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Governo e Administração Pública Brasileira - EAD

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GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA BRASILEIRA
PROF. CRÍSTIAN RODRIGUES TENÓRIO
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica:
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Simone Barbosa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
1. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................................... 6
2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM GERAL (ORIGENS, CONCEITO E ENTES GERAIS) ....................................... 7
3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO ......................................................................................... 8
3.1 FOMENTO ............................................................................................................................................................. 8
3.2 POLÍCIA ADMINISTRATIVA ................................................................................................................................ 9
3.3 SERVIÇO PÚBLICO .............................................................................................................................................. 9
3.4 INTERVENÇÃO.................................................................................................................................................... 10
4. DIREITO ADMINISTRATIVO E SERVIÇO PÚBLICO ............................................................................................11
5. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA ............................................................................. 12
5.1 REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO ............................................................................................................. 12
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, GOVERNO, 
PRINCÍPIOS E SERVIDORES
PROF. CRÍSTIAN RODRIGUES TENÓRIO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA BRASILEIRA
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5.2 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................................................................................. 13
5.2.1 LEGALIDADE .................................................................................................................................................... 13
5.2.2 IMPESSOALIDADE ......................................................................................................................................... 14
5.2.3 MORALIDADE ................................................................................................................................................. 14
5.2.4 PUBLICIDADE ................................................................................................................................................. 15
5.2.5 EFICIÊNCIA ..................................................................................................................................................... 16
5.2.6 DEMAIS PRINCÍPIOS ..................................................................................................................................... 16
6. SERVIÇOS PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS ........................................................................................... 18
7. PODER DE POLÍCIA .............................................................................................................................................. 19
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 20
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INTRODUÇÃO
A presente obra se propõe a oferecer uma visão objetiva e setorizada da administração 
pública brasileira. Aqui, como deve ser feito em todo início, as de� nições (conceitos limitados) 
e noções (visões de autores) sobre governo e administração formarão para você uma base de 
conhecimento (saber o que é) e entendimento (saber o que fazer com o que se sabe). 
Não é nossa pretensão esgotar o assunto de forma a tornar especializado aquele que lê 
as noções e conceitos de administração pública, suas origens, princípios e papel dos agentes 
públicos. Nossa intenção é, por outro lado, fornecer, a quem se pretende gestor da coisa pública, 
ingresso ou ingressante em carreiras da administração, as diretrizes e limites elementares para a 
formação de um pro� ssional de conhecimento e competência. 
Tudo relacionado ao governo, os negócios públicos e a administração pública, deve ser 
pautado pela ética: a ética pura – a prática do bem –, com a visão publicista (visando ao interesse 
do bem comum, à preservação e e� ciência da coisa pública que se presta a reger e proteger a vida 
de todas as pessoas). 
O compromisso e a consciência de quem pretende atuar na administração pública devem 
sempre se � ar na honestidade, na empatia, no préstimo ao próximo – coisas essas que não 
precisam constar em livros ou manuais, mas que, no entanto, abordaremos sucintamente. 
Assim, � ca como compromisso desta unidade o de oferecer as primeiras noções, de um 
número razoável de autores, que lhe fornecerão uma base forte, útil, necessária e, sobretudo, ética 
de conhecimento. 
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1. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Em boa parte do desenvolvimento do Estado (e do Direito no Ocidente), é sabido que 
toda de� nição tende a ser perigosa. Porém, não se pode começar uma marcha sem um primeiro 
passo; sendo assim, é forçosa uma de� nição já de partida. Uma de� nição de Estado (base da 
administração pública) é: “O Estado é a manifestação formal da organização da sociedade para 
assegurar a organização do poder” (JUSTEN FILHO, 2016, p. 23). 
Ainda sobre de� nições, o risco não é o de provocar danos, mas, sim, limitar uma ideia a 
um plano de execução que não atenda às necessidades do real, no momento em que uma pessoa 
ou uma coletividade corre algum risco. Assim, de� nir administração pública, embora importante, 
tende a levar a um comportamento limitador de algo que, por fazer parte do poder (e, sobretudo, 
por ser expressãodo poder), age e resolve situações que colocam uma coletividade inteira a seu 
dispor. 
Por razões didáticas, pode-se partir do princípio da administração pública e do poder 
como o seguinte: “o Poder para ser efetivamente exercitado, conta, mais das vezes, com a presença 
dos seguintes protagonistas: pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos” (PESTANA, 2008, p. 
22). Percebe-se desde já que é impossível falar em administração pública sem mencionar sua 
divisão e as pessoas que a integram. A principal coluna da administração é o Estado. E o Estado, 
“[...] por sua natureza, não poderia ser admitido como instituição destituída de � nalidade. Negar 
� nalidade ao Estado seria negar o próprio Estado” (MALUF, 2011, p. 335). Portanto, o Estado e 
tudo nele possuem uma � nalidade. Sobretudo no caso brasileiro, cujo Estado é democrático de 
Direito, possuindo princípios que devem integrar todas as suas partes e manifestações. Como 
escreveu Manuel Gonçalves Ferreira Filho: “O Estado de Direito condensa, como se sabe, o ideal 
de governo de leis e não de homens. Ou seja, o império do Direito, do Justo, sobre as relações 
sociais” (FERREIRA FILHO, 2005, p. 106).
Como a administração faz parte do poder, e o poder, no caso do Estado brasileiro, 
se expressa em três funções sabidamente conhecidas (Legislativo, Executivo e Judiciário), é 
preciso limitar qual poder administrativo se deve estudar. Assim, “[...] o exercício da função 
administrativa em si, a qual compete, predominantemente, ao Poder Executivo” (PESTANA, 
2008, p. 19) e, feita essa última limitação, saber que “[...] já sob o prisma subjetivo ou formal, 
equivale ao conjunto de pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que têm o objetivo de exercer 
a função administrativa” (PESTANA, 2008, p. 19). Entretanto, cabe a advertência de Justen Filho 
(2016) para encerrar o tema: 
A expressão administração pública abrange todos os entes e sujeitos estatais 
exercentes de funções administrativas, ainda que o façam de modo secundário 
e acessório. Assim, a Administração Pública compreende o Poder Executivo, 
mas também o Judiciário e o Legislativo enquanto exercentes de atividade 
administrativa. Ou seja, Administração Pública não é sinônimo de Poder 
Executivo (JUSTEN FILHO, 2016, p. 111). 
Isso quer dizer que a administração pública, essa estrutura de poder e função do poder 
do Estado para si mesmo e para a coletividade (formada por pessoas e trabalhando para elas), 
possui uma divisão interna rumo a seu � m maior, qual seja, o de prover o poder do Estado e suas 
funções no cumprimento de sua � nalidade.
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2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM GERAL (ORIGENS, CONCEITO E 
ENTES GERAIS)
Há estrutura de poder desde o princípio das sociedades. Em verdade, “[...] a Civilização é 
o resultado de um processo de repressão dos instintos animais dos indivíduos” (JUSTEN FILHO, 
2016, p. 23). A percepção de um poder dotado de personalidade, funções e � nalidades (com 
responsabilidade) passou a ser discutida no último milênio, a partir do século XVIII, na Europa. 
A evolução transforma a todos e a vida de todos (pessoas e entes, como o caso do Estado), 
e a transformação não foge ao Direito, pois, como a� rma Ana Lúcia Sabadell: 
No início do século foi necessário estender o conceito da propriedade para 
proibir o furto de eletricidade [...] da mesma forma, os legisladores modernos 
introduziram normas para regulamentar os problemas relacionados com a 
informática (SABADELL, 2010, p. 106). 
Isso ilustra como a vida muda e, com ela, a dinâmica da lei e a própria estrutura do Estado. 
No século XIX, marcado por forte industrialização e por avanços sociais e toda uma 
discussão do avanço ou recuo das atividades do governo sobre a vida dos cidadãos, houve o 
nascedouro do Direito Administrativo e de todos os estudos que culminaram na administração 
púbica tal como é conhecida nos dias atuais: “A administração pública pode ser entendida como 
poder executivo ou como todos os órgãos pertencentes a esse poder” (MARTINS, 2003, p. 98). 
Interessante notar que, em busca de um nome, escolheu-se administração para o Direito 
Administrativo e administração pública em geral. O termo, vindo de ad manus trahere (que 
signi� ca servir), envolve a ideia de direção ou gestão. Há a ideia de hierarquia, de subordinação 
(DI PIETRO, 2008, p. 81).
Sempre é importante saber ou lembrar que, hoje, não se fala em administração pública 
sem que se tenha como norte a Constituição Federal. Isso porque “A Constituição é a lei do 
Poder, que há de comandar segundo as formas que ela prescrever, nos limites que ela admitir” 
(FERREIRA FILHO, 2005, p. 4). Mais ainda, não apenas o poder, mas um poder que está fundado 
pelo povo e em seu interesse.
É a expressão legítima da vontade do povo brasileiro. Deu ênfase à proteção 
dos direitos individuais, enfatizou e ampliou os direitos trabalhistas, criou novos 
instrumentos de proteção e garantia dos direitos individuais e coletivos. De 
forma geral constitui, sem dúvida, um largo passo na busca de uma sociedade 
livre, preocupada com a erradicação da miséria, com a diminuição das diferenças 
entre as classes sociais, com a fome, com o analfabetismo, com as garantias reais 
aos que produzem e acima de tudo com a justiça social, principal anseio dos 
Estados modernos (MALUF, 2011, p. 397).
Nunca, porém, devemos perder a perspectiva já mencionada de que tudo muda, tudo se 
transforma ao sabor da evolução da técnica humana e social. Portanto, a obra constituinte, sobre 
a qual se constrói a administração pública, também sofre pressões culturais e do tempo, como 
bem de� niu Venosa (2004):
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[...] a Constituição em vigor, de 1988, já várias vezes alterada, prolixa e detalhada, 
re� ete muitas conquistas sociais, mas ao mesmo tempo espelha uma democracia 
apenas burocrática, com sistema eleitoral e representativo ine� ciente, sem que o 
direito social atue e� cazmente (VENOSA, 2004, p. 340).
Via de regra, a administração pública exercida pelo Estado se manifesta por meio de três 
entes:
• Pessoas jurídicas: as criações de personalidade em lei, que podem ser, por exemplo, um 
município ou o Distrito Federal e “[...] possuem a marcante condição de serem titulares 
de direitos e obrigações, os quais, de certa maneira, se referem ao interesse público, ao 
interesse coletivo” (PESTANA, 2008, p. 22).
• Órgãos: setores na administração que são especializados e aparelhados com cumprimentos 
especí� cos de uma ou mais funções. Nascidos e modi� cados por lei, são “[...] parte de 
um todo, ampliado, este sim, contendo a aptidão de pugnar por direitos e atender às 
obrigações que é titular” (PESTANA, 2008, p. 22). Exemplos são uma delegacia regional 
ou uma secretaria de educação.
• Agentes públicos: são o funcionário público ou o assim considerado. São a pessoa 
humana que externa em suas atribuições e vontade (dentro da legalidade) as � nalidades 
da administração pública. A presença das pessoas é indispensável, pois “[...] não há 
atividade do estado, sem que se contenha a presença de um ser humano” (PESTANA, 
2008, p. 22).
3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO
Em sentido estrido, a administração pública se concretiza a partir de quatro expressões 
de seu poder: fomento, polícia administrativa, serviço público e intervenção.
3.1 Fomento
O fomento é a “[...] atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de utilidade 
pública” (DI PIETRO, 2008, p. 87). De forma mais contundente:
É uma atividade administrativa de intervenção no domínio econômico para 
incentivar condutas dos sujeitos privados mediante a outorga de benefícios 
diferenciados inclusive mediante a aplicação de recursos � nanceiros, visando 
a promover o desenvolvimento econômico e social (JUSTEN FILHO, 2016,p. 
545).
Segundo Di Pietro (2008), a variação de aplicações de fomentos pode ser realizada em 
forma de:
• Auxílios � nanceiros ou subvenções, por conta dos orçamentos públicos.
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• Financiamento, sob condições especiais, para a construção de hotéis e outras obras ligadas 
ao desenvolvimento do turismo, para a organização e o funcionamento de indústrias 
relacionadas com a construção civil, e que tenham por � m a produção em larga escala 
de materiais aplicáveis na edi� cação de residências populares, concorrendo para seu 
barateamento.
• Favores � scais que estimulem atividades consideradas particularmente bené� cas ao 
progresso material do País.
• Desapropriações que favoreçam entidades privadas sem � ns lucrativos, que realizem 
atividades úteis à coletividade, como os clubes desportivos e as instituições bene� centes.
3.2 Polícia Administrativa
A polícia administrativa (jamais confundir com a Força Pública de Segurança) é o 
exercício de manutenção da ordem por parte da administração pública. O poder do Estado 
(e seus entes) deve se fazer respeitar. Assim, recomendações (como fechamentos de ruas ou 
horários diferenciados de atividades em uma Secretaria ou em uma escola) podem ser impostas 
à população, formada por usuários interessados no funcionamento de um ente público. Nas 
palavras de Di Pietro (2008):
[...] compreende toda atividade de execução das chamadas limitações 
administrativas, que são restrições impostas por lei ao exercício de direitos 
individuais em benefício do interesse coletivo. Compreende medidas de polícia, 
como ordens, noti� cações, licenças, autorizações, � scalização e sanções (DI 
PIETRO, 2008, p. 88). 
O exercício de polícia administrativa foi sentido em todas as esferas da administração 
pública brasileira em 2020 por conta da pandemia causada pela COVID-19. 
3.3 Serviço Público
São atividades essenciais e relevantes que, por razões de bem-estar dos cidadãos ou por 
razões estratégicas quanto à soberania, � cam a cargo da administração pública. É imprescindível 
que os gestores e pessoas que ocupam cargos eletivos tenham noção da importância dos serviços 
públicos (essenciais ou não) e de sua � nalidade para o cumprimento das razões de existir do 
Estado e sua administração. 
[...] é toda atividade que a Administração Pública executa, direta ou indiretamente, 
para satisfazer à necessidade coletiva, sob regime jurídico predominantemente 
público. Abrange atividades que, por sua essencialidade ou relevância para 
a coletividade, foram assimiladas pelo Estado, com ou sem exclusividade (DI 
PIETRO, 2008, p. 88).
Como exemplo, a Constituição Federal elenca alguns serviços que competem à 
administração pública federal (União): 
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[...] Art. 21. Compete à União:
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os 
serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização 
dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético 
dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais 
hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e 
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de 
passageiros;
f) os portos marítimos, � uviais e lacustres;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza 
e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e 
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus 
derivados, atendidos os seguintes princípios e condições (BRASIL, 1988). 
3.4 Intervenção
A intervenção “[...] compreende a regulamentação e � scalização da atividade econômica” 
(DI PIETRO, 2008, p. 88), podendo ser de dois tipos:
• Intervenção direta: atuação do Estado por meio de empresas estatais.
• Intervenção indireta: � scalização da atividade econômica privada.
Ocorrendo a intervenção direta, o Estado atua com a administração pública com o uso de 
uma empresa estatal, submetendo-se à boa parte das regras do mercado e atuando pelas leis dele. 
Conforme consta da própria Constituição Federal:
[...] Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração 
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária 
aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme 
de� nidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de 
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de 
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo 
sobre:
I - sua função social e formas de � scalização pelo Estado e pela sociedade; 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive 
quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários 
(BRASIL, 1988, grifo do autor). 
A administração pública, portanto, é vista como atividade concreta. Coloca a vontade do 
Estado (por seus administradores legitimamente postos) em prática, satisfazendo-se, assim, os 
� ns constitucionais do Estado. Seu regime jurídico é predominantemente de direito público (DI 
PIETRO, 2008).
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4. DIREITO ADMINISTRATIVO E SERVIÇO PÚBLICO
Há a seguinte de� nição, antiga, sobre direito administrativo: “[...] conjunto harmônico 
de princípios jurídicos que regem as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta 
e imediatamente os � ns desejados pelo Estado” (MARTINS, 2003, p. 98). Numa visão mais 
especí� ca, dentro da ciência do Direito, seria “[...] o ramo do direito público interno que regula 
a atividade das pessoas jurídicas públicas e a instituição de meios e órgãos relativos à ação dessas 
pessoas” (MARTINS, 2003, p. 98). 
Segundo a� rmava o Papa Leão XIII em sua encíclica Rerum Novarum: “A sociedade 
é destinada pelo Criador como meio para a natural perfeição do homem” (MALUF, 2011, p. 
337). O pontí� ce publicou a citada encíclica em 15 de maio de 1891, ou seja, quase um século 
antes da Constituição Federal. Contudo, ali já estavam presentes as ideias da sociedade jurídica 
e civilmente organizada com � nalidades próprias, incluindo-se as ideias de interferência nas 
relações de trabalho, reforçando a ideia de administração pública e serviço público que se 
desenvolveria durante o século seguinte. 
Pestana (2008) de� ne o Direito Administrativo como “[...] a ordem concreta que regula as 
relações sociais e econômicas dos integrantes de uma determinada população, num determinado 
território” (PESTANA, 2008, p. 17). 
Repisando sempre a ideia de que o Direito Administrativo, a administração pública e 
o Estado precisam de um sentido, de uma � nalidade guia, escreveu Maluf (2011): “O Estado é 
meio pelo qual a nação procura atingir seus � ns. Não pode, pois, possuir outros que não sejam 
os da nação, que lhe dá causa que determina a sua organização e que traça as diretrizes de sua 
atividade” (MALUF, 2011, p. 335). 
O que vale para o Estado vale para a administração pública e seus gestores, sem nunca 
desviar o olhar das disposições legais, pois elas norteiam a atividade administrativa e a própria 
sociedade. Assim, o Direito exerceduplo papel dentro da sociedade: ativo e passivo. 
“Ele atua como um fator determinante da realidade social e, ao mesmo tempo, como um 
elemento determinado por essa realidade” (SABADELL, 2010, p. 103). Não há como se falar em 
Estado sem Direito ou em administração sem Direito Administrativo. 
Conhecer o Direito Administrativo é, antes de mais nada, conhecer as bases do 
funcionamento do Estado e os limites de atuação dos gestores e servidores públicos, bem como 
a capacidade e poder que entes administrativos têm de se colocarem ora como porta ora como 
obstáculo a qualquer movimento social. Nas palavras de Mascaro (2008): 
Não nos contentamos com os direitos civis e políticos apenas; queiramos estes 
direitos e os sociais. Mas nos contentemos com uma não juridicamente cidadã; 
queiramos um país socialmente cidadão e justo. Queiramos, mais ainda, um 
mundo justo (MASCARO, 2008, p. 19).
Portanto, o conhecimento e o questionamento da lei (na esfera administrativa ou em 
geral) proporcionam força ao cidadão e ao povo como um todo, na decisão e participação dos 
rumos que a sociedade, guiada pelo Estado, toma ao longo da história. Tanto que, num plano 
especí� co, a administração pública, os governos e os princípios do Estado são sujeitos protegidos 
pelo Direito (incluindo-se o Direito Penal). 
Mais que guardar muros, escolas e equipamentos, é preciso guardar a moralidade 
administrativa, seus princípios e, com isso, garantir o bom funcionamento do Estado, o bom 
serviço à sociedade e o pleno exercício da cidadania.
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Igualmente importante é a opinião da população sobre o sistema jurídico. A 
desconsideração dos sistemas de solução de con� itos e a rejeição da legislação 
em vigor indicam uma crise de legitimidade do direito e também do poder 
público que o cria e administra (SABADELL, 2010, p. 256).
A proteção ao Direito em geral, ao Direito Administrativo e à própria administração 
pública também incide na seara do Direito Penal, nos crimes contra a administração pública. Nos 
dizeres de Prado (2014): 
No tipo em exame a� ora não só o interesse em preservar o patrimônio público, 
mas, sobretudo, a � nalidade de resguardar a probidade – correção e lisura – no 
exercício da função administrativa, cuja importância, inclusive, vem cristalizada 
na Constituição de 1988 (PRADO, 2014, p. 1.317).
O Direito Administrativo regula e forma a base para proteção da coisa pública – e de sua 
moral. Por � m, seguem as palavras de Ferreira Filho (2005) sobre a representação na Constituição, 
base da administração pública: 
Mas a preservação da sociedade exige o Poder Político. Para estabelecê-lo, 
institucionalizá-lo, organizá-lo, limitá-lo, o povo, comunidade resultante do 
pacto, gera o poder constituinte composto de representantes extraordinários 
dele mesmo. Tal poder constituinte edita a Constituição (FERREIRA FILHO, 
2005, p. 4).
A manutenção de uma estrutura se enquadra da seguinte forma no âmbito da administração 
direta no Poder Executivo:
- Administração federal: Art. 84, II, CF – Presidente da República, Ministros de Estado e 
secretários especiais.
- Administração estadual: Art. 25, CF – governador e secretários estaduais.
- Administração distrital: Art. 32, CF – governador e secretários.
- Administração municipal: Art. 29, CF – prefeito, secretários municipais e assessores.
No caso da administração pública, serviço público e administração pública estão ligados 
de forma resistente, legal, a serviço do Estado e em pleno acesso às cidadãs e cidadãos. O gestor 
público deve ter sempre em mente a servidão à lei e aos princípios administrativos em nome do 
cumprimento dos � ns da administração em si e, por consequência, da realização das � nalidades 
constitucionais do Estado.
5. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
5.1 Regime Jurídico-Administrativo
A administração pública brasileira, como já mencionado, pode optar, em nome do melhor 
cumprimento de suas funções, ora por um regime jurídico público (na maioria dos casos) ora por 
um regime jurídico privado (caso de empresas estatais ou de economia mista). 
Em complemento a isso, o Art. 175 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) dá ao 
Estado a escolha de prestar serviço público pela administração direta por meio de sua estrutura, 
secretarias, servidores etc. 
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Ou, como em alguns casos, pode adotar o regime de concessão, dando à iniciativa privada o 
direito de explorar economicamente serviços que poderiam ser executados pelo poder público. 
Como ressalta Di Pietro (2008):
Não há possibilidade de estabelecer-se todas as hipóteses em que a Administração 
pode atuar sob regime de direito privado; em geral, a opção é feita pelo próprio 
legislado, como ocorre com as pessoas jurídicas, contratos e bens de domínio 
privado do Estado (DI PIETRO, 2008, p. 92).
A administração pode atuar desde que previsto em lei, em regime jurídico público ou 
privado. Mas ressalte-se: somente se houver previsão legal. Não se pode estabelecer exploração 
de pedágio ou portagem em estradas estaduais ou federais se não houver disposição legal para tal.
5.2 Princípios da Administração Pública
Princípios são entendidos como o começo, a base, os fundamentos de uma ideia em plano 
geral. Para a administração pública, princípios são essa base, o norte segundo o qual o gestor 
público deve navegar. Os princípios da administração pública brasileira estão explicitados em 
uma fonte acima de qualquer suspeita ou crítica: a Constituição Federal. Dispõe assim seu texto: 
[...] Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e e� ciência e, 
também, ao seguinte: [...] (BRASIL, 1988).
Os princípios constitucionais para a administração pública são os que seguem.
5.2.1 Legalidade
A ideia de legalidade perpassa todo o Estado democrático de Direito. A legalidade é a 
garantia de que nada se faz ou se fará fora da lei. Assim, são de conhecimento de todos as regras 
do jogo, sem favorecimentos ou surpresas indesejadas. Para o administrador público, seguir a 
legalidade é único e vital. Nas palavras de Justen Filho (2016), a legalidade coloca a administração 
pública e seus agentes como súditos da lei. E isso é bom: 
A atividade administrativa é um conjunto de ações dirigidas a conformar a 
autonomia dos particulares e a promover a satisfação dos direitos fundamentais 
que se desenvolve sob a égide da legalidade. Numa democracia republicana, 
a atividade administrativa não pode ser compreendida senão como atuação 
infralegal (JUSTEN FILHO, 2016, p. 69). 
A ideia de legalidade é vista como garantia contra despotismos, desmandos e uso privado 
da coisa pública, como ressalta Mello (2016): “[...] o princípio da legalidade contrapõe-se, 
portanto, e visceralmente a quaisquer tendências de exacerbação personalista dos governantes. 
Põe-se todas as formas de poder autoritário [...]” (MELLO, 2016, p. 103).
Para Carvalho Filho (2017), o princípio da legalidade reforça a ideia de planejamento 
público de que, para que haja uma administração funcional, deve haver, antes de mais nada, 
leis funcionais, pois é preciso legislar antes de administrar. “Por isso administrar é uma função 
subjacente a legislar. O princípio da legalidade denota extremamente essa relação: só é legítima 
a atividade do administrador público se estiver condizente com o disposto na lei” (CARVALHO 
FILHO, 2017, p. 20).
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Assim, sem a legalidade, não há direção ou con� abilidade na administração pública. 
Seguir a legalidade é seguir a lei,que é feita pelos representantes do povo. Logo, é necessário ao 
gestor público observar a lei e, assim, prestar a devida homenagem à soberania popular, exercida 
pelo voto em seus representantes.
5.2.2 Impessoalidade 
A gestão pública não é negócio (no sentido econômico da palavra). O papel do gestor 
já possui destaque por si mesmo. Quem gerencia negócios públicos ou atua em nome do 
Estado recebe atenção e destaque su� cientes – aquilo que, em termos sociais, é conhecido por 
notoriedade. É inadmissível a um gestor público abusar desse destaque ou notoriedade, fazendo 
uso da máquina pública e de toda sua estrutura para a autopromoção. Isso é imoral, criminoso e 
contrário ao princípio da impessoalidade. 
Com a impessoalidade, a gestão não se torna objeto das paixões pessoais de gestores e 
servidores:
[...] é uma faceta da isonomia, tomando em vista especi� camente a aplicação 
da lei pelo Estado. Todos são iguais perante o Estado, o que não impede 
discriminações contempladas na norma constitucional ou legal. Onde a norma 
legal não discriminou, é vedado introduzir inovações diferenciadoras (JUSTEN 
FILHO, 2016, p. 64). 
Ou seja, sem clubismos, sem misturar preferências pessoais ou de grupo, com o acesso de 
todos aos serviços do Estado. O objetivo do princípio é levar a ideia de que, se todos são iguais 
perante a lei, o serviço público não criará diferenças desnecessárias no trato com as pessoas. 
O princípio em causa não é senão o próprio princípio da igualdade ou isonomia. 
Está consagrado explicitamente no artigo 37 caput da Constituição. Além disso, 
assim como ‘todos são iguais perante a lei’, a fortiori, teriam de sê-lo perante a 
administração (MELLO, 2016, p. 117).
Nas palavras de Carvalho Filho (2017):
Como a lei em si mesma deve respeitar a isonomia, porque a isso a Constituição 
a obriga, a função administrativa nela baseada também deve fazê-lo, sob pena 
de cometer-se desvio de � nalidade, que ocorre quando o administrador se 
afasta do escopo que lhe deve nortear o comportamento – o interesse público 
(CARVALHO FILHO, 2017, p. 21). 
Por � m, o interesse na impessoalidade é garantir que todos recebam, de acordo com a lei, 
um tratamento que seja respeitoso e minimamente igualitário perante os atos da administração 
pública. 
5.2.3 Moralidade 
O plano moral e ético permeia a vida de todos os humanos – e de suas obras. Onde há o ser 
humano, há a ética e, com ela, a moral. A medida de tratamento e cálculo social para a resolução 
de problemas e ações diárias é necessária na gestão da coisa pública. Ou seja: a moralidade com 
alteridade, com respeito à ética social e com a visão do outro. Com respeito a todas as pessoas, 
fazendo com que a atuação estatal seja humanizada, e não somente � nalista e burocrática. 
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A moralidade consiste na exigência da compatibilidade da atividade 
administrativa com os valores éticos genericamente considerados. A moralidade 
reside no respeito à identidade, à autonomia e aos interesses de terceiros. O 
princípio da moralidade interdita a obtenção de vantagens que não sejam 
oriundas de boa-fé (JUSTEN FILHO, 2016, p. 65). 
Com moralidade, portanto, há honestidade no trato da coisa pública.
O princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispensa 
os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Deve não só 
averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, 
mas também distinguir o que é honesto do que é desonesto (CARVALHO 
FILHO, 2017, p. 22). 
Não há Estado democrático de Direito ou gestão de qualidade da coisa pública sem a 
honestidade, sem uma administração cujos limites legais de atuação são exercidos tendo a 
moralidade como princípio. 
5.2.4 Publicidade 
Da mesma maneira como há espaço para a moralidade, dentro de uma perspectiva 
kantiana, nada deve ser feito em segredo – apenas atos administrativos que, dada sua natureza e 
interesse do Estado (como segurança), devam ser mantidos em sigilo de classi� cação. Contudo, a 
maior parte dos atos administrativos deve ser realizada com clareza e publicidade. Como destaca 
Justen Filho: “[...] os atos estatais sejam levados ao conhecimento de todos, ressalvadas hipóteses 
em que se justi� car o sigilo” (JUSTEN FILHO, 2016, p. 65).
A transparência é a marca da gestão legal, moral e principiológica. Não é um favor do gestor 
público ou do funcionário público para mera exibição e aplauso geral. Segundo Mello (2016, p. 
117), “[...] o dever administrativo de manter plena transparência em seus comportamentos. Não 
pode haver um estado Democrático de Direito, no qual o poder reside no povo, ocultamento aos 
administrados dos assuntos que a todos interessam”.
Há, contudo, que se considerar que certos atos administrativos lidam com assuntos 
sensíveis, de segurança pública ou que podem levar à população um clima desnecessário e 
perigoso de pânico. Ressalta Carvalho Filho (2017): 
São contempladas, no entanto, restrições de acesso à informação, cabíveis 
quando a divulgação puser em risco a segurança da sociedade ou do Estado. 
Assim, tais informações sujeitam-se a uma classi� cação considerada em três 
grupos (CARVALHO FILHO, 2017, p. 28).
A classi� cação a que alude o autor pode ser condensada da seguinte forma na relação 
conteúdo e tempo de vedação à publicidade:
- Informação ultrassecreta: 25 anos de sigilo.
- Informação secreta: 15 anos de sigilo.
- Informação reservada: 5 anos de sigilo.
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5.2.5 Eficiência
A e� ciência (capacidade de otimizar tempo, recursos e pessoas, ao cumprimento em 
prazo satisfatório dos objetivos a que se presta a administração) é marca cada vez mais exigida 
pela população – e, desde há muito, cobrada dos administradores públicos. Justen Filho (2016) 
assim de� ne a e� ciência como princípio: 
Assim o impõe a concepção republicana de organização do poder político, que 
estabelece que todas as competências estatais têm de ser exercitadas do modo 
mais satisfatório possível. Portanto, o próprio princípio da República já impõe 
o dever de utilização e� ciente dos recursos públicos (JUSTEN FILHO, 2016, p. 
67).
Carvalho Filho (2017) destaca a bisca de economia e produtividade (legais) num binômio 
que assim descreve a e� ciência: 
O núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidade e, o que 
é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, 
o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e 
rendimento funcional (CARVALHO FILHO, 2017, p. 31).
Nesse princípio, ao � m e ao cabo, buscando a satisfação do cidadão/utente (ou usuário) 
do serviço público, há de se considerar:
Produtividade Economicidade Qualidade Celeridade Presteza Flexibilização Desburocratização
Uma prestação 
de serviço com 
metas.
Uma prestação 
que tenha gastos 
racionais.
Uma prestação 
feita atenta às 
necessidades de 
cada caso.
Uma pres-
tação feita 
com apreço 
ao tempo.
Uma pres-
tação proa-
tiva.
Uma prestação 
que dialoga 
com outros se-
tores.
Uma prestação para 
além dos carimbos e 
guias. Atenta aos de-
mais quadros. 
Quadro 1 – Variáveis a se considerar quanto ao princípio da e� ciência. Fonte: Carvalho Filho (2017).
Há autores mais clássicos, a exemplo de Celso Bandeira de Mello, que preferem chamar 
esse princípio de princípio da boa administração, a saber que a tal e� ciência já se encontra na 
legalidade. Aquele que age dentro da lei só poderá fazê-lo de forma e� ciente (respeitando pessoas, 
prazos e limites físicos previstos na lei). 
Para tanto, se a e� ciência está na legalidade, resta às ações da administração a “boa 
administração”. Assim escreveu Mello (2016, p. 127) sobre a boa administração: “[...] desenvolver 
a atividade administrativa do modo mais congruente, maisoportuno e mais adequado aos � ns a 
serem alcançados, graças à escolha dos meios e da ocasião de utilizá-los”.
5.2.6 Demais princípios
Outros princípios, fora da descrição constitucional, mas inseridos na ideia de 
administração pública, são: a � nalidade, a razoabilidade, a responsabilidade e a autotutela.
Para Mello (2016), há ainda que se considerar o princípio da � nalidade (haja vista que, 
desde o primeiro tópico desta unidade, foi mencionada a � nalidade do Estado, do poder, da 
administração e de seus atos). 
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[...] o princípio da � nalidade não é uma decorrência do princípio da legalidade. 
É mais que isto: é uma inerência dele; está nele contido, pois corresponde à 
aplicação da lei tal e qual é; ou seja, na conformidade da sua razão de ser, do 
objetivo em vista do qual foi editada (MELLO, 2016, p. 109).
Em resumo, toda ação do ente administrativo limitada pela lei deve ter uma razão, uma 
motivação, sem a qual se perde o sentido e se torna ilegal.
Fala-se também num princípio da razoabilidade:
A Administração, ao atuar, no exercício de discrição, terá de obedecer a critérios 
aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de 
pessoas equilibradas e respeitosas das � nalidades que presidiriam a outorga da 
competência exercida (MELLO, 2016, p. 111). 
Nenhum ato administrativo pode ser desmedido, fora da lógica, colocando em dúvida 
a ciência (respeitando princípios da administração, do direito, da econômica, da biologia etc.). 
Há que se considerar, como já mencionado, que o Estado e sua estrutura administrativa 
atuam tanto na vida pública quanto na vida econômica privada (por intermédio de empresas 
públicas). Assim, como qualquer empresa, como qualquer ator econômico ou social, o Estado 
não está blindado de responsabilidade em caso de atuação criminosa ou danosa à comunidade 
ou ao indivíduo. Portanto, há que se falar em um princípio da responsabilidade do Estado ou 
da administração pública.
A ação do agente público, do servidor público e da pessoa jurídica de direito público 
não está imune a sofrer ações na Justiça e a ser sentenciada. De acordo com Mello (2016), “[...] 
a responsabilidade do Estado aplica-se indistintamente a quaisquer das funções públicas, não 
estando restrita a danos provenientes de atos administrativos” (MELLO, 2016, p. 125). E mais: 
isso encontra respaldo legal na própria Constituição, em seu Art. 37, 6° (BRASIL, 1988), segundo 
o qual, por ação ou omissão, a administração responde judicialmente por danos causados por 
dolo (intenção livre e consciente) ou culpa. 
Há ainda o princípio da autotutela. Típico da administração moderna, ele pode ser 
considerado como uma função autocrítica da administração e do gestor. Ou seja, se algo for 
feito de forma equivocada, a administração pode reexaminar seus atos e corrigi-los antes de 
qualquer órgão (como o Ministério Público) ou antes que a população (mediante reclamações 
em ouvidorias especí� cas) o solicite. 
Logo, 
[...] não precisa, portanto, a Administração ser provocada para o � m de 
rever seus atos. Pode fazê-lo de ofício. Aliás, não lhe compete apenas sanar 
as irregularidades; é necessário que também as previna, evitando-se re� exos 
prejudiciais aos administrados ou ao próprio Estado (CARVALHO FILHO, 
2017, p. 36).
Com esses princípios, o serviço público e a gestão da coisa pública se coadunam ao 
espírito de representatividade popular do qual é imbuído o Estado democrático de Direito, tanto 
na esfera administrativa federal quanto na estadual, distrital ou municipal. 
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6. SERVIÇOS PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS
Os serviços públicos, em sua boa parte, se voltam a atividades essenciais para o corpo 
social. Dissemos “em boa parte”, pois, como explica Di Pietro (2008), serviços aeroportuários, 
embora importantes para as vidas e a economia das pessoas e do País, não seriam básicos, vitais 
ao dia a dia. 
Ainda assim, a autora ressalta que serviços públicos são “[...] toda atividade que o Estado 
exerce para cumprir os seus � ns” (DI PIETRO, 2008, p. 133). Nesse diapasão, para melhor 
entendimento, é preciso partir do princípio de que, em tese, há distinção entre serviço público e 
serviço de utilidade pública. Segundo Martins (2003):
- Serviço público: prestado pela administração para satisfazer necessidades gerais das 
pessoas. Exemplo: segurança pública com as polícias.
- Serviço de utilidade pública: prestado pela administração ou por delegação (companhias 
públicas, semipúblicas ou concessionárias) para facilitar a existência da pessoa. Exemplo: 
telefone, gás, água e energia elétrica.
Os serviços públicos podem ainda ser assim classi� cados:
- Próprios: atendem a necessidades coletivas e, por isso, são de área de atuação do Estado.
- Impróprios: atendem a necessidades de grupos, regiões ou da coletividade, mas o Estado 
apenas regula a atividade e passa para a iniciativa privada sob a forma de concessões.
Concluímos que:
[...] serviços públicos são toda atividade material que a lei atribui ao Estado 
para que exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de 
satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou 
parcialmente público (DI PIETRO, 2008, p. 139).
Servidor público é gênero, englobando funcionário público (estatutário) e empregado 
público (celetista). Ambos devem prestar concurso público para serem admitidos. A necessidade 
de concurso público mostra que o ente público não pode fazer contratações com objetivos 
eleitorais. 
Para � ns de responsabilidade penal:
[...] somente pode ser considerado funcionário público para � gurar no polo 
passivo dos crimes praticados por particular contra a Administração aqueles 
que se enquadrem no conceito do art. 327, caput, do Código Penal, excluindo-
se, portanto, a categoria de funcionário público por equiparação (parágrafo 
primeiro) (ANDREUCCI, 2018, p. 532).
O servidor, portanto, é a face do Estado, da administração pública e, com legalidade, deve 
se portar com a consciência de ser, no seu mister, canalizador e realizador da face legal do Estado 
em nome do bem comum e do melhor interesse público. 
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7. PODER DE POLÍCIA
Nos dizeres de Carvalho Filho (2017, p. 79), poder de polícia “[...] é a prerrogativa de 
direito público que, calcada na Lei, autoriza a administração pública a restringir o uso e o gozo 
da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade”. 
O Estado é forte. Sua força, no caso das democracias, fundada em princípio na sua 
Constituição, é dosada ao povo por princípios gerais de Direito, da seguinte forma:
[...] a) legalidade: as autoridades do Estado podem aplicar somente as sanções 
penais previstas em lei anterior ao fato delitivo [...] sem discriminação de pessoas;
b) proporcionalidade: a gravidade da sanção deve corresponder à gravidade da 
infração;
c) imparcialidade: a competência sancionatória pertence aos órgãos do estado e 
principalmente aos tribunais (SABADELL, 2010, p. 163).
Não deve haver arbitrariedade por parte do gestor durante a � scalização da sociedade e 
da atividade do Estado. Assim, “[...] esse princípio signi� ca, ao nascer, que a conduta do homem 
há de ser regida pelo justo (que se identi� ca ao racional e ao natural)” (FERREIRA FILHO, 2005, 
p. 107). Em conceito clássico, tem-se que o poder de polícia do Estado é “[...] a atividade estatal 
que limitava o exercício dos direitos individuais em benefício da segurança” (DI PIETRO, 2008, 
p. 155). 
Portanto, ao se valer do poder de polícia do Estado, o gestor deve observar na lei a dose de 
força de sua atuação. “O poder ainda é pluridimensional,ou seja, tem vários campos de atuação. 
Geralmente, identi� ca-se o poder como a capacidade de tomar decisões sobre questões públicas 
e de comandar a força pública. Este é o poder político” (SABADELL, 2010, p. 163).
Dada a legalidade na democracia, o gestor público deve ter em mente que o poder de 
polícia deve ser aplicado com moderação, dentro dos limites legais:
No que concerne ao benefício do poder de polícia, constitui fundamento dessa 
prerrogativa do Poder público o interesse público. A interferência do Estado no 
conteúdo dos direitos individuais somente se justi� ca ante a � nalidade que deve 
sempre nortear a ação dos administradores públicos, qual seja, o interesse da 
coletividade (CARVALHO FILHO, 2017, p. 86).
Qualquer que seja a área da administração pública, ela pode � scalizar, interditar, cercar e 
até mesmo prender ou apreender. Mas sempre com fundamento na lei e, em todo ato, visando à 
necessidade de se agir em nome do interesse público. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível contemplar a grandeza do Estado e sua força pela sua utilidade, prevista em 
e limitada por inúmeras legislações, a começar pela Constituição Federal. Sem a organização 
proposta pelo Estado, na forma do governo, e com um governo sem � nalidade, a vida em 
sociedade ante as complexidades tecnológicas seria impossível.
A � nalidade e o bem comum apenas são possíveis pela intervenção de pessoas: os 
servidores (temporários ou efetivados de forma vitalícia). Eles, por sua vez, destinam o melhor de 
suas competências em prol das pessoas – dentro de uma perspectiva de coletividade, de grupo, de 
um número indeterminado de pessoas cujas necessidades básicas, elementares de vida, possam 
ser satisfeitas.
Para isso existe e é a isso que se presta a administração pública, em quaisquer esferas. Para 
se estruturar e funcionar como operadora-instrumento da realização de ações em prol de um bem 
comum, a princípio para uma determinada comunidade. E para se evitarem abusos, necessário é 
estruturar a administração em princípios – o verdadeiro norte da bússola do gestor público. Os 
princípios, como vimos, resumem a ideia e a ação do gestor público, dando-lhe direção e limites 
de ação a � m de que: o governo se torne útil, jamais abusivo; as ações possam até ser contestadas, 
jamais tipi� cadas como crimes; e o escopo de se atingir o bem comum se torne cada vez mais 
plausível e realizável na realidade do mundo.
A sociedade se organiza e se vale do Poder do Estado e de sua organização em governo. 
O gestor e os demais funcionários materializam as ações a partir de princípios, que servem de 
garantia para que tudo se encaminhe rumo a um bem maior: o bem comum.
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 23
1. SERVIDOR PÚBLICO: AGENTES PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS ........................................................ 24
1.1 CONCEITO ............................................................................................................................................................ 24
1.2 SERVIDORES ESTATAIS ..................................................................................................................................... 25
1.3 CONTENÇÃO DE DESPESAS COM SERVIDORES ............................................................................................ 27
1.4 CARGOS PÚBICOS E DEVERES DOS AGENTES PÚBLICOS ............................................................................ 28
1.5 RESPONSABILIDADES ....................................................................................................................................... 30
2. ATOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................................................................... 31
2.1 REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................................. 33
2.2 ELEMENTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................................. 35
2.2.1 COMPETÊNCIA ................................................................................................................................................ 35
SERVIDOR PÚBLICO E ATOS ADMINISTRATIVOS
PROF. CRÍSTIAN RODRIGUES TENÓRIO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA BRASILEIRA
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2.2.2 OBJETO ............................................................................................................................................................. 35
2.2.3 FORMA ............................................................................................................................................................. 35
2.2.4 MOTIVO............................................................................................................................................................ 36
2.2.5 FINALIDADE ..................................................................................................................................................... 36
2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................ 36
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 38
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INTRODUÇÃO
Nesta unidade, veremos o essencial sobre o servidor público. É uma parte indispensável na 
administração, pois representa o elemento humano, que deve ser a � nalidade maior da organização 
social e política. As espécies de servidores, suas características e princípios serão vistos de forma 
a construir um entendimento elementar ao gestor público (sendo concursado ou agente político) 
para o melhor proveito no exercício de suas funções. Tudo isso para proporcionar uma visão 
global do serviço público em seus elementos humanos (diretos) e seus atos (as consequências de 
suas competências).
Também serão examinados os atos administrativos, parte importante do poder público, 
pois eles são a manifestação, com intenção justi� cada, da vontade humana. Ademais, tais atos 
são limitados pelas leis, com o propósito ético e � nal do bem comum. Sem isso, é difícil atender 
às demandas populares e de mercado, haja vista que cada vez mais consumidores cobram em 
redes sociais o engajamento de pessoas e empresas em suas relações com entes públicos de forma 
transparente e honesta.
Nos dias atuais, com uma participação popular cada vez mais crítica (pelas redes sociais), 
o gestor público deve primar pelo cuidado com seus servidores – e com a imagem de todo o 
serviço público. O início desse cuidado é, naturalmente, conhecer a essência dos humanos que 
devotam seu tempo remunerado em prol do bem comum a partir da estrutura de governo.
Para que os atos administrativos sejam satisfatórios e e� cientes, não basta a competência 
em si, mas a legalidade e a ética de quem faz e do porquê se faz. Igualmente, não vale a satisfação 
do povo de modo que cabe ao gestor público conhecer os atos administrativos e seus limites 
para servir com lealdade ao povo, na legalidade instituída e com a ética em prática. Sem isso, a 
dimensão do gestor público se perde daquilo que, em qualquer tempo, se exige: competência e 
honestidade. 
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1. SERVIDOR PÚBLICO: AGENTES PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS
1.1 Conceito
Para início, é preciso estar atento aosconceitos, tendo em mente que “ Os servidores 
públicos são uma espécie dentro dos agentes públicos” (MELLO, 2016, p. 254). Ou seja: dentre os 
agentes públicos, que se movem dentro da estrutura legal da administração, estão os servidores 
(pessoas humanas, contratadas em regime trabalhista ordinário – fato raro na atualidade –, 
concursadas e efetivadas, lotadas em postos de trabalho ou contratadas em regime especial, de 
con� ança). 
Para o conceito de agentes públicos (gerais, incluindo-se os eleitos), � cam aqueles que “[...] 
representam uma concepção mais ampla: chefe do executivo, senadores, deputados, vereadores, 
ocupantes das empresas públicas, fundações, contratados sob locação de serviços e gestores de 
negócios públicos” (MELLO, 2016, p. 25).
Isso quer dizer que o que se chama ordinariamente de políticos são, em verdade, agentes 
públicos, dotados de capacidade e responsabilidade legal. Pessoas naturais, que, em virtude de 
um fundamento legal desde a Constituição, são investidas de poderes representativos limitados 
para que, dentro de princípios formadores de uma democracia representativa, possam exercer 
escolha, opinião e obrigações afetas ao cargo para o qual foram eleitas. O que se observa é que 
“[...] a Constituição Federal atribui propriedades e efeitos jurídicos à � gura do agente público, 
que é a pessoa física que presta serviço ao estado e à administração pública direta ou indireta” 
(PESTANA, 2008, p. 100).
Esses são, portanto, agentes públicos de natureza política. Ocupantes de cargos, com 
funções legais estabelecidas, mas com acesso diferenciado. Repisando o tema com a � nalidade de 
tornar mais completa a visão sobre agentes políticos, tem-se que eles são o que se de� ne como: 
[...] titulares dos cargos que integram a cúspide da atividade política do País, 
alojando-se tanto no Poder Executivo (presidente da república, governadores, 
prefeitos e respectivos auxiliares – ministros, secretários), quanto no Poder 
Legislativo (senadores, deputados e vereadores) (PESTANA, 2008, p. 100).
De forma resumida:
- Agentes públicos: todos os que servem na estrutura do Estado (agentes políticos e 
servidores). Pessoas dotadas de capacidade e responsabilidade. Agem pelo Estado, dentro 
de limites prede� nidos por lei e, em virtude dela, podem, em casos extremos, de exceção, 
agir para além de suas atribuições primeiras.
- Servidores públicos: trabalhadores que servem por diversos acessos à estrutura 
do poder por meio da administração pública, fazendo carreira (com previsão legal de 
progressão) ou lotados sem possibilidade de alterações nas mesmas funções – dotados de 
capacidade e responsabilidade, que agem pelo Estado e em nome dele, do ente público, 
nos ditames e limites da lei.
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Assim, um servidor público ou agente público possui um objetivo, na lei, além de poderes, 
responsabilidades e limites nos quais poderá exercer sua atividade com relativa autonomia e 
poder, respondendo sempre por suas atitudes e atividades. Ao gestor público, cabe bem dirigir 
sua equipe de servidores para o cumprimento dos atos que lhe competem, sem que os limites 
dessa atuação sejam extrapolados.
 1.2 Servidores Estatais
 Aqueles que lidam com o serviço público sem a origem política (por eleições) se 
constituem como servidores públicos, que, em essência, são “[...] todo aquele que mantém vínculo 
de trabalho pro� ssional com as entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos da 
União, Estados, Distrito Federal e Município” (MELLO, 2016, p. 259).
São mulheres e homens, contratados ou concursados, “[...] titulares em autarquias e 
fundações de direito público da União, Estados, Distrito Federal e Município” (MELLO, 2016, p. 
260). São admitidos ao serviço público dentro de uma hierarquia legal para che� ar ou � scalizar, 
dentro de suas atribuições de� nidas pela lei. Em regra, a pessoa aprovada em concurso público 
ou contratada por autorização legal sabe, com antecipação, o que vai fazer em seu emprego; daí, 
é imprescindível avaliar a competência (e o conhecimento) de quem será contratado. 
Uma prova disso é o inchaço administrativo, nos Estados e na União, em virtude de 
pessoas que são nomeadas como agentes públicos, mas de uma forma política. Elas ocupam 
cargos que possuem previsão legal, � nalidade e para os quais se cobra competência. Todavia, o 
que se observa é uma completa inaptidão e que o cargo em si não possui cumprimento de função, 
não entrega serviço algum ou, em casos piores, são che� as inúteis (sinecuras, como se costumava 
chamar esses cargos). 
Nem tudo gira em torno da estabilidade de emprego público. Há aqueles que podem ser 
contratados de forma temporária ou por concurso para serviços especí� cos, como empregados 
públicos “[...] admitidos para funções não de che� a, como motorista, servente, jardineiro” 
(MELLO, 2016, p. 260). Esses são empregados limitados de forma mais contundente pela lei, 
contratados de acordo com vagas, com necessidade comprovada de ocupação para determinadas 
funções. Aí está uma regra que, naturalmente, se expressa em todo o serviço público, mas que 
se faz sentir mais forte e cobrada em casos de serviços temporários pela especi� cidade da obra, 
do fazer, e pelo resultado que deve aparecer imediatamente após a execução, como no caso de 
pinturas, jardinagens ou uma auditoria externa (com seu relatório � nal). 
Um agente público possui dois requisitos:
1) A natureza estatal da sua atividade (objetivo): sua natureza está na lei que 
determina onde nascem suas funções, para que servem (fi nalidade) e, naturalmente, 
ligam o servidor, de qualquer função, à responsabilidade por seus atos dentro da 
estrutura do serviço público.
2) A investidura (subjetivo): o poder que ele possui. Seus deveres, seus limites no 
dever (e na responsabilidade) e sua autonomia para inovar, agir para além de suas 
atribuições caso seja legalmente previsto.
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E há aqueles que são contratados como descrito anteriormente, mas em regime trabalhista 
comum. São servidores empregados.
[...] os servidores públicos, considerados empregados públicos são aqueles 
contratados e submetidos à legislação ordinária trabalhista (CLT), não obstante 
submetam-se, igualmente, às regras relativas à investidura, vencimentos etc. 
constantes na Constituição Federal (PESTANA, 2008, p. 101). 
Eles se tornaram raros ao � m do século XX, mas, hoje em dia, a tendência de enxugar a 
máquina pública por ajuste orçamentário (e para se evitar uma derrama tributária para sustento do 
ente estatal de qualquer esfera) faz com que a contratação temporária ou efetiva, sem estabilidade 
do servidor público como empregado, possa retornar aos objetivos dos administradores 
(sumamente no Poder Executivo). 
Para outros cargos públicos, como no Poder Judiciário, há questões de ordem técnica, e 
até mesmo por tradição ou honrarias, que fazem frente ao que se entende por contratação para 
função ou cargo público. Um exemplo:
Há exceções constitucionais como na composição do STF, STJ, TST – tribunais 
cujas nomeações advêm de seus pares ou do presidente da república. Exemplo: 
o Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 ministros, escolhidos dentre os 
cidadãos com mais de 35 aos e menos de 65 anos de idade, de notável saber 
jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo presidente da República, depois de 
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado (conforme o artigo 101 da 
Constituição Federal) (PESTANA, 2008, p. 109).
Os Tribunais, muitas vezes, são compostos por técnicos que advêm de indicações, listas 
compostas por autarquias (ainda que de natureza fora de classi� cação ordinária, caso da Ordem 
dos Advogados do Brasil), dos próprios Tribunais (que promovem seus juízes à ascensão de 
carreira, saindo dasvaras e ocupando cargos nas Câmaras dos Tribunais). 
Aquilo tudo porque não se entende a ocupação no Poder Judiciário como comum. Ela 
implica exame de capacidade técnica e histórico de vida: não se cria um magistrado sem uma 
forte base teorética, maturidade para re� etir o conteúdo de suas decisões, uma vida atrelada à 
carreira (com � scalização condizente à Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN).
Bem diferente de um diplomata, cargo que se conquista uma vez ingressado nos quadros 
do Ministério das Relações Exteriores, mediante concurso público de admissão e curso de 
formação e capacitação, cerca de três anos de formação no Instituto Rio Branco, Brasília-DF, e 
que só admite a chegada ao chamado “topo da carreira” mediante competência su� ciente para 
tanto, provada pelos anos de serviço e missões diplomáticas. Esse caminho passa por comissões 
de avaliadores, com padrões e rigores técnicos especí� cos, indicados por normas internas afetas 
à diplomacia brasileira. 
Claro, e à guisa de revisão, compondo um quadro mais político que técnico, especialmente 
no Legislativo e no Executivo, há os cargos de con� ança (temporários, dependentes da disposição 
de cargos com esse propósito), cuja problemática já fora tratada em parágrafo anterior. Esses 
cargos podem ser vistos sob uma perspectiva menos crítica e mais conceitual. Cargos em 
comissão dispensam concurso, são ocupados em “[...] caráter transitório por pessoa de con� ança 
da autoridade competente para preenchê-los com liberdade, a qual também pode exonerar ad 
nutum, isto é, livremente” (MELLO, 2016, p. 316). São cargos que permeiam a administração e 
que deveriam servir ao propósito de preenchimento de quadros técnicos para prestações. 
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Vale lembrar que, independentemente de como se chegou à administração, a pessoa possui 
responsabilidades e, por isso mesmo, não deve se aproveitar de forma imprópria do cargo, sem 
abusos e desvios de conduta, ou seja, sem se desviar do que a lei e os termos de sua contratação 
dizem, por melhores que sejam as intenções.
 1.3 Contenção de Despesas com Servidores
Uma das maiores preocupações das últimas décadas com o serviço público se dá na 
questão salarial. Por haver diferentes funções, origens, responsabilidades e regimes jurídicos 
próprios, é especialmente difícil, no plano político, atingir-se de forma pací� ca um mínimo a 
todos os servidores públicos no tocante a seus proventos. Assim, “[...] o artigo 16 da Constituição 
estatui que a despesa com pessoal ativo e inativo em cada um dos níveis de governo não poderá 
exceder os limites a serem estabelecidos em lei complementar, a qual � xará um prazo mínimo 
para tanto” (MELLO, 2016, p. 277).
Em tempo, “[...] as transferências a qual o ente público desobediente � ca privado são 
voluntárias e não os repasses obrigatórios do Estado” (MELLO, 2016, p. 280). Isso quer dizer que 
 as despesas com pessoal são previstas no orçamento como um todo, e há limites para despesas 
novas, novas contratações, respeitando-se direitos dos servidores anteriores a qualquer alteração 
de regime de pagamento. 
No Brasil, há inúmeras categorias e servidores que conseguiram, ao longo de anos na 
Justiça, continuar a receber mesmo acima do teto instituído pela Constituição e estabelecido em 
lei posterior. O teto salarial imposto está no Art. 37, XI, da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
Há a paridade de vencimentos a ser observada: não poderão ser superiores 
aos pagos pelo poder executivo, de acordo com o art. 37, XII, da Constituição 
Federal. Harmonizam-se, portanto, os vencimentos dos ocupantes dos cargos 
dos três Poderes, não se admitindo, consequentemente, privilégio de um em 
relação a qualquer outro dos demais (PESTANA, 2008, pp. 111-112). 
Não há igualdade salarial, mas há, sim, um teto. Reajustes são permitidos, negociados e 
justos. Mas não se pode fazer das questões salariais envolvendo servidores um instrumento para 
uso político mal intencionado. É nulo, por exemplo, qualquer aumento de salário nos 180 dias 
� nais de uma administração. Tal prática pode, inclusive, ser tipi� cada como delito no Código 
Penal, Art. 359-G.
Um bom gestor público deve se atentar a estes detalhes: salários são limitados à capacidade 
pagadora do ente público que se administra. Mas todos são nivelados no limite do teto – e por 
esse mesmo teto devem pautar seus ganhos e reajustes. Sem, contudo, ignorar que, junto ao 
salário do servidor, há adicionais de função, como vantagem salarial pela conclusão de um curso 
universitário ou o adicional de dedicação exclusiva (DI PIETRO, 2008, p. 775). 
O gestor público deve vislumbrar estrategicamente, ao tempo da remoção, contratação 
ou relocação de servidores, os impactos da mudança de cargo, progressão na carreira, acúmulo 
de funções – isso no re� exo salarial, que sairá, naturalmente, do orçamento e que deve, por 
obrigação legal e moral, condizer com a missão e com a � nalidade da função ou do serviço a ser 
prestado. 
Há também a grati� cação de serviço, tal como insalubridade, risco de vida e saúde, além 
das grati� cações pessoais, como salário-esposa, salário-família e auxílio-moradia (DI PIETRO, 
2008, p. 775). Algumas dessas grati� cações são vistas como imorais embora jamais ilegais ante 
as vantagens de algumas pro� ssões dentro da estrutura dos poderes (de forma pejorativa, são 
chamados de “penduricalhos”, como no caso de parlamentares e seus assessores). 
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O norte da bússola do gestor público é o orçamento – e orçamento é lei. Não são de bom 
tom (nem recomendáveis são) alterações em demasia às despesas correntes, ordinárias e previstas 
antecipadamente pelo poder público. Porém, em casos extraordinários como calamidades públicas 
(enchentes, temporais arrasadores, pandemia, condições abruptas do clima), como é sabido, o 
orçamento pode se tornar em parte � uido – especialmente na parte de gastos, contratações e 
relocação de empregados públicos. Daí, alterações salariais eventualmente para além do limite 
poderão ser percebidas.
Tudo isso com a consciência do gestor público de que seus atos, suas assinaturas e suas 
determinações passam por controle interno (no próprio órgão em que se encontra), controle 
externo (Legislativo, mediante câmara de vereadores, assembleias legislativas estaduais e do 
Distrito Federal, Câmara dos Deputados – cada qual dessas casas com seu grau de questionamento 
e controle), além de controle por parte dos Tribunais de Contas (estaduais e da União). 
 1.4 Cargos Púbicos e Deveres dos Agentes Públicos
O ente público é dotado de princípios, previsão legal de criação, deveres e � nalidade. 
Preenchido por pessoas (gestores, concursados, nomeados, contratados em diversos regimes), 
é o ser humano quem integra e dá vida ao ser estatal. É o ser humano quem ocupa seus cargos, 
quem lhe dá rosto, voz, identi� cação e quem responde às demandas sensíveis em nome do bem 
comum. Um gestor público, um servidor púbico, portanto, cuida de suas responsabilidades 
ocupando um cargo.
Cargos públicos são criados por lei, salvo quando concernentes ao Poder 
Legislativo caso em que se criam por resolução da Câmara ou do Senado, 
conforme se trate de uma ou de outra destas Casas (ainda que seus vencimentos 
sejam � xados por lei) (MELLO, 2016, p. 316).
Por de� nição, essas vagas, nas quais a pessoa humana pode agir e se manifestar em nome 
da legalidade pela qual está investida dentro da administração pública, são chamadas de cargo. E 
cargos existem por lei – nela está tudo: sua de� nição, � nalidade, missão, limites e, naturalmente, 
a constituição do salário, além da permissão ou vedação de se ocupar mais de um cargo dentro da 
administração. Isso quer dizer que na lei há as regras para o preenchimento da vaga noente legal 
abstrato, com vistas a humanizá-lo e efetivá-lo no cumprimento de suas � nalidades. 
 A Constituição Federal estabelece a proibição do acúmulo de cargos públicos como regra. 
Note-se: como regra. Há, como em quase tudo na vida social moderna, exceções. Ultrapassar 
esse limite é permitido quando: a) houver compatibilidade de horários entre as funções; b) não 
se ultrapassarem os limites gerais de salários (vencimentos no teto do Presidente da República); 
c) o servidor acumula cargo de professor em instituição privada ou pública (aos magistrados, 
como exemplo, que só podem exercer o magistério superior somado às funções da magistratura, 
conforme Art. 5, parágrafo único, I, CF). “Tal proibição de acumulação abrange autarquias, 
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades 
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público” (BRASIL, 1988). 
Em suma, quanto ao acúmulo de cargos, tem-se a seguinte situação para os pro� ssionais 
na esfera pública:
• Dois cargos de professor (em instituições distintas ou na mesma instituição).
• Um cargo de professor com outro técnico ou cientí� co – como no teto sobre magistrados.
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• Dois cargos ou empregos privativos de pro� ssionais de saúde, com pro� ssões 
regulamentadas (DI PIETRO, 2008, p. 722).
Isso signi� ca que, em geral, não há compatibilidade em ocupar mais de um cargo. É 
legalmente vedado (novamente, em regra) e economicamente inapropriado. Mas, em caso 
de necessidade, de uma ocupação provisória, há permissão – na situação de, em meio a uma 
emergência, uma determinada pessoa ocupar duas secretarias, de forma provisória, ou, como 
no caso recente, de um militar do quadro de o� ciais ocupar uma pasta ministerial no governo 
federal. Perceba: há ocupação de mais de um cargo, e não remunerações acumuladas. 
Ocupando um cargo, em vista de representatividade simbólica e efetiva à qual o ser 
humano se encontra legalmente submetido, a pessoa deve se pautar por princípios. E “[...] os 
princípios norteadores são: generalidade, continuidade, e� ciência e modicidade” (CARVALHO 
FILHO, 2017, p. 347). Quanto a esses princípios:
• Generalidade está na ideia de que o serviço público deve ser exercido ao benefício do 
maior número de pessoas. É a ideia de “felicidade geral” ou do serviço ao bem sem olhar 
a quem – o que, de forma mais prática, pode ser entendido como uma prestação da parte 
do servidor sem seleção ou preconceitos contra quem se serve.
• Continuidade é a ausência de interrupção. É a observação dos prazos e seus cumprimentos. 
É o respeito aos orçamentos. É a luta contra paralisações. Uma vez comprometido, o 
servidor público não deve interromper suas ações sem justi� cativa. 
• E� ciência: como visto na Unidade 1, o princípio da e� ciência toca ao servidor público, 
que é avaliado (até para � ns de promoção) dentro de metas. A e� ciência é uma busca 
constante, mais do que a satisfação; a� nal, servir dentro da lei requer e� ciência, e não 
necessariamente agradar a pessoas. 
• Modicidade: o serviço público deve ser “preci� cado” de forma a cumprir com exigências 
contábeis, sem explorar o público. Em outros termos: o servidor trabalha, há o preço, o 
custo de seu tempo, mas ele não deve usar isso como forma de enriquecimento. O poder 
público arrecada dinheiro, mas não deve pautar seus serviços visando ao lucro. A relação 
entre serviço público, servidor público e usuário (o povo) não é uma relação comercial. 
Os cargos públicos, as ocupações, que, por lei, estabelecem a colocação de cada pessoa e 
sua � nalidade na promoção de forma e� ciente da lei, visando ao bem comum, são classi� cados 
como:
• De carreira: criados e dispostos em classes determinadas por progressão até o topo. 
Classe é “[...] o conjunto de cargos da mesma natureza de trabalho” (MELLO, 2016, p. 
316). Um enfermeiro auxiliar que chegará a enfermeiro-chefe. Ou um professor auxiliar 
que chegará, com tempo e preenchidas as quali� cações, a professor adjunto.
• Isolados: são previstos sem inserção e carreira, sem progressão. Exemplo: um motorista, 
um piloto ou um mecânico (para veículos) dentro de uma autarquia.
Em tempo, cargo é o nome que se dá “[...] à mais simples unidade de poderes e deveres 
estatais a serem expressos por um agente” (DI PIETRO, 2008, p. 689). O serviço público possui 
características que se confundem com o senso de nacionalidade ou naturalidade soberana. 
Quando se pensa em cargo público, pensa-se sempre em cidadão brasileiro (nascido aqui ou aqui 
naturalizado) ocupando o posto e exercendo suas funções. 
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Mas é possível, dentro dos limites legais, a contratação de estrangeiros – o que é fato 
comum quando se trata de Universidades.
[...] um abrandamento à norma do inciso I do artigo 37 surgiu com a emenda 
n. 11, de 30-4-96, que introduziu dois parágrafos no artigo 207 da Constituição 
Federal para permitir às universidades e instituições de pesquisa cientí� ca 
e tecnológica a admissão de professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na 
forma da lei (DI PIETRO, 2008, p. 689). 
 1.5 Responsabilidades
Se a pessoa jurídica de direito público, o Estado, possui responsabilidade, a atribuição 
dela se dá na forma humana do servidor público, do funcionário público em geral. O primeiro 
dever imposto ao servidor é o de observação à lei – pois, assim, a honestidade e a lisura dos 
negócios públicos se encontram preservadas. Não há distância entre ética no serviço público e a 
honestidade nos negócios públicos. Ambas se pautam pela legalidade. 
O agente público deve cumprir estritamente os deveres que lhe são impostos 
pela lei e pelos regulamentos aplicáveis. Caso, contudo, desatenda a tais 
determinações dependendo da natureza do ilícito, poderá ser apenado com a 
responsabilização civil, penal, político-administrativa ou administrativa ou 
funcional (PESTANA, 2008, p. 136). 
O segundo é a própria observação à lei. As manifestações de intenções do servidor púbico 
e de seu gestor devem sempre estar em conformidade com a legalidade (de qualquer esfera: 
municipal, estadual, do Distrito Federal ou da União). 
Por mais redundante que pareça, o dever se impõe pela legalidade, sem rodeios, de forma 
objetiva. Ser honesto na administração pública signi� ca cumprir a lei. O resto é apenas derivação. 
O importante é ressaltar que o agente público, por instalar-se nos domínios 
da administração pública, deve obedecer às determinações que são atribuídas 
tanto ao cargo, emprego ou função, como igualmente, pessoalmente ao próprio 
indivíduo investido com tais graves encargos (PESTANA, 2008, p. 136). 
A responsabilidade pode ser mormente administrativa (executada e cobrada por multas 
ou dispensa de promoções), civil e criminal. “Na esfera da responsabilidade civil é imprescindível 
que se comprove: a conduta do agente público, sua culpabilidade no ato, o dano provocado 
(patrimonial ou moral), e a ligação entre o que se fez (ou deixou de fazer) e o dano causado” 
(PESTANA, 2008, p. 137). Na apuração da responsabilidade criminal, deve ser imposta a quem 
comete crime, na medida de sua culpabilidade, medida punitiva cabível e adequada aos preceitos 
do Código Penal, leis extravagantes e Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210, de 1984). 
Entre os delitos (a partir do Art. 312, do Código Penal), a responsabilidade do agente pode 
ser apurada no peculato, na inserção de dados falsos em sistema de informação, na concussão, na 
corrupção passiva, dentre tantos outros crimes cujo exame pormenorizado não compete a este 
curso. 
O peculato é a apropriação em essência de dinheiro, valor ou outro bem público ou 
particular, desviando sua função e proveito para uso particular. A inserção de dados falsos é 
a edi� cação no sistema

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