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Mercado - Eficiencia Tecnica e Financeira da Engenharia Apresentação As decisões tomadas por engenheiros, gerentes, presidentes de corporações e indivíduos comumente são o resultado da escolha de uma alternativa em detrimento da outra. As decisões refletem, com frequência, uma escolha bem fundamentada a respeito de como investir melhor em fundos financeiros, também chamados de capitais. A quantidade de capital, em geral, é restrita, da mesma forma que o caixa ao qual uma pessoa habitualmente é limitada. Assim, os engenheiros desempenham um papel importante nas decisões de investimento, tendo como base suas análises, sínteses e esforços de projetos. Logo, a engenharia econômica envolve formular, estimar, avaliar tecnicamente os resultados econômicos quando alternativas para realizar determinado propósito estão disponíveis. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre a eficiência técnica e financeira da engenharia econômica. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o conceito de engenharia econômica.• Demonstrar o papel da engenharia econômica na tomada de decisão.• Relacionar a importância da utilidade da engenharia econômica para empresas e para o mercado de trabalho. • Infográfico No Infográfico a seguir, você vai ver como funciona o critério de estudo de engenharia econômica. Confira! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conteúdo do livro Leia o capítulo Mercado - Eficiência técnica e Financeira da Engenharia, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura! ENGENHARIA ECONÔMICA Aline Alves João Guterres de Mattos Iraneide S. S. Azevedo Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A474e Alves, Aline. Engenharia econômica / Aline Alves, João Guterres de Mattos, Iraneide S. S. Azevedo. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 237 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-056-6 1. Engenharia econômica. 2. Administração financeira. I. Mattos, João Guterres de. II, Azevedo, Iraneide S. S. III. Título. CDU 658.15 Engenharia_economica_Iniciais_Impressa.indd 2 14/03/2017 16:12:24 Mercado – efi ciência técnica e fi nanceira da engenharia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: n Defi nir o conceito de engenharia econômica. n Demonstrar o papel da engenharia econômica na tomada de decisão. n Relacionar a importância e a utilidade da engenharia econômica para as empresas e o mercado de trabalho. Introdução As decisões tomadas por engenheiros, gerentes, presidentes de cor- porações e indivíduos comumente são resultado da escolha de uma alternativa em detrimento de outra. As decisões refletem, com frequência, uma escolha bem fundamentada a respeito de como investir melhor em fundos financeiros, também chamados de capitais. A quantidade de capital, em geral, é restrita, da mesma forma que o caixa ao qual uma pessoa habitualmente é limitada. Assim, os engenheiros desempenham um papel importante nas decisões de investimento, tendo como base suas análises, sínteses e esforços de projetos. Logo, a engenharia econômica envolve formular, estimar e avaliar tecnicamente os resultados econômicos quando alternativas para realizar determinado projeto estão disponíveis. Neste texto, você vai estudar sobre a eficiência técnica e financeira da engenharia econômica. Entendendo a engenharia econômica A busca por conhecimentos em engenharia econômica origina-se, principal- mente, do trabalho que os engenheiros elaboram em análise de desempenho, resumo e fi nalização de projetos de todas as proporções. Pode-se dizer que a Engenharia_economica_U1_C03.indd 31 14/03/2017 13:44:57 engenharia econômica representa a parte fundamental do processo de tomada de decisões. Essas decisões estão relacionadas aos seguintes elementos essenciais: n fluxos de caixa financeiros; n tempo; n taxas de juros. A engenharia econômica contempla os princípios e os métodos necessários para a tomada de decisão relacionada à compra e à alocação de bens de capital, considerando indústrias e órgãos governamentais. O termo engenharia econômica ocorre devido ao grande volume de dificul- dades existentes sobre investimentos, que dependem de dados e conhecimentos técnicos, que implicam em decisões geralmente tomadas por engenheiros ou administradores atuando com fundamentação nas sugestões oferecidas pelos engenheiros. A engenharia econômica pode ser definida como um conjunto de informações precisas para a tomada de decisão sobre investimentos. É preciso determinar critérios comparativos e métodos de decisão que possibilitem apresentar cada alternativa mediante a um número, em que será indicada a solução mais favorável para a entidade. Relevância nas decisões empresariais O confl ito econômico vem ocasionando grandes modifi cações no modo como as empresas gerenciam seus recursos, tendo em vista a necessidade de precisão para efetuar cortes relevantes para sobreviverem no mercado. É extremamente relevante a presença de um profissional responsável pela administração financeira de uma entidade, sendo muito importante a gestão competente de recursos, de maneira a impulsionar o processo, prevenir que a en- tidade caia em grandes dificuldades e promover sua estabilidade na economia. Engenharia econômica32 Engenharia_economica_U1_C03.indd 32 14/03/2017 13:44:57 A elevada competição entre empresas no mercado e a grande responsabi- lidade tributária, integradas às alterações constantes do mercado e à busca contínua dos clientes por meio de mercadorias e serviços de boa qualidade e preços mais baixos, gera diariamente dificuldades para as empresas con- tinuarem ativas no mercado. Em consequência dessa busca por valores mais baixos e a ampla concorrência, torna-se cada vez mais significativo o trabalho dos administradores na redução de custos, principalmente de perdas e redundâncias, adquirindo, dessa maneira, lucros, e garantindo sua permanência no mercado. A partir do controle de custos é possível constituir o preço de venda de modo mais correto, assegurando a lucratividade e auxiliando na tomada de decisão sobre permanecer ou não com a produção de um determinado produto. Dessa forma, é possível prevenir que a empresa mantenha a produção de uma mercadoria ou serviço que não gere lucro. É preciso que os administradores conheçam a real posição da empresa e disponham de dados precisos e rápidos, com o objetivo de auxiliar na tomada de decisão com fundamentações mais concretas e eficazes. Assim, será possível atingir ou até mesmo ultrapassar os objetivos estabelecidos. A concorrência destaca ainda mais a precisão de uma gestão de custos competente, buscando adquirir a excelência empresarial, na qual custos que foram mal projetados, se integrados aos produtos, não ocasionem reflexos para a empresa. Função e princípios básicos A engenharia econômica reconhece o valor do dinheiro no tempo, que se refere a um conceito básico em fi nanças, que aborda elementos vinculados à economia e à contabilidade, mesmo que possa ocasionar polêmica entre profi ssionais que possuem maior conhecimento. O princípio que prevalece é que R$ 1,00 hoje não possui o mesmo valor que R$ 1,00 amanhã, ou em qualquer outro período. Na ocorrência de uma pessoa física ou jurídica comercializar mercadorias ou serviços a prazo, emprestar dinheiro ou efetuar uma aplicação financeira, ela está confiando recursos financeiros a terceiros e não poderá fazer uso deles por um período específico. Assim, a empresa está assumindo riscos, como o de não receber o valor futuro por ocasião de qualquer causa. O valor dos juros cobrados do credor ao devedor representa os efeitos do valor que o dinheiro sofre no tempo, ou seja, correspondendo a uma recompensa pelo tempo em que o dinheiro não pôde ser usado. 33Mercado – eficiência técnica e financeirada engenharia Engenharia_economica_U1_C03.indd 33 14/03/2017 13:44:57 Os juros representam uma recompensa normalmente auferida em período futuro, contudo, existem modalidades em que os juros são pagos antecipadamente. Veja, na Figura 1, a demonstração de uma situação de empréstimo. Figura 1. Empréstimo. Fonte: Adaptada de Di Agustini e Zelmanovits (2008, p. 71). Veja, agora, a Figura 2, que apresenta a situação de retorno do empréstimo. Figura 2. Retorno do empréstimo. Fonte: Adaptada de Di Agustini e Zelmanovits (2008, p. 72). Engenharia econômica34 Engenharia_economica_U1_C03.indd 34 14/03/2017 13:44:58 É relevante relembrar que em muitas operações essa situação é tratada de modo diferenciado pela empresa com relação à pessoa física, principalmente com base nas normas contábeis e fiscais, já que na empresa: n Os juros auferidos ficam subordinados à retenção do imposto de renda (IR);. n Os juros que são pagos podem ser diminuídos da base de cálculo do IR. n A compra de ativo imobilizado faz ocorrer o processo de depreciação. n A depreciação poderá ser deduzida da base de cálculo do IR. n Os empréstimos produzem passivos. A engenharia econômica envolve: a) Uma situação difícil de ser solucionada ou uma tarefa a ser realizada, por exemplo, o transporte de material dentro do setor de estoque. b) Várias opções possíveis, por exemplo, transporte manual. c) Mensuração de cada alternativa, definindo os benefícios e as desvantagens. d) O comparativo e a adoção da melhor opção, pois é preciso aprimorar, reduzir custos ou elevar os lucros. Os princípios fundamentais da engenharia econômica são: n juros simples; n juros compostos; n taxa de juros; n fluxo de caixa; n terminologia e símbolos; n taxa atrativa; n relações de equivalência. A seguir você vai verificar alguns conceitos considerados importantes sobre os fundamentos da engenharia econômica: Juros simples: considerando o regime de capitalização simples, em que é possível garantir que a taxa de juros incide apenas sobre o valor que for aplicado inicialmente ou aquele que foi adquirido por empréstimo. 35Mercado – eficiência técnica e financeira da engenharia Engenharia_economica_U1_C03.indd 35 14/03/2017 13:44:58 Exemplo: R$ 200,00 aplicados a 10% no período resultarão em R$ 20,00 de rendimento sempre, dessa forma, iguais a 0,10 x R$ 200,00 por período. Juros compostos: neste tipo de regime de capitalização composta ou ainda juros compostos, os juros incidem do modo cumulativo. A taxa de juros sempre incidirá sobre o total acumulado no término do período anterior. Nesse caso, ocorre a técnica do juros sobre juros. Exemplo: um empréstimo de R$ 100,00 pelo período de quatro meses, a uma taxa de 60% ao mês (a.m.), os juros relativos a cada período incidirão sobre o total do fim do período anterior. Veja o Quadro 1, que apresenta juros compostos. Fonte: Adaptada de Bruni e Famá (2008, p. 58). N Valor futuro - juros compostos 1 R$ 100,00 + 60% = R$ 160,00 2 R$ 160,00 + 60% = R$ 256,00 3 R$ 256,00 + 60% = R$ 409,60 4 R$ 409,60 + 60% = R$ 655,36 Quadro1. Juros compostos. Taxa de juros e taxa de retorno: juros representa a revelação do valor do dinheiro no tempo. Se tratando de cálculo, os juros se referem à diferença de valor em dinheiro, considerando o iní cio e o fim do período. Se a diferença resultar em zero não existirá juros. Sempre há duas perspectivas para uma quantidade de juros – juros pagos e juros ganhos. Exemplo: Um colaborador adquire um empréstimo pela empresa que tra- balha no valor de R$ 12.000 no dia 1º de maio e vai devolver um total de R$ 12.700,00 exatamente 1 ano depois. Vamos calcular o valor dos juros recebidos e a taxa de juros paga. Resolução: Juros ganhos = R$ 12.700,00 − R$12.000 = R$ 700. Juros pago = R$ 700,00 / R$ 12.000,00 · 100%= 5,83% a.a. Engenharia econômica36 Engenharia_economica_U1_C03.indd 36 14/03/2017 13:44:58 Equivalência: é usado quando se trata de transferência de uma escala para outra. As mais comuns podem ser observadas no exemplo a seguir. Comprimento 100 centímetros = 1 metro = 1 quilômetro 12 polegadas = 1 pé 39,370 polegadas = 1 metro 12 polegadas = 1 pé 3 pés = 1 jarda Terminologia e símbolos: as equações e os procedimentos da engenharia econômica fazem uso de alguns termos e símbolos específicos, verifique o exemplo a seguir: P = valor presente, ou seja, valor em dinheiro no período presente ou tempo 0. Também conhecido como capital presente (CP); valor presente (VP); valor pre- sente líquido (VPL); fluxo de caixa descontado (FCD) e custo capitalizado (CC). F = valor no tempo futuro, ou seja, valor em dinheiro no período futuro. Também denominado valor futuro (VF) ou capital futuro (CF). A = série de montantes consecutivos, são iguais no término do período. Também denominado valor anual (VA) e valor anual uniforme equivalente (VAUE). n = refere-se a períodos de juros, anos, meses, dias. i = refere-se à taxa de juros ou ainda a taxa de retorno no período. Expressa por porcentagens, podendo ser ao ano, ao mês e ao dia. t = tempo apresentado em períodos; anos; meses e dias. Taxa atrativa: para qualquer investimento, é estimado que o valor a re- ceber será maior que o capital investido. A taxa de retorno (TR) ou retorno do investimento precisa ser praticável. A determinação sobre a TR é o valor que foi ganho dividido pelo capital inicial. As opções de engenharia são mensuradas com base na previsão de uma TR razoável. Dessa forma, certa taxa razoável pode ser definida na fase de estabelecimento dos métodos para o estudo de engenharia econômica. Fluxo de caixa: representam a entrada e a saída de dinheiro, podem ser estimativas ou também valores observados. Toda pessoa física ou jurídica possui valores a receber, receitas ou rendimentos, mas também possui despesas, custos e desembolsos que devem ser pagos, resultando no fluxo de caixa. Vale destacar que “+” significam entradas de valores e “–” correspondem às saídas de valores. 37Mercado – eficiência técnica e financeira da engenharia Engenharia_economica_U1_C03.indd 37 14/03/2017 13:44:58 1. A tomada de decisão envolve um processo complexo com atributos racionais. Das opções a seguir, apenas uma não pode ser considerada para a tomada racional de decisão. Qual é ela? a) Reconhecimento de um problema. b) Coleta de dados relevantes. c) Escolha da melhor alternativa para atingir o objetivo. d) Definição de um objetivo. e) Reduzir o uso de matemática na escolha do melhor objetivo. 2. Complete corretamente as lacunas a seguir: Fundamentalmente, a engenharia econômica envolve _______________, _____________ e ______________ os resultados econômicos, quando alternativas para realizar determinado propósito estão disponíveis. a) Formular - estimar - avaliar. b) Contratar - acompanhar - publicar. c) Treinar - capacitar - deduzir. d) Capacitar - solucionar - entender. e) Alterar - deduzir - publicar. 3. A engenharia econômica utiliza elementos da matemática financeira, como juros simples, juros compostos, etc. Por que isso ocorre? a) Porque a engenharia econômica leva em consideração as consequências do mercado internacional para a tomada de determinada decisão. b) Porque a engenharia econômica leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. c) Porque a engenharia econômica leva em consideração as consequências extramercado (preços indiretos) para a tomada de determinada decisão. d) Porque a engenharia econômica leva em consideração as consequências intangíveis para a tomada de determinada decisão. e) Porque a engenharia econômica leva em consideração a coleta de dados para a tomada de determinada decisão. 4. Considerando as afirmações a seguir, assinale (V) verdadeiro ou (F) falso para aquelas que utilizam os recursos da engenharia econômica para a resolução do problema. Introdução de uma nova técnica de fabricação de pastilhas de freio para automóveis. ( ) A decisão entre a construçãode um desvio rodoviário em torno de uma cidade de 25.000 habitantes ou a reforma na atual rodovia que corta a cidade. ( ) A formatação de entrevistas de emprego para a decisão de contratação de profissionais para determinado cargo executivo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a) V – V – F Engenharia econômica38 Engenharia_economica_U1_C03.indd 38 14/03/2017 13:44:59 BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. A matemática das finanças: com aplicações na Hp12c e Excel. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. DI AGUSTINI, C. A.; ZELMANOVITS, N. S. Matemática aplicada à gestão de negócios. Rio de Janeiro: FGV, 2008. Leituras recomendadas BLANK, L. T.; TARQUIN, A. Engenharia econômica. 6. ed. São Paulo: McGrawHill, 2008. PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 9. ed. Rio de Janeiro: Else- vier - Campus, 2011. SAMANEZ, C. P. Matemática financeira. 5. ed. São Paulo: Prentice-Hall do Brasil, 2010. TOSI, A. J. Matemática financeira: com utilização da Hp-12C. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. WAKAMATSU, A. Matemática financeira: estudo e ensino. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. b) F – V – V c) V – V – V d) F – V – F e) V – F – F 5. Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso nas questões a seguir. ( ) A engenharia economia auxilia na tomada de decisão. ( ) O conceito de valor de dinheiro no tempo é muito utilizado no campo da engenharia econômica. ( ) A engenharia econômica torna a tomada de decisão realizada à revelia. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a) V – F – V b) V – F – F c) V – V – F d) F – V – F e) F – F – F 39Mercado – eficiência técnica e financeira da engenharia Engenharia_economica_U1_C03.indd 39 14/03/2017 13:44:59 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor A engenharia econômica é importante porque auxilia no processo de tomada de decisão. O que é levado em conta no processo de decisão é uma combinação de fatores econômicos e não econômicos. Na Dica do professor, você vai ver os fundamentos da engenharia econômica. Acompanhe! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/484041bf38cdabc2a394ed949d8a4e87 Na prática O registro, conforme o termo sugere, tem como função registrar todos os eventos econômicos e financeiros ocorridos dentro de uma empresa. É nele que você vai poder verificar quais são os benefícios, os direitos, as obrigações, o que a empresa teve de receita, de despesa, enfim, quanto ela, efetivamente, está gerando de lucro ou de despesa. Veja na prática como ocorre uma decisão envolvendo engenharia econômica Os registros contábeis de uma empresa apresentam as seguintes informações sobre seu departamento de impressão: DEPARTAMENTO DE IMPRESSÃO 100 cópias 1.000 cópias Mão de obra R$ 7,60 R$ 228,00 Material e suprimento R$ 9,80 R$ 294,00 Custos gerais R$ 9,05 R$271,50 Total R$ 26,45 R$ 793,50 Preocupado com seus custos a empresa faz uma pesquisa no mercado e verifica que pode obter os seguintes valores: GRÁFICA EXTERNA 100 cópias 1.000 cópias Mão de obra - - Material e suprimento R$ 22,95 R$ 688,50 Custos gerais - - Total R$ 22,95 R$ 688,50 Uma análise de engenharia econômica avalia os seguintes aspectos, considerando a impressão de 100 cópias: Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Engenharia Econômica Blank, Leland; Tarquin, Anthony Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Matemática Financeira - Fundamentos e Aplicações Zot, Wili D.; Castro, Manuela L. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Engenharia econômica e desenvolvimento Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.scielo.br/j/rae/a/YFN7PCwxCFNtwC3sZ9KvHHN/?format=pdf&lang=pt Planejamento e controle da produção - PCP Apresentação A competitividade é uma condição cada vez mais desejada pelas organizações, necessária para que a empresa seja capaz de vencer a acirrada disputa com seus concorrentes, na busca pela maior satisfação dos clientes. Um dos motivadores desse cenário consiste na exigência demonstrada pelos consumidores, que é cada vez maior, incluindo aspectos como quantidade de produtos disponibilizados, velocidade de entrega, capacidade de customização e, acima de tudo, qualidade e preço. Dessa forma, é necessário que a organização esteja preparada para perceber e lidar com essa exigência, atendendo adequadamente às necessidades sinalizadas por seus consumidores. Essas expectativas são transformadas em objetivos, os quais devem ser atendidos pela empresa antes que seus concorrentes o façam. Nesse contexto, planejar e controlar a produção representam processos indispensáveis para que a organização consiga atingir tais objetivos. Tal relevância resultou no surgimento da atividade de planejamento e controle da produção, que se transformou em uma importante ferramenta para as organizações, representando uma função organizacional ou até mesmo um departamento integrante da estrutura da empresa. É por meio do planejamento e do controle que a empresa consegue definir o quê, quanto, onde, como e quando vai produzir, gerenciando adequadamente todos os recursos envolvidos, para que por meio deles possa obter o melhor resultado possível. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o histórico e os objetivos do planejamento e do controle, bem como as diversas etapas e fases que os constituem, oferecendo meios para atingir seus objetivos. Por fim, identificará os diferentes tipos de planejamento e controle, seus enfoques e aplicações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar o histórico e os objetivos do planejamento e controle da produção.• Reconhecer as etapas e as fases constituintes do planejamento e controle.• Identificar os tipos de planejamento e controle e suas aplicações.• Infográfico A atividade de planejamento e controle se apoia na utilização de diversas metodologias, que possuem diferentes enfoques e preocupações, viabilizando o atendimento dos objetivos e das necessidades do PCP, de acordo com as características do processo produtivo ao qual se destina. Entre essas metodologias, cabe destacar as abordagens MRP, OPT e JIT, cada uma com suas características e contribuições específicas ao PCP. Acompanhe o infográfico que demonstra as diferentes abordagens do planejamento e do controle da produção atuando em conjunto para o melhor desempenho da atividade produtiva. Conteúdo do livro A atividade de planejamento e controle busca planejar e orientar a produção, fornecendo os planos e gerenciando recursos necessários à atividade produtiva. Dessa forma, garante que sejam disponibilizados recursos em quantidade, momento e nível de qualidade adequados, para que a operação e seus processos sejam eficientes, refletindo a demanda dos clientes por produtos e serviços. Essa atividade é desempenhada por meio dos chamados mecanismos essenciais: carregamento, sequenciamento, programação, monitoramento e controle Leia o capítulo Planejamento e controle da produção - PCP que faz parte da obra Administração de Produtos e Serviços e é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. ADMINISTRAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS Gisele Lozada Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A238 Administração de produtos e serviços [recurso eletrônico] / Organizadora, Gisele Lozada. – Porto Alegre : SAGAH,2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-63-0 1. Administração - Produtos. 2. Administração – Serviços. 3. Sistemas de produção. I. Lozada, Gisele.CDU 658.64 Planejamento e controle da produção: PCP Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar o histórico e objetivos do planejamento e controle da produção. � Reconhecer as fases e etapas constituintes do planejamento e controle. � Identificar os tipos de planejamento e controle e suas aplicações. Introdução A competitividade é uma condição cada vez mais desejada pelas or- ganizações; ela é necessária para que a empresa seja capaz de ven- cer a acirrada disputa com seus concorrentes na busca pela maior satisfação dos clientes. Os consumidores, por sua vez, estão cada vez mais exigentes com relação à quantidade de produtos disponibiliza- dos, velocidade de entrega, capacidade de customização e, acima de tudo, qualidade e preço. E cabe à empresa a missão de lidar com to- dos estes fatores, atendendo às exigências dos clientes e, ao mesmo tempo, sendo lucrativa. Neste sentido, planejar e controlar a produção representam proces- sos indispensáveis para que a organização consiga atingir seus objeti- vos. É por meio do planejamento e controle que a empresa consegue definir o que, quanto, onde, como e quando vai produzir, gerencian- do adequadamente todos os recursos envolvidos, para que através deles possa obter o máximo resultado possível. Neste texto, você vai estudar o histórico e objetivos do planejamen- to e controle, bem como as diversas fases que o constituem, ofere- cendo meios para o atingimento de seus objetivos. Por fim, identifi- cará os diferentes tipos de planejamento e controle, seus enfoques e aplicações. Surgimento e objetivos do planejamento e controle O planejamento e controle da produção surgiu no início do século XX tendo como um de seus precursores Henry Gantt, que desenvolvia cálculos manuais relacionados à produção, a fim de apurar informações como tempo e capaci- dade de produção. Ao longo da história, marcada pela evolução da sociedade e economia, a produção se transformou, e com isso também o planejamento e controle da produção, que também evoluiu, acompanhando a atividade pro- dutiva. Atualmente, a atividade de planejamento e controle é bastante difundida no contexto da administração da produção, sendo largamente utilizada por diversas empresas. O planejamento é normalmente representado por siglas como PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção) e PCP (Planejamento e Controle da Produção), sendo esta segunda a mais comu- mente utilizada. A atividade de planejamento e controle consiste na função organizacional que possui o objetivo de planejar e orientar a produção, fornecendo os planos que servirão de guia para o desempenho e controle da atividade produtiva. A natureza do PCP consiste na intenção de equilibrar a capacidade produtiva à demanda sinalizada pelo mercado, fazendo com que a operação produza apenas o necessário para atender à demanda, evitando excessos, mas também garantindo que o nível de produção seja suficiente para atender às necessi- dades dos clientes. A atividade de planejamento e controle consiste na função organizacional que possui o objetivo de planejar e orientar a produção, fornecendo os planos que servirão de guia para o desempenho e controle da atividade produtiva. Para tanto, realiza o gerenciamento dos recursos necessários à produção, garantindo que sejam disponibilizados em quantidade, momento e nível de qualidade adequados, para que a operação e seus processos sejam eficientes, refletindo a demanda dos clientes por produtos e serviços. Esta atividade é Administração de produtos e serviços200 desempenhada por meio de três atividades distintas, embora integradas, que correspondem a seus mecanismos essenciais: � Carregamento: avaliação do nível de atividade esperado para cada parte da operação, por meio da alocação das tarefas e dos recursos. � Sequenciamento: determinação da ordem em que as tarefas serão rea- lizadas nos processos, por meio de um conjunto detalhado de decisões, que permitem a priorização de atividades. � Programação: estabelecimento do momento em que as tarefas serão realizadas na operação. Por meio do desempenho integrado dos chamados mecanismos essenciais, a atividade de planejamento e controle atinge a capacidade de estabelecer questões como o que, quanto, onde, como e quando produzir. Desta forma, é possível concluir que o PCP busca estabelecer antecipada- mente os níveis de produção que a operação deverá atingir, em um determi- nado espaço de tempo, por meio da disponibilização dos recursos adequados. Para tanto, planeja e controla a produção, de modo a promover a ampliação da eficiência e eficácia da empresa, conforme Figura 1. Figura 1. As quatro fases do planejamento e controle. Fonte: Chiavenato (2005, p. 51). Planejamento e controle como função organizacional A atividade de planejamento e controle é constituída por um conjunto de ações inter-relacionadas que visam comandar o processo produtivo, coordenando- -o com os demais setores da empresa, conforme Figura 2. Os planos por ela desenvolvidos são destinados à aplicação organizada dos recursos humanos e 201Planejamento e controle da produção: PCP materiais necessários à operação, de modo a controlar e coordenar o processo produtivo, e até mesmo promover correções a eventuais desvios, evitando ou minimizando perdas. Figura 2. A inter-relação do PCP com as diversas áreas da empresa. O princípio da segregação das funções sugere que aquele que executa não pode ser o mesmo agente que confere ou avalia o resultado do trabalho reali- zado. Seguindo este mesmo princípio, é recomendável que a atividade de pla- nejamento e controle seja realizada por uma célula independente das demais funções organizacionais, e que esteja situada em mesmo nível hierárquico que as gerências subordinadas às diretorias, incluindo as gerências de produção e qualidade, conforme Figura 3. Administração de produtos e serviços202 Figura 3. O PCP como função organizacional. Assim, o PCP definirá os planos de trabalho para a produção, e depois realizará o acompanhamento e controle da execução destes, com autonomia e isenção. Se o PCP estiver subordinado à gerência de produção, existirá grande risco de interferências, podendo levar ao desrespeito do plano, manipulações e desvios, resultando em potencial ineficiência da operação. Neste sentido, a interação entre o PCP e as demais funções, apoiada pela equivalência hierárquica em nível de gerência, é bastante importante e po- sitiva, pois o bom andamento do PCP dependerá muito de sua relação com as demais funções organizacionais. O contato entre o PCP e a gerência de qualidade, por exemplo, que também supervisiona a produção, pode auxi- liar na definição de planos para o tratamento de não conformidades identi- ficadas. Já com a gerência de custos, o PCP troca informações importantes (como custos unitários de produção, custos operacionais, estoques, valor hora-homem e hora-máquina, entre outros) e indispensáveis para a atividade de planejamento, que também terá reflexos econômicos e financeiros para a organização. A gestão de estoques também possui íntima relação com o PCP, podendo inclusive ser subordinado a ele tendo em vista a estreita relação entre suas atividades, que incluem: � emissão de solicitações de compra para suprimento de estoques; � atendimento das requisições atreladas às ordens de produção; � determinação dos níveis de estoque (mínimo e máximo) para cada item; � determinação do lote econômico de compra (minimização do custo); � suprimento e acompanhamento da apuração dos custos de fabricação. 203Planejamento e controle da produção: PCP O combate ao desperdício A prática do planejamento e controle também se revela uma importante fer- ramenta para o combate dos temidos desperdícios no contexto da produção. Desperdícios, que também são normalmente intitulados como perdas, que representam as atividades que geram custo, sem agregar valor ao produto,serviço ou sistema. Estas atividades que são desnecessárias para a realização do trabalho efetivo, devem ser identificadas e eliminadas, ou ao menos mini- mizadas. As perdas são divididas de acordo com sua tipologia, mais profun- damente tratadas pelo conceito das sete perdas, incluindo: � perdas por superprodução; � perdas por espera; � perdas por transporte; � perdas por processamento em si; � perdas nos estoques; � perdas no movimento; � perdas por elaboração de produtos defeituosos. Leia mais sobre as sete perdas e a seu potencial efeito sobre a produção na obra Uma revolução na produtividade: a gestão lucrativa dos postos de trabalho (ANTUNES et al., 2013, cap. 7). Fases e etapas do planejamento e controle O planejamento e controle se relaciona com diversas funções organizacionais, promovendo a interação entre o conjunto de ações e atividades por elas de- sempenhadas, na intenção de comandar e coordenar esforços no processo pro- dutivo. Em decorrência disto, acaba se relacionando com um grande volume de dados, que necessitam ser organizados para que produzam informações. Para que este propósito seja efetivamente atendido, o PCP se responsabi- liza por centralizar dados e processar informações, através do desempenho de quatro fases, conforme a seguir, e ilustrado na Figura 4: Administração de produtos e serviços204 � Projeto de produção: estabelece definições sobre máquinas, equipa- mentos e pessoas, necessárias ao funcionamento do sistema produtivo. � Coleta de informações: tem o objetivo de avaliar a capacidade produ- tiva viabilizada pelos recursos disponíveis. � Planejamento da produção: com base nos dados e informações cole- tados, busca definir o volume de produção que alinhe capacidade e previsão de vendas. � Controle da produção: tem a função de verificar se a execução da pro- dução está sendo realizada conforme planejado, indicando possíveis erros ou desvios e definindo para sua correção. Figura 4. As quatro fases do planejamento e controle. Fonte: Chiavenato (2005, p. 48). Ao longo do desempenho de suas quatro fases, o planejamento e controle executa ou participa de alguma forma de diversas atividades, estabelecendo etapas integrantes de suas diversas fases, entre as quais podemos destacar: Previsão da demanda: consiste na utilização de métodos estatísticos e subjetivos de previsão de demanda, na intenção de auxiliar no dimensiona- mento da produção e dos recursos materiais e humanos necessários. A pre- visão de demanda assume um papel ainda mais importante quando a empresa adota uma estratégia de produção para estoque. Planejamento da capacidade de produção: o PCP utiliza a previsão de demanda, considerando o cenário de médio e longo prazo, juntamente com a análise da capacidade instalada para determinar a necessidade de adequação (aumento ou redução) da capacidade produtiva, visando melhor atender à de- manda, também no médio e longo prazos. Planejamento agregado da produção: também conhecida pela sigla PAP, visa determinar a estratégia de produção mais adequada para a empresa, com base em seus objetivos. A definição da estratégia envolverá decisões relacio- 205Planejamento e controle da produção: PCP nadas ao volume de produção e estoques, recursos humanos (contratações/ demissões, horas-extras, terceirização), fornecimento (relacionamento e acordos com fornecedores) e logística. Nesta etapa as informações sobre de- manda e capacidades são consolidadas, de modo que possam ser analisadas, auxiliando na tomada de decisão. O PAP geralmente se refere a um horizonte anual com revisões mensais dos planos. Programação mestra da produção: também chamada de plano mestre de produção e usualmente representado como PMP, trata da operacionalização dos planos de produção no curto e médio prazo. No programa mestre são analisados e direcionados os recursos (máquinas, pessoas, matérias-primas) no tempo certo para produzir a quantidade necessária para suprir a demanda de determinado período. Nessa etapa, temos uma definição mais precisa dos itens e quantidades de produção e estoques, com um grau de detalhamento maior que o utilizado no planejamento agregado, incluindo não apenas previ- sões de demanda, como também pedidos firmes e ordens abertas de produção e compras. Programação detalhada da produção: denominada PDP, fornece as in- formações necessárias para o desempenho da operação no “chão da fábrica”, definindo o funcionamento cotidiano da operação, destinadas as atividades de administração de materiais, sequenciamento das ordens de produção, emissão e liberação de ordens. � A administração de materiais corresponde ao planejamento e controle de estoques, definindo questões como tamanho de lotes, forma de re- posição da matéria-prima e estoques de segurança. � O sequenciamento corresponde à definição da sequência de execução das operações produtivas, com a intenção de eliminar ou minimizar atrasos, ociosidades e estoques em processo. � A emissão de ordens consiste na implementação do programa de pro- dução, por meio da emissão da documentação necessária para o início das operações, cuja liberação ocorre quando os recursos se encontram disponíveis. Administração de produtos e serviços206 A programação detalhada em sistemas de produção repetitiva (alto volume, baixa va- riedade), costuma ser orientada por regras relativamente simples e mais visuais, como os sistemas de produção puxada do tipo kanban. Já em casos de produção intermitente (baixo volume, alta variedade), a programação detalhada costuma ser mais complexa, tornando mais difícil a sincronização das ope- rações, que passa a necessitar de softwares específicos de programação da produção. Controle da produção: corresponde à última etapa do PCP, que consiste no acompanhamento dos processos produtivos a fim de verificar se a pro- dução está se desenvolvendo conforme o planejado, incluindo a realização de todas as etapas do PCP. A partir do apontamento da produção (tempos e rendimentos do processo), o PCP acumula dados atualizados dos processos para utilização nas decisões futuras. A realização conjunta de todas estas fases e atividades permite a formação de um sistema representado pelas fases essenciais de planejamento, acompa- nhamento, controle e análise de dados, garantem a realimentação do processo, conforme Figura 5. Figura 5. As fases do planejamento e controle formam um sistema. Fonte: Baseada em Chiavenato (2005, p. 48). Perturbações do PCP Mesmo com toda preocupação para o adequado entrosamento entre as di- versas funções organizacionais, a prática do planejamento e controle pode deparar-se com algumas perturbações, originadas por causas internas ou ex- ternas à organização, podendo provocar desvios e necessidade de correções, geralmente envolvendo questões como: 207Planejamento e controle da produção: PCP � Falta ou atraso na disponibilização de recursos (material ou mão de obra). � Quebra não prevista de máquinas. � Falta de energia (elétrica, combustível ou outras). � Atraso na liberação de máquinas (manutenção). � Atrasos na fabricação (tempo – ineficiência homem e/ou máquina). � Greves, feriados ou eventos não previstos. Tipos de planejamento e controle No contexto da administração da produção, as características de volume e va- riedade das operações revela-se como um fator capaz de grande influência. E não seria diferente com o planejamento e controle: assim como muitos outros aspectos relacionados à gestão da atividade produtiva, a aplicação do PCP também sofre o impacto do chamado efeito volume-variedade. Muitas são as opções de metodologias relacionadas ao planejamento e controle disponíveis, que possuem diferente enfoques e preocupações, via- bilizando o atendimento das diversas etapas constituintes do PCP, de modo mais apropriado às características do processo produtivo. Entre estas diversas opções, cabe destacar as metodologias MRP, OPT e JIT, cada uma com suas características e contribuições específicas,conforme a seguir. MRP O MRP (Material Requirements Planning) consiste no Planejamento das Ne- cessidades de Materiais envolvidos na produção, uma abordagem que calcula a quantidade, o tipo e o momento adequado para a disponibilização dos di- ferentes tipos de peças ou materiais necessários à operação. Esse cálculo é baseado nos pedidos de compra dos clientes e na previsão de demanda futura, combinando estas duas modalidades, apontando as necessidades por ela si- nalizadas. Desta forma, o MRP auxilia as empresas na execução dos cálculos de vo- lume e tempo em que os materiais são necessários, com considerável nível de escala e complexidade, devido ao grande número de combinações possíveis entre os diversos materiais. Até a década de 1960, esses cálculos eram reali- zados de forma manual, buscando garantir a disponibilidade dos materiais certos nos momentos necessários, fazendo com que esta tarefa demandasse tempo considerável. Com o surgimento e ampliação do uso dos computa- Administração de produtos e serviços208 dores, surgiu a possibilidade da realização destes cálculos de forma mais rá- pida e fácil, e permitindo também maior grau de detalhamento. Anos depois, durante as décadas de 1980 e 1990, o MRP evoluiu de modo considerável, expandindo seu raio de atuação, que agora integrava também outras áreas da empresa, permitindo a avaliação das implicações de suas de- cisões em outras áreas da organização. Com esta ampliação, o MRP passou a ser considerado como Planejamento dos Recursos de Manufatura (Manufac- turing Resource Planning), ou MRP II, que mais tarde deu origem ao ERP (Enterprise Resource Planning), que consiste em um sistema de informações integradas para o Planejamento de Recursos Empresariais. Leia mais sobre o MRP (Materials Requirements Planning) e o ERP (Enterprise Resource Planning), importantes abordagens e ferramentas de apoio ao planejamento e controle de recursos, na obra Gerenciamento de operações e processos: princípios e práticas de impacto estratégico (SLACK et al., 2013, cap. 10). Contudo, mesmo com toda essa evolução, o planejamento das necessi- dades de materiais permanece sendo o centro das atenções de qualquer sis- tema MRP. Neste cenário, a Programação Mestra da Produção, também cha- mada de Plano Mestre de Produção (PMP) ocupa lugar de destaque, possuindo significativa importância: consiste na principal entrada do MRP, incluindo informações que revelam a quantidade e o momento em que a produção deve ser realizada, direcionando toda a operação, conforme Figura 6. 209Planejamento e controle da produção: PCP Figura 6. O plano mestre de produção no MRP. Fonte: Adaptada de Slack et al. (2013, p. 365). OPT A OPT (Optimized Production Technology), que significa Tecnologia de Pro- dução Otimizada, é uma abordagem derivada da Teoria das Restrições (TOC - Theory of Constraints) – conceito voltado para a programação da produção, buscando a remoção dos gargalos da operação. A OPT possui como obje- tivo central a programação dos sistemas de produção baseada no ritmo ditado pelos gargalos, que definem a capacidade produtiva máxima do sistema como um todo. Neste sentido, se alguma parte do sistema apresentar taxa de atividade superior à capacidade do gargalo, estará gerando desperdício, visto que sua produtividade não será integralmente aproveitada, em função da restrição im- posta pelo gargalo. Por outro lado, se a produção das demais partes da ope- ração forem inferiores à do gargalo, o sistema inteiro estará sendo subutili- zado, o que também é problema. Logo, torna-se necessário o estabelecimento do ritmo do gargalo para toda a operação. A OPT enfatiza o papel do gargalo no fluxo, definição onde o controle deve ocorrer, propondo três diferentes modalidades de controle: � Controle tambor: determina o ritmo que o processo como um todo deve seguir. � Controle pulmão: recomenda que o estoque deve ser mantido para dar fôlego ao processo, de modo que anteceda o gargalo, para que ele esteja sempre em funcionamento. Administração de produtos e serviços210 � Controle corda: sugere a comunicação entre as etapas do processo para que a capacidade de algumas seja travada e limitada em função do gargalo. A preocupação da OPT com os gargalos, que consiste no ponto central desta abordagem, pode ser também ressaltada por meio de seus princípios, que estabelecem as seguintes constatações: � O equilíbrio deve estar focado no fluxo e não da capacidade, sendo a redução do tempo de processamento mais importante do que o equilí- brio da capacidade entre os processos (que será apenas simbólico, em função do gargalo). � O nível de utilização de um não gargalo não é definido apenas por sua própria capacidade. Existem outras restrições no sistema (além do gar- galo identificado) agindo sobre ela. � Um recurso a ser utilizado significa que ele está contribuindo para que o processo gera mais saídas. Caso contrário estará gerando estoques ou executando atividade que não adiciona valor, o que é considerado ativação de um recurso, e não utilização deste. � Como o gargalo limita a produção do sistema como um todo, sua subu- tilização afeta a operação, reduzindo ainda mais sua capacidade. � Aumentar a utilização de um não gargalo representa desperdício adi- cional e não deve ser incentivada, pois ele já possui capacidade supe- rior à do gargalo. � Gargalos conduzem o fluxo, que comandam o tempo de processa- mento, que definem os estoques. Logo, gargalos governam os estoques. � A divisão de grandes lotes de produção em frações menores facilita sua transferência ao longo do processo, melhorando o fluxo. � O lote de processamento não deve ser fixo e sim variável, pois as cir- cunstâncias que o definem podem variar entre diferentes produtos. � Mesmo com tempos de processamento equivalentes, diferentes pro- cessos, quando realizados em série, dificilmente atingirão a mesma taxa média de produção. � Os programas devem ser constituídos de forma a considerar todas as restrições simultaneamente. 211Planejamento e controle da produção: PCP JIT O JIT (Just-in-time), que numa tradução literal significa “apenas a tempo”, pode ser considerado tanto como uma filosofia de produção, como um mé- todo de planejamento e controle. Em uma definição mais básica, pode ser entendido como a intenção de produzir bens e serviços no momento exato de sua necessidade, nem antes (o que geraria estoques) e nem depois (o que provocaria espera). Já em uma definição mais completa, ao aspecto temporal são adicionadas as preocupações com qualidade e eficiência, e o JIT passa ser definido como abordagem que visa aprimorar a produtividade para garantir o atendimento instantâneo da demanda, com qualidade e sem desperdícios. Neste sentido, o just-in-time se preocupa com o fornecimento em quanti- dade necessária, com qualidade, tempo e local apropriados, utilizando o mí- nimo de recursos possível para isso. A fim de atender esta condição, O JIT considera ainda um maior envolvimento dos funcionários, demonstrando seu entendimento sobre a importância do fator humano para a produtividade da operação. A grande diferença do JIT com relação a uma abordagem mais tradicional está no fato de que ele não “protege” a operação, como feito por alguns sis- temas que entendem os estoques como uma reserva técnica necessária. Em vez de promover estoques para cobrir eventuais problemas, O JIT procura resolvê-lo, eliminando a necessidade de estoques. Assim sendo, as metas propostas pelo just-in-time são muitas, além de bastante amplas e ambiciosas, almejando nível zero para fatores como: de- feito, tempo de preparação (setup), estoque, movimentação, quebra e lead time (ou tempo de ciclo). O alcance destas metas carece de continuado aper- feiçoamento, ou o chamado kaizen (palavra japonesa que significa aprimora- mento contínuo). Se o objetivo é operar na condição de “estoque zero”, não há recursos disponíveis para substituição de defeitos, o que transformaa quali- dade em um fator decisivo. Isso exige que a operação apresente elevado nível de desempenho em todos os objetivos (qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e, consequentemente, custos). Uma das principais ferramentas utilizadas pelo JIT no desempenho do planejamento e controle da produção corresponde ao kanban, cujo principal objetivo é alterar o modelo de produção que, no sistema tradicional (do qual o MRP faz parte), era “empurrada” (a etapa ou célula anterior empurra o ma- terial, ditando o ritmo da operação seguinte), e transformá-la em “puxada” (a operação sinaliza sua necessidade para a etapa ou célula anterior). Administração de produtos e serviços212 1. A atividade de planejamento e controle consiste na função organiza- cional que possui o objetivo de pla- nejar e orientar a produção. Entre as três atividades básicas do PCP, aquela que se responsabiliza pela avaliação no nível de atividade esperado para cada parte da operação corresponde: a) Ao sequenciamento. b) À programação. c) Ao carregamento. d) Ao equilíbrio capacidade- -demanda. e) À definição de prioridades. 2. A atividade de planejamento e con- trole é constituída por um conjunto de ações inter-relacionadas que visam comandar o processo produ- tivo, coordenando-o com os demais setores da empresa. Neste sentido, é correto afirmar: a) O ideal é que o PCP seja subor- dinado à gerência de produção, facilitando a conexão entre estas duas áreas. b) O princípio da segregação de funções sugere que a execução e verificação da atividade seja realizado pelo menos agente, facilitando o processo. c) É recomendável que a atividade de planejamento e controle seja realizada por uma célula inde- pendente das demais funções organizacionais. d) O contato entre PCP e gerência de qualidade visa promover a troca de informações sobre as- pectos como valor hora-homem e hora-máquina. e) A gestão de estoques corres- ponde a uma atividade total- mente apartada do PCP. 3. O PCP é composto por quatro fases, sendo uma delas responsável pelo estabelecimento do volume de produção que alinhe capacidade e previsão de vendas. Está definição corresponde a qual das fases do PCP? a) Projeto de Produção. b) Planejamento da produção. c) Coleta de informações. d) Controle de produção. e) Combate ao desperdício. 4. Ao longo do desempenho das quatro fases do PCP algumas etapas são de- sencadeadas, tendo sua execução ou participação em diversas atividades. Dentre estas etapas, existe uma que busca determinar a estratégia de produção mais adequada para a em- presa com base em seus objetivos. Esta etapa corresponde: a) Ao planejamento agregado da produção (PAP). b) Ao planejamento da capacidade de produção (PCP). c) À programação mestra da pro- dução (PMP). d) À programação detalhada da produção (PDP). e) Ao controle da produção. 5. Dentre os tipos de planejamento e controle existem diversas opções de metodologias, com diferentes enfoques e preocupações, que visam o atendimento das etapas que constituem o PCP, de modo ade- quado às características do processo produtivo. Dentro deste contexto é 213Planejamento e controle da produção: PCP correto afirmar: a) MRP (Materials Requirements Planning) consiste na abordagem que calcula a quantidade, o tipo e o momento adequado para a disponibilização dos diferentes materiais necessários para a operação. b) JIT (Just-In-Time) tem como objetivo central a programação dos sistemas baseados no ritmo do gargalo, definindo assim a capacidade de produção de todo o sistema. c) JIT deve estar focado no equi- líbrio do fluxo e não da capaci- dade, sendo a redução do tempo de processamento mais impor- tante que o equilíbrio da capaci- dade entre os processos. d) JIT possui como característica a manutenção de elevados es- toques para o atendimento de qualquer demanda. e) O modelo de produção adotado pelo JIT consiste no sistema tradicional em que a produção é “empurrada”, de modo que a etapa ou célula anterior empurra o material, ditando o ritmo da operação seguinte. ANTUNES, J. et al. Uma revolução na produtividade: a gestão lucrativa dos postos de trabalho. Porto Alegre: Bookman, 2013. CHIAVENATO, I. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. SLACK, N. et al. Gerenciamento de operações e de processos: princípios e práticas de im- pacto estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2013. Leitura recomendada SLACK, N. et. al. Administração da produção. ed. compacta. São Paulo: Atlas, 2006. Administração de produtos e serviços214 Conteúdo: Dica do professor A atividade de planejamento e controle consiste na função organizacional que possui o objetivo de planejar e orientar a produção, fornecendo os planos que servirão de guia para o desempenho e controle da atividade produtiva. Essa demanda é atendida de diferentes formas, por meio dos tipos de PCP, também considerados como abordagens, entre as quais cabe destacar o Planejamento das Necessidades de Materiais, conhecido MRP (Material Requirements Planning). O vídeo a seguir apresenta uma breve explanação sobre o MRP, suas principais características e objetivos, bem como suas aplicações e contribuições ao PCP. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/4e28ce4db0c26e62e87e9049cc0fb1ce Na prática Veja um exemplo prático da aplicação do Planejamento e Controle da Produção - PCP: Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Planejamento e controle da produção (PCP) como disseminador da filosofia de Lean nos processos organizacionais Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Contribuições do planejamento e controle da produção para a competitividade empresarial: um estudo em uma empresa do setor moveleiro Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. PCP - Planejamento e Controle de Produção Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. PCP: Introdução ao Planejamento e Controle da Produção http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_206_221_27595.pdf http://www.revistaespacios.com/a14v35n09/14350905.html https://www.youtube.com/embed/w0_mSHdxXZc Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Administração da Produção Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://www.youtube.com/embed/z5cSJHhYGt4 Planejamento e controle de produção Apresentação Para uma tomada de decisão sobre o planejamento e o controle da produção, assim como para o dimensionamento dos recursos, são utilizados conceitos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os conceitos de planejamento e controle da produção, ou seja, o que deve ser feito para gerenciar o sistema produtivo, de forma a garantir que os objetivos de produção sejam alcançados. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Expressar o conceito de planejamento e controle da produção.• Identificar as dimensões de planejamento e controle de produção.• Resolver problemas de planejamento, programação e controle de produção.• Infográfico Neste Infográfico, você verá como as necessidades de mercado, uma vez identificadas, são tratadas pela empresa, que planeja como utilizar seus recursos para atender tais necessidades. Também verá como, uma vez planejados os diversos fatores, deve-se controlar sua aplicação e os resultados, ou seja, monitorar se está sendo produzido o que foi planejado. Conteúdo do livro O processo de planejamento de vendas e operações consiste em uma série de reuniões que termina com uma reunião de alto nível em que são tomadas as principais decisões de médio prazo. Acompanhe um trechoda obra Administração de operações e da cadeia de suprimentos, que trata sobre o assunto. Inicie seu estudo no tópico O que é planejamento de vendas e operações? Boa leitura. AKAO, Y. Desdobramento das diretrizes para o sucesso do TQM ANTUNES JR. & COLS. Sistemas de produção BALLÉ & BALLÉ A mina de ouro BALLÉ & BALLÉ O gerente Lean BALLOU, R. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial, 5.ed. COGAN, S. Contabilidade enxuta: gestão pelos números certos COX III & SPENCER Manual da teoria das restrições DENNIS, P. Produção Lean simplificada, 2.ed. FITZSIMMONS & FITZSIMMONS Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia da informação, 6.ed. HANSEN, R.C. Eficiência global dos equipamentos HAYES, PISANO, UPTON & WHEELWRIGHT Produção, estratégia e tecnologia: em busca da vantagem competitiva HINO, S. O pensamento Toyota IYER, SESHADRI & VASHER A gestão da cadeia de suprimentos da Toyota: uma abordagem estratégica aos princípios do sistema Toyota de produção JACOBS & CHASE Administração de operações e da cadeia de suprimentos, 13.ed. KENDALL, G.I. Visão viável KOENIGSAECKER, G. Liderando a transformação Lean nas empresas KROEMER & GRANDJEAN Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem, 5.ed. A Bookman Editora é parte do Grupo A, uma empresa que engloba diversos selos editoriais e várias plataformas de distribuição de conteúdo técnico, científico e profissional, disponibilizando-o como, onde e quando você precisar. O Grupo A publica com exclusividade obras com o selo McGraw-Hill em língua portuguesa. R ec or te a qu i s eu m ar ca do r de p ág in a. R ec or te a qu i s eu m ar ca do r de p ág in a. ADMINISTRAÇÃO/OPERAÇÕES JA C O B S /// C H A S E A D M IN IS T R A Ç Ã O D E O P E R A Ç Õ E S E D A C A D E IA D E S U P R IM E N T O S JACOBS /// CHASE ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 13ª Edição 13ª E d iç ã o ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Com uma cobertura abrangente e atual, esta 13ª edição de um dos livros mais reconhecidos da área, apresenta os conceitos mais importantes em gestão de opera- ções e da cadeia de suprimentos e demonstra um conjunto de habilidades e ferramen- tas que podem ser aplicadas no dia a dia. Destaques desta edição: O conteúdo sobre gestão da cadeia de suprimentos foi reforçado, especialmente os tópicos sobre as melhorias na eficiência desse processo, a sustentabilidade e as cadeias de suprimentos enxutas. Um novo capítulo sobre processos de saúde descreve as características especiais de produção e de serviços em clínicas e hospitais em um contexto que se relaciona com outros temas incluídos no livro. A sustentabilidade é analisada em várias áreas, incluindo estratégia, gestão da qualidade e mapeamento do fluxo de valor, aquisições e fornecimento global e cadeia de suprimentos enxuta. Nesse cenário, mostra como as empresas globais reconhecem a importância dessas características para garantir a competitividade. A nova seção “Teste seu conhecimento”, formulada para que os alunos pensem em respostas objetivas e práticas, permite uma análise profunda de todo o conteúdo apresentado em cada capítulo. MATERIAL ONLINE Visite o site www.grupoa.com.br e acesse modelos de planilhas em Excel para resolução de problemas, vídeos de casos reais para análise e outros materiais, em inglês. ÁREA DO PROFESSOR Visite a Área do Professor no site e tenha acesso à biblioteca de imagens, em português, ao manual de soluções, ao banco de testes e a outros materiais exclusivos, em inglês, deste livro. F. ROBERT JACOBS /// RICHARD B. CHASE LIKER & HOSEUS A cultura Toyota LIKER & MEIER Manual de aplicação do modelo Toyota LIKER & MEIER O talento Toyota LIKER, J. F. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo MORGAN & LIKER Sistema Toyota de desenvolvimento de produto OHNO, T. O sistema Toyota de produção: além da produção em larga escala PAIVA, CARVALHO JR. & FENSTERSEIFER Estratégia de produção e de operações: conceitos, melhores práticas, visão de futuro, 2.ed. SHINGO, S. Kaizen e a arte do pensamento criativo: o mecanismo do pensamento científico SHINGO, S. O sistema Toyota de produção do ponto de vista da engenharia de produção SHINGO, S. Sistema de troca rápida de ferramenta uma revolução nos sistemas produtivos SHIMOKAWA & FUJIMOTO O nascimento do Lean: conversas com Taiichi Ohno, Eiji Toyoda e outras pessoas que deram forma ao modelo Toyota de gestão SLACK & LEWIS Estratégia de operações, 2.ed. SLACK, CHAMBERS, JOHNSTON & BETTS Gerenciamento de operações e de processos SIMCHI-LEVI, KAMINSKY & SIMCHI-LEVI Cadeia de suprimentos: projeto e gestão, 3.ed. VOLLMANN, BERRY, WHYBARK & JACOBS Sistemas de planejamento e controle de produção para o gerenciamento da cadeia de suprimentos, 5.ed. ZYLSTRA, K.D. Distribuição Lean ADMINISTRAÇÃO/OPERAÇÕES JACOBS CHASE A D M IN IS T R A Ç Ã O D E O P E R A Ç Õ E S E D A C A D E IA D E S U P R IM E N T O S 036518_Administracao_Operacoes_Cadeia_Suprimentos.ai 1 22/junho/12 16:08036518_Administracao_Operacoes_Cadeia_Suprimentos.ai 1 22/junho/12 16:08 J17a Jacobs, F. Robert Administração de operações e da cadeia de suprimentos [recurso eletrônico] / F. Robert Jacobs, Richard B. Chase ; tradução: Monica R. Rosemberg, João Gama Neto ; revisão técnica: Orlando Cattini Junior. – 13. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-8055-134-1 1. Administração de operações. 2. Administração da cadeia de suprimento. I. Chase, Richard B. II. Título. CDU 658.5 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen - CRB 10/2150 494 SEÇÃO 4 Planejamento de suprimentos e demanda E aí ficamos com um amontoado de papéis e es‑ gotamos o nosso orçamento. E a coisa vai longe. Pedidos pendentes, clientes insatisfeitos, esto‑ ques elevados, envios tardios, acusações, proble‑ mas de fluxo de caixa, demanda e fornecimento fora do equilíbrio, plano de negócios inexistente. Essa é a regra em muitas empresas. Porém, não precisa ser assim. Atualmente, mui‑ tas empresas utilizam um processo de negócios chamado Planejamento de Vendas e Operações (PVO) para ajudá ‑las a evitar esses problemas. Para aprender o que é isso e como fazê ‑lo funcio‑ nar, siga em frente. Neste capítulo, enfocaremos o plano agregado de ope- rações, que traduz os planos de negócios anuais e trimes‑ trais em planos de mão de obra ampla e de resultados para o médio prazo (3 a 18 meses). O objetivo do plano agregado de operações é minimizar o custo dos recursos necessários para atender à demanda ao longo desse período. O QUE É O PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES? O planejamento de vendas e operações é um processo que ajuda a proporcionar um atendimento melhor ao cliente, redu‑ zir o estoque, diminuir o tempo de espera do cliente, estabilizar as taxas de produção e dar à direção uma condução aos negó‑ cios. O processo se baseia no trabalho em equipe entre as vendas, as operações, as finanças e o desenvolvimento do pro‑ duto. O processo é projetado para ajudar uma empresa a ter a demanda e o fornecimento em equilíbrio, mantendo ‑os assim ao longo do tempo. Equilibrar o fornecimento e a demanda é um ponto essencial para que um negócio funcione bem. O processo de planejamento de vendas e operações con‑ siste em uma série de reuniões que termina com uma reu‑ nião de alto nível em que são tomadas as principais deci‑ sões de médio prazo. O objetivo final é um acordo entre os vários departamentos sobre a melhor linha de ação para atin‑ gir o equilíbrio ótimo entre o fornecimento e a demanda. A ideia é alinhar o plano operacional com o plano de negócios. Esse equilíbrio deve acontecer em um nível agregado e também nonível detalhado do produto individual. Por agre‑ gado entendemos como o nível dos grupos principais de produtos. Com o tempo, precisamos nos assegurar de que temos uma capacidade total suficiente. Como a demanda é frequentemente bastante dinâmica, é muito importante mo‑ nitorarmos nossas necessidades esperadas dentro de 3 a 18 meses, ou mais, no futuro. Quando planejamos nessa dis‑ tância futura, é difícil saber exatamente que quantidade de um produto em particular precisaremos; porém, devemos saber como um grupo maior de produtos semelhantes seria vendido. O termo agregado se refere a esse grupo de produ‑ tos. Considerando que temos uma capacidade agregada su‑ ficiente, nossos programadores de produtos individuais, ao trabalharem dentro das restrições de capacidade agregada, podem cuidar da colocação de pedidos de produtos indivi‑ duais para atender à demanda de médio prazo. VISÃO GERAL DAS ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES A Figura 16.1 posiciona o planejamento de vendas e opera‑ ções com relação às outras atividades principais de planeja‑ mento de operações. O termo planejamento de vendas e operações foi criado pelas empresas para definir o processo que as ajuda a manter a oferta e a demanda equilibradas. Na administração de operações, esse processo era, em geral, chamado de planejamento agregado. A nova terminologia tem o propósito de captar a importância do trabalho multi‑ funcional. Normalmente, essa atividade requer um esforço integrado com a cooperação das áreas de vendas, operações, finanças e desenvolvimento de produtos. Dentro do planejamento de vendas e operações, o mar‑ keting desenvolve um plano de vendas que se estende pelos próximos 3 a 18 meses; na maior parte das vezes, esse plano de vendas é declarado em unidades de grupos de produtos agregados e frequentemente está ligado aos pro‑ gramas de incentivo de vendas e outras atividades de mar‑ keting. A área de operações desenvolve um plano de ope‑ rações como resultado do processo, o qual é abordado com mais profundidade neste capítulo. Ao focar no produto agregado e no volume de vendas, as funções de marketing e operações são capazes de desenvolver planos sobre como atender a demanda. Essa é uma tarefa especialmente difí‑ cil quando a demanda muda de forma significativa ao longo do tempo, como resultado de tendências do mercado ou outros fatores. A agregação no lado da oferta é feita em famílias de produtos; já no lado da demanda ela se dá por grupos de clientes. As programações de produção do produto indivi‑ dual e os pedidos dos clientes a elas relacionados podem ser tratados mais de imediato, como o resultado do pro‑ cesso de planejamento de vendas e operações. Normal‑ mente, o planejamento de vendas e operações ocorre em ciclo mensal. Ele liga os planos estratégicos de uma em‑ presa e de seu plano de negócios aos seus processos deta‑ lhados de operações e suprimentos, os quais incluem a Cap 16_Jacobs.indd 494 14/08/2012 09:49:48 CAPÍTULO 16 Planejamento de vendas e operações 495 manufatura, logística e mão de obra, conforme exibido na Figura 16.1. Na Figura 16.1, a dimensão tempo é mostrada como de longo, médio e curto prazos. O planejamento de longo prazo é em geral feito anualmente, com foco em um hori‑ zonte maior que um ano. O planejamento de médio prazo frequentemente cobre um período de 3 a 18 meses, com incrementos de tempo semanais, mensais, ou, algumas ve‑ zes, trimestrais. O planejamento de curto prazo cobre um período desde um dia até seis meses, com incrementos de tempo diários ou semanais. As atividades de planejamento de longo prazo são realizadas em duas áreas princi‑ pais. A primeira é o projeto dos processos de manufatura e serviços que fabricam os produtos da empresa. A segunda é o proje‑ to da logística que entrega esses produtos ao cliente. O planejamento do processo lida com a determinação das tecnologias e procedimentos específicos necessários para se produzir um produto ou pres‑ tar um serviço. O planejamento estratégico da capacidade trata de determinar os recursos de longo prazo (como tama‑ nho e escopo) dos sistemas produtivos. De forma similar, sob um ponto de vista da logística, o planejamento da rede de suprimentos determina como o produto será distribuído para o cliente na saída, com a tomada de decisões relacionadas aos sistemas de localização de depósitos e de tipos de trans‑ portes a serem utilizados. Internamente, o planejamento da rede de suprimentos envolve decisões relacionadas à tercei‑ rização da produção, aos fornecedores de peças e componen‑ tes e outras decisões afins. As atividades de médio prazo incluem previsão, gestão da demanda e planejamento de vendas e operações. O foco da previsão e da gestão da demanda é o estabelecimento da demanda esperada. A partir desses dados, são desenvolvi‑ dos os planos detalhados de vendas e operações para o atendimento da demanda. Os planos de vendas são insumos para as atividades da força de vendas, que são o foco dos livros de marketing. O plano de operações fornece entradas para as atividades de planejamento de manufatura, logística e serviços da empresa. O plano mestre e o planejamento das necessidades de materiais são desenvolvidos para gerar cro‑ nogramas detalhados que indicarão quando as peças serão necessárias para as atividades de manufatura. Coordenados com esses planos estão os planos de logística, necessários para movimentar as peças e os produtos acabados pela ca‑ deia de suprimentos. Os detalhes de curto prazo se concentram em maior parte na programação da produção nas ordens de transporte. Essas ordens preci‑ sam ser coordenadas com os veículos que transportam materiais pela cadeia de supri‑ mentos. No lado dos serviços, a programação de funcionários no curto prazo é necessária para garantir que seja fornecido serviço adequado ao cliente e que sejam man‑ tidos horários justos de trabalho. Cadeia de suprimentos Figura 16.1 Visão geral das principais atividades de planejamento de suprimentos e operações Planejamento da rede de suprimentos Previsão e gestão da demanda Manufatura Logística Serviços Plano mestre Planejamento das necessidades de materiais Programação de ordens de produção Planejamento (agregado) de vendas e operações Plano de vendas Plano agregado de operações Planejamento da capacidade de veículos Carga de veículos Expedição de veículos Programação semanal da mão de obra Programação diária da mão de obra Planejamento de depósito Planejamento estratégico da capacidade Planejamento do processo Longo prazo Médio prazo Curto prazo Serviços Cap 16_Jacobs.indd 495 14/08/2012 09:49:48 496 SEÇÃO 4 Planejamento de suprimentos e demanda O plano agregado de operações se preocupa com o ajuste das taxas de produção por grupo de produto ou outras cate‑ gorias amplas para o médio prazo (3 a 18 meses). Observe novamente, na Figura 16.1, que o plano agregado antecede o plano mestre. O propósito principal do plano agregado é especificar a combinação ótima da taxa de produção, mão de obra e estoque disponível. A taxa da produção se refere ao número de unidades completadas por unidade de tempo (como “por hora” ou “por dia”). O nível de mão de obra é o número de trabalhadores necessários para a produção (produção = taxa de produção × nível de mão de obra). O estoque disponível é o estoque não usado, vindo do período anterior. Veja um enunciado formal do problema do planejamento agregado: dada a previsão da demanda F t para cada período t no horizonte de planejamento que se estende sobre os pe‑ ríodos T, determine o nível de produção P t , o nível do esto‑ que I t , e o nível de mão de obra W t para os períodos t = 1, 2,... , T que minimiza os custos relevantes ao longo do hori‑ zonte de planejamento. A forma do plano agregado varia de empresa para empre‑ sa. Em algumas delas, ele é um relatório formal que contém os objetivos e as premissas de planejamento nas quais é baseado. Emoutras, especialmente as menores, o dono da empresa pode fazer cálculos simples da necessidade de mão de obra que reflitam uma estratégia geral de alocação. O processo do qual o próprio plano é derivado também varia. Uma prática comum é derivá ‑lo do plano corporativo anual, como mostrado na Figura 16.1. Um plano corporati‑ vo típico contém uma seção sobre manufatura que especi‑ fica quantas unidades em cada linha de produto principal precisam ser produzidas ao longo dos próximos 12 meses para cumprir a previsão de vendas. O planejador recebe essa informação e tenta determinar qual a melhor maneira de atender esses requisitos com os recursos disponíveis. De forma alternativa, algumas orga‑ nizações associam os requisitos de resultados em unidades equivalen‑ tes e usam ‑nas como base para o plano agregado. Uma divisão da General Motors, por exemplo, tem de produzir certa quantidade de carros de todos os tipos em uma fábrica específica. O planejador da produção usaria a média das horas de trabalho necessárias para todos os modelos como uma base para o plano agregado geral. Os refinamentos desse plano, especi‑ ficamente os tipos de modelo a serem produzidos, seriam refleti‑ dos nos planos de produção de prazos mais curtos. Outra abordagem é desenvolver o plano agregado pela simulação de várias programações principais da produção, e calcular as necessidades de capacidade correspondente para verificar se há mão de obra adequada e equipamentos em cada centro de trabalho. Se a capacidade for inadequa‑ da, requisitos adicionais para a hora extra, subcontratação, trabalhadores extras, dentre outros, são especificados para cada linha de produto e combinados em um plano mínimo inicial, que é então modificado por tentativa e erro ou por métodos matemáticos para derivar um plano final e de cus‑ to (assim esperamos) mais baixo. amBiEntE do planEJamEnto dE produção A Figura 16.2 ilustra os fatores internos e externos que constituem o ambiente do planejamento de produção. Em geral, o ambiente externo está fora do controle direto do planejador da produção, mas em algumas empresas a de‑ manda pelo produto pode ser administrada. Por meio de uma cooperação total com o marketing e as operações, as atividades promocionais e os cortes nos preços podem ser usados para aquecer a demanda durante os períodos de bai‑ xa procura. Inversamente, quando a demanda estiver em alta, as atividades promocionais podem ser cortadas e os preços elevados para maximizar as receitas dos produtos ou serviços, os quais a empresa possui a capacidade para for‑ necer. As práticas atuais da gestão da demanda serão abor‑ dadas mais adiante na seção “Gestão da Rentabilidade”. Para as empresas que enfrentam as flutua‑ ções cíclicas de demanda, os produtos com‑ plementares podem funcionar. Fabricantes de cortadores de grama, por exemplo, podem ter uma boa demanda na primavera e no ve‑ rão, mas terão uma fraca durante o outono e PLANO AGREGADO DE OPERAÇÕES Esquis aquáticos e esquis para a neve são ótimos exemplos de produtos complementares.Esquis aquáticos e esquis para a neve são ótimos exemplos de produtos complementares.Esquis aquáticos e esquis para a neve são ótimos exemplos de produtos complementares. Serviços Cap 16_Jacobs.indd 496 14/08/2012 09:49:49 CAPÍTULO 16 Planejamento de vendas e operações 497 o inverno. As demandas no sistema de produção podem ser atenuadas pela fabricação de um produto complementar com forte demanda durante o outono e o inverno, e deman‑ da baixa durante a primavera e o verão (tal como se dá com veículos adaptados para viagens sobre o gelo e neve, sopra‑ dores de neve ou de folhas). Na parte de serviços, os ciclos se medem mais frequentemente em horas do que em meses. Os restaurantes com bastante demanda nos horários de al‑ moço e jantar geralmente acrescentarão um serviço de café da manhã para aumentar a demanda na parte da manhã. Mesmo assim, há limites sobre o controle do volume de demanda. Em última análise, o planejador de produção pre‑ cisa conviver com as projeções de vendas e os pedidos prometidos pelo marketing e deixar os fatores internos como variáveis que possam ser manipuladas na derivação de um plano de produção. Uma nova abordagem para faci‑ litar a administração desses fatores internos é chamada resposta precisa. Ela implica a medição refinada dos pa‑ drões históricos da demanda misturada ao julgamento de especialistas para determinar quando começar a produção de itens específicos. O elemento principal da abordagem é diferenciar claramente os produtos para os quais a demanda é relativamente previsível daqueles para os quais é relativa‑ mente imprevisível.1 Os próprios fatores internos são diferentes na sua capaci‑ dade de controle. A capacidade física atual (fábrica e equi‑ pamentos) é quase sempre fixa no curto prazo, os acordos sindicais geralmente restringem o que pode ser feito para mudar a mão de obra, a capacidade física nem sempre pode ser aumentada e a alta administração poderá limitar a quan‑ tidade de dinheiro imobilizado em estoques. Ainda assim, sempre existe alguma flexibilidade na administração desses fatores, de modo que os planejadores da produção podem implantar uma estratégia ou uma combinação das estraté- gias do planejamento da produção abordadas aqui. Estratégias do Planejamento da Produção Exis‑ tem basicamente três estratégias do planejamento da produ‑ ção; elas envolvem os trade ‑offs entre o volume da mão de obra, as horas de trabalho, o estoque e os pedidos pendentes (backlogs). 1. Estratégia de acompanhamento. Combine a taxa de produção com a taxa de pedidos mediante a contratação e dispensa de empregados, conforme varia a taxa de pedidos. O sucesso dessa estratégia depende da existên‑ cia de um grupo de candidatos facilmente treinados, a quem se recorre à medida que o volume aumenta. Há óbvios impactos motivacionais: quando os pedidos pen‑ dentes forem baixos, os empregados poderão ser força‑ dos a diminuir o ritmo, pois temem serem dispensados tão logo os pedidos existentes forem concluídos. 2. Mão de obra estável – horas de trabalho variáveis. Varie o resultado por meio da alteração do número de horas trabalhadas, fazendo uso de horários de trabalho flexíveis ou de horas extras. Ao variar o número de horas de trabalho, você consegue combinar as quantida‑ des de produção com os pedidos. Essa estratégia pro‑ porciona a continuidade da mão de obra e evita muitos custos emocionais e tangíveis de admissão e demissão associados à estratégia de acompanhamento. 3. Estratégia de nivelamento. Mantenha uma mão de obra estável trabalhando a uma taxa constante de produ‑ ção. As deficiências e os excessos são absorvidos pelos níveis flutuantes de estoque, pedidos pendentes e vendas perdidas. Os empregados se beneficiam das horas de trabalho estáveis à custa dos níveis potencialmente dimi‑ nuídos de atendimento ao cliente e à custa dos estoques aumentados. Outra preocupação é a possibilidade de os produtos estocados se tornarem obsoletos. Quando apenas uma dessas variáveis for usada para absor‑ ver as flutuações na demanda, será denominada estratégia pura; duas ou mais utilizadas em combinação constituem uma estratégia mista. Como você pode perceber, as estraté‑ gias mistas são mais aplicadas de forma geral na indústria. Figura 16.2 Entradas necessárias para os sistemas de planejamento da produção Capacidade externa (como subcontratados) Comportamento dos concorrentes Capacidade física atual Disponibilidade de matérias-primas Planejamento para a produção Mão de obra atual Níveis de estoque Externo à empresa Interno à empresa Condições econômicas Demanda de mercado Atividades necessárias para a produção Cap 16_Jacobs.indd 497 14/08/2012 09:49:49 498 SEÇÃO 4 Planejamento de suprimentos e demanda Subcontratação Além dessas estratégias, os administra‑ dores também podem escolher subcontratar algumas partes da produção. Essa estratégia é semelhanteà estratégia de acompanhamento, mas a admissão e a demissão são traduzi‑ das em subcontratação ou não subcontratação. Alguma sub‑ contratação pode ser desejável para acomodar as flutuações na demanda. Contudo, a não ser que o relacionamento com o fornecedor seja especialmente forte, um fabricante poderá perder o controle sobre a programação e a qualidade. Custos rElEvantEs Quatro custos são relevantes para o plano agregado de produ‑ ção. Eles estão relacionados aos próprios custos de produção, bem como ao custo de manutenção do estoque e ao custo dos pedidos não atendidos. Mais especificamente, são eles: 1. Custos básicos da produção. São os custos fixos e variáveis que incorrem na produção de certo tipo de pro‑ duto, em dado período. Estão incluídos os custos de mão de obra diretos e indiretos, bem como as compen‑ sações das horas regulares e de horas extras. 2. Custos associados com as mudanças na taxa de pro- dução. Os custos comuns nessa categoria são os que estão envolvidos na admissão, treinamento e demissão de pessoal. A admissão de ajuda temporária é uma ma‑ neira de evitá ‑los. 3. Custos de manutenção de estoque. Um componente importante é o custo do capital imobilizado no estoque. Os outros componentes são a armazenagem, o seguro, os impostos, a deterioração e a obsolescência. 4. Custos dos pedidos em atraso. Geralmente difíceis de medir, eles incluem os custos de despacho, perda da reputação com o cliente e perda das receitas de vendas resultantes dos pedidos pendentes. Orçamentos Para receber financiamentos, os gestores de operações precisam apresentar os pedidos de orçamen‑ to anuais e algumas vezes trimestrais. O plano agregado é Você está sentado ansiosamente na reunião que foi convocada de repente com os gerentes gerais, . Vozes nervosas percorrem o recinto. Estão a todo vapor os rumores sobre outra iniciativa do mês, que será jogada aos cautelosos sobreviventes da última devassa. A reunião começa. Entre os visuais tricolores e planilhas em 3D, a mesma e velha mensagem é recebida com ceticismo pelos gerentes que buscam res- postas politicamente corretas no eterno jogo de matar o mensageiro. É uma cena familiar nas empresas ao redor do mundo. No entanto, é interessante ver que empresas como a Finisar Corporation apren- deram como administrar o processo de combinar com êxito a demanda e a oferta. A Finisar desenvolveu um novo laser semicon- dutor utilizado em computação, redes e aplicações de sensoria- mento. A capacidade de prever e administrar a produção é um desafio único para empresas com uma série de produtos novos e inovadores chegando ao mercado. Usando um processo de plane- jamento de vendas e operações mensal, a Finisar foi capaz de melhorar sua precisão de previsão de médio e longo prazo de 60%, para um acerto de forma consistente em 95% ou mais. Os passos específicos dentro de seu plano concentram a equipe executiva em (1) oportunidades de demanda para produtos atuais e novos e (2) restrições na capacidade da empresa em fabricar o produto que atenda essa demanda. O plano, desenvolvido em uma reunião executiva mensal de planejamento de vendas e operações, asse- gura que a demanda esteja sincronizada com a oferta; assim, os clientes obtêm o produto que desejam, quando o desejarem, enquanto o estoque e os custos são mantidos no mínimo. Os gerentes da Finisar indicam que um passo crítico foi fazer do ge- rente geral o defensor do processo. O segundo passo foi conseguir um entendimento completo do comportamento necessário da equi- pe, incluindo o compromisso com um plano de demanda/oferta equilibrado e sincronizado, que fosse responsável pelos padrões de desempenho, com comunicações abertas e honestas, sem prome- ter o que não pudesse entregar e que tomasse as decisões neces- sárias para lidar com as oportunidades e restrições identificadas. PLANEJAMENTO É TUDO Fonte: Adaptado de <http://www.themanufacturer.com>. Cap 16_Jacobs.indd 498 14/08/2012 09:49:50 CAPÍTULO 16 Planejamento de vendas e operações 499 so de médio prazo aumenta a probabilidade de (1) receber o orçamento requisitado e (2) operar dentro dos limites do orçamento. Na próxima seção, daremos exemplos de planejamento de médio prazo nas configurações da manufatura e do ser‑ viço. Eles ilustrarão os trade ‑offs associados às diferentes estratégias do planejamento da produção.2 Demanda e dias úteis Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Total Previsão de demanda 1.800 1.500 1.100 900 1.100 1.600 8.000 Número de dias úteis 22 19 21 21 22 20 125 Custos/US$ Materiais 100/unidade Custo de manutenção do estoque 1,50/unidade/mês Custo marginal da falta de estoque 5/unidade/mês Custo marginal da subcontratação 20/unidade (US$ 120 do custo da subcontratação menos US$ 100 das economias de material) Custo de contratação e treinamento 200/trabalhador Custo de demissão 250/trabalhador Horas de mão de obra necessárias 5 h/unidade Custo das horas normais de trabalho (primeiras oito horas de cada dia) 4/hora Custo da hora extra (50% a mais que a hora normal) 6/hora Estoque Estoque inicial 400 unidades Estoque de segurança 25% da demanda mensal a chave para o sucesso do processo orçamentário. Lem‑ bre ‑se de que o objetivo do plano agregado é minimizar os custos totais relacionados à produção ao longo do horizon‑ te de planejamento pela determinação da combinação óti‑ ma dos níveis de mão de obra e dos níveis de estoque. Dessa forma, o plano agregado fornece justificativas para a quantia requisitada de orçamento. O planejamento preci‑ TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO AGREGADO As empresas geralmente empregam métodos simples de mapeamento de tentativa e erro e gráficos para desenvolver os planos agregados. Uma abordagem de tentativa e erro envolve a orçamentação de várias alternativas de planeja‑ mento da produção, culminando na escolha da melhor entre elas. As planilhas elaboradas são desenvolvidas para facilitar o processo de decisão. Abordagens sofisticadas que envol‑ vem a programação e a simulação linear são incorporadas nessas planilhas. A seguir, demonstraremos uma abordagem por planilha para avaliar quatro estratégias, com o objetivo de atender à demanda da JC Company. Mais tarde, falaremos sobre abordagens mais sofisticadas que usam a programação linear (ver Apêndice A). ExEmplo dE tEntativa E Erro: JC Company Uma empresa com uma variação sazonal acentuada normal‑ mente planeja a produção para um ano inteiro, para poder captar os extremos na demanda durante os meses mais atarefa‑ dos e os mais lentos. No entanto, podemos ilustrar os princípios gerais envolvidos com um horizonte mais curto. Suponha que desejamos montar um plano de produção para a JC Company para os próximos seis meses. Temos as seguintes informações: Para resolver esse problema, podemos ex‑ cluir os custos de material. Poderíamos ter incluído esse custo de US$ 100 em todos os nossos cálculos, mas se considerarmos que um custo de US$ 100 é comum a cada unidade demandada, então preci‑ saríamos apenas nos preocupar com os custos marginais. Como o custo de subcontratação é de US$ 120, nosso custo real de subcontratação é de apenas US$ 20, porque econo‑ mizamos nos materiais. Observe que muitos custos estão expressos de uma forma diferente daquela encontrada nos registros contábeis de uma empresa. Por isso, não esperamos obter todos esses custos diretamente desses registros, mas obtê ‑los de modo indireto da equipe administrativa, que pode nos ajudar a interpretar os dados. O estoque no início do primeiro período é de 400 unida‑ des. Como a previsão da demanda é imperfeita, a JC Com‑ pany determinou que um estoque de segurança (estoque regulador – buffer) deveria ser estabelecido para reduzir a Serviços Cap 16_Jacobs.indd 499 14/08/2012 09:49:50 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Nestevídeo, você verá exemplos de produtos e produção que são classificados como MTS (make to stock), ATO (assemble to order), MTO (make to order) e ETO (engineering to order). Verá, também, como tais produtos são classificados em termos de demandas: dependente e independente. Assista! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/e2f56afe2c0acef11322b6fc65877757 Na prática O conceito de planejamento e controle de produção não é algo novo, mas seu uso mudou muito com o advento da informática. Por exemplo, no começo da industrialização, as fábricas que produziam tecidos precisavam calcular manualmente a quantidade de fios a serem produzidos, de tal forma que pudessem produzir as peças de tecido. Além disso, também manualmente calculavam o tempo de produção, para saber quando deveriam começar a produzir determinado tipo de fio ou tecido. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Quatro aspectos do planejamento e controle da produção Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901961000200006 Riscos e Incertezas Apresentação Os conceitos iniciais ligados a riscos são elementares para o mundo das finanças e fazem parte da vida cotidiana dos seres humanos. A utilização da probabilidade e da estatística é parte desse universo, a fim de mitigar os aspectos relacionados à incerteza nos eventos. A compreensão da diferença entre risco e incerteza é importante para tomada de decisão e análises no mercado financeiro. Compreender os fatores que fazem com que a subjetividade altere decisões envolvendo risco e incerteza permite que estudiosos mapeiem e compreendam porque as decisões não são 100% racionais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os conceitos iniciais ligados a riscos, a diferença entre o risco e a incerteza, bem como que o impacto da subjetividade pode mudar decisões ligadas a esses dois fatores. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os conceitos iniciais sobre riscos e incertezas.• Definir a diferença entre risco e incerteza.• Descrever o efeito da subjetividade na tomada de decisão em situações de risco e incerteza.• Infográfico Monitorar e controlar todos os trabalhos e mudanças que envolvem um projeto é uma tarefa difícil, mas extremamente necessária. Pois como já afirmaram autores como KAPLAN e DRÜKER, “o que não é medido não é gerenciado” e “se você não mede algo, você não pode entender o processo, e se você não consegue entender o processo não conseguirá aperfeiçoá-lo”. Conforme aponta o PMBOK (2017, p.613), “monitorar é coletar dados de desempenho do projeto, produzir medições do desempenho, relatar e divulgar informações sobre o desempenho. Por sua vez, controlar é comparar o desempenho real com o planejado, analisar as variações, avaliar as tendências para efetuar melhorias no processo, avaliar as alternativas possíveis e recomendar ações corretivas adequadas, conforme necessário.” Nesse Infográfico você verá todo o grupo de processos de monitoramento e controle, e como o monitoramento continuado fornece ao gerente de projeto e todas as partes interessadas uma visão adequada sobre a situação do projeto e identifica situações exijam atenção adicional. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/3fa76f8b-d540-401c-af91-1089db59f35d/6b285d2e-4f39-4be3-98f4-85e3d71d1a8e.jpg Conteúdo do livro Alguns conceitos fazem parte naturalmente da vida das pessoas e é preciso que sejam entendidos de maneira geral para serem compreendidos em relação à área de investimentos. Conforme Securato (2012), o risco, a incerteza e a certeza são conceitos que fazem parte desse grupo, já que as pessoas levam a vida basicamente voltada para o futuro. Com isso, a maioria está habituada a condições que envolvem risco e incerteza. O capítulo Riscos e incertezas, do livro Análise de riscos, aborda os principais aspectos relativos a risco, a diferença entre risco e incerteza e o impacto da subjetividade nesses conceitos. ANÁLISE DE RISCOS Tatiane Antonovz Riscos e incertezas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os conceitos iniciais de risco e incerteza. � Compreender a diferença entre risco e incerteza. � Descrever o efeito da subjetividade na tomada de decisão em situações de risco e incerteza. Introdução Os conceitos iniciais ligados a risco são elementares para o mundo das finanças e fazem parte da vida cotidiana de todos os seres huma- nos. A utilização da probabilidade e da estatística pertence a esse universo, com o intuito de mitigar e diminuir, principalmente, os aspec- tos relacionados à incerteza nos eventos. Outro ponto de destaque é a diferença entre o risco e a incerteza que possui relação, justamente, com a possibilidade de previsão de um evento ou controle sobre fatores relacionados a ele. A compreensão desses elementos é importante para tomadas de decisão e análises dentro do mercado financeiro como um todo. Por fim, compreender o efeito da subjetividade e os fatores que a fazem alterar decisões envolvendo risco e incerteza abrange estudos não só de finanças, mas de aspectos comportamentais, e permite que estudiosos mapeiem e entendam por que as decisões não são 100% racionais. Neste capítulo, serão vistos os conceitos iniciais ligados a risco, a diferença entre o risco e a incerteza, bem como o impacto da subjetividade na tomada de decisão ligada a esses dois fatores. Conceitos iniciais ligados a risco Alguns conceitos fazem parte, quase naturalmente, da vida das pessoas, e é preciso que sejam entendidos de maneira geral, para que, depois, sejam com- preendidos em relação à área de investimentos. Conforme Securato (2012), o risco, a incerteza e a certeza são conceitos que fazem parte desse grupo, já que as pessoas levam a vida basicamente voltada para o futuro. Com isso, a maioria está habituada a condições que envolvem risco e incerteza. Falando de questões financeiras propriamente ditas, Higgins (2014) aponta que até mesmo os banqueiros sabem que todas as decisões financeiras interessantes envolverão tanto risco quanto retorno. Assim, um investimento que exija dispêndio de recursos, hoje, apresentará expectativas de benefícios incertos. Securato (2012) cita exemplos lembrando que, na área financeira, o risco e a incerteza andam juntos em grande número quando as decisões de um executivo podem levá-lo ao seu fracasso ou ao sucesso, e com ele, a sua própria empresa. O autor elenca o caso Nahas, ocorrido em 1989, no mercado financeiro. Essa situação aparentemente sem riscos levou à liquidação de bancos e corretoras de um dia para outro. Para compreender melhor como o risco pode influenciar uma empresa e todo o mer- cado financeiro, você pode ler mais sobre o caso Nahas no link de O Globo Online (2008). https://goo.gl/mnhV9D Outro exemplo relacionado ao risco pode ser dado por títulos do governo, que, em alguns casos, parecem totalmente livres desse tipo de ameaça, mas já se mostraram suscetíveis a problemas com economia e recessão, ou ainda empresas que são surpreendidas por problemas econômicos não previstos e acabam praticamente indo à falência. O risco pode ser definido como o grau de incerteza a respeito de um evento. Riscos e incertezas2 Dessa forma, dentro da questão das probabilidades, um evento que com certeza ocorrerá, no que diz respeito ao estudo do cálculo das probabilidades, é tratado como 100% seguro, logo, quando um evento tiver certo grau de incer- teza, será estabelecida, com base nesse valor,a correspondente probabilidade de ocorrência do evento (SECURATO, 2012). Assim, para determinar o grau de incerteza, ou ainda o risco, deve-se lembrar que este está intimamente ligado à probabilidade de ocorrência dos eventos em um determinado estudo. No entanto, muitas vezes, a incerteza se mostra expressiva, dificultando a avaliação de determinado evento. Mas como isso pode ser atenuado? Com a utilização de probabilidade e estatística, que, ao menos, mitigará as questões relativas à incerteza. A dificuldade na estimativa dos retornos e sua associação com os riscos e incertezas requer a utilização do cálculo de probabilidade e estatística dos eventos em um estudo, e, com a conclusão, deve-se buscar compreender o ambiente, as diferentes projeções dos resultados e outras condições que permitam analisar e traçar resultados relativos a um tema que será objeto de decisão (SECURATO, 2012). Pensando especificamente no mercado financeiro, o risco aumenta a di- ficuldade de estimativa dos retornos, assim como dificuldade na estimativa de retorno incrementa o risco ou, ainda, traz instabilidade aos fluxos de caixa de um determinado investimento, prejudicando o entendimento de seus retornos. Conclui-se, então, que o risco também pode ser entendido como um determinante do valor do investimento (HIGGINS, 2014). Se dois investimentos tiverem o mesmo retorno esperado, porém, com riscos diferentes, a grande maioria preferirá a alternativa de menor risco. Isso ocorre porque somos avessos ao risco, o que, consequentemente, leva à redução do valor do investimento. Contudo, será que existem situações em que não seja tão fácil decidir utilizando, por exemplo, probabilidade e estatística? Em questões envolvendo a incerteza, ou, ainda, o comportamento humano, por exemplo, é quase impossível determinar os eventos utilizando probabi- lidade e estatística. Vamos, agora, entender outros elementos que permitem dissociar o risco da incerteza. 3Riscos e incertezas Diferença entre risco e incerteza Para Menezes (2012), em um processo de tomada de decisão, são feitas escolhas, e, para tanto, é necessário que os tomadores de decisão disponham de um corpo teórico de informações que será utilizado na formação das alternativas e na determinação das escolhas. Inicialmente, nas decisões dentro dos estudos rela- cionados à teoria econômica, tanto o risco quanto a incerteza eram simplesmente ignorados, sendo que os eventos eram explicados pela tríade acaso, sorte ou azar. No entanto, foi preciso evoluir o modelo econômico e inserir tanto o risco quanto a incerteza para a compreensão do processo de escolha e de como isso impacta na decisão dos agentes (MENEZES, 2012). O autor afirma que, quando o ambiente é de risco e incerteza, deverá ser assegurada uma lógica de reflexão visando a um comportamento racional que permita, de forma mais fácil, alcançar os objetivos pretendidos. Entretanto, o comportamento racional requer regras, e estas devem ser obedecidas para que os resultados sejam obtidos. Assim, uma forma de se estabelecer regras para que isso seja possível é a quantificação com o uso da probabilidade objetiva e também das variáveis aleatórias. Questões futuras se apresentam de maneira arriscada e aleatória, e, nesse contexto, o risco pode ser definido como objetivo ou subjetivo. Menezes (2012) salienta que, quando uma pessoa decide tomar uma decisão objetivamente, é possível calcular a probabilidade de realização de um determinado evento. Já no caso da subjetividade, não existe uma base objetiva, porém, mesmo com uma base subjetiva, é possível que exista a tomada de decisão. Contudo, se a pessoa que está tomando a decisão não possui qualquer elemento para estimar a probabilidade, seja ela objetiva ou subjetiva, entrará em um processo de incerteza. Isso ocorre porque, nesse caso, não existe qualquer condição de previsibilidade (MENEZES, 2012). Se na tomada de decisão não houver algum elemento para estimar a probabilidade, ela estará sob efeito da incerteza, em que não há qualquer condição de previsibilidade. Assaf Neto e Lima (2014) apresentam a probabilidade objetiva como aquela adquirida de uma experiência passada e sobre a qual é possível ter uma ex- pectativa de repetição no futuro. Riscos e incertezas4 Por exemplo, em uma fábrica, caso um produto saia defeituoso inúmeras vezes, a probabilidade objetiva pode ser observada, já que há um histórico de casos. Com isso, quando um evento se repete por inúmeras vezes, mantidas inalteradas as condições da atividade, é possível ter um percentual significativo de probabilidade, e esta é considerada objetiva. Conclui-se que a probabilidade objetiva é aquela proveniente de situações que se repetem identicamente inúmeras vezes. A probabilidade subjetiva, por sua vez, é aquela que decorre de eventos novos sobre os quais não há qualquer experiência prévia relevante. Nessa situação, é preciso atribuir, de forma subjetiva, probabilidades aos resultados esperados. É preciso, por exemplo, aplicar probabilidade subjetivas de fluxos de caixa esperados do lançamento de um novo produto com o qual uma empresa não apresenta experiência histórica no mercado. Tal feito é possível baseando-se em pesquisas, projeções de demandas, experiência do administrador, entre outros fatores. Agora, imagine a seguinte situação. Em uma aposta com uma moeda que é jogada duas vezes para o ar para cada jogada, você apostou cem reais. Em cada uma das jogadas, se aparecer cara, o investimento inicial é acrescido de 20%; cada vez que aparece coroa, o valor é decrescido em 10%. Assim, existem quatro resultados possíveis: Fonte: Adaptado de Brealey, Myers e Allen (2013). 1ª jogada 2ª jogada Resultado Cara Cara Ganha 40% Cara Coroa Ganha 10% Coroa Cara Ganha 10% Coroa Coroa Perde 20% Com isso, é possível precisar, pelas combinações, que existe a probabilidade 1 em 4 (ou 25%) de se ganhar 40%, uma probabilidade de 2 eventos em 4 (ou 50%) de se ganhar 10%, e mais uma probabilidade de 1 em 4 (ou 25%) de 5Riscos e incertezas perder 20%. Assim, observando a fórmula do retorno, fica fácil calcular uma média ponderada dos resultados possíveis: onde Pk = probabilidade de cada evento; Rk = valor de cada resultado considerado; Retorno esperado: E(R) = (0,25 × 40) + (0,5 × 0,10) + (0,25 × – 20) = 0,10 = 10% Neste caso, o retorno esperado seria de 10%. E como fica a incerteza? Partindo da probabilidade subjetiva, já começa a existir um certo grau de confiança depositado por uma pessoa, sobre a vera- cidade de uma determinada proposição (MENEZES, 2012). O autor afirmar que, com a inclusão de elementos pessoais, é possível obter probabilidades de elementos que não se repetem ou que aparecem de forma muito pequena. Outro ponto é a variação da sensação de confiança de indivíduo para indivíduo, evidenciando que essas diferenças devem condicionar uma diversidade de possibilidades de ação entre as pessoas. Quando começamos a pensar na incerteza, pode-se atestar que ela é única, pois não pode ser reduzida a um grupo de casos similares. Logo, ao contrário do risco, não existe qualquer forma de se estimar a probabilidade de sua ocorrência. Na incerteza, ao contrário do risco, não existe forma de estimar a probabilidade de sua ocorrência. Menezes (2012) aponta dois caminhos possíveis em relação à incerteza, o uso de uma estimativa baseada em experiência pessoal ou mera intuição, e outro fundamentado na confiança que a pessoa tem em sua estimativa. Riscos e incertezas6 Segundo o economista Frank Knight, a incerteza pode ser definida como uma situação em que uma decisão de um indivíduo pode gerar diferentes resultados, entretanto, esses resultados possuem possibilidades desconhecidas de ocorrência, já que a incerteza é considerada imensurável. O efeito da subjetividade na tomada de decisão em situações de risco e incerteza Dentro da abordagem tradicional de economia e finanças, existia uma ideia de que não se consideravamnos modelos estatísticos os elementos que envolviam a psique humana. Porém, em 1738, Bernoulli já observava, em apostas envolvendo dinheiro, que a maior parte das pessoas era avessa ao risco. Parte desse raciocínio permitiu o desenvolvimento da chamada Teoria da Utilidade Esperada (TUE). Assim, pode-se afirmar que o raciocínio de que as pessoas são avessas ao risco está inserido na maior parte dos modelos econômicos. A Teoria da Utilidade Esperada (TUE) de Bernoulli foi uma importante ferramenta para o desenvolvimento dos conceitos envolvendo a incerteza e a posterior questão comportamental nos modelos financeiros. Leia mais sobre ela no artigo disponível no link a seguir. https://goo.gl/TkD8Qb Observa-se, também, que a impaciência é outro fator componente do comportamento humano. Os indivíduos frequentemente preferem o con- sumo hoje em comparação com a mesma unidade de consumo no futuro. A esse fator também foi adicionada a avareza, mostrando que os indivíduos preferem uma maior riqueza se comparada com um menor consumo em suas vidas. Logo, a aversão ao risco, a impaciência em relação ao tempo e a avareza ou ambição foram agregadas dentro do conceito de finanças e passaram a 7Riscos e incertezas delimitar as tomadas de decisão de investimentos. Nesse momento, nasce um contexto interessante nas finanças, que é a união com comportamento, ou seja, a subjetividade nos processos de tomada decisão e seu impacto em relação ao risco e à incerteza. Para isso, a realidade é permeada por duas verdades: o comportamento dos seres humanos não é totalmente conhecido e o comportamento dos agentes econômicos não é racional. Mas como isso pode ser explicado? Essas limitações são explicadas por questões neurofisiológicas, que acabam limitando a capa- cidade do ser humano em relação ao acúmulo e processamento e transmissão de informações. Um dos principais trabalhos nessa área, que une a psicologia às finanças, é de Kahneman e Tversky (1979), o qual foi responsável por discutir as bases da Teoria da Perspectiva ou do Prospecto (Prospect Theory). Leia mais sobre a Teoria da Perspectiva e sua ligação com finanças comportamentais no artigo de Melo (2014), disponível no link a seguir. https://goo.gl/cW8cPZ Nessa teoria, os dois pesquisadores mostram, com o uso de experimentos, como as pessoas reagem em situações envolvendo ganhos, perdas, riscos e incertezas. A Teoria da Perspectiva ou do Prospecto contrapõe a ideia de que o decisor é 100% racional. Para os autores, muitas decisões estão baseadas em crenças relativas à probabilidade de eventos incertos, como o resultado de uma eleição ou, ainda, de uma partida de futebol, por exemplo. Esse tipo de crença é expresso com Riscos e incertezas8 frases como “eu acho que” ou “as possibilidades são”. Em algumas situações essas crenças podem ser expressas numericamente como chances ou proba- bilidades subjetivas. No entanto, como uma pessoa avalia uma probabilidade de um evento incerto ou uma quantidade incerta em uma ocasião? Para facilitar a vida, as pessoas comumente utilizam, nessas situações, as chamadas heurísticas, que acabam por reduzir tarefas complexas e tornar operações mais simples por meio do juízo. Heurísticas são processos cognitivos utilizados de formas não racionais aplicados como estratégias pelos seres humanos para tornar uma escolha mais rápida e fácil. Kahneman e Tversky (1979) afirmam que as heurísticas podem ser bastante úteis, mas também podem levar a erros graves e sistemáticos na tomada de decisão. Isso acontece porque a avaliação subjetiva de uma probabilidade é bastante semelhante à avaliação subjetiva de distâncias ou tamanhos, assim, os julgamentos acabam tenho validade limitada. Os autores citam como exemplo a aparente distância de um objeto que é determinada, em parte, por sua clareza, ou seja, quanto mais nítido, mais próximo parece estar. Apesar de essa regra ter certa validade, podem existir erros sistemáticos em sua interpretação. As distâncias são normalmente su- perestimadas quando a visibilidade não é boa, pois os objetos não são vistos com nitidez. Portanto, confiar na clareza como indicativo de distância pode acarretar um viés equivocado de interpretação. Na teoria de Kahneman e Tversky (1979), o princípio básico é a tomada de decisão em situações que envolvam a incerteza e o risco. De acordo com sua tese, os indivíduos são afetados de maneira distinta em se tratando de ganhos e perdas, e isso varia de acordo com algumas condições. A principal delas, e que influenciará o processo de tomada decisão, é a alteração de sua riqueza. Logo, uma pessoa que acabou de ganhar um milhão terá um comportamento totalmente diferente frente a perdas e ganhos do que outro indivíduo que acabou de perder um milhão. Essas condições afetarão as decisões e criarão incerteza no processo decisório. 9Riscos e incertezas Outro fator que pode afetar de forma subjetiva as decisões dos indivíduos e gerar incerteza é a forma como os problemas e escolhas são apresentados. Um mesmo problema pode ser apresentado de maneira positiva ou negativa. Esse tipo de efeito é reconhecido como efeito enquadramento ou efeito framing, e pode ser dividido em duas fases: � Quando o decisor percebe o problema: nessa fase ocorrem as simpli- ficações, ou ainda as heurísticas, objetivando a simplificação para o processo de escolha. Também são realizadas as seguintes operações: codificação, combinação, segregação, simplificação e análise. � Quando o decisor avalia o problema: nesta fase há a seleção do pros- pecto de maior valor para o indivíduo. Pode ser feita pela comparação de prospectos ou ainda pelo domínio de um sob o outro. O efeito framing ocorrerá nessa situação quando um indivíduo receber um subconjunto de informações relevantes e se concentrar somente em algumas considerações, construindo suas próprias opiniões. Por exemplo, quando confrontado com a seguinte situação, você aceitaria uma aposta que oferece 10% de chance de ganhar 95 dólares e 90% de perder cinco dólares? Ou você pagaria cinco dólares para participar de uma loteria que oferece 10% de chance de ganhar cem dólares e 90% de chance de não ganhar coisa alguma? Na verdade, as situações são iguais. A diferença está apenas na forma como são apresentadas. Contudo, a maioria das pessoas escolhe a segunda opção, porque a primeira contém a palavra “perda”. Assim, com um pequeno jogo de palavras, gera-se a incerteza no ser humano e a subjetividade no processo de decisão. A palavra “perdas” evoca sentimentos mais negativos do que “custos”. Outros exemplos: Itália e França disputaram a final da Copa do Mundo – A Itália ganhou, a França perdeu. A taxa de sobrevivência no primeiro mês é de 90% – Há 10% de mortalidade no primeiro mês. De acordo com a Teoria de Kahneman e Tversky (1979), a irracionalidade dos indivíduos está intimamente ligada à utilização de heurísticas nos processos Riscos e incertezas10 decisórios, o que pode levar a erros sistemáticos em função de processos cog- nitivos enviesados. De acordo com os autores, as três principais heurísticas são: a) representatividade; b) disponibilidade; c) ancoragem. Na heurística da representatividade, os indivíduos usam julgamentos baseados em fatos óbvios, ignorando características mais sutis. Com isso, acabam tendo uma maior insensibilidade aos tamanhos de amostras, chances de interpretar de forma errada um evento e insensibilidade a índices básicos. Na heurística da disponibilidade. os indivíduos usam fatos já conhecidos para tentar explicar sua experiência de vida. Assim essa heurística está fun- damentada em subjetividade e julgamentos baseados em consulta a emoções, recordação de experiências pessoais, entre outras. Por fim, na heurística da ancoragem as pessoas tendem a ficar presas quando computam mentalmente estimativas numéricas para quantidades incertas. Assim, os valores iniciais acabam funcionando em suas mentes como âncoras epodem ser sugeridos por antecedentes históricos ou de forma aleatória. Com essa heurística, os indivíduos podem tomar decisões erradas em função da distorção de informações e realizar a compra ou venda de ações de forma equivocada. Os vieses cognitivos, por sua vez, podem ser individuais ou coletivos e devem ser compreendidos porque podem levar a análises e decisões desastrosas tanto no âmbito pessoal quanto no empresarial. Alguns dos mais conhecidos vieses individuais que estão relacionados à subjetividade e seu impacto no risco e incerteza são o do otimismo e o do excesso de confiança, que são comumente relacionados. No viés do otimismo e do excesso de confiança, os indivíduos tendem a subestimar riscos e superestimar suas habilidades no processo de tomada de decisão, logo, há uma incerteza nesse processo que pode gerar consequências desastrosas quando da escolha de um investimento ao invés de outro. Já nos vieses coletivos, o mais comum é o “efeito manada”, que ocorre em mo- mentos de crise em que os investidores, dominados por insegurança e incerteza, acabam entrando em pânico e retirando seus recursos do mercado financeiro, porém, sem razões racionalmente explicadas ou previamente combinadas. Assim, a subjetividade atua de diversas formas no risco e na incerteza, e compreender os mecanismos que levam as pessoas a tomar decisões diferen- ciadas frente a uma mesma situação é essencial para evitar perdas e outros problemas no mercado financeiro. 11Riscos e incertezas ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. HIGGINS, R. C. Análise para administração financeira. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. KAHNEMAN, D.; TVERSKY, A. Prospect theory: an analysis of decision under risk. Econometrica, v. 47, n. 2, p. 263-291, 1979. MELO, N. [Finanças comportamentais e à teoria do prospecto]. [S.l.]: Penso, logo Invisto?, 2014. Disponível em: <http://pensologoinvisto.cvm.gov.br/financas-comportamentais- -e-a-teoria-da-perspectiva/>. Acesso em: 12 jan. 2017. MENEZES, W. F. Escolha e decisão em situação de incerteza e risco. Revista Nexos, v. 9, p. 59-106, 2012. O GLOBO ONLINE. O homem que quebrou a Bolsa de Valores do Rio. O Globo, Rio de Janeiro, 08 jul. 2008. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/o- -homem-que-quebrou-bolsa-de-valores-do-rio-3609758>. Acesso em: 12 jan. 2017. SECURATO, J. R. Decisões financeiras em condições de risco. 2. ed. São Paulo: Saint Paul, 2012. Leituras recomendadas KAHNEMAN, D. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. ROSS, S. A. et al. Administração financeira. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. Riscos e incertezas12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: Dica do professor No vídeo, você vai saber mais sobre os conceitos de risco e incerteza e como o comportamento humano é decisivo em vários aspectos para a tomada de decisão, no que se refere ao universo das finanças. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/5f8602eb1634cee8c69969328a65592c Na prática João iniciou um investimento diferente em 2017. Ele analisou dados sobre retornos de investimentos entre 2014 e 2016 – período no qual seu dinheiro estava investido na Caderneta de Poupança – e verificou que deixou de ganhar uma quantia significativa, pois a taxa básica de juros (que é um dos índices que corrige os títulos públicos, por exemplo) e a inflação oficial apresentaram valores anuais acumulados muito superiores. A questão é que João tinha medo de correr risco com suas economias e, como o cenário no país era de incerteza por conta das eleições presidenciais que normalmente alteram as estruturas do mercado financeiro, João optou pela segurança da Poupança. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/93e14863-124f-4eed-907f-02557615a7da/4a311087-c762-428e-a6a4-8159346c3138.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Qual a diferença entre Incerteza e Risco? Você sabe a diferença entre Incerteza e Risco? Se não sabe - ou se acha que é a mesma coisa - então é melhor assistir esse vídeo, porque confundir um com o outro pode levar a decisões erradas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O que são heurísticas? Atalhos mentais na tomada de decisão! O que são heurísticas? Heurísticas são atalhos mentais que influenciam na tomada de decisão. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Qual é a diferença entre risco e incerteza? No artigo de hoje, vamos falar sobre as diferenças entre riscos e incertezas na elaboração de projetos em sua organização. Sabemos que para obter sucesso em projetos na sua empresa, é necessário avaliar os riscos e as incertezas, isto é, saber identificar e diferenciar o que pode ser considerado risco e o que são as incertezas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/VSYZMMpsAzg https://www.youtube.com/embed/tM7MX9Z91Ns https://vgriscolegal.com.br/blog/riscos-e-incertezas-na-elaboracao-de-projetos/ Tipos de riscos Apresentação Os investidores, os investimentos e o mercado financeiro, como um todo, sofrem influências de diversos tipos de risco. Os riscos podem ocorrer de forma isolada ou combinada com outros que influenciarão o retorno e outras condições do investimento e as decisões de aplicação em relação aos ativos. Fatores como economia, política, ética, entre outros, podem influenciar de forma decisiva o comportamento desses ativos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá os conceitos de risco econômico e financeiro, além de alguns dos principais tipos de risco que afetam o mercado financeiro como um todo. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o risco econômico.• Discutir o conceito de risco financeiro.• Descrever alguns dos principais tipos de risco.• Infográfico Os riscos aos quais os investimentos e as empresas estão sujeitos podem ser divididos em dois grandes grupos: o risco econômico e o risco financeiro. Assim, as decisões relacionadas a investimentos devem considerar o risco econômico com base no lucro operacional (relacionado ao resultado gerado pelos ativos antes das despesas financeiras), e o risco financeiro, com base na composição do capital (relacionado ao custo de captação do capital necessário para financiar a operação, seja capital de terceiros ou capital próprio). Confira, no infográfico, mais detalhes sobre o assunto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f5432ddf-efa5-44a6-b091-6c161650061a/d6fb92ab-0e2c-442f-a49f-5eadef0b3786.jpg Conteúdo do livro As incertezas do mercado financeiro são muitas e podem afetar os investimentos, aumentar os riscos oferecidos aos investidores e os rendimentos que terão em relação ao valor aplicado. As fontes de risco podem ser derivadas de uma combinação ou de um tipo específico de risco ou de uma combinação deles. Assim, um investidor deverá levar isso em conta na hora de escolher um investimento. Nesse contexto, os dois tipos de riscos mais comuns são: risco econômico e risco financeiro. O capítulo Tipos de riscos, do livro Análise de riscos, traz os principais conceitos relativos aos tipos de risco e a como afetam asdecisões de investimento e o comportamento dos investidores. ANÁLISE DE RISCOS Tatiane Antonovz Tipos de riscos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir o risco econômico. � Discutir o conceito de risco financeiro. � Descrever alguns dos principais tipos de risco. Introdução Os investidores, os investimentos e o mercado financeiro, como um todo, sofrem influências de diversos tipos de risco. Os riscos podem ocorrer de forma isolada ou combinada com outros que influen- ciarão o retorno e outras condições do investimento e as decisões de aplicação em relação aos ativos. Fatores como economia, política, ética, entre outros, podem influenciar de maneira decisiva o compor- tamento desses ativos. Neste capítulo, você conhecerá os conceitos de risco econômico e financeiro, além de alguns dos principais tipos de risco que afetam o mercado financeiro em geral. Riscos econômicos Partindo do pressuposto de que o risco de um investimento está intimamente relacionado ao seu retorno esperado, assume-se que, quanto maior for a taxa de juro, maior será o risco envolvido nesse determinado investimento. Esta já é uma regra implícita do mercado financeiro, e, por conta dela, os investidores que procuram por investimentos com retornos mais altos já sabem que terão, em contrapartida, mais incertezas em relação ao seu dinheiro investido. Mas de onde vem essa questão do risco? Essas incertezas estariam atreladas a quê? Sobre as fontes de risco, podem ser diversas, afetar os investimentos e aumentar os riscos oferecidos aos investidores e também os rendimentos que terão em relação ao valor aplicado. As fontes de risco podem ser derivadas de um tipo específico de risco ou de uma combinação deles. Assim, um investidor deverá levar em conta os diversos tipos de risco que fazem parte do mercado financeiro na hora de escolher um investimento, além, é claro, de outras diversas questões relacionadas ao mercado, política ou outras situações que podem impactar o valor dos ativos. Nesse contexto, os riscos aos quais os investimentos e também empresas estão sujeitos podem ser divididos em dois grandes grupos, que são o risco econômico e o risco financeiro. O risco econômico, muitas vezes também denominado risco do negócio, conforme afirmam Gitman e Joehnk (2005), consiste no grau de incerteza associado aos rendimentos de um investimento e à capacidade desse in- vestimento de pagar os seus retornos prometidos ou esperados. Entre estes estariam os juros, valor principal e também os dividendos que seriam devidos aos investidores. Quando o risco do negócio se concretiza, os empresários tendem a receber retornos menores (ou até mesmo nenhum retorno), ou, ainda, detentores de dívida da empresa podem também não receber os valores devidos caso a empresa não tenha um bom despenho, ou devido às especificações legais de distribuição ou preferência na ordem do lucro. Segundo Gitman e Joehnk (2005), boa parte do risco do negócio está intimamente relacionada com a atividade principal de um dado instrumento financeiro. Em outras palavras, é verdadeiro afirmar que, por exemplo, o risco de um negócio de ações de serviços públicos é totalmente diferente do risco de negócio apresentado por empresas têxteis ou ainda de tecnologia. Empresas que atuam em setores similares têm riscos econômicos similares, mesmo que sejam geridas por pessoas diferentes e atuem em mercados diferentes, porém, a atividade é que determinará a questão do risco, ou seja, o negócio. Esse tipo de risco possui associação direta com as circunstâncias ou even- tualidades que afetam o resultado da exploração da atividade da empresa e não a permitem garantir a sua estabilidade de resultados. Tipos de riscos2 O risco econômico é assim classificado porque deriva da instabilidade corrente, ocorrida antes da função financeira. Está associado à adequação de recursos à atividade da empresa, a questões técnicas, comerciais e a outros instrumentos ligados à produção e distribuição. Riscos financeiros O risco financeiro, conforme comentam Gitman e Joehnk (2005), é aquele ligado ao grau de incerteza do pagamento atribuível à composição de passivo e patrimônio líquido que é usada para financiar um negócio. Com isso, quanto maior for a proporção de dívida utilizada para o financiamento de uma empresa, maior será o seu risco financeiro relacionado. O risco financeiro é um conceito bastante amplo e envolve outras questões relacionadas à incerteza e a eventos futuros. Assim, o risco financeiro subdivide-se em diversas categorias, dentre as quais cabe destacar o risco de mercado e o risco de crédito. O risco de mercado está diretamente associado à probabilidade de perdas em oscilações em preços e cotações. De forma mais detalhada, esse risco pode ser entendido como uma medida das perdas potenciais de um fundo de investimentos decorrentes de mudanças inesperadas como taxas de câmbio, juro, preços de ações, commodities, entre outros (DUARTE JÚNIOR, 2005). Exemplo de risco de mercado associado a terceiros, segundo Duarte Júnior (2005), pode ser entendido por um fundo de renda fixa totalmente investido em debêntures. Debêntures são títulos de dívida cujo investimento é feito em uma determinada em- presa na forma de empréstimo sem que esta seja um banco ou instituição financeira. O risco de mercado pode ser compreendido quando ocorrem perdas substanciais na taxa de juro ligada a esse fundo de investimentos. Para Duarte Júnior (2005), o risco de mercado pode ser dividido em subáreas conforme o quadro a seguir: 3Tipos de riscos Fonte: Adaptado de Duarte Júnior (2005). Risco Definição Taxas de câmbio Perdas potenciais de um fundo de investimento relacionadas com perdas inesperadas na taxa de câmbio. Quando ocorrem desvalorizações muito grandes do dólar frente à moeda nacional, é preciso buscar alternativas para que o investidor consiga compensar tais perdas cambiais. Já quando ocorre a desvalorização da moeda nacional, é comum que exista uma fuga de capitais, mas, como no Brasil, para investidores nacionais a saída desses recursos é burocrática, a maior saída de investimentos será de estrangeiros. Ações Perdas potenciais em um fundo de investimentos devido a mudanças inesperadas nos preços das ações. As ações têm uma variação muito grande, pois o seu valor depende de diversos fatores. Portanto, fundos atrelados a valores de ações costumam ter uma variação bastante alta. Commodities Prováveis perdas relacionadas com um fundo de investimentos devido a possíveis alterações inesperadas no preço das commodities. Commodities são produtos de baixo valor agregado ou pouco diferenciados, seguem um determinado preço padrão e têm negociação em bolsa internacional. Seu valor possui variação relacionada com oferta e demanda do mercado. Derivativos Perdas potenciais que um fundo de investimento pode sofrer devido ao uso de investimentos para hedge ou especulação. A estratégia de hedge é utilizada dentro do mercado financeiro com o objetivo de minimizar o risco de outros tipos de ativos como commodities, moedas ou ações. Podem ser operações de contratos futuros, opções ou termos que procuram mitigar os riscos desses ativos que sofrem grandes variações no mercado. Concentração A concentração é um tipo de risco bastante específico relacionado à não diversificação dos investimentos de um determinado fundo. Ocorre quando todos os ativos são de um mesmo tipo, por exemplo. Quadro 1. Subáreas do risco de mercado. O risco de crédito pode ser definido como uma medida de perdas potenciais de um fundo de investimentos decorrente de uma obrigação não honrada ou ainda da incapacidade de uma contraparte em honrar os seus compromissos, resultando, assim, em uma provável perda financeira (DUARTE JÚNIOR, 2005). Tipos de riscos4 Assim, esse tipo de risco está relacionado à possibilidade de, em um con- trato, uma das partesnão conseguir honrar seus compromissos e não cumprir com obrigações assumidas, deixando, desse modo, de realizar os pagamentos devidos nas datas acordadas para o vencimento da respectiva obrigação. A outra parte, por sua vez, pode estar contando com o ingresso daquele recurso como cobertura para outros compromissos e, sem que tal pagamento seja realizado, fica exposta às consequências do desencaixe provocado. Tipos de risco Como o ambiente de risco é bastante complexo, é preciso considerar que os riscos podem ser bastante diversificados e, dependendo da época, podem variar consideravelmente. Além disso, como já mencionado, os riscos podem operar de forma conjunta, provocando o surgimento de diferentes tipos de risco, que pro- movem condições ainda mais incertas. Assim, se um país enfrenta uma situação desafiadora do ponto de vista econômico, por exemplo, diversos tipos de risco podem surgir em relação aos investimentos, alguns dos quais veremos a seguir. Risco do poder de compra Esse risco, conforme apontam Gitman e Joehnk (2005), possui ligação íntima como a inflação ou, em alguns casos, com a deflação, e afeta de forma adversa os retornos dos investimentos. Assim, caso os preços estejam em alta, esse risco é configurado pela probabilidade de a inflação reduzir o poder de compra em algumas situações no mercado. A relação entre o risco do poder de compra e a inflação é bastante significativa, tanto que é, muitas vezes, também denominado risco de inflação – o que é muito apropriado, pois a variabilidade no poder de compra é um impacto da inflação. Por exemplo, no caso de commodities, em um determinado ano, pode ser possível comprar três quilos de café com um dólar e, no ano seguinte, esse mesmo dólar pode ser capaz de comprar apenas um quilo de café. Isso quer dizer que o poder de compra (real) diminuiu. Caso houvesse uma diminuição do preço, ou seja, uma deflação, o poder de compra (real) da moeda teria aumentado. 5Tipos de riscos Gitman e Joehnk (2005) afirmam que investimentos cujos valores se alte- ram com os níveis gerais de preços têm um baixo poder de compra e acabam sendo os mais lucrativos durante um período de preços em alta. Por exemplo, é possível citar os investimentos em títulos pós-fixados indexados com base na inflação ou na taxa Selic. Em contrapartida, aqueles investimentos que possuem retornos fixos aca- bam tendo um alto risco de poder de compra, porém, são mais lucrativos durante períodos de baixa inflação ou quedas de preço. Pode-se exemplificá-los com títulos prefixados do Tesouro Direto. Risco da taxa de juro Outro tipo de risco que afeta os investimentos e tem impacto direto na questão do risco é a questão da taxa de juro. Gitman e Joehnk (2005) revelam que esse tipo de risco tem um maior impacto no caso de aplicações que oferecem aos compradores um retorno periódico fixo. O risco da taxa de juro e as mudanças que envolvem essa taxa no Brasil, representada pela Selic, estão relacionados com a probabilidade de alterações adversas dessas taxas mudarem o valor do título. A própria mudança na taxa de juro, que ocorre no Brasil de maneira periódica, acaba alterando a oferta e a demanda por dinheiro e logo altera os investimentos. A taxa Selic, segundo o Banco Central do Brasil (Bacen), é uma taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados pelo Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais. Para o seu cálculo, são considerados os financiamentos diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio Selic e em outros sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de compensação e liquidação (art. 1° da Circular n°. 2.900, de 24 de junho de 1999, com a alteração introduzida pelo art. 1° da Circular n°. 3.119, de 18 de abril de 2002) (BANCO CENTRAL DO BRASIL, c2018). No ano de 2017, por exemplo, as variações das taxas fixadas após as reuniões do Comitê de Políticas Monetárias (Copom) se comportaram da seguinte forma: Tipos de riscos6 Fonte: Adaptada de Banco Central do Brasil (2017). Reunião Período de vigência Meta Selic % a.a. Taxa Selic nº Data % % a.a. 210ª 25/10/2017 26/10/2017 – 06/12/2017 7,50 0,80 7,40 209ª 06/09/2017 07/09/2017 – 25/10/2017 8,25 1,03 8,15 208ª 26/07/2017 27/07/2017 – 06/09/2017 9,25 1,05 9,15 207ª 31/05/2017 01/06/2017 – 26/07/2017 10,25 1,51 10,15 206ª 12/04/2017 13/04/2017 – 31/05/2017 11,25 1,35 11,15 205ª 22/02/2017 23/02/2017 – 12/04/2017 12,25 1,51 12,15 204ª 11/01/2017 12/01/2017 – 22/02/2017 13 1,45 12,90 203ª 30/11/2016 01/12/2016 – 11/01/2017 13,75 1,53 13,65 Tabela 2. Taxa Selic (2017). Como é possível observar, há uma variação bastante substancial do valor dessa taxa de juro. Assim, acompanhando essa variação, Gitman e Joehnk (2005) afirmam que os preços dos títulos flutuam. Quando os juros sobem, por exemplo, os investimentos que são atrelados à taxa Selic, como títulos do Tesouro Direto pós-fixados, que são os títulos denominados Tesouro Selic, passam a ser mais interessantes para o investidor. Já quando os juros baixam, as quedas na taxa Selic, em tese, beneficiam a bolsa e prejudicam investimentos do tipo renda fixa. Porém, isso não acontece de forma tão simples. E por quê? Assim como em outras questões abrangendo risco e retorno, nesse contexto, existem outros fatores envolvidos que com- plicam um pouco o raciocínio. Gitman e Joehnk (2005) afirmam que alguns títulos públicos, por exemplo, acabam não sendo prejudicados pela queda da taxa Selic. No Brasil, um 7Tipos de riscos exemplo são os títulos do Tesouro Direto do tipo prefixados que acabam, até mesmo, subindo no curto prazo enquanto as taxas de juro caem. E como isso ocorre? O impacto financeiro ocorre antes da baixa efetiva da taxa de juro. Antes mesmo do anúncio, o mercado já acompanha os rumores de que isso aconte- cerá e faz o valor dos títulos sofrer valorizações, beneficiando investimentos prefixados. Além disso, esses tipos de títulos, que apresentam garantias por se tratarem de dívidas do governo, acabam tendo uma maior procura no mercado, justamente por ofertar um menor risco se comparados com ações ou outros títulos disponíveis, o que os permite ter uma menor oscilação, garantindo a eles uma menor exposição ao risco da taxa de juros. Para Gitman e Joehnk (2005), a maioria dos instrumentos financeiros está sujeita à taxa de juro. Porém, os títulos de renda fixa são os mais afetados pelos movimentos de alta e baixa das taxas de juro, justamente porque afetam outros tipos de instrumentos financeiros de longo prazo, como ações ordinárias e fundos mútuos. Assim, quanto mais alta for uma taxa de juro, mais baixo será o valor de um instrumento de um investimento e vice-versa. Risco de liquidez Esse tipo de risco possui relação com a incapacidade de liquidação de um investimento conveniente a um preço razoável. O risco de liquidez ocorre com maior frequência em mercados limitados, ou seja, aqueles em que a oferta e a demanda são pequenas, o que pode gerar menos liquidez do que em mercados amplos. Gitman e Joehnk (2005) exemplificam que, para evitar o risco de liquidez, seria possível vender um determinando investimento cortando de forma sig- nificativa o seu preço. Porém, isso afetaria uma das suas características, que é a manutenção do preço razoável. Assim, um ativo adquirido por $ 1.000,00 não pode ser entendido como líquido se vendido, mesmo com facilidade, por $ 500,00. Instrumentos de ações e títulos negociados na Ibovespa e outras importantes bolsas do mundo têm liquidez, já que possuem facilidade em sua negociação, enquanto outros pertencentes a pequenas empresas ou ainda relacionados a um setor em declínio, não (GITMAN; JOEHNK, 2005). Tipos de riscos8 Risco moral Os investimentos, investidores e todo o mercado financeiro estão sujeitos a um outro tipo de risco bastante difícil de ser definido, que é conhecido como risco moral. Um exemplo desse tipo de risco e dadificuldade de se mensurar e compreen- der os seus efeitos ocorreu em 2009 no Brasil, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) passou a assegurar depósitos por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de até R$ 20 milhões por CNPJ para Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE). Essa situação é diferente das garantias oferecidas a pessoas físicas. Essa decisão foi tomada para dar mais tranquilidade aos investidores e permitiu que os pequenos bancos fossem beneficiados, auxiliando-os a buscar uma maior liquidez com a captação de mais recursos no mercado, pois garantiria maior confiança por parte dos investidores frente à comparação com instituições de maior porte. Porém, é aí que surge o risco moral, já que essas instituições recebem as garantias, mas podem não respeitar as regras. Ocorre que muitas delas acabam utilizando o dinheiro de seus clientes em aplicações e outros tipos de negócios e, por vezes, quebram e não conseguem garantir, apesar das condições impostas pelo governo, das quantias mínimas impostas aos poupadores, repassando o problema para o governo. Santana e Oreiro (2017) definem que o risco moral diz respeito a uma situação em que o agente (que no caso é a instituição financeira) toma a decisão de assumir determinado risco, mas as perdas associadas a esse risco acabam recaindo sobre outro agente, no caso, o próprio governo. Esse exemplo pode ser entendido pela contratação do seguro de um carro. Quando alguém faz o seguro de um veículo, passa a ser menos cuidadoso, transferindo a eventual responsabilidade sob o roubo do veículo para a segu- radora do carro. No caso das instituições financeiras e das garantias ofertadas pelo governo, pode ocorrer que as instituições, ao captarem os recursos com depósitos que protegem os investidores do risco do crédito, acabam pagando pelos recursos um valor próximo ao dos juros livres de risco. Porém, a instituição financeira aplica esses recursos em outras aplicações mais arriscadas, capazes de gerar ganhos em relação à taxa de juro. Entretanto, nessa situação, os depositantes não têm qualquer ganho em relação às operações ativas do banco, pois as operações de captação continuam próximas de uma taxa livre de risco. 9Tipos de riscos Caso não houvesse a garantia oferecida pelo governo, os credores fica- riam atentos ao perfil de risco do banco, dado pelas suas operações ativas, e exigiriam uma remuneração de acordo com esse perfil, e isso acabariam por limitar o seu apetite pelo risco. Assim, se a instituição não tem o seguro por parte do governo e ainda assim se arrisca em suas operações, maior será o custo para financiar essas operações, e isso tende a minimizar ou até a eliminar os seus ganhos relacionados a esses riscos (SANTANA; OREIRO, 2017). Nos Estados Unidos, esse risco também ficou muito evidente quando, em 2008, após a quebra do Banco Lehman Brothers, as grandes instituições financeiras do país foram socorridas pelo governo americano. Para isso, foi criado um programa de alívio de ativos problemáticos que visou dar cobertura para essas instituições utilizando, até mesmo, títulos do governo. Esse programa fez parte de um projeto de um valor total de 700 bilhões de dólares para salvar a economia americana, fragilizada depois da crise. Porém, mesmo apesar dos problemas anteriores, da ajuda dada pelo governo e pelos incontáveis problemas gerados pelas instituições, elas continuaram e continuam realizando empréstimos de alto risco com juros altos e sem aumento da oferta de crédito, caracterizando, uma vez mais, o risco moral. Gitman e Joehnk (2005) citam que o risco moral existe também em organizações, logo o investimento em suas ações também pode ser compro- metido por esse tipo de risco. Ele pode ser originado de práticas antiéticas, por parte de gestores e funcionários, como o superfaturamento de despesas e manipulação de demonstrações financeiras. A maior justificativa utilizada é que a prática da “contabilidade criativa”, como também é conhecida, é utilizada para causar boa impressão nos analistas de mercado que avaliam essas empresas. O risco moral pode ser minimizado, segundo Gitman e Joehnk (2005), em um primeiro momento, com a conscientização, por meio de códigos de ética que estabelecem, nas organizações, o que é certo e o que é errado. Nesse contexto, algumas empresas estabelecem um instrumento chamado código de conduta, com mais ênfase nas melhores práticas de mercado. Outras formas de evitar, mitigar e enfatizar a questão do risco moral nas organizações é aplicar testes de ética na contratação de novos colaborado- res, treinamentos na área de ética de seus gerentes de nível intermediário e proteção a funcionários que façam denúncias por questionamentos éti- cos. Adicionalmente, algumas organizações estabelecem diretorias éticas e consideram a ética de seus gestores dentro da questão da avaliação de seu desempenho. Tipos de riscos10 BANCO CENTRAL DO BRASIL. Histórico das taxas de juros. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/Pec/Copom/Port/taxaSelic.asp>. Acesso em: 11 nov. 2017. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Taxa Selic: definição. Brasília, DF, c2018. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/htms/selic/conceito_taxaselic.asp?idpai=SELICTAXA>. Acesso em: 11 nov. 2017. DUARTE JÚNIOR, A. M. Gestão de riscos para fundos de investimentos. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2005. GITMAN, L. J.; JOEHNK, M. D. Princípios de investimentos. São Paulo: Addison Wesley, 2005. SANTANA, R. M.; OREIRO, J. L. O depósito a prazo com garantia especial e o risco moral nos bancos brasileiros: uma análise empírica com dados de painel. Revista Práticas de Administração Pública, Santa Maria, v. 1, n. 1, p. 42-73, 2017. 11Tipos de riscos Conteúdo: Dica do professor No vídeo, saiba um pouco mais sobre os tipos de riscos do mercado financeiro e como eles afetam as organizações e a economia do país como um todo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/22439b8b0666983faa7ce04d19945f46 Na prática João é gestor financeiro de uma fábrica de suco de laranja, que atende à demanda nacional e também exporta. A empresa está avaliando a possibilidade de investir na expansão das operações, com a implantação de uma nova unidade. No entanto, a decisão sobre esse investimento envolve a viabilidade econômica e financeira do negócio, em um contexto do qual fazem parte diferentes tipos de risco. Com isso em mente, João realizou o mapeamento dos possíveis riscos para que ele e os demais diretores da empresa possam avaliar o investimento pretendido. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Porém, a empresa acaba de fechar um grande contrato de fornecimento de suco de laranja via exportação, que demandará um considerável aumento em sua capacidade produtiva. Entre as cláusulas do contrato, está a garantia de consumo durante o período equivalente ao tempo de pagamento do financiamento da construção da fábrica (capaz de gerar resultado suficiente para cobrir o financiamento e seus juros), restando ainda uma considerável parcela de lucro, que poderá ser distribuída entre os sócios ou reinvestida na empresa. Além disso, com esse contrato firmado, a empresa afasta o potencial risco da falta de demanda ou a concorrência, pois o consumo de grande parte de sua produção já está garantido. João e os demais diretores sabem que a questão cambial, que pode gerar o chamado risco de câmbio, permanecerá existindo. No entanto, tendo em vista o significativo resultado que o contrato de exportação gerará, a decisão da empresa foi favorável à implantação da nova fábrica. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Três principais tipos de risco encontrados no mercado Assista ao vídeo sobre os principais conceitos relativos aos tema. Apontea câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Três principais tipos de risco O vídeo apresenta como os riscos afetam os investimentos e as características de cada um deles. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O que é Risco dos Investimentos, tipos e dicas para amenizá-los Neste site você entenderá melhor o que é o risco dos investimentos e como reduzi-lo ao máximo? Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/JIYd8eMa7Ds?rel=0 https://www.youtube.com/embed/7OFPeEQ6hjg?rel=0 https://www.btgpactualdigital.com/blog/investimentos/o-que-e-risco-dos-investimentos/amp Condicao de Certeza e Risco Apresentação Embora lidemos com o risco todos os dias em suas mais variadas formas, sua conceituação é muito difícil. Além do problema da conceituação, existe uma grande dificuldade em estabelecermos a aversão ao risco. Situações que podem parecer de alto risco para uma pessoa poderão ser consideradas aceitáveis para outras. Esta variedade de posturas em relação ao risco é o que permite, muitas vezes, a ocorrência de negócios. As diferentes perspectivas, geradas por diferentes conjuntos de informações, estabelecerão o nível de risco de um evento. Por isso, a análise dos riscos é fundamental em todas as decisões financeiras, em especial àquelas relacionadas com investimentos de capital. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender o conceito de risco em um projeto e saber como lidar com ele por meio das técnicas utilizadas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o conceito de risco.• Reconhecer o grau de risco e incerteza em análises de projetos.• Analisar algumas técnicas de análises quantitativas utilizadas em situações de risco.• Infográfico O valor monetário esperado (VME) é uma técnica de gerenciamento de riscos que pode ser usada para ajudar a quantificar e a comparar os riscos em vários aspectos de um projeto. O VME é uma técnica de análise quantitativa dos riscos porque é baseada em números específicos e quantificáveis para a realização dos cálculos ao invés de aproximações como alto, médio e baixo. • Pr = Probabilidade de o risco ocorrer. • PI = Probabilidade de o risco impactar o projeto se ele ocorrer. (Normalmente, a maioria dos projetos não utiliza este componente de cálculo, porque supõem que os riscos identificados terão a probabilidade de 100% ou bem próximo de impactar o projeto.) • I = Impacto no projeto se o risco ocorrer. Este risco pode ser fracionado em maiores detalhes, como: • Ic = Impacto em relação ao custo. • Ie = Impacto em relação ao empenho. • Icr = Impacto em relação ao cronograma. Se você usar está técnica para todos os riscos, você terá uma análise do projeto para apresentar e poderá solicitar uma reserva de contingência para cobrir o impacto dos riscos no projeto se um ou mais riscos ocorrerem. Vamos supor que você identificou seis riscos em um projeto, veja algumas observações importantes na análise de risco, conforme o Infográfico a seguir: Conteúdo do livro No trecho da leitura selecionado, a autora afirma que o risco é uma forma convencional de expressar incerteza sobre possíveis resultados. Com a diminuição da incerteza, torna-se possível quantificar os riscos com exatidão. Acompanhe a leitura do capítulo Condição de Certeza e Risco da obra "Engenharia Econômica", que serve como base de leitura desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura! ENGENHARIA ECONÔMICA Aline Alves João Guterres de Mattos Iraneide S. S. Azevedo Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A474e Alves, Aline. Engenharia econômica / Aline Alves, João Guterres de Mattos, Iraneide S. S. Azevedo. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 237 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-056-6 1. Engenharia econômica. 2. Administração financeira. I. Mattos, João Guterres de. II, Azevedo, Iraneide S. S. III. Título. CDU 658.15 Engenharia_economica_Iniciais_Impressa.indd 2 14/03/2017 16:12:24 Condição de risco e certeza Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: n Identifi car o conceito de risco. n Reconhecer o grau de risco e incerteza em análises de projetos. n Analisar algumas técnicas de análises quantitativas utilizadas em si- tuações de risco. Introdução Embora tenhamos que lidar com o risco em suas mais variadas formas e todos os dias, conceitua-lo é muito difícil. Além do problema da conceituação, existe uma grande dificuldade em estabelecer a aver- são ao risco. Por exemplo, situações que podem parecer de alto risco para uma pessoa poderão ser consideradas aceitáveis para outras. Essa variedade de posturas em relação ao risco é que permite, muitas vezes, a ocorrência de negócios. As diferentes perspectivas, geradas por diferentes conjuntos de informações, é que estabelecerão o nível de risco de um determinado evento. Por isso, a análise dos riscos é fundamental em todas as decisões financeiras, em especial àquelas relacionadas aos investimentos de capital. Neste texto, você irá conhecer o conceito de risco em um projeto e aprender como lidar com ele a partir das técnicas disponíveis. Definição de risco O risco é uma forma convencional de expressar a incerteza sobre possíveis resultados. Com a diminuição da incerteza, torna-se possível quantifi car com exatidão os riscos. Ao contrário, um aumento nos níveis de ambiguidade, incerteza e complexidade de um sistema acarretará no aumento da difi culdade de identifi car perfeitamente ou quantifi car todos os riscos em potencial. Engenharia_economica_U4_C03.indd 228 14/03/2017 13:55:42 Na análise de investimentos, há risco quando as probabilidades das varia- ções dos fluxos de caixa são conhecidas. Quanto mais previsíveis forem as entradas e as saídas de um projeto, menor será o risco envolvido na decisão. Tipos de decisão Veja, a seguir, os tipos de decisão: Decisão com certeza: quando se escolhe a alternativa a ser tomada e já se sabe se o resultado final é bom ou não. Ex: receber como prêmio um automóvel. Decisão com incerteza: quando se escolhe uma alternativa e não se sabe se a opção será acertada ou não. Ex: compra ações, aquisições de imóveis, etc. A Figura 1, ilustra os conceitos de decisão com certeza e decisão com incerteza. Figura 1. Decisão de risco e decisão de incerteza. Fonte: Caetano ([c2017]). Risco da análise de viabilidade financeira de um projeto Para fazer a análise de viabilidade fi nanceira de um projeto, você precisa ter à sua disposição o fl uxo de caixa (FC) fi nanceiro do projeto. 229Condição de risco e certeza Engenharia_economica_U4_C03.indd 229 14/03/2017 13:55:43 Na análise do projeto, a única certeza possível é o valor do investimento inicial. Todas as futuras entradas e saídas de caixa são projeções. Assim, a determinação da atratividade de um projeto ou investimento será sempre uma estimativa. Devido às diversas naturezas do risco, nunca teremos a certeza absoluta quanto à ocorrência dos valores esperados. Ainda assim, as decisões quanto ao melhor projeto deverão ser tomadas. Por isso, uma correta percepção dos riscos envolvidos é essencial para minimizar a probabilidade de erro dessa escolha. Você pode, então, perceber que a decisão de investimento vai além de um simples cálculo dos valores presentes líquidos ou da taxa interna de retorno dos FC. Existem diversas fontes de incertezas que devem ser investigadas para tentar reduzir as ameaças de êxito de um projeto. Essas ameaças podem impactar o projeto e alterar os valores do FC que foram utilizados para a análise de viabilidade, podendo comprometer os resultados e o sucesso do projeto. O risco é parte integrante do processo de investimento e faz parteda própria vida, sendo impossível eliminá-lo, seja porque não é possível coletar todas as informações relevantes, ou porque não é possível prever o futuro. Em termos de investimento, há risco quando existe a possibilidade de ocorrer variações no retorno associado a uma determinada alternativa. A hipótese de que os fluxos são conhecidos com certeza (ou seja, de que não há possibilidade de variabilidade) não é verdadeira nas situações reais. A Figura 2 ilustra o risco dos projetos. Figura 2. Risco em projetos. Fonte: Villarroel (c2017). Engenharia econômica230 Engenharia_economica_U4_C03.indd 230 14/03/2017 13:55:43 Quanto mais incertezas houver em um determinado projeto, maiores serão os riscos, e quanto mais se reduz as incertezas, menor é o risco. Análise quantitativa dos riscos As situações de incerteza absoluta, ou seja, quando há desconhecimento completo sobre a possibilidade de ocorrência, são de reduzido interesse na análise de projetos. Com o objetivo de mensurar os riscos envolvidos nos projetos, os analistas têm desenvolvido procedimentos de análise dos riscos. A seguir você verá o uso de três técnicas usadas na avaliação de risco e certeza. Fluxo de caixa sob condições de certeza Quando existem condições de certeza, pode-se declarar que cada contribuição do FC, desde o ano zero ao n, assume um e um só valor. O valor presente líquido (VPL), neste caso, assume também um e um só valor, função apenas da taxa mínima de atratividade (TMA). Se o VPL for igual ou superior a zero, diz-se que o empreendimento é viável; caso o contrário, se o VPL for inferior, diz-se que o empreendimento é inviável. As mesmas considerações são válidas em relação ao valor futuro líquido ou valor atual líquido. Você pode fazer o uso das tabelas financeiras utilizando o programa disponível no link a seguir (BORBA, 2017): <miltonborba.org/MAT/Tab_Fin.xls> 231Condição de risco e certeza Engenharia_economica_U4_C03.indd 231 14/03/2017 13:55:43 Imagine um empreendimento em que se tem interesse de recuperar o investimento em três anos, admitindo-se uma TMA igual a 10% a.a. Suponha que sejam as seguintes as contribuições desse FC: Investimento Ano 0 = –1.650 Receita líquida Ano 1 = +1.000 Receita líquida Ano 2 = +1.150 Receita líquida Ano 3 = +1.250 A representação gráfica do FC seria: Verificação da viabilidade do empreendimento: VPL = −1.650 + 1.000.(P/A,10%,1) + 1.150 (P/A,10%,2) + 1.250.(P/A,10%,3) Obs: (P/A, i%,n) pode ser encontrada facilmente em tabelas financeiras ou com o uso da fórmula: VPL = −1.650 + 1.000.0,9091 + 1.150. 0,8264 + 1.250.0,7513 VPL = + 1.149,00 Como VPL > 0, pois +1.149 > 0, conclui-se que o empreendimento é viável. Análise do valor monetário esperado A análise do valor monetário esperado (VME) envolve a avaliação numérica da probabilidade e do impacto. O VME é uma avaliação estatística do valor do risco, não uma previsão de custos fi nal considerando a ocorrência ou não do risco. VME = ∑ (probabilidade de ocorrência) × (valor em risco) Avaliação do valor monetário esperado Na avaliação do VME, temos o seguinte: Engenharia econômica232 Engenharia_economica_U4_C03.indd 232 14/03/2017 13:55:43 n Melhor caso – acontecem todas as coisas boas nenhuma má. n Pior caso – acontecem todas as coisas más e nenhuma boa. O valor final provavelmente ficará entre o melhor e o pior caso, e o VME no nível de projeto será igual à soma dos valores esperados de cada evento do risco. O VME pode ser usado também em conjunto com a árvore de decisão. O orçamento base de um projeto é de $ 5.000.000. Veja a lista completa dos eventos de riscos desse projeto. Eventos de riscos Probabilidade x impacto Valor esperado Fornecedores entram em greve durante o projeto 50% +$ 500.000 +$ 250.000 Protótipo funciona de primeira 20% −$ 200.000 −$ 40.000 Tempestade de neve em março 90% $ 5.000 +$ 4.500 Valor esperado total dos riscos de projetos = $ 214.500 Orçamento base do projeto atualizado = $ 5.214.500 Melhor caso: valor base menos a soma de todas as oportunidades Pior caso: valor base mais a soma de todas as ameaças Eventos de riscos Probabilidade x impacto Valor esperado Fornecedores entram em greve durante o projeto 50% +$ 500.000 “ameaça” +$ 250.000 Protótipo funciona de primeira 20% −$ 200.000 “oportunidade” −$ 40.000 Tempestade de neve em março 90% $ 5.000 “ameaça” +$ 4.500 Melhor caso: $ 5.000.000 − $ 200.000 = $ 4.800.000 Pior caso: $ 5.000.000 + $ 500.000 + $ 5.000 = 5.505.000 233Condição de risco e certeza Engenharia_economica_U4_C03.indd 233 14/03/2017 13:55:43 Árvore de decisão A árvore de decisão trata-se de uma forma de descrever, por meio de um diagrama, a estrutura de uma decisão, e sistematizar a análise e suas alter- nativas de implicação. Para a construção da árvore é necessário que todas as incertezas estejam quantifi cadas, incluindo custos de cada alternativa de decisão, probabilidades de ocorrência e valores (de ganho ou perda) para todos os resultados possíveis de cada evento de risco. Você viaja regularmente do Rio de Janeiro a Manaus, a negócios. Historicamente, o departamento de contabilidade sempre lhe recomendou voar pela Cia A, por questões de economia. O percurso Rio-Manaus custa R$750,00. Você preferia voar pela Cia B, que tem um ótimo programa de milhagem e a comida é melhor, mas nesse caso o preço da passagem é R$1.000,00. Se você chegar em Manaus em tempo, não vai incorrer em custos extras. Quando você chega atrasado, sua empresa precisa hospedar você em um hotel local (em vez de retornar no mesmo dia) a um custo extra de R$250,00. A empresa também perde um dia seu de trabalho, ao custo de R$800,00/dia. A Cia A tem um histórico de chegada no horário de 60% nesse trecho. A Cia B tem um histórico de chegada no horário de 90% nesse trecho. Por qual Cia aérea você deve viajar? Veja na Figura 3 a árvore de decisão. Cia A: VME = $1.170 Cia B: VME = $1.105 A Cia B, foi a que ofereceu o menor custo. É a companhia aérea mais vantajosa. Engenharia econômica234 Engenharia_economica_U4_C03.indd 234 14/03/2017 13:55:44 Aprenda a montar os cenários das árvores de decisão, acessando Planilheiros (2016): <https://goo.gl/2vjTlI> 1. Considerando o quadro de riscos a seguir, qual seria a melhor sugestão de reserva de contingência para o projeto? Fator de risco Probabilidade (%) Impacto no orçamento A 50 10.000,00 B 35 15.000,00 C 45 −5.000,00 a) A reserva de contingência para o projeto pode ser estabelecida em R$ 8.000,00. b) A reserva de contingência para o projeto pode ser estabelecida em R$ 5.000,00. c) A reserva de contingência para o projeto pode ser estabelecida em R$ –7.000,00. d) A reserva de contingência para o projeto pode ser estabelecida em R$ 25.000,00. e) A reserva de contingência para o projeto pode ser estabelecida em R$ 20.000,00. 2. A seguir, você pode ver os FC de um projeto em que se tem interesse de recuperar o investimento em três anos, admitindo-se uma TMA igual a 10% a.a. Qual a alternativa correta a respeito da viabilidade do projeto? Fluxo de caixa Investimento Ano 0 = −1.500 Receita líquida Ano 1 = +900 Receita líquida Ano 2 = +850 Receita líquida Ano 3 = +1.000 a) VPL = −323,14, o projeto é viável. b) VPL = −803,56, o projeto é inviável. c) VPL = +771,93, o projeto é viável. d) VPL = +671,73, o projeto é inviável. e) VPL = +877,93, o projeto é viável. 3. Assinale a alternativa correta a respeito da análise de risco em investimentos. a) A única certeza que é possível ter é o valor dos FC. b) Devido às diversas naturezas do risco, sempre temos a certeza absoluta quanto à ocorrência de valores esperados. c) O risco é parte integrante do processo de investimento. 235Condição de risco e certeza Engenharia_economica_U4_C03.indd 235 14/03/2017 13:55:44 d) O risco faz parte da própria vida, mas é possível eliminá-lo. e) A determinação da atratividade de um projeto ou investimentonem sempre será estimativa de possíveis valores. 4. O orçamento base de um empreendimento é de $ 5.000.000. Analise a tabela sobre os eventos de riscos desse empreendimento. Eventos de riscos Probabilidade × Impacto Valor esperado Fornecedores entram em greve durante o empreen- dimento 30% +$ 300.000 “ameaça” +$ 250.000 Protótipo funciona de primeira 40% −$ 100.000 “oportunidade” −$ 40.000 Queda de granizo ocorre em maio 80% $ 4.000 “ameaça” +$ 4.500 Com base nesse cenário, qual seria o melhor caso e o pior caso, respectivamente? a) $ 4.900.000; $ 5.304.000. b) $−5.230.000; $ 553.200. c) $−6.050.000; $ 4.153.200. d) $ 3.900.000; $ 53.200. e) $ 3.900.000; $ 4.304.000. 5. Considere o quadro de riscos a seguir. Fator de risco Probabilidade (%) Impacto no orçamento X 50 20.000,00 Y 35 10.000,00 Z 45 −6.000,00 Qual o valor do VME para o fator de risco X, Y e Z, respectivamente? a) +4.500,00; −4.650,00; +1.500,00. b) +2.500,00; −2.100,00; −3.500,00. c) +5.500,00; −2.700,00; −3.700,00. d) +15.000,00; + 5.500,00; −4.700,00. e) +10.000,00; + 3.500,00; −2.700,00. Engenharia econômica236 Engenharia_economica_U4_C03.indd 236 14/03/2017 13:55:44 BORBA, M. P. Tabelas financeiras. Joinville: UFSC, 2017. Disponível em: <miltonborba. org/MAT/Tab_Fin.xls>. Acesso em: 02 mar. 2017. CAETANO, M. A. L. Métodos quantitativos: aula 1. São Paulo: Insper Ibmec, [c2017]. Disponível em: <http://www.mudancasabruptas.com.br/metquant1.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2017. PLANILHEIROS. EXCEL em 5 minutos: gráfico tree map (mapa de arvore). [S.l.]: YouTube, 2016. 1 vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZAQwF0yW50M>. Acesso em: 02 mar. 2017. VILLARROEL, J. Risco. [S.l.]: SlidePlayer, 2017. Disponível em: <http://slideplayer.com. br/slide/1348338/>. Acesso em: 02 mar. 2017. Leituras recomendadas CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos: matemática finan- ceira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ELETROBRÁS. Análise econômica de investimento: guia básico. Brasília, DF: IEL/ NC, 2008. Disponível em: <http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/con- teudo_18/2014/04/22/6281/Analise_economica.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2017. GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. HIRSCHFELD, H. Engenharia econômica e análise de custos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. PEREIRA, A. L. Riscos e incertezas associados aos investimentos no mercado financeiro. Periódico Científico Negócios em Projeção, v. 5, n. 2, dez. 2014. Disponível em: <http:// revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao1/article/viewFile/408/365>. Acesso em: 01 mar. 2017. 237Condição de risco e certeza Engenharia_economica_U4_C03.indd 237 14/03/2017 13:55:44 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Na Dica do professor, você vai ver o risco e algumas técnicas usadas para analisá-lo. Assista e acompanhe! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/6dc7ab46a024965513b6c19cfe412a82 Na prática De maneira geral, a análise de riscos é feita levando em consideração dois fatores principais: - Probabilidade - Impacto. Basicamente você deve analisar a chance de um risco acontecer (probabilidade) e quanto esse risco vai influenciar na sua empresa se de fato acontecer (impacto). Agora você verá um exemplo prático por meio dos passos que um gerente seguiu para fazer a análise de riscos de sua empresa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Engenharia Econômica Leia a pagina 12 onde aborda o assunto sobre Interpretação sobre certezes, riscos e incertezas Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Matematica Financeira Leia o capítulo 10, referente à Analise de investimentos, que aborda assuntos como certezas e riscos para seus investimentos e financeiro Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Histórico da PO Apresentação Esta Unidade de Aprendizagem irá tratar de temas introdutórios à Pesquisa Operacional, tendo como principais objetivos um breve histórico sobre ela, um enfoque sobre a Pesquisa Operacional como ferramenta de suporte à tomada de decisão e alguns tópicos iniciais sobre decisão. O termo Pesquisa Operacional (PO) designa uma área do conhecimento que consiste no desenvolvimento de métodos científicos de sistemas complexos, com a finalidade de prever e comparar estratégias ou decisões alternativas cujo objetivo é dar suporte a decisões e determinação de ações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os conceitos básicos relativos à Pesquisa Operacional.• Reconhecer as terminologias associadas ao tema (PO).• Identificar as origens e o desenvolvimento da Pesquisa Operacional.• Infográfico Veja no infográfico as principais características do processo de decisão. Conteúdo do livro A partir da Revolução Industrial, o mundo vem observando o desenvolvimento extraordinário do tamanho e da complexidade das organizações. Pequenas oficinas tornam-se grandes corporações e a divisão do trabalho e a responsabilidade gerencial foi peça importante neste desenvolvimento.Acompanhe um trecho da obra"Introdução à Pesquisa Operacional" de Hillier e Lieberman (2013).O livro, que está na sua 9ª edição, servirá de base teórica para a nossa Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. ANOS EDIÇÃO DEANIVERSÁRIO INTRODUÇÃO À PESQUISA OPERACIONAL FREDERICK S. HILLIER GERALD J. LIEBERMAN Métodos de Pesquisa Esta nova edição de conta com os fundamentos mais atuais da área, amigáveis e maior cobertura de aplicativos de negócios, um extenso conjunto de problemas aplicáveis à realidade e casos para análise. O ponto forte desta 9ª edição é a parceria com a associação profissional internacional mais importante da área, o Institute of Operations Research and the Management Sciences (INFORMS). Essa união resultou em um texto mais completo e profundo,além de acesso aos artigos de excelência de profissionais e estudantes de PO nos campos analítico e quantitativo. Destaques: • Aplicações de PO de grande impacto apresentadas nos 100 artigos na íntegra fornecidos pela INFORMS. • Cerca de 200 problemas novos ou revisados. • Nova seção sobre administração de receitas. • Versões educacionais do LINDO e LINGO, com formulações e resoluções para todos os exemplos relevantes do livro. • Versões educacionais do MPL e seu excelente solucionador CPLEX,com umTutorial MPL e formulações e resoluções MPL/CPLEX. Introdução à Pesquisa Operacional softwares COLLINS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em Administração, 2.ed. COOPER, D.R.; SCHINDLER, P.S. Métodos de Pesquisa em Administração, 10.ed. HAIR JR., J.F.; BLACK,W.C.; BABIN, B.J.;ANDERSON, R.E.;TATHAM, R.L. Análise Multivariada de Dados, 6.ed. HAIR JR., J.F.; BLACK,W.C.; BABIN.; MONEY,A.H.; SAMOUEL, P. Fundamentos de Métodos de Pesquisa em Administração. RENDER, B.; STAIR JR., R.M.; HANNA, M.E. Análise Quantitativa para Administração, 10.ed. SAMPIERI, R.H.; COLLADO, C.F.; LUCIO, P.B. Metodologia de Pesquisa, 3.ed. SILVERMAN, D. YIN, R.K. Estudo de Caso, 4.ed. Um Livro Bom, Pequeno e Acessível sobre Pesquisa Qualitativa HILLIER, F.S.; LIEBERMAN, G.J. Introdução à Pesquisa Operacional, 9.ed. www.grupoa.com.br 0800 703 3444 MÉTODOS DE PESQUISA www.grupoa.com.br R e c o r te a q u i o s e u m a r c a d o r d e p á g in a F r e d e r ic k S . H illie r • G e r a ld J. L ie b e r m a n IN T R O D U Ç Ã O À P E S Q U IS A O P E R A C IO N A L IN T R O D UÇ Ã O À P E S Q U IS A O P E R A C IO N A L F r e d e r ic k S . H illie r G e r a ld J. L ie b e r m a n 9ª EDIÇÃO A Bookman Editora é parte do Grupo A, uma empresa que engloba diversos selos editoriais e várias plataformas de distribui- ção de conteúdo técnico, científico e profis- sional, disponibilizando-o como, onde e quando você precisar. O Grupo A publica com exclusividade obras com o selo McGraw-Hill em língua portuguesa. Material online Visite o site www.grupoa.com.br e obtenha versões atualiza- das de de pesquisa operacional, glossário, planilhas em Excel para resolução de problemas e outros materiais,em português e inglês,deste livro. softwares Material de apoio ao professor Visite a Área do Professor no site e tenha acesso à biblioteca de imagens, em português, apresentações em PowerPoint, manual de soluções, capítulos e casos adicionais e outros materiais exclusivos,em inglês,deste livro. 38282_Introducao_a_Pesquisa_Operacional.ps D:\Produção\AMGH\38282_Introducao_a_Pesquisa_Operacional\Arquivos abertos\38282_Introducao_a_Pesquisa_Operacional.cdr quinta-feira, 2 de agosto de 2012 16:52:55 Perfil de cores: Desativado Composição Tela padrão H654i Hillier, Frederick S. Introdução à pesquisa operacional [recurso eletrônico] / Frederick S. Hillier, Gerald J. Lieberman ; tradução Ariovaldo Griesi ; revisão técnica Pierre J. Ehrlich. – 9. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8055-119-8 1. Matemática. 2. Pesquisa operacional. I. Lieberman, Gerald J. II. Título. CDU 519.8 Catalogação na publicação: Fernanda B. Handke dos Santos – CRB 10/2107 1.1 A ORIGEM DA PESQUISA OPERACIONAL Desde o advento da Revolução Industrial, o mundo presencia o crescimento extraordinário no ta- manho e na complexidade das organizações. As pequenas oficinas de artesãos de outrora evoluíram para as corporações bilionárias de hoje. Um fator crucial para essa mudança foi o extraordinário aumento na divisão do trabalho e a segmentação das responsabilidades gerenciais nessas organiza- ções. Os resultados foram espetaculares. Entretanto, junto com os pontos positivos, essa crescente especialização criou novos problemas, que ainda ocorrem em muitas organizações. Um deles é a tendência das diversas unidades de uma organização formarem impérios relativamente autônomos com seus próprios objetivos e sistemas de valor, perdendo, consequentemente, a visão de como suas atividades e objetivos se entremeiam com aquelas da organização como um todo. O que é melhor para uma das unidades com frequência é prejudicial à outra, o que pode levar a objetivos conflitantes. Um problema decorrente é que, à medida que aumentam a complexidade e a especia- lização, torna-se cada vez mais difícil alocar os recursos disponíveis para as diversas atividades da maneira mais eficiente para toda a organização. Esses tipos de problema e a necessidade de encon- trar o melhor caminho para solucioná-los criaram as condições necessárias para o surgimento da pesquisa operacional (comumente referida como PO). As origens da PO remontam a décadas,1 quando tentou-se uma abordagem científica da gestão das organizações. Porém, o início da atividade, denominada pesquisa operacional, geralmente é atribuído às ações militares nos primórdios da Segunda Guerra Mundial. Em razão da guerra, havia a necessidade premente de alocar de forma eficiente os escassos recursos para as diversas operações militares. Por con- sequência, os comandos britânico e norte-americano convocaram grande número de cientistas para lidar com este e outros problemas táticos e estratégicos. Na prática lhes foi solicitada a realização de pesquisas sobre operações (militares). Essas equipes de cientistas foram as primeiras da área de PO. Utilizando métodos eficientes de emprego da nova ferramenta radar, essas equipes contribuíram para a vitória da Batalha Aérea na Grã-Bretanha. Por intermédio dessas pesquisas sobre como melhor administrar ope- rações de comboio e antissubmarinos, esses cientistas determinaram a vitória da Batalha do Atlântico Norte. Esforços semelhantes ajudaram na Campanha Britânica no Pacífico. Quando a guerra acabou, o sucesso da PO no empreendimento bélico despertou interesse na sua aplicação fora do ambiente militar. À medida que o boom industrial pós-guerra progredia, os problemas causados pela crescente complexidade e especialização nas organizações ganharam novamente o pri- meiro plano. Tornava-se aparente para um número cada vez maior de pessoas, entre elas consultores de negócios que trabalharam nas equipes de PO ou em conjunto com elas durante a guerra, que estes eram basicamente os mesmos problemas que tinham enfrentado os militares, porém, agora, em um contexto diferente. No início dos anos 1950, esses indivíduos haviam introduzido a PO nas diversas organiza- ções dos setores comercial, industrial e governamental. Sua rápida disseminação veio a seguir. 1 A Referência Selecionada 2 apresenta uma história interessante sobre a pesquisa operacional, que remonta a 1564. Ela descreve um número considerável de contribuições científicas no período entre 1564 e 1935, que influenciaram o posterior desenvolvimento da PO. 1C A P Í T U L O Introdução Hillier_01.indd 1Hillier_01.indd 1 29/06/12 08:5329/06/12 08:53 2 INTRODUÇÃO À PESQUISA OPERACIONAL Identificam-se pelo menos dois fatores que desempenharam papel fundamental no rápido cresci- mento da PO nesse período. O primeiro foi o progresso substancial das técnicas da PO. Após a guerra, muitos dos cientistas que haviam participado das equipes de PO ou que ouviram falar a esse respeito motivaram-se para desenvolver pesquisas relevantes nesse campo, o que resultou em avanços rumo ao que havia de mais novo. Um exemplo essencial é o método simplex para solução de problemas com programação linear, desenvolvido por George Dantzig, em 1947. Várias ferramentas padrão da PO, como programação linear, programação dinâmica, teoria das filas e teoria do inventário, atingiram um estado relativamente bem desenvolvido antes do final dos anos 1950. Um segundo fator que deu grande ímpeto ao crescimento desse campo foi a “avalanche” da revolução computacional. Requer-se grande volume de processamento de cálculos para o trata- mento eficiente dos problemas complexos normalmente considerados pela PO. Fazer isso à mão estaria fora de cogitação. Portanto, o desenvolvimento de computadores eletrônicos digitais, com capacidade de realizar cálculos matemáticos milhões de vezes mais rapidamente que o ser humano, impulsionou muito a PO. Outro estímulo surgiu nos anos 1980, com a criação de computadores pessoais cada vez mais poderosos, munidos de excelentes pacotes de software para a PO. Assim, a PO ficou ao alcance de um número muito maior de pessoas e esse progresso acelerou-se mais na década de 1990 e no século XXI. Hoje, milhões de pessoas têm pronto acesso a softwares de PO. Portanto, uma enorme gama de computadores, de mainframes a laptops, é utilizada no dia a dia para solucionar problemas relativos à PO, inclusive os mais complexos. 1.2 A NATUREZA DA PESQUISA OPERACIONAL Como o próprio nome indica, a pesquisa operacional envolve “pesquisa sobre operações”. Portanto, a PO é aplicada a problemas que compreendem a condução e a coordenação das operações (isto é, as atividades) em uma organização. A natureza das organizações é essencialmente secundária e, de fato, a PO tem sido amplamente aplicada em áreas tão distintas como manufatura, transportes, construção, telecomunicações, planejamento financeiro, assistência médica, militar e serviços públicos, somente para citar algumas delas. Portanto, a gama de aplicações é excepcionalmente grande. Parte do termo significa que a pesquisa operacional usa uma abordagem que relembra a ma- neira pela qual são conduzidas as pesquisas em campos científicos usuais. Em grau considerável, o método científico é utilizadopara investigar o problema empresarial (de fato, a expressão ciências da administração é algumas vezes usada como sinônimo de pesquisa operacional). Em particular, o processo tem início observando-se e formulando-se cuidadosamente o problema, incluindo a coleta de dados relevantes. A próxima etapa é construir um modelo científico (tipicamente matemático) que tenta abstrair a essência do problema real. Parte-se, então, da hipótese de que esse modelo é uma re- presentação suficientemente precisa das características essenciais da situação e de que as conclusões (soluções) obtidas do modelo também são válidas para o problema real. A seguir, são realizadas ex- perimentações adequadas para testar essa hipótese, modificá-la conforme necessário e, por fim, veri- ficar alguma forma da hipótese (essa etapa é frequentemente conhecida como validação do modelo). Assim, até certo ponto, a pesquisa operacional envolve a pesquisa científica criativa das propriedades fundamentais das operações. Entretanto, há outros fatores além desse. Especificamente, a PO tam- bém trata da gestão prática da organização. Portanto, para ser bem-sucedida, a PO também precisa, quando necessário, fornecer conclusões positivas e inteligíveis para o(s) tomador(es) de decisão. Outra característica da PO é seu ponto de vista abrangente. Conforme ficou implícito na seção anterior, a PO adota um ponto de vista organizacional. Assim, tenta solucionar os conflitos de interes- ses entre as unidades de modo que seja a melhor solução para a organização como um todo. Isso não implica que o estudo de cada problema deva considerar explicitamente todos os aspectos da organiza- ção; ao contrário, os objetivos devem ser consistentes com aqueles de toda a organização. Uma característica a mais é que a PO tenta, frequentemente, encontrar uma melhor solução (co- nhecida como solução ótima) para o modelo que representa o problema considerado. (Dissemos uma melhor solução em vez de a melhor solução, pois pode haver várias soluções, cada uma delas sendo considerada como a melhor). Em vez de simplesmente melhorar o status quo, o objetivo é identificar o melhor caminho a percorrer. Embora ele deva ser interpretado com cuidado em termos das necessida- des práticas da administração, a busca pela “otimalidade” é um tema importante na PO. Hillier_01.indd 2Hillier_01.indd 2 29/06/12 08:5329/06/12 08:53 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 3 Todas essas características levam quase naturalmente a outra. É evidente que não se espera que ninguém seja um especialista em todos os aspectos do trabalho em PO ou dos problemas normal- mente considerados, o que exigiria um grupo de indivíduos com conhecimento prévio (background) e habilidades diversas. Portanto, quando se realiza um estudo de PO totalmente maduro de um novo problema, geralmente é necessário adotar-se uma abordagem de equipe. Uma equipe de PO desse tipo precisa contar com indivíduos que sejam altamente treinados em matemática, estatística e teoria da probabilidade, economia, administração de empresas, informática, engenharia e física, ciências comportamentais e as técnicas especiais de PO. A equipe também precisa ter experiência necessária e diversas habilidades para dar a devida atenção a todas aquelas ramificações do problema que permeiam a organização. 1.3 O IMPACTO DA PESQUISA OPERACIONAL A pesquisa operacional teve impacto impressionante para melhorar a eficiência de inúmeras orga- nizações pelo mundo. Nesse processo, a PO contribuiu significativamente para o aumento da pro- dutividade da economia de diversos países. Há alguns países-membros na Federação Internacional das Sociedades de Pesquisa Operacional (IFORS), e cada país em uma sociedade de pesquisa ope- racional nacional. Tanto a Europa quanto a Ásia têm federações de PO para coordenar a realização de conferências internacionais e a publicação de jornais de circulação internacional. Além disso, o Instituto para Pesquisa Operacional e Ciências da Administração (INFORMS) é uma sociedade internacional sobre PO. Entre os diversos jornais, tem-se o chamado Interfaces, que publica artigos regularmente, que descrevem estudos importantes no campo da PO e o impacto que teriam em suas organizações. Para se ter uma ideia melhor da ampla aplicabilidade da PO, enumeramos algumas aplicações reais na Tabela 1.1. Observe a diversidade dos tipos de organização e aplicações nas duas primeiras colunas. A terceira coluna identifica a seção onde um “Exemplo de Aplicação” dedica vários parágrafos para descrever a aplicação e também faz referência a um artigo que fornece detalhes completos. (Pode- -se observar o primeiro desses “exercícios aplicados” nessa seção.) A última coluna indica que essas aplicações resultaram tipicamente em uma economia anual na casa de muitos milhões de dólares. Além disso, benefícios adicionais não registrados na tabela (por exemplo, melhoria nos serviços aos clientes e melhor controle gerencial) algumas vezes foram considerados até mais importantes que os benefícios financeiros. (Você terá a oportunidade de investigar estes benefícios menos tangíveis nos Problemas 1.3-1, 1.3-2 e 1.3-3.) Em site da editora, estão artigos que descrevem detalhadamente essas aplicações. Embora a maioria dos estudos rotineiros de pesquisa operacional forneça benefícios considera- velmente mais modestos que as aplicações sintetizadas na Tabela 1.1, os números na coluna mais à direita desta tabela refletem, de forma acurada, o impacto drástico que estudos de PO amplos e bem planejados podem apresentar ocasionalmente. 1.4 ALGORITMOS E/OU COURSEWARE Uma importante parte deste livro é a apresentação dos principais algoritmos (procedimentos sis- temáticos para solução) da PO para resolver certos tipos de problema. Alguns desses algoritmos são incrivelmente eficientes e são usados no cotidiano em problemas que envolvem centenas ou milhares de variáveis. Faremos a introdução de como esses algoritmos funcionam e o que os torna tão eficientes. A seguir, você utilizará esses algoritmos para solucionar uma série de problemas no computador. O Courseware de PO contido no site da editora, será uma ferramenta-chave na implementação de tudo isso. Uma característica especial em nosso Courseware de PO refere-se a um programa chamado Tutor PO. Esse programa destina-se a ser seu tutor pessoal para ajudá-lo no aprendizado desses algo- ritmos. Ele consiste em diversos exemplos de demonstração, que mostram e explicam os algoritmos em ação. Essas demos complementam os exemplos contidos neste livro. Hillier_01.indd 3Hillier_01.indd 3 29/06/12 08:5329/06/12 08:53 4 INTRODUÇÃO À PESQUISA OPERACIONAL Além disso, nosso Courseware de PO inclui um pacote de software especial denominado Tuto- rial Interativo de Pesquisa Operacional, ou simplesmente Tutorial IOR. Implementado em Java, esse pacote inovador foi desenvolvido especificamente para melhorar o aprendizado de nossos leito- res. O Tutorial IOR engloba vários procedimentos interativos para execução interativa dos algoritmos em um formato conveniente. O computador executa todos os cálculos de rotina ao passo que você se concentra no aprendizado e na execução da lógica do algoritmo. Certamente você vai considerar es- ses procedimentos interativos muito eficientes e uma forma de esclarecimento na execução de vários exercícios apresentados. O Tutorial IOR também abrange uma série de outros procedimentos úteis, in- cluindo alguns procedimentos automáticos para execução de algoritmos e diversos procedimentos que apresentam telas gráficas sobre como as soluções fornecidas variam conforme os dados do problema. � TABELA 1.1 Aplicações da pesquisa operacional a ser descritas em exemplos de aplicação Organização Natureza da aplicação Seção Economia anual (US$) Federal Express Planejamento logístico de despachos 1.3 Não estimada Continental Airlines Otimizar a realocação de tripulações quando ocorrem desajustes nos horários de voo 2.2 40 milhões Swift & Company Aumentaras vendas e melhorar o desempenho na fabricação 3.1 12 milhões Memorial Sloan-Kettering Cancer Center Procedimentos de tratamentos radioterápicos 3.4 459 milhões United Airlines Programar turnos de trabalho nas centrais de reserva e nos balcões em aeroportos 3.4 6 milhões Welch’s Otimizar o uso e a movimentação de matéria-prima 3.5 150 mil Samsung Electronics Desenvolver métodos de redução de tempo de fabricação e níveis de estoque 4.3 200 milhões mais receitas Pacific Lumber Company Gestão de ecossistemas florestais a longo prazo 6.7 398 milhões VPL* Procter & Gamble Redesenho do sistema de produção e distribuição 8.1 200 milhões Canadian Pacific Railway Planejamento de rotas para frete ferroviário 9.3 100 milhões United Airlines Realocação de aeronaves quando ocorrem problemas 9.6 Não estimada U.S. Military Planejamento logístico das Operações Tempestade no Deserto 10.3 Não estimada Air New Zealand Alocação de tripulação de voo 11.2 6,7 milhões Taco Bell Programar a escala de funcionários nas lojas da rede 11.5 13 milhões Waste Management Desenvolvimento de um sistema de gerenciamento de rotas para coleta e eliminação de lixo 11.7 100 milhões Bank Hapoalim Group Desenvolvimento de um sistema de apoio à tomada de decisão para analistas de investimentos 12.1 31 milhões mais receitas Sears Programação e rotas de veículos para as frotas de entrega e de atendimento domiciliar 13.2 42 milhões Conoco-Phillips Avaliação de projetos de exploração petrolífera 15.2 Não estimada Workers’ Compensation Gestão de pedidos de benefícios por invalidez e reabilitação de alto risco 15.3 4 milhões Westinghouse Avaliar projetos de pesquisa e desenvolvimento 15.4 Não estimada Merrill Lynch Gestão de riscos de liquidez para linhas de crédito rotativo 16.2 4 bilhões mais liquidez PSA Peugeot Citroën Orientar o processo de projeto para plantas de montagem de veículos eficientes 16.8 130 milhões mais lucros KeyCorp Aumentar a eficiência do serviço dos caixas de banco 17.6 20 milhões General Motors Aumentar a eficiência das linhas de produção 17.9 90 milhões Deere & Company Controle de estoques por meio de uma cadeia de suprimentos 18.5 1 bilhão menos estoque Time Inc. Gerenciamento dos canais de distribuição para revistas 18.7 3,5 milhões mais lucros Bank One Corporation Gestão de linhas de crédito e taxas de juros para cartões de crédito 19.2 75 milhões mais lucros Merrill Lynch Análise para estabelecimento de preços para o fornecimento de serviços financeiros 20.2 50 milhões mais receitas AT&T Projeto e operação de call centers 20.5 750 milhões mais lucros * VPL: Valor Presente Líquido. Hillier_01.indd 4Hillier_01.indd 4 29/06/12 08:5329/06/12 08:53 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 5 Na prática, os algoritmos normalmente são executados por pacotes de software comerciais. Acre- ditamos que seja importante para os estudantes se familiarizarem com a natureza desses pacotes que usarão depois de se formarem. Portanto, nosso Courseware de PO inclui um grande volume de mate- rial para apresentar os estudantes a três deles que serão descritos a seguir. Juntos, esses pacotes o ha- bilitarão a solucionar, de forma muito eficiente, praticamente todos os modelos de PO encontrados no livro. Acrescentamos nossos procedimentos automáticos próprios ao Tutorial IOR em alguns poucos casos nos quais esses pacotes comerciais não puderam ser aplicados. Hoje, uma abordagem muito conhecida é o uso do programa de planilhas mais utilizado do momen- to, o Microsoft Excel, para formular pequenos modelos de PO no formato de planilha. O Excel Solver (ou uma versão aperfeiçoada desse programa adicional como o Premium Solver for Education, incluso em nosso Courseware de PO) é usado então para solucionar esses modelos. Nosso Courseware de PO contém arquivos Excel à parte para praticamente todos os capítulos do livro. Toda vez que um capítulo indicar um exemplo que possa ser solucionado usando-se o Excel, serão apresentadas a formulação completa da pla- nilha e a solução nos arquivos Excel referentes ao capítulo em questão. Também é fornecido um gabarito Excel para muitos dos modelos deste livro, que contêm todas as equações necessárias para solucionar o modelo. Alguns programas Excel complementares encontram-se no site da editora. Após vários anos o LINDO (e também a linguagem de modelagem que o acompanha, o LIN- GO) continua a ser um pacote de software de PO popular. As versões educacionais do LINDO e do LINGO agora podem ser baixadas da internet. Esta versão educacional também é fornecida em nosso Courseware de PO. Da mesma forma que ocorre com o Excel, toda vez que um exemplo puder ser solucionado por intermédio desse pacote, serão fornecidos em nosso Courseware de PO todos os deta- lhes na forma de um arquivo Lindo/Lingo para o capítulo em questão. O CPLEX é um pacote de software de última geração amplamente utilizado para solucionar problemas de PO abrangentes e desafiadores. Ao lidar com esses problemas, é comum também se usar um sistema de modelagem para formular de modo eficiente o modelo matemático e introduzi-lo no computador. MPL é um bom sistema de modelagem, que utiliza o CPLEX como principal soluciona- dor, mas também possui vários outros solucionadores, entre eles o LINDO, o CoinMP (apresentado na Seção 4.8), o CONOPT (abordado na Seção 12.0), o LGO (introduzido na Seção 12.10) e o BendX (útil para resolver alguns modelos estocásticos). Uma versão educacional do MPL, junto com a versão educacional mais recente do CPLEX e seus outros solucionadores, encontra-se disponível para down- load gratuito na internet. Para sua conveniência, também incluímos essa versão educacional (inclusive todos os solucionadores que acabamos de citar) em nosso Courseware de PO. Repetindo, todos os exemplos que podem ser resolvidos com esse pacote estão detalhados em arquivos MPL/CPLEX para os respectivos capítulos em nosso Courseware de PO. A Federal Express (FedEx) é a maior empresa de transporte expresso do mundo. Todos os dias, ela entrega mais de 6,5 milhões de documentos, pacotes e outros itens nos Estados Unidos e em mais de 220 países e territórios ao redor do mun- do. Em alguns casos, pode-se garantir a entrega dessas remes- sas até as 10h30 da manhã seguinte. As mudanças logísticas envolvidas no fornecimento des- se serviço são estarrecedoras. Esses milhões de embarques diá- rios têm que ser classificados um a um e direcionados para o local geral correto (usualmente por via aérea) e, então, devem ser entregues no destino exato (normalmente utilizando-se um veículo motorizado) em um período surpreendentemente cur- to. Como tudo isso é possível? A pesquisa operacional (PO) é o motor tecnológico que propulsiona essa empresa. Desde a sua fundação em 1973, a PO ajudou na tomada de suas principais decisões de negócios, inclusive investimento em equipamentos, estrutu- ra de rotas, cronograma, finanças e localização de suas insta- lações. Após ter sido literalmente creditada à PO a salvação da empresa durante seus primeiros anos, tornou-se habitual ter a PO representada nas reuniões de diretoria semanais e, de fato, vários dos diretores atuais provêm do destacado gru- po de PO da FedEx. A FedEx acaba sendo reconhecida como uma empresa de nível mundial. Rotineiramente ela se encontra no topo da lista anual das Empresas Mais Admiradas da Fortune Magazi- ne. Ela também foi a primeira vencedora (em 1991) do prê- mio hoje conhecido como INFORMS Prize, que é concedido anualmente para a integração efetiva e repetida da PO na tomada de decisão organizacional de maneira pioneira, varia- da, inovadora e duradoura. Fonte: R. O. Mason, J. L. McKenney, W. Carlson, and D. Copeland, “Absolutely, Positively Operations Research: The Federal Express Story”, Interfaces, 27(2): 17-36, March-April 1997. (Este artigo está disponível em inglês no site da edi- tora, www.bookman.com.br) Exemplo de Aplicação Hillier_01.indd 5Hillier_01.indd 5 29/06/12 08:5329/06/12 08:536 INTRODUÇÃO À PESQUISA OPERACIONAL Posteriormente, descreveremos detalhadamente esses três pacotes de software e como utilizá- -los (especialmente no final dos Capítulos 3 e 4). O Apêndice I também fornece documentação para o Courseware de PO, inclusive o Tutor PO e o Tutorial IOR. Para chamar a sua atenção sobre o material relevante em nosso Courseware de PO, a partir do Capítulo 3, no final de cada capítulo, há uma lista intitulada Ferramentas de Aprendizado para Este Capítulo Contidas em Site da editora. Conforme explicamos, no início da seção de problemas de cada um desses capítulos, também são colocados símbolos à esquerda de cada número de problema (ou par- te deles) nos quais quaisquer desses materiais (inclusive exemplos de demonstração e procedimentos interativos) possam ser úteis. Outra ferramenta de aprendizado fornecida em site da editora é um conjunto de Worked Exam- ples para cada capítulo (do Capítulo 3 em diante). Complementam aqueles contidos no livro para uso conforme a necessidade, mas sem interromper o fluxo do material naquelas diversas ocasiões em que você não tem necessidade de exemplos extras. Provavelmente você achará interessante esses exemplos complementares ao preparar-se para um exame. Sempre mencionaremos toda vez que um exemplo complementar sobre o tópico atual estiver incluído na seção Worked Examples no site da editora. Para ter certeza de que você não deixará passar despercebida essa menção, sempre destacaremos em negrito as palavras “exemplo adicional” (ou algo similar). No site também há um glossário para cada capítulo. REFERÊNCIAS SELECIONADAS 1. Bell, P. C., C. K. Anderson, and S. P. Kaiser: “Strategic Operations Research and the Edelman Prize Finalist Applications 1989-1998”, Operations Research, 51(1): 17-31, January-February 2003. 2. Gass, S. I., and A. A. Assad: An Annotated Timeline of Operations Research: An Informal History, Kluwer Academic Publishers (now Springer), Boston, 2005. 3. Gass, S. I., and C. M. Harris (eds.): Encyclopedia of Operations Research and Management Science, 2d ed., Kluwer Academic Publishers (now Springer), Boston, 2001. 4. Horner, P.: “History in the Making”, OR/MS Today, 29(5): 30-39, October 2002. 5. Horner, P. (ed.): “Special Issue: Executive’s Guide to Operations Research”, OR/MS Today, Institute for Operations Research and the Management Sciences, 27(3), June 2000. 6. Kirby, M. W.: “Operations Research Trajectories: The Anglo-American Experience from the 1940s to the 1990s”, Operations Research, 48(5): 661-670, September-October 2000. 7. Miser, H. J.: “The Easy Chair: What OR/MS Workers Should Know About the Early Formative Years of Their Profession”, Interfaces, 30(2): 99-111, March-April 2000. 8. Wein, L. M. (ed.): “50th Anniversary Issue”, Operations Research (a special issue featuring personalized accounts of some of the key early theoretical and practical developments in the field), 50(1), January-February 2002. PROBLEMAS 1.3-1 Selecione uma das aplicações de pesquisa operacional fornecidas na Tabela 1.1. Leia o artigo referente ao Exemplo de Aplicação apresentado na seção mostrada na terceira coluna da tabela. (É fornecido um link para todos esses artigos no site da Bookman). Redija um resumo de duas páginas sobre a aplicação e os benefícios (inclusive benefícios não financeiros) gerados por ela. 1.3-2 Selecione três das aplicações de pesquisa operacional enumeradas na Tabela 1.1. Para cada uma delas, leia o artigo referenciado na aplicação da seção mostrada na terceira coluna da tabela. (É fornecido um link para todos esses artigos no site da Bookman). Para cada um deles, redija um resumo de uma pá- gina sobre a aplicação e os benefícios (inclusive benefícios não financeiros) gerados por ela. 1.3-3 Leia o artigo referenciado que descreve completamente o estudo de PO sintetizado no Exemplo de Aplicação apresen- tado na Seção 1.3. Enumere os diversos benefícios financeiros ou não resultantes desse estudo. Hillier_01.indd 6Hillier_01.indd 6 29/06/12 08:5329/06/12 08:53 Dica do professor Vamos trazer agora uma abordagem histórica da Pesquisa Operacional, seu principal objetivo (ferramenta para suporte à tomada de decisão) e alguns conceitos referentes a decisão. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/3ae33258eecb9bddcd7c6ca808cea92d Na prática Um exemplo prático de aplicação da Pesquisa Operacional é quanto a um modelo de filas (Teoria das filas). Mas o que são filas? Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Artigo que foi publicado no Encontro Nacional de Engenharia de Produção (Enegep). O artigo apresenta conceitos básicos e exemplos de aplicação. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2002_tr111_0240.pdf Introdução à Pesquisa Operacional Apresentação Os registros de atividades formais de pesquisa operacional (PO) ocorreram na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, quando uma equipe de cientistas britânicos decidiu tomar decisões com bases científicas sobre a melhor utilização do material de guerra. As técnicas utilizadas para operações militares, após a guerra, foram adaptadas e utilizadas no setor civil para melhorar a eficiência e a produtividade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai acompanhar os primeiros passos da pesquisa operacional (PO), sua origem, definições principais, problemas e modelos típicos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir pesquisa operacional.• Explicar a origem da pesquisa operacional.• Descrever a relação entre a pesquisa operacional e a tomada de decisão.• Infográfico A pesquisa operacional é uma importante técnica aplicada à tomada de decisão diante dos mais variados problemas. No infográfico a seguir, veja um pouco mais sobre os fatores e cenário que podem causar interferência na tomada de decisão. Conteúdo do livro A pesquisa operacional (PO) é uma área da engenharia de produção que proporciona aos profissionais que têm acesso ao seu escopo um procedimento organizado e consistente que o auxiliará na difícil tarefa de gestão de recursos humanos, materiais e financeiros de uma organização. De fato, a pesquisa operacional oferece um elenco interessante de áreas, modelos e algoritmos que permitem ao gestor tomar decisão em problemas complexos, em que deve ser aplicada a ótica científica. Acompanhe os trechos da obra “Pesquisa Operacional”, que serve de base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Inicie a leitura pelo primeiro capítulo: Introdução à Pesquisa Operacional. Boa leitura! PESQUISA OPERACIONAL Organizador: Rodrigo Rodrigues Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 R696p Rodrigues, Rodrigo. Pesquisa operacional / Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 121 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-004-7 1. Pesquisa operacional – Engenharia de produção. I. Título. CDU 658.5 Introdução à pesquisa operacional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir pesquisa operacional. � Explicar a origem da pesquisa operacional. � Descrever a relação entre a pesquisa operacional e a tomada de decisão. Introdução Os registros de atividades formais de pesquisa operacional (PO) ocorreram na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, quando uma equipe de cientistas britânicos decidiu tomar decisões com bases científicas sobre a melhor utilização do material de guerra. As técnicas utilizadas para operações militares, após a guerra, foram adaptadas e utilizadas no setor civil para melhorar a eficiência e a produtividade. Neste texto, você vai acompanharos primeiros passos da PO, sua origem, definições principais, problemas e modelos típicos. Pesquisa operacional: origem Os primeiros registros de métodos de análise e resolução de problemas seme- lhantes à pesquisa operacional (PO) são datados do século III a.C., contudo, a sua aplicação na rotina industrial ocorre há algumas décadas. Durante a Segunda Guerra Mundial, pesquisas feitas por cientistas sobre como melhor administrar operações de comboio e antissubmarino foram fundamentais U N I D A D E 1 na vitória da Batalha do Atlântico Norte. Esforços semelhantes ajudaram na Campanha Britânica no Pacífico. Após a Segunda Guerra Mundial, atividades organizacionais desenvolvidas pelos militares foram adaptadas ao setor civil para melhorar a produtividade. A partir do estabelecimento da Revolução Industrial, houve um crescimento significativo tanto em extensão quanto em complexidade nas organizações. O estabelecimento das divisões no trabalho e a distribuição de responsabilidades gerenciais nessas organizações foram fundamentais nesse período revolucio- nário. Com isso, pequenas oficinas de artesãos evoluíram para corporações bilionárias. Os resultados foram espetaculares. Contudo, mesmo com muitas vantagens, essa crescente especialização trouxe também problemas novos, os quais acometem ainda muitas organizações. Segundo Hillier (2010), um desses problemas é a tendência de as diversas unidades de uma organização crescerem em ilhas relativamente autônomas com seus próprios objetivos e sistemas de valor, perdendo, consequentemente, a visão de como suas atividades e seus objetivos se entremeiam com os da organização como um todo. O que é bom para uma das unidades pode ser prejudicial à outra, de forma que as unidades podem acabar trabalhando em direção a objetivos conflitantes. No Brasil, o início da PO ocorreu uma década depois da implantação na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, com destaque às aplicações em economia. No final dos anos 1960, já havia uma tendência, em algumas organizações, na formação de grupos de PO dedicados à solução de problemas táticos e estratégicos. A tomada de decisão na pesquisa operacional Você, como a maioria das pessoas, em algum momento de sua vida profissional, passou ou vai passar por situações de tomada de decisões. À medida que você ascende profissionalmente, os problemas vão se tornado mais complexos e as decisões serão mais difíceis de ser tomadas. A tomada de decisão é uma tarefa básica da gestão e consiste em decidir entre as possíveis soluções viáveis, aplicáveis a determinados problemas. Mesmo que cada gestor possa ter seu próprio procedimento de análise e soluções de problemas, Marins (2011) apresenta algumas etapas que considera necessárias de serem observadas por quem tem o papel de decisor: � Identificar o problema: nem sempre os problemas se apresentam claros, definidos e delimitados, por isso, essa talvez seja a etapa mais Pesquisa operacional12 difícil. É importante identificar os sistemas que se relacionam com o sistema que apresenta o problema. Para isso, é fundamental ter uma equipe multidisciplinar de analistas para que o problema seja visto a partir de diversos ângulos, contribuindo para sua solução. � Formular objetivos: os objetivos que deverão ser atingidos com a solução do problema deverão ser identificados e formulados, muitas vezes, matematicamente. Esses objetivos podem ser quantitativos, qualitativos ou conflitantes. � Analisar limitações: o próximo passo é fazer o levantamento das restrições que limitarão as soluções a serem propostas. Em geral, essas limitações estão relacionadas ao tempo/prazo, ao orçamento, às demandas, às capacidades (transporte, produção e armazenamento), à tecnologia (equipamentos e processos), aos inventários (matéria-prima, subconjuntos, work in process e produtos acabados), entre outras variáveis. � Avaliar alternativas: após identificar as alternativas de ação, o decisor deverá escolher a “melhor solução” a ser aplicada. É importante ressaltar que algumas vezes a solução ótima pode não apresentar o melhor custo- -benefício para a organização, então, outra solução pode ser escolhida, desde que atenda aos requisitos. Para a avaliação das alternativas, o decisor pode agir de forma qualitativa ou quantitativa. A qualitativa normalmente é adotada em problemas simples e repetitivos, com baixo impacto financeiro ou social. Nesses casos, o decisor experiente aplica uma solução que tenha sido utilizada com sucesso em outras ocasiões. A ação quantitativa é indicada quando os problemas são complexos, novos e envolvem altos recursos humanos, materiais e financeiros, com impacto significativo no ambiente em que está inserido (organização ou sociedade). Recomenda-se o uso de fundamentos da área científica e os métodos quanti- tativos (algoritmos) disponíveis para a obtenção de uma solução. A PO é muito empregada como ferramenta nos processos de tomadas de decisão diante de problemas nos ambientes de negócios. Os principais instru- mentos que a PO utiliza estão fundamentados nos conhecimentos matemáticos, estatísticos e de informática. Há uma série de situações em que a PO pode auxiliar na tomada de decisão, como problemas relacionados à otimização de recursos, à roteirização, à localização, às carteiras de investimentos, ao planejamento, à alocação de pessoas e de verbas de mídias (BARBOSA, 2015). Com relação aos problemas, há fatores que podem interferir no processo de tomada de decisão e que se deve estar atento quando se está no comando de uma situação (Quadro 1). 13Introdução à pesquisa operacional Fonte: MARINS, 2011 (adaptado de Lauchtermacher, 2009). Fator Cenário Importância Relacionada ao impacto que a decisão pode provocar na organização (ganhos ou prejuízos). Agentes O número de decisores, individual ou em grupo, simplifica ou torna mais complexo o processo. Riscos As certezas ou as incertezas influenciam as decisões. Ambiente Aspectos sociais e culturais que interferem no processo decisório. Conflitos Surgem em função de choques de interesses entre setores de uma organização ou entre decisores. Quadro 1. Fatores e cenários que interferem na tomada de decisão. Desse modo, a pesquisa operacional colabora com o desempenho dos profissionais para o desenvolvimento coerente e consistente de procedimentos com tomadas de decisão ao longo de sua carreira. Resolução de um problema em pesquisa operacional A PO é aplicada a problemas oriundos de atividades que compreendem a condução e a coordenação das operações de organizações nas mais variadas áreas, como manufatura, transportes, telecomunicações, construção civil, serviços públicos, assistência médica, financeiras, entre outras áreas. Para Marins (2011), os problemas surgem de forma vaga e imprecisa, o que exige do analista de PO uma grande capacidade de assimilar e sistematizar as situações reais. Para se formular corretamente um problema, é necessário que ele seja bem identificado, que é a primeira etapa apresentada pelo autor para subdividir a resolução de um problema pela PO. Então, após a etapa de “identificação do problema”, viria a de “construção do modelo matemático”, Pesquisa operacional14 Pesquisa operacional14 A B C D E Quem tomará as decisões? Quais são os seus objetivos? Quais são as variáveis e as restrições para a decisão? Quais aspectos não são possíveis de serem controlados? Modelos são representações simplificadas da realidade. Análise do problema modelado com relação entre as variáveis, os dados relevantes e as variáveis de maior importância. Tentativa de várias alternativas de ação sem interromper o funcionamento do sistema em estudo. Após a construção do modelo matemático, passa-se para a obtenção de uma solução. Alguns métodos matemáticos utilizados em PO: programação linear, programação em redes, teoria dos grafos e a teoria das filas. Fase crítica, pois é somente nela queos resultados do estudo serão obtidos. A participação da equipe que trabalhou com o modelo e o entrosamento com a equipe de operação é muito importante para garantir a sua correta implementação. O teste pode ser feito em alguns modelos por meio do uso de dados históricos. Mesmo que a solução seja usada repetidamente, o modelo deve continuar sendo testado. Indicando deficiência, o modelo deve ser corrigido. Quadro 2. Resolução de um problema em pesquisa operacional. 15Introdução à pesquisa operacional seguida da “obtenção da solução”, do “teste de modelo e da solução obtida” e, por fim, a “implementação”. Observe o Quadro 2: Devido à sistemática que envolve a PO, o seu estudo propicia ao técnico adquirir um raciocínio organizado, o que facilita a análise e a interpretação dos problemas reais, de modo que seja feita uma análise detalhada dos aspectos envolvidos. Contudo, é necessário que o técnico de PO relacione-se constantemente com o usuário, sobretudo nas primeiras etapas de formulação e modelagem, visto não possuir total domínio de todas as áreas. A qualidade dos dados utilizados deve ser precisa, pois, algumas vezes, com o intuito de refinar um modelo, isso não é considerado, o que não justi- ficaria o refinamento. A complexidade do modelo deve ser adequada às suas finalidades. Alguns modelos podem ser muito complexos, o que é possível com o desenvolvimento dos computadores. Contudo, o custo da implementação de alguns modelos podem superar os benefícios, não justificando sua adoção. Solução ótima é aquela que melhor serve aos objetivos das pessoas e das organizações. Exemplo: a maneira de obter o lucro máximo ou o custo mínimo. Modelos e métodos É possível dizer que a PO é uma ferramenta matemática que auxilia no processo de tomadas de decisão em situações reais, utilizando modelos matemáticos estruturados em fases. Para Barbosa (2015), a PO é uma ciência aplicada, para justificar o autor cita Lisboa (2002 apud BARBOSA, 2015): � resolver problemas reais; � tomar decisões com base em dados e correlações quantitativos; � conceber, planejar e operar sistemas usando tecnologia e métodos de outras esferas do conhecimento; � diminuir os custos e aumentar o lucro; � encontrar a solução ótima. Pesquisa operacional16 Conheça alguns softwares que podem ser utilizados na pesquisa operacional, viabi- lizando a solução de problemas complexos, como Solver do Excel®, LINDO® - Linear Discrete Optimizar (www.lindo.com) e o CPLEX® (www.ILOG.com), PROMODEL® (www. belge.com.br/produtos_promodel.html) e o ARENA® (www.paragon.com.br). Nos dias de hoje, as técnicas da PO são bastante divulgadas no meio acadêmico. No entanto, nas empresas ainda há várias restrições quanto ao conhecimento e ao domínio dessa técnica. Há uma forte tendência, nas uni- versidades, de uma diversificação muito grande nas áreas de aplicação. Há tra- balhos voltados para problemas determinísticos, estocásticos e combinatórios, bem como importantes estudos relacionados à teoria da decisão, a métodos computacionais aplicados à programação matemática e a outras áreas mais contemporâneas, como a logística e o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Alguns exemplos típicos desses problemas: � Programação linear – mix de produção, mistura de matérias-primas, modelos de equilíbrio econômico, carteiras de investimentos, roteamento de veículos, jogos entre empresas. � Modelos em Redes – rotas econômicas de transporte, distribuição e transporte de bens, alocação de pessoal, monitoramento de projetos. � Teoria de filas – congestionamento de tráfego, operações de hospitais, dimensionamento de equipes de serviço. É possível afirmar que a PO tem tido importante crescimento na adminis- tração das empresas, aumentando o número e a variedade de suas aplicações (MARINS, 2011). 17Introdução à pesquisa operacional 1. Com relação à origem da pesquisa operacional, marque a alternativa correta: a) Os primeiros registros de métodos de análise e resolução de problemas semelhantes à pesquisa operacional (PO) aparecem no início do século XX. b) O grande destaque da pesquisa operacional ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. c) Após a Segunda Guerra Mundial, atividades organizacionais desenvolvidas pelos militares continuaram sendo aplicadas somente em operações militares. d) A partir do estabelecimento da Revolução Industrial, houve uma redução nas organizações, o que não justificava o emprego da PO. e) No Brasil, o início da PO ocorreu concomitantemente à implantação na Grã- Bretanha e nos Estados Unidos, com destaque à sua aplicação em economia. 2. Segundo Marins (2011), com relação à tomada de decisão na pesquisa operacional, mesmo que cada gestor possa ter seu próprio procedimento de análise e soluções de problemas, há algumas etapas que são necessárias de serem observadas por quem tem o papel de decisor. Qual alternativa apresenta a definição correta? a) Identificar o problema é a 3ª etapa, em que é feito o levantamento das restrições que limitarão as soluções a serem propostas. Em geral, essas limitações estão relacionadas ao tempo/prazo, ao orçamento, às demandas, às capacidades (transporte, produção e armazenamento), à tecnologia (equipamentos e processos), aos inventários (matéria-prima, subconjuntos, work in process e produtos acabados), entre outras variáveis. b) Formular objetivos – os objetivos podem não ser atingidos com a solução do problema. Os objetivos não podem ser conflitantes. c) Analisar limitações é a primeira etapa e, talvez, seja a etapa mais difícil. d) Avaliar alternativas – após identificar as alternativas de ação, o decisor deverá escolher a “melhor solução” a ser aplicada. e) A análise qualitativa é indicada quando os problemas são complexos, novos e envolvem altos recursos humanos, materiais e financeiros; com impacto significativo no ambiente em que está inserido (organização ou sociedade). 3. Com relação aos problemas, há fatores que podem interferir no processo de tomada de decisão e que se deve estar atento quando se está no comando de uma situação. Marque a alternativa que apresenta Pesquisa operacional18 o cenário correspondente ao fator: a) O fator “riscos” se refere ao impacto que a decisão pode provocar na organização (ganhos ou prejuízos). b) O fator “conflitos” se refere ao número de decisores, individual ou em grupo, simplifica ou torna mais complexo o processo. c) O fator “importância” se refere às certezas ou incertezas que influenciam as decisões. d) O fator “ambiente” está relacionado com os aspectos sociais e culturais que interferem no processo decisório. e) O fator “agentes” surge em função de choques de interesses entre setores de uma organização ou entre decisores. 4. A pesquisa operacional colabora com o desempenho dos profissionais para o desenvolvimento coerente e consistente de procedimentos com tomadas de decisão ao longo de sua carreira. Quais são as etapas de uma resolução de um problema em pesquisa operacional? a) Identificação do problema, construção do modelo matemático, obtenção da solução, implementação e resultados. b) Experiência, construção do modelo matemático, obtenção da solução, implementação e 5) teste de modelo e da solução obtida. c) Identificação do problema, obtenção dos dados, obtenção da solução, teste de modelo e da solução obtida e implementação. d) Identificação do problema, construção do modelo matemático, obtenção da solução, obtenção dos dados e resultados. e) Identificação do problema, construção do modelo matemático, obtenção da solução, teste de modelo e da solução obtida e implementação. 5. Ainda sobre a resolução de problemas, marque a alternativa que apresenta as características correspondentes à etapa referida: a) Identificação do problema consiste em definir quem tomará as decisões eseus objetivos. b) Construção do modelo matemático é a fase crítica, pois é somente nela que os resultados do estudo serão obtidos. c) Obtenção da solução se refere 19Introdução à pesquisa operacional ao teste pode ser feito em alguns modelos por meio do uso de dados históricos. Mesmo que a solução seja usada repetidamente, o modelo deve continuar sendo testado. Indicando deficiência, o modelo deve ser corrigido. d) Implementação se refere à implementação feita após a construção do modelo matemático. Alguns métodos matemáticos utilizados em PO são: programação linear, programação em redes, teoria dos grafos e teoria das filas. e) Teste de modelo e da solução obtida se refere à análise do problema modelado com relação entre as variáveis, os dados relevantes e as variáveis de maior importância. Tentativa de várias alternativas de ação sem interromper o funcionamento do sistema em estudo. Pesquisa operacional20 BARBOSA, M. A. Iniciação à pesquisa operacional no ambiente de gestão. Curitiba: Intersaberes, 2015. MARINS, F. A. S. Introdução à pesquisa operacional. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. TAHA, H. A. Pesquisa operacional: uma visão geral. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. Leitura recomendada HILLIER, F. S., LIEBERMAN, G. J. Introdução à pesquisa operacional. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 21Introdução à pesquisa operacional Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Na Dica do professor, você vai ver como surgiu a pesquisa operacional e onde ela pode ser utilizada para resolver problemas no ambiente organizacional. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/addb791e90302dee76ce61a01a66e636 Na prática João trabalha em uma empresa de tecnologia localizada no Rio de Janeiro. Devido a um novo projeto, ele terá que participar de reuniões na unidade da empresa em São Paulo durante cinco semanas. Para contemplar as reuniões, ele deverá pegar o avião na segunda-feira e voltar na quarta-feira. Veja o processo de tomada de decisão que pode ser aplicado neste caso: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Programação Linear: Representação Gráfica - Pesquisa Operacional Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Mobilidade Urbana e transporte público: modelos e perspectivas a partir da pesquisa operacional Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Pesquisa Operacional na tomada de decisões administrativas Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/fGdX8kLQQH0 http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2013_EnANPAD_GOL1478.pdf http://www.webartigos.com/artigos/pesquisa-operacional-na-tomada-de-decisoes-administrativa/35383/