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direito-processual-penal-04

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Organização da Justiça Penal
Direito Processual 
Penal
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
ELLEN THAYNNÁ MARA DELGADO BRANDÃO
 MILENA BARBOSA DE MELO
AUTORIA
Ellen Thaynná Mara Delgado Brandão
Eu, Ellen, tenho graduação em Direito pela Unifacisa – Universidade 
de Ciências Sociais Aplicadas e pós-graduanda em Docência do Ensino 
Superior. Atualmente sou professora conteudista e elaboradora de 
cadernos de questões. Como jurista, atuo nas áreas de Direito Penal, 
Direito do Trabalho e Direito do Consumidor.
Milena Barbosa de Melo
Eu, Milena, tenho graduação em Direito pela Universidade Estadual 
da Paraíba (2004). Doutora em Direito Internacional pela Universidade de 
Coimbra. Mestre e Especialista em Direito Comunitário pela Universidade 
de Coimbra. Atualmente, sou professora universitária e conteudista. 
Como jurista, atuo, principalmente, nas seguintes áreas: Direito à 
Saúde, Direito Internacional público e privado, Jurisdição Internacional, 
Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da Propriedade 
Intelectual e Direito Digital.
Desse modo, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar 
seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder 
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Jurisdição e Competência ....................................................................... 12
Jurisdição ............................................................................................................................................. 12
Princípios que Regem a Jurisdição Criminal ............................................ 14
Competência ..................................................................................................................................... 15
Espécies de Competência ................................................................................... 17
Competência Absoluta e Relativa ................................................................... 18
Arguição de Incompetência ................................................................................ 21
Regras de Competência de Foro ..........................................................23
Domicílio ou Residência do Réu como Foro Supletivo .......................................24
A Matéria como Regra Específica de Competência ..............................................25
Prerrogativa de Foro com Regra Específica de Competência .....................27
A Distribuição como Alternativa à Competência Cumulativa Supletiva 30
Conexão e Continência como Regra de Alteração de Competência .... 30
Prevenção como Critério Residual de Fixação de Competência ................ 31
Conexão e Continência Processual .....................................................34
Conexão Material e Conexão Processual ..................................................................... 36
Espécies de Conexão .................................................................................................................. 36
Conexão Intersubjetiva ............................................................................................37
Intersubjetiva por Simultaneidade ...............................................37
Intersubjetividade por Concurso .................................................. 38
Intersubjetiva por Reciprocidade ................................................. 38
Conexão Objetiva ........................................................................................................ 39
Conexão Instrumental ............................................................................................ 40
Espécies de Continência ......................................................................................................... 40
Continência por Cumulação Subjetiva ......................................................... 41
Continência por Cumulação Objetiva ........................................................... 41
Efeitos da Conexão e da Continência ..............................................................................42
Regras para Eleição de Foro Prevalente ...........................................45
Competência Prevalente do Tribunal do Júri..............................................................45
Descoberta da Conexão ou Continência, após a Prolação da 
Sentença de Pronúncia........................................................................................... 46
Conexão e Continência, Prerrogativa de Foro e Júri ......................... 46
Jurisdição de Mesma Categoria ...........................................................................................47
Jurisdição de Categoria Diversa .......................................................................................... 48
Conflito entre Jurisdição comum e Especial.............................................................. 49
Força Atrativa da Justiça Federal em Face da Justiça Estadual 49
Exceção à Regra da Junção dos Processos em Caso de Conexão e 
Continência ......................................................................................................................................... 50
Jurisdição Comum e Jurisdição Militar ....................................................... 50
Justiça Comum e Justiça da Infância e da Juventude ..................... 51
Separação dos Processos Devido à Superveniência de Doença 
Mental ................................................................................................................................... 51
Impossibilidade de Julgamento de Réu Ausente ................................52
Separação dos Processos em Razão da Recusa dos Jurados ...52
Separação Facultativa de Processos ................................................................................53
9
UNIDADE
04
Direito Processual Penal
10
INTRODUÇÃO
Esta unidade será dedicada ao estudo da Competência Criminal, 
sabendo que é um importante tema para se obter conhecimento da 
jurisdição responsável pelo julgamento dos processos na esfera criminal. 
Estudaremos o que vem a ser jurisdição e competência e quais as regras 
para a competência de foro.
Em meio as regras para competência de foro, reservamos um 
capítulo especial para tratar da conexão e continência, por conterem 
casos especiais de junção de separação de processos. Por fim, trataremos 
das regras para eleição de foro prevalente, tendo em vista que em vários 
processos haverá juízos diferentes para julgamento. Empolgados por esse 
estudo? Vamos lá!
Direito Processual Penal
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Organização da justiça 
penal. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimentodas seguintes 
competências profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Compreender o que vem a ser jurisdição e competência. 
2. Identificar a regra geral de competência de foro.
3. Assimilar a conexão e a continência processual.
4. Conhecer as regras para eleição de foro prevalente. 
Então? Preparado para adquirir conhecimento de um assunto 
fascinante e inovador como esse? Vamos lá!
Direito Processual Penal
12
Jurisdição e Competência
OBJETIVO:
Este capítulo será dedicado ao estudo de jurisdição e 
competência, o que vem a ser cada uma e aprendendo os 
tipos de competência. Vamos lá!!
Jurisdição 
É nítido o quando a vida em sociedade produz vários conflitos de 
interesses, a maioria destes são solucionados sem que haja a necessidade 
de partir para o litígio. Todavia, existem casos em que, para a resolução dos 
conflitos, uma das partes resista, surgindo a necessidade do Estado, por 
meio do processo, de resolver este conflito que tem interesses opostos, 
surgindo a jurisdição. 
Para Lopes Filho (2019), o conceito de jurisdição no processo penal, 
deve abandonar a discussão entre jurisdição voluntária e contenciosa, 
tendo em vista que no processo penal não existe lide.
Mas, o que vem a ser jurisdição? 
Nucci (2011) conceitua jurisdição como o poder atribuído, 
constitucionalmente, ao Estado para aplicação da lei ao caso concreto, 
compondo litígios e resolvendo conflitos. Completando o conceito, 
Tucci (2003) aponta que a jurisdição é uma função estatal inerente ao 
poder-dever de realização de justiça, mediante atividade substitutiva 
do Poder Judiciário, sendo concretizada na aplicação do direito objetivo 
a uma relação jurídica, com a respectiva declaração, e o consequente 
reconhecimento, satisfação ou asseguração do direito subjetivo material 
de um dos titulares das situações que a compõem.
A jurisdição constitui em um direito fundamental, garantida pelo 
Constituição Federal em seu art. 5º, XXXV. Dessa forma, toda pessoa tem 
direito de ser julgado por um juiz natural, imparcial e no prazo razoável. 
Direito Processual Penal
13
A regra é que a atividade jurisdicional seja exclusiva dos integrantes 
do Poder Judiciária, todavia, a própria Constituição Federal traz exceções, 
por exemplo, o art. 52 deste dispositivo legal que traz a possibilidade do 
Senado Federal de processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da 
República nos crimes de responsabilidade.
Desta forma, tendo como função estatal exercida pelo Poder 
Judiciário, a jurisdição se caracteriza pela aplicação do direito objetivo a 
um caso concreto. Importante destacar que a jurisdição é una, mas isso 
não quer dizer que sempre será o mesmo juiz que irá processar e julgar as 
causas. O Estado tem o dever de distribuir o poder de processar e julgar 
entre vários juízes e diversos Tribunais. Assim, cada órgão jurisdicional só 
pode aplicar o direito objetivo nos limites em que lhe foram conferidos na 
distribuição feita pelo Estado.
NOTA:
De maneira geral, podemos dizer que todo juiz, acometido 
de sua função, tem jurisdição e atribuição de compor os 
conflitos que emergem na sociedade, utilizando da força 
estatal para proceder a decisão, compulsoriamente.
Direito Processual Penal
14
Figura 1 – Juiz
Fonte: Freepik (2020).
Princípios que Regem a Jurisdição Criminal
Podemos elencar os princípios que regem a jurisdição criminal, de 
acordo com Nucci (2011):
1. Princípio da indeclinabilidade – Garante que o juiz não pode se 
abster de julgar os casos que lhe forem apresentados.
2. Princípio da improrrogabilidade – Diz que as partes, mesmo 
entrando em acordo, não podem subtrair ao juízo natural o 
conhecimento de determinada causa, na esfera criminal.
3. Princípio da indelegabilidade – Garante que o juiz não pode 
transmitir o poder jurisdicional a quem não o tem.
4. Princípio da unidade – Garante que a jurisdição é única, pertencente 
ao Poder Judiciário, o que o diferencia no poder é à sua aplicação 
e o grau de especialização, que pode ser civil (federal ou estadual), 
penal (federal ou estadual), militar (federal ou estadual), eleitoral 
ou trabalhista.
Direito Processual Penal
15
5. Princípio do juiz natural – Princípio é compreendido como o direito 
de cada cidadão de saber, de maneira prévia, qual autoridade irá 
processá-lo e julgá-lo, caso venha a praticar uma infração penal. 
Desta forma, o juiz natural é aquele que é constituído, antes do 
julgamento do fato delituoso. Este princípio visa assegurar para as 
partes a imparcialidade e a independência do juiz. 
Encontra-se tipificação deste princípio na Convenção Americana 
sobre Direito Humanos (Decreto nº 678/92), em seu art. 8, que diz que 
toda pessoa tem o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e 
no prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e 
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer 
acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus 
direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer 
outra natureza. 
Competência 
A competência caminha lado a lado com a jurisdição, tendo em vista 
que ela é quem delimita, determinando o espaço em que a autoridade 
judiciária deve aplicar, o direito aos litígios que lhe são apresentados.
Pelo conceito trazido por Lima (2019, p.345), a competência é a 
medida e o limite da jurisdição, nos quais o órgão jurisdicional poderá 
aplicar o direito objetivo ao caso concreto.
Para completar o conceito, Lopes Filho (2009) diz que a competência é:
O poder de fazer atuar a jurisdição que tem um órgão 
jurisdicional diante de um caso concreto. Decorre este 
poder de uma delimitação prévia, constitucional e 
legal, estabelecida segundo critérios de especialização 
da justiça, distribuição territorial e divisão de serviço. 
A exigência desta distribuição decorre de evidente 
impossibilidade de um juiz único decidir toda a massa de 
lides existentes no universo e, também, da necessidade 
de que as lides sejam decididas pelo órgão jurisdicional 
adequado, mais apto a melhor resolvê-las. (LOPES FILHO, 
2009, p.133)
Direito Processual Penal
16
IMPORTANTE:
Podemos dizer que a jurisdição é um poder e a competência 
é uma permissão legal para exercer este poder na sua 
fração correspondente. 
A competência traz reflexos na aplicação do princípio do juiz natural, 
conforme mencionado. Um dos principais apontamentos a serem feitos é, 
quando uma nova lei entra em vigor, e em seu conteúdo existe a alteração 
da competência e sua aplicação imediata aos processos que estejam em 
andamento.
O entendimento jurisprudencial é de que a modificação da 
competência criminal, que decorre de lei que altere a razão da matéria, 
não viola o princípio do juiz natural. Segundo Lima (2019), o fundamento é 
de que na Constituição Federal, este princípio não tem o mesmo alcance 
daquele previsto em constituições de países estrangeiros, que exigem 
que o julgamento seja realizado por juízo competente, estabelecido em 
lei anterior aos fatos, tanto é que o art. 5º em seu inciso LIII da Constituição 
Federal, assegura somente processo e julgamento frente à autoridade 
competente, sem exigir que o juízo deve ser pré-constituído ao delito a 
ser julgado.
NOTA:
A jurisprudência sustenta que norma que altera competência 
tem natureza, genuinamente processual, devendo ser 
praticada nela o princípio da aplicação imediata que consta 
no art. 2º do CPP, assegurando que a lei processual penal 
deve ser aplicada desde logo, sem prejuízo da validade dos 
atos realizados sob vigência da lei anterior. 
Direito Processual Penal
17
Espécies de Competência 
De acordo com Lima (2019), a competência é distribuída, levando 
em consideração quatro aspectos diferentes:
1. Ratione materiae (razão da matéria) – De acordo com o art. 69, III, 
do Código de Processo Penal, é aquela estabelecida em virtude da 
natureza da infração penalpraticada. É a competência conferida, 
por exemplo, em ser a Justiça Eleitoral competente para julgar 
crimes eleitorais.
2. Ratione funcionae (razão da função) – Nos termos do art. 69, VII, 
do Código de Processo Penal, leva em consideração as funções 
desempenhadas pelo agente, como critério para a fixação de 
competência. Aqui podemos citar o exemplo da competência, 
estabelecida, na Constituição Federal em seu art. 105, I, a, de 
que governadores de estado e desembargadores são julgados, 
perante o Superior Tribunal de Justiça.
3. Ratione loci (razão do local) – Estabelecida pelo art. 69, I e II, do 
Código de Processo Penal, diz que após delimitada a competência 
de Justiça, deve ser delimitada em qual comarca ou subseção 
Judiciária será processado e julgado o agente. Assim, a fixação da 
competência territorial será fixada seja pelo lugar da infração, seja 
pelo domicílio ou residência do réu.
4. Competência funcional – Lopes Filho (2009) aponta que esta 
competência consiste na distribuição feita pela lei, entre diversos 
juízes da mesma instância ou de instâncias diversas para, num 
mesmo processo, ou em um segmento ou fase de desenvolvimento, 
praticar determinados atos. Assim, a competência deve ser fixada, 
de acordo com a função que cada um dos órgãos estabelece em 
um processo. A competência funcional é dividida em três: 
 • Competência funcional por fase do processo – Um órgão 
jurisdicional exerce a competência, de acordo com a fase do 
processo. Podemos citar o exemplo do processo bifásico do 
Tribunal do Júri, no qual existe um juiz para a primeira fase e para 
a segunda.
Direito Processual Penal
18
 • Competência funcional por objeto do juízo – Cada órgão 
jurisdicional exerce a competência sobre determinadas questões 
a serem decididas no processo, como os juízos colegiados 
heterogêneos.
 • Competência funcional por grau de jurisdição – Tem o condão 
de dividir a competência entre órgãos jurisdicionais superiores e 
inferiores. Desta forma, a competência pode ser originária ou em 
razão de recurso.
Competência Absoluta e Relativa
A competência absoluta são as hipóteses de fixação de competência, 
nas quais não é admitida prorrogação, ou seja, o processo deve ser 
remetido ao juiz natural que é determinado, pela norma constitucional ou 
processual, sob pena de nulidade do feito.
IMPORTANTE:
Esta espécie de competência é indisponível às partes, 
devido ao fato de ser o interesse público que determina a 
criação da regra de competência. 
Encaixa-se neste tipo de competência, a competência em razão da 
matéria e a competência em razão da prerrogativa de função. 
Desta forma, caso um juiz que seja, absolutamente incompetente, 
decida um caso determinado, até o momento em que sua incompetência 
seja declarada, esta sentença não será inexistente, mas será dotada de 
nulidade absoluta, dependendo de pronunciamento judicial para que 
possa ser desconstituída. 
Direito Processual Penal
19
De acordo com Lima (2019), as principais características da nulidade 
absoluta são:
 • Pode ser arguida a qualquer momento, enquanto não houver o 
trânsito em julgado da decisão. Se a sentença for condenatória 
ou absolutória imprópria, estas nulidades podem ser arguidas até 
mesmo, após o trânsito em julgado, por meio da revisão criminal 
ou do habeas corpus;
 • O prejuízo é presumido, tendo em vista que a competência absoluta 
se origina de norma constitucional; a incompetência absoluta terá 
como resultado um atentado a preceito constitucional, derivando 
de prejuízo, imprescindível para a declaração de uma nulidade. 
Assim, conhecendo a incompetência absoluta, o processo deve 
ser anulado ab initio.
A competência relativa, por sua vez, é a hipótese de fixação de 
competência que admite prorrogação, isto é, não sendo invocada a tempo, 
a incompetência de foro, o juiz que cometeu o feito se torna competente, 
não se admitindo, posteriormente, qualquer alegação de nulidade.
Desta forma, as principais características da competência relativa 
são, de acordo com Lima (2019):
 • Deve ser arguida no tempo certo, em se tratando de incompetência 
relativa, sua arguição deve ser no momento da resposta à 
acusação, sob pena de preclusão.
 • O prejuízo deve ser comprovado.
Exemplo de competências relativas são a competência territorial, a 
competência por prevenção, competência por distribuição e competência 
por conexão ou continência.
IMPORTANTE:
A divisão, entre competência absoluta e relativa, não se 
encontra em disposição legal, mas é dada pela doutrina e 
confirmada pela jurisprudência. 
Direito Processual Penal
20
Para sintetizar as diferenças entre as competências absoluta e 
relativa, podemos traçar o seguinte quadro comparativo:
Quadro 1 - Diferenças entre a competência absoluta e a competência relativa
COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA
Regra de competência criada com 
base no interesse público.
Regra de competência criada com 
base no interesse preponderante das 
partes.
A regra não pode ser modificada, 
isto é, trata-se de competência 
improrrogável ou imodificável.
A regra pode ser modificada, isto é, 
cuida-se de competência prorrogável 
ou derrogável.
Incompetência absoluta é causa de 
nulidade absoluta: pode ser arguida 
a qualquer momento, mesmo após 
o trânsito em julgado. O prejuízo é 
presumido.
Incompetência relativa é causa de, no 
máximo, nulidade relativa: deve ser 
arguida no momento oportuno, sob 
pena de preclusão. O prejuízo deve 
ser comprovado.
Pode ser reconhecida ex officio pelo 
magistrado, enquanto não esgotada 
sua jurisdição pela prolação de 
sentença.
Pode ser reconhecida ex officio pelo 
magistrado, porém somente até o 
início da instrução processual.
Pode ser arguida por meio de 
exceção de incompetência, todavia, 
como o magistrado pode conhecê-la 
de ofício, nada impede que a parte 
aborde a incompetência absoluta de 
outra forma.
Pode ser arguida por meio de exceção 
de incompetência, todavia, como o 
magistrado pode conhecê-la de ofício, 
nada impede que a parte aborde a 
incompetência absoluta de outra 
forma.
Se a competência absoluta não 
admite modificações, a conexão 
e a competência, que são causas 
modificativas da competência, 
não podem alterar uma regra de 
competência absoluta.
Como a competência relativa 
admite modificações, a conexão 
e a continência podem funcionar 
como critérios modificativos da 
competência, tornando competente 
para o caso concreto, juiz que não o 
seria sem elas.
Exemplo: ratione materiae, ratione 
funcionae e competência funcional.
Exemplos: ratione loci, competência 
por distribuição, competência por 
prevenção, conexão e continência.
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em LIMA (2019).
Direito Processual Penal
21
Arguição de Incompetência 
O art. 95, II, do Código de Processo Penal, traz a exceção de 
incompetência. O art. 108, deste mesmo dispositivo legal, diz que ela 
pode ser arguida de, forma verbal ou por escrito, no prazo de defesa, de 
10 dias. 
É importante ressaltar que tanto a incompetência absoluta quanto 
a relativa, podem ser conhecidas de ofício pelo juiz, pois entende-se que 
o magistrado tem a competência para delimitar sua própria competência.
Desta forma, quais são as consequências da incompetência 
absoluta e relativa?
O art. 567 do CPP diz que a incompetência do juízo anula somente 
os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, 
ser remetido ao juiz competente. Assim, os atos praticados por juízo 
incompetente são atos nulos e não inexistentes, o reconhecimento da 
incompetência não acarreta a extinção do processo. Quando houver 
incompetência relativa serão anulados os atos decisórios, todavia, quando 
for absoluta a incompetência, serão anulados os atos decisórios e os atos 
probatórios. 
RESUMINDO:
Estudamos neste capítulo que a jurisdição é o poder 
atribuído, constitucionalmente ao Estado, para aplicação 
da lei ao caso concreto,compondo litígios e resolvendo 
conflitos. Vimos que a regra é que a atividade jurisdicional 
seja exclusiva dos integrantes do Poder Judiciária. 
Direito Processual Penal
22
Em seguida, estudamos os princípios da jurisdição criminal que são: 
indeclinabilidade, improrrogabilidade, indelegabilidade, unidade e juiz 
natural. Já no que diz respeito à competência, é a medida e o limite da 
jurisdição, nos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o direito objetivo 
ao caso concreto. Estudamos que a competência é distribuída, levando 
em consideração quatro aspectos diferentes: Ratione materiae, Ratione 
funcionae, Ratione loci e competência funcional, sendo a competência 
funcional, dividida em competência funcional por fase do processo, 
competência funcional por objeto do juízo e competência funcional por 
grau de jurisdição. Vimos a diferença da competência absoluta e da 
relativa, na qual a absoluta são as hipóteses de fixação de competência 
que não é admitida prorrogação e a relativa é a hipótese de fixação 
de competência que admite prorrogação; o prazo para arguição de 
incompetência é de 10 dias. 
Direito Processual Penal
23
Regras de Competência de Foro
OBJETIVO:
Neste capítulo estudaremos sobre as regras de 
competência de foro, indo da regra geral, até as regras 
específicas. Elencaremos os órgãos que têm competência 
especial e traremos conceitos novos do processo penal. 
Empolgados? Vamos lá! 
Estudamos no capítulo anterior sobre o que vem a ser a competência. 
Nesse estudaremos como são as regras para estabelecimento destas 
competências.
Para que se possa determinar o juízo que tem competência para 
processar e julgar uma determinada infração penal, devemos fazer uma 
série de perguntas:
1. Qual a Justiça competente para julgar?
2. O acusado tem prerrogativa de função?
3. Em que foro, a infração penal deve ser processada e julgada?
4. Qual o juízo competente para processar e julgar a infração penal?
5. Qual o juiz ou órgão internamente competente?
6. Qual órgão jurisdicional compete o julgamento de eventual recurso?
O art. 69 do Código de Processo Penal estabelece os seguintes 
critérios, de determinação da competência jurisdicional, no tocante ao 
processo penal comum:
1. O lugar da infração.
2. O domicílio ou residência do réu.
3. A natureza da infração.
4. A distribuição.
5. A conexão ou continência.
6. A prevenção.
7. A prerrogativa de função.
Direito Processual Penal
24
Como regra, é o lugar da infração o foro competente para 
ser julgada a causa, pois é o local onde a infração penal 
ocorreu, atingindo o resultado, perturbando a tranquilidade 
social e abalando a paz e o sossego da comunidade. 
Nos casos de crime tentado, deve-se verificar onde se 
deu o último ato executório, esse será o local do foro 
competente. (NUCCI, 2011, p. 254)
O processo penal brasileiro adotou a teoria do resultado que diz que 
é competente para apurar a infração penal, aplicando a medida cabível ao 
agente, o foro onde se deu a consumação do delito. Além da teoria do 
resultado, existe a teoria da atividade, que leva em consideração o lugar 
onde ocorreu a ação, desconsiderando o local do resultado e a teoria da 
ubiquidade, considerada de forma indiferente como lugar do crime tanto 
o da ação quanto o do resultado.
Após estudarmos a regra, vamos estudar as demais regras de 
competência.
Domicílio ou Residência do Réu como Foro 
Supletivo
Quando não tiver certeza do lugar onde houve a consumação da 
infração, utiliza-se a regra do domicílio ou residência do acusado.
Se o réu tiver mais de um domicílio, deve ser aplicada a regra da 
prevenção, que consiste de acordo com o art. 83 do CPP, em sempre 
que concorrendo dois ou mais juízes, igualmente competentes ou com 
jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de 
algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior 
ao oferecimento da denúncia ou da queixa. Consoante a isto, o art. 72, §1º 
do CPP estabelece que a existência de mais de uma residência indicará o 
uso da prevenção.
Estudamos mais sobre a prevenção em um ponto mais adiante.
Quando o acusado não tiver residência fixa, também será utilizada 
a regra da prevenção, de acordo com o §2º, do art. 72, que dispõe que 
se o réu não tiver residência certa ou não souberem seu paradeiro, será 
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Direito Processual Penal
25
NOTA:
Nos casos de ação penal privada, o querelante que elege o 
foro que preferir, de acordo com o art. 73 do CPP. 
A Matéria como Regra Específica de 
Competência
Existem hipóteses em que a lei leva em conta a razão da matéria 
para considerar o local de eleição do foro, deixando assim de lado o 
critério do lugar da infração e do domicílio do réu.
Nesta hipótese, deve-se observar a natureza da matéria, a fim de 
que seja eleito o juiz competente.
O art. 5º, XXXVIII, d, da Constituição Federal, traz uma destas 
hipóteses de crime que a competência é decorrente da matéria, que é o 
caso da competência privativa da vara do Júri, na qual lhe cabe julgar os 
delitos dolosos contra a vida, delitos que estão previstos no Capítulo I, do 
Título I, da Parte Especial do Código Penal, podemos citar o exemplo os 
tipos de homicídios, suicídio, aborto.
IMPORTANTE:
A vara do Júri não é responsável pelo julgamento de 
latrocínio, sendo este crime de responsabilidade do juiz 
singular. 
Direito Processual Penal
26
Existem duas hipóteses de desqualificação do Tribunal do Júri, de 
acordo com Nucci (2011):
1. Quando o juiz de vara privativa do júri verificar, por ocasião do 
julgamento da admissibilidade da acusação, que não se trata 
de crime doloso contra a vida, deverá alterar a classificação, 
deixando, desta forma, de ser competente para prosseguir no 
processamento do feito, enviando-o ao juiz singular.
2. Quando os jurados, no Tribunal do Júri, concluírem que a infração 
não é de sua competência, em vez do juiz remeter o feito ao 
juiz singular, ele mesmo julgar, até por questão de economia 
processual, levando em consideração que houve uma grande 
trajetória para que o feito atingisse a fase de decisão em plenário. 
Cabe, desta forma, ao magistrado presidente decidir o caso.
Outro caso em que deve ser observada a matéria é com relação à 
Justiça Militar. O art. 124 da Constituição Federal diz que compete à Justiça 
Militar processar e julgar os crimes militares, definidos em lei. O art. 125, 
em seu §5º diz que compete aos juízes de direito do juízo militar processar 
e julgar, de forma singular, os crimes militares cometidos contra civis e as 
ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho 
de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os 
demais crimes militares. Desta forma, qualquer militar deve ser julgado 
pela Polícia Militar. 
SAIBA MAIS:
Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o art. 9º do 
Código Penal Militar, clicando aqui.
É importante destacar o fato de um civil cometer algum 
crime, vinculado por conexão ou continência ao delito 
militar, deverá responder perante a Justiça Comum.
Direito Processual Penal
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1001.htm
27
Prerrogativa de Foro com Regra 
Específica de Competência 
Se toma a competência pela qualidade da pessoa que está em 
julgamento. Podemos citar, por exemplo, o prefeito de uma cidade do 
interior que deve ser julgado pelo Tribunal de Justiça da capital do Estado. 
Desta forma, de acordo com Nucci (2011), o foro privilegiado é uma 
maneira de dar especial relevo ao cargo ocupado pelo agente do delito e 
jamais pensando em estabelecer desigualdade entre os cidadãos.
Após estudarmos o que vem a ser prerrogativa de foro e de material, 
devemos apresentar a divisão judiciária, que são estabelecidas por normas 
constitucionais e infraconstitucionais com relação aos julgamentos, de 
acordo com Nucci (2011).
1. SupremoTribunal Federal é encarregado de julgar:
 • Nas infrações penais comuns – Presidente da República, Vice-
Presidente, membros do Congresso Nacional, seus próprios 
Ministros, Procurador-Geral da República e o Advoga-Geral da União.
 • Nas infrações penais comuns e crimes de responsabilidade em 
competência originária – Ministros de Estado (rol elencado no art. 
25, parágrafo único da Lei nº10683/2003), membros dos Tribunais 
Superiores, integrantes do Tribunal de Contas da União e os chefes 
de missão diplomática de caráter pertinente.
2. Superior Tribunal de Justiça é encarregado de julgar:
 • Nas infrações penais comuns – Governadores de Estados e do 
Distrito Federal.
 • Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade 
– Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do 
Distrito Federal, membros dos Tribunais de Contas dos Estados e 
do Distrito Federal, integrantes dos Tribunais Regionais Federais, 
dos Tribunais Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos 
ou Tribunais de Contas dos Municípios e do Ministério Público da 
União, oficiantes nestes tribunais.
Direito Processual Penal
28
3. Superior Tribunal Militar é encarregado de julgar nos crimes 
militares, os oficiais generais das Forças Armadas, assim como 
habeas corpus, mandado de segurança, entre outros.
4. Tribunais Regionais Federais são encarregados de julgar, nas 
infrações penais comuns e de responsabilidade, juízes federais da 
área da sua jurisdição, sendo incluídos os magistrados da Justiça 
Militar e da Justiça do Trabalho, assim como os membros do 
Ministério Público da União e Prefeitos.
5. Tribunais Regionais Eleitorais são encarregados de julgar, nas 
infrações eleitorais juízes e promotores eleitorais, Deputados 
estaduais e Prefeitos.
6. Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal são 
encarregados de julgar, nas infrações penais comuns e de 
responsabilidade, os juízes de direito e membros do Ministério 
Público.
7. Tribunal de Justiça Militar do Estado é encarregado de julgar, nos 
crimes militares, o Chefe da Casa Militar e o Comandante Geral da 
Polícia Militar.
8. Juízes Eleitorais são encarregados de julgar nos crimes eleitorais 
qualquer pessoa.
9. Justiça Comum de primeiro grau:
 • Juízes Federais – Crimes praticados em detrimento de bens, 
serviços e interesses da União, de suas entidades autárquicas ou 
empresas públicas; crimes políticos; crimes previstos em tratados 
ou convecção internacional, quando teve a execução iniciada 
no Brasil, consumando-se ou devendo consumar-se no exterior, 
ou vice-versa; crimes contra a organização do trabalho, quando 
envolver interesses coletivos dos trabalhadores; crimes contra o 
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, nos casos 
apontados por Lei; crimes cometidos a bordo de navios; crimes 
de ingresso, reingresso e permanência irregular de estrangeiros 
no Brasil; crimes cometidos contra comunidades indígenas; 
Direito Processual Penal
29
cumprimento de cartas rogatórias e sentenças estrangeiras, 
homologadas pelo Superior Tribunal de Justiça; causas relativas a 
direitos humanos.
 • Juízes estaduais – Têm competência residual, ou seja, todas as 
demais infrações não abrangidas pela Justiça Especial e pela 
Justiça Federal, que é especial em relação à Estadual.
10. Justiça Política, sendo composta pelos seguintes órgãos:
 • Senado Federal – Julga os crimes de responsabilidade do 
Presidente e Vice-Presidente da República, Ministros de Estado 
e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, dos 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, do Procurador-Geral da 
República, do Advogado-Geral da União e membros do Conselho 
Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público.
 • Tribunal Especial – Julgar, nos crimes de responsabilidade, o 
Governador, Vice-Governador e os Secretários de Estado, nos 
crimes da mesma natureza conexos com aqueles, bem como o 
Procurador-Geral de Justiça e o Procurador-Geral do Estado.
 • Câmara Municipal – Julgar, nos crimes de responsabilidade, os 
Prefeitos.
Direito Processual Penal
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A Distribuição como Alternativa à 
Competência Cumulativa Supletiva
Existindo na comarca mais de um juiz competente para julgar matéria 
criminal, não havendo distinção entre a natureza da infração, deve-se ter 
o critério de competência por distribuição, sendo determinado pela sorte 
o magistrado competente. 
Conexão e Continência como Regra de 
Alteração de Competência 
De acordo com Nucci (2011), a conexão e a continência, em regra, 
institutos que visam a alteração de competência e não sua fixação inicial. 
Mas o que vem a ser cada um destes institutos?
Nucci (2011) diz que conexão significa o liame existente entre 
infrações, cometidas em situações de tempo e lugar que as tornem 
indissociáveis. Assim ela é o nexo, a dependência que as coisas ou os 
fatos têm entre si. 
Nos termos do art. 76, I do CPP, a conexão ocorre se, houver duas 
ou mais infrações sendo praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas 
reunidas ou por várias em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou 
por várias pessoas, umas contra as outras.
Separar estas ações será dificultar os esclarecimentos, fazendo 
com que as provas sejam enfraquecidas e ocorra o risco de ter sentenças 
dissonantes e contraditórias.
Já a continência é quando um fato criminoso contém outros, 
tornando assim todos como uma unidade indivisível. O art. 77, do CPP diz 
que a continência será determinada, quando duas ou mais pessoas forem 
acusadas pela mesma infração, quando houver concurso de pessoas e 
quando houver concurso formal.
A continência é fundamental para que haja uma avaliação unificada 
dos fatos criminosos que são gerados por um ou mais autores.
Direito Processual Penal
31
As exceções à conexão e continência encontram-se no art. 79 do 
CPP: quando houver concurso entre a jurisdição comum e a militar e no 
concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
Estudaremos no próximo capítulo, detalhadamente, a conexão e a 
continência.
Prevenção como Critério Residual de 
Fixação de Competência
O critério da prevenção é aplicável, quando não se podem ser 
utilizados os outros critérios para estabelecimento da competência do 
juiz, pelo motivo de pela situação, gerada mais de um juiz possa conhecer 
o caso.
Assim, quando a infração se espalhar por mais de um local, não 
encontrando o domicílio do réu, inexistindo o critério da natureza do 
delito, e também, não puder o feito ser distribuído, tendo que vista que os 
magistrados estão em comarcas diferentes, e ainda, não estar presente 
nenhuma regra de conexão ou continência, deve-se ser usada a regra 
residual nos moldes do art. 83, na qual, quem primeiro conhecer do feito, 
é competente para julgá-lo. 
Nucci (2011) pontua a diferenciação do critério de prevenção sob 
duas óticas:
1. Se não souber onde se deu a consumação do delito, assim como 
quando não tiver ciência do local de domicílio ou residência do 
réu, a prevenção funciona como foro subsidiário.
2. Havendo incerteza entre os limites territoriais de duas ou mais 
comarcas, assim como não souber onde foi cometido exatamente 
o delito, e também, quando se tratar de infração continuada 
ou permanente, a prevenção serve como regra de fixação de 
competência.
Direito Processual Penal
32
Mas o que vem a ser infração continuada e infração permanente?
Prates (2006) aponta que infração continuada surge, quando 
dois ou mais ilícitos da mesma espécie são realizados de modo similar. 
Acentuando este o art. 71 do Código Penal diz que o crime continuado é 
quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, 
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser 
havidos como continuação do primeiro, aplicando a pena de somente um 
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave se foremdiversas, devendo ser 
aumentada em qualquer caso de um sexto a dois terços.
Já no que se refere à infração permanente, Prates (2006) diz que 
existe quando há um único ato ilícito cuja conduta perdura no tempo. 
Assim, o crime permanente é aquele que se consuma por meio de 
uma única conduta, embora o crime se prolongue, durante um tempo 
até quando queira o agente. Como exemplo que o delito permanente, 
podemos citar o sequestro. 
Em suma, Nucci (2011) aponta que os casos de aplicação da 
prevenção são:
 • Crimes ocorridos na divisa de duas ou mais jurisdições, sendo 
o limite entre elas incerto ou, ainda que seja certo, não se saiba 
precisamente o sítio do delito ou, também, quando a infração 
atingiu mais de uma jurisdição.
 • Crimes continuados ou permanentes, cuja sua execução se 
prolonga no tempo, podendo atingir o território de mais de uma 
jurisdição.
 • Quando o réu não tem domicílio certo ou tiver mais de uma 
residência ou mesmo, quando não for conhecido seu paradeiro, 
não tendo sido a competência firmada pelo lugar da infração.
 • Quando houver mais de um juiz competente, no concurso 
de jurisdição, sem possibilidade de aplicação de critérios 
desempatadores.
Direito Processual Penal
33
RESUMINDO:
Estudamos neste capítulo as regras de competência de 
foro, vimos que o art. 69 do CPP estabelece os critérios 
para determinação da competência jurisdicional: lugar 
da infração, domicílio ou residência do réu, natureza da 
infração, distribuição, conexão ou continência, prevenção e 
a prerrogativa de função. Vimos que a regra geral é o lugar 
da infração o foro competente para ser julgada a causa, 
pois é o local onde a infração penal ocorreu, atingindo o 
resultado, perturbando a tranquilidade social e abalando a 
paz e o sossego da comunidade. 
Em seguida, estudamos caso a caso, vendo que quando não tiver 
certeza do lugar onde houve a consumação da infração, utiliza-se a regra 
do domicílio ou residência do acusado, que existem hipóteses, em que a 
lei leva em conta a razão da matéria, para considerar o local de eleição 
do foro; outras em que a competência leva em consideração a qualidade 
da pessoa que está em julgamento, que há casos de distribuição de 
processo. Vimos ainda o que vem a ser conexão e continência e quando 
deve ser utilizada a regra de prevenção, quando não podem ser utilizados 
os outros critérios para estabelecimento da competência do juiz, pelo 
motivo da situação gerada, mais de um juiz pode conhecer o caso. 
Direito Processual Penal
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Conexão e Continência Processual
OBJETIVO:
Abordaremos neste capítulo, de forma mais abrangente, 
o que vem a ser conexão e continência e os seus tipos, 
fazendo as devidas distinções, mostrando o quanto estas 
hipóteses acarretam em maior celeridade para a justiça. 
Vimos no capítulo anterior, o que é conexão e continência. 
Todavia, é importante conhecer a fundo cada um destes 
institutos. É importante reforçar o conceito de cada uma..
Trazemos agora a definição de conexão, estabelecida por 
Lima (2019), que diz que pode ser compreendida como o nexo, a 
dependência recíproca que dois ou mais fatos delituosos guardam entre 
si, recomendando a união de todos eles em um mesmo processo penal, 
perante o mesmo órgão jurisdicional, com a finalidade de que este tenha 
uma perfeita visão do quadro probatório.
Por sua vez, no que diz respeito ao conceito de continência, 
Lima (2019) diz que ela se configura, quando uma demanda, em face 
de seus elementos, sendo eles as partes, o pedido e a causa de pedir, 
estiver contida em outra. Assim, ela é um vínculo jurídico entre duas ou 
mais pessoas, ou entre dois ou mais fatos delitivos, de forma análoga, 
continente e conteúdo, de tal modo que um fato delitivo contém as duas 
ou mais pessoas, ou uma conduta humana contém dois ou mais fatos 
delitivos, e sua consequência jurídica, com exceção de causa impeditiva, 
a reunião das duas ou mais pessoas, ou dos dois ou mais fatos delitivos, 
em um único processo penal perante o mesmo órgão jurisdicional.
Assim, após retomamos estes conceitos, podemos ver que a 
reunião destes processos acarreta em uma maior celeridade e economia 
processual, além de permitir que o órgão jurisdicional tenha uma melhor 
visão das provas, evitando decisões contraditórias.
Direito Processual Penal
35
EXEMPLO:
Uma comarca tem duas varas criminais “A” e “B”. O Ministério Público 
oferece uma denúncia perante a vara “B”, em face de um indivíduo ter 
praticado um saque contra um posto de gasolina. Posteriormente, devido 
a um inquérito policial diverso, sendo distribuído a vara “A”, o Promotor de 
Justiça oferece uma denúncia em face de outro acusado, pela prática de 
um crime patrimonial que foi cometido, no mesmo lugar, e na mesma hora 
que o delito, anteriormente citado. Assim, o correto é o Parquet requerer 
a remessa para à vara “B”, tendo em vista que já existe conexão com outro 
crime nos moldes do art. 76, I do Código de Processo Penal. 
Um importante ponto a ser levantado é que a conexão e a 
continência só podem ser aplicadas em caso de competência relativa, 
tendo em vista que a competência absoluta não pode ser modificada, 
sendo assim aplicável de forma subsidiária o art. 54 do Código de Processo 
Civil, que diz a competência relativa pode ser modificada pela conexão ou 
pela continência, devendo ser observado o disposto na seção.
EXEMPLO:
Tendo em vista que a Constituição Federal estabelece a 
competência da Justiça Eleitoral e da Justiça Militar, em razão da matéria, 
que são espécies de competência absoluta, havendo conexão entre 
crimes eleitorais e militares, não poderão os feitos serem reunidos em um 
único processo. 
Sintetizando, de acordo com Lima (2019), as regras de conexão são 
aplicáveis a causas que, em princípio, seriam examinadas em separado 
e que, sendo verificada a conexão entre os feitos, deve ser corrido aos 
critérios de modificação ou prorrogação das competências. Se forem 
incabíveis, as regras modificativas da competência, as atribuições 
jurisdicionais originárias devem ser mantidas, porquanto a competência 
absoluta não se modifica ou prorroga. Desta forma, somente é admissível 
que a conexão possa alterar competências de natureza relativa, tornando 
competente para o caso concreto juiz que não o seria sem ela.
O que acontece se não forem observadas às regras de conexão e 
continência? 
Direito Processual Penal
36
Não sendo observadas estas regras, só será causa de nulidade 
relativa, devendo ser arguida no momento oportuno sobre a pena de 
preclusão, devendo ser comprovado o prejuízo.
Conexão Material e Conexão Processual
É mister diferenciamos o que vem a ser conexão material e conexão 
processual, tendo em vista que a doutrina faz a diferenciação.
Tornaghi (1967) diz que a conexão é material, quando os próprios 
crimes são conexos, todavia é processual, quando não há nexo entre os 
delitos, mas a comprovação de uns termina refletindo na de outros. 
Desta forma, é chamada de conexão material, quando no caso 
concreto, tiver alguma consequência de ordem penal; nos demais casos 
será sempre processual.
Espécies de Conexão
Sabendo que a conexão reúne as ações penais em um mesmo 
processo, de forma a funcionar como causa de modificação relativa 
mediante a prorrogação de competência, ela é dividida em espécies:
 • Conexão intersubjetiva, que pode ser dividida em:
1. Intersubjetiva por simultaneidade.
2. Intersubjetiva por concurso.
3. Intersubjetiva por reciprocidade.
 • Conexão objetiva.
 • Conexão instrumental.
Vamos estudar em que consiste cada uma.
Direito Processual Penal
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Conexão Intersubjetiva
A conexão intersubjetiva é a que, obrigatoriamente, envolve várias 
pessoas e vários crimes. Assim, é importante frisar que, de acordo com o 
art. 77, I, do Código de Processo Penal, se várias pessoas praticarem um 
único delito, não haverá conexão, mas sim continência por cumulação 
subjetiva. Destaforma, Nucci (2011) aponta que se tratando de conexão 
intersubjetiva pouco importa, se as várias pessoas estão reunidas em 
coautoria ou se os delitos são praticados por reciprocidade.
Intersubjetiva por Simultaneidade
A hipótese de intersubjetividade por simultaneidade diz respeito 
a vários agentes, cometendo infrações diferentes, embora sendo estas 
praticadas ao mesmo tempo, no mesmo lugar. 
“A simultaneidade dos fatos e da atuação dos autores faz com que 
seja conveniente uma apuração conjunta, por um único juiz” (NUCCI, 2011, 
p. 288). 
Esta situação vem elencada no art. 76, I, no qual conta que será 
determinada a competência por conexão se, ocorrendo duas ou mais 
infrações, houverem sido praticadas ao mesmo tempo, por várias pessoas 
reunidas. 
Desta forma, essa situação serve para que haja uma melhor 
apuração probatória do ocorrido, pois evita que a mesma prova seja 
valorizada de forma diferente por outro magistrado.
EXEMPLO: 
Quando em jogos de futebol, os torcedores começam a depredar 
um estádio. 
Direito Processual Penal
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Intersubjetividade por Concurso
Consiste na situação em que vários agentes que, em tempo e lugar 
diferente, cometem infrações penais, apesar de umas serem destinadas, 
devido ao vínculo subjetivo que liga os autores, a seguir de suporte às 
seguintes.
Nucci (2011) pontua que é uma espécie de concurso de agentes 
dilatado no tempo, que envolve infrações diversas. O autêntico concurso 
de agentes, que está previsto no Código Penal, envolve o cometimento de 
um único delito por vários autores. Já neste caso que estamos estudando, 
cuida-se da hipótese de delinquentes cúmplices, que pretendem cometer 
crimes seguidos.
Esta hipótese encontra previsão, na segunda parte do art. 76, I, 
do CPP que comenta ocorrer conexão, quando duas ou mais infrações 
tiverem sido cometidas por várias pessoas em concurso, ainda que em 
tempo e local diversos.
EXEMPLO:
A cada dois meses, três indivíduos praticaram quatro crimes de 
roubo. Haverá, deste modo, conexão intersubjetiva por concurso entre 
os quatro crimes, praticados pelos agentes, nos quais devem todos 
responder por estes crimes em um único processo, respeitado a existência 
de causas impeditivas.
Intersubjetiva por Reciprocidade
Esta hipótese encontra-se descrita, na parte final do art. 76, I do 
CPP, que traz dizendo ser a situação em que agentes cometem crimes 
uns contra os outros, ou seja, quando duas ou mais infrações tiverem sido 
cometidas por diversas pessoas umas contra as outras. Tendo em vista 
estarem contidos no mesmo cenário, é oportuno que haja a reunião dos 
processos para um só julgamento.
EXEMPLO:
João desfere um tiro em Marcelo, com a finalidade de matá-
lo. Todavia, em contrapartida, Marcelo também desfere um tiro em 
Direito Processual Penal
39
João com a mesma intenção. Não pode nenhum dos dois falarem em 
legítima defesa, sendo ambos delinquentes, devendo a decisão do juiz 
ser proferida em conjunto, tendo em vista que as testemunhas e demais 
provas devem ser as mesmas. 
Conexão Objetiva
Também é conhecida como conexão consequencial, lógica ou 
teleológica. Encontra-se fundamentada no art. 76, II, do Código de 
Processo Penal, no qual explicita-se que há vários autores cometendo 
crimes para facilitar ou ocultar outros, bem como para garantir a 
impunidade ou a vantagem do que já foi feito.
Qual a diferença existente entre esta hipótese e a conexão 
intersubjetiva por concurso de pessoas?
A diferença consiste em que no, caso do concurso de pessoas, 
as infrações são previamente organizadas, devendo ser desenvolvidas 
em tempo e lugares diversos. Já caso da conexão objetiva, as infrações 
são ligadas por objetividade, ou seja, ou autores não eram cúmplices de 
maneira prévia, auxiliando-se em seguida.
EXEMPLO:
Marcos resolve roubar um banco, ao fazê-lo nota que uma 
testemunha o viu e relata o caso a seu irmão, Júlio. Júlio, por conta própria, 
para assegurar a impunidade do irmão vai e mata a testemunha. Desta 
forma, mesmo não tenha havido plano prévio entre Marcos e Júlio, as 
infrações têm ligação objetiva, porque o resultado de uma terminou por 
servir à garantia de impunidade da outra. 
Direito Processual Penal
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Conexão Instrumental 
Sendo também conhecida como conexão probatória ou processual. 
Está prevista taxativamente no art. 76, III, do CPP, diz respeito à autêntica 
forma de conexão processual, significando que todos os feitos somente 
deveriam ser reunidos, se a prova de uma infração servisse de algum 
modo, para a prova de outra, bem como se as circunstâncias elementares 
de uma terminassem, influindo para a prova de outra.
É importante observar que para que haja este tipo de conexão 
não existe exigência de relação de tempo e espaço entre os dois delitos, 
bastando que a prova de um crime tenha capacidade para influir na prova 
de outro delito.
EXEMPLO: 
Maria comete uma receptação, não sabendo quem é o autor do 
furto, mas ciente da origem ilícita do bem. Descobre-se que João, que foi o 
autor do furto. Deste modo, é conveniente que haja a união do julgamento 
de Maria e de João, pois a prova de um crime influenciará a do outro. 
Espécies de Continência 
Sabe-se que a continência é a hipótese de um fato criminoso 
conter outros, tornando todos indivisíveis. Assim como a conexão, ela tem 
espécie e de acordo com Lima (2019):
 • Continência por cumulação subjetiva.
 • Continência por cumulação objetiva.
Estudaremos cada uma delas.
Direito Processual Penal
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Continência por Cumulação Subjetiva
Encontra-se prevista no art. 77, I, do Código de Processo Penal, 
ocorrendo quando duas ou mais pessoas são acusadas pela mesma 
infração penal. Ocorre com o concurso de pessoas, no qual Nucci (2011) 
diz que justifica a junção de processos contra diferentes réus, contanto 
que eles tenham cometido crime em conluio, com unidade de propósitos, 
tornando único o fato a ser apurado, haja vista que são vários autores 
praticantes do mesmo fato delituoso.
Analisando este conceito, vemos a semelhança deste tipo de 
continência com a conexão por concurso de pessoas. Assim em que 
consiste a diferença de ambas?
A conexão por concurso de pessoas consiste em vários agentes, 
praticando vários fatos criminosos, o que torna esta conexão útil, tanto 
para a produção de provas quanto para a avaliação do juiz. Já no caso da 
continência, o fato é um só, cometido por vários agentes.
EXEMPLO:
Homicídio praticado por duas pessoas. 
Continência por Cumulação Objetiva
Hipótese prevista no art. 77, II, do Código de Processo Penal, 
ocorrendo nas hipóteses de concurso formal de crimes do art. 70 do 
Código Penal, que consiste na prática de uma única ação ou omissão pelo 
agente, provocada a realização de dois ou mais crimes; na hipótese de 
aberatio ictus ou erro na execução do art. 73, segunda parte, do CP, diz 
respeito à regra de aplicação do concurso formal quando o agente, por 
acidente ou erro ,no uso dos meios de execução, além de atingir a pessoa 
que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. Na hipótese de aberratio 
delicti ou resultado diverso do pretendido contido no art. 74, segunda 
parte, do CP, também prevê a aplicação do concurso formal, quando o 
agente, por erro na execução, atinge não somente o resultado desejado, 
mas também outro, além de sua expectativa inicial.
Direito Processual Penal
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Assim, Nucci (2011) aponta que em todos os casos, se está diante de 
concurso formal, razão pela qual na essência, o fato a ser apurado é um 
só, embora existam dois ou mais resultados. A conduta do agente é única, 
merecendo a apuração por um único magistrado, evitando qualquer tipo 
de erro judicial. 
EXEMPLO: 
Mário quer matar Eudes, mas na hora da execução do delito com 
um único tiro mata Eudes e Ellen. Desta forma, haverá um único processo 
para julgar Mário. 
De forma geral, podemos trazer com as palavras de Tornaghi (1967), 
a diferença entrecrime único, conexão e continência, que consiste em:
 • Crime único – havendo vários fatos, mas a prática de um só delito.
 • Conexão – havendo vários fatos, detectando-se o cometimento 
de inúmeros delitos, existindo entre eles elementos em comum.
 • Continência – havendo um fato único, porém com a prática de 
vários crimes.
Efeitos da Conexão e da Continência
Após analisarmos os conceitos e as espécies de conexão e 
continência, é importante mencionar seus efeitos jurídicos, de acordo 
com Lima (2019):
 • Processo e julgamento único – de acordo com o art. 79 do CPP, a 
conexão e a continência importarão em uma unidade de processo 
e julgamento, salvo no concurso entre a jurisdição militar e a 
comum, ou no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de 
menos.
 • Força atrativa – o juízo competente atrai para si o processo e 
julgamento único. Isto é caso de prorrogação de competência, 
tendo em vista que o juízo competente atrai para si competência 
que não o seria, caso levasse em consideração o lugar da infração, 
o domicílio do réu, a natureza da infração e a distribuição.
Direito Processual Penal
43
IMPORTANTE:
Se um dos processos já tiver sentença, não haverá de se 
falar mais em reunião de processos. 
Com relação à avocatória, o art. 82, do CPP, dispõe que se não 
obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos 
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os 
processos que corram perante outros juízes, salvo se já estiverem com 
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, 
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação penal. Esta soma ou 
unificação das penas é de competência do juiz da execução penal.
RESUMINDO:
Estudamos que conexão é o nexo, a dependência 
recíproca que dois ou mais fatos delituosos guardam entre 
si, recomendando a união de todos eles em um mesmo 
processo penal, perante o mesmo órgão jurisdicional, 
com a finalidade de que este tenha uma perfeita visão 
do quadro probatório. E continência se configura, quando 
uma demanda, em face de seus elementos, sendo eles 
as partes, o pedido e a causa de pedir, estiver contida em 
outra. 
Vimos que conexão é material, quando os próprios crimes são 
conexos e é processual, quando não há nexo entre os delitos, mas a 
comprovação de uns termina refletindo na de outros. Estudamos que 
as espécies de conexão são: intersubjetiva, que pode ser simultânea 
(diz respeito a vários agentes cometendo infrações diferentes, embora 
sendo estas infrações praticadas ao mesmo tempo, no mesmo lugar), 
por concurso (consiste na situação em que vários agentes que em tempo 
e lugar diferentes, cometem infrações penais, apesar de umas serem 
destinadas, devido ao vínculo subjetivo que liga os autores, a seguir de 
Direito Processual Penal
44
suporte às seguintes) e por reciprocidade (situação em que agentes 
cometem crimes uns contra os outros); conexão objetiva (demonstra 
que há vários autores cometendo crimes para facilitar ou ocultar outros, 
bem como para garantir a impunidade ou a vantagem do que já foi 
feito); conexão instrumental (diz respeito à autêntica forma de conexão 
processual, significando que todos os feitos somente deveriam ser 
reunidos, se a prova de uma infração servisse de algum modo, para a 
prova de outra, bem como se as circunstâncias elementares de uma 
terminassem influindo para a prova de outra). E vimos que as espécies de 
continência são por cumulação subjetiva (ocorrendo quando duas ou mais 
pessoas são acusadas pela mesma infração penal) e cumulação objetiva 
(ocorrendo nas hipóteses de concurso formal de crimes, na de aberatio 
ictus e de aberratio delicti). Por fim, estudamos os efeitos da conexão e da 
continência que são o processo, julgamento único e a força atrativa. 
Direito Processual Penal
45
Regras para Eleição de Foro Prevalente
OBJETIVO:
Devido ao estudo sobre conexão e continência e sua 
essencialidade para celeridade e economia processual, 
estudaremos neste capítulo como funcionam as regras 
para eleição de foro prevalente, quando da junção dos 
processos. Vamos lá! .
Como já estudamos, quando há conexão ou continência, haverá a 
junção dos processos, devido às razões já expostas. Desta forma, devemos 
estudar qual o foro que tem a atração, ou seja, qual que deve prevalecer 
sobre os demais, atraindo o julgamento dos fatos delituosos para si.
De acordo com Nucci (2011), isso é chamado de prorrogação de 
competência, na qual se torna competente o juízo que, originalmente, não 
seria, caso se levasse em conta o lugar da infração, o domicílio do réu, 
a natureza da infração e a distribuição. A prorrogação tem como efeito 
fazer com que o acusado esteja sujeito a um único juízo, com a finalidade 
de ser julgado por meio de uma única sentença, sem que haja qualquer 
alteração da natureza das infrações penais cometidas.
Competência Prevalente do Tribunal do 
Júri
É importante iniciar este ponto dizendo que o art. 78, I, do Código 
de Processo Penal, considera o Tribunal do Júri como órgão do Poder 
Judiciário, mencionando que na determinação da competência por 
conexão ou continência, havendo concurso entre a competência do júri e 
a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri.
Direito Processual Penal
46
EXEMPLO:
Se for cometido em conexão, um estupro e um homicídio, ambos 
serão julgados pelo Tribunal do Júri, pouco importa se os crimes tiverem 
sido cometidos na mesma comarca ou no mesmo Estado. 
Este dispositivo não está indo contra a Constituição Federal, pois 
está em seu art. 5º, XXXVIII, d, que diz ter o júri competência para julgar 
os crimes dolosos contra a vida. Desta forma, havendo continência ou 
conexão, é natural que o Tribunal do Júri atraia para si as outras infrações 
penais.
Descoberta da Conexão ou Continência, após a 
Prolação da Sentença de Pronúncia
Utilizando de forma análoga o art. 421, §1º do Código de Processo 
Penal, o juiz deve modificar a pronúncia, abrindo vista às partes para 
manifestação, devendo ser levado em conta a possibilidade de aditamento 
da denúncia pelo Ministério Público.
Assim, será oferecida nova pronúncia para ser acolhida, no mesmo 
contexto, as infrações conexas ou continentes. 
Conexão e Continência, Prerrogativa de Foro e 
Júri
De acordo com Nucci (2011), se houver conexão ou continência 
entre infrações penais, que envolva a prerrogativa de foro e o Tribunal 
do Júri, a cada agente deverá ser destinado o seu juízo competente. 
Desta forma, se um juiz e um cidadão comum matarem alguém, mesmo 
havendo continência, não se aplicará a regra do foro prevalente, ou seja, 
o do júri.
Desta forma, sabendo que o foro privilegiado e o Tribunal do Júri 
são assegurados pela Constituição Federal, é necessário que o feito seja 
desmembrado, ficando a conexão ou continência, em segundo plano.
Direito Processual Penal
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EXEMPLO: 
Adriano, juiz de Direito, e João, um civil, praticam um homicídio 
qualificado em concurso de pessoas. Neste caso, não haverá conexão 
entre os casos, no qual Adriano será julgado pelo Tribunal de Justiça e 
João, pelo Tribunal do Júri. 
Jurisdição de Mesma Categoria
Sabemos que jurisdição é a possibilidade que os membros do Poder 
Judiciário têm para aplicar o direito, ao caso concreto. Todavia, sabemos 
que a lei separa a jurisdição em categorias, sendo elas superior e inferior, 
comum e especial, estadual e federal, entre outras.
O art. 78, II, do Código de Processo Penal considera a jurisdição de 
mesma categoria aquela que une magistrados aptos a julgar o mesmo tipo 
de causa. Desta forma, os juízes de primeiro grau têm a mesma jurisdição, 
modificando a eleição de foro, apenas pelas regras de competência 
estudadas no capítulo dois.
Todavia, existem casos que pode ocorrer conflito real entre os 
magistrados.
EXEMPLO:
João furta um celular e comete o crime de receptação, sendo 
estes crimes, apurados em diversasdelegacias, distribuídos para vários 
juízes em uma mesma Comarca. Havendo entre estes crimes conexão 
instrumental, é viável que sejam julgados por um único juiz. 
Dessa forma, as regras para a escolha do foro prevalente são as seguintes:
a. Art. 78, II, a, do CPP – foro no qual foi cometida a infração mais 
grave – sabendo que o primeiro critério de escolha é o lugar da 
infração, sabe-se que é possível que existam dois crimes, sendo 
apurados em foros diferentes, tendo em vista que as infrações 
ocorreram em lugares diversos. Desta forma, deve eleger o foro 
pelo mais grave dos delitos. Podemos concluir que no exemplo 
mencionado, se for um furto qualificado e uma receptação 
simples, o foro deve ser o do local do furto.
Direito Processual Penal
48
b. Art. 78, II, b, do CPP – foro no qual foi cometido o maior número de 
infrações – neste caso, podemos supor que existem três crimes 
de, sendo apurados na Comarca de São Paulo, enquanto um furto 
esteja tramitando na Comarca de Santo André. Embora as penas 
de furto e de receptação sejam iguais, o julgamento dos quatro 
crimes deve ser realizado na Comarca de São Paulo que tem o 
maior número de infrações.
c. Art. 78, II, c, do CPP – foro residual, estabelecido pela prevenção – 
a prevenção tem como principal função solucionar os problemas 
de conflito de competência, em que as regras específicas são 
insuficientes. Assim, Nucci (2011) diz que havendo magistrados de 
igual jurisdição em confronto e não sendo possível escolher pela 
regra da gravidade do delito, nem pelo número de delitos, o juiz 
deve ser eleito pela prevenção, ou seja, por aquele que primeiro 
conhecer um dos processos, tornando-se ele competente para 
julgar ambos.
Jurisdição de Categoria Diversa
O art. 78, III, do CPP, traz a divisão legal entre jurisdição superior e 
inferior, sendo considerado jurisdição superior como o poder jurisdicional, 
reservado aos tribunais que tenham a competência de rever as decisões 
de outras cortes e, também, dos juízes monocráticos. Já no que se refere 
à jurisdição inferior são os tribunais que não podem rever as decisões, 
todavia, na justiça inferior há a divisão entre primeiro e segundo grau. Desta 
forma, é sabido que entre o concurso existente entre a jurisdição inferior e 
a superior, prevalecerá a superior.
EXEMPLO:
Se o Presidente da República, que deve ser julgado pelo Supremo 
Tribunal Federal, comete com crime com coautoria com João, civil, que 
não tem a mesma prerrogativa, devem ambos serem julgados pelo 
Supremo Tribunal, em virtude da continência. 
Nestes temos, a Súmula 704 do STF diz que não viola as garantias 
do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por 
continência ou conexão do processo do corréu ao foro, por prerrogativa 
de função de um dos denunciados.
Direito Processual Penal
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Conflito entre Jurisdição comum e 
Especial
Nucci (2011) conceitua comum como a jurisdição, estabelecida 
como regra para todos os casos que não contiverem regras especiais, em 
razão da matéria tratada. Já a especial, é a jurisdição que cuida de assuntos 
específicos, que foram preestabelecidos na Constituição Federal. Desta 
forma, como já mencionado, em matéria criminal, são especiais a Justiça 
Eleitoral e a Justiça Militar. 
De acordo com o art. 78, IV, do CPP, quando houver conflito entre 
a jurisdição comum e a especial, prevalecerá a força atrativa da especial.
Força Atrativa da Justiça Federal em Face da 
Justiça Estadual
É importante ser ressaltado que, embora a Justiça Federal seja 
considerada comum, em relação à Justiça Estadual, é considerada 
especial. Sendo elencado no art. 109 da Constituição Federal, os delitos 
que são de competência da Justiça Federal. 
Desta forma, se houver conflito entre crime federal e estadual, 
tendo conexão ou continência entre eles, fica sendo competência da 
Justiça Federal julgar os crimes.
IMPORTANTE:
Existe uma ressalva com relação a esta regra, é o caso das 
contravenções penais. A Súmula 38 do Superior Tribunal 
de Justiça diz que compete à Justiça Estadual Comum, 
na vigência da Constituição de 1988, o processo por 
contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de 
bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades. 
Direito Processual Penal
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Exceção à Regra da Junção dos Processos 
em Caso de Conexão e Continência
Jurisdição Comum e Jurisdição Militar
De acordo com o art. 79, I, do Código de Processo Penal, deverá haver 
a separação dos processos, quando estiverem envolvidos, ainda que no 
mesmo contexto, crime comum e crime militar, ou quando houver coautoria, 
entre militar e civil para a prática de um único delito, conforme o caso.
Todavia, Nucci (2011) apontam regras especiais que devem ser 
observadas: 
 • Civis podem ser julgados pela Justiça Militar Federal, quando 
cometerem crimes militares, previstos na Lei de Segurança 
Nacional ou no Código Penal Militar, desde que contra as 
instituições militares federais. Assim, nesta hipótese, tanto o civil 
quanto o militar seriam julgados, quando forem coautores, na 
esfera militar. Em contrapartida, se o civil praticar um crime comum 
e o militar, um delito de caráter militar, embora sejam conexos, 
deverão os processos serem separados. 
 • Os militares que cometerem crimes dolosos, contra a vida de civil, 
devem ser julgados pela Justiça Comum, de acordo com a Lei nº 
9299/96.
 • Se um militar, juntamente com um civil, cometer um delito comum, 
devem ser julgados pela Justiça Comum, tendo em vista que o 
fato não se encontra previsto no Código Penal Militar.
A competência da Justiça Militar é em razão do crime e não em 
razão da pessoa do militar, não se tratando de prerrogativa de função. 
 • Militar Estadual, autor de infração militar, deve ser jugado pela 
Justiça Militar, ainda que no Estado no qual a cometeu, que não é 
o seu, não exista Justiça Castrense. Desta forma, de acordo com a 
súmula 78, do Superior Tribunal de Justiça, é de competência da 
Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, 
ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade 
federativa.
Direito Processual Penal
51
Justiça Comum e Justiça da Infância e da Juventude
Nos termos do art. 228 da Constituição Federal, os menores 
de dezoito anos são penalmente inimputáveis, sujeitos às normas da 
legislação especial. 
Está legislação citada na Constituição Federal, é o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, que traz em seu art. 104 que são penalmente 
inimputáveis os menores de 18 anos.
A regra contida no art. 79, II, do CPP é exemplar com relação à 
conexão e continência, desta forma, nem o maior de dezoito anos poderá 
ser julgado pelo juízo da infância e da juventude, mesmo havendo conexão 
ou continência, nem o menor poderá ser julgado pela Justiça Comum.
Separação dos Processos Devido à Superveniência 
de Doença Mental
É importante observar que se um processo tem a possibilidade de 
ter conexão ou continência, para garantir que as decisões sejam uniformes, 
utilizando da mesma prova, esta possibilidade deve ser cedida, quando 
não houver mais conveniência na união dos fatos.
Isso ocorre no caso de um dos corréus vir a sofrer de doença mental, 
após a data do crime, implicando no caso, a suspensão do processo até 
que se recupere e possa acompanhar a instrução, de acordo com o art. 
152, do CPP. De acordo com Nucci (2011), a medida tem a finalidade de 
acautelar a ampla defesa e a possibilidade efetiva do contraditório. Desta 
forma, não é cabível que a decisão de suspensão do processo deva 
atingir a todos os demais acusados que, devido a conexão ou continência, 
estejam reunidos na mesma relação processual.
“Todavia, caso a enfermidade mental esteja presente à data do 
fato criminoso para um dos corréus, um único processo pode prosseguir 
contra todos, instaurando-se no que se refere ao doente, o incidente de 
insanidade mental” (NUCCI, 2019, p.303).
Direito Processual Penal
52
IMPORTANTE:Mesmo se a enfermidade estiver presente à data do fato 
criminoso, o juiz também poderá separar os processos, 
tendo em vista que o incidente que suspende a instrução, 
pode prejudicar a celeridade do processo. 
Impossibilidade de Julgamento de Réu Ausente
É importante, caso haja a unidade dos processos e um corréu estiver 
foragido, que seja observado, se a lei autoriza o prosseguimento do feito.
Existe a hipótese de o trâmite processual ser paralisado até a pessoa 
ser encontrada. É o caso da fase de citação, que nos termos do art. 366 
do CPP, é feita por edital e o réu não constituindo advogado que possa 
defendê-lo, é considerado ausente e o processo deve ser suspenso.
Assim, como o juiz deve proceder se houver coacusados?
Nos termos de Nucci (2011), o juiz deve separar o curso do feito, 
devendo dar prosseguimento, somente quanto a quem está ciente da 
ação penal. É importante notar que a ausência por si só não constitui 
causa de separação do processo, pois se o réu for citado pessoalmente, e 
não se apresente para interrogatório, nem contrate advogado, deverá ser 
nomeado um defensor público, que prosseguirá até o julgamento final, 
havendo ou não corréus. Deste modo, será desnecessária a separação.
Separação dos Processos em Razão da Recusa dos 
Jurados
O art. 469, §1º do Código de Processo Penal estabelece que a 
separação dos julgamentos somente deverá ocorrer, em razão das 
recusas, quando não for obtido o número mínimo de sete jurados, para 
compor o Conselho de Sentença.
Direito Processual Penal
53
Assim, se houver no Tribunal do Júri a possibilidade de existirem 
recusas peremptórias, que sejam dadas sem nenhuma motivação no 
procedimento de seleção de jurados que deverão compor o Conselho de 
Sentença; é necessário verificar se não haverá a necessidade de separar o 
processo devido à disparidade de recusas, capazes de provocar o que a 
doutrina chama de estouro de urna.
NOTA:
De acordo com Nucci (2011), o estouro de urna consiste na 
inexistência do número mínimo de sete para o Conselho de 
Sentença. 
Separação Facultativa de Processos
Sabemos que a conexão e a continência visam garantir a união dos 
processos, para que haja uma melhor apreciação da prova pelo juiz e uma 
maior celeridade e economia processual. Todavia, existem processos nos 
quais a junção é inconveniente, pois pode tornar a fase probatória mais 
difícil, ou as vezes, por conter muitos réus, entre outras razões que o caso 
concreto pode determinar.
Assim, existem de acordo com Lima (2019), três tipos de separação 
facultativa:
 • Separação facultativa em caso de tempo ou lugar diferenciado - o 
art. 80 do CPP diz que será facultativa a separação dos processos, 
quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstância de 
tempo ou lugar diferentes. 
Nucci (2011) diz que é inconveniente a separação devido a 
circunstâncias de tempo ou lugar a casos de continência, tendo em vista 
que estando presente a coautoria, torna-se imperioso o julgamento em 
conjunto. 
Direito Processual Penal
54
 • Separação facultativa em virtude do excessivo número de 
acusados – Constando na segunda parte do art. 80 do CPP, que 
mostra ser facultativa a separação dos processos, quando pelo 
excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a 
provisória. Esta hipótese é aplicável a todos os casos de conexão 
e continência, todavia, deve ser observada que consiste em um 
binômio, devendo ser analisado se existe um excessivo número de 
acusados e ainda se pela natureza dos prazos e das provas a serem 
produzidas, houver uma extensão da prisão provisória, decretada 
contra um ou contra vários. Assim, devem ser analisados os dois 
itens para que possa ocorrer essa separação.
 • Separação facultativa em face de motivo relevante – Por fim, o art. 
80 do CPP diz que será facultativa a separação dos processos, 
quando por outro motivo relevante o juiz reputar conveniente a 
separação. Deste modo, fica a critério do juiz a separação dos 
processos por qualquer motivo relevante, que é impossível 
ser previsto de forma prévia na lei, mas que pode causar mais 
conturbação do que ajudar na produção de provas.
RESUMINDO:
Estudamos neste capítulo que a prorrogação tem como 
efeito fazer com que o acusado esteja sujeito a um único 
juízo, com a finalidade de ser julgado por meio de uma única 
sentença, sem que haja qualquer alteração da natureza das 
infrações penais cometidas. Vimos que havendo concurso 
entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição 
comum, prevalecerá a competência do júri. Todavia, se 
houver conexão ou continência entre infrações penais que 
envolva a prerrogativa de foro e o Tribunal do Júri, a cada 
agente deverá ser destinado o seu juízo competente. 
Direito Processual Penal
55
No que diz respeito à jurisdição de mesma categoria, vimos que 
as regras para escolha do foro prevalente são: foro no qual foi cometida 
a infração mais grave; foro no qual foi cometido o maior número de 
infrações e foro estabelecido pela prevenção. No que diz respeito à 
jurisdição de categoria diversa, vimos que no concurso existente entre 
a jurisdição inferior e a superior, prevalecerá a superior. Na jurisdição 
comum e especial, prevalecerá a força atrativa da especial. Já entre a 
jurisdição comum e a militar, elencamos as regras especiais que devem 
ser observadas. Vimos que o menor de 18 deve ser julgado pelo juízo 
da infância e da juventude, não podendo haver conexão ou continência 
nos seus processos e, quando houver réu ausente, o processo deve ser 
suspenso. Por fim, vimos os casos de separação facultativa: em caso 
de tempo ou lugar diferenciado, em virtude do excessivo número de 
acusados e em face de motivo relevante. 
Direito Processual Penal
56
REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)] Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República [1988]. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. 
Acesso em: 13 abr. 2020.
BRASIL. Decreto nº678 de 6 de novembro de 1992. Diário Oficial 
da União. Brasília, DF: Presidência da República, [1992]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm. Acesso em: 20 
abr. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei nº2848 de 7 de dezembro de 1940. Diário 
Oficial da União. Brasília, DF: Presidência da República, [1940]. Disponível 
em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.
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BRASIL. Decreto-Lei nº 1001 de 21 de outubro de 1969. Diário 
Oficial da União. Brasília, DF: Presidência da República, [1969]. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1002.htm. 
Acesso em: 13 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº 3689 de 3 de outubro de 1941. Diário Oficial da União. 
Brasília, DF: Presidência da República, [1941]. Disponível em:http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm Acesso em: 
13 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº 9099 de 26 de setembro de 1995. Diário Oficial da 
União. Brasília, DF: Presidência da República, [1995]. Disponível em:http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm Acesso em: 13 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº 11343 de 23 de agosto de 2006. Diário Oficial da 
União. Brasília, DF: Presidência da República, [2006]. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm 
Acesso em: 13 abr. 2020.
Brasil. Lei nº 13105 de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União. 
Brasília, DF: Presidência da República, [2015]. Disponível em:http://www.
Direito Processual Penal
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
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