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A EDUCAÇÃO 
INFANTIL E A 
GARANTIA DOS 
DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
DA INFÂNCIA
Ana Keli Moletta 
A organização dos espaços 
na educação infantil
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Explicar a relação entre o espaço e a aprendizagem na educação infantil.
  Descrever os elementos constituintes do espaço.
  Identificar a importância da qualificação dos espaços externos/pátios 
das escolas de educação infantil.
Introdução
Neste capítulo, você vai aprender a respeito do espaço, um elemento 
curricular que deve ser pensado como uma estrutura de oportunidades. 
O espaço, seja ele interno ou externo, é o lugar do desenvolvimento de 
múltiplas habilidades, a partir da sua riqueza e da sua diversidade. Como 
você vai ver, ao organizar os espaços para as crianças, é preciso levar 
em consideração a quem eles se destinam, a idade dos sujeitos, suas 
expectativas, anseios e medos.
O espaço e a sua relação com a aprendizagem
Se você consultar a legislação estabelecida a partir da década de 1980, vai veri-
fi car avanços nas políticas relacionadas à criança, que passa a ser reconhecida 
como um sujeito de direitos. Além disso, tal legislação compreende a educação 
como um direito da criança. Dessa forma, buscando estabelecer políticas que 
elevem o padrão de qualidade do atendimento oferecido nas instituições que 
se dedicam ao cuidado e à educação dos menores de cinco anos, o Ministério 
da Educação (MEC) desenvolveu, ao longo dos anos, diferentes documentos 
normativos que abordam a qualidade dos espaços educacionais.
Um desses documentos se chama “Critérios para um Atendimento em Creches 
que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças” (BRASIL, 1995). Ele 
aborda, entre outros assuntos, o direito das crianças a espaços que contemplem 
o engatinhar, o caminhar, o brincar, o explorar e o interagir em espaços internos 
e externos. Além disso, menciona atividades como correr, pular, saltar e jogar 
bola, na creche ou nas suas proximidades. Esse documento foi reeditado em 2009.
Em 1996, foi criada a Lei nº 9.394 (Diretrizes e Bases da Educação Nacional). 
No seu art. 70, tal lei contempla a manutenção, a construção e a conservação das 
instalações e equipamentos necessários ao ensino, em todos os níveis (BRASIL, 
1996). Um pouco mais tarde, em 1998, o Ministério da Educação publicou o 
documento “Subsídios para Credenciamento e Funcionamento de Instituições 
de Educação Infantil”. Entre outros aspectos, esse documento esclarece a im-
portância dos espaços físicos nas instituições de educação infantil, tendo em 
vista que eles expressam a pedagogia adotada pela instituição (BRASIL, 1998a). 
No mesmo ano, foi lançado o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil. Ele chama a atenção para a estruturação dos espaços nas instituições 
de educação infantil, para as formas como os materiais devem ser organizados 
e para a sua qualidade e a sua adequação (BRASIL, 1998b).
Um ano depois, o ParecerCEB nº 1, de 7 de abril de 1999, instituiu as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Nelas, o espaço físico aparece 
associado às propostas pedagógicas como um dos elementos que possibilitam a 
adoção, a execução, a avaliação e o aperfeiçoamento das diretrizes (art. 3º, VIII).
Seguindo essa linha, no ano de 2000, por meio do Parecer CEB nº 4/2000, 
foram aprovadas as Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil. Um 
dos aspectos normativos tratados diz respeito aos espaços físicos e recursos 
materiais para a educação infantil.
Além desses documentos, se destacam também:
  os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (BRA-
SIL, 2006a), que abordam a importância da organização do tempo e do 
espaço para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças;
  os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação 
Infantil (BRASIL, 2006b), que chamam a atenção para o importante 
papel que o professor tem como organizador dos espaços onde ocorre 
o processo educacional;
  a Resolução CNE/CEB nº 5/2009, que fixa as Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação Infantil;
  o Parecer CNE/CEB nº 20/2009, sobre a revisão das Diretrizes Curri-
culares Nacionais para a Educação Infantil;
  a reedição do documento “Critérios para um Atendimento em Creches 
que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças” (BRASIL, 2009a);
A organização dos espaços na educação infantil2
  os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (BRASIL, 2009b), 
que apontam a necessidade de os ambientes físicos da instituição de 
educação infantil refletirem uma concepção de educação e cuidado 
respeitosa às necessidades de desenvolvimento das crianças, em todos 
os seus aspectos: físico, afetivo, cognitivo, criativo;
  as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 
2009c), que esclarecem sobre a organização de materiais, espaços e tempos;
  a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), que convoca a 
reorganizar tempos, espaços e situações que garantam os direitos de 
aprendizagem de todas as crianças.
Como você pode verificar por meio das normativas legais elencadas, o 
significado do espaço nos ambientes educativos foi se modificando ao longo 
dos anos. Hoje, o espaço é um dos elementos primordiais para uma educação 
de qualidade para as crianças de 0 a 5 anos de idade.
Sendo uma construção social, o espaço mantém estreita relação com as 
atividades desempenhadas pelas pessoas que dele fazem parte. A respeito do 
assunto, Zabalza (2007) chama a atenção para seguinte situação: quando você 
entra em determinado local, suas paredes, movéis, espaços inativos, pessoas 
e decorações revelam o tipo de atividade realizada ali. Isso se aplica também 
ao ambiente escolar. O espaço da escola revela o tipo de atividade educacional 
que se realiza ali, a comunicação estabelecida entre alunos e professores, seus 
interesses e relações com o mundo externo, suas expectativas, etc.
Sendo uma estrutura de oportunidades, o espaço escolar pode tanto estimular 
quanto limitar as atividades nele realizadas. Ou seja, quanto maiores os desafios 
que o espaço proporciona, mais significativa é a aprendizagem da criança. 
Enquanto contexto de aprendizagem, o espaço constitui uma rede de estruturas 
espaciais, de linguagens, de instrumentos e, finalmente, de possibilidades ou li-
mitações para o desenvolvimento das atividades formadoras (ZABALZA, 2007).
Assim, ao planejar o espaço, é essencial considerar a que faixa etária 
ele se destina, tendo em vista que as atividades educacionais ali realizadas 
devem ser referenciadas pelas necessidades das crianças. Essa organização 
deve ser feita em cooperação (professor e criança). Ao se manifestarem, 
as crianças imprimem a sua personalidade, os seus desejos e sonhos ao 
ambiente, como também reconstroem a sua representação do mundo social 
(HORN, 2017).
Nesse contexto, o professor deve estar consciente de que as crianças passam 
por diferentes estágios de desenvolvimento. Logo, têm necessidades distintas 
em relação ao meio em que estão inseridas. Veja:
3A organização dos espaços na educação infantil
Os espaços deverão possibilitar, portanto, a exploração por meio de todos os 
sentidos, a descoberta de características e relações dos objetos ou materiais 
mediante experiência direta, manipulação, transformação e combinação de 
materiais variados, a utilização do corpo com propriedade, a interação com 
outras crianças, enfim, a oportunidade de construir a própria autonomia na 
resolução de suas necessidades (HORN, 2017, p 10.).
O espaço deve oportunizar às crianças a interação com seus pares, com o 
meio, com a natureza, com os objetos que o compõem e que estão dispostos nele. 
Os espaços
Um dos primeiros requisitos para que um espaço seja adequado e seguro para 
as crianças é considerar o nível de desenvolvimento dos alunos. De acordo 
com Gonzalez-Mena (2014), crianças pequenas que brincam em um pátio para 
crianças em idade escolarpodem se machucar. Nesse mesmo sentido, bebês 
engatinhando em uma sala organizada para crianças em idade pré-escolar 
podem se deparar com diversos objetos perigosos. Quando as crianças são 
separadas por idade, tornar o ambiente seguro é mais simples, mas, se esse 
não for o caso, é necessário um pouco de consideração e atenção do professor:
[...] um programa para bebês tem exigências diferentes das de um programa 
para crianças que já caminham, que serão diferentes das de um programa para 
crianças em idade escolar. O tamanho dos móveis deve ser adequado ao tamanho 
das crianças; não adianta colocar bebês em cadeiras de pré-escola, com seus pés 
balançando acima do chão, e esperar que eles se habituem. Móveis confortáveis e 
de tamanho adequado devem ser fornecidos para crianças de qualquer tamanho e 
faixa etária. Da mesma forma, ao planejar um ambiente, considere as necessida-
des e habilidades específicas das crianças (GONZALEZ-MENA, 2014, p. 187).
Diferente do que ocorre nas etapas educacionais posteriores (ensino fun-
damental, médio e superior), na educação infantil a criança aprende em todos 
os espaços. A aprendizagem e o ensino podem ocorrer no banheiro, no cor-
redor, na sala de atividades, no espaço externo. Dessa forma, criar ambientes 
favoráveis à aprendizagem não é uma tarefa que se faz de uma só vez, mas 
algo contínuo. Assim como acontece no ambiente doméstico, nas creches e 
pré-escolas os ajustes e melhorias devem ser constantes.
Considerando que todos os espaços são educativos, eles devem transparecer 
os valores e as prioridades dos indivíduos que os frequentam. O primeiro 
ponto a considerar é a visão. Os espaços devem ser convidativos, agradáveis, 
A organização dos espaços na educação infantil4
iluminados. Além de atentar à visão, deve-se dar atenção à audição. As creches 
devem manter o mínimo de ruído possível, tendo em vista que ele produz 
estresse e pode inibir o desenvolvimento da fala das crianças. Além da visão 
e da audição, não se pode esquecer do olfato: cheiros desagradáveis não são 
convidativos e devem ser evitados (GOLDSCHMIED; JACKSON, 2008).
Como você sabe, as crianças aprendem o tempo todo. O que elas aprendem e 
o modo como o fazem dependem da relação com o ambiente e da maneira como 
ele está organizado. Assim, o mobiliário não deve ser estático. Tanto ele quanto 
o espaço devem contar a história das crianças que os utilizam. Goldschmied e 
Jackson (2008) destacam que as cores do ambiente devem ser preferencialmente 
claras, para que se possa exercer a criatividade em murais, tapeçarias, móbiles, 
forros de almofada, fotos e outros objetos facilmente removíveis e substituíveis.
Para os bebês que ainda estão se adaptando a creches, o espaço pode ser 
mais restrito, pois suas atividades principais se relacionam às suas necessidades 
físicas. As crianças nessa idade precisam de locais tranquilos onde possam 
dormir e acordar com segurança, sem estímulos indevidos. 
No geral, o espaço deve se expandir com o aumento das capacidades das 
crianças, e o plano geral da sala deve oferecer maior campo de ação para as 
atividades motoras brutas. Além dos colchões e almofadas, elementos indis-
pensáveis aos bebês, é necessário considerar uma superfície firme para pisar. 
Aqui, entra a necessidade do carpete para dar-lhes segurança.
Com relação aos cantos, ou espaços de interesses, eles devem necessa-
riamente adequar-se à idade e aos estágios de desenvolvimento das crianças. 
Porém, cabe uma ressalva: se os cantos forem desordenados, as crianças vão 
aprender lições diferentes das aprendidas por aquelas crianças expostas a um 
ambiente calmo e ordenado.
Elementos constituintes do espaço escolar
Cada etapa da educação infantil requer uma organização distinta. A seguir, 
veja quais são os quatro elementos condicionantes a serem observados nos 
espaços educativos: 
1. os elementos estruturais
2. o mobiliário
3. os materiais
4. criança
5A organização dos espaços na educação infantil
Elementos estruturais
São os elementos permanentes na estrutura do edifício. Ou seja, uma vez 
determinados, não podem ser modifi cados. Veja a seguir.
  Dimensão da sala de aula — pode facilitar ou dificultar o planejamento 
dos espaços para as atividades.
  Espaços extras (além da sala de aula) — podem facilitar a criação de 
diferentes ambientes de aprendizagem, como descanso, jogos, etc.
  Posição das janelas — deve ser considerada no planejamento dos espaços 
de leitura ou atividades gráficas, pela iluminação.
  Ponto de água — deve ser considerado no planejamento do espaço de 
artes plásticas ou modelagem, que demanda pontos de água próximos.
  Armários embutidos ou estantes fixas — criam ao seu redor uma área 
de espaço inutilizado, fato que deve ser levado em consideração.
  Piso — se for de madeira, algumas atividades podem ser realizadas dire-
tamente nele; se for de lajotas, é necessário utilizar tapetes e colchonetes.
Mobiliário
Com relação ao mobiliário, é preciso considerar a quantidade e o tipo de 
móvel. Veja a seguir.
  Quantidade — tanto o excesso quanto a falta de móveis exercem um 
papel significativo na organização dos espaços.
  Tipo de material — é necessário levar em conta alguns aspectos, como 
você pode ver a seguir.
 ■ leveza: o mobiliário pesado condiciona o espaço. Se for de difícil 
movimentação, ele atua enquanto um elemento fixo. O mobiliário leve 
ou com rodinhas transforma a sala de aula em um espaço dinâmico, 
pois é possível adequá-la às necessidades das crianças.
 ■ polivalência: é interessante que um mobiliário possa ser usado para 
diferentes fins.
 ■ funcionalidade: um mobiliário deve ser acessível às crianças, não 
oferecer riscos e permitir a autonomia na sua utilização.
A organização dos espaços na educação infantil6
Materiais
Com relação aos tipos de material, você deve considerar os itens listados 
a seguir.
  Variedade — a variedade de materiais cumpre a função de estimular, 
provocar a imaginação e a criatividade da criança.
  Segurança — é preciso selecionar materiais que não representam riscos 
à saúde das crianças.
  Organização — os materiais devem ser organizados de forma a favorecer 
a autonomia da criança.
  Quantidade — os materiais precisam ser em quantidade suficiente para 
a realização das atividades com as crianças.
Crianças
Com relação às crianças, é conveniente levar em consideração os aspectos a seguir.
  Idade — em função do nível de autonomia que a criança apresenta 
em cada fase do seu desenvolvimento, é dever do professor: adaptar 
os espaços e os materiais de forma que sejam acessíveis a elas, que 
sejam de fácil utilização, que ofereçam segurança e que estimulem a 
sua atividade.
  Necessidades — cada criança é única e suas necessidades também são 
distintas. Assim, é necessário organizar os espaços de forma a permitir 
diferentes atividades concomitantemente. Por exemplo: espaços de 
descanso e, ao mesmo tempo, espaços que permitam atividade intensa.
  Características do ambiente do qual procedem: a escola deve vincular 
os interesses e as atividades habituais das crianças e, ao mesmo tempo, 
abrir novos horizontes.
De acordo com os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições 
de Educação Infantil (2006), à medida que as crianças crescem, os espaços 
educacionais devem se expandir, favorecendo a exploração e o desenvolvimento 
físico e motor. Sobre o assunto, Horn (2017) acrescenta que, para as crianças 
maiores, outros móveis, objetos e acessórios tornam-se indispensáveis.
7A organização dos espaços na educação infantil
As crianças devem se apropriar do ambiente. Os diferentes espaços devem 
oferecer a elas segurança, mas sem limitar suas possibilidades de exploração. 
O trabalho com diferentes espaços busca ampliar os olhares, visando a cons-
truir um ambiente promotor de aventuras, descobertas, criatividade, desafios 
e aprendizagem, que facilite a interação entre crianças e adultos. Ou seja, o 
espaço infantil deve ser vivo, dinâmico, “brincável”,explorável, transformável 
e acessível para todos (BRASIL, 2006). 
O ambiente é um professor. Por isso, é preciso planejá-lo e combiná-lo às 
necessidades, aos níveis de desenvolvimento e aos interesses das crianças. 
De acordo com Gonzalez-Mena (2014), é necessário planejar não só o que se 
coloca no ambiente, mas também a sua organização. Nisso inclui-se o tamanho 
da turma. Colocar 10 crianças em uma sala muito ampla não é recomendado, 
assim como colocar esses mesmos 10 alunos em um espaço restrito, onde 
eles não podem executar suas atividades com liberdade, é prejudicial ao seu 
desenvolvimento.
É indispensável que o professor assuma a perspectiva da criança, ou seja, 
coloque-se em seu lugar: ande descalço pelo chão, deite nos colchões, se encoste 
nas almofadas, brinque com os diferentes brinquedos, sente nas cadeirinhas, 
se imagine como uma criança e perceba se aquilo que foi organizado é viável 
ou não. Craidy e Kaercher (2007) fazem algumas sugestões de organização 
dos espaços, considerando cantos e temas, uma prática que, segundo elas, 
tem sido bem-sucedida em diferentes ambientes. As autoras propõem espaços 
fixos e alternativos. Veja a seguir.
Espaços fixos
  Casa de bonecas, com fogão, geladeira, TV, cama, mesa, etc. (utensílios 
que podem ser confeccionados com material de sucata).
  Canto da fantasia, com pedaços de pano, tule e demais utensílios.
  Canto da biblioteca, com almofadas, livros, revistas e jornais.
  Canto da garagem, com tacos de madeira para construção, carros, 
trilhas, placas com sinais de trânsito.
A organização dos espaços na educação infantil8
Nos espaços fixos, outra possibilidade é considerar os campos de experi-
ências apresentados pela Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017). 
São eles: “O eu, o outro e o nós”; “Corpo, gestos e movimentos”; “Traços, 
sons, cores e formas”; “Escuta, fala, pensamento e imaginação”; “Espaços, 
tempos, quantidades, relações e transformações”.
Espaços alternativos
Podem variar conforme o interesse das crianças ou os temas que estão sendo 
trabalhados. Veja os exemplos a seguir.
  Canto da música, com utensílios que podem ser confeccionados com 
material de sucata.
  Canto do museu, com objetos colecionados pelas crianças em passeios 
e viagens.
O Grupo Ambiente-Educação (GAE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
concentra pesquisadores das áreas de arquitetura, desenvolvimento sustentável, 
psicologia e educação que se dedicam a pesquisas relacionadas à melhoria da 
qualidade de vida nos ambientes escolares. O foco principal é a reflexão sobre os 
ambientes destinados à educação infantil. Para conhecer o trabalho do grupo, acesse: 
https://goo.gl/UKSzpB
A importância dos espaços externos
Alguns autores vêm se dedicando, ao longo dos anos, ao estudo do espaço 
externo nas instituições de educação infantil. Entre eles: Goldschmied e Jack-
son (2008), Horn (2013, 2017), Zabalza (2007) e Janet Gonzalez-Mena (2014).
9A organização dos espaços na educação infantil
Sobre a importância de se planejar o espaço externo, Goldschmied e Jackson 
(2008) chama a atenção para as inúmeras oportunidades que ele fornece, seja 
com relação ao brincar e às experiências sociais, ou ainda com relação ao 
aprendizado que “[...] nenhum livro pode ensinar, sobre as coisas vivas [...]” 
(GOLDSCHMIED; JACKSON, 2008, p. 195).
Nessa mesma linha de raciocínio, Horn (2013, 2017) discorre sobre a impor-
tância da organização dos espaços externos, onde as crianças podem colocar-se 
em relação umas com as outras e sentirem-se desafiadas a interagir com diferentes 
materiais, legitimando o princípio de que todos os espaços são potencialmente 
promotores da brincadeira e da interação. Essa preocupação contempla os eixos 
brincar e interagir das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil:
Art. 9º As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Edu-
cação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira, 
garantindo experiências que:
I – promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de 
experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimen-
tação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos 
da criança; [...]
VIII – incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questio-
namento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo 
físico e social, ao tempo e à natureza; [...]
X – promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da 
biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não 
desperdício dos recursos naturais (BRASIL, 2009c, art. 9).
Partindo dessa discussão, Zabalza (2007) discorre sobre as características e 
equipamentos do espaço externo e a importância de pensá-los como elementos 
condicionantes. Gonzalez-Mena (2014) considera igualmente importantes o 
espaço externo e o espaço interno, pois ambos cumprem a função de transmitir 
segurança e oferecer muitas oportunidades de aprendizado.
A partir dessas contribuições, você pode considerar que o espaço externo 
é um prolongamento das salas de atividades. A junção dos espaços interno 
e externo possibilita que a criança observe, categorize, escolha, proponha, 
descubra, respeite e interaja com as demais crianças, com os professores e 
com os elementos inerentes e construídos no ambiente.
A organização dos espaços na educação infantil10
Ao trabalhar ao ar livre, as crianças entram em contato direto com a 
natureza e a sua energia. Nesse espaço, podem criar, utilizar e reaproveitar 
materiais, contribuindo para a preservação do meio ambiente. Além disso, 
elas descobrem possibilidades, se aventuram, se desafiam e se relacionam 
com os elementos ao seu redor. Tudo isso possibilita aprendizagens neces-
sárias e prazerosas.
As interações estabelecidas pelas crianças nesse espaço recebem a influên-
cia de diferentes fatores presentes na construção e no planejamento das áreas 
externas. Horn (2017) sugere alguns elementos que podem ser utilizados na 
organização desse espaço educativo. Veja no Quadro 1, a seguir.
 Fonte: Adaptado de Horn (2017). 
Área para jogos tranquilos
Jogos de montar, jogos de 
tabuleiro, espaço para leitura 
de livros ou para conversas.
Área para brinquedos de 
manipulação e construção
Pedaços de madeira, baldes, 
pás, entre outros.
Área para equipamentos 
de parque
Balanço, gangorra, trepa-trepa, 
escorregador, entre outros.
Área para jogos imitativos Casa de bonecas e casa na árvore.
Área não estruturada para jogos 
de aventura e imaginação
Cordas atadas às árvores, pontes 
de madeira interligando as 
árvores, cantos para se esconder, 
buracos em cercas e ramadas.
 Quadro 1. Elementos para a organização do espaço externo 
11A organização dos espaços na educação infantil
No Quadro 2, a seguir, você pode ver materiais e equipamentos para os 
espaços externos.
 Fonte: Adaptado de Horn (2017). 
Materiais e 
equipamentos 
fixos
Cabana, casinha, caixa de areia, canos com água, 
piscina, fonte ou similar; troncos grandes; túneis ou 
tubos, rodas fixas no chão, bancos para crianças 
e adultos, rampas de cimento, caixas para os 
brinquedos do pátio, montes de terra, cordas para 
subir, ônibus, carro ou trem de madeira; circuitos 
e jogos pintados no solo, toldos, lonas, valas, área 
para animais, elementos de jardinagem ou horta.
Materiais
e equipamentos 
semimóveis
Bancos, troncos; rodas de caminhão; 
pedaços grandes de madeira.
Materiais e 
equipamentos 
móveis
Rodas de carro, caixas plásticas, tábuas; motocas, 
patinetes, skate; caixa com rodas, mangueira, 
potes de plástico; materiais da caixa de areia, 
cordas, ferramentas, bolas, aros, regadores.
 Quadro 2. Materiais e equipamentos para espaços externos 
Como você viu, o espaço, seja ele interno ou externo, não é apenas um local 
onde se desenvolve o trabalho. Ele é um instrumento de trabalho educativo, 
ou seja, um parceiro, um aliado, um educador. Se devidamente planejado e 
organizado, ele possibilitadiferentes experiências, que auxiliarão os alunos 
em seu desenvolvimento pessoal e social. Porém, cabe destacar mais uma 
vez a necessidade de modificar, reconstruir e ressignificar cotidianamente o 
espaço, a partir das relações e interações que são estabelecidas nele e com ele. 
É por meio dessas interações que o espaço se transforma em ambiente e que a 
criança se desenvolve com segurança, tranquilidade e entusiasmo.
A organização dos espaços na educação infantil12
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. Brasília: Congresso Nacional, 1996. 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação. Parecer 
CNE/CEB nº 1/1999. Brasília: MEC/CNE/CEB, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação. Parecer 
CNE/CEB nº 4/2000. Brasília: MEC/CNE/CEB, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação. Parecer 
CNE/CEB nº 5/2009. Brasília: MEC/CNE/CEB, 2009.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação. Parecer 
CNE/CEB nº 20/2009. Brasília: MEC/CNE/CEB, 2009.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Critérios para um atendimento em creches que respeite 
os direitos fundamentais das crianças. Brasília: MEC, 1995.
BRASIL. Ministério da Educação. Critérios para um atendimento em creches que respeite 
os direitos fundamentais das crianças. Brasília: MEC, 2009a. 
BRASIL. Ministério da Educação. Indicadores da qualidade na educação infantil. Brasília: 
MEC, 2009b.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de 
educação infantil. Brasília: MEC, 2006b.
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial curricular nacional para educação infantil. 
Brasília: MEC, 1998b.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros nacionais 
de qualidade para a educação infantil. Brasília: MEC, 2006a.
BRASIL. Ministério da Educação. Subsídios para credenciamento e funcionamento de 
instituições de educação infantil. Brasília: MEC, 1998a.
BRASIL. Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais 
para a Educação Infantil. Brasília: Congresso Nacional, 2009c.
CRAIDY, C. M.; KAERCHER, G. E. P. S. (Org.). Educação infantil: para que te quero? Porto 
Alegre: Artmed, 2007.
GOLDSCHMIED, E.; JACKSON, S. Educação de 0 a 3 anos: o atendimento em creche. 2. 
ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GONZALEZ-MENA, J. O cuidado com bebês e crianças pequenas na creche: um currículo de 
educação e cuidados baseado em relações qualificadas. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
13A organização dos espaços na educação infantil
HORN, M. G. S. Estudo propositivo sobre a organização dos espaços internos das unidades 
do Proinfância em conformidade com as orientações desse programa e as Diretrizes Cur-
riculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEIs) com vistas a subsidiar a qualidade no 
atendimento. Brasília: [s.n.], 2013.
HORN, M. G. S. Brincar e interagir nos espaços da escola infantil. Porto Alegre: Penso, 2017. 
ZABALZA, M. A. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Leituras recomendadas
ALTEMAR, L. M. S. Teatralidades no espaço escolar: uma investigação com crianças da 
educação infantil. 2018. 157 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade 
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.
NUNES, H. M. C. A organização do espaço na educação infantil: contribuições da teoria 
histórico-cultural. 2018. 155 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Estadual 
de Maringá, Maringá, 2018.
A organização dos espaços na educação infantil14
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