Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 Sumário: Caderno Educação Infantil 4 Currículo da Cidade EJA- Caderno de Ciências Naturais 32 Currículo da Cidade EJA- Caderno de Geografia 33 Currículo da Cidade EJA- Caderno de História 34 Currículo da Cidade EJA- Caderno de Artes 35 Caderno EJA Língua Portuguesa 36 Currículo da Cidade -EJA - Matemática 40 Caderno Língua Portuguesa Ensino Fundamental: 43 Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Divisão de Ensino Fundamental e Médio. Orientações didáticas do currículo da Cidade: Língua Portuguesa, volume 1 65 Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Divisão de Ensino Fundamental e Médio. Orientações didáticas do currículo da Cidade: Língua Portuguesa, volume 2 67 Currículo da cidade: Ensino Fundamental: Matemática 70 Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Orientações didáticas do currículo da cidade: Matemática – volume 1 77 Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Orientações didáticas do currículo da cidade: Matemática – volume 2. – 2.ed. – São Paulo: SME / COPED, 2019. 83 Currículo da cidade: Ensino Fundamental: componente curricular: Ciências da Natureza. 91 Orientações didáticas do currículo da cidade: Ciências Naturais 97 Currículo da cidade: Ensino Fundamental: componente curricular: História 102 Orientações didáticas do currículo da cidade: História: 106 Currículo da cidade: Ensino Fundamental: componente curricular: Geografia 110 Orientações didáticas do currículo da cidade: Geografia: 117 Currículo da Cidade - Arte 123 Povos Migrantes: orientações didáticas 126 Currículo da cidade: Povos Indígenas: orientações pedagógicas 136 Currículo da Cidade - Educação Especial: Língua Brasileira de Sinais 141 3 Currículo da Cidade - Educação especial: Língua Portuguesa para surdos 143 Orientações didáticas do Currículo da Cidade: Educação Especial – Língua Brasileira de Sinais – Língua Portuguesa para surdos 144 Orientações para atendimento de estudantes: altas habilidades / superdotação. 157 Orientações para atendimento de estudantes: transtorno do espectro do autismo: 166 Atenção: Copyright © 2022 de Jessica Aparecida Pereira Todos os direitos reservados. Esta apostila ou qualquer parte dela não pode ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por escrito, do autor ou editor, exceto pelo uso de citações breves em uma resenha da apostila. Primeira edição, 2022 jessica3206@yahoo.com.br Canal Jessica Pereira no Youtube! Acesse: https://www.youtube.com/channel/UCMF_I6dwx-ybX3Rb-SV7X_g Inscreva-se no canal! https://www.youtube.com/channel/UCMF_I6dwx-ybX3Rb-SV7X_g 4 Caderno Educação Infantil Capítulo 1 Introdução: Concepções da escola da primeira infância: Ao longo dos anos, a educação infantil superou o assistencialismo e foi reconhecido que bebês e crianças são sujeitos de direitos, portanto, elas precisam ter vozes e serem protagonistas. Ao frequentarem a escola a suas experiências familiares se complementam e suplementam, descobrindo novos significados e ,consequentemente, a aprendizagem por meio das interações e brincadeiras. Territórios: Conceito de territórios de Milton Santos: Territórios são cenários que estão constantemente modificados pelos sujeitos e o fruto do seu trabalho é a cultura. Os territórios são muito mais que “Estados”, são espaços globalizados e ao mesmo tempo com disputas de poder. Os adultos constroem os territórios sem pensar nas crianças. As mesmas precisam apropriar-se do seu território para poder protegê-la. Um exemplo é a cena 1 do currículo da cidade da Ed. Infantil, em que as crianças revitalizaram uma praça com a ajuda da professora e familiares o tornando um local de brincadeiras fora da unidade escolar. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CURRÍCULO: Conceitos de infância + experiências vividas na escola Tríade do currículo: Equidade: Tratar diferente aquilo que aparece desigual ao ponto de partida para promover a justiça e igualdade. 5 Quando o sistema de ensino é equitativo? Quando apesar das diversidades ( desigualdades social, racial gênero, etc…) não impactou a apropriação da aprendizagem ( os resultados). Inclusão: Reconhecer as diferenças, mas do que isso o professor deve rever os seus conceitos, conhecer a comunidade, seus costumes, brincadeiras e valores. Para que possa haver a integração e inclusão. Educação de Integral: Não é só escola de tempo integral, no qual aumenta a carga horária dentro da escola, mas uma educação para o desenvolvimento global do sujeito: intelectual, físico, emocional, social, cognitivo e moral. Matrizes dos saberes: São 9 saberes essenciais para formar cidadãos integrais para as dinâmicas contemporâneas. São as mesmas 10 competências da BNCC, porém por questões políticas tem o nome ``matrizes dos saberes”. Ambas estão ligadas à agenda 2030 da ONU e seus 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável. Também está fundamentada nos Princípios éticos, políticos e estéticos definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2013, p. 107-108): 6 Princípios éticos – Justiça, solidariedade, comprometimento com o bem estar de todos, eliminação de preconceitos. O professor precisa promover vivências, práticas e atividades que trabalhem com essas questões. Princípios estéticos – cultiva a sensibilidade junto com a racionalidade, valorização das diversas formas de expressão e de culturas. Construção de identidades plurais e solidárias. Princípios políticos – Direitos e deveres, respeito ao bem comum, preservação do regime democrático e dos recursos ambientais. Garantia de acesso à educação, saúde, trabalho e bens culturais. Busca de uma sociedade mais igualitária e justa. A Matriz de Saberes tem como propósito formar cidadãos éticos, responsáveis e solidários que fortaleçam uma sociedade mais inclusiva, democrática, próspera e sustentável, e indica o que bebês, crianças, adolescentes, jovens e adultos devem aprender e desenvolver ao longo do seu processo de escolarização. Ela pode ser sintetizada no seguinte esquema: 1. Pensamento Científico, Crítico e Criativo 7 Saber: Acessar, selecionar e organizar o conhecimento com curiosidade e ludicidade Para: Explorar, descobrir, experienciar, observar, brincar, questionar, investigar causas, elaborar e testar hipóteses 2. Resolução de Problemas: Saber: Ter ideias originais e criar soluções, problemas e perguntas, sendo sujeitos de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento Para: Encorajar a busca de alternativas, quanto mais alternativas para solucionar um problema melhor. 3. Comunicação: Saber: Utilizar as múltiplas linguagens, como verbal, verbo-visual, corporal, multimodal, brincadeira, artística, matemática, científica, Libras, tecnológica e digital para expressar-se. Para: Saber como falar, quando falar, de que forma falar e compartilhar. 4. Autoconhecimento e Autocuidado: Saber: Conhecer e cuidar de seu corpo, sua mente, suas emoções, suas aspirações, seu bem-estar e ter autocrítica. Para: Reconhecer limites, potências e interesses pessoais, gerir suas emoções e comportamentos, dosar impulsos e saber lidar com a influência de grupos. 5. Autonomia e Determinação: Saber: Criar, escolher e recriar estratégias, organizar-se, brincar, definir metas e perseverar para alcançar seus objetivos. Para: fazer escolhas, vencer obstáculos e ter confiança para planejar e realizar projetos. 6- Abertura à Diversidade: Saber: Abrir-se ao novo, respeitar e valorizar diferenças e acolher a diversidade; Para: Respeitar, reconhecer e referenciar a diversidade para combater preconceitos. 7. Responsabilidade e Participação Saber: Reconhecer e exercer direitos e deveres, tomar decisões éticas e responsáveis para consigo, o outro e o planeta. 8 Para: Agir de forma solidária, engajada e sustentável, respeitar e promover os direitos humanos e ambientais, serem sujeitos de ação para mudar a sua realidade. 8. Empatia e Colaboração Saber: Considerar a perspectiva e os sentimentos do outro, colaborar com os demais e tomar decisõescoletivas. Para: Não ser egoísta, se colar no lugar do outro e promover a cultura de paz. 9. Repertório Cultural Saber: Desenvolver repertório cultural Para: Ampliar o repertório cultural, apresentar aquilo que não se conhece artisticamente/estético. COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO PARA A EQUIDADE, A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A EDUCAÇÃO INTEGRAL Compromisso com a educação etnico-racial: afrodescentes, indígenas e migrantes, para combater preconceitos e educar com equidade para a igualdade. 1- Afrodescendentes: Combater o racismo velado que ocorre já na primeira infância; presente nas brincadeiras, olhares e falta de representatividade. Precisa-se dar visibilidade à cultura afro, não só conhecê-la, mas reconhecê-la na história da cultura brasileira e mundial e sua contribuição para as artes, literatura e ciências. 2- Povos Indígenas: Na cidade de São Paulo, têm 3 centros infantis de educação dentro de reservas e que as mesmas em 1ª lugar valorizam as suas tradições articulados como os saberes escolares. As crianças não indígenas precisam ter contato e reconhecer a importância da cultura dos índios. Há uma cena que mostra índios que foram visitar uma CEI e apresentam uma semente que solta tinta, logo as crianças começaram a explorar, assim tento contato com a cultura de maneira significativa e não estereotipada. 3- Migrantes: Em São Paulo, tem grande fluxo de migrantes que aumentou nos últimos anos devido a globalização, problemas econômicos, guerras, perseguições, etc. É preciso combater a xenofobia ( preconceito de estrangeiros), formando cidadãos solidários na convivência humana. As U.Es ( Unidades Escolares) não podem impor adaptação desses migrantes, mas sim acolhê-los. 9 Educação para as Relações de Gênero Não existe cor, brinquedos, brincadeiras e comportamentos de menino e menina, o espaço escolar precisa ser democratico e não dividido em gêneros. Como na cena em que a casinha deixou de ser rosa e passou a ser de madeira e com panelas de verdade, para incluir os meninos na brincadeira cotidiana de “fazer comidinha”. Com a parceria das famílias a escola combate o sexismo propagado pelas mídias por meio da educação. Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Cita Vygotsky quando o mesmo diz que a aprendizagem não é uma determinação biológica, mas através das interações sociais, as crianças especiais que têm necessidades de aprendizagem específicas, podem aprender com os outros, mesmo por caminhos diferentes. Só o social não basta, precisa ser uma educação equitativa com rompimento das barreiras e com ferramentas para a igualdade. Precisa ter uma articulação com as famílias para sabermos acolher essas crianças com empatia. Educação para o Desenvolvimento Sustentável - Agenda 2030/ONU São 17 objetivos da ONU para um planeta sustentável, igualitário e justo. Os objetivos estão divididos nos 5 P’s : Pessoas, Prosperidade, Parceria, Paz e Planeta. Apesar da maioria das ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) tratar da sustentabilidade, o principal eixo das ODS é a educação. Pois é através da educação que as crianças podem se apropriar e ter afeto pela natureza e consequentemente adultos protegerem o nosso planeta. Todas as propostas do currículo estão associadas a alguma ODS e objetivo principal da SME-SP e a educação sustentável, que começa na educação infantil com pequenas atitudes cotidianas, projetos e contato com a natureza. 10 11 A DEMOCRACIA NA VIDA E NOS PROCESSOS EDUCATIVOS Democracia: Relacionada a gestão democrática conforme conforme a Constituição Federal 1988 e a LDB, as decisões precisam ter a participação da comunidade e as crianças terem voz, para participar e reconstruir por meio da cultura e intenções dos territórios. Cita John Dewey, quando fala na educação participativa para a transformações sociais, valorização das experiências e da educação por meio de projetos significativos do dia-a-dia das crianças, para as mesmas se apropriarem do território e consequentemente exercer a sua democracia. 12 Capítulo 2: INTERAÇÕES E BRINCADEIRAS O currículo da cidade tem como eixo as interações e brincadeiras que não podem ser fragmentadas e sim conjuntas. Cita Vygotsky na importância das interações pois é pelo convívio social que os sujeitos produzem o maior bem do território: A Cultura. Também cita a ZDP ( Zona de Desenvolvimento Proximal) e a importância da interação entre diferentes faixas etárias, pois com o outro posso aprender aquilo que ainda não sei, e ensinado quem não sabe posso aprender mais ainda. As brincadeiras: No brincar a criança cria hipóteses compara, assimila, constrói, fala, enfim aprende, as propostas precisam ter intencionalidades, com mediação e boas perguntas, mas ao mesmo tempo deixar as crianças livres na busca de seus interesses. EMEI: Exemplo de trabalho com democracia e brincadeira A prô propôs às crianças uma assembleia para criticar e sugerir e organizar juntos a rotina do dia. Na EMEI são 3 atividades: 1- Dirigida ( planejada pelo professor 2- Diversificada: planejada pela professora + crianças 3- Livre: Planejada só pelas crianças O ambiente precisa ser alfabetizador, não para alfabetizar na educação infantil, porém promover o contato com o letramento, que se dá ao ler um livro às crianças, deixá-los foliar livros ou quando se escreve na lousa o que combinamos para a organização do dia. Como, onde e com quem brincar: Faz referência ao brincar heurístico ( elementos da natureza), com o de desemparedamento da infância ( livro da autora Maria Isabel Amando Barros), sair da sala de referência e ter contato com outros ambientes dentro e fora da U.E. e a importância do planejamento dos espaços, tempos e materiais. O tempo não pode ser fragmentado, principalmente nas brincadeiras. Linguagens e práticas culturais: Múltiplas linguagens (Loris Malaguzzi), a linguagem não só oral, mas também as expressões podem acontecer: no desenho, dança, música, olhar, montar, moldar, etc.. Todas elas são linguagens, portanto, mesmo se as crianças não desenvolverem a falar, ainda assim expressam-se de outras formas e precisam ser “ ouvidas”, essas múltiplas linguagens precisam ser 13 exploradas por todas as crianças para que as mesmas se formem de maneira integral. Tudo isso é cultura infantil. As práticas com as linguagens: A importância dos espaços e materiais para as crianças terem autonomia para sua utilização e exploração, e a partir daí expressar-se seu aprendizado pelas múltiplas linguagens ( desenho, corpo, gestos, fala, etc..). Oportunizar o uso de materiais naturais: carvão, tintas naturais ( cenoura ou beterraba, por exemplo). As famílias junto com as crianças podem e devem participar ativamente nas transformações dos espaços escolares, com isso as crianças criam pertencimento aos espaços, consequentemente os preservam. Também nos exemplos das cenas a intencionalidades com ampliação da linguagem oral/escrita e matemática, trabalhar em colaboração, levantar hipóteses e resolução de problemas que tem tudo haver com as matrizes dos saberes. A partir dos interesses das crianças, o professor faz o planejamento. É a escuta das crianças que devem estar na construção e reflexão do PPP ( Projeto Político Pedagógico) Tempo: Não pode ser fragmentado, nem todas as crianças da turma estão no mesmo tempo (interesses/ desenvolvimento) e as atividades não precisam ser dirigidas o tempo todo pelo docente. Socialização e múltiplos contextos e tecnologia: Família, reconhecer as múltiplas famílias, para reconhecer, acolher e respeitar, combatendo o preconceito. Para isso é importante a participação ativa das famílias na escola, de acordo com suas possibilidades. Abolir datas comemorativas descontextualizadas e que só tem cunho comercial ( crítica da autora Maria Carmen Barbosa). Juntos com as famílias a U.E deve revisitar o PPP e repensar e criar novas festas e/ou eventos de acordo com a realidade da comunidade. Uso das tecnologias: O ambiente da U.E deve ser diferente do doméstico, portanto, as crianças não devem ficar longas horas expostasa telas. A tecnologia tem que ser usada como ferramenta para ampliar as experiências de aprendizagem e não como mero entretenimento e sem intencionalidade. 14 15 Capítulo 3: A REINVENÇÃO DA AÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação Infantil não é só cuidar, é um direito de estar na escola, independente se a mãe trabalha ou não, porque é direito da criança estar em um ambiente no qual ela terá interações e experiências que a levaram a sua formação social, civil e humana, conforme as matrizes dos saberes. O trabalho do professor vai além da sala de aula, pois requer envolvimento nas ações da U. E como o PPP , formação continuada, planejamento e articulação com as famílias, enfim fazer a sua gestão curricular. 5 Elementos para interligação: É preciso ter escuta atenta e sensível às famílias, para que as mesmas tenham espaço nessa articulação, pois também é sua responsabilidade. O primeiro passo para conhecer as crianças é o acolhimento. Por isso, o acolhimento dos bebês e das crianças, essencial na construção de sua identidade, é um compromisso. Cabe aos profissionais ter atenção aos espaços organizados para as vivências oferecidas, os tempos para as elaborações, as críticas, as releituras e as materialidades para as criações e os questionamentos que os bebês e as crianças evidenciam, sejam eles verbais ou gestuais. É preciso sustentar a possibilidade de que cada bebê e criança que esteja nas Unidades Educacionais (UEs) seja convidado a reinventar e transformar o mundo. 16 Também nesse processo há a importância do objeto de apego ou transicional (Winnicott), é o elo entre a mãe ( seio familiar) ao novo ambiente social ( escola). Depois é importante deixar a criança livre para o seu desenvolvimento motor. As crianças aprendem com o cotidiano, elas são produtoras de cultura e a partir daí o profissional deve articular as atividades com os interesses das crianças, transformando em algo intencional, os levando a situações de investigação, levantamento de hipóteses e validação de resultados. Podemos observar tudo isso através dos registros. Portanto, as crianças não aprendem só nas atividades dirigidas, mas também em todas as experiências vividas. O planejamento não pode ser algo pronto, deve ser um convite para as crianças e a partir daí apresentar seus interesses. A melhor maneira de colocar isso tudo mencionado acima é com a pedagogia de projetos (Barbosa), no qual todos aprendem de situado é não linear. Exemplo: cena na qual as crianças brincando no parquinho ficam curiosas com um pé de figo no qual os frutos estão caindo no chão, a partir da curiosidade da turma, a professora junto com as crianças fizeram um projeto de investigação sobre essa fruta. O COTIDIANO VIVIDO E REFLETIDO A rotina não pode ser rígida. Precisa ter espaço ao inusitado, como parte também do desenvolvimento e dentro dos 6 direitos de aprendizagem da BNCC. É no inusitado que as crianças reinventam o seu modo de viver. As 5 variáveis do cotidiano: Sempre articulado em espiral. 17 A organização dos espaços e um parceiro pedagógico. Na abordagem Reggio Emilia o ambiente é um terceiro educador. Com uma variedade de materiais, podemos criar estações de atividades dirigidas ou não, em que as crianças escolhem de acordo com os seus interesses e escolhe seus grupos, assim tendo interações e sem um tempo rígido e fragmentado, mas no tempo das crianças para uma experiência completa ( Winnicott). Completa-se esse espiral com as narrativas, no qual as crianças com múltiplas formas de expressão contam suas vivências, hipóteses, estratégias e emoções. Validam sua aprendizagem e consequentemente servem para que o professor faça as suas observações, registros e avaliações. Situações que contemplam as variáveis: Organização da U.E ( Cultura da escola ) , organização dos grupos ( crianças ), cenários de investigação e brincadeiras ( espaços, ambientes e materiais), projetos, oficinas e ateliês. Os seis direitos de aprendizagem da BNCC: PROJETOS: EXPLORAÇÕES E PESQUISAS NA VIDA COTIDIANA: Projetos: Importância de se trabalhar com projetos, porém não impor algo determinado, o professor tem que ter a sensibilidade de a partir das vozes e curiosidades trazidas pelas crianças nas situações do cotidiano ser o ponto de partida para o trabalho com projetos. Também podem ser temas mais amplos e 18 discutidos com as crianças, a partir de algo mais específico, contemplando sempre as intencionalidades que quero alcançar com aquilo ( trabalhar a linguagem, ciências, coordenação motora, etc..) Registros pedagógicos: Precisa ser reflexivo nas suas observações colaborativas com as famílias, crianças e todos da U.E, os 3 protagonistas conforme a abordagem Reggio Emilia. As 3 funções da documentação pedagógica ( abordagem Reggio Emilia): Para documentar, seja relatórios, portfólios e murais, por exemplo, precisa-se primeiro fazer pequenos registros diários para que o professor tenha embasamento para os registros finais. Para que os registros servem?: 1- Evidenciar o trabalho as famílias 2- Evidenciar para as crianças e todos d a comunidade escolar 3- Refletir e replanejar as práticas pedagógicas Por isso é desejável que o professor esteja sempre com um caderno para anotações para os registros diários. Orientação Normativa Registros na Educação Infantil: Registros através de relatórios, portfólios, filmagens, produções próprias das crianças, como: pinturas, desenhos, esculturas, etc.. Dahlberg: O processo ( como as crianças fazem ) é mais importante do que o resultado final. A documentação pedagógica precisa ser acompanhada pela criança em seu percurso educativo ( desafios/conquistas) para dar continuidade ao trabalho intencional com elas. Ter sensibilidade para dar voz e escuta para interpretar as expressões infantis. Os projetos precisam despertar curiosidade, pesquisa e autonomia das crianças. Assim como se devem também fazer registros das atividades livres. 19 20 Capítulo 4: ARTICULANDO A EDUCAÇÃO INFANTIL E OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental o ponto central é o espaço social das crianças de 0 a 12 respeitando sua inteireza e integridade. O cuidar e o educar como também continua no ensino fundamental. Sarmento (2003) indica pontos comuns do bebê até a criança de doze anos: ● A ludicidade, ou a capacidade de brincar; ● A fantasia do real, ou a possibilidade de imaginar ativamente; ● A interatividade, ou a interação contínua com os pares ou com os adultos; ● A reiteração, ou o fazer de novo e, ao fazer de novo, reinventar o mundo. Nos cadernos do MEC : INCLUSÃO DA CRIANÇA DE 6 ANOS NO ENSINO DE 9 ANOS e ESCRITA DA CRIANÇA DE 6 ANOS , nas DCNs e BNCC, apontam que se deve ter uma integração entre a educação infantil e ensino fundamental, portanto, as brincadeiras, interações e o lúdico não deve ser interrompido, para não haver uma ruptura, até porque em todas as etapas da educação básica devem ser articuladas. As dimensões para essa integração são: Sequencialidade: Portanto tudo aquilo que a criança viveu ou experimentou na E.I não pode ser descartado, pelo contrário, deve fazer parte do seu percurso formativo, contínuo e progressivo. Organicidade: Observar as especificidades de cada etapa e também o que é comum. Articulação: A integração das duas etapas. Atenção: A ED. Infantil não pode ser encarada como um preparo para o Ensino Fundamental. Essa articulação precisa da participação de todos, escola, família e comunidade. Por tudo isso, houve a necessidade de criar mais um ano no ensino fundamental, para uma formação prazerosa, lúdica, desafiadora e sem ruptura para a formação do sujeito ativo e integral. Articulação Curricular: precisa ver as especificidades e os pontos comuns para articulação. Essa articulação impacta nos territórios. 21 Exemplo: cena 39, crianças da EMEF lendo para as crianças da EMEI e depois todos foram brincar no parquinho da EMEI, as duas unidades estão localizadas no mesmo quarteirão. Diferentes Transições: É precisoter interações entre as Unidades Escolares, no qual se fará transição dessas crianças, sendo indispensável o apoio da família e escuta ativa e dar vozes às crianças. A primeira transição: Acontece da casa para o CEI, onde o bebê sai do ambiente familiar para um lugar novo com interações , descobertas e brincadeiras diferentes do lar. Segunda transição: Do CEI para a EMEI, aqui a uma transição pela primeira vez de unidades escolares. Por isso é preferencial que a criança conheça a nova escola antes, conheça os professores, funcionários e brincar com os novos amigos. Também tirar as suas dúvidas e ouvir suas angústias, a criança precisa se sentir acolhida e segura. Aliás, o rito de passagem do CEI para a EMEI ou EMEI para EMEF, não deve ter formatura. Essa cerimônia formal, que não é adequada a essa faixa etária, pode ser trocada por uma festa com as famílias na escola, que será muito mais significativo para eles do que uma formatura. Terceira transição: Da EMEI para a EMEF, aqui também é interessante a criança conhecer os espaços da nova escola e como funciona a EMEF. Além disso, as EMEIs devem enviar as EMEF para as turmas de 1º ano as documentações pedagógicas: ● Portfólio coletivo e individual; ● Relatório final; ● Parecer da familia; ● Frequência dos alunos e outras informações pertinentes Com a documentação pedagógica dará informações do docente do 1º ano do ensino fundamental conhecer as crianças da turma e iniciar o seu planejamento, lembrando que isso caracterizar classificação das crianças, mesmo porque as mesmas estão em constante mudanças; Além da entrega dos relatórios, será promovido reuniões entre as gestões e professores da EMEI e EMEF para que aconteça essa articulação e explicação da utilização desses relatórios. 22 A problemática do EI para EF: Continuar com a brincadeira no 1º ano do fundamental e a escrita na Educação Infantil. 1º Brincar: a brincadeira deve continuar no EF, mesmo porque é brincando que a criança imagina, interpreta e compreende. Então o professor do 1º ano pode planejar cantinhos com brinquedos para a brincadeira e coletivamente com as crianças organizando o planejamento e combinados da turma de acordo com seus interesses. A brincadeira deve continuar, pois fortalece o que aprendeu e dá sentido àquilo que é realizado na escola. Ao poucos os “cantinhos” darão lugar às brincadeiras tradicionais como, parlendas, cantigas e o brincar livre na hora do intervalo. 2º Escrita na Ed. Infantil: O objetivo aqui não é a alfabetização, porém é preciso ter contato com o mundo letrado, seja trabalhando com o próprio nome, registrando a rotina ( oral, imagem ou o professor como escriba) experimentando junto com a turma e garantindo a leitura todos os dias. Exemplo: Cena 42, as crianças tiveram a ideia da prô fazer um cartaz com a lista dos livros que já leram, para não ler livros repetidos. A partir da intencionalidade das crianças foi desenvolvida uma série de propostas e aprendizagens mediadas pela professora. As crianças não vão sair da EMEI alfabetizadas, contudo, terão o contato social do uso da língua escrita e oral. Portanto, a ponte para a articulação da Educação Infantil e Ensino Fundamental e vice-versa está nas brincadeiras e na cultura escrita. 23 24 Capítulo 5: A GESTÃO DEMOCRÁTICA E A IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO Gestão - Currículo- PPP: Se ligam na gramática pedagógica. Ideia de currículo progressista e construtivo: aqui entra a referência a autora OLIVEIRA-FORMOSINHO e a abordagem pedagogia em Participação, abordagem pedagógica da Associação Criança, de Portugal, em que as postulações teóricas de Dewey, Piaget, Vygotsky e Bruner estão presentes e reunidas na concepção de uma criança competente, possuidora de um potencial para a realização, devendo ser respeitada em suas necessidades, suas motivações e seus interesses. A pedagogia não é só teoria precisa ser efetiva a prática= Práxis ( teoria + prática). O PPP: É reflexivo e se não tiver a participação de toda a comunidade escolar fica apenas um documento burocrático sem vida. O projeto pedagógico é de médio a longo prazo. O professor não só participa do PPP, como também deve se responsabilizar. Exemplo: na cena 44, foi criado um folder para simplificar e convidar as famílias para conhecer o PPP da escola. Por ser uma linguagem pedagógica, o documento deve ser explicado suas intenções às famílias para que os mesmos deem suas sugestões e problematizam. Outro ponto é que o PPP deve ser de livre acesso para todos. A gestão democrática deve seguir a DCN da Ed.Infantil e os indicadores de qualidade da Ed.Infantil Paulistana para sua autoavaliação e nos problemas apontados é preciso fazer um plano de ação. Dentro do PPP deve constar o plano de ação do diretor, assistente de direção e professores. O PPP deve ser flexível e colaborativo, portanto, com a participação de todos, não pode ser alterado na íntegra a cada ano!. O PPP antes de ser aprovado deve passar pela acessoria da supervisão. Reunião de pais: Devem ter um caráter formativo e realista, no qual a escola deve explicar as duas intencionalidades para que eles tenham ciência da responsabilidade, então a reunião ou convocação não deve se caracterizar como uma simples cobrança às famílias. A documentação pedagógica ajuda nesse sentido, desde que a mesma seja superficial. Exemplo: Cena 47, com a participação de todos da U.E e das famílias houve a transformação dos espaços, ambientes e materiais no território da escola, mostrando na prática o que é gestão democrática. Depois disso, a coordenação tornou permanente as formações sobre os espaços, ambientes e materiais. Os bebês e crianças também participam da gestão democrática. Nas CEIs e EMEIs devem ser criados um conselho mirim com três participantes de cada turma sendo, 1 escolhido pelo professor e 2 pela votação das crianças, para 25 representarem cada turma, trazendo opiniões e sugestões. Desde muito pequenas, elas já devem ter contato com situações políticas e democráticas. Políticas Públicas: Reúnem 3 documentos: . Serão apresentadas ainda três legislações, sendo duas municipais: Plano Municipal de Educação da Cidade de São Paulo e o Plano Municipal pela Primeira Infância — e uma nacional: a Base Nacional Comum Curricular. Plano Municipal de Educação da Cidade de São Paulo: Baseada no PNE 2014, o seu marco legal prevê metas como atendimento integral, alimentação saudável, fim dos castigos físicos e de emparedamento da infância, tendo as famílias responsáveis para o alcance dessas metas. Plano Municipal pela Primeira Infância: Criação de rede de proteção com outras secretarias, famílias e comunidade em ações conjuntas. BNCC: Documento normativo de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). BNCC Ed.infantil: Há na BNCC (BRASIL, 2017) a defesa da ideia de que estar na escola é diferente de estar em outros espaços sociais, que a escola é um espaço privilegiado de constituição da identidade das crianças, de vivência de relações sociais e de realização de múltiplas experiências de aprendizagens. O texto, portanto, está centrado nas aprendizagens das crianças, e não nos princípios pedagógicos, na metodologia, nas proposições das ações docentes, pois estas são as decisões e contribuições que cada rede, escola ou professora(or) deverá fazer ao currículo. Por esse motivo, o texto da BNCC (BRASIL, 2017) afirma continuamente que é apenas parte de uma construção curricular. Ao longo do ano de 2018, foram realizadas nos Grupos de Estudo e Práticas Pedagógicas (GEPP) discussões sobre o Currículo da Educação Infantil da RMESP, procurando estabelecer pontos de conexão entre ambos os documentos. Nos debates realizados, algumas posições foram reiteradas: 26 1- Os seis Direitos de Aprendizagens e Desenvolvimentona Educação Infantil contidos na BNCC (BRASIL, 2017) — conviver, brincar, explorar, expressar, participar e conhecer-se — convergem com as concepções explicitadas no Currículo Integrador da Infância Paulistana (SÃO PAULO, 2015a) e com os direitos elaborados a partir dos Indique EI/ RME-SP (SÃO PAULO, 2016a). 2- As situações e experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes anunciadas nos Campos de Experiências da BNCC (BRASIL, 2017) — O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações — estão presentes em várias das cenas ao longo deste material, pois se referem a questões fundamentais da vida de um bebê e de uma criança. As relações com os demais (corpos em movimento, linguagens, imaginação, investigações) já estão presentes na vida das crianças, e o papel da escola é ampliar o repertório para que elas possam viver a vida com maior intensidade. Os campos de experiências são definições de atenção que os adultos devem ter para que as crianças tenham uma educação integral, isto é, uma educação que atenda à diversidade de interesses, curiosidades e necessidades de bebês e crianças, a sua 27 integralidade. A ideia de campo é exatamente a ruptura com as disciplinas e as áreas de conhecimentos, podendo ser compreendidas de modo contextualizado e interdisciplinar, por meio de ações curriculares que considerem todos os campos. Compreendemos que a materialização dos Campos de Experiências ocorrem nos usos sociais das múltiplas linguagens que estão contidos no Currículo Integrador na Infância Paulistana (SÃO PAULO, 2015a) e reforçadas no Item 2.3 – Linguagens e práticas culturais deste documento, cabendo às(aos) educadoras(es) a responsabilidade de escutar, observar e estabelecer comunicação com bebês e crianças. Portanto, os campos de experiência precisam estar em consonância com a formação integral em propostas em espiral. 28 Explicação da tabela e dos códigos do currículo: Dimensões e objetivos de aprendizagem (1ª coluna): referente às 9 dimensões dos Indicadores de Qualidade da Ed.Infantil da Infância Paulistana e objetivos de cada uma. Coluna 2: Os códigos dos campos de experiência da BNCC, porém não estão em sua sequência original de acordo com os campos e faixa etária, é sim de acordo com os objetivos das 9 dimensões dos Indicadores de Qualidade da Ed.Infantil da Infância Paulistana. Coluna 3: Objetivos de desenvolvimento sustentável: às 17 ODS da agenda 2030 da ONU. Esses objetivos não devem esgotar a complexidade da experiência das crianças e devem ser uma aprendizagem sempre em espiral. 29 Atenção: Os campos de experiência: Corpo, gestos e movimentos e Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações, não aparecem muito no currículo, porque o corpo em movimento remete a ideia de corpo silenciado (coreografado) e ainda não é do cotidiano e existe certa resistência em trabalhar a matemática e ciências na Ed.Infantil. Por isso não foi estruturada na rede a melhoria na infraestrutura das U.Es para o desenvolvimento do campo de experiência: Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. 30 Palavras chaves do Currículo da Educação Infantil ● Criança ● Pedagogia da Infância ● território ● relações étnico-raciais ● relações de gênero ● interações, ● brincadeira, ● escuta, ● 100 linguagens ● acolhimento ● participação ● Protagonismo ● Cultura ● intencionalidade pedagógica (planejamento) ● Projetos ● registro e documentação ● reflexivo e colaborativo ● Curriculo integrador ● PPP ● gestão democrática ( indicadores da qualidade ) Estudo de caso: 31 Exemplo de uma discursiva envolvendo algumas palavras chaves do currículo da educação infantil: Discorre sobre as palavras chaves: Resposta: Considerando os apontamentos acima, é importante destacar os conceitos da construção da pedagogia da infância paulistana, elencando no currículo da cidade, no qual aponta o protagonismo compartilhado entre o professor que escuta e reflete o currículo e as crianças com suas culturas. Dessa maneira, é preciso haver intencionalidade do professor no seu planejamento e no cotidiano ao organizar os tempos, espaços, interações, materiais e promover narrativas. Uma forma de garantir o protagonismo das crianças é a metodologia de projetos, que possibilita a escuta e os interesses desses sujeitos, sendo ponto de partida do projeto e articulado com as intencionalidades da ação docente. Por fim, por meio dos registros, são materializados a escuta, as interações e como alcançar a aprendizagem e desenvolvimento. Com a documentação 32 pedagógica, de modo reflexivo e colaborativo o professor rever a sua prática para a construção da pedagogia da infância paulistana. Currículo da Cidade EJA- Caderno de Ciências Naturais Currículo da Cidade para a EJA Ciências Naturais, demanda a deliberação sobre concepções a respeito da natureza do conhecimento científico. Nesse sentido, “o currículo supõe a concretização dos fins sociais e culturais, de socialização, que se atribui à educação escolarizada” (SACRISTÁN, 2000, p. 15) Um currículo de Ciências Naturais que se articula a um projeto de formação para a cidadania crítica, fundamentado no ideal de consolidação de uma sociedade efetivamente democrática, calcada nos valores de justiça social, superação das desigualdades, inclusão e respeito à diversidade. O componente de Ciências Naturais pode contribuir para a transformação e inclusão social quando a alfabetização científica inclui a aprendizagem por investigação, com discussões acerca da natureza do conhecimento científico, das relações entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA) e interculturalidade. Articulação entre saberes prévios x conhecimentos científicos: ● Fenômenos da natureza ● Ciências tecnologia ● Homem – natureza (sustentabilidade) ● Ciências naturais sociedade Compreender a ciência como cultura, como produção humana, histórica e socialmente situada, pode contribuir para a percepção de que a produção do conhecimento científico não se faz a partir de ações isoladas; compreender a historicidade do conhecimento científico pode ajudar os estudantes a se perceberem enquanto possíveis atores da ciência e entenderem a ciência como parte da cultura. Um currículo de Ciências que tenha por objetivo a alfabetização científica contempla conteúdos que dialogam com três eixos temáticos: 1. Natureza da ciência: conhecimentos sobre história, filosofia e sociologia da ciência; compreensão da ciência como atividade humana e social; 2. Linguagem científica: apropriação da linguagem e de conceitos científicos; capacidade de leitura e elaboração de tabelas, esquemas, gráficos, ilustrações; construção de argumentação científica; 33 3. Aspectos sócio científicos: reflexão sobre questões ambientais, políticas, econômicas, éticas, sociais e culturais Enfoque CTSA – Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente - Os estudantes precisam compreender que a produção de qualquer conhecimento, científico ou não, se efetiva no contexto das sociedades em que são produzidos. Ensino por Investigação - parte-se de um problema que enseja o levantamento de hipóteses pelos estudantes, seguida de discussão sobre hipóteses e resultados obtidos. Multiculturalismo - O reconhecimento do currículo como política cultural (GIROUX, MCLAREN, 2005) implica considerar as vozes que nele se fazem presentes e as vozes nele silenciadas. Eixos Temáticos: ● Matéria, Energia e suas Transformações ● Cosmos, Espaço e Tempo ● Vida, Ambiente e Saúde Objetos de conhecimento e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento: Observar, problematizar, formular hipóteses e procedimentos de teste, coletar dados, identificar, descrever, registrar, relatar, comparar, classificar, compor e decompor, opinar, interpretar. Currículo da Cidade EJA- Caderno de Geografia Geografia como leitura crítica do mundo. Grandes referenciais para a educação Geográfica da EJA:1. O princípio de que educação é tomada de consciência. Da condição de vida em que se encontra pela intervenção no seu local de vida, na problematização da vida concreta, novos conhecimentos com a superação das formas de saber cotidiano, características do senso comum. (FREIRE, 1996; 2000). 2. A análise da sociedade moderna de outra globalização é possível. Milton Santos critica a globalização excludente. O momento atual seria o de a libertação do trabalho alienado e degradante. (SANTOS, 2000a; 2001). Conceitos estruturantes: território, paisagem, lugar, rede, escala, região e natureza. Destes, resultaram métodos e procedimentos específicos do modo de estudar e compreender o mundo. Quando os estudantes da EJA estudam sua mobilidade espacial, as dinâmicas urbanas, o lazer, os serviços, por exemplo, estão diante da análise da prática sócio espacial permeada pelas relações sociais materializadas como espaço geográfico. Papel do professor: Oferecer aos estudantes da EJA acesso a uma leitura da realidade para promover cidadania e cultura. 34 Organização de Conteúdos: • Sujeito e seu lugar no mundo, • Organização territorial no tempo e no espaço, • Pensamento espacial e formas de representação cartográfica, • Natureza, ambientes e qualidade de vida, • Trabalho e formação sócio espacial Currículo da Cidade EJA- Caderno de História [...] o ensino de História deve contribuir para libertar o indivíduo do tempo presente e da imobilidade diante dos acontecimentos, para que possa entender que cidadania não se constitui em direitos concedidos pelo poder instituído, mas tem sido obtida em lutas constantes e em suas diversas dimensões. (BITTENCOURT, 2017, p.20). “Leitura do mundo” compreensão da realidade, o entendimento de si próprio e dos coletivos em que trabalhadoras e trabalhadores, jovens, idosos, pessoas com deficiência, moradores de rua, desempregados, migrantes e imigrantes, estão inseridos. No que compete à História na dimensão escolar, ela procura permitir que o estudante consiga compreender-se também como sujeito histórico. Estudar História permitirá aos estudantes se reconhecerem, se situarem no mundo, se posicionarem a partir de suas vivências, suas culturas étnico-raciais, seu gênero, sua faixa etária, seus locais de origem, suas histórias de vida. A “leitura de mundo”, na compreensão de Paulo Freire, só será completa se todas e todos puderem ser objeto de leitura, se tiverem condições de se ler. ENSINO E APRENDIZAGEM EM HISTÓRIA: A História como conceito - tempo/espaço como elementos centrais. O conceito de História é histórico e tem se modificado em razão dos enfrentamentos e mudanças de perspectivas no campo da pesquisa histórica. O tempo está associado a um conjunto de vivências e é um “produto cultural forjado pelas necessidades concretas das sociedades” (BEZERRA, 2003, p.44). O espaço: é preciso ter claro que espaço para os historiadores é uma construção social. O sujeito histórico, formado por pessoas, instituições, grupos, agentes sociais, individuais ou coletivos, e não apenas por figuras em posição de destaque ou de poder. Fato histórico, processo histórico e fontes históricas. O fato histórico refere-se à identificação e à seleção de acontecimentos e eventos na trama histórica. Os processos históricos são estudados e refletidos por meio das fontes históricas, as quais foram entendidas provenientes de documentos oficiais. Cultura: refere-se a todas as realizações materiais e aos aspectos espirituais, metafísicos da humanidade. Faz parte do conceito de cultura a ideia da diversidade étnica/racial, religiosa, de modos de vida, sexual, geracional, de grupos e de classes sociais. Interculturalidade: diferentes culturas e grupos sociais e há uma inter-relação intencional entre esses grupos. Interdisciplinaridade, História como as ligações que os vários componentes curriculares podem estabelecer entre temáticas para a criação de uma abordagem comum. 35 Currículo da Cidade EJA- Caderno de Artes A arte potencializa modos de ler e fazer do ser poético e estético. O Currículo da Cidade - Educação de Jovens e Adultos - Arte, parte da premissa de que o estudante, como cidadão, tem direito ao conhecimento artístico produzido, acumulado pelo ser humano, e de constituir-se competente para vivenciar esse conjunto de saberes e/ou experiências de forma autônoma no aprender e viver processos artísticos e culturais. A Arte apresenta direcionamentos no ensino e aprendizagem de arte pelo prisma das dimensões do conhecimento, citadas como diretrizes que respeitam o potencial do estudante nos âmbitos da criação, critica, estesia, expressão, fruição e reflexão. OS CAMPOS CONCEITUAIS NA ARTE: IDEIAS E AÇÕES GERMINADORES: ● Patrimônio Cultural ● Mundo do Trabalho ● Materialidade ● Contextos e matrizes culturais ● Arte e Tecnologia ● Corporeidade e Identidade ● Elementos de Linguagem 36 Caderno EJA Língua Portuguesa Introdutório da EJA: EJA- Princípios e práticas pedagógicas "A teoria sem a prática vira “verbalismo”, assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade” Paulo Freire. “A educação de adultos torna-se mais que um direito: é a chave para o século XXI, é tanto consequência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. A educação de adultos pode modelar a identidade do cidadão e dar um significado à sua vida. A educação ao longo da vida implica repensar o conteúdo que reflita certos fatores, como igualdade entre os sexos, necessidades especiais, idioma, cultura e disparidades econômicas”. Declaração de Hamburgo sobre a EJA, 1997 EJA: a interdisciplinaridade A Educação de Jovens e Adultos, na perspectiva da educação ao longo da vida, requer uma abordagem curricular próxima e adequada às demandas da realidade, que envolve os EJA: a Interdisciplinaridade educandos no processo de construção de conhecimentos, a partir do acúmulo de saberes e experiências que já trazem como síntese da sua própria vida. Os jovens e adultos necessitam de uma pedagogia sustentada nas relações, nas interações e em práticas educativas intencionalmente voltadas para o convívio social e o exercício da cidadania. "Muitos jovens e adultos dentro da pluralidade e diversidade de regiões do país. dentro dos mais diferentes estratos sociais, desenvolveram uma rica cultura baseada na oralidade da qual nos dão prova, entre muitos outros, a literatura de cordel, o teatro popular, o cancioneiro regional, os repentistas, as festas populares, as festas religiosas e os registros de memória das culturas afro brasileira e indigena” PARECER CNE/CEB 11/2000 37 Com base nos princípios da diversidade, flexibilidade e qualidade: ● Articulação dos saberes da Educação Formal e da Educação Não Formal ● Metodologia dialógica ● O Trabalho com Projetos ● Educação como ato político ● Flexibilização dos Tempos e Espaços Valorização das Histórias de Vida e Identidades dos Jovens e Adultos ● O Mundo do Trabalho Especificidades da EJA EJA-Regular- Etapa Alfabetização (2 semestres), Etapa Básica (2 semestres), Etapa Complementar (2 semestres) e Etapa Final (2 semestres). Cada etapa tem duração de 200 dias letivos. MOVA-SP - ONGs CIEJA- Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos Movimento de Alfabetização Módulo I (Alfabetização), Módulo II (Básica), Módulo III (Complementar) Módulo IV (Final). Cada módulo tem duração de 1 ano e 200 dias letivos e são desenvolvidos em encontros diários de 2 horas o 15 minutos (3 horas/aula) CMCT - Centro Municipal de Capacitação e Treinamento EJA Modular - Etapas: Alfabetização, Básica, Complementar e Final. Cada Etapa é composta por 4 Módulos independentes e não sequenciais, cada um com 50 dias letivos Os módulos se desenvolvem em encontros diários de 2 horas e 15 minutos (3 horas/aula). A complementação da carga horária diária, 1 hora e 30 minutos (2 horas/aula), é composta por atividades do enriquecimento curricular de presença optativapara os educandos. 38 Pensar a avaliação na perspectiva da Qualidade Social para a Educação de Jovens e Adultos significa pensar no acesso e na permanência de educandas e educandos nas Unidades Educacionais e Espaços Educativos. O PEIF ministra aulas na EJA nas Etapas de Alfabetização ( equivalente ao 1º ao 3º ano do ensino fundamental regular) e Etapa Básica ( equivalente ao 4º e 5º ano do ensino fundamental). Pensar a avaliação na perspectiva da Qualidade Social para a Educação de Jovens e Adultos significa pensar no acesso e na permanência de educandas e educandos nas Unidades Educacionais e Espaços Educativos. A EJA e seus sujeitos requerem uma prática educativa que evidencie suas singularidades e especificidades, daí a relevância do currículo ter como base a construção dialógica de ensino e de aprendizagem. Concebemos a reorientação curricular da EJA no diálogo com as diferenças culturais, sociais e educacionais de educandas e educandos. Um currículo inspirado nos princípios humanistas e da educação popular, na perspectiva da educação ao longo da vida. A Educação Popular caracteriza-se por valorizar os saberes produzidos e reconhecê-los como referência para o desenvolvimento de práticas pedagógicas. A aprendizagem se dá a partir do conhecimento do sujeito e sua participação em todo o processo educativo, é uma manifestação de busca por uma transformação social. Neste sentido, construir um currículo para EJA significa desenvolver um trabalho que tem como pressuposto heterogeneidade e não a homogeneidade. Trata-se de formular estratégias que façam proveito desta heterogeneidade sem uma perspectiva homogeneizante do grupo de estudantes em uma sala de aula. A presença de um grupo heterogêneo é a possibilidade de exercer o diálogo, a cooperação, ampliando, ao mesmo tempo, as capacidades dos indivíduos (MARQUES, 2006). Marta Khol de Oliveira indica que para se pensar sobre o processo de aprendizagem de jovens e adultos é necessário reconhecer "três campos que contribuem para a definição de seu lugar social: a condição de 'não- -crianças', a condição de excluídos da escola e a condição de membros de determinados grupos culturais" (OLIVEIRA, 1999, p. 60). Currículo da Cidade -EJA - Língua O currículo específico de Língua Portuguesa fundamenta-se em alguns princípios pedagógicos: levantamento dos conhecimentos prévios, contextualização, problematização sistematização e avaliação, favorecendo o aprendizado da língua Ressalte-se que na trajetória da construção do conhecimento será utilizada uma 39 diversidade de textos, propondo conhecer os gêneros, bem como serão valorizadas as produções textuais, com atividades de escrita, auxiliando assim na constituição dos significados e dos sentidos em torno dos conhecimentos a serem aprendidos, os quais não podem ser distanciados das questões de uso social da linguagem verbal e escrita. Os gêneros discursivos integram as práticas sociais e são por elas gerados formatados e tem como elementos fundamentais: o conteúdo temático, organização composicional e o estilo. O trabalho com as géneros tem, como critério de classificação ou distinção genérica. No Currículo, ler e se apropriar dos significados construídos socialmente, que dão a base para a produção de sentidos subjetivos. Os estudantes da EJA como sujeitos ativos que se constroem e são construídos nos e pelos textos, considerando as esferas discursivas nas quais são produzidos e dependendo dos interlocutores. Os 5 Eixos propostos em Língua Portuguesa para EJA: ● Leitura ● Escrita ● Oralidade ● Escuta ● Análise Linguística Fluência Leitora (a compreensão do mundo à sua volta): O ato de ler para compreender envolve outras estratégias, para além da decodificação, como a inferência, seleção, antecipação, verificação, entre muitas outras. Escrita (e emancipação): Abordagem psicogenética de alfabetização (FERREIRO, TEBEROSKY, 1986), que toma os sujeitos como seres pensantes e que, mesmo antes do domínio das convenções da escrita, levantam hipóteses sobre seus modos de funcionamento. Oralidade (uma inserção no mundo) Destacamos o estudo de gêneros orais de diferentes esferas, como seminário, debate, palestra, fórum, exposição oral, mesa-redonda, entrevista, assembleia escolar, slam, entre outros. Escuta (atividade fundamental na relação dialógica) o exercício de uma escuta ativa favorece o exercício da intelectualidade, necessário para o desenvolvimento de uma curiosidade crítica e para o processo de conscientização, essencial ao rompimento com as formas de opressão. 40 Análise Linguística (direito à apropriação) Dedica-se ao estudo da atualização do sistema da língua em situações concretas de uso. Currículo da Cidade -EJA - Matemática Matemática tem o foco na equidade, na inclusão e na igualdade de gênero, permitindo a aquisição efetiva de competências básicas do cidadão, mas também busca acolher a aspiração do estudante a continuar ampliando seus conhecimentos, dando oportunidades de um trabalho digno e de responsabilidade social, integrando o estudante ao mercado de trabalho e possibilitando a continuidade de estudos até o ensino superior. A Matemática como construção humana que envolve um conjunto de conhecimentos, com diversos tipos de raciocínio que contribuem para a resolução de diversos tipos de problemas. O domínio do letramento matemático diz respeito "à capacidade dos estudantes para analisar, julgar e comunicar ideias efetivamente propondo, formulando e resolvendo problemas matemáticos em diversas situações." (OECD/PISA, 2004, p. 41). 41 Ideias Fundamentais da Matemática: A ideia de proporcionalidade - Aplica-se a diferentes tipos de grandeza, como o tempo, a velocidade, o comprimento, o preço, a temperatura A ideia de equivalência ou igualdade - se estudam as "frações", as equações, as áreas de figuras planas ou volumes de figuras espaciais, entre muitos outros temas. A ideia de ordem- estudos das sequências numéricas ou figurais, construção de coeficiente de variação, entre outros. A ideia de aproximação está ligada aos cálculos que não precisam ser exatos A ideia de variação - a variação percentual, a variação entre duas grandezas, o coeficiente de variação, entre outros. 42 A ideia de interdependència- relacionar-se à noção de função, com relações entre grandezas numéricas ou geométricas e com ampliação e redução de figuras A ideia de representação- está relacionada com a simbologia matemática. A Diversidade de Estratégias de Ensino de Matemática A Resolução de Problemas - Um problema é proposto intencionalmente pelo professor, ou pelos próprios estudantes, selecionado levando em consideração os saberes dos jovens adultos e os objetos de estudo. Tarefas Investigativas As tarefas investigativas são importantes de serem trabalhadas, de forma problematizadora. Tecnologias Digitais - O uso de recursos tecnológicos necessita de uma mudança de postura do professor, o qual atua junto a seus estudantes como um parceiro, mediando a aprendizagem que será feita de forma colaborativa. Eixos Estruturantes No eixo Números, o Currículo enfatiza o pensamento numérico, focalizando as diferentes funções dos números naturais: a de quantificar, a de ordenar, a de comparar, a de medir e a de codificar os diversos significados das operações aritméticas em problemas significativos. No eixo Geometria, estudo de relações espaciais e de figuras geométricas espaciais e planas, suas relações e características. O eixo Grandezas e Medidas, variações, a representação, a equivalência, a aproximação, a interdependência e a proporcionalidade. No eixo Probabilidade e Estatística, raciocínio combinatório, organização, análise de dados e a comunicação dos resultados por meio de diferentes tipos de gráficos e de tabelas. No eixo Álgebra, pensamento algébrico, analisar relações quantitativas e qualitativas de diferentes grandezas. 43 Caderno Língua Portuguesa Ensino Fundamental: Parte Introdutória Comum a todos os cadernos do Ensino Fundamental Apresentação do Currículo: Currículoda Cidade: Orientações Curriculares para a Cidade de São Paulo: Busca alinhar as orientações curriculares do Município com Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que se estrutura com foco em conhecimentos, habilidades, atitudes e valores ( os mesmos das matrizes dos saberes), para promover o desenvolvimento integral dos estudantes e a sua atuação na sociedade, incorporando as diversidades da nossa cidade. A construção desse currículo teve como base: Continuidade: respeitando questões anteriores e integrando as experiências, práticas e culturas escolares já existentes (independente do governo). Relevância: documento dinâmico com vistas a garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento a todos os estudantes da Rede ( também de acordo com os territórios). Colaboração: processo dialógico e colaborativo ( construído por todos que fazem parte da rede). Contemporaneidade: busca formar os estudantes para a vida no século XXI. A proposta da atualização do Currículo da Cidade de São Paulo reforça a mudança de paradigma que a sociedade contemporânea vive, na qual o currículo não deve ser concebido de maneira que o estudante se adapte aos moldes que a escola oferece, mas como um campo aberto à diversidade. Essa diversidade não é no sentido de que cada estudante poderia aprender conteúdos diferentes, mas sim aprender conteúdos de diferentes maneiras. Tríade do currículo: Equidade: Tratar diferente aquilo que aparece desigual ao ponto de partida para promover a justiça e igualdade. 44 Quando o sistema de ensino é equitativo? Quando apesar das diversidades ( desigualdades social, racial gênero, etc…) não impactou a apropriação da aprendizagem ( os resultados). Inclusão: Respeitar e valorizar a diversidade e a diferença, aqui a inclusão não é só referente aos estudante especiais, como também é preciso ter a inclusão social, etnico-racial, gênero, regional, etc… Educação de Integral: Não é só escola de tempo integral, no qual aumenta a carga horária dentro da escola, mas uma educação para o desenvolvimento global do sujeito: intelectual, físico, emocional, social, cognitivo e moral. Concepções e Conceitos que Embasam o Currículo da Cidade: O currículo precisa ter o professor como protagonista e centrado nos estudantes. Não é um documento estático e nem uma receita para aplicar nas aulas, contudo o currículo é um orientador para o trabalho metodológico e didático do professor e também para a construção dos processos sociais da escola, por isso precisa estar alinhado com a realidade (Sacristán). Também considerando a importância de um currículo integrador, onde a criança não deixa de brincar, nem se divide em corpo e mente ao ingressar no Ensino Fundamental. Ao contrário, ela continua a ser compreendida em sua integralidade e tendo oportunidades de avançar em suas aprendizagens sem abandonar a infância. Sendo assim, o currículo do Ensino Fundamental considera a organização dos tempos, espaços e materiais que contemplem as vivências das crianças no seu cotidiano, a importância do brincar e a integração de saberes de diferentes Componentes Curriculares, em permanente diálogo. Concepção de Infância e Adolescência ( embasamento na legislação): O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera a infância como o período que vai do nascimento até os 12 anos incompletos, e a adolescência como a etapa da vida compreendida entre os 12 e os 18 anos de idade. As crianças e os adolescentes são sujeitos de direito que devem opinar e participar das escolhas capazes de influir nas suas trajetórias individuais e coletivas. Diretrizes curriculares Nacionais (DCN´s ): “construção da autonomia e a aquisição de valores morais e éticos” (BRASIL, 2013, p. 110). Um currículo orientado pela Educação Integral, que seja capaz de formar sujeitos críticos, autônomos, responsáveis, colaborativos e prósperos. 45 Concepção de Currículo: Currículos são plurais: significações produzidas a partir dos contextos, interesses e intenções que permeiam a diversidade dos atores e das ações. Currículos são orientadores: traz as discussões temáticas, conceituais, procedimentais e valorativas para o ambiente da escola, orientando a tomada de decisões sobre as aprendizagens até a “[...] racionalização dos meios para obtê-las e comprovar seu sucesso” (SACRISTÁN). Currículos não são lineares: um conjunto de aprendizagens concomitantes e interconectadas ligado ao dia a dia da prática pedagógica. Currículos são processos permanentes e não um produto acabado: o currículo é um processo e não um produto, devem ser sempre revisados e atualizados, para incorporarem resultados de novas discussões, estudos e avaliações. Cria clima e roteiros instigantes ao diálogo, à aprendizagem e à troca de experiências mediadas por conhecimentos amplos e significativos da história. Professores são protagonistas do currículo: O professor é o sujeito principal para a elaboração e implementação de um currículo, fazendo a sua Gestão Curricular , ajustando o currículo de acordo com as necessidades da turma/estudantes. Currículos devem ser centrados nos estudantes: O propósito fundamental de um currículo é dar condições e assegurar a aprendizagem e o desenvolvimento pleno de cada um dos estudantes, conforme função social é sua abrangência do olhar integral sobre o ser humano, seus valores e sua vida social digna. Um Currículo para a Cidade de São Paulo O direito à educação implica a garantia das condições e oportunidades necessárias para que os estudantes tenham acesso a uma formação indispensável para a sua realização pessoal, formação para a vida produtiva e pleno exercício da cidadania. Assim sendo, o Currículo da Cidade define uma Matriz de Saberes, com a qual as Áreas do Conhecimento (Parecidos com os da BNCC) devem se comprometer em cada ciclo do Ensino Fundamental. 46 Matrizes dos saberes: São 9 saberes essenciais para formar cidadãos integrais para as dinâmicas contemporâneas. São as mesmas 10 competências da BNCC, porém por questões políticas tem o nome ``matrizes dos saberes”. Ambas estão ligadas à agenda 2030 da ONU e seus 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável. Também está fundamentada nos Princípios éticos, políticos e estéticos definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2013, p. 107-108): Princípios éticos: Justiça, solidariedade, comprometimento com o bem estar de todos, eliminação de preconceitos. O professor precisa promover vivências, práticas e atividades que trabalhem com essas questões. Princípios estéticos :cultiva a sensibilidade junto com a racionalidade, valorização das diversas formas de expressão e de culturas. Construção de identidades plurais e solidárias. Princípios políticos: Direitos e deveres, respeito ao bem comum, preservação do regime democrático e dos recursos ambientais. Garantia de acesso à educação, saúde, trabalho e bens culturais. Busca de uma sociedade mais igualitária e justa. A Matriz de Saberes tem como propósito: Formar cidadãos éticos, responsáveis e solidários que fortaleçam uma sociedade mais inclusiva, democrática, próspera e sustentável. Também elaborada levando em consideração: 1- Saberes historicamente acumulados que fazem sentido para a vida dos educandos no século XXI; 2- Abordagens pedagógicas que dão voz aos estudantes; 3- Valores fundamentais da contemporaneidade; 4- Concepções de Educação Integral e Educação Inclusiva voltadas a promover o desenvolvimento humano integral e a equidade. 47 1. Pensamento Científico, Crítico e Criativo Saber: Acessar, selecionar e organizar o conhecimento com curiosidade e ludicidade Para: Explorar, descobrir, experienciar, observar, brincar, questionar, investigar causas, elaborar e testar hipóteses 2. Resolução de Problemas: Saber: Ter ideias originais e criar soluções, problemas e perguntas, sendo sujeitos de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento Para: Encorajar a busca de alternativas, quanto mais alternativas para solucionar um problema melhor. 3. Comunicação: Saber: Utilizar as múltiplas linguagens, comoverbal, verbo-visual, corporal, multimodal, brincadeira, artística, matemática, científica, Libras, tecnológica e digital para expressar-se. Para: Saber como falar, quando falar, de que forma falar e compartilhar. 4. Autoconhecimento e Autocuidado: Saber: Conhecer e cuidar de seu corpo, sua mente, suas emoções, suas aspirações, seu bem-estar e ter autocrítica. Para: Reconhecer limites, potências e interesses pessoais, gerir suas emoções e 48 comportamentos, dosar impulsos e saber lidar com a influência de grupos. 5. Autonomia e Determinação: Saber: Criar, escolher e recriar estratégias, organizar-se, brincar, definir metas e perseverar para alcançar seus objetivos. Para: fazer escolhas, vencer obstáculos e ter confiança para planejar e realizar projetos. 6- Abertura à Diversidade: Saber: Abrir-se ao novo, respeitar e valorizar diferenças e acolher a diversidade; Para: Respeitar, reconhecer e referenciar a diversidade para combater preconceitos. 7. Responsabilidade e Participação Saber: Reconhecer e exercer direitos e deveres, tomar decisões éticas e responsáveis para consigo, o outro e o planeta. Para: Agir de forma solidária, engajada e sustentável, respeitar e promover os direitos humanos e ambientais, serem sujeitos de ação para mudar a sua realidade. 8. Empatia e Colaboração Saber: Considerar a perspectiva e os sentimentos do outro, colaborar com os demais e tomar decisões coletivas. Para: Não ser egoísta, se colar no lugar do outro e promover a cultura de paz. 9. Repertório Cultural Saber: Desenvolver repertório cultural. Para: Ampliar o repertório cultural, apresentar aquilo que não se conhece artisticamente/estético. A construção dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que constam nos componentes curriculares no Currículo da Cidade teve como referência a matriz de saberes. Temas Inspiradores do Currículo da Cidade Um currículo pensado hoje precisa dialogar com a dinâmica e os dilemas da sociedade contemporânea. Temas prementes, como direitos humanos, meio ambiente, desigualdades sociais e regionais, intolerâncias culturais e religiosas, abusos de poder, populações excluídas, avanços tecnológicos e seus impactos, política, economia, educação financeira, consumo e sustentabilidade. Essas temáticas atuais podem ser integradas a uma proposta inovadora e emancipatória de currículo. 49 Educação para o Desenvolvimento Sustentável - Agenda 2030/ONU São 17 objetivos da ONU para um planeta sustentável, igualitário e justo. Os objetivos estão divididos nos 5 P’s : Pessoas, Prosperidade, Parceria, Paz e Planeta. Apesar da maioria das ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) tratar da sustentabilidade, o principal eixo das ODS é a educação. Pois é através da educação que os estudantes podem se apropriar e ter afeto pela natureza e consequentemente, proteger o nosso planeta. 50 5 Ações - “Ps”: Pessoas: garantir que todos os seres humanos possam realizar o seu potencial em dignidade e igualdade, em um ambiente saudável. Planeta: proteger o planeta da degradação, sobretudo por meio do consumo e da produção sustentáveis, bem como da gestão sustentável dos seus recursos naturais. Prosperidade: assegurar que todos os seres humanos possam desfrutar de uma vida próspera e de plena realização pessoal. Paz: promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas que estão livres do medo e da violência. Parceria: mobilizar os meios necessários para implementar esta Agenda por meio de uma Parceria Global para o Desenvolvimento Sustentável. Os 17 objetivos são precisos e propõem: 1. Erradicação da pobreza; 2. Fome zero e agricultura sustentável; 3. Saúde e bem-estar; 4. Educação de qualidade; 5. Igualdade de gênero; 6. Água potável e saneamento básico; 7. Energia Limpa e Acessível; 8. Trabalho decente e crescimento econômico; 9. Indústria, inovação e infraestrutura; 10. Redução das desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis; 12. Consumo e produção responsáveis; 13. Ação contra a mudança global do clima; 14. Vida na água; 15. Vida terrestre; 16. Paz, justiça e instituições eficazes; 17. Parcerias e meios de implementação. 51 Ciclos de Aprendizagem Ciclo de Alfabetização: 52 (1º ao 3º ano) Priorizam-se os tempos e espaços escolares e as propostas pedagógicas que possibilitam o aprendizado da leitura, da escrita e da alfabetização matemática e científica, bem como a ampliação de relações sociais e afetivas nos diferentes espaços vivenciados. Ciclo Interdisciplinar: (4º ao 6º ano) Tem a finalidade de integrar os saberes básicos constituídos no Ciclo de Alfabetização, possibilitando um diálogo mais estreito entre as diferentes áreas do conhecimento. Busca, dessa forma, garantir uma passagem mais tranquila do 5º para o 6º ano, período que costuma impactar o desempenho e engajamento dos estudantes. Projeto de Docência Compartilhada: trabalho articulado entre professor polivalente de 4º e 5º anos e professor especialista, preferencialmente de Língua Portuguesa ou Matemática. Interdisciplinaridade: garantir maior significado às aprendizagens, que rompem com os limites da sala de aula tradicional, integram linguagens e proporcionam a criação e apropriação de conhecimentos. Ciclo Autoral O Ciclo Autoral (7o ao 9o ano) destina-se aos adolescentes e tem como objetivo ampliar os saberes dos estudantes de forma a permitir que compreendam melhor a realidade na qual estão inseridos, explicitem as suas contradições e indiquem possibilidades de superação. (TCAs)- Trabalhos Colaborativos de Autoria - permite aos estudantes reconhecer diferenças e participar efetivamente na construção de decisões e propostas visando à transformação social e à construção de um mundo melhor. Tem como características: • Incentivar o papel ativo dos estudantes no currículo, • Fomentar a investigação, leitura e problematização do mundo real, • Transformar professores e estudantes em produtores de conhecimento, criando oportunidades para que elaborem propostas e realizem intervenções sociais para melhorar o meio em que vivem. Obs: Para o concurso PEIF não interessa o Ciclo Autoral, pois irá ministrar aulas até o ciclo interdisciplinar ( 5º ano). Currículo da Cidade na Prática Implementação do Currículo da Cidade 53 Projeto Político-Pedagógico da Escola (PPP): É importante que a construção do PPP estruture-se a partir de um processo contínuo e cumulativo de avaliação interna da escola, conforme previsto na LDB (1996). Formação de Professores: Cursos e estudos em JEIF. Materiais Didáticos: Orientações Didáticas e Cadernos da Cidade. Avaliação: a finalidade de coletar dados de desempenho dos estudantes e propor ações que possam ajudar escolas, gestores e professores a enfrentar problemas identificados. Gestão Curricular: Sua execução depende de como as equipes gestora e docente planejam, interpretam e desenvolvem a proposta curricular, levando em conta o perfil de seus estudantes, a infraestrutura, os recursos e as condições existentes na escola e no seu entorno social. Ao planejar, é importante que todos: Analisem os eixos estruturantes, os objetos de conhecimento e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento do seu componente curricular; Identifiquem as possíveis integrações entre os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento do seu componente curricular e das diferentes áreas do conhecimento; Compreendam o papel que cada objetivo de aprendizagem e desenvolvimento representa no conjunto das aprendizagens previstas para cada ano de escolaridade; Avaliem os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento trabalhados em anos anteriores, tanto para diagnosticar em que medida já foram alcançados pelos estudantes, quanto para identificar como poderão contribuir para as aprendizagens seguintes. Criem as estratégias de ensino, definindo o que vão realizar, o que esperam que seus estudantes façam e o tempo necessário para a execução das tarefas propostas, lembrando que a diversidade de atividades enriquece o currículo; Assegurem que o conjunto de atividades propostas componham um percurso coerente,que permita aos estudantes construir todos os conhecimentos previstos para aquele ano de escolaridade; 54 Selecionem os materiais pedagógicos mais adequados para o trabalho com os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, contemplando livros didáticos e recursos digitais; Envolvam os estudantes em momentos de reflexão, discussão e análise crítica, para que também possam avaliar e contribuir com o seu próprio processo de aprendizagem. Registrem o próprio percurso e o do estudante e verifiquem quais objetivos ainda não foram alcançados. ( Obs: palavra chave e também faz referência sobre o tema da avaliação da autora Jussara Hoffmann). Avaliação e Aprendizagem Compreendemos a avaliação como um ato pedagógico, que subsidia as decisões do professor, permite acompanhar a progressão das aprendizagens, compreender de que forma se efetivam e propor reflexões sobre o próprio processo de ensino. Prática de acompanhamento do trabalho de ensino: Ciclo da Avaliação: O planejamento da avaliação a partir de diferentes instrumentos avaliativos. A avaliação só faz sentido se ela estiver vinculada à tomada de decisão. O processo avaliativo engaja toda equipe gestora e docente com a aprendizagem dos estudantes e com as decisões coletivas. 55 Quando a instituição é pensada coletivamente a partir de diferentes dimensões, é possível diagnosticar fragilidades e tomar decisões que impliquem o compromisso de todos com as mudanças necessárias. Organização Geral do Currículo da Cidade Áreas do Conhecimento e Componentes Curriculares ( as disciplinas) e Eixos: Linguagens: Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Arte e Educação Física Matemática: Matemática Ciências da Natureza: Ciências Naturais 56 Ciências Humanas: Geografia e História Tecnologias para a aprendizagem: atuar com discernimento e responsabilidade, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões. Eixos: O que os professores precisam ensinar em cada ano do Ensino Fundamental ( tipo os eixos temáticos da BNCC, considerando o ensino em espiral). São trabalhados de forma articulada, com a finalidade de permitir que os estudantes tenham uma visão mais ampla de cada componente curricular . Objetos de Conhecimento: O sujeito é o ser humano cognoscente, aquele que deseja conhecer, neste caso os estudantes do Ensino Fundamental. Já o objeto (conteúdo) é a realidade ou as coisas, fatos, fenômenos e processos que coexistem com o sujeito. Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: Conjunto de saberes que os estudantes da Rede Municipal de Ensino devem desenvolver ao longo do Ensino Fundamental. No Currículo da Cidade, os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento orientam-se pela Educação Integral a partir da matriz de saberes e indicam o que os estudantes devem alcançar a cada ano como resultado das experiências de ensino e de aprendizagem intencionalmente previstas para esse fim. Mapa mental 57 58 Palavras chaves do Currículo do Ensino Fundamental: ● Estudantes ● Continuidade ● Relevância ● Colaboração ● Contemporaneidade ● Interdisciplinar ● Educação Integral ● Matriz de Saberes ● Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ● Temas Inspiradores ● currículo inclusivo ● ciclos ● Eixos ● Objetos de Conhecimento ● Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento ● Gestão Curricular ● aprendizagem e desenvolvimento ● Registos ● Acompanhamento ● avaliação: DIAGNÓSTICA,CUMULATIVA e FORMATIVA ● Qualidade CURRÍCULO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA A CIDADE DE SÃO PAULO 4 atividades fundamentais da língua: ● Escuta ● Fala ● Ler ● Escrever O documento está organizado nos eixos: prática de leitura de textos, prática de produção de textos escritos, prática de escuta e produção de textos orais e prática de análise linguística/ multimodal. Sua unidade linguística básica (objeto de ensino) é o Texto. 59 Destaca-se ainda, neste documento curricular, a importância do trabalho com os multiletramentos (múltiplas linguagens de texto) fundamentais para a efetiva participação nas práticas sociais de linguagem contemporâneas, a presença e especificidade dos textos multimodais – característicos também da cultura digital, e o reconhecimento da interculturalidade, constitutiva das práticas sociais de linguagem verbal da atualidade. A língua não é estática, porém é imutável pelos fatores: ● A linguagem é a representação do pensamento, como espelho do mundo e das pessoas. Na perspectiva dessa concepção, escrever seria representar o que se pensa. ● A língua se transforma junto com a história da sociedade. Por isso a alfabetização e o letramento não podem negar as práticas sociais. Portanto a linguagem é fundamentalmente: a. Histórica e social, porque é constituída no uso. Os sentidos da atividade verbal são construídos num processo contínuo de interlocução entre sujeito que produz discurso e sujeito que lê/escuta. Diante disso, a língua não é homogênea, uma vez que o sujeito – produtor ou leitor/ ouvinte – não é fonte única do sentido, mas compartilha seu espaço discursivo com o outro. b. Ideológica, porque veicula, inevitavelmente, valores que regulam as relações sociais. c. Plurivalente, porque revela diferentes formas de significar a realidade, segundo a perspectiva dos diferentes sujeitos que a empregam. d. dialógica, porque todo enunciado, por sua natureza, relaciona-se com os produzidos anteriormente e orienta-se para outros que serão formulados como réplica desse. A CONCEPÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO 1ª vem o letramento, depois a alfabetização , mesmo sem conhecer suas regras, as crianças devem ter contato com vários gêneros que ganham significado na escola. A unidade linguística é o texto: acontece do oral para o escrito. A psicogênese da língua escrita ( Ferreiro e Teberosky): São as etapas que o estudante percorre na alfabetização ( hipóteses de escritas). 60 A alfabetização como processo discursivo: A linguagem, concebida como forma de interação entre os sujeitos, organiza também o processo de aprendizagem. Dessa forma, a alfabetização insere-se em um espaço discursivo. Alfabetizar precisa acontecer no processo discursivo. Produz linguagem verbal no processo de alfabetização, mesmo que o estudante ainda não esteja alfabetizado. Isso é possível por meio dos gêneros textuais. Conceitos Importantes: Texto: É o produto de uma atividade discursiva onde alguém diz algo a alguém. Todo discurso resulta em um texto oral ou escrito – sua realidade material – organizado, inevitavelmente, em gêneros. Contexto de produção: Dependendo do contexto social e portador ( ex: jornal, revista, livro, site, etc.) e pensado naquilo que se quer passar é quem será atingido por aquela mensagem. Portanto os gêneros textuais fazem esse papel de caracterizar os textos e discursos , as produções de acordo com os contextos. Variedade linguística e preconceito: Uma língua está sujeita a muitas modificações, especialmente devido a fatores históricos, culturais e sócio geográficos. Assim, não podemos dizer que a língua falada hoje pelos paulistanos seja idêntica à que se falava em 1920. Do mesmo modo, é diferente a forma de falar dos cariocas, que não falam da mesma maneira que os gaúchos, ou os paulistanos, ou os goianos ou pernambucanos. Linguagem oral: Os discursos orais também se organizam em gêneros que são típicos tanto das instâncias públicas (exposições e arguições em seminários, mesas-redondas, debates, conferências, palestras, entre outros), quanto das instâncias privadas (conversas à mesa do jantar, por exemplo). Na perspectiva do, devem ser tomados como objeto de ensino na escola os gêneros orais que se realizam nas instâncias públicas de linguagem. Oralização e oralidade: O trabalho com a linguagem oral está sendo compreendido a partir da tomada dos gêneros orais como objeto de aprendizagem, e não oralização da linguagem escrita, ou oralidade de modo geral. Ler em voz alta um conto de aventuras não se caracteriza como trabalho com a linguagem oral, da mesma forma que declamar um poema. Em ambas as situações, trata-se de
Compartilhar