federal e Município” (MELLO, 2016, p. 259). São mulheres e homens, contratados ou concursados, “[...] titulares em autarquias e fundações de direito público da União, Estados, Distrito Federal e Município” (MELLO, 2016, p. 260). São admitidos ao serviço público dentro de uma hierarquia legal para che� ar ou � scalizar, dentro de suas atribuições de� nidas pela lei. Em regra, a pessoa aprovada em concurso público ou contratada por autorização legal sabe, com antecipação, o que vai fazer em seu emprego; daí, é imprescindível avaliar a competência (e o conhecimento) de quem será contratado. Uma prova disso é o inchaço administrativo, nos Estados e na União, em virtude de pessoas que são nomeadas como agentes públicos, mas de uma forma política. Elas ocupam cargos que possuem previsão legal, � nalidade e para os quais se cobra competência. Todavia, o que se observa é uma completa inaptidão e que o cargo em si não possui cumprimento de função, não entrega serviço algum ou, em casos piores, são che� as inúteis (sinecuras, como se costumava chamar esses cargos). Nem tudo gira em torno da estabilidade de emprego público. Há aqueles que podem ser contratados de forma temporária ou por concurso para serviços especí� cos, como empregados públicos “[...] admitidos para funções não de che� a, como motorista, servente, jardineiro” (MELLO, 2016, p. 260). Esses são empregados limitados de forma mais contundente pela lei, contratados de acordo com vagas, com necessidade comprovada de ocupação para determinadas funções. Aí está uma regra que, naturalmente, se expressa em todo o serviço público, mas que se faz sentir mais forte e cobrada em casos de serviços temporários pela especi� cidade da obra, do fazer, e pelo resultado que deve aparecer imediatamente após a execução, como no caso de pinturas, jardinagens ou uma auditoria externa (com seu relatório � nal). Um agente público possui dois requisitos: 1) A natureza estatal da sua atividade (objetivo): sua natureza está na lei que determina onde nascem suas funções, para que servem (fi nalidade) e, naturalmente, ligam o servidor, de qualquer função, à responsabilidade por seus atos dentro da estrutura do serviço público. 2) A investidura (subjetivo): o poder que ele possui. Seus deveres, seus limites no dever (e na responsabilidade) e sua autonomia para inovar, agir para além de suas atribuições caso seja legalmente previsto. 26WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E há aqueles que são contratados como descrito anteriormente, mas em regime trabalhista comum. São servidores empregados. [...] os servidores públicos, considerados empregados públicos são aqueles contratados e submetidos à legislação ordinária trabalhista (CLT), não obstante submetam-se, igualmente, às regras relativas à investidura, vencimentos etc. constantes na Constituição Federal (PESTANA, 2008, p. 101). Eles se tornaram raros ao � m do século XX, mas, hoje em dia, a tendência de enxugar a máquina pública por ajuste orçamentário (e para se evitar uma derrama tributária para sustento do ente estatal de qualquer esfera) faz com que a contratação temporária ou efetiva, sem estabilidade do servidor público como empregado, possa retornar aos objetivos dos administradores (sumamente no Poder Executivo). Para outros cargos públicos, como no Poder Judiciário, há questões de ordem técnica, e até mesmo por tradição ou honrarias, que fazem frente ao que se entende por contratação para função ou cargo público. Um exemplo: Há exceções constitucionais como na composição do STF, STJ, TST – tribunais cujas nomeações advêm de seus pares ou do presidente da república. Exemplo: o Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 ministros, escolhidos dentre os cidadãos com mais de 35 aos e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado (conforme o artigo 101 da Constituição Federal) (PESTANA, 2008, p. 109). Os Tribunais, muitas vezes, são compostos por técnicos que advêm de indicações, listas compostas por autarquias (ainda que de natureza fora de classi� cação ordinária, caso da Ordem dos Advogados do Brasil), dos próprios Tribunais (que promovem seus juízes à ascensão de carreira, saindo dasvaras e ocupando cargos nas Câmaras dos Tribunais). Aquilo tudo porque não se entende a ocupação no Poder Judiciário como comum. Ela implica exame de capacidade técnica e histórico de vida: não se cria um magistrado sem uma forte base teorética, maturidade para re� etir o conteúdo de suas decisões, uma vida atrelada à carreira (com � scalização condizente à Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN). Bem diferente de um diplomata, cargo que se conquista uma vez ingressado nos quadros do Ministério das Relações Exteriores, mediante concurso público de admissão e curso de formação e capacitação, cerca de três anos de formação no Instituto Rio Branco, Brasília-DF, e que só admite a chegada ao chamado “topo da carreira” mediante competência su� ciente para tanto, provada pelos anos de serviço e missões diplomáticas. Esse caminho passa por comissões de avaliadores, com padrões e rigores técnicos especí� cos, indicados por normas internas afetas à diplomacia brasileira. Claro, e à guisa de revisão, compondo um quadro mais político que técnico, especialmente no Legislativo e no Executivo, há os cargos de con� ança (temporários, dependentes da disposição de cargos com esse propósito), cuja problemática já fora tratada em parágrafo anterior. Esses cargos podem ser vistos sob uma perspectiva menos crítica e mais conceitual. Cargos em comissão dispensam concurso, são ocupados em “[...] caráter transitório por pessoa de con� ança da autoridade competente para preenchê-los com liberdade, a qual também pode exonerar ad nutum, isto é, livremente” (MELLO, 2016, p. 316). São cargos que permeiam a administração e que deveriam servir ao propósito de preenchimento de quadros técnicos para prestações. 27WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Vale lembrar que, independentemente de como se chegou à administração, a pessoa possui responsabilidades e, por isso mesmo, não deve se aproveitar de forma imprópria do cargo, sem abusos e desvios de conduta, ou seja, sem se desviar do que a lei e os termos de sua contratação dizem, por melhores que sejam as intenções. 1.3 Contenção de Despesas com Servidores Uma das maiores preocupações das últimas décadas com o serviço público se dá na questão salarial. Por haver diferentes funções, origens, responsabilidades e regimes jurídicos próprios, é especialmente difícil, no plano político, atingir-se de forma pací� ca um mínimo a todos os servidores públicos no tocante a seus proventos. Assim, “[...] o artigo 16 da Constituição estatui que a despesa com pessoal ativo e inativo em cada um dos níveis de governo não poderá exceder os limites a serem estabelecidos em lei complementar, a qual � xará um prazo mínimo para tanto” (MELLO, 2016, p. 277). Em tempo, “[...] as transferências a qual o ente público desobediente � ca privado são voluntárias e não os repasses obrigatórios do Estado” (MELLO, 2016, p. 280). Isso quer dizer que as despesas com pessoal são previstas no orçamento como um todo, e há limites para despesas novas, novas contratações, respeitando-se direitos dos servidores anteriores a qualquer alteração de regime de pagamento. No Brasil, há inúmeras categorias e servidores que conseguiram, ao longo de anos na Justiça, continuar a receber mesmo acima do teto instituído pela Constituição e estabelecido em lei posterior. O teto salarial imposto está no Art. 37, XI, da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Há a paridade de vencimentos a ser observada: não poderão ser superiores aos pagos pelo poder executivo, de acordo com o art. 37, XII, da Constituição Federal. Harmonizam-se, portanto, os vencimentos dos ocupantes dos cargos dos três Poderes, não se admitindo, consequentemente, privilégio de um em relação a qualquer outro dos demais (PESTANA, 2008, pp. 111-112). Não há igualdade salarial, mas há, sim, um teto. Reajustes são permitidos, negociados e justos. Mas não se pode fazer das questões salariais envolvendo servidores um instrumento para uso político mal intencionado. É nulo, por exemplo, qualquer aumento de salário nos 180 dias � nais de uma administração. Tal prática pode, inclusive, ser tipi� cada como delito no Código Penal, Art. 359-G. Um bom gestor público deve se atentar a estes detalhes: salários são limitados à capacidade pagadora do ente público que se administra. Mas todos são nivelados no limite do teto – e por esse mesmo teto devem pautar seus ganhos e reajustes. Sem, contudo, ignorar que, junto ao salário do servidor, há adicionais de função, como vantagem salarial pela conclusão de um curso universitário ou o adicional de dedicação exclusiva (DI PIETRO, 2008, p. 775). O gestor público deve vislumbrar estrategicamente, ao tempo da remoção, contratação ou relocação de servidores, os impactos da mudança de cargo, progressão na carreira, acúmulo de funções – isso no re� exo salarial, que sairá, naturalmente, do orçamento e que deve, por obrigação legal e moral, condizer com a missão e com a � nalidade da função ou do serviço a ser prestado. Há também a grati� cação de serviço, tal como insalubridade, risco de vida e saúde, além das grati� cações pessoais, como salário-esposa, salário-família e auxílio-moradia (DI PIETRO, 2008, p. 775). Algumas dessas grati� cações são vistas como imorais embora jamais ilegais ante as vantagens de algumas pro� ssões dentro da estrutura dos poderes (de forma pejorativa, são chamados de “penduricalhos”, como no caso de parlamentares e seus assessores). 28WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O norte da bússola do gestor público é o orçamento – e orçamento é lei. Não são de bom tom (nem recomendáveis são) alterações em demasia às despesas correntes, ordinárias e previstas antecipadamente pelo poder público. Porém, em casos extraordinários como calamidades públicas (enchentes, temporais arrasadores, pandemia, condições abruptas do clima), como é sabido, o orçamento pode se tornar em parte � uido – especialmente na parte de gastos, contratações e relocação de empregados públicos. Daí, alterações salariais eventualmente para além do limite poderão ser percebidas. Tudo isso com a consciência do gestor público de que seus atos, suas assinaturas e suas determinações passam por controle interno (no próprio órgão em que se encontra), controle externo (Legislativo, mediante câmara de vereadores, assembleias legislativas estaduais e do Distrito Federal, Câmara dos Deputados – cada qual dessas casas com seu grau de questionamento e controle), além de controle por parte dos Tribunais de Contas (estaduais e da União). 1.4 Cargos Púbicos e Deveres dos Agentes Públicos O ente público é dotado de princípios, previsão legal de criação, deveres e � nalidade. Preenchido por pessoas (gestores, concursados, nomeados, contratados em diversos regimes), é o ser humano quem integra e dá vida ao ser estatal. É o ser humano quem ocupa seus cargos, quem lhe dá rosto, voz, identi� cação e quem responde às demandas sensíveis em nome do bem comum. Um gestor público, um servidor púbico, portanto, cuida de suas responsabilidades ocupando um cargo. Cargos públicos são criados por lei, salvo quando concernentes ao Poder Legislativo caso em que se criam por resolução da Câmara ou do Senado, conforme se trate de uma ou de outra destas Casas (ainda que seus vencimentos sejam � xados por lei) (MELLO, 2016, p. 316). Por de� nição, essas vagas, nas quais a pessoa humana pode agir e se manifestar em nome da legalidade pela qual está investida dentro da administração pública, são chamadas de cargo. E cargos existem por lei – nela está tudo: sua de� nição, � nalidade, missão, limites e, naturalmente, a constituição do salário, além da permissão ou vedação de se ocupar mais de um cargo dentro da administração. Isso quer dizer que na lei há as regras para o preenchimento da vaga noente legal abstrato, com vistas a humanizá-lo e efetivá-lo no cumprimento de suas � nalidades. A Constituição Federal estabelece a proibição do acúmulo de cargos públicos como regra. Note-se: como regra. Há, como em quase tudo na vida social moderna, exceções. Ultrapassar esse limite é permitido quando: a) houver compatibilidade de horários entre as funções; b) não se ultrapassarem os limites gerais de salários (vencimentos no teto do Presidente da República); c) o servidor acumula cargo de professor em instituição privada ou pública (aos magistrados, como exemplo, que só podem exercer o magistério superior somado às funções da magistratura, conforme Art. 5, parágrafo único, I, CF). “Tal proibição de acumulação abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público” (BRASIL, 1988). Em suma, quanto ao acúmulo de cargos, tem-se a seguinte situação para os pro� ssionais na esfera pública: • Dois cargos de professor (em instituições distintas ou na mesma instituição). • Um cargo de professor com outro técnico ou cientí� co – como no teto sobre magistrados. 29WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Dois cargos ou empregos privativos de pro� ssionais de saúde, com pro� ssões regulamentadas (DI PIETRO, 2008, p. 722). Isso signi� ca que, em geral, não há compatibilidade em ocupar mais de um cargo. É legalmente vedado (novamente, em regra) e economicamente inapropriado. Mas, em caso de necessidade, de uma ocupação provisória, há permissão – na situação de, em meio a uma emergência, uma determinada pessoa ocupar duas secretarias, de forma provisória, ou, como no caso recente, de um militar do quadro de o� ciais ocupar uma pasta ministerial no governo federal. Perceba: há ocupação de mais de um cargo, e não remunerações acumuladas. Ocupando um cargo, em vista de representatividade simbólica e efetiva à qual o ser humano se encontra legalmente submetido, a pessoa deve se pautar por princípios. E “[...] os princípios norteadores são: generalidade, continuidade, e� ciência e modicidade” (CARVALHO FILHO, 2017, p. 347). Quanto a esses princípios: • Generalidade está na ideia de que o serviço público deve ser exercido ao benefício do maior número de pessoas. É a ideia de “felicidade geral” ou do serviço ao bem sem olhar a quem – o que, de forma mais prática, pode ser entendido como uma prestação da parte do servidor sem seleção ou preconceitos contra quem se serve. • Continuidade é a ausência de interrupção. É a observação dos prazos e seus cumprimentos. É o respeito aos orçamentos. É a luta contra paralisações. Uma vez comprometido, o servidor público não deve interromper suas ações sem justi� cativa. • E� ciência: como visto na Unidade 1, o princípio da e� ciência toca ao servidor público, que é avaliado (até para � ns de promoção) dentro de metas. A e� ciência é uma busca constante, mais do que a satisfação; a� nal, servir dentro da lei requer e� ciência, e não necessariamente agradar a pessoas. • Modicidade: o serviço público deve ser “preci� cado” de forma a cumprir com exigências contábeis, sem explorar o público. Em outros termos: o servidor trabalha, há o preço, o custo de seu tempo, mas ele não deve usar isso como forma de enriquecimento. O poder público arrecada dinheiro, mas não deve pautar seus serviços visando ao lucro. A relação entre serviço público, servidor público e usuário (o povo) não é uma relação comercial. Os cargos públicos, as ocupações, que, por lei, estabelecem a colocação de cada pessoa e sua � nalidade na promoção de forma e� ciente da lei, visando ao bem comum, são classi� cados como: • De carreira: criados e dispostos em classes determinadas por progressão até o topo. Classe é “[...] o conjunto de cargos da mesma natureza de trabalho” (MELLO, 2016, p. 316). Um enfermeiro auxiliar que chegará a enfermeiro-chefe. Ou um professor auxiliar que chegará, com tempo e preenchidas as quali� cações, a professor adjunto. • Isolados: são previstos sem inserção e carreira, sem progressão. Exemplo: um motorista, um piloto ou um mecânico (para veículos) dentro de uma autarquia. Em tempo, cargo é o nome que se dá “[...] à mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente” (DI PIETRO, 2008, p. 689). O serviço público possui características que se confundem com o senso de nacionalidade ou naturalidade soberana. Quando se pensa em cargo público, pensa-se sempre em cidadão brasileiro (nascido aqui ou aqui naturalizado) ocupando o posto e exercendo suas funções. 30WWW.UNINGA.BR GO VE RN O E AD M IN IS TR AÇ ÃO P ÚB LI CA B RA SI LE IR A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Mas é possível, dentro dos limites legais, a contratação de estrangeiros – o que é fato comum quando se trata de Universidades. [...] um abrandamento à norma do inciso I do artigo 37 surgiu com a emenda n. 11, de 30-4-96, que introduziu dois parágrafos no artigo 207 da Constituição Federal para permitir às universidades e instituições de pesquisa cientí� ca e tecnológica a admissão de professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei (DI PIETRO, 2008, p. 689). 1.5 Responsabilidades Se a pessoa jurídica de direito público, o Estado, possui responsabilidade, a atribuição dela se dá na forma humana do servidor público, do funcionário público em geral. O primeiro dever imposto ao servidor é o de observação à lei – pois, assim, a honestidade e a lisura dos negócios públicos se encontram preservadas. Não há distância entre ética no serviço público e a honestidade nos negócios públicos. Ambas se pautam pela legalidade. O agente público deve cumprir estritamente os deveres que lhe são impostos pela lei e pelos regulamentos aplicáveis. Caso, contudo, desatenda a tais determinações dependendo da natureza do ilícito, poderá ser apenado com a responsabilização civil, penal, político-administrativa ou administrativa ou funcional (PESTANA, 2008, p. 136). O segundo é a própria observação à lei. As manifestações de intenções do servidor púbico e de seu gestor devem sempre estar em conformidade com a legalidade (de qualquer esfera: municipal, estadual, do Distrito Federal ou da União). Por mais redundante que pareça, o dever se impõe pela legalidade, sem rodeios, de forma objetiva. Ser honesto na administração pública signi� ca cumprir a lei. O resto é apenas derivação. O importante é ressaltar que o agente público, por instalar-se nos domínios da administração pública, deve obedecer às determinações que são atribuídas tanto ao cargo, emprego ou função, como igualmente, pessoalmente ao próprio indivíduo investido com tais graves encargos (PESTANA, 2008, p. 136). A responsabilidade pode ser mormente administrativa (executada e cobrada por multas ou dispensa de promoções), civil e criminal. “Na esfera da responsabilidade civil é imprescindível que se comprove: a conduta do agente público, sua culpabilidade no ato, o dano provocado (patrimonial ou moral), e a ligação entre o que se fez (ou deixou de fazer) e o dano causado” (PESTANA, 2008, p. 137). Na apuração da responsabilidade criminal, deve ser imposta a quem comete crime, na medida de sua culpabilidade, medida punitiva cabível e adequada aos preceitos do Código Penal, leis extravagantes e Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210, de 1984). Entre os delitos (a partir do Art. 312, do Código Penal), a responsabilidade do agente pode ser apurada no peculato, na inserção de dados falsos em sistema de informação, na concussão, na corrupção passiva, dentre tantos outros crimes cujo exame pormenorizado não compete a este curso. O peculato é a apropriação em essência de dinheiro, valor ou outro bem público ou particular, desviando sua função e proveito para uso particular. A inserção de dados falsos é a edi� cação no sistema
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