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Contábil Prof. Marcos Antonio Barbosa de Lima PeríCia Indaial – 2023 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof. Marcos Antonio Barbosa de Lima Copyright © UNIASSELVI 2023 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. LIMA, Marcos Antonio Barbosa de. Perícia Contábil. Marcos Antonio Barbosa de Lima - SC: Arqué, 2023. 218 p. ISBN 978-65-5646-622-4 ISBN Digital 978-65-5646-623-1 “Graduação - EaD”. 1. Laudo 2. Justiça 3. Vistoria CDD 657 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Prezado acadêmico, estudaremos neste material didático a Perícia Contábil. Trata-se de um tema de grande relevância no seu processo de formação profissional, pois lhe trará uma base teórico-profissional necessária para oportunidades no mercado de trabalho, pois a sua atuação não é apenas no vasto contexto da Justiça Estadual, Justiça do Trabalho e Justiça Federal; o perito contábil também tem oportunidades de atuar nas cisões e fusões empresariais, cenários mais comuns de atuação do profissional perito contador. Na Unidade 1 abordaremos a perícia como prova judicial, a perícia contábil, o profissional perito judicial e seu campo de atuação. Trataremos da legislação pertinente a cada tema. Na Unidade 2, trataremos a respeito dos quesitos, que são as perguntas e as indagações feitas no processo judicial e que limitarão o universo de atuação do perito contador. Estudaremos, ainda, os relatórios periciais, quais sejam: o laudo pericial contábil e o parecer técnico contábil. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos a respeito da Arbitragem, trazendo as noções deste tema e a legislação aplicável, finalizando com a mediação. Este material didático é de relevante significado nos seus estudos como pro- fissional contador, pois tratará de assuntos relevantes concernentes ao perito contábil, que, espero, o torne um profissional qualificado para atuar em um mercado de trabalho tão promissor. Excelentes estudos! Profº. Marcos Antonio Barbosa de Lima APRESENTAÇÃO GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. 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QR CODE SUMÁRIO UNIDADE 1 — PERÍCIA, PERITO JUDICIAL E CAMPO DE ATUAÇÃO ......................1 TÓPICO 1 — PROVA PERICIAL ................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2 PROVAS EM JUÍZO ............................................................................................... 3 2.1 PROVAS EM JUÍZO .............................................................................................................. 4 3 PROVA PERICIAL .................................................................................................8 3.1 PROVA PERICIAL ...................................................................................................................9 3.1.1 Modalidades da prova pericial ..................................................................................11 3.1.2 Ônus da prova ............................................................................................................13 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 16 TÓPICO 2 — PERÍCIA CONTÁBIL........................................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 19 2 BREVE HISTÓRICO ............................................................................................. 19 2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS ...................................................................................................20 3 PERÍCIA CONTÁBIL ...........................................................................................22 3.1 CONCEITO ........................................................................................................................... 22 3.2 OBJETO E OBJETIVO DA PERÍCIA CONTÁBIL ............................................................27 3.3 PROCEDIMENTOS PERICIAIS ......................................................................................... 29 3.4 APLICAÇÕES DA PERÍCIA CONTÁBIL ...........................................................................31 3.5 VOCABULÁRIO, VERNÁCULO E LINGUAJAR NA PERÍCIA CONTÁBIL ..................34 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................39AUTOATIVIDADE .................................................................................................. 40 TÓPICO 3 — PERITO JUDICIAL .............................................................................45 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................45 2 PERITO CONTÁBIL .............................................................................................45 2.1 CADASTRO NACIONAL DE PERITOS CONTÁBEIS (CNPC) ........................................50 2.2 RECUSA, IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÃO .....................................................................51 2.2.1 Recusa ......................................................................................................................... 52 2.2.2 Impedimento e suspeição ..................................................................................... 52 3 PERITO ASSISTENTE ........................................................................................54 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................58 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................63 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................64 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 67 UNIDADE 2 — QUESITOS E RELATÓRIO PERICIAIS: LAUDO E PARECER .................69 TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO DA PERÍCIA CONTÁBIL .........................................71 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................71 2 ATOS PREPARATÓRIOS .................................................................................... 72 2.1 ATOS PREPATÓRIOS .........................................................................................................72 2.1.1 Nomeação do perito e indicação do assistente e sua motivação .................74 3 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA CONTÁBIL ........................................................ 76 3.1 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA CONTÁBIL .....................................................................76 3.1.1 Desenvolvimento do planejamento ......................................................................84 3.1.2 Honorários ..................................................................................................................88 3.1.3 Levantamento dos honorários .............................................................................. 93 3.1.4 Responsabilidade de pagamento dos honorários .......................................... 96 periciais ................................................................................................................................ 96 3.2 DILIGÊNCIAS ..................................................................................................................... 101 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................105 AUTOATIVIDADE .................................................................................................106 TÓPICO 2 — QUESITOS .......................................................................................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................109 2 QUESITOS ........................................................................................................109 2.1 QUESITOS ORDINÁRIOS ................................................................................................. 110 3 QUESITOS DA PERÍCIA CONTÁBIL ................................................................. 112 3.1 QUESITOS DA PERÍCIA CONTÁBIL ............................................................................... 112 3.1.1 Quesitos impertinentes........................................................................................... 115 3.1.2 Quesitos suplementares .........................................................................................117 3.1.3 Quesitos para esclarecimento ............................................................................. 118 3.1.4 Caso prático ............................................................................................................. 119 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 125 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 126 TÓPICO 3 — RELATÓRIOS PERICIAIS: LAUDO E PARECER .............................. 129 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 129 2 LAUDO PERICIAL CONTÁBIL .......................................................................... 129 2.1 LAUDO PERICIAL ............................................................................................................. 130 3 PARECER PERICIAL CONTÁBIL ...................................................................... 136 3.1 PARECER PERICIAL CONTÁBIL ................................................................................... 136 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 139 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................146 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 147 REFERÊNCIAS .....................................................................................................150 UNIDADE 3 — ARBITRAGEM: NOÇÕES E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ................ 153 TÓPICO 1 — NOÇÕES DE ARBITRAGEM.............................................................. 155 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 155 2 ARBITRAGEM .................................................................................................. 156 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ARBITRAGEM ................................................................. 156 2.2 ARBITRAGEM NO CENÁRIO ATUAL ............................................................................ 158 2.3 CONCEITUAÇÃO DE ARBITRAGEM .............................................................................. 161 2.4 PRINCÍPIOS DA ARBITRAGEM ...................................................................................... 162 2.5 LIMITE GERAL IMPOSTO À POSSIBILIDADE DE SOLUÇÃO ARBITRAL ............... 164 2.6 PROCEDIMENTO DA ARBITRAGEM ............................................................................. 165 2.7 SENTENÇA ARBITRAL .....................................................................................................167 3 ÁRBITRO ..........................................................................................................168 3.1 ÁRBITRO ............................................................................................................................ 168 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................171 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 172 TÓPICO 2 —LEI DE ARBITRAGEM ....................................................................... 175 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 175 2 CAPÍTULOS I E II DA LEI DE ARBITRAGEM .................................................... 176 2.1 CAPÍTULO I DA LEI DE ARBITRAGEM ..........................................................................176 2.2 CAPÍTULO II DA LEI DE ARBITRAGEM .........................................................................1783 CAPÍTULOS III E IV DA LEI DE ARBITRAGEM .................................................184 3.1 CAPÍTULO III DA LEI DE ARBITRAGEM ....................................................................... 184 3.2 CAPÍTULO IV DA LEI DE ARBITRAGEM ..................................................................... 188 4 CAPÍTULOS V E VI DA LEI DE ARBITRAGEM .................................................. 192 4.1 CAPÍTULO V DA LEI DE ARBITRAGEM ........................................................................192 4.2 CAPÍTULO VI DA LEI DE ARBITRAGEM ..................................................................... 195 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................198 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 199 TÓPICO 3 — MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO ......................................................... 203 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 203 2 MEDIAÇÃO ...................................................................................................... 203 2.1 MEDIAÇÃO .......................................................................................................................203 3 CONCILIAÇÃO ................................................................................................ 206 3.1 CONCILIAÇÃO ..................................................................................................................206 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 208 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................214 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 215 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 217 1 UNIDADE 1 — PERÍCIA, PERITO JUDICIAL E CAMPO DE ATUAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • estudar a prova pericial; • conhecer a legislação e as normas aplicáveis à perícia; • compreender a perícia contábil, seus conceitos e sua aplicação; • reconhecer o perito judicial. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – PROVA PERICIAL TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – PERÍCIA CONTÁBIL TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – PERITO JUDICIAL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 PROVA PERICIAL TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para o estudo da prova pericial contábil é necessário o desenvolvimento de uma abordagem interdisciplinar, buscando fazer as inter-relações dos diversos aspectos do Direito Processual Civil com nossa área de estudo, a Ciência Contábil voltada à especialidade da perícia contábil (ORNELAS, 2017). Assim, será necessário que sejam estudados alguns aspectos doutrinários fundamentais quanto ao instituto da prova, tratados por ilustres juristas de nosso país. É conteúdo fora de nosso domínio técnico e científico, mas essencial ao entendimento da prova pericial contábil. A prova pericial, que está expressa no CPC, Art. 464, como: “a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação”. Para fazer o exame, a vistoria ou avaliação, o perito baseia-se em fatos documentados. Os procedimentos, que estão elencados nos itens 16 a 29 na NBC TP 01, expressam e ampliam esse conceito, como: exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação (MAGALHÃES, 2017). É necessário, então, que o perito tenha algumas noções fundamentais quanto ao instituto da prova, qual sua função, a quem compete o ônus da prova, os meios de prova contábeis disponíveis, bem como os tipos de prova, sobre os quais desenvolverá sua tarefa pericial (ORNELAS, 2017). 2 PROVAS EM JUÍZO Quando duas pessoas fazem um contrato ou um acordo, escrito ou não, e uma delas não cumpre o contratado ou o acordado, a outra parte se sente prejudicada em seus direitos. O ideal, caro acadêmico, seria que a situação fosse resolvida por si só, somente entre as partes envolvidas (MÜLLER; TIMI; HEIMONSKI, 2017). No entanto, você sabia que, na maioria das vezes, há a necessidade da inter- venção de terceiros? Pois bem, a intervenção citada, se faz no Judiciário, onde são apresentadas a queixa e as provas de direitos não atendidos. A busca pela tutela ju- risdicional, que se manifesta com o exercício do direito de petição pelas partes, depende imensamente dos elementos de prova (MÜLLER; TIMI; HEIMONSKI, 2017). É o que veremos a seguir. 4 2.1 PROVAS EM JUÍZO De acordo com Moura (2020), prova pode significar comprovar, evidenciar, demonstrar, formar juízo de, reconhecer, confirmar, autenticidade de alguma coisa, demonstração pela qual se verifica a exatidão de cálculo. Assim, a prova em juízo é aplicada com vistas a demonstrar a existência do ato, isto é, aquilo que atesta a veracidade de alguma coisa; é uma demonstração evidente, atestando ou garantindo uma intenção, um sentimento, um testemunho (MOURA, 2020). Müller, Timi e Heimonski (2017) afirmam que a prova judicial objetiva demonstrar a correção da causa de pedir ou de contestar. Calma, caro acadêmico, explicaremos melhor a seguir: As provas em juízo, ou seja, as provas produzidas na fase de instrução do processo judicial, têm intuito de convencer o juiz a respeito da pretensão da autora ou da resistência do réu. Em outras palavras, caro acadêmico: a prova é o meio pelo qual o litigante, que alegou um fato contestado pelo outro, se serve para demonstrar ao Juízo a sua existência e realidade, a saber, sua veracidade. As provas produzidas são importantes, pois auxiliam na elucidação de litígios, tendo em vista que essas provas podem ser consideradas como a reconstrução da história do que aconteceu (MÜLLER; TIMI; HEIMONSKI, 2017; ORNELAS, 2017; MOURA, 2020). E, caso não existissem as provas judiciais? Ora, caro acadêmico, caso não existissem as provas, o magistrado ficaria na dependência do “disse me disse”. Por isso que na legislação do nosso país, os meios de prova que podem existir num processo são, entre outros: • documentos; • testemunhas; • declarações das partes; • vistorias; • perícias; • inspeções judiciais. Os doutrinadores da área do direito afirmam que os litigantes devem compor uma base qualificada de provas; usando agora uma expressão em latim: “allegatio et non probatio, quasi non allegatio”, isto é, o alegado sem a prova que o sustente é o mesmo que não alegado, em outras palavras, podemos afirmar que o alegado sem prova não está revestido da credibilidade necessária. 5 Podemos extrair das obras dos autores Müller, Timi e Heimonski (2017), Ornelas (2017) e Moura (2020), que a importância da prova em juízo reside no fato de que esta é a comprovação, por meios lícitos, da veracidade, isto é, a autenticidade dos fatos que auxiliam a evidenciar a convicção jurídica. Nisso, podemos afirmar, caro acadêmico, que a prova utilizada em juízo é o conjunto de fatos que levam à convicção. O Código Civil brasileiro, instituído pela Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, nos traz, em seu Artigo 212, os meios de se obter as provas em um processo: Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I - confissão; II - documento; III - testemunha; IV - presunção; V – perícia (BRASIL, 2002). Podemos afirmar, ainda, que as provas permitidas na legislação de nosso país são todas as legais e moralmente legítimas, mesmo que não expressamente previstas na legislação.Temos como fonte os Artigos 369 a 380 do Código de Processo Civil (CPC), Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015, que, a seguir, abordaremos. O Artigo 369 do CPC, nos diz o seguinte: Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz (BRASIL, 2015). Vemos, portanto, que as partes devem empenhar-se de todos os meios legais para a produção de provas com vistas a evidenciar a verdade dos fatos e, com isso, obter o deslinde da lide. Enquanto o Artigo 370 afirma que “Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias” (BRASIL, 2015). O juiz solicita, por meio de despacho saneador, que as partes apresentem as provas que desejam produzir. Aceitando esse pedido, em sentença determina a produção de provas e, se aceitar a prova pericial, nomeia o perito, mandando as partes apresentarem os quesitos. Dessa forma, mantém o controle dos autos e afasta solicitações inúteis utilizadas com o propósito de protelar o andamento do processo (MÜLLER; TIMI; HEIMONSKI, 2017). 6 O Artigo 371, nos evidencia o seguinte: “O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento” (BRASIL, 2015). Então, caro acadêmico, vemos que o juiz deverá evidenciar na sua decisão os motivos (ou razões) da formação do seu convencimento. O juiz, no exercício da sua função, poderá utilizar-se de prova que fora produzida em outro processo, conforme determina o Artigo 372: “O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório” (BRASIL, 2015). No que se refere ao ônus da prova, ou seja, o encargo da prova, é trazido nos termos do Artigo 373 do CPC: O ônus da prova incumbe: I- ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II- ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. § 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I- recair sobre direito indisponível da parte; II- tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo (BRASIL, 2015). No ordenamento jurídico pátrio, o ônus da prova é de quem acusa, assim, a parte que acusa tem que comprovar o que foi dito. Portanto, conforme o inciso I supra, o ônus da prova cabe ao autor. No entanto, no inciso II, parágrafo 1º, o juiz poderá atribuir o ônus da prova de modo diverso, dando direito à parte do contraditório para se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. E todos os fatos trazidos aos autos necessitam ser provados? Bem, caro acadêmico, o Artigo 374 do CPC, nos traz esta resposta, vejamos: Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade (BRASIL, 2015). 7 Vemos, portanto, que o Artigo 374 (BRASIL, 2015) nos afirma que é desnecessário provar os pontos incontroversos, ou seja, aqueles que não estão sendo discutidos, os confessados, os notórios. Podemos afirmar, portanto, se não há desacordo, acordado está. O Artigo 375 do CPC (BRASIL, 2015) nos relata que “o juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial”. Vemos neste artigo que o exame pericial é uma das maneiras que o juízo tem ao seu dispor para solucionar a lide. De acordo com o Artigo 376 do CPC (BRASIL, 2015), “a parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar”. Geralmente, a parte não tem a obrigação de provar a existência, bem como a validade da legislação que tenha sido utilizada nos autos, tendo em vista que a legislação deve ser, presumivelmente, conhecida pelo juiz, a quem cabe aceitá-la e aplicá-la ao caso concreto, ou rejeitar e afastar a sua aplicação. No entanto, há uma exceção expressa no CPC, em seu Artigo 376 supra. Dando continuidade, temos o Artigo 377 no qual consta: A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da causa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea “b”, quando, tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível. Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não devolvidas no prazo ou concedidas sem efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer momento (BRASIL, 2015). Para compreendermos o Artigo 377 teremos, caro acadêmico, que explicar o termo ‘carta precatória’. Por definição, carta precatória, de acordo com Müller, Timi e Heimonski (2017), é o instrumento utilizado para requisitar a outro juiz o cumprimento de algum ato necessário ao andamento do processo. É através da carta precatória que são solicitadas a citação, a penhora, a apreensão ou qualquer outra medida processual, que não poderia ser executada no juízo em que o processo se encontra, devido à incompetência territorial, em outras palavras, a designação do ato está subordinada ao juízo de outra localidade. Uma vez que já temos conhecimento da definição de carta precatória, vemos no Artigo 377, que a perícia pode ocorrer por carta precatória, ou seja, o processo de origem se encontra em outra comarca. Assim, o juiz realiza um pedido ao juízo de outra comarca para citar o réu, ou a testemunha, ou proceder à perícia, estabelecendo-se entre as comarcas cooperação mútua, tendo em vista que não existe hierarquia nessa relação entre magistrados. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art313vb https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art313vb 8 O Artigo 378 do CPC facilitou a realização das diligências periciais, vejamos: “ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade” (BRASIL, 2015). O CPC traz, no Artigo 379, o direito constitucional das partes de não produzirem provas contra si: Preservado o direito de não produzir prova contra si própria, incumbe à parte: I- comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado; II- colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que for considerada necessária; III- praticar o ato que lhe for determinado (BRASIL, 2015). E, encerrando as disposições gerais do CPC que tratam das provas, temos o Artigo 380: Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa: I- informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento; II- exibir coisa ou documento que esteja em seu poder. Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, deter- minar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias (BRASIL, 2015). Vemos neste artigo que o magistrado poderámultar ou determinar medidas indutivas e coercitivas aos terceiros que não colaborarem para a instrução processual. Enfatiza, ainda, a necessidade de colaboração para a produção da prova adequada. 3 PROVA PERICIAL Prezado acadêmico, já sabemos, conforme estudado anteriormente, os diversos meios de prova que podem existir num processo judicial. Lembra quais são eles? Vamos recordar juntos, então. São exemplos de meios de provas: documentos, testemunhas, declarações das partes, vistorias, perícias, inspeções judiciais. Vamos, agora, fazer uma imersão no meio de prova perícia, também chamado de prova pericial. Moura (2020) afirma que, de modo amplo, entende-se por perícia um meio de prova, tendo em vista que através dessa prova se examinam e se verificam fatos da causa. A perícia, de acordo com o princípio da lei processual, é a medida que vem mostrar o fato, quando não haja meio de prova documental para revelá-lo ou, ainda, quando se deseja esclarecer as circunstâncias a respeito do fato e que não se encontrem devidamente definidos nos autos do processo (MOURA, 2020). 9 A perícia tem como finalidade a prova, quer seja no âmbito judicial, arbitral ou extrajudicial e visa subsidiar a justiça, servindo como elemento para uma decisão. A perícia é fonte de prova e seu objetivo principal é a prova (MÜLLER; TIMI; HEIMONSKI, 2017; ORNELAS, 2017; CREPALDI, 2019; MOURA, 2020). 3.1 PROVA PERICIAL A prova pericial é o exame elaborado pelo profissional com formação e conhecimento sobre a área com base no Código de Processo Penal (CPP) e no Código de Processo Civil (CPC). A função da perícia judicial é fornecer ao juiz que atua no processo elementos de convicção sobre fatos que dependem de conhecimento técnico ou científico (CREPALDI, 2019). A palavra perícia vem do latim perita, e significa “conhecimento adquirido pela experiência”. Quando necessitamos de uma opinião válida e competente, ou quando buscamos um entendedor de um determinado tema, buscamos um perito (SANTOS, 2020). Quem de nós, assistindo um telejornal, ou navegando numa página da internet, ou na nossa rede social, já se deparou com notícias do tipo: “Peritos da Polícia Federal concluem inspeção ao sistema eletrônico de votação no TSE. Durante toda a semana, especialistas realizaram diversos testes em todas as etapas do sistema” (TSE, 2022, s. p.). Ou deste tipo: “Após perícia, PF localiza contratante de fake news em Cuiabá. Ele foi conduzido para a sede da corporação, onde prestou depoimento” (SBT NEWS, 2022, s.p.). E como esta: “Perícia divulga 5 fatores que contribuíram para queda do Edifício Andrea. O prédio desabou no dia 15 de outubro de 2019. Nesta quinta-feira (30), as autoridades divulgaram em coletiva de imprensa que três pessoas foram indiciadas. Nenhuma delas chegou a ser presa” (DIÁRIO DO NORDESTE, 2020, s. p.). Ou como esta? “Juiz determina perícia em empresa para apurar salário extra folha. Uma operadora de telemarketing procurou a Justiça do Trabalho alegando recebimento de salário extra folha, uma das violações aos direitos trabalhistas mais difíceis de serem comprovadas” (JUSBRASIL, 2023, s. p.). 10 Como exemplificado anteriormente, caro acadêmico, existem vários tipos de perícia, a depender do ramo do conhecimento. Portanto, as perícias podem ser de vários tipos, com finalidades voltadas para cada uma das situações específicas, por exemplo: • perícia criminal; • perícia ambiental; • perícia de engenharia; • perícia tecnológica; • perícia médica; • perícia contábil. O ambiente pericial é extremamente voltado à justiça, pois a perícia busca, independentemente do tipo, a solução do litígio, seja em ambiente judicial ou extrajudicial, ou ainda no aspecto arbitral. Numa perícia, busca-se a opinião do investigador (que denominamos perito), muitas vezes num ambiente de controvérsia, dúvida, indícios de fraude, de erros, de problemas (MÜLLER; TIMI; HEIMONSKI, 2017). Observe este exemplo de um ambiente pericial: uma parte acha que deve R$ 100,00 (cem reais) e a outra entende que deve pagar R$ 80,00 (oitenta reais). Qual das partes está correta? Neste caso, o perito buscará responder essa questão. Há uma resposta ou uma solução para a controvérsia? Talvez, o perito conclua que ambas as partes estejam erradas, tendo em vista que o valor devido é R$ 92,75 (noventa e dois reais e setenta e cinco centavos). IMPORTANTE A perícia, de acordo com Müller, Timi e Heimonski (2017), tem como finalidade, ainda, um esclarecimento sobre determinado fato ocorrido, podendo ter vários propósitos, a saber: administrativos, judiciais, políticos, fiscais ou propósitos especiais. Assim, para identificarmos o propósito da perícia, temos que indagar para que queremos a perícia: para atender a uma necessidade judicial? A uma necessidade extrajudicial? A um fato administrativo? Ao término de uma sociedade empresarial? A uma apuração de haveres? Ou para casos especiais, como uma situação relacionada a desvios de recursos de uma instituição municipal, por exemplo? Assim, podemos concluir que a prova pericial é baseada no conhecimento técnico, na experiência, na expertise, nas normas, no estudo formal do expert, que tem competência para formar uma opinião sobre assuntos relacionados aos pontos controversos de um processo judicial. Nisso, a prova pericial é de suma importância para auxiliar o juiz na sua decisão, transformando os fatos relativos à lide, de natureza técnica ou científica, em verdade formal, em certeza jurídica (MÜLLER; TIMI; HEIMONSKI, 2017; ORNELAS, 2017; CREPALDI, 2019; MOURA, 2020; SANTOS, 2020). 11 Prova: é todo meio legal usado no processo (administrativo e/ou judicial), capaz de demonstrar a verdade dos fatos alegados. Prova pericial: no rol das provas, a de maior hierarquia. No jargão forense, a “rainha das provas” – sua antítese, a prova testemunhal, é a “prostituta das provas” (CREPALDI, 2019, p. 126). IMPORTANTE 3.1.1 Modalidades da prova pericial De acordo com o Artigo 464 do CPC, existem três modalidades de prova pericial, requisitadas de acordo com a necessidade e a área técnica de conhecimento: Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. § 1º O juiz indeferirá a perícia quando: I- a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; II- for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III- a verificação for impraticável. § 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em subs- tituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. § 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. § 4º Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação aca- dêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa (BRASIL, 2015). A seguir, de acordo com os autores Moura (2020), Sousa (2020), Crepaldi (2019) e Ornelas (2017), trataremos cada uma das modalidades de prova pericial: • Exame: inspeção de pessoas, animais, coisas ou bens móveis. É a análise ou observação de pessoas, animais ou coisas, com o objetivo de extrair informações. Por exemplo: livros contábeis e fiscais, documentos, contratos, verificação de cálculos. • Vistoria: constatação in loco do estado ou da situação de determinada coisa ou bem imóvel. É a análise de bens imóveis in loco, com o objetivo de verificar se há dano ou avaria. Por exemplo, a vistoria em imóveis, em máquinas, em equipamentos, estoques de mercadorias. • Avaliação: verificação ou atribuição de valor a alguma coisa, bem ou obrigação. É a atribuição ou verificação de valor a alguma coisa, obrigação ou bem. Por exemplo, avaliação de bens feita em inventário, em partilhas ou em processos administrativos,bem como nas execuções para estimação de valores a partilhar ou em penhora. 12 As perícias podem ser classificadas também quanto processo, a saber: em perícia judicial, extrajudicial e arbitral: • Perícia judicial: é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais do Poder Judiciário, por solicitação das partes (autor e réu) e por determinação do juiz. Exemplos: apuração de haveres, revisional de contratos, lucros cessantes, litígios trabalhistas, criminal, varas de família, varas de falência e recuperação judicial. • Perícia extrajudicial: é aquela realizada fora do âmbito do Poder Judiciário, por vontade das partes, sendo elas pessoas físicas ou jurídicas, quando não há necessidade de decisão judicial ou arbitral. Por exemplo: avalições de patrimônio e fusões, cisões e incorporações em geral, revisão de contratos para negociação de dívidas, passivo trabalhista. • Perícia arbitral: é aquela realizada no âmbito do juízo arbitral. A Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, dispõe sobre a arbitragem. Qualquer pessoa capaz poderá valer-se de arbitragem, cujo objeto da lide é o direito patrimonial disponível. É o mecanismo privado de solução de litígios, sendo um meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou de mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada. A perícia tem sua aplicação na arbitragem no momento da produção de provas. Prova pericial ou diligência pericial? A obtenção de provas, dos fatos pertinentes ao processo, objetiva responder aos quesitos, que podem ser ordinários (CPC, Art. 465, § 1º, III) e/ou suplementares (CPC, Art. 469) e fazem-se através de diligências periciais; quanto aos quesitos de esclarecimentos (CPC, Art. 361), poderão ser respondidos nas audiências de instrução e/ou antes, por escrito, se assim decidir o juiz. Inicialmente, para o entendimento, é fundamental conhecer os conceitos de “prova pericial” e de “diligência pericial”. Prova pericial – está expressa no CPC (2015), Art. 464, como: “A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.” Para fazer o exame, a vistoria ou avaliação o perito baseia-se em fatos documentados. Os procedimentos, numerados de 16 a 29 na NBC TP 01, expressam e ampliam esse conceito, como: exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação: Diligência pericial – conhecendo os quesitos, o perito e/ou assistentes técnicos (se houver) podem iniciar as diligências para obtenção das provas dos fatos. As diligências consistem em todos os meios, lícitos, necessários, para obtenção de provas que possam estar fora dos autos (CPC, Art. 473, § 3º), como, por exemplo, acesso aos livros comerciais obrigatórios, facultativos, auxiliares, fiscais e sociais, e dos documentos de arquivos das partes ou de terceiros e documentos de órgãos públicos, oitiva de testemunhas (exceção) e outros. A obtenção da prova pericial requerida e deferida nem sempre pode ser gerada só com os elementos acostados aos autos; são comuns situações em que informações dos autos são insuficientes. Assim, os peritos poderão buscar dados e provas junto às partes, em repartições públicas e outros locais (CPC, Art. 473, § 3º). Recomenda-se que solicitações INTERESSANTE 13 de documentos sejam feitas segundo as orientações emanadas da NBC TP 01, por escrito, através de Termo de Diligência (modelo no site do CFC), visando orientar quem irá preparar os informes solicitados, estabelecer prazos e comprovar o desempenho do próprio perito judicial. Poderá acontecer de a fonte não apresentar os informes e/ou documentos solicitados no Termo de Diligência, inviabilizando a obtenção da prova diligenciada. Nestas condições, deve o perito peticionar ao juiz com esclarecimentos. No período de diligências o perito deverá: a) registrar as datas, horários, locais das diligências, bem como os nomes e cargos das pessoas que o atenderam; b) documentar, mediante papéis de trabalho, os elementos relevantes que servirão de suporte à conclusão formalizada no laudo e/ou parecer pericial; c) a oitiva de testemunhas, como já mencionado anteriormente (por cautela), deve ser evitada em razão de jurisprudências com restrições a essa prática por parte do perito, pois há orientação de que a prova testemunhal só terá valor probante se reproduzida na presença do juiz (MAGALHÃES, 2017, p. 53-55). 3.1.2 Ônus da prova A palavra ônus é entendida pelos nossos juristas não como dever para com outrem, seja a parte contrária, seja o próprio julgador. Quem afirma ou nega determinado fato é que tem o ônus, o interesse de oferecer ou produzir as provas necessárias que entende possam vir a corroborar as alegações oferecidas (ORNELAS, 2017). O dever de provar compete a quem alega, a quem afirma ou nega determinados fatos da causa. Quem busca a proteção da justiça estatal ou arbitral depara com a necessidade de produzir suas provas. Quem oferecer as provas mais convincentes, fatalmente, obterá sucesso. É de se notar que ninguém está obrigado a produzi-las; todavia, não o fazendo, arcará com as consequências. O Código de Processo Civil trata a questão como incumbência, em seu Art. 333, estipulando que: incumbe: I- ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II- ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor" (BRASIL, 2015). Na produção da prova pericial, é, portanto, indispensável o perito debruçar-se sobre a matéria fática objeto da causa, à luz da classificação contida no dispositivo legal, estudando-a detidamente sob essa ótica, o que lhe vai possibilitar traçar os caminhos técnicos a serem por ele percorridos mesmo porque é inerente a sua função colaborar para o descobrimento da verdade. 14 Por exemplo, os fatos administrativo-financeiros e patrimoniais obtidos pelo sistema de informações contábeis e respectivo suporte documental. O ônus da prova é um dos institutos mais fundamentais do direito. Sem este instituto seria inviável a aplicação da justiça, tendo em vista que os pedidos e acusações realizados entre as pessoas não precisariam de comprovação, por meio de provas, para serem sustentados. Por exemplo: Antonio entra com uma ação judicial contra Lucy, sua inquilina, cobrando aluguéis em atraso. Para que essa cobrança seja legítima, é fundamental que Antonio consiga comprovar que esses aluguéis são, de fato, devidos por Lucy, comprovando que ela é sua inquilina e, principalmente, que há aluguéis em atraso, sem pagamento. Essa comprovação esperada de Antonio, para que as suas afirmações sejam de fato acatadas pelo juiz, é o que o direito chama de ônus da prova. IMPORTANTE 15 Neste tópico, você aprendeu: • Que a prova em juízo é aplicada objetivando a demonstração da existência do ato, isto é, aquilo que atesta a veracidade de alguma coisa; é uma demonstração evidente, atestando ou garantindo uma intenção, um sentimento, um testemunho. • As provas produzidas na fase de instrução do processo judicial, tem intuito de convencer o juiz a respeito da pretensão da autora ou da resistência do réu. • Os meios de prova que podem existir num processo são, entre outros documentos, testemunhas, declarações das partes, vistorias, perícias, inspeções judiciais. • A prova pericial é o exame elaborado pelo profissional com formação e conhecimento sobre a área com base no Código de Processo Penal (CPP) e no Código de Processo Civil (CPC), cujo objetivo é fornecer ao juiz que atua no processo elementos de convicção sobre fatos que dependem de conhecimento técnico ou científico. • As perícias podem ser de vários tipos, com finalidades voltadas para cada uma das situações específicas, por exemplo: perícia criminal; perícia ambiental; perícia de engenharia; perícia tecnológica; perícia médica; perícia contábil. • As perícias, quanto ao processo, podem ser classificadas em perícia judicial, extrajudicial e arbitral. • As modalidades de prova pericial são: exame, vistoriae avaliação. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 De acordo com os Artigos 369 e 370 do Código de Processo Civil – CPC, as partes terão o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, para provar suas alegações feitas nos autos no processo, cabendo ao magistrado determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 16 mar. 2015. Sabendo que o CPC descreve os meios de prova, analise as sentenças a seguir: I- O fato jurídico somente poderá ser provado mediante perícia. II- O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo- lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. III- A prova utilizada em juízo é o conjunto de fatos que levam à convicção. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 2 O Código de Processo Civil – CPC, Lei nº 13.105 de 16 de maio de 2015, trata das provas no Capítulo XII, a partir do artigo 369. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 16 mar. 2015. A partir do CPC, analise as sentenças a seguir: I- As provas permitidas na legislação pátria são todas as legais e moralmente legítimas, mesmo que não expressamente previstas na legislação. II- As provas permitidas na legislação brasileira são somente as previstas em lei. III- As provas moralmente legítimas, mesmo que não expressamente previstas na le- gislação, são permitidas na legislação nacional. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença III está correta. c) ( ) As sentenças I, III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença II está incorreta. AUTOATIVIDADE 17 3 A prova pericial é uma peça relevante numa lide, pois é baseada, sobretudo, em fatos científicos perante uma controvérsia técnica entre as partes envolvidas. Assim, a prova pericial é uma fonte confiável para que o magistrado possa embasar sua decisão de uma forma mais justa em uma ação judicial. Diante do excerto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) É desnecessário provar os pontos incontroversos, ou seja, aqueles que não estão sendo discutidos, os confessados, os notórios. ( ) A prova pericial consiste, exclusivamente, em exame. ( ) Perícia extrajudicial é aquela realizada fora do âmbito do Poder Judiciário. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 O ambiente pericial é extremamente voltado à justiça, tendo em vista que a perícia persegue a solução do litígio. Numa perícia busca-se a opinião do perito. Disserte sobre a classificação das perícias. 5 O CPC traz as modalidades da prova pericial em seu Artigo 464. Nesse contexto, disserte sobre as modalidades da prova pericial. 18 19 PERÍCIA CONTÁBIL UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO A perícia contábil é classificada como um dos gêneros de prova pericial. Assim, é um tipo de prova pericial utilizada pelas pessoas (físicas ou jurídicas) para esclarecer fatos ou questões contábeis controversas, servindo como meio de prova judicial. É solicitada pelo juiz, com vistas a auxiliá-lo na sua decisão como meio de prova para um fato que exija conhecimento técnico da área contábil. Tal prova ou opinião somente poderá ser emitida por especialistas com conhecimentos técnicos e científicos em contabilidade, ou seja, pelo perito contábil (MOURA, 2020; SANTOS, 2020; ORNELAS, 2017). A perícia contábil possui objeto, finalidade, alcance e procedimentos peculiares, sendo um ramo específico da Contabilidade. O juiz tem por hábito intimar e determinar perícia contábil para qualquer tipo de perícia que inclua cálculos, que poderão ser feitos por contadores concursados do quadro funcional dos tribunais, ou por contadores externos ao quadro dos tribunais (CREPALDI, 2019; MÜLLER; TIMI; HEIMONSKI, 2017). Por constituir-se atribuição privativa de contador devidamente inscrito no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) da sua jurisdição, a perícia contábil possui normas expedidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a saber: • Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TP 01 (R1) – Perícia Contábil, que estabelece diretrizes e procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da realização de perícia contábil, no âmbito judicial e extrajudicial. • Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP 01 (R1) – Perito Contábil, que estabelece diretrizes inerentes à atuação do contador na condição de perito. • Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP 02 – Exame de Qualificação Técnica, que dispõe sobre o exame de qualificação técnica para perito contábil. 2 BREVE HISTÓRICO Acadêmico, as abordagens desenvolvidas neste subtema estabelecem os aspectos históricos da perícia em âmbito mundial e no Brasil. 20 2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS A perícia contábil é tão antiga quanto à evolução da Contabilidade, surgindo em função das atividades mercantis, econômicas e sociais, bem como da necessidade dos juízes. No Egito, por exemplo, conta Heródoto que, quando alguém perdia parte das suas terras devido ao avanço do rio, saía ao encontro do rei, dando-lhe parte do que houvera ocorrido; então o rei enviava inspetores ao local da situação do lote, e eles mediam para saber o tamanho da área que fora diminuída e, a partir daí, reduzir proporcionalmente o pagamento do tributo (ALBERTO, 2012; BLEIL; SANTIN, 2008). Assim, podemos inferir que há indícios de perícia desde o início da civilização, entre os homens primitivos, quando o líder desempenhava todos os papéis: de juiz, de legislador e executor. Há registros, na Índia, do surgimento do árbitro eleito pelas partes, que desempenhava o papel de perito e juiz ao mesmo tempo (CREPALDI, 2019; ALBERTO, 2012). Os autores Crepaldi (2019), Alberto (2012), Bleil e Santin (2008), relatam que também há vestígios de Perícia nos antigos registros da Grécia, com o surgimento das instituições jurídicas, área em que já naquela época se recorria aos conhecimentos de pessoas especializadas. Contudo, a figura do perito, ainda que associada ao árbitro, fica definida no Direito Romano primitivo, no qual o laudo do perito constituía a própria sentença. Depois da Idade Média, com o desenvolvimento jurídico ocidental, a figura do perito desvinculou-se da do árbitro. No Brasil a perícia surge em 1850, por meio da Lei nº 556 – Código Comercial e do Regulamento nº 737. O Código de Processo Civil (CPC) de 1939 já estabelecia vagas regras sobre perícia. Foi, contudo, em 1946, com o advento do Decreto-lei nº 9.295/46 (que criou o Conselho Federal de Contabilidade e definiu as atribuições do contador), que se institucionalizou a Perícia Contábil no Brasil (SÁ, 2019; MAGALHÃES, 2017): Art. 25. São considerados trabalhos técnicos de contabilidade: a) organização e execução de serviços de contabilidade em geral; b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações; c) perícias judiciais ou extra-judiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de haveres revisão permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais ou extra- judiciais de avarias grossas ou comuns, assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras atribuíções de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de contabilidade. § 1º Os serviços profissionais de contabilidade são, por sua natureza, técnicos e singulares, quando comprovada sua notória especialização, nos termos da lei. (Incluídopela Lei nº 14.039, de 2020) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14039.htm#art2 21 § 2º Considera-se notória especialização o profissional ou a sociedade de profissionais de contabilidade cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. (Incluído pela Lei nº 14.039, de 2020) Art. 26. Salvo direitos adquiridos ex-vi do disposto no art. 2º do Decreto nº 21.033, de 8 de Fevereiro de 1932, as atribuições definidas na alínea c do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados (BRASIL, 1946, grifo nosso). Os autores Sá (2019) e Magalhães (2017) relatam que, com o Decreto-lei nº 8.579, de 8 de janeiro de 1946, significativas alterações foram introduzidas nas normas periciais. Também a Legislação Falimentar – Decreto-lei nº 7.661/45, com as alterações da Lei nº 4.983/66 estabeleceu regras de Perícia Contábil, que definiam esta atribuição ao contador. Atualmente aplicam-se as regras da Lei de Regularização de Empresas e Falência – Lei Federal nº 11.101/2005. O Novo Código de Processo Civil (CPC – Lei nº 13.105/2015) entrou em vigor em 17 de março de 2016, formando um conjunto com as atualizações do Código de Processo Penal (CPP – alteração da Lei nº 11.960/2008), da Lei Processual Trabalhista (LTP – Lei nº 5.584/70) e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT – Decreto-lei nº 5.452/43), combinadas às jurisprudências de natureza processual. Por fim, no que refere às normas de natureza técnica-contábil, chama-se a atenção para as atualizações das Normas expedidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, pelos seus conteúdos elucidativos e esclarecedores. É neste conjunto de normas que estão inseridas as que disciplinam a Perícia Contábil, a saber: • Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TP 01 (R1) – Perícia Contábil, que estabelece diretrizes e procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da realização de perícia contábil, no âmbito judicial e extrajudicial (CFC, 2020a). • Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP 01 (R1) – Perito Contábil, que estabelece diretrizes inerentes à atuação do contador na condição de perito (CFC, 2020b). • Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP 02 – Exame de Qualificação Técnica, que dispõe sobre o exame de qualificação técnica para perito contábil (CFC, 2016). As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se em Profissionais e Técnicas. As Normas Profissionais estabelecem regras de exercício profissional e classificam-se em: NBC PG – Geral. NBC PA – do Auditor Independente. NBC PP - do Perito Contábil. As Normas Técnicas estabelecem conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados de Contabilidade e classificam-se em: NBC TG – Geral. IMPORTANTE https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14039.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14039.htm#art2 https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/viwTodos/84C661D4E97D9A91032569FA00546033?OpenDocument&HIGHLIGHT=1, https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/viwTodos/84C661D4E97D9A91032569FA00546033?OpenDocument&HIGHLIGHT=1, 22 NBC TSP – do Setor Público. NBC TA – de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica. NBC TASP – de Auditoria de Informação Contábil Histórica Aplicável ao Setor Público. NBC TR – de Revisão de Informação Contábil Histórica. NBC TO – de Asseguração de Informação Não Histórica. NBC TSC – de Serviço Correlato. NBC TI – de Auditoria Interna. NBC TP – de Perícia. Fonte: http://twixar.me/Bmxm. Acesso em: 10 jan. 2023. 3 PERÍCIA CONTÁBIL Nesta etapa, caro acadêmico, iremos trazer o conceito de perícia contábil, seu objeto e objetivo, bem como as modalidades e aplicações da perícia contábil. Vamos lá? 3.1 CONCEITO Como toda área do conhecimento, é necessário que saibamos os conceitos relacionados à área de estudo. No estudo da perícia contábil não é diferente, conhecer o conceito dela é de suma importância para que possamos entendê-la e prosseguir com os demais estudos inerentes a ela. Então, prezado acadêmico, vamos apresentar diversos autores que trazem o conceito da perícia contábil. Iniciaremos pelo conceito adotado pelo Conselho Federal de Contabilidade na norma que trata de perícia contábil, a NBC TP 01 (R1) – Perícia Contábil, no seu item 2: A perícia contábil é o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova neces- sários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legis- lação específica no que for pertinente (CFC, 2020a). Costa (2017) e Crepaldi (2019) relatam que a definição de perícia contábil trazida pelo CFC é bastante ampla, portanto, para uma melhor compreensão é necessário que a fragmentemos: 23 Figura 1 – Perícia contábil: conceituação NBC TP 01 (R1) Fonte: o autor • Conjunto de procedimentos técnico-científicos: a norma especificou que a perícia contábil é uma técnica especial, possuindo procedimentos técnico-científicos peculiares. Nisso, ela difere dos conhecidos ramos da contabilidade: escrituração, demonstrações contábeis, auditoria e análise das demonstrações contábeis. Dentre os procedimentos típicos da perícia, temos: exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação. • Destinados a levar à instância decisória: é a aplicação da ciência contábil para a instância decisória, pois a perícia contábil auxiliará da justiça na decisão da lide. • Elementos de prova: o perito sempre irá produzir um conhecimento amparado em provas, que serão apresentadas junto ao laudo ou parecer e levadas a uma instância decisória. Toda perícia tem por finalidade subsidiar um pedido, uma requisição a ser esclarecida para uma tomada de decisão. Por exemplo: o magistrado solicita perícia contábil sobre apuração de haveres de determinada pessoa física em uma ação de alimentos. O perito contábil irá identificar os rendimentos (poder econômico) da pessoa determinada e levar à instância decisória (juiz) o seu laudo pericial. O juiz, por sua vez, sentenciará o valor da pensão. ATENÇÃO 24 • Necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de um fato: a opinião do perito, através da emissão do laudo ou parecer, subsidiará a solução de uma lide ou a constatação de um fato isolado. Vejamos dois exemplos: ◦ Exemplo 1: o litígio do item anterior, que é a determinação do valor da pensão alimentícia, será resolvido após a sentença do juiz, que estará amparada pelo laudo do perito. Com a opinião do perito, o juiz terá subsídios para determinar um valor justo à pensão alimentícia. ◦ Exemplo 2: A constatação de um fato pode ser ilustrada da seguinte forma: o ad- ministrador de determinada empresa contrata um perito contábil com a finalidade de averiguar uma possível fraude relacionada à contabilização do almoxarifado que a integra. • Em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e a legislação específica no que for pertinente: i) as normas jurídicas são o Código Civil e do Código de Processo Civil; ii) já as normas profissionais a que se refere a NBC são pertinentes ao exercício profissional da contabilidade, ou seja, a NBC TP 01 (R1) dita os procedimentos necessários para o profissional da contabilidade desenvolver a atividade pericial, portanto é a norma técnica de perícia, e a NBC PP 01 (R1) que trata do profissional habilitado para desempenhar o papel de perito-contador; e iii) quanto à legislação específica, está condicionado àquilo que está sendo discutido no processo, nos autos, ouseja, trata-se da legislação específica do objeto da perícia. Exemplificando: ao efetuar uma perícia acerca de uma questão contábil, envolvendo uma empresa optante pelo Regime Simples Nacional, o contador deverá observar a Lei Complementar n. 123/2006 e as Resoluções do Comitê Gestor do Simples Nacional – normas específicas para as empresas optantes por esse regime. Sá (2019, p. 3) também nos traz um conceito de perícia contábil: Perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio indivi- dualizado, visando oferecer opinião mediante questão proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma, todo e qualquer procedimento necessário à opinião. A partir do conceito de Sá, podemos complementar o seguinte: • A necessidade de se conhecer uma opinião de especialista em Contabilidade sobre uma realidade patrimonial, em qualquer tempo, em qualquer espaço, qualitativa e quantitativamente, em causas e efeitos. • O exame do especialista sobre o que se deseja conhecer como opinião. • Por exemplo, quando ocorreu a denúncia, na Câmara Federal, sobre as corrupções no Orçamento da República, se fez necessário conhecer a “movimentação das contas bancárias” dos implicados, e isso gerou uma Perícia Contábil para cada caso. 25 Sá (2019, p. 2), nos afirma ainda, que “a perícia contábil é uma tecnologia porque é a aplicação dos conhecimentos científicos da Contabilidade”, ensejando numa opinião sobre verificação feita, relativa ao patrimônio individualizado (de empreendimentos ou de pessoas); e tal opinião foi determinada ou requerida por alguém. Examinar, realizar levantamentos, vistoriar, fazer indagações, investigar, avaliar, arbitrar (diante da falta de elementos mais concretos), em suma, fazer o necessário para ter segurança sobre o que se vai opinar, são Procedimentos Periciais. Os procedimentos periciais aplicam-se, de acordo com a pertinência, a cada caso. ATENÇÃO Para Magalhães (2017, p. 6), ao trazer alguns conceitos de perícia contábil, aponta o seguinte: Trabalho que exige notória especialização no seio das Ciências Contábeis, com o objetivo de esclarecer ao Juiz de Direito, ao Administrador Judicial (Síndico ou Comissário) e a outras autoridades formais, fatos que envolvam ou modifiquem o patrimônio de entidades nos seus aspectos quantitativos. Apresentamos, ainda, os conceitos trazidos na obra de Ornelas (2017, pp. 16-18): A perícia contábil é, pois, o exame hábil [...] com o objetivo de resolver questões contábeis, ordinariamente originárias de controvérsias, dúvidas e casos específicos determinados ou previstos em lei” (Gonçalves, 1968). A perícia contábil se caracteriza como incumbência atribuída a contador, para examinar determinada matéria patrimonial, administrativa e de técnica contábil, e asseverar seu estado circunstancial (D’Áuria, 1962). Perícia contábil é um instrumento técnico-científico de constatação, prova ou demonstração, quanto à veracidade de situações, coisas ou fatos oriundos das relações, efeitos e haveres que fluem do patrimônio de quaisquer entidades (Alberto, 1996). E agora, depois da apresentação de diversos autores que trazem o conceito de perícia contábil, já podemos trazer os elementos principais desta conceituação, quais sejam: 26 • perícia contábil é uma técnica contábil; • trata-se de uma técnica especial com procedimentos técnicos peculiares; • é realizada por contador; • subsidia a solução de litígio ou constatação; • na perícia contábil é emitido o laudo pericial contábil ou o parecer pericial contábil; • deverá seguir as normas e legislação pertinentes. Podemos, ainda, trazer os elementos principais da conceituação de perícia contábil na Figura 2 a seguir: Figura 2 – Perícia Contábil Fonte: o autor Crepaldi (2019) resume assim: a perícia contábil é o meio de prova realizado por profissional com formação e registro específico quando é necessária a aplicação de conhecimento em Contabilidade. Os procedimentos de trabalho em perícia contábil são o exame, a vistoria, a indagação, a investigação, o arbitramento, a mensuração, a avaliação e a certificação. Na esfera judicial, a perícia pode ser elemento suficientemente determinante para o convencimento do magistrado, desde que haja componentes satisfatórios para elaborar um laudo que apresente conclusão totalmente incontroversa, ou seja, aquela em que os elementos, objetos da perícia contábil, apresentem um laudo conclusivo incontestável. O critério de avaliação desses bens destinados à exploração da atividade, previsto no Código Civil, em seu Art. 1.187 (BRASIL, 2002), serão avaliados pelo custo de aquisição, criando-se fundos de amortização para os que se desgastam ou depreciam. 27 3.2 OBJETO E OBJETIVO DA PERÍCIA CONTÁBIL A perícia contábil tem por objeto, de acordo com Ornelas (2017) e Santos (2020), os fatos ou questões patrimoniais relacionados com a causa, as quais devem ser verificadas, e, por isso, são submetidas à apreciação técnica do perito contador, que deve considerar, nessa apreciação, certos limites essenciais – que são os caracteres essenciais – a saber: • limitação da matéria: refere-se à matéria que fora submetida à apreciação pericial delineada pelo próprio objeto sub judice ou pelo julgador dos pontos controvertidos quando do despacho saneador, ou em audiência; • pronunciamento adstrito à questão ou questões propostas: o perito contador deverá manifestar-se somente no que se refere aos quesitos levantados nos autos do processo, ou seja, será exigido da perícia contábil pronunciamento limitado ou adstrito àquilo que foi apreciado; • meticuloso e eficiente exame do campo prefixado: a tarefa pericial envolve a necessidade de o perito contador adotar procedimentos meticulosos e eficientes de exame das questões patrimoniais prefixadas no litígio; • escrupulosa referência à matéria periciada: o perito contador deverá constatar e identificar as fontes informativas ou reveladoras dos elementos que pesquisou, há que desenvolver e correlacionar referidas fontes com as próprias questões sob análise ou apreciação, tomando o cuidado permanecer fiel nas referências às questões objeto do trabalho pericial; • imparcialidade absoluta de pronunciamento: o laudo ou parecer, deverá refletir, com muita nitidez, uma posição de imparcialidade absoluta. Para os autores Crepaldi (2019), Moura (2020) e Müller, Timi e Heimonski (2017), a perícia contábil tem como objetivo central fundamentar as informações demandadas, evidenciando a veracidade dos fatos de forma imparcial e merecedora de fé, tornando-os instrumentos de prova para o magistrado solucionar as questões propostas na lide. Assim, caberá ao perito fornecer elementos de prova ou uma opinião especializada sobre o estado verdadeiro do objeto ou matéria examinada, com vistas a subsidiar uma decisão, conforme NBC TP 01 (R1) (CFC, 2020a). O perito contábil, para o bom exercício do trabalho que lhe for atribuído, deve: • conhecer o objeto e a finalidade da perícia, a fim de permitir a adoção de proce- dimentos que conduzam à revelação da verdade, subsidiando o juiz, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito do litígio; • definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos a serem aplicados, em consonância com o objeto da perícia; • estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo estabelecido; • identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no andamento da perícia; 28 • identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma que não passem despercebidos e recebam a atenção necessária; • identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia; • estabelecer como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros da equipe de trabalho, sempre que o perito necessitar de auxiliares; • facilitar a execução e a revisão dos trabalhos. Constitui-se objetivo de a perícia contábil definir a natureza, a oportunidadee a extensão dos exames a serem realizados, em consonância com o objeto da perícia, com os termos constantes da nomeação, dos quesitos ou da proposta de honorários oferecida pelo perito (CREPALDI, 2019). IMPORTANTE Crepaldi (2019, p. 52) aponta objetivos específicos da perícia contábil: Quadro 1 – Objetivos específicos da perícia contábil Objetividade Não se desviar da matéria que motivou a questão. Concisão Compreende evitar o prolixo e emitir uma opinião que possa de maneira fácil facilitar as decisões. Precisão Oferecer respostas pertinentes e adequadas às questões formuladas ou finalidades propostas. Confiabilidade Consiste em estar a perícia apoiada em elementos inequívocos e válidos legal e tecnologicamente. Clareza Usar em sua opinião de uma linguagem acessível a quem vai utilizar-se de seu trabalho, embora possa conservar a terminologia tecnológica e científica em seus relatos. Plena satisfação da finalidade É exatamente o resultado de o trabalho estar coerente com os motivos que o ensejaram. Fidelidade Caracteriza-se por não se deixar influenciar por terceiros, nem por informes que não tenham materialidade e consistência competentes. Fonte: adaptado de Crepaldi (2019) 29 A perícia contábil apresenta dois objetivos primordiais: • Identificar elementos de prova; e • Subsidiar a emissão de laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil. ATENÇÃO Por exemplo: numa demanda societária, o perito é chamado para realizar a apuração de haveres de cada sócio. Ele elencará elementos fáticos na Contabilidade (quantificação dos valores registrados na escrituração contábil) e, com base em tais fatos, emitirá laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil com a demonstração dos haveres dos sócios. Portanto, em seus objetivos específicos, a perícia contábil deve apresentar, de acordo com Crepaldi (2019, p. 53), os seguintes fatores: • Objetividade: caracteriza-se pela ação do perito em não se desviar da matéria que motivou a questão. • Precisão: respalda-se em oferecer respostas pertinentes e adequadas às questões formuladas ou finalidades propostas. • Clareza: fundamenta-se em utilizar, ao emitir sua opinião, uma linguagem acessível com quem fará uso de seu trabalho, embora possa conservar a terminologia tecnológica e científica em seus relatos. • Fidelidade: caracteriza-se por não se deixar influenciar por terceiros, nem por informes que não tenham materialidade e consistência competentes. • Concisão: compreende evitar a prolixidade e emitir uma opinião que possa facilitar as decisões. • Confiabilidade: consiste em estar a perícia apoiada em elementos inequívocos e válidos legal e tecnologicamente. • Plena satisfação da finalidade: é, exatamente, o resultado de o trabalho estar coerente com os motivos que o ensejaram. 3.3 PROCEDIMENTOS PERICIAIS Os procedimentos periciais técnico-científicos voltados para a atividade de perícia contábil fundamentam as conclusões que serão abordadas no laudo pericial contábil ou no parecer pericial contábil e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria, a determinação de valores ou a solução de controvérsia (CREPALDI, 2019). 30 A NBC TP 01 (R1) (CFC, 2020a) no item 32 nos apresenta os procedimentos técnico-científicos periciais, quais sejam: exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação, certificação e testabilidade. Figura 3 – Procedimentos periciais Fonte: o autor Esses procedimentos são assim definidos: • Exame: é a análise de livros, registros das transações e documentos. Exemplo: o perito realiza exame ao analisar a conciliação bancária com o livro Diário. • Vistoria: é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial. Trata-se de um procedimento de inspeção, por exemplo: o perito faz uma vistoria in loco dos meios de controle utilizados pela empresa para a guarda do estoque. • Indagação: é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto ou de fato relacionado à perícia. Exemplo: a realização de entrevista com os funcionários da controladoria da empresa periciada, a fim de apurar evidências para o laudo pericial. • Investigação: é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias. Exemplo: o perito realiza investigação da vida particular dos envolvidos no objeto da perícia, descobrindo, por exemplo, que o fornecedor de material de uso e consumo para a empresa tem um forte vínculo de amizade com o responsável pelo setor de aquisição. 31 • Arbitramento: é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério técnico-científico. Exemplo: há o arbitramento de valores ao se estimar a quantidade de combustível utilizada pelos veículos de determinada empresa. • Mensuração: é o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações. Exemplo: contagem física do estoque, medidas de áreas, avaliação de componentes patrimoniais etc. • Avaliação: é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas. Exemplo: avaliação do imobilizado da empresa. • Certificação: é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial contábil pelo perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública atribuída a esse profissional. Exemplo: o contador apresenta uma importação não contabilizada que foi certificada pelo despachante aduaneiro. • Testabilidade: é a verificação dos elementos comprobatórios (probantes) juntados aos autos e o confronto com as premissas estabelecidas. Exemplo: o autor de determinada ação apresenta uma planilha nos autos, então o perito contábil testará se os cálculos apresentados na planilha estão corretos. O procedimento de avaliação é semelhante ao arbitramento, no entanto, há uma diferença entre eles; no arbitramento utilizamos critérios técnico-científicos, já na avaliação somente estabelecemos o valor das coisas. Por exemplo: imagine-se a situação em que há consumo de água para a fabricação de determinado produto. Suponha, também, que o medidor de água esteja quebrado e que o perito necessite saber o volume consumido desse líquido na fabricação de determinada quantidade de produtos. Ele poderá arbitrar a quantidade de água consumida, multiplicando a vazão do cano pelo tempo em que o registro permaneceu aberto. Nesse caso, o perito utilizou um critério técnico para empreender sua obrigação. Considere outra circunstância: em um inventário, o perito tem a necessidade de verificar o valor de determinada fazenda que estava contabilizada no ativo da empresa. No caso, ele pode contratar um corretor com notório conhecimento do mercado imobiliário rural para realizar a avaliação do imóvel (CREPALDI, 2019, p. 55). ATENÇÃO 32 Quadro 2 – Atuação do perito contador i) Na inspeção judicial Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do pro- cesso, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa. Art. 482. Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos (CPC, 2015). O juiz pode determinar que seja realizada uma vistoria ou exame, sobre fato ou coisa, e a referi- da inspeção poderá ser realizada por ele próprio, acompanhado de perito de sua confiança, se assim desejar. A referida inspeção judicial é realizada via diligên- cia, utilizando-se de vistoria do local ou da coisa que se deseja averiguar. Ocorre, por exemplo, em situações nas quais haja receio de perda, extravio ou desaparecimento de algum bem. ii) No direito autoral Art. 842. O mandado será cumprido por dois oficiais de justiça, um dos quais o lerá ao morador, intimando-o a abrir as portas. § 1º Não atendidos, os oficiais de justiça arrombarão as portas externas, bem como as internas e quaisquer móveis onde presu- mam que esteja oculta
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