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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO II (AVA)

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Unidade 4.
Fisiologia do exercício II
Nesta unidade você verá:
// treinamento esportivo e desempenho anaeróbico
// treinamento esportivo e desempenho aeróbico
// nutrição e exercício
// medidas e avaliação no exercício
//  prescrição de exercícios para população especial
OBJETIVOS DA UNIDADE
· Compreender o treinamento esportivo com ênfase na produção de energia aeróbica e anaeróbica;
· Compreender as adaptações do corpo nos desempenhos aeróbio e anaeróbio;
· Compreender as interações entre exercício e nutrição;
· Verificar medidas de avaliação no exercício;
· Compreender as diversidades da população especial e a prescrição de exercícios para esse público.
TÓPICOS DE ESTUDO:
Treinamento esportivo e desempenho anaeróbico
//  Adaptações do treinamento anaeróbio
Treinamento esportivo e desempenho aeróbico
// Adaptações do treinamento aeróbio
// Adaptações nas fontes de energia
// Treinamento do sistema aeróbio e suas características
Nutrição e exercício
// Consumo de nutrientes e exercício
// Composição corporal
Medidas e avaliação no exercício
// Avaliação cardiorrespiratória
// Avaliação laboratorial
// Avaliação neuromuscular
// Avaliação física
Prescrição de exercícios para população especial
// Cardiopatas
// Pneumopatas
// Diabéticos
// Idosos e gestantes
1. treinamento esportivo e desempenho anaeróbico
O treinamento esportivo pode envolver diversos tipos de desempenho, onde o atleta ou amador poderá dispor do uso de maior quantidade do desempenho anaeróbico. O desempenho anaeróbico está relacionado com exercícios realizados em alta intensidade, curta duração e ausência de oxigênio. Esse tipo de desempenho está associado com os tipos de vias energéticas ATP-CP e glicolítica. Sendo assim, esse desempenho libera lactato, podendo gerar a fadiga muscular, e esse substrato poderá ser novamente revertido em glicose, para servir de substrato para a formação de energia e posterior contração muscular.
Deste modo, é possível afirmar que o treinamento esportivo poderá provocar as adaptações no sistema e, frente às alterações que podem ocorrer, podemos ainda dividi-las em desempenho do tipo anaeróbico – quando consistem no tipo de exercício citado acima – e no aeróbico que será tratado posteriormente. As características do treinamento, seus objetivos e foco poderão modificar o desempenho e condicionamento do atleta. Além disso, a especificidade do atleta também poderá facilitar ou dificultar esse ganho de performance com o treinamento. Entre as condições que podem facilitar o desempenho do atleta podemos citar a idade, a altura, o tipo de fibra muscular mais prevalente, o condicionamento cardiorrespiratório anterior, os fatores genéticos, entre outros.
Essas condições individuais que estão asseguradas pelo princípio científico da individualidade do atleta podem explicar o fato de um amador conseguir se desenvolver rapidamente em um treinamento que acabou de entrar. Assim, é comum que as pessoas digam que a pessoa já possui habilidades para certos tipos de treinamento. Por exemplo, um atleta com maior estatura, com massa muscular normolínea, mas com bom desempenho anaeróbico poderá ser um bom jogador de basquete, visto as necessidades do esporte em promover passes rápidos e a estatura do atleta facilitar os arremessos que o jogo exige.
Já um praticante de levantamento de peso pode possuir baixa estatura, grande força e massa muscular e bom desempenho anaeróbico. Se ele precisar praticar uma corrida, provavelmente seu concorrente que apresenta maior estatura, menor massa muscular e melhor desempenho aeróbico terá uma performance melhor, pois todos esses fatores de seu concorrente fazem com que ele se desenvolva melhor ao longo da corrida. Sendo assim, podemos entender que as condições individuais e o treinamento específico para cada objetivo são necessários para o melhor desenvolvimento do atleta em seu esporte. É importante ressaltar que nem todas as características do atleta são mutáveis, como a altura, os fatores genéticos, a predisposição para ganhar peso, entre outros. Nesse sentido, o treinamento pode influenciar no aperfeiçoamento apenas das condições relacionadas a ele, como o aumento da eficiência e os condicionamentos cardiovascular, cardiorrespiratório, neuromuscular e neuroendócrino. A partir da melhora dessas condições, o atleta também poderá ter o aumento de sua performance, atendendo ao princípio da especificidade, observando que existem os limites aplicados pelo princípio da individualidade.
DICA
A especificidade do treinamento é que vai propor as adaptações e a adequação das vias energéticas para a produção de energia. Sendo assim, algumas atividades menos duradouras provocarão o aumento enzimático do sistema ATP-CP, já os treinos um pouco mais prolongados proporão o aumento das enzimas glicolíticas e o treino ainda mais duradouro, normalmente de baixa intensidade, vai acarretar o aumento das enzimas oxidativas.
ADAPTAÇÕES DO TREINAMENTO ANAERÓBIO
O treinamento anaeróbio é suprido pelos sistemas energéticos glicolítico e ATP-CP e suas adaptações geram mudanças nos sistemas corporais de forma a melhorar o desempenho e as características do treinamento anaeróbio. As atividades que promovem essas alterações são as que exigem força muscular máxima e alta velocidade, como o levantamento de peso ou as corridas de sprint. Como essas atividades duram curtos períodos, são mais supridas por meio dos sistemas anaeróbios, mas observe que a duração prolongada poderá levar à substituição do sistema anaeróbico para o aeróbico. Wilmore e Costill (2001) ressaltam que as atividades que duram por volta de 6 segundos são supridas pelo sistema ATP-CP. Já as glicolíticas suprem atividades com mais de 6 segundos até por volta de 30 segundos.
Tanto as formas de treinamento que duram menos quanto as que duram mais produzem os mesmos efeitos para a força e resistência muscular. Um exemplo pode ser visto no Gráfico 1, onde mostra as atividades das enzimas musculares anaeróbias (creatina quinase e mioquinase), aumentando frente ao aumento do tempo de treinamento de 30 segundos. Sendo assim, os esforços repetitivos e pouco duradores podem levar ao aumento da força, mas não há o aumento da energia para a contração muscular. Isso permite que o atleta realize as tarefas com menos esforço e evita o aparecimento da fadiga. Ainda não está certo se a melhora da força pode prever a efetividade da resistência e do trabalho anaeróbio. 
Gráfico 1. Alteração da concentração das enzimas creatina quinase e mioquinase durante atividade de 30 segundos.
O sistema glicolítico oferta energia necessária para a atividade considerando períodos intermediários, por volta de 30 segundos. Em resposta ao treino anaeróbio, acontece o aumento da atividade enzimática das vias glicolíticas-chave. Entre as mais estudadas estão a fosforilase, fosfofrutoquinase e o lactato desidrogenase (LDH). Essas enzimas aumentam suas concentrações durante os exercícios quando ultrapassam a duração de 6 segundos e se aproximam dos 30 segundos. O treinamento com essa duração permite o aumento da tensão muscular por mais tempo.
O treinamento anaeróbio também promove alterações na resistência, o que evita a fadiga. Além disso, ele promove o melhoramento da eficiência do movimento, da energética aeróbia e da capacidade de tamponamento. A eficiência do movimento é importante para os treinos com altas velocidades, e permite a melhora da coordenação e do desempenho. Sabe-se que o treino aeróbio produz maior estresse quando comparado ao anaeróbio, e que os esforços com duração de 30 segundos também utilizam do metabolismo oxidativo. Nesse sentido, o trabalho de alta intensidade e com essa duração poderá influenciar no aperfeiçoamento da capacidade aeróbia muscular.
A capacidade de tamponamento é aumentada com o treino anaeróbio por provocar o aumento da tolerância ao ácido decorrente da glicólise anaeróbia. O ácido lático provoca a fadiga quando se acumula no músculo durante o exercício máximo e de curta duração. Esse mecanismo acontece a partir da dissociaçãodo íon hidrogênio, que irá interferir no processo de contração muscular. Já os tampões, como o de bicarbonato, promove a redução da acidez das fibras quando ligados aos íons hidrogênio. Essa capacidade pode ser aumentada de 12% a 50% mediante treinamento anaeróbio, no entanto, o treinamento aeróbio não possui efeito algum sobre essa capacidade.
O aumento do tamponamento possibilita o equilíbrio para atletas que produzem altas quantidades de lactato em função da atividade de alta intensidade e curta duração. Nesse sentido, esse mecanismo evita a exaustão e a fadiga do atleta treinado em comparação ao não treinado anaerobicamente. A especificidade da resposta ao treinamento pode ser mais bem explorada na Tabela 1, que mostra indivíduos treinados a partir de atividades aeróbias ou anaeróbias e as atividades enzimáticas. 
2. treinamento esportivo e desempenho aeróbico
O treinamento aeróbio consiste na utilização da via aeróbia, ou via de fosforilação oxidativa para a produção de energia. Nesse sistema se encaixam bem os exercícios de leve a moderada intensidades e de longa duração. Assim como algumas variáveis podem influenciar no desempenho anaeróbico, elas também podem influenciar no ganho do desempenho aeróbico. As características individuais, a experiência prévia do atleta e o nível de condicionamento serão decisivos quando comparados ao atleta que possui características diferentes. Essas condições podem acontecer para qualquer tipo de exercício, considerando os princípios já citados da individualidade e da especificidade.
O tipo de esporte e suas demandas farão com que o foco dos treinos seja mais voltado para o treino anaeróbico ou para o aeróbico. Sempre lembrando da importância das características de cada um deles e, muitas vezes, da necessidade de se trabalhar ambas as modalidades, porém em proporções diferentes. A preferência do atleta pelo tipo de treino também influenciará na dinamicidade e no desenvolvimento do treino. Como será possível ver a similaridade do treinamento intervalado e do contínuo, em algumas condições a escolha poderá ser feita a partir da preferência do cliente.
ADAPTAÇÕES DO TREINAMENTO AERÓBIO
As adaptações dos sistemas frente ao exercício provocam a melhora do condicionamento em geral e da eficiência do atleta. Essas adaptações no sistema aeróbio agem nos músculos alterando o sistema de energia, já no sistema cardiovascular age aumentando a circulação sanguínea muscular, proporcionando a melhor oferta de nutrientes e substratos para a formação.
Diante do treinamento do tipo aeróbio, é possível perceber algumas alterações conforme o tempo de prática, sendo elas: aumento da resistência ao exercício submáximo de forma prolongada, e melhor capacidade aeróbia máxima que está relacionada com o volume de oxigênio consumido pelo indivíduo durante o exercício (VO2máx). É importante sempre lembrar das características individuais, onde um indivíduo poderá apresentar grandes ganhos em comparação com outro que realiza o mesmo treinamento. Sendo assim, podemos citar também as condições do indivíduo antes de iniciar o protocolo de treinamento, pois também será uma condição que poderá influenciar no resultado do indivíduo. Por esses motivos, em pesquisas científicas, dá-se tanta importância para padronizar os tipos de treinamentos, assim como destreinar os indivíduos antes de iniciar os protocolos.
O treinamento poderá influenciar na resistência submáxima do indivíduo, onde contamos sua melhora em porcentagem do VO2máx, isto é, podemos dizer que um indivíduo melhorou sua capacidade aeróbia máxima em 20 ou 30%. Podemos citar também que os ganhos para o indivíduo que já possuem algum treinamento em relação à sua condição inicial poderão ser pequenos, visto o nível de condicionamento inicial. Por esse motivo, também se realiza o destreinamento, pois muitos trabalhos científicos visam comparar o indivíduo com ele mesmo antes e após o treinamento. Sendo assim, a medida seria inválida para o atleta que já possuía um bom condicionamento antes de iniciar o programa. Por esses motivos, tenta-se selecionar uma amostra que possua as mesmas características, para que o estudo seja o mais homogêneo possível.
EXPLICANDO
O ato de destreinar implica em propor ao indivíduo que cesse por um tempo suas atividades físicas e exercícios que realiza. Esse tempo de destreinamento pode variar de acordo com o condicionamento do indivíduo e com a necessidade de se reduzir suas condições. O destreinamento visa igualar os indivíduos em nível de condicionamento de todos os sistemas. Resumindo, é uma forma de padronizar o condicionamento físico geral antes de se iniciar uma pesquisa científica.
De acordo com Wilmore e Costill (2001), parece haver um limite para a melhora da potência aeróbia, sendo que conforme se aumenta o volume de treinamento, há o aumento do ganho de VO2máx. Mas, esse ganho pode não estar relacionado com o aumento da distância em uma corrida, por exemplo, ou no tempo da sessão de treinamento. Não há uma explicação concisa para esse limite, mas é conhecido que alguns indivíduos podem atingir altos valores de VO2máx, enquanto outros não conseguem atingi-lo.
Um exemplo de estudo que utilizou o destreinamento foi o de Michelin, Coelho e Burini (2008) que aplicou um mês de destreinamento e depois um protocolo de treinamento a fim de avaliar o efeito desse destreinamento. Eles compararam as variáveis: índice de massa corporal (IMC), flexibilidade, força de membros superiores e inferiores e o consumo máximo de oxigênio (VO2máx). Essas variáveis foram comparadas ao início, após nove meses de treinamento e após um mês de destreinamento. Esses autores encontraram que o tempo de destreinamento proposto por eles não influenciou na força e na capacidade aeróbica, influenciando somente na perda de flexibilidade dos indivíduos. Nesse sentido, pode-se perceber que as variáveis podem reagir de forma diferente ao destreinamento, sendo importante levar isso em conta no momento de propô-lo.
energia para a contração muscular.
Com relação às adaptações neuromusculares ao treinamento aeróbio, podemos citar: as alterações que ele promove no tipo de fibra muscular; no suprimento capilar; no conteúdo de mioglobina; na função das mitocôndrias; e, nas enzimas oxidativas. Nesse sentido, as alterações provocadas pelo treinamento aeróbio estão relacionadas com o aumento da força, onde as alterações nas estruturas e nas funções neuromusculares.
Com relação às adaptações neuromusculares ao treinamento aeróbio, podemos citar: as alterações que ele promove no tipo de fibra muscular; no suprimento capilar; no conteúdo de mioglobina; na função das mitocôndrias; e, nas enzimas oxidativas. Nesse sentido, as alterações provocadas pelo treinamento aeróbio estão relacionadas com o aumento da força, onde as alterações nas estruturas e nas funções neuromusculares promovem os resultados.
O tipo de fibra muscular pode ser alterado de acordo com a especificidade do treinamento. Os atletas de ciclismo, por exemplo, necessitam de maior ativação e função das fibras de contração lenta. Sendo assim, nesses atletas, a tendência é de que essas fibras se tornem maiores quando comparadas às fibras de contração rápida. O tamanho da fibra pode ser diferenciado de acordo com os estímulos, e alguns atletas poderão apresentar fibras de contração lentas maiores, enquanto outros apresentarão as fibras rápidas maiores. Segundo Wilmore e Costill (2001), essas considerações não fazem diferença para a capacidade aeróbia ou para o desempenho dos atletas. Parece que o tamanho da fibra pode estar mais relacionado com tarefas que exigem grandes potências e força, como nas corridas de curta duração ou no levantamento de peso, onde as fibras de contração rápida são as mais recrutadas.
A literatura aponta que os treinos aeróbios não são capazes de aumentar a quantidade de fibras musculares, e isso implica tanto para as fibras lentas quanto para as rápidas. Alguns estudos mostram que podem ser observadas algumas diferenças consideradas pequenas, com relaçãoao subtipo de fibras de contração rápida. As fibras rápidas b (II b) parecem ser menos utilizadas que as fibras a (II a), e assim, a capacidade aeróbia das fibras b seria considerada menor. Uma observação é que o exercício de longa duração pode acionar mais as fibras II b.
A literatura indica também que o treinamento de aeróbio quando praticado por muitos anos pode provocar alterações nas fibras II b, fazendo com que elas alcancem características oxidativas. Essas alterações podem acontecer de forma semelhante às que ocorrem na transformação de fibras b em a, a partir dos treinamentos de sprints (corrida rápida, com explosão e alta intensidade). Não há explicação exata sobre como e por que acontecem essas alterações, mas pode se entender que a mudança delas acontece pelo tipo de esporte exigir maior uso das fibras rápidas.
O suprimento capilar também acontece a partir do treinamento aeróbio, onde acontece o aumento dos capilares ao redor das fibras musculares. Essas adaptações permitem o maior fluxo de suprimentos e a troca de produtos e subprodutos das reações durante a contração muscular. O treinamento de endurance pode fazer com que os capilares aumentem entre 5% e 10% em indivíduos sedentários. Esse aumento dos capilares promove a maior troca de gases, de calor e de produtos metabólicos durante o exercício. Essas condições possibilitam que a produção de energia aconteça de forma mais adequada também. Essas adaptações de capilares normalmente acontecem nas primeiras semanas e meses de treino, mostrando a adaptação de forma aguda que inicia o processo de avanço das condições para que as fibras musculares possam se especializar.
A mioglobina é responsável por se ligar às moléculas de oxigênio quando este entra nas fibras musculares. Esse composto de mioglobina faz com que as moléculas de oxigênio na membrana celular se desloquem para as mitocôndrias. Há grande quantidade de mioglobina nas fibras de contração lenta, pois nelas há a maior necessidade de transporte de oxigênio. Essa característica também está relacionada à cor desse tipo de fibra muscular, com um tom avermelhado, que aparece a partir da ligação da molécula de oxigênio com a mioglobina. As fibras de contração rápida não exigem grandes quantidades de mioglobina por serem glicolíticas, sendo assim, elas apresentam um aspecto esbranquiçado e o suprimento limitado de mioglobina acarreta sua baixa resistência aeróbia.
A mioglobina faz com que o oxigênio seja armazenado e transfere-o para as mitocôndrias quando há necessidade para a contração muscular durante o exercício físico. A reserva promovida por elas passa a ser utilizada entre a mudança do repouso para o movimento do exercício. Essa reserva promove o fornecimento de oxigênio no início do exercício e aumenta a liberação de oxigênio pelo sistema cardiovascular. A literatura ainda não consegue explicar quais seriam outras contribuições da mioglobina para a liberação de oxigênio, mas mostra que o treino aeróbio é capaz de aumentar a quantidade de mioglobina de 75% a 80%. Sendo assim, infere-se que seu aumento esteja relacionado com a capacidade de aumento do metabolismo oxidativo muscular.
A mitocôndria é responsável pela produção de energia aeróbia e pode ser também influenciada pelo treinamento aeróbio. Nesse contexto, a mitocôndria tende a melhorar a capacidade de produzir o trifosfato de adenosina (ATP). O uso do oxigênio para o processo de oxidação estará relacionado com a quantidade, o tamanho e a eficiência das mitocôndrias musculares. Portanto, essas condições podem também ser melhoradas a partir do treinamento aeróbio. Estudos apontam que a quantidade de mitocôndrias pode aumentar em 15% a partir de 27 semanas de exercício físico. O tamanho da mitocôndria também pode aumentar cerca de 35% com o mesmo tempo de treinamento. Então, pode-se entender que o volume e a quantidade de mitocôndrias podem ser aumentados a partir do treinamento.
DICA
O aumento da quantidade de mitocôndrias e de seus volumes está relacionado à eficiência no exercício aeróbio. À vista disso, o sistema oxidativo será cada vez mais eficiente com o treinamento aeróbio.
As enzimas oxidativas são liberadas durante o processo de oxidação que ocorre nas mitocôndrias. Elas são responsáveis por catalisar a degradação de nutrientes para formar ATP e o treinamento aeróbio faz com que essas atividades enzimáticas aumentem para suprir a necessidade de energia. A alteração dessas enzimas está relacionada com o aumento do VO2máx, com a redução da velocidade com que o corpo utiliza o glicogênio do músculo e com a redução da produção de lactato. Com o tempo de prática do treinamento, mesmo com os exercícios de maior intensidade, haverá o menor distúrbio na homeostase, atendendo ao princípio da adaptação.
ADAPTAÇÕES NAS FONTES DE ENERGIA
O treinamento aeróbio demanda grandes quantidades de energia, e da reserva de glicogênio e gorduras dos músculos. O corpo tende a se adaptar ao estímulo de forma a melhorar a produção de energia e reduzir a fadiga decorrente da falta dela para a contração. Nesse sentido, o corpo adapta também a forma como metaboliza os substratos para a produção de energia, como os carboidratos e as gorduras. O glicogênio é utilizado durante o exercício e sua ressíntese acontece após o treinamento, então enquanto há o gasto de glicogênio há o recarregamento de suas concentrações. Condições como o repouso e a ingestão de carboidratos podem favorecer o armazenamento de maior quantidade de glicogênio no músculo treinado quando comparado ao não treinado.
Explicando, quando os corredores de longa distância param de treinar para se recuperar e ingerem grandes quantidades de carboidrato, a concentração de glicogênio tende a aumentar, o que pode chegar ao dobro da concentração de pessoas sedentárias com o mesmo regime alimentar. Essas colocações nos trazem a ideia de que somente a alimentação não é capaz de promover a maior reserva, e sim a combinação entre o treinamento e a alimentação. Essa reserva aumentada é importante para a melhor tolerância do atleta ao treinamento e também oferece uma melhor performance mediante maior quantidade de energia.
Os músculos submetidos aos treinos de endurance possuem tanto maior quantidade de reserva de glicogênio quanto de gorduras. O papel dessas gorduras armazenadas é servir de substratos para a produção de energia durante o exercício. As explicações sobre o armazenamento do substrato a partir do exercício aeróbio não são bem conhecidas, mas percebe-se que esses indivíduos tendem a ter 1,8 vezes mais triglicerídeos armazenados nos músculos com o treinamento de 8 semanas de corrida de longa distância. Esses triglicerídeos são armazenados em lugares estratégicos próximos das mitocôndrias, para que sejam facilmente captados para a produção de energia.
O treinamento aeróbio também promove o aumento de enzimas oxidativas de lipídeos, promovendo a oxidação mais eficaz dos lipídeos em atletas de endurance. Dessa forma, podemos dizer que os músculos treinados possuem a capacidade de oxidar lipídeos aumentada, sendo que estudos apontam que esse aumento pode chegar a 30%. O treinamento aeróbio também promove o aumento da velocidade de liberação dos ácidos graxos durante exercícios prolongados, proporcionando a disponibilidade para o uso dos músculos.
A literatura também aponta para a possibilidade de o músculo treinado possuir adaptações para a oxidação de mais gorduras que carboidratos, devido à essa maior disponibilidade de ácidos graxos na corrente sanguínea. Esse substrato na corrente sanguínea também pode favorecer na economia das reservas de glicogênio, reduzindo a possibilidade de o atleta chegar a condições exaustivas. Considerando uma determinada taxa de trabalho, os indivíduos considerados treinados utilizarão maior quantidade de gordura e menos carboidratos para a produção energética quando comparados aos indivíduos não treinados.
O equilíbrio entre a degradação de carboidratos e gorduras durante o exercício aeróbio não é bastante conhecido, mas estudos apontam que otreinamento leva a um desvio da curva em direção à maior degradação de gordura quando a intensidade do exercício é submáxima. A partir disso, entende-se que pode haver um cruzamento no gráfico que relaciona a intensidade do exercício com o equilíbrio da degradação de carboidratos e lipídios. Nos níveis em que o exercício leva o VO2máx a 45%, os lipídios tendem a ser o substrato mais utilizado. Já nos exercícios mais intensos, considerados como os superiores a 70% do VO2máx, o substrato mais utilizado será o carboidrato. O treinamento de endurance tende a reduzir a atividade do sistema nervoso simpático, o que faz com que haja também a redução da degradação dos carboidratos no exercício submáximo (WILMORE; COSTILL, 2001).
 Gráfico 2. Relação entre a potência aeróbia e a taxa de degradação de carboidratos e gorduras durante o exercício aeróbio.
TREINAMENTO DO SISTEMA AERÓBIO E SUAS CARACTERÍSTICAS
Agora que já sabemos os benefícios que o treinamento aeróbio promove, passamos para entender como isso ocorre e as características do tipo de treinamento .
É possível mensurar a capacidade aeróbia de atletas a partir de uma amostra de músculo colhida com uma agulha. Essa pequena amostra é mergulhada em solução que contém alguns reagentes e permite verificar a capacidade das mitocôndrias em produzir energia a partir do oxigênio. Baseado nessa medida é possível saber qual é a taxa máxima de utilização de oxigênio pelas mitocôndrias na produção de energia. Esse método mensura, então, a capacidade respiratória máxima do músculo, também conhecida como QO2. O QO2 é a medida de consumo máximo de oxigênio pelo músculo que é diferente da medida do VO2máx que corresponde ao consumo do corpo.
Sabemos que a carga ideal de volume de treinamento pode variar de indivíduo para indivíduo, mas corredores de longa distância podem ter um gasto energético entre 5.000 e 6.000 kcal/semana, o que significa um gasto de 715 a 860 kcal/dia. No entanto, a literatura só pode apontar algumas estimativas, visto a individualidade dos atletas e também a intensidade do treinamento.
A capacidade aeróbia está relacionada com a quantidade de calorias gastas durante as sessões de treinamento e a quantidade de trabalho durante as semanas. Acredita-se que essa melhora da resistência aeróbia seja dependente do volume de treino, no entanto, indivíduos que possuem maior gasto de energia no treinamento não apresentam maiores valores de VO2máx.
É importante ressaltar que há um limite para o aumento da capacidade aeróbia. A literatura aponta que os atletas com altas cargas de treinamento tendem a atingir um nível máximo e, a partir disso, não aumentarão mais a resistência aeróbia. O Gráfico 3 mostra as alterações do VO2máx de dois corredores antes e após os níveis de treinamento. Observe o grande aumento ao início do treinamento e o aplanamento da curva por volta dos 80 km/semana, esses dados mostram a redução do aumento de capacidade aeróbia. É possível que alguns atletas pratiquem duas sessões diárias na tentativa de aumentar os benefícios, no entanto, isso não acontece.
 Com relação à intensidade de treinamento, a adaptação depende tanto do volume de treinamento quanto da intensidade, mostrando que a intensidade de treinamento está ligada ao desempenho deste. Por sua vez, as adaptações musculares também estão relacionadas com a duração do exercício durante a sessão. Nesse sentido, a literatura aponta que os atletas de alta performance que realizam sessões de alta intensidade de forma intermitente podem demonstrar maiores ganhos em seu desempenho quando comparado com os que realizam sessões de baixa intensidade, lenta e prolongada. Esse tipo de sessão não só oferece menos benefícios como também não promove o desenvolvimento de padrões neurológicos de recrutamento das fibras musculares. Além disso, eles demandam altas taxas de energia para seu desempenho máximo.
O treinamento do tipo intervalado é aquele que inclui pequenas pausas entre os exercícios. Ele é utilizado pela grande maioria dos atletas com foco na melhora do desempenho anaeróbio. Nessa prática, essas sessões costumam produzir grandes concentrações de lactato. Os treinos intervalados também podem ser utilizados para a melhora do desempenho aeróbio, incluindo sessões de exercícios repetidos, rápidos e breves, com pequenos intervalos entre as séries. A literatura aponta que esse tipo de exercício produz os mesmos benefícios que um treino de alta intensidade, contínuo e de forma prolongada. A Tabela 2 mostra um exemplo de treino intervalado para atletas corredores. Pensando que o volume é a chave para o desempenho, o corredor realiza muitas corridas de curta duração, que resultam em um treino mais longo. Essas condições permitem que ele se desenvolva mais e se recupere mais do que se tivesse de realizar toda a corrida de forma contínua, sem que se perca tanto no tempo.
 O treinamento contínuo consiste no treinamento de forma continuada, isto é, sem descansos como no treino intervalado. A literatura aponta para a similaridade dos dois tipos de treino, no entanto o treino contínuo pode resultar em maior desgaste do atleta e ser monótono. Ainda não há confirmações sobre as melhores evidências de que os treinos intervalados produzam melhor adaptação muscular que o contínuo. É importante que o profissional leve em conta também a referência e o perfil do cliente nesse caso, pois poderá gerar mais satisfação e desenvolvimento do atleta, visto que não há diferenças entre os dois tipos de treinamentos para o desempenho aeróbio.
3. nutrição e exercício
É sabido que o peso corporal tende a aumentar com a idade, pois há redução do metabolismo e acúmulo de tecido adiposo como forma de proteção do organismo. Ao mesmo tempo, conforme o indivíduo envelhece, ele tende a reduzir seu nível de atividade física e atividades diárias, o que também resulta em gasto energético contido. A solução para o controle é o equilíbrio entre a quantidade de nutrientes ingeridos com a quantidade de energia gasta por meio das atividades do dia a dia.
A nutrição é um fator importante para o controle do peso e para a melhora do desempenho no esporte. Essas duas variáveis, nutrição e exercício, são duas grandes aliadas para a manutenção da saúde e prevenção de risco de doenças sistêmicas e crônicas. A partir de treinos elaborados e dietas voltadas para a manutenção das funções corporais, o indivíduo melhora sua performance no esporte e consequentemente a sua saúde. Sendo assim, o controle nutricional pode ser realizado de diversas formas dependendo da individualidade e dos objetivos do cliente.
CONSUMO DE NUTRIENTES E EXERCÍCIO
O aumento do peso acontece quando há a ingestão em excesso de nutrientes ou quando há o desequilíbrio entre a ingestão e o consumo calórico. Desse modo, os nutrientes acumulados são transformados em gorduras que são mais difíceis de serem metabolizadas posteriormente. Assim, a alimentação também deverá apresentar por volta de 3.500 kcal a mais para que o indivíduo ganhe 454 gramas de tecido adiposo. Assim, o cálculo para o equilíbrio energético reflete basicamente as alterações das reservas energéticas em virtude da quantidade ingerida subtraindo-se o gasto energético. O gasto energético compreende tanto as funções vitais que estão sendo realizadas a todo o momento (vegetativas) quanto as atividades físicas e treinamentos físicos. É importante ressaltar que as atividades vegetativas trabalham com o mínimo de energia, visto que são mantidas 24 horas por dia.
Por meio do balanço nutricional, o profissional pode verificar as condições de ingestão dos nutrientes de forma mais específica, e assim, propor intervenções para reequilibrar o consumo energético do indivíduo. Considera-se as taxas de proteína, carboidratos e de gordura para o cálculo do balanço nutricional. A ingestão de bebidas alcoólicas inibe a oxidação de gorduras indicando o aumento da ingestão de calorias somado à inibição das gorduras causada por ele.
À vista disto, a dieta adequada consiste na ingestão de quantidade de nutrientes e caloriasnecessários a fim de oferecer substratos para o desenvolvimento e regeneração corporal. As quantidades energéticas também devem suprir as atividades diárias, lazer e atividades físicas. Já as dietas com altas quantidades de carboidratos e gorduras promovem o aparecimento da obesidade. As orientações do Dietary guidelines for Americans indicam que para manter o peso corporal deve-se equilibrar a quantidade de calorias ingeridas com as gastas. Já para prevenir o ganho, deve-se reduzir as calorias de forma lenta e aumentar a atividade física.
A taxa metabólica basal (TMB) consiste no gasto energético de forma basal, ou seja, considerando as funções básicas corporais. Ela é importante, pois representa em torno de 60% a 75% do gasto de energia total de um indivíduo sedentário. Mas essa condição é de difícil aferição, visto que seriam consideradas somente as atividades vegetativas. Logo, mensura-se a taxa metabólica em repouso (TMR) quando o indivíduo realiza o teste após quatro horas de ingestão e repouso de 30 a 60 minutos após chegar ao local. A TMB é empregada no cálculo do equilíbrio energético, pois consiste entre 60% a 75% do gasto total de pessoas sedentárias. Ela também é proporcional à quantidade de massa livre de gordura e as mulheres tendem a apresentar menores valores que os homens.
Além da massa livre de gordura, a dieta prolongada também pode expressar o aumento da TMB, reduzindo o peso corporal em 20%. É importante saber que quando se ingere baixa quantidade de calorias, a produção de energia do corpo diminui para reduzir a tendência à redução do peso. O aumento da ingestão calórica pode estar associado à termogênese (processo de produção de calor corporal a partir de gorduras) que promove o aumento das reações metabólicas e consequente elevação da temperatura corporal.
O exercício age sobre a taxa metabólica de forma a elevar seu funcionamento. Assim, a literatura indica que a TMR é maior para indivíduos treinados e explica que isso se deve ao maior fluxo de energia associado ao comportamento da dieta e do exercício físico. Dessa maneira, o exercício, principalmente o treinamento de força, é capaz de auxiliar no equilíbrio energético, reduzir a taxa de gordura e melhorar a composição corporal do indivíduo ao longo de sua prática.
COMPOSIÇÃO CORPORAL
A composição corporal é a medida sobre a qual se verifica a distribuição de massa corporal do indivíduo. Essa condição é avaliada a fim de conferir os riscos à saúde e a adequação dos exercícios para o cliente. Nesse sentido, a composição corporal indica a quantidade de gordura e de massa magra (músculos) que o indivíduo possui. Sabe-se também que 70% a 80% do corpo humano é composto por água, sendo assim, a redução dessa quantidade basal indica desidratação intensa.
Uma das grandes preocupações mundiais é com o excesso de peso, que muitas vezes está associado ao sedentarismo e à dieta rica em gorduras e alimentos processados. Para isso, os órgãos de saúde têm indicado a prática regular de atividade física e o consumo de nutrientes de forma consciente, evitando alimentos processados e os famosos fast-foods.
4. medidas e avaliação no exercício
Visto que o objetivo do treinamento é basicamente melhorar o desempenho, são necessárias medidas para verificar esses ganhos. Sendo assim, algumas medidas de mensuração auxiliam no monitoramento das alterações durante o treino, bem como periodicamente para verificar as modificações e adaptações frente ao estímulo. As adaptações do sistema muscular, por exemplo, demandam algum tempo. No entanto, as alterações fisiológicas podem ser observadas para o acompanhamento do progresso dos atletas.
EXEMPLIFICANDO
No artigo “O impacto do período de destreinamento sobre valências físicas em atletas de futebol”, você poderá acompanhar o protocolo utilizado para o destreinamento de atletas do futebol. Além disso, observe as medidas utilizadas para a avaliação das capacidades físicas.
AVALIAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA 
As aptidões do sistema cardiorrespiratório, por exemplo, podem ser mensuradas a partir da capacidade aeróbia ou VO2máx. Para essa medida é preciso que o profissional possua um laboratório disponível com equipamentos específicos como a esteira para o teste incremental, onde pode ser mensurado o VO2 direto. Já a mensuração da medida indireta pode ser realizada por meio da ergometria indireta.
Os testes de condicionamento cardiorrespiratórios são importantes para verificar o condicionamento do indivíduo de acordo com a atividade realizada por ele, por exemplo, a corrida ou o ciclismo. Os testes de corrida são estabelecidos por tempo ou por distância, onde o indivíduo tenta realizar sua melhor velocidade, que são correlacionados com o VO2máx. Esses são testes de fácil acesso e podem avaliar várias pessoas em menor tempo e com baixo custo.
No entanto, os testes não permitem o monitoramento das funções fisiológicas ou das adaptações que acontecem durante o procedimento. Muitas vezes eles são associados a outros testes para mensurar a maior quantidade de variáveis, e são voltados para indivíduos que já possuem maior nível de condicionamento físico. O teste de Cooper de 12 minutos ou a corrida de 2,5 quilômetros são exemplos de testes de condicionamento cardiorrespiratórios. Neles, o objetivo é que se mantenha uma velocidade média ou se atinja uma distância pré-estabelecida.
O teste de caminhada avalia a frequência cardíaca durante a caminhada de 1,5 quilômetros, e a medida da frequência cardíaca que é realizada ao final do teste pode ser aplicada na fórmula para descobrir o VO2máx. Sua factibilidade e a mensuração que ele propõe a partir de dados como massa, idade, gênero, tempo de percurso e frequência cardíaca fazem-no um teste importante. O avaliador pode observar também que ao acompanhar o avaliado no decorrer do treinamento, a tendência é de que ele reduza o tempo de percurso e as alterações da frequência cardíaca frente ao teste.
O Canadian home fitness test (CHFT) consiste em um teste do degrau, onde são utilizados degraus de oito polegada (mais baixos que os de uma escada convencional). Para realizar o teste, o indivíduo preenche um questionário (physical activity readiness questionnaire, ou PAR-Q) que avalia sua capacidade para realizar a atividade. A partir da aceitação do indivíduo no teste pelas respostas do questionário, ele é instruído a dar passos no degrau durante três minutos em uma velocidade que atinja 65% a 70% do VO2máx. Na sequência, o pulso do avaliado é mensurado e se não ultrapassar a quantidade permitida ele inicia novamente o teste. O Quadro 1 mostra os critérios de avaliação durante o teste e as classificações que devem ser dadas em cada caso.
 Quadro 1. Avaliação de condicionamento físico para o Canadian home fitness test. 
Os testes de esforço progressivo (TEP) permitem a avaliação do sistema cardiorrespiratório do avaliado. Esse teste pode ser realizado utilizando uma esteira ergométrica, cicloergômetro ou subindo e descendo degrau ou banco. Os testes exigem a progressão do trabalho de forma que a velocidade muda a cada dois ou três minutos. Assim, o praticante chegará a um ponto final determinado ou a algum sintoma patológico. As variáveis mensuradas podem ser a frequência cardíaca ou a pressão arterial, e em testes mais equipados podem ser mensurados os valores de VO2máx dependendo da necessidade e da disponibilidade de equipamentos.
O eletrocardiograma (ECG) é um exame de diagnóstico de doenças cardíacas e que também pode ser utilizado para indicar a capacidade do funcionamento normal do coração durante a realização de uma tarefa ou esforço. Ele utiliza eletrodos com 12 derivações e avalia disritmias, perturbações na condução e isquemia do coração.
EXPLICANDO
As disritmias são alterações no ritmo elétrico, que provoca a contração dos compartimentos do coração. Os distúrbios ou perturbações da condução revelam defeitos na condução do sinal elétrico de ativação, como bloqueio atrioventricular ou bloqueio do ramo do feixe. Já a isquemia revela a perfusão inadequadade sangue em determinada região.
A percepção subjetiva do esforço é uma medida de resposta do avaliado, onde ele realiza um esforço e se autoavalia de acordo com a escala que lhe é mostrada. A escala normalmente utilizada é a de Borg, que também serve para outras áreas dentro do campo da avaliação. Ela possui uma graduação de 6 a 20, onde cada indicação numérica possui uma classificação. Essa escala permite o acompanhamento do avaliado durante um teste de esforço e pode ser determinado que ele faça sua autoavaliação em determinados períodos. A partir dessa avaliação é possível que o profissional padronize a intensidade do treino de forma a melhorar o desempenho e visualizar as adaptações do avaliado ao treinamento. Essa escala de 6 a 20 foi revisada em um modelo resumido para 0 a 10 que também indica os mesmos quesitos, porém em um intervalo menor. Veja a Tabela 3, que mostra a classificação da escala de acordo com o esforço do indivíduo.
 Tabela 3. Classificação da escala de Borg.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
A medida do lactato também pode ser uma opção para monitorar o estresse provocado pelo treinamento. Ele tende a aumentar a partir de seu acúmulo na corrente sanguínea quando o exercício passa de 50% a 60% de intensidade do VO2máx para pessoas não treinadas e quando passa de 70% a 80% em treinados. Nesse sentido, o marco de aumento súbito pode servir de base para o controle da intensidade do exercício proposto. Podemos ver no Gráfico 4 que os indivíduos treinados conseguem se exercitar com maior VO2máx antes de o lactato se acumular. Sendo assim, podemos entender que o lactato pode ser uma medida preditora do desempenho. Considera-se também que o lactato seja mais sensível para mensurar as alterações quando comparado com o VO2máx.
 Gráfico 4. Efeito da intensidade do exercício no acúmulo de lactato no sangue para indivíduos treinados e não treinados. 
O lactato pode ser mensurado a partir da coleta sanguínea realizada em diversos momentos da atividade. Várias pesquisas avaliaram as concentrações de lactato a 30 e a 60 minutos de repouso após o exercício para visualizar a taxa de recuperação corporal depois do estímulo intenso. Esse tipo de teste é comum em atletas esportivos e ambientes em que há a condição clínica de avaliação, visto que demanda análise laboratorial e corpo especializado para a coleta sanguínea.
AVALIAÇÃO NEUROMUSCULAR
A avaliação neuromuscular consiste na avaliação das condições musculoesqueléticas e a interação dessas com o sistema nervoso. Deste modo, podem ser mensuradas as condições de força, flexibilidade, agilidade, coordenação motora, entre outras. É importante ressaltar que essas condições podem ser modificadas pelo exercício e que periodicamente devem-se realizar novas avaliações a fim de mensurar os ganhos com o treinamento.
A avaliação da força muscular é importante para o conhecimento sobre o nível de força de determinados grupos musculares, servindo também para acompanhar os ganhos do indivíduo durante o programa de treinamento voltado para a força muscular. Ele é importante na avaliação e reavaliação de indivíduos que sofreram lesões, pois ele indica a recuperação da força a partir da reabilitação fisioterapêutica.
A força pode ser mensurada a partir de diversos sistemas, como o teste isométrico, o teste com peso livre para determinado exercício, o teste isocinético e o teste de resistência variável. Cada um deles mensura a força de forma diferente, visto que a força pode ser reproduzida a partir de diversos tipos de resistência. Cada um desses métodos possui sua especificidade e deverá ser casado com o tipo de esporte e com o tipo de treino, pois de nada adianta avaliar apenas a força isométrica se o atleta precisar da força isocinética para o seu desenvolvimento.
A avaliação da força isométrica pode ser realizada a partir de um tensiômetro, onde o paciente é posicionado de forma a medir a força de um grupo muscular para determinado movimento. Veja na Figura 1 o posicionamento para a medida de extensão de joelho. Esse teste mensura a força isométrica máxima no ângulo articular desejado, onde o avaliado deverá manter a força por aproximadamente 5 segundos e realizar entre três a cinco tentativas para gerar um valor médio.
O teste de força com pesos livres pode ser realizado de diversas formas. Ele é um teste de força isotônica, onde o indivíduo poderá pegar mais ou menos peso e realizar a quantidade de repetições estipulada. Muitos testes adotam de três a seis repetições máximas, e há ainda o teste de uma repetição máxima (1RM). Esse teste consiste na maior quantidade de carga que o indivíduo consegue pegar para realizar determinado movimento, por exemplo, uma flexão de cotovelo. O movimento é considerado completo, ou seja, se ele realizar o movimento mais de uma vez, aumenta-se a carga até que atinja seu peso máximo. Para evitar vieses, dá-se um tempo de recuperação determinado de 5 a 10 minutos entre as tentativas para que o resultado do teste não seja influenciado pelo cansaço do avaliado.
O dinamômetro hidráulico é outra ferramenta que pode mensurar a força. Existem alguns tipos e tamanhos diferentes que podem mensurar a forma de grupos musculares diferentes, como o palmar (Figura 2), o escapular, e o lombar. Essa é uma boa ferramenta, mas deve-se tomar cuidados com a calibragem e o armazenamento. Além disso, é preciso dar importância para o posicionamento do avaliado durante a realização do exame, visto que a mensuração da força é dada pela célula de carga acoplada e deve ser tracionada no sentido indicado.
 Figura 2. Dinâmometro de preensão palmar.
Existe também o dinamômetro isocinético (Figura 3), que avalia a força a partir do grau de movimento, ou seja, angulação de movimento e velocidades constantes. Esse é o aparelho mais moderno para mensuração de força e é considerado um importante equipamento em pesquisas. No entanto, ainda é bastante oneroso e de difícil acesso. O aparelho é computadorizado e permite o controle da maior parte das variáveis, como força média e ângulo articular, e ao final reproduz a curva de variáveis com relação ao teste.
 Figura 3. Dinamômetro isocinético para a avaliação da força muscular. 
Os testes de força com resistência variável estão relacionados com os testes realizados livres, no entanto esses contam com máquinas de peso que oferecem determinadas cargas calculadas. Nesses aparelhos também se realizam os testes de repetições máximas como citado anteriormente. Eles são indicados para movimentos guiados, mais seguros, mas ao mesmo tempo só servem para a capacidade de força e potência, onde o indivíduo não necessita ter tanta coordenação e equilíbrio quanto no teste de pesos livres.
AVALIAÇÃO FÍSICA 
A avaliação física consiste na avaliação das características gerais do indivíduo, onde é dada atenção para a composição corporal, aptidão física, condições de consumo de nutrientes nas dietas, entre outras condições. Essas variáveis são importantes para compreender um pouco mais da individualidade do cliente. Sendo assim, o profissional poderá indicar acompanhamento nutricional ou médico caso observe alguma alteração importante. Por outro lado, muitos clientes vão à busca da prática de atividade física a pedido de profissionais médicos ou nutricionistas para manutenção ou controle do peso corporal.
A avaliação física básica conta com o índice de massa corporal (IMC), onde o indivíduo tem sua estatura mensurada e a massa pesada em quilos. Essa medida é aplicada à fórmula: IMC = peso (kg) / altura (m²). Assim, o IMC é dado em kg/m² e indica a distribuição de massa por metro quadrado. No entanto, vale ressaltar que indivíduos com alto índice de massa magra, como os levantadores de peso, podem apresentar altos valores de IMC. Essa situação revela por que não podemos generalizar o IMC para toda a população. No geral, a medida serve para indivíduos aparentemente normais ou que apresentem alta porcentagem de gordura, visualmente.
A medida ideal de composição corporal para atletas e indivíduos que estejam realizando o controlede gordura corporal é a bioimpedância. Esse instrumento permite a avaliação da quantidade de água e gordura corporal por meio de uma corrente elétrica, que é passada por
todo o corpo. A corrente elétrica aplicada possui uma frequência média de 50 kHz e passa de uma extremidade do corpo à outra. Nesse caso, a medida é realizada a partir da resistência do corpo para a passagem de corrente; como sabemos, a gordura dificulta essa resistência. É importante ressaltar as condições de hidratação do indivíduo para a validade dos testes, onde o excesso de água poderia superestimar a quantidade de gordura corporal.
Além disso, as medidas de pregas cutâneas mostram a indicação para locais que apresentam maior ou menor concentração de tecido adiposo. As medidas das pregas cutâneas são realizadas a partir da pinça dos tecidos e mensuração com o clipe que mede a espessura da pele em cada região. Regiões comuns são a tricipital, coxa, peitoral, borda lateral da escápula, flancos, abdominal, entre outras. A partir dos valores obtidos pela pinça, é possível realizar cálculos de acordo com equações estabelecidas para o cálculo da densidade corporal.
Outra forma de mensurar a massa corporal e ainda a integridade dos tecidos moles e ósseo é a absorciometria por raios-X de dupla energia (DXA). Essa técnica permite mensurar a quantidade de mineral e a densidade óssea. O método consiste na absorção dos raios pelo corpo do indivíduo e a imagem revela a densidade das estruturas a partir da coloração dos tecidos. Além disso, a gordura se mostra na camada superficial da pele, onde é possível observar os locais de maior concentração.
A pesagem hidrostática (Figura 4) permite a mensuração da massa corporal com relação à diferenciação da quantidade de gordura. Sabe-se que a massa muscular possui maior peso por volume do que o tecido adiposo, sendo assim o tecido adiposo apresenta maior volume quando comparado à mesma massa de tecido muscular. Para eliminar o efeito da diferença entre as densidades dos dois tecidos, é possível realizar a pesagem do indivíduo em ambiente hidrostático. Nesse contexto, a mensuração é dada em densidade e não em massa corporal. 
Figura 4. Técnica de pesagem submersa. 
É importante lembrar que as medidas de composição corporal são passíveis de erro. Para isso, o avaliador contará sempre com uma margem de erro. Traduzindo, se o objetivo da avaliação for a comparação com um evento passado ou será comparado com evento futuro, deve se adotar as mesmas regras e condições tanto de alimentação quanto de reposição hídrica no dia da avaliação. Muitos avaliadores preferem realizar esses testes no início do dia e de preferência em jejum, para que haja o mínimo de interferência possível nas mensurações.
Outras variáveis poderão ser investigadas na avaliação física, como a mensuração do perímetro dos segmentos como forma de medir a hipertrofia, ou mesmo a postura do atleta por meio de análise postural. 
5. prescrição de exercícios para população especial
A prescrição de exercícios para a população em geral está prevista para atingir níveis elevados de condicionamento. No entanto, algumas populações que já possuem comorbidades ou estão em reabilitação física, por exemplo, devem ter suas condições de desenvolvimento físico limitado e consequentemente necessitam de um programa de exercício mais individual e voltado para a sua condição clínica. Nesse sentido, o profissional deverá reconhecer as principais condições, assim como saber interpretar os sinais que o paciente/cliente dá frente ao esforço físico. Além disso, é importante conhecer os tipos de avaliações realizadas tanto em nível laboratorial quanto em nível clínico. Isto posto, serão apresentadas algumas das condições mais comuns na prática clínica. 
CARDIOPATAS
A hipertensão arterial é uma condição em que há o aumento da pressão arterial sistólica e diastólica. Essa condição se desenvolve no decorrer dos anos e está associada aos hábitos alimentares, estresse, entre outras condições. Esses indivíduos deverão fazer exame físico para identificar suas condições físicas e a necessidade de encaminhamento para o profissional adequado. Muitas vezes esses indivíduos possuem outras comorbidades e são tabagistas, o que uma simples reeducação poderá melhorar o quadro do paciente. Esses indivíduos devem ser encorajados a seguir uma rotina alimentar saudável e com redução das doses de sal. Além disso, o exercício é um fator importante para a melhora da resistência aeróbia e consequente redução de 5 a 7 mmHg na pressão arterial de repouso. Destarte, a indicação para esses indivíduos é para a atividade aeróbia que também previne o risco de doença coronariana.
Segundo Pescatello e colaboradores (2004), os exercícios aeróbios de intensidade moderada melhoram o VO2máx. São recomendados 30 minutos diários de atividade e a complementação com o treinamento de força entre 60% e 80% de 1RM. A atividade também promove a perda de peso e os indivíduos devem ser encorajados para a limitação da ingestão de álcool e tabagismo, redução da quantidade de sódio, alimentação rica em frutas, vegetais e pobre em gorduras e colesterol.
Os pacientes em reabilitação cardíaca recebem orientação para o treinamento físico como forma de controle de suas condições físicas e quadro clínico. Esses pacientes podem ter sofrido infarto, angina, cirurgia de revascularização ou angioplastia. O programa de reabilitação cardíaca é constituído em fases, onde a primeira é dedicada ao evento cardíaco até a alta hospitalar. São inseridos exercícios leves e é observada a reação do paciente, onde sinais extremos poderão ser motivos para cessá-los. A segunda fase consiste na alta hospitalar similar a de pessoas saudáveis com alongamentos, exercícios de resistência e fortalecimento, e atividades de desaquecimento. Já os pacientes em alto nível de descondicionamento deverão realizar atividades leves somente para atingir certa frequência cardíaca. O paciente inicia um programa mais leve e curto, e conforme vão ganhando condicionamento e aptidão física, passam a fazer treinos mais prolongados.
A indicação é para treinos de força de baixa intensidade, onde são realizadas grandes quantidades de repetições e com baixa carga. À medida que o condicionamento começa a ficar melhor, há o aumento da carga e a redução das repetições. As recomendações indicam para a necessidade de se desenvolver esses treinos entre duas e três vezes por semana e incluir atividades com grandes grupos musculares. A terceira fase do tratamento consiste na continuidade do programa de reabilitação, no entanto, sem a necessidade constante de profissional disponível para casos de emergência, considerando que esse paciente estará mais estável.
PNEUMOPATAS
A asma é uma condição em que há a inflamação crônica e obstrução reversível das vias aéreas. Os sintomas desses pacientes estão relacionados com a falta de ar e um som de sibilo que mostra resistência dos músculos lisos, inchaço das células da mucosa e hipersecreção. É importante saber que o próprio exercício poderá induzir à asma, tornando a situação ainda mais difícil. Isso pode acontecer nos primeiros 5 a 15 minutos de exercício ou entre 4 e 6 horas após. No entanto, essa não é uma condição limitante, visto que vários atletas de alta performance possuem asma induzida pelo exercício e não têm suas capacidades afetadas por isso. Os fatores que estão associados a essa condição são: ar frio, hipocapnia, alcalose respiratória e intensidade e duração da atividade. Outros fatores descobertos atualmente são o resfriamento e ressecamento das vias aéreas nos locais de provas onde o ar é seco.
As indicações para o paciente asmático que pratica exercícios é de que se controle farmacologicamente e nutricionalmente suas condições. Além disso, sua sessão deve incluir o aquecimento somado a atividades leves a moderadas divididas em sessões de 5 minutos. Para esse público, atividades na água poderão ser benéficas, visto a umidade no ambiente. Em climas frios poderá utilizar um cachecol ou máscara facialpara exercícios ao ar livre, de forma a manter a temperatura e a umidade.
Os pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) possuem a restrição do fluxo de ar. Essa condição pode estar relacionada com diversas doenças, como a bronquite crônica, enfisema e asma brônquica, que se diferenciam da asma induzida por exercício. O paciente em estágio avançado apresenta grande restrição ao fluxo de ar e grandes dificuldades para desempenho das atividades normais. Essa característica pode ser observada pelo som sibilante durante a respiração. O paciente com DPOC é encorajado a desenvolver sua independência e a desempenhar exercícios voltados para o sistema respiratório, e deverão realizar testes respiratórios como o VEF ou o TEP para identificar o estágio em que a doença está e seu grau de comprometimento.
O DPOC se divide em quatro estágios de gravidade, onde os indivíduos do primeiro estágio não percebem a capacidade pulmonar reduzida. Já para os que se encontram no terceiro estágio, a fadiga é marcante e a fadiga afeta suas atividades diárias. O quarto estágio está relacionado com a insuficiência respiratória. Os exercícios não revertem o quadro em avanço, mas podem auxiliar na cessação das evoluções, redução da fadiga e falta de ar. O treinamento é bastante individual, mas possui algumas recomendações básicas, como: praticar atividade de três a cinco vezes por semana; treinar a força dos músculos respiratórios; realizar trabalho de força também para os membros inferiores.
Esses pacientes poderão necessitar de suplementação de oxigênio e poderão trabalhar com exercícios de intensidade moderada, treinamento convencional ou intervalado, de acordo com a sua situação. A literatura aponta que o treinamento intervalado pode beneficiar o paciente com seus curtos períodos de treino e redução da fadiga muscular respiratória.
DIABÉTICOS
O diabetes é um acometimento que consiste na hiperglicemia causada pela secreção indevida de insulina, pela redução da ação da insulina ou ambas as condições. O diabetes pode ser dividido em dois tipos: o tipo 1 está relacionado com a secreção inadequada de insulina, e o tipo 2 está relacionado com a redução da ação da insulina. Visto que o exercício capta a glicose sanguínea para a formação de energia para a contração muscular, ele é indicado para esses indivíduos e é um ótimo aliado para o controle de glicose. No entanto, é importante que o indivíduo esteja controlando (mantendo-a próxima dos níveis normais) o seu quadro clínico para iniciar a atividade física.
O diabetes promove situações em que a insulina não é capaz de regular a quantidade de glicose no sangue. Sendo assim, esse público costuma fazer controle alimentar e/ou uso de insulina para que esse controle seja alcançado e se evite a formação de corpos cetônicos a partir do excesso de glicose sanguínea. A Figura 5 mostra a comparação entre indivíduos normais, diabéticos controlados e diabéticos cetóticos durante a prática de uma atividade física prolongada. Observe que os diabéticos cetóticos possuem tendência a elevar a concentração de corpos cetônicos com a prática da atividade, e não reduzem o nível de glicemia quando comparados aos outros indivíduos. Os indivíduos normais não alteram nem os corpos cetônicos nem a glicemia durante o decorrer do exercício.
 Figura 5. Concentração de corpos cetônicos e de glicemia durante a prática de atividade física prolongada em indivíduos normais, diabéticos controlados e diabéticos cetóticos.
O indivíduo que possui o diabetes do tipo 1 em sua forma controlada tende a reduzir o nível de glicose plasmática durante os exercícios. Isso pode ser explicado pelo controle da concentração de insulina promovida pelo tratamento do diabetes. Logo, a disponibilidade da enzima e da captação da glicose para a contração muscular faz com que o nível de glicose durante o exercício chegue próximo dos valores normais. As preocupações com o indivíduo com diabetes do tipo 1 estão voltadas para a possibilidade de hipoglicemia, que pode levar ao choque de insulina. Sendo assim, no início do programa de treinamento, o indivíduo deve ter a intensidade, a frequência e a duração do exercício reguladas, além do controle dietético e da insulina.
A literatura aponta que diabéticos com complicações ou com mais de 40 anos de idade e algum fator de comorbidade deverão realizar exame de eletrocardiograma para verificar suas condições cardiovasculares, pois esses indivíduos apresentam riscos de lesão na retina, renal ou de nervos periféricos relacionados às altas pressões arteriais que o exercício pode provocar. Outro fator para a segurança do diabético é o controle das funções metabólicas, consequentemente ele não estará apto para o exercício nos dias em que apresentar nível de glicose em jejum acima de 250 mg/dL e com cetose; ou se os níveis estiverem abaixo de 100mg/dL (deverá ingerir mais carboidratos). Além disso, deverá monitorar a glicemia antes e após a atividade e controlar a ingestão de alimentos (carboidratos após as atividades e em casos de hipoglicemia). As recomendações do American College of Sports Medicine e do American Diabetes Association (2010) para esses pacientes são:
I. Treinamento aeróbio
· Três a sete dias por semana;
· Se exercitar entre 50 e 80% da frequência cardíaca;
· Fazer de 20 a 60 minutos de treino, ou 150 minutos por semana de atividade intensa moderada ou 75 minutos de atividade vigorosa;
· Fazer atividade de baixo impacto e sem sustentação de peso nos casos indicados.
II. Treino de força
· Dois a três dias por semana;
· Se exercitar entre 60 e 80% de 1RM;
· Fazer duas a três sessões de 8 a 12 exercícios, trabalhando grupos musculares e evitar manobra de Valsalva;
Os indivíduos portadores do diabetes tipo 2 são normalmente mais velhos e possuem outras comorbidades associadas, como hipertensão, obesidade e colesterol alto. A literatura aponta que para o tratamento desse tipo de paciente, o exercício se torna essencial e que os cuidados tomados com o indivíduo do tipo 1 não são tão preocupantes para os do tipo 2. Além disso, o exercício poderá ajudar a regular os outros fatores de risco associados ao diabetes. Para esse tipo de paciente, pode ser que a combinação de dieta e exercícios possa ser adequada para o tratamento, sem a necessidade do controle da insulina.
Esse público tende a responder bem ao exercício e não apresenta mudanças drásticas nos níveis de glicemia durante a atividade, mas aqueles que fazem o uso de insulina deverão ter sua dose reduzida para manter os níveis normais durante o exercício. As recomendações para a atividade desses indivíduos podem ser iguais às citadas para os diabéticos do tipo 1, mas deve-se lembrar que é comum o sobrepeso e a obesidade. Sendo assim, o foco para eles deve ser para a intensidade moderada e de curtos períodos, totalizando 150 minutos por semana. Já a frequência da atividade aeróbia deve ser de quatro a sete vezes por semana, de forma a aumentar a sensibilidade à insulina e perder peso.
IDOSOS E GESTANTES
Os indivíduos idosos são os que possuem mais de 65 anos e normalmente são portadores de doenças crônicas, como as que foram citadas anteriormente. A atividade física para esses indivíduos é importante para o controle e prevenção de outras comorbidades além da manutenção da vida de forma independente. A potência aeróbia máxima tende a se reduzir com o envelhecimento, sendo que a cada ano ela se reduz em cerca de 1% de seu valor e começa a decair dos 20 aos 40 anos de idade. Essa redução pode estar associada à redução da atividade física e aumento do percentual de gordura no corpo. Dessa forma, a redução da capacidade aeróbia limita o condicionamento cardiorrespiratório podendo chegar a níveis avançados.
A osteoporose consiste na perda de massa óssea e é uma condição comum em idosos e mulheres acima dos 50 anos de idade. Essa doença está associada à fratura decorrente de quedas da própria altura e grandes complicações quando atinge grandes ossos, como é o caso do fêmur. Esses pacientes passam por adequação da alimentação,medicação para reposição de cálcio e indicação de atividades físicas. O exercício pode auxiliar no processo de aumento da densidade óssea, pois a estrutura é mantida a partir da gravidade e das forças aplicadas aos ossos. Assim, são indicados os exercícios de resistência e sustentação de peso, como os treinos de força e os que envolvam algum impacto como o pular, dependendo do quadro do paciente. São indicados exercícios de intensidade moderada a elevada que provoque carga nas estruturas, exercícios de sustentação de peso entre três a cinco vezes por semana e os de força entre duas a três vezes por semana, a duração deve ser entre 30 e 60 minutos por dia combinando os tipos de exercícios citados. Logicamente, dependendo da idade do paciente e da gravidade do caso, devem ser tomadas maiores precauções e redução do nível de recomendação das atividades físicas.
A força tende a ser reduzida com o envelhecimento, isso se dá por volta dos 50 anos de idade. Ela está relacionada com o baixo nível de atividade física e com a perda de massa muscular, chamada de sarcopenia. Nesse contexto, o exercício de força poderá melhorar essa capacidade em até 30%, o que se observa em jovens. Para o início da atividade, é importante uma boa avaliação para investigar a presença de outros fatores de risco e condições que devem ser dadas as devidas atenções. O programa de exercícios para idosos deve consistir em exercícios de resistência, flexibilidade e força, observando as necessidades individuais e as condições clínicas e morbidades associadas. Os exercícios serão normalmente focados na melhora das funções cardiorrespiratórias, neuromusculares e óssea, quando necessário.
No caso das gestantes, os exercícios devem estar voltados para o condicionamento em geral, considerando as morbidades pré-existentes ou decorrentes da gravidez. Deve-se considerar que durante a gravidez as necessidades de nutrientes e o gasto calórico é maior, por isso é importante o controle do equilíbrio energético e do condicionamento físico. A avaliação, como já citado, é essencial para a identificação de complicações e quadros clínicos limitantes. As pacientes que apresentarem cardiopatia hemodinâmica, doença pulmonar restritiva, múltipla gestação de risco, sangramento persistente nos segundo e terceiro semestres, placenta prévia após 26 semanas, trabalho de parto prematuro atual, ruptura de membranas ou pré-eclâmpsia estão contraindicadas para a prática de atividade física.
As respostas das gestantes frente ao exercício físico são: aumento do volume sanguíneo; maior consumo de oxigênio em repouso e no exercício submáximo; aumento do gasto de oxigênio nos exercícios de sustentação de peso; aumento da frequência cardíaca em repouso e no exercício submáximo; e débito cardíaco elevado em repouso e no exercício submáximo nos primeiros trimestres. Já a partir do terceiro trimestre, o débito cardíaco reduz e a gestante possui tendência à hipotensão.
As recomendações para este público são exercícios que evitem a posição deitada para evitar a redução do retorno venoso ou a hipotensão ortostática, e a hidratação para impedir a diminuição do fluxo sanguíneo ou o aumento da temperatura corporal. Além disso, as recomendações são para 150 minutos de atividade por semana, de intensidade moderada. As atletas e sem complicações poderão manter as atividades nos primeiros meses de gestação, sob orientação médica. As mulheres sedentárias ou com complicação deverão passar por avaliação médica e orientação, e as mulheres com histórico de parto prematuro ou com restrição de crescimento do feto deverão reduzir a quantidade de atividade entre o segundo e terceiro trimestres.
SINTETIZANDO
A fisiologia do exercício está relacionada com as condições de desempenho tanto no condicionamento aeróbio quanto no anaeróbio. As características que dividem os tipos de treinamentos são importantes para compreender os mecanismos fisiológicos que acontecem a partir do exercício e também as formas que podemos montar as sessões de treinamento. Os métodos de avaliação mensuram as capacidades físicas dos tipos de treinamentos e oferecem parâmetros de base para as adaptações do treinamento frente às necessidades do atleta. É importante lembrar que a dieta é fator importante e que deve ser conciliado com o exercício para que se adquiram melhores ganhos e desempenho para o esporte. Além disso, a associação da dieta com a atividade física pode auxiliar na redução de peso e reequilíbrio entre massa magra e massa gorda corporal. Nesse sentido, é importante que o fisioterapeuta conheça também as principais doenças e distúrbios que podem afetar os pacientes/clientes e como devem lidar com as alterações. É importante que o treinamento para pessoas especiais, como diabéticos, hipertensos, obesos, idosos e grávidas, sejam adaptados às condições gerais dos distúrbios e das condições individuais, como associação de comorbidades ou outros fatores.

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