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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ..................................................................... 5 2 A CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA (CDB) ..................... 9 2.1 O Preâmbulo da CDB ................................................................................... 10 2.2 Objetivos da CDB ......................................................................................... 12 2.3 Glossário da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) ...................... 13 2.4 O meio ambiente e a diversidade biológica .................................................. 15 2.5 Proteção da diversidade biológica na CDB .................................................. 16 2.6 Componentes da diversidade biológica e sua utilização sustentável ........... 19 2.7 Avaliação e minimização de impactos biológicos ......................................... 20 2.8 Recursos genéticos ...................................................................................... 21 2.9 A tecnologia na CDB .................................................................................... 22 2.10 Gestão e distribuição de benefícios da biotecnologia ................................... 24 2.11 Diversidade biológica X produção de medicamentos ................................... 25 3 CONVENÇÃO DE RAMSAR ........................................................................ 26 3.1 Preâmbulo da Convenção de RAMSAR ....................................................... 27 3.2 Glossário da Convenção de RAMSAR ......................................................... 28 3.3 Áreas protegidas de Zonas Úmidas de Importância Internacional ............... 28 3.4 Obrigações dos Estados Parte ..................................................................... 30 4 IMPLEMENTAÇÃO DA CONVENÇÃO DE RAMSAR ................................. 31 5 ATRIBUIÇÕES DO BUREAU ...................................................................... 32 6 CONVENÇÃO SOBRE COMÉRCIO INTERNACIONAL DAS ESPÉCIES DA FLORA E FAUNA SELVAGEM EM PERIGO DE EXTINÇÃO – CITES ................... 32 6.1 Abrangência da CITES ................................................................................. 33 6.2 Glossário da Convenção CITES ................................................................... 34 6.3 CITES X outras Convenções Internacionais e a Legislação Nacional .......... 35 6.4 Papel do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA no âmbito da CITES ............................................................... 37 6.5 Procedimentos necessários ao comércio internacional de espécies (espécies integrantes dos Anexos I, II e III da CITES) .............................................................. 39 6.6 Licenças e certificados CITES ...................................................................... 41 6.7 Não incidência das normas da CITES .......................................................... 42 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 44 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ANTUNES (2017) preleciona em relação a proteção internacional da diversidade biológica e meio ambiente que uma das principais características do chamado Direito Internacional do Meio Ambiente é a enorme proliferação de Tratados, Convenções e Protocolos internacionais, multilaterais e bilaterais voltados para a proteção ambiental. Traz ainda que outra característica definida no Direito Internacional do Meio Ambiente é a segmentação dos temas, o que se explica uma vez que os temas demasiadamente genéricos, se tornam de fácil resolução, ou seja, consenso geral, a exemplo da proteção da vida marinha, proteção da fauna silvestre etc. O Direito brasileiro por recepcionar diversos Tratados Internacionais de Direito Ambiental acaba por tornar relevante o estudo destes, para que se aplique de forma correta as normas dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Com o objetivo de conhecer esses tratados ANTUNES (2017) traz uma lista dos principais documentos internacionais assinados pelo Brasil. No quadro abaixo veremos apenas os Tratados que possuem relação direta com a proteção da diversidade biológica. Título Data Promulgação Decreto nº Data Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América 12/10/1940 58.054 23/3/1966 Convenção Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico 14/5/1966 65.026 20/8/1969 Convenção relativa às Zonas Úmidas de Importância Internacional, 2/2/1971 1.905 16/5/1996 6 particularmente como habitats das aves aquáticas Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e outros Materiais (London Convention) (LC-72) 29/12/1972 87.566 16/9/1982 Convenção para o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção 3/3/1973 76.623 17/11/1975 Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios, 1973 (Marpol) 2/11/1973 2.508 4/3/1998 Protocolo de 1978 Relativo à Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios, 1973 (Marpol PROT-78 ou Marpol 73/78) 17/2/1978 2.508 4/3/1998 Emenda ao artigo XI da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção 22/6/1979 133 24/5/1991 Protocolo de Emendas à Convenção Relativa às Zonas Úmidas de Importância Internacional, particularmente como habitats das Aves Aquáticas 3/12/1982 1.905 16/5/1996 Emenda ao artigo XXI da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens em Extinção 20/4/1983 92.446 7/3/1986 Protocolo Adicional à Convenção Internacional para Conservação do 10/7/1984 97.612 4/4/1989 7 Atum e Afins do Atlântico (CICAA) Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio 22/5/1985 99.280 6/6/1990 Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio 16/9/1987 99.280 6/6/1990 Convenção da Basileia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito 22/3/1989 875 19/7/1993 Ajuste ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio 20/6/1990 181 24/7/1991 Emenda ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio 29/6/1990 2.699 30/7/1998 Convenção Internacional para Prevenção, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo (OPRC- 90) 30/11/1990 2.870 10/12/1998 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima 9/5/1992 2.652 1º/7/1998 Acordo Constitutivo do Instituto Interamericano para Pesquisa em Mudanças Globais (Ata de Montevidéu)13/5/1992 2.544 13/4/1998 Convenção sobre Diversidade Biológica (Rio-92) 5/6/1992 2.519 16/3/1998 Acordo de Alcance Parcial de Cooperação e Intercâmbio de Bens Utilizados na Defesa e Proteção do Meio Ambiente 27/6/1992 652 15/9/1992 Emendas ao Protocolo de Montreal 25/11/1992 2.679 17/7/1998 8 sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio Convenção Internacional de Combate à Desertificação nos Países Afetados por Seca e/ou Desertificação, principalmente na África 15/10/1994 2.741 20/8/1998 Convenção Interamericana para a Proteção e Conservação das Tartarugas Marinhas 1º/12/1996 3.842 13/6/2001 Protocolo de Quioto à Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima 11/12/1997 5.445 12/5/2005 Emenda ao Anexo I e Adoção dos Anexos VIII e IX à Convenção de Basileia sobre o Controle do Movimento Transfronteiriço de Resíduos Perigosos e seu Depósito 27/2/1998 4.581 27/1/2003 Convenção de Roterdã sobre o Procedimento de Consentimento Prévio Informado para o Comércio Internacional de Certas Substâncias Químicas e Agrotóxicos Perigosos (PIC) 10/9/1998 5.360 31/1/2005 Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção sobre Diversidade Biológica 29/1/2000 5.705 16/2/2006 Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do Mercosul 22/6/2001 5.208 17/9/2004 Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes 22/5/2001 5.472 20/6/2005 Emendas ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, aprovadas em 17/9/1997 e 3/12/1999 5.280 22/11/2004 9 Montreal, em 17 de setembro de 1997, ao Término da Nona reunião das Partes, e, em Pequim, em 3 de dezembro de 1999, por Ocasião da Décima Primeira Reunião das Partes 2 A CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA (CDB) De todos os instrumentos legais gerados, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1992, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) é das mais importantes, de acordo com o entendimento de ANTUNES (2017). A CDB deu origem ao Protocolo,4 de Cartagena sobre Biossegurança, de 24 de maio de 2000, de forma que a CDB está em plena vigência no Brasil, pois foi promulgada pelo Decreto nº 2.159, de 16 de março de 1998, que promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro, em 5 de junho de 1992, após a sua aprovação pelo Congresso Nacional, mediante a expedição do Decreto Legislativo nº 2, de 3 de fevereiro de 1994. Para ANTUNES (2017) a incorporação da CDB ao direito interno brasileiro, obrigou o Estado brasileiro a implementar diversas medidas previstas na Convenção, levando o Brasil a cumprir diversas ações legais e institucionais que vêm sendo tomadas para a integral aplicação da CDB. Apesar de ter entrado em vigor no Brasil, o que se pode observar é que as normas contidas no CDB, são normas de fácil aplicação tanto no âmbito externo quanto no interno. (ANTUNES, 2017) ANTUNES (2017) explica que se trata de uma convenção que define medidas legislativas, técnicas e políticas a serem adotadas pelos Estados-Partes e que ao analisar a legislação ambiental brasileira pós-Rio 92, facilmente pode se constatar que o Brasil vem elaborando as normas definidas na CDB, nos limites de sua capacidade 10 técnica e econômica, está cumprindo fielmente as obrigações que assumiu perante a Comunidade Internacional. 2.1 O Preâmbulo da CDB Ao que se sabe o preâmbulo de um diploma legal, não possui força vinculante, uma vez que não é propriamente uma norma jurídica, sendo, uma introdução a uma norma jurídica, ou seja, uma declaração antecipatória do que virá mais à frente, de certo modo um resumo do compromisso político do qual resultou o documento legal. Não obstante, o preâmbulo define os termos em que as partes concordaram e, estabelecendo alguns critérios a serem observados quando for necessário dirimir alguma controvérsia. De todo mundo existem alguns pontos deveras importantes a serem analisados dentro do preâmbulo da CDB: I) A conservação da diversidade biológica é uma preocupação comum à humanidade; II) Os Estados têm direitos soberanos sobre os seus próprios recursos biológicos; III) Os Estados são responsáveis pela conservação de sua diversidade biológica e pela utilização sustentável de seus recursos biológicos; IV) É vital prever, prevenir e combater na origem as causas da sensível redução ou perda da diversidade biológica; V) Quando exista ameaça de sensível redução ou perda de diversidade biológica, a falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar medidas para evitar ou minimizar essa ameaça; VI) A exigência fundamental para a conservação da diversidade biológica é a conservação in situ dos ecossistemas e dos habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies no seu meio natural; 11 VII) Medidas ex situ, preferivelmente no país de origem, desempenham igualmente um importante papel; VIII) Reconhecendo a estreita e tradicional dependência de recursos biológicos de muitas comunidades locais e populações indígenas com estilos de vida tradicionais, e que é desejável repartir equitativamente os benefícios derivados da utilização do conhecimento tradicional, de inovações e de práticas relevantes à conservação da diversidade biológica e à utilização sustentável de seus componentes; IX) A importância e a necessidade de promover a cooperação internacional, regional e mundial entre os Estados e as organizações intergovernamentais e o setor não governamental para a conservação da diversidade biológica e a utilização sustentável de seus componentes; X) Cabe esperar que o aporte de recursos financeiros novos e adicionais e o acesso adequado às tecnologias pertinentes possam modificar sensivelmente a capacidade mundial de enfrentar a perda da diversidade biológica; XI) Que medidas especiais são necessárias para atender às necessidades dos países em desenvolvimento, inclusive o aporte de recursos financeiros novos e adicionais e o acesso adequado às tecnologias pertinentes; XII) Que o desenvolvimento econômico e social e a erradicação da pobreza são as prioridades primordiais e absolutas dos países em desenvolvimento; XIII) Que a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica são de importância absoluta para atender às necessidades de alimentação, de saúde e de outra natureza da crescente população mundial, para o que são essenciais o acesso e a repartição de recursos genéticos e tecnologia. 12 A CDB estabeleceu uma série de princípios que se desdobram na Convenção, em si, mediante as normas contidas nos diversos artigos, de forma que os princípios se referem aos temas a seguir: I) políticos; II) prevenção de danos; III) conservação; IV) utilização da diversidade biológica como instrumento de desenvolvimento econômico e social. Sendo a preservação da diversidade biológica uma matéria de preocupação de todos os integrantes da comunidade internacional, a qual faz com que a CDB vá se desenvolver sobre os termos dessa polaridade que, no entanto, não deve ser antagônica, mas complementar. ANTUNES (2017) elucida que todos os Estados são responsáveis pela conservação da diversidade biológica, que se deve fazer, principalmente, in situ, cabendo aos Estados ricos em biodiversidade tomar as medidas para mantê-la íntegra. De modo que aos Estados que não possuem em mesmo grau de qualidade ou quantidade, mas que, possuem recursos econômicos e tecnológicos, com o objetivo de auxiliar os primeiros a dela se utilizarem. Ainda a CDB reconhece que populações indígenas e comunidades locais colaboram ativamente na conservação da diversidade biológica e que, em função disso, tais comunidades devem merecer o devido reconhecimentointernacional, sendo recompensados não só pela conservação, mas, igualmente, em razão do conhecimento tradicional que detêm sobre os segredos existentes em seus habitats. (ANTUNES, 2017) 2.2 Objetivos da CDB O artigo 1º da CDB estabelece seus objetivos que são os seguintes: 13 I) conservação da diversidade biológica; II) a utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursos e tecnologias e mediante financiamento adequado. (BRASIL, 1994) Ao que se entende em relação aos objetivos da CDB, que ela visa estabelecer um fluxo contínuo de informações, tecnologia e recursos genéticos. É evidente, no entanto, que tal fluxo não se faz de forma linear, pois muitas são as dificuldades para que ele seja implementado. Aspiração de todos é a conservação da diversidade biológica, no entanto, sua conservação é sobretudo, uma questão de recursos financeiros, onde, a repartição justa e equitativa dos benefícios do acesso deve ser feita com a consideração das diferentes variáveis do processo, ou seja, a variável econômica dos investimentos, de sua escassez etc. A transferência adequada de tecnologia é outro ponto sensível, pois é totalmente onírico acreditar que ela possa ser feita de forma eficiente se não houver um sistema de patentes muito bem consolidado e implementado. 2.3 Glossário da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) A CDB estabeleceu um glossário específico, de importante iniciativa, pois a Convenção trata de diversos assuntos de natureza científica, ainda que seja uma norma jurídica, havia a necessidade de a tornas clara para que fosse aplicada. ANTUNES (2017) explica ainda que o glossário é uma relação de conceitos normativos, de modo que ainda que haja divergência científica sobre o seu significado, para o mundo jurídico isso é irrelevante. 14 No mundo jurídico o que importa são os conceitos estabelecidos pelo próprio Direito, desse modo para os propósitos da CDB, foram estabelecidos os seguintes conceitos: Área protegida: significa uma área definida geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação; Biotecnologia: significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica; Condições in situ: significa as condições em que recursos genéticos existem em ecossistemas e habitats naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características; Conservação ex situ: significa a conservação de componentes da diversidade biológica fora de seus habitats naturais; Conservação in situ significa: a conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características; Diversidade biológica: significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas; Ecossistema: significa um complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais e de micro-organismos e o seu meio inorgânico que interagem como uma unidade funcional; Espécie domesticada ou cultivada: significa espécie em cujo processo de evolução influiu o ser humano para atender suas necessidades; 15 Habitat: significa o lugar ou tipo de local onde um organismo ou população ocorre naturalmente; Material genético: significa todo material de origem vegetal, animal, microbiana ou outra que contenha unidades funcionais de hereditariedade; Organização regional de integração econômica: significa uma organização constituída de Estados soberanos de uma determinada região, a que os Estados-Membros transferiram competência em relação a assuntos regidos por esta Convenção, e que foi devidamente autorizada, conforme seus procedimentos internos, a assinar, ratificar, aceitar, aprovar a mesma e a ela aderir; País de origem de recursos genéticos” significa o país que possui esses recursos genéticos em condições in situ; País provedor de recursos genéticos: significa o país que provê recursos genéticos coletados de fontes in situ, incluindo populações de espécies domesticadas e silvestres, ou obtidas de fontes ex situ, que possam ou não ter sido originados nesse país; Recursos biológicos: compreende recursos genéticos, organismos ou partes destes, populações, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou valor para a humanidade; Recursos genéticos: significa material genético de valor real ou potencial; Tecnologia: inclui biotecnologia; Utilização sustentável: significa a utilização de componentes da diversidade biológica de modo e em ritmo tais que não levem, a longo prazo, à diminuição da diversidade biológica, mantendo assim seu potencial para atender às necessidades e aspirações das gerações presentes e futuras. (ANTUNES, 2017) 2.4 O meio ambiente e a diversidade biológica Em relação a diversidade biológica o artigo 3º da CDB estabelece a forma pela qual os Estados exercerão o direito soberano de explorar seus próprios recursos 16 naturais, o qual deve ser exercido em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de Direito Internacional. De acordo com ANTUNES (2017) a exploração deve ser realizada segundo as políticas ambientais adotadas por cada um dos Estados-Partes da CDB, onde, existe uma soberania solidária e responsável em relação aos demais países da comunidade internacional, na medida em que os Estados têm a obrigação de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou controle não causem dano ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da sua jurisdição nacional. Estabelece-se, portanto, um princípio de solidariedade e responsabilidade entre as nações uma vez que a conservação é uma preocupação comum da humanidade e, portanto, dos Estados. De forma que o reconhecimento de que os Estados têm direitos soberanos sobre os seus próprios recursos biológicos afasta a ideia de que a diversidade biológica existente em cada um dos Estados é um patrimônio comum da Humanidade. 2.5 Proteção da diversidade biológica na CDB Diante de seu objetivo de proteger a diversidade biológica, a CDB determina que os Estados-Partes desenvolvam uma série de medidas com vistas à preservação da diversidade biológica, medidas estas que devem ser adotadas dentro das limitações econômicas, financeiras e institucionais de cada um dos Estados-Partes, que serão: Desenvolver estratégias, planos ou programas para a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica ou adaptar para esse fim estratégias, planos ou programas existentes que devem refletir, entre outros aspectos, as medidas estabelecidas nessa Convenção concernentes à Parte interessada; Integrar, na medida do possível e conforme o caso, a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica em planos, programas e políticas setoriais ou intersetoriais pertinentes. (BRASIL, 1994) 17 Existem também algumas medidas de monitoramento e identificação, conforme se lê a seguir: Identificar componentes da diversidade biológica importantes para sua conservação e sua utilização sustentável, levandoem conta a lista indicativa de categorias constante no Anexo I da CDB; Monitorar, por meio de levantamento de amostras e outras técnicas, Os componentes da diversidade biológica identificados em conformidade com a letra (i) acima, prestando especial atenção aos que requeiram urgentemente medidas de conservação e aos que ofereçam o maior potencial de utilização sustentável; Identificar processos e categorias de atividades que tenham ou possam ter sensíveis efeitos negativos na conservação e na utilização sustentável da diversidade biológica e monitorar seus efeitos por meio de levantamento de amostras e outras técnicas; manter e organizar, por qualquer sistema, dados derivados de atividades de identificação e monitoramento em conformidade com as alíneas (I), (II) E (III) anteriores. (ANTUNES, 2017) Em relação à conservação in situ, na medida do possível e conforme o caso, deve ser providenciado o seguinte: Estabelecer um sistema de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem ser tomadas para conservar a diversidade biológica; Desenvolver, se necessário, diretrizes para a seleção, estabelecimento e administração de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem ser tomadas para conservar a diversidade biológica; Regulamentar ou administrar recursos biológicos importantes para a conservação da diversidade biológica, dentro ou fora de áreas protegidas, a fim de assegurar sua conservação e utilização sustentável; Promover a proteção de ecossistemas, habitats naturais e manutenção de populações viáveis de espécies em seu meio natural; Promover o desenvolvimento sustentável e ambientalmente sadio em áreas adjacentes às protegidas, a fim de reforçar a proteção dessas áreas; 18 Recuperar e restaurar ecossistemas degradados e promover a recuperação de espécies ameaçadas, mediante, dentre outros meios, a elaboração e implementação de planos e outras estratégias de gestão; Estabelecer ou manter meios para regulamentar, administrar ou controlar os riscos associados à utilização e liberação de organismos vivos modificados resultantes da biotecnologia que provavelmente provoquem impacto ambiental negativo que possa afetar a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana; Impedir que se introduzam, controlar ou erradicar espécies exóticas que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies; Procurar proporcionar as condições necessárias para compatibilizar as utilizações atuais com a conservação da diversidade biológica e a utilização sustentável de seus componentes; Em conformidade com sua legislação nacional, respeitar, preservar e manter o conhecimento, inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas com estilo de vida tradicionais relevantes à conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica e incentivar sua mais ampla aplicação com a aprovação e a participação desse conhecimento, inovações e práticas; e encorajar a repartição equitativa dos benefícios oriundos da utilização desse conhecimento, inovações e práticas; Elaborar ou manter em vigor a legislação necessária e/ou outras disposições regulamentares para a proteção de espécies e populações ameaçadas; Quando se verifique um sensível efeito negativo à diversidade biológica, em conformidade com o artigo 7º, regulamentar ou administrar os processos e as categorias de atividades em causa; Cooperar com o aporte de apoio financeiro e de outra natureza para a conservação in situ a que se referem as alíneas (I) a (XII), particularmente aos países em desenvolvimento. (ANTUNES, 2017) 19 Já em relação à conservação ex situ, na medida do possível e conforme o caso, e principalmente a fim de complementar medidas de conservação in situ: I) adotar medidas para a conservação ex situ de componentes da diversidade biológica, de preferência no país de origem desses componentes; II) estabelecer e manter instalações para a conservação ex situ e pesquisa de vegetais, animais e micro-organismos, de preferência no país de origem dos recursos genéticos; III) adotar medidas para a recuperação e regeneração de espécies ameaçadas e para sua reintrodução em seu habitat natural em condições adequadas; IV) regulamentar e administrar a coleta de recursos biológicos de habitats naturais com a finalidade de conservação ex situ, de maneira a não ameaçar ecossistemas e populações in situ de espécies, exceto quando forem necessárias medidas temporárias especiais ex situ de acordo com a alínea (III); V) cooperar com o aporte de apoio financeiro e de outra natureza para a conservação ex situ a que se referem as alíneas (I) a (IV) e com o estabelecimento e a manutenção de instalações de conservação ex situ em países em desenvolvimento. (BRASIL, 2019) 2.6 Componentes da diversidade biológica e sua utilização sustentável A CDB estabelece ainda que as Partes Contratantes, na medida do possível e conforme o caso, devem: I) incorporar o exame da conservação e utilização sustentável de recursos biológicos no processo decisório nacional; II) adotar medidas relacionadas à utilização de recursos biológicos para evitar ou minimizar impactos negativos na diversidade biológica; 20 III) proteger e encorajar a utilização costumeira de recursos biológicos de acordo com práticas culturais tradicionais compatíveis com as exigências de conservação ou utilização sustentável; IV) apoiar populações locais na elaboração e aplicação de medidas corretivas em áreas degradadas onde a diversidade biológica tenha sido reduzida; V) estimular a cooperação entre suas autoridades governamentais e seu setor privado na elaboração de métodos de utilização sustentável de recursos biológicos. (BRASIL, 2019) 2.7 Avaliação e minimização de impactos biológicos ANTUNES (2017) explica que conforme determina a CDB as Partes Contratantes devem, na medida do possível: I) estabelecer procedimentos adequados que exijam a avaliação de impacto ambiental de seus projetos que possam ter sensíveis efeitos negativos na diversidade biológica, a fim de evitar ou minimizar tais efeitos e, conforme o caso, permitir a participação pública nesses procedimentos; II) tomar providências adequadas para assegurar que sejam devidamente levadas em conta as consequências ambientais de seus programas e políticas que possam ter sensíveis efeitos negativos na diversidade biológica; III) promover, com base em reciprocidade, notificação, intercâmbio de informação e consulta sobre atividades sob sua jurisdição ou controle que possam ter sensíveis efeitos negativos na diversidade biológica de outros Estados ou áreas além dos limites da jurisdição nacional, estimulando-se a adoção de acordos bilaterais, regionais ou multilaterais, conforme o caso; 21 IV) notificar, imediatamente, no caso em que se originem sob sua jurisdição ou controle, perigo ou dano iminente ou grave à diversidade biológica em área sob jurisdição de outros Estados ou em áreas além dos limites da jurisdição nacional, os Estados que possam ser afetados por esse perigo ou dano, assim como tomar medidas para prevenir ou minimizar esse perigo ou dano; V) estimular providências nacionais sobre medidas de emergência para o caso de atividades ou acontecimentos de origem natural ou outra que representem perigo grave e iminente à diversidade biológica e promover a cooperação internacional para complementar tais esforços nacionais e, conforme o caso e em acordo com os Estados ou organizações regionais de integração econômica interessados, estabelecer planos conjuntos de contingência. (BRASIL, 1994) 2.8 Recursos genéticos Ainda a respeito dos recursos genéticos ANTUNES (2017) explica que eles pertencem ao domínio eminente de cada Estado, os quais não deve negaracesso aos demais, desde que obedecidas as leis de cada país detentor de mencionados recursos. De modo que devem ser observados os seguintes procedimentos: I) em reconhecimento dos direitos soberanos dos Estados sobre seus recursos naturais, a autoridade para determinar o acesso a recursos genéticos pertence aos governos nacionais e está sujeita à legislação nacional; II) cada Parte Contratante deve procurar criar condições para permitir o acesso a recursos genéticos para utilização ambientalmente saudável por outras Partes Contratantes e não impor restrições contrárias aos objetivos da CDB; 22 III) para os propósitos da CDB, os recursos genéticos providos por uma Parte Contratante, a que se referem os artigos 15, 16 e 19, são apenas aqueles providos por Partes Contratantes que sejam países de origem desses recursos ou por Partes que os tenham adquirido em conformidade com essa Convenção; IV) o acesso, quando concedido, deverá sê-lo de comum acordo e sujeito ao disposto no artigo 15; V) o acesso aos recursos genéticos sujeita-se ao consentimento prévio fundamentado da Parte Contratante provedora, salvo se for estipulado ou de outra forma determinado pela mencionada parte; VI) cada Parte Contratante deve procurar conceber e realizar pesquisas científicas baseadas em recursos genéticos providos por outras Partes Contratantes com sua plena participação e, na medida do possível, no território da parte provedora do acesso aos recursos genéticos; VII) cada Parte Contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso e em conformidade com os artigos 16 e 19 e, quando necessário, mediante o mecanismo financeiro estabelecido pelos artigos 20 e 21, para compartilhar de forma justa e equitativa os resultados da pesquisa e do desenvolvimento de recursos genéticos e os benefícios derivados de sua utilização comercial e de outra natureza com a Parte Contratante provedora desses recursos. Essa partilha deve ser feita de comum acordo. (ANTUNES, 2017) 2.9 A tecnologia na CDB Para ANTUNES (2017) o acesso à tecnologia é um dos temas mais complexos da CDB, uma vez que busca fazer com que o acesso aos recursos genéticos implique, de alguma forma, uma troca entre os mencionados recursos e o desenvolvimento tecnológico do país provedor, mediante um procedimento de acesso e transferência de tecnologia. 23 I) as Partes da CDB reconhecem que tecnologia inclui biotecnologia, e que tanto o acesso à tecnologia como a sua transferência entre Partes Contratantes são elementos essenciais para a realização dos objetivos da Convenção, por isso se comprometem, conforme o disposto no artigo 16, a permitir e/ou facilitar a outras Partes Contratantes acesso a tecnologias que sejam pertinentes à conservação e utilização sustentável da diversidade biológica ou que utilizem recursos genéticos e não causem dano sensível ao meio ambiente, assim como a transferência dessas tecnologias; I) o acesso à tecnologia e sua transferência a países em desenvolvimento, a que se refere o § 1º do artigo 16, devem ser permitidos e/ou facilitados em condições justas e as mais favoráveis, inclusive em condições de concessão e preferenciais quando de comum acordo, e, caso necessário, em conformidade com mecanismo financeiro estabelecido nos artigos 20 e 21 da CDB. No caso de tecnologia sujeita a patentes e outros direitos de propriedade intelectual, o acesso à tecnologia e sua transferência devem ser permitidos em condições que reconheçam e sejam compatíveis com a adequada e efetiva proteção dos direitos de propriedade intelectual. Mantendo-se compatibilidade com os §§ 3º, 4º e 5º do artigo 16; II) cada Parte Contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso, para que as demais Partes Contratantes, em particular as que são países em desenvolvimento, que proveem recursos genéticos, tenham garantido o acesso à tecnologia que utilize e sua transferência, de comum acordo, incluindo tecnologia protegida por patentes e outros direitos de propriedade intelectual, quando necessário, mediante as disposições dos artigos 20 e 21, de acordo com o Direito internacional e conforme os §§ 4º e 5º do artigo 16; III) cada Parte Contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso, para que o setor privado permita o acesso à tecnologia a que se refere o § 1º do artigo 16, seu 24 desenvolvimento conjunto e sua transferência em benefício das instituições governamentais e do setor privado de países em desenvolvimento, e a esse respeito deve observar as obrigações constantes dos §§ 1º, 2º e 3º do artigo 16; IV) as Partes Contratantes, reconhecendo que patentes e outros direitos de propriedade intelectual podem influir na implementação da CDB, devem cooperar a esse respeito em conformidade com a legislação nacional e o direito internacional para garantir que esses direitos apoiem e não se oponham aos objetivos da Convenção. (BRASIL, 1998) 2.10 Gestão e distribuição de benefícios da biotecnologia À gestão da biotecnologia é considerado um dos aspectos mais complexos contidos na CDB, assim, as determinações contidas na CDB são as seguintes: I- cada Parte Contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso, para permitir a participação efetiva, em atividades de pesquisa biotecnológica, das Partes Contratantes, especialmente países em desenvolvimento, que proveem os recursos genéticos para essa pesquisa, e se possível nos países provedores de recursos genéticos; II- cada Parte Contratante deve adotar todas as medidas possíveis para promover e antecipar acesso prioritário, em base justa e equitativa das Partes Contratantes, especialmente países em desenvolvimento, aos resultados e benefícios derivados de biotecnologia baseada em recursos genéticos providos por essas Partes Contratantes. Esse acesso deve ser definido de comum acordo; III- as Partes devem examinar a necessidade e as modalidades de um protocolo que estabeleça procedimentos adequados, inclusive, em especial, a concordância prévia fundamentada, no que respeita à transferência, manipulação e utilização seguras de todo organismo vivo 25 modificado pela biotecnologia, que possa ter efeito negativo para a conservação e utilização sustentável da diversidade biológica; IV- cada Parte Contratante deve proporcionar, diretamente ou por solicitação, a qualquer pessoa física ou jurídica, sob sua jurisdição, provedora dos organismos a que se refere o § 3º, à Parte Contratante em que esses organismos devam ser introduzidos, todas as informações disponíveis sobre a utilização e as normas de segurança exigidas por essa Parte Contratante para a manipulação desses organismos, bem como todas as informações disponíveis sobre os potenciais efeitos negativos desses organismos específicos. (BRASIL, 1994) 2.11 Diversidade biológica X produção de medicamentos O ramo farmacêutico precisa pesquisar bem como utilizar da biodiversidade que existe em busca de medicamentos e produtos para as mais diversas necessidades humanas, talvez por esse motivo as relações entre a produção de produtos farmacêuticos e a preservação da diversidade biológica são intensas e profundas. De forma que a indústria farmacêutica é, seguramente, um dos ramos industriais mais fortemente interessados na conservação da diversidade biológica bem como na sua utilização de forma racional, ou seja, a preservar este bem que lhe serve de matéria-prima. A busca da indústria farmacêutica se encontra na possibilidade de se compatibilizar as pesquisas científicas com o conhecimento tradicional, com o objetivo de proporcionar avanços na produção de novos medicamentos eficientes e seguros. ANTUNES (2017) explica a respeito da indústria farmacêutica e anecessidade de proteger a diversidade biológica da seguinte forma: O volume de recursos necessários para a produção de um novo medicamento, seja do ponto de vista econômico, seja dos pontos de vista científicos e tecnológicos (a indústria farmacêutica é uma das mais fortemente conhecimento-intensivas), faz com que somente grandes empresas possam suportar os custos e os riscos de pesquisa que 26 se prolongam por mais de uma década, sem que haja qualquer segurança de que o produto delas resultantes será efetivo e seguro e terá aceitação no mercado. Cerca de 90% dos novos produtos farmacêuticos criados nos últimos 30 anos têm origem em dez países, alguns países em desenvolvimento têm buscado estabelecer uma indústria farmacêutica autóctone, mas, nesses mesmos 30 anos, eles foram responsáveis por apenas 20 novos medicamentos, ou seja, cerca de 1% da produção total. ANTUNES (2017) ainda traz que: Do ponto de vista prático, a patente de um medicamento tem a duração de cerca de seis anos, entre sua concessão e o término de sua validade, período no qual os investimentos devem ser recuperados, sob pena de o produto ser um fracasso comercial, ainda que possa ser um excelente produto nos aspectos medicinais. A manutenção dos mecanismos de proteção da propriedade intelectual, por intermédio das patentes, é extremamente importante para que os investimentos continuem a ser gerados e novos medicamentos produzidos. Qualquer pressão para que os mecanismos de proteção da propriedade intelectual referente aos medicamentos sejam enfraquecidos criará seguramente uma redução de investimentos privados em novos produtos. (ANTUNES, 2017) 3 CONVENÇÃO DE RAMSAR A convenção de RAMSAR é uma Convenção internacional que antecede à própria Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) CNUMAD, foi A convenção de RAMSAR, foi realizada em 1971, os primeiros sete Estados que dela participaram foram: Austrália; Finlândia; Grécia; Irã; 27 Noruega; África do Sul e Suécia. O objetivo da Convenção de RAMSAR é o de estabelecer mecanismos de cooperação internacional entre os estados com a intenção de proteger áreas úmidas, bem como de aves aquáticas que possuam importância internacional, a Convenção de RAMSAR entrou em vigor no ano de 1975. A Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, especialmente como Habitat de Aves Aquáticas, concluída em RAMSAR, Irã, no dia 2 de fevereiro de 1971, foi ratificada pelo Congresso Nacional mediante o Decreto Legislativo nº 33, de 1992, tendo sido promulgada pelo Decreto nº 1.905, de 16 de maio de 1996, que: Promulga a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, especialmente como Habitat de Aves Aquáticas, conhecida como Convenção de RAMSAR, de 02 de fevereiro de 1971. (ANTUNES, 2017) 3.1 Preâmbulo da Convenção de RAMSAR A Convenção de RAMSAR possui um preâmbulo que se encontra firmado sobre a premissa da interdependência entre o Homem e o Meio Ambiente, de modo que considera a importância das funções ecológicas fundamentais das zonas úmidas enquanto reguladoras dos regimes de água e enquanto habitats de uma flora e fauna características, especialmente de aves aquáticas. (ANTUNES, 2017) A Convenção de RAMSAR considera que as zonas úmidas constituem um recurso de grande valor econômico, cultural, científico e recreativo, cuja perda seria irreparável, de forma que seu objetivo visa assegurar a interrupção do processo de degradação das áreas úmidas com importância internacional. A Convenção de RAMSAR reconhece ainda que as aves aquáticas, em suas migrações sazonais, atravessam fronteiras o que leva ao fator de que, devem ser consideradas como um recurso internacional. 28 A Convenção de RAMSAR, ainda expressa a confiança de que a conservação de zonas úmidas, da sua flora e da sua fauna, pode ser assegurada com políticas internacionais conjuntas de longo alcance, através de ação internacional coordenada. 3.2 Glossário da Convenção de RAMSAR Assim como toda Convenção internacional, a Convenção de RAMSAR define um glossário básico, de forma que a matéria tratada não deixe dúvidas ou gere conflitos de interpretação. I) Zonas Úmidas: são áreas de pântano, charco, turfa ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo áreas de água marítima com menos de seis metros de profundidade na maré baixa; II) Aves Aquáticas: são pássaros ecologicamente dependentes de zonas úmidas. 3.3 Áreas protegidas de Zonas Úmidas de Importância Internacional O que foi definido na Convenção de RAMSAR, foi que as Partes Contratantes deveriam indicar as zonas úmidas existentes em seus territórios, que deverão constar da Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional. Assim, contendo estas áreas os seus limites descritos pormenorizadamente e delimitados no mapa, áreas a serem incorporadas: áreas ribeirinhas ou trechos de litorais adjacentes às zonas úmidas e ilhas ou porções de água marítima que possuam mais de seis metros de profundidade na maré baixa e que estejam situadas dentro da área de zona úmida, principalmente onde estas tenham, ainda, importância como habitat de aves aquáticas. As áreas a serem indicadas deveriam seguir critérios de escolha que se baseiem em sua importância internacional pelos seus aspectos ecológicos, botânicos, zoológicos, imunológicos ou hidrológicos. 29 Ainda de acordo com a Convenção de RAMSAR, o primeiro critério a ser utilizado quando da escolha de uma área para ser incluída como integrante da lista é o da importância ecológica em qualquer estação do ano. Podendo ainda Partes integrantes da Convenção adicionar à Lista outras zonas úmidas situadas no seu território, bem como aumentar os limites das que já estão incluídas na Lista, ou, por motivo de interesse nacional urgente, anular ou restringir os limites das zonas úmidas já incluídas na Lista. Devendo informar a realização de tais alterações, em curto prazo, ao organismo ou ao governo encarregado das funções de bureau permanente, conforme especificado no artigo 8º da Convenção. Como forma de mitigação. Segue um quadro com as áreas úmidas brasileiras que foram incluídas na Lista RAMSAR: Fonte: ANTUNES, p.1.066. 2017. 30 3.4 Obrigações dos Estados Parte I) elaborar e executar os seus planos de modo a promover a conservação das zonas úmidas incluídas na Lista e, na medida do possível, a exploração racional daquelas zonas úmidas do seu território; II) tomar as medidas necessárias para ser informada com a possível brevidade sobre as modificações das condições ecológicas de qualquer zona úmida situada no seu território e inscrita na Lista que se modificar ou esteja em vias de se modificar, devido ao desenvolvimento tecnológico, poluição ou outra intervenção humana. As informações dessas mudanças serão transmitidas sem demora à organização ou ao governo responsável pelas funções do bureau especificadas no artigo 8º; (BRASIL, 1992) III) promover a conservação de zonas úmidas e de aves aquáticas, estabelecendo reservas naturais nas zonas úmidas, quer estas estejam ou não inscritas na Lista, e providenciar a sua proteção apropriada; IV) em caso de anulação ou diminuição dos limites de uma zona úmida incluída na Lista, em função de interesse nacional urgente, a Parte Contratante providenciar a compensação, na medida do possível, da perda de recursos da zona úmida e em especial criar novas reservas naturais para as aves aquáticas e para a proteção dentro da mesma região ou em outra, de uma porção apropriada do habitat anterior; V) incentivar a pesquisa e o intercâmbio de dados e publicações relativas às zonas úmidas e à sua flora e fauna; VI) empreender esforços pela sua gestão para aumentar a população das avesaquáticas nas zonas úmidas apropriadas; VII) promover a formação do pessoal competente para estudo, gestão e proteção das zonas úmidas. (BRASIL, 1992) 31 4 IMPLEMENTAÇÃO DA CONVENÇÃO DE RAMSAR A Convenção de RAMSAR criou mecanismos de acompanhamento, baseado em consultas mútuas em relação a execução das obrigações contraídas na Convenção, em especial no caso de uma zona úmida estender-se sobre territórios de mais de uma Parte Contratante ou no caso em que a bacia hidrográfica seja compartilhada pelas Partes Contratantes. (BRASIL, 1992) De forma que as Partes se obrigam, mutuamente, a empreender esforços no sentido de coordenar e apoiar políticas e regulamentos atuais e futuros relativos à conservação de zonas úmidas e à sua flora e fauna. (BRASIL, 1992) Conforme o art. 8º, § 1º, cabe as partes convocar reuniões ordinárias da Conferência das Partes Contratantes em intervalos, mínimos, de três anos, podendo a Conferência, soberanamente, decidir em sentido contrário à periodicidade definida no artigo 6º, § 1º, podendo ainda as reuniões extraordinárias ser convocadas por requerimento escrito de, pelo menos, um terço das Partes Contratantes. Compete as partes as Partes Contratantes: I) examinar a execução da Convenção; II) examinar inclusões e mudanças na Lista; III) analisar a informação relativa às mudanças de caráter ecológico de zonas úmidas incluídas na Lista, fornecida em conformidade com o § 2º do artigo 3º; IV) formular recomendações, de ordem geral ou específica, às Partes Contratantes acerca de conservação, gestão e exploração racional de zonas úmidas, da sua flora e fauna; V) solicitar aos organismos internacionais competentes a elaboração de relatórios e estatísticas sobre assuntos de natureza especialmente internacional relativas às zonas úmidas; VI) adotar outras recomendações ou resoluções para promover o funcionamento da Convenção. (BRASIL, 1992) 32 5 ATRIBUIÇÕES DO BUREAU O artigo 8º, I, da Convenção de RAMSAR versa que a União Internacional para a Conservação da Natureza e Recursos Naturais (UICN) foi encarregada das funções de bureau permanente da Convenção, até que haja a nomeação de outra Organização ou governo pela maioria de dois terços de todas as Partes Contratantes. O bureau tem as seguintes atribuições, dentre outras: I) auxiliar na convocação e organização das conferências especificadas no artigo 6º; II) manter a Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional e receber das Partes Contratantes as informações sobre adições, extensões, supressões ou diminuições relativas às zonas úmidas inscritas na Lista, conforme preceitua o § 5º do artigo 2º; III) receber das Partes Contratantes as informações, conforme previsto no § 2º do artigo 3º, sobre todas as mudanças de natureza ecológica das zonas úmidas inscritas na Lista; IV) notificar todas as Partes Contratantes sobre qualquer alteração na Lista ou mudanças nas características das zonas úmidas inscritas e providenciar que estes assuntos sejam discutidos na conferência seguinte; V) dar conhecimento à Parte Contratante interessada das recomendações relativas a essas alterações na Lista ou das mudanças de características das zonas úmidas inscritas. (BRASIL, 1996) 6 CONVENÇÃO SOBRE COMÉRCIO INTERNACIONAL DAS ESPÉCIES DA FLORA E FAUNA SELVAGEM EM PERIGO DE EXTINÇÃO – CITES ANTUNES (2017) ensina que um dos elementos mais importantes em relação a perda da diversidade biológica é o tráfico internacional de espécies da flora e da fauna silvestre ameaçadas de extinção, de tão grande importância que a comunidade 33 internacional dedicou-lhe a “convenção sobre o comércio internacional das espécies da flora e fauna selvagem em perigo de extinção”, firmada aos 3 de março de 1973, aprovada pelo Brasil mediante o Decreto Legislativo nº 54, de 24 de junho de 1975, e promulgada pelo Decreto nº 76.623, de 17 de novembro de 1975. O quadro normativo da inserção da Cites no Direito interno brasileiro é complementado, ainda, pelas seguintes disposições legais: Decreto Legislativo 21, de 1985, que: “Aprova o texto da emenda à alínea a, do § 3º, do artigo XI, da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, de 3 de março de 1973, adotada pela Sessão Extraordinária da Conferência das Partes, realizada em Bonn, aos 22 de junho de 1979”; Decreto Legislativo nº 35, de 1985, que: “Aprova o texto da Emenda ao Artigo XXI da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens em Perigo de Extinção, de 1973, aprovado pela Conferência das Partes, em Reunião extraordinária realizada em Gaborone, em 20 de abril de 1983”; Decreto nº 92.446, de 7 de março de 1986, que: “Promulga a Emenda ao Artigo XXI da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora em Perigo de Extinção”; e Decreto nº 3.607, de 21 de setembro de 2000, que: “Dispõe sobre a implementação da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagem em Perigo de Extinção – Cites, e dá outras providências. ” (BRASIL, 2000) 6.1 Abrangência da CITES A Convenção CITES é seguida por três anexos que se destinam a definir as espécies que, de uma forma ou de outra, estão sob a sua tutela, sendo o conteúdo dos anexos o seguinte: 34 Anexo I: Todas as espécies ameaçadas de extinção que são ou possam ser afetadas pelo comércio. O comércio de qualquer espécime de tais espécies deve estar submetido à regulamentação “particularmente” rigorosa, com vistas a assegurar que elas não sejam mais ameaçadas em sua sobrevivência, e somente deve ser autorizado em situações excepcionais. Anexo II: todas as espécies que, embora atualmente não se encontrem necessariamente em perigo de extinção, possam vir a estar em tal condição, a menos que o comércio de espécimes de tais espécies esteja sujeito à regulamentação rigorosa, a fim de evitar exploração incompatível com sua sobrevivência; e a) outras espécies que devam ser objeto de regulamentação, a fim de permitir um controle eficaz do comércio dos espécimes de certas espécies a que se refere o subparágrafo a do presente parágrafo. Anexo III: Todas as espécies que qualquer das partes declare sujeitas, nos limites de sua competência, à regulamentação para impedir ou restringir sua exploração e que necessitam da cooperação das outras partes para o controle do comércio. (BRASIL, 1975) As partes integrantes da Cites somente podem permitir o comércio de espécimes de espécies incluídas nos Anexos I, II e III com a observância das disposições contidas na Convenção. 6.2 Glossário da Convenção CITES Assim como as demais Convenções possuem um glossário, a CITES também possui: O artigo I da CITES adota as seguintes definições: I) “espécie” significa toda espécie, subespécie ou uma população geograficamente isolada; II) “espécime” significa: a) qualquer animal ou planta, vivo ou morto; 35 b) no caso de um animal: para as espécies incluídas nos anexos I e II, qualquer parte ou derivado facilmente identificável; e para as espécies incluídas no anexo III qualquer parte ou derivado facilmente identificável que haja sido especificado no anexo III em relação à referida espécie; c) no caso de uma planta: para as espécies incluídas no anexo I, qualquer parte ou derivado, facilmente identificável; e, para as espécies incluídas nos anexos II e III, qualquer parte ou qualquer derivado facilmente identificável especificado nos referidos anexos em relação com a referida espécie; (BRASIL, 1975) III) “comércio” significa exportação, reexportação, importação e introdução procedente do mar; IV) “reexportação” significa a exportação de todo espécime que tenha sido previamente importado; V) “introdução procedente do mar” significa o transporte, para o interior de umEstado, de espécimes de espécies capturadas no meio marinho fora da jurisdição de qualquer Estado; VI) “autoridade científica” significa uma autoridade científica nacional designada de acordo com o artigo IX; VII) “autoridade administrativa” significa uma autoridade administrativa nacional designada de acordo com o artigo IX; VIII) “parte” significa um Estado para o qual a convenção tenha entrado em vigor. 6.3 CITES X outras Convenções Internacionais e a Legislação Nacional Os Estados parte possuem condição de parte signatária da Cites, mas isso não os impede o direito soberano da adoção de: 36 I) medidas internas mais rígidas com referência às condições de comércio, captura, posse ou transporte de espécimes de espécies incluídas nos anexos I, II e III, ou proibi-los inteiramente; ou II) medidas internas que restrinjam ou proíbam o comércio, a captura, a posse ou o transporte de espécies não incluídas nos anexos I, II ou III. De forma que as disposições da Cites não afetam as disposições de qualquer medida interna ou obrigações das partes derivadas de qualquer tratado, convenção ou acordo internacional referentes a outros aspectos do comércio, da captura, da posse ou do transporte de espécimes que estejam em vigor, ou que entrem em vigor posteriormente para qualquer das partes, incluídas as medidas relativas à alfândega, saúde pública ou quarentenas vegetais ou animais. Não afetam ainda, as disposições ou obrigações emanadas de qualquer tratado, convenção ou acordo internacional celebrados ou que venham a ser celebrados entre Estados e que criem uma união ou acordo comercial regional, que estabeleça ou mantenha um controle aduaneiro comum externo e elimine controles aduaneiros entre as partes respectivas, na medida em que se refiram ao comércio entre os Estados-Membros dessa união ou acordo. (ANTUNES, 2017) Um Estado-parte da presente convenção que seja também parte de outro tratado, convenção ou acordo internacional vigente, quando entrar em vigor a presente convenção e em virtude de cujas disposições se protejam as espécies marinhas incluídas no anexo II, ficará isento das obrigações que lhe impõem as disposições da presente convenção com referência aos espécimes de espécies incluídas no anexo II capturados tanto por barcos matriculados nesse Estado e de conformidade com as disposições desses tratados, convenções ou acordos internacionais. (BRASIL, 1975) Sem prejuízo das disposições dos artigos III, IV e V, para qualquer exportação de um espécime capturado de conformidade com o § 4º do presente artigo, somente será necessário um certificado de uma autoridade administrativa do Estado de introdução, assegurando que o espécime foi capturado de acordo com as disposições dos tratados, convenções ou acordos internacionais pertinentes. (BRASIL, 1975) 37 Nenhum dispositivo da presente convenção prejudicará a modificação e o desenvolvimento progressivo do direito do mar pela Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, convocada de acordo com a Resolução nº 2.750 C (XXV) da Assembleia Geral das Nações Unidas, nem as reivindicações e teses jurídicas presentes ou futuras de qualquer Estado no que se refere ao Direito do Mar e a natureza e extensão da jurisdição costeira e da bandeira do Estado. (BRASIL, 1975) No Brasil a implementação da Cites está regulamentada pelo Decreto nº 3.607, de 21 de setembro de 2000, que: “Dispõe sobre a implementação da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagem em Perigo de Extinção – Cites, e dá outras providências”. 6.4 Papel do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA no âmbito da CITES O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, conforme determinação contida nos artigos 4º e 5º do Decreto nº 3.607, de 21 de setembro de 2000, desempenha de forma simultânea o papel de autoridade administrativa e de autoridade científica, competindo-lhe o seguinte: I - Como autoridade administrativa: manter o registro do comércio de espécimes das espécies incluídas nos Anexos I, II e III da Cites, que deverá conter, no mínimo: a) nomes e endereços dos exportadores e importadores; b) número e natureza das Licenças e Certificados emitidos; c) países com os quais foi realizado o comércio; d) quantidade e tipos de espécimes; e) nomes das espécies incluídas nos Anexos I, II e III da Cites; e f) tamanho e sexo dos espécimes, quando for o caso; III) elaborar e remeter relatórios periódicos à Secretária da Cites, nos termos do artigo VIII da Convenção; IV) fiscalizar as condições de transporte, cuidado e embalagem dos espécimes vivos, objeto de comércio; 38 V) coordenar as demais autoridades que com ela atuam em conjunto na atribuição prevista no inciso anterior; VI) apreender os espécimes obtidos em infração à Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; espécimes vivos apreendidos nos termos do inciso IV do artigo 4º de Decreto nº 3.607, de 21 de setembro de 2000; VII) organizar e manter atualizado o registro dos infratores; propor emendas, inclusões e transferências aos Anexos I, II e III da Cites, conforme estabelecido nos artigos XV e XVI da Convenção; VIII) propor a capacitação do pessoal necessário para o cumprimento da Convenção e do Decreto nº 3.607, de 21 de setembro de 2000; IX) designar, em conjunto com a Secretaria da Receita Federal, o Departamento de Polícia Federal e o Ministério da Agricultura e Abastecimento, os portos habilitados para a entrada e saída de espécimes, sujeitos ao comércio internacional; e X) estabelecer as características das marcas que devem ser utilizadas nos espécimes, produtos e subprodutos, objeto do comércio internacional. (BRASIL, 2000) Ainda conforme determina o parágrafo único do artigo 4º, as Licenças ou Certificados Cites com efeito retroativo somente poderão ser emitidos nos casos em que: I- houver acordo entre a autoridade do país exportador e a autoridade do país importador em seguir esse procedimento; II- a irregularidade não seja atribuída a nenhuma das partes envolvidas na transação; e III- as espécies objeto da transação não estiverem incluídas no Anexo I da Convenção. Como autoridade científica: I- informar à Autoridade Administrativa as variações relevantes do status populacional das espécies, incluídas nos Anexos II e III da Cites, com o objetivo de propor a elaboração de planos de manejo; 39 II- cooperar na realização de programas de conservação e manejo das espécies autóctones incluídas nos Anexos II e III da Cites, com o comércio internacional significativo, estabelecido pelo Ibama; e III- assessorar a Autoridade Administrativa a respeito do destino provisório ou definitivo dos espécimes interditados, apreendidos ou confiscados. (BRASIL, 2000) 6.5 Procedimentos necessários ao comércio internacional de espécies (espécies integrantes dos Anexos I, II e III da CITES) Em relação aos Procedimentos necessários ao comércio internacional de espécies o Anexo I da Cites é integrado pelas espécies que são consideradas ameaçadas de extinção e, portanto, potencialmente afetadas pelo comércio, necessitando que a sua comercialização seja submetida a controle estrito das Autoridades Administrativas, o que se faz mediante a concessão de Licença ou Certificado. Assim para que se exporte qualquer espécime de uma espécie incluída no Anexo I da Cites somente se autorizada pela expedição e apresentação prévia de Licença de Exportação, que somente será concedida após o atendimento dos seguintes requisitos: I- emissão de parecer, pela Autoridade Científica, atestando que a exportação não prejudicará a sobrevivência da espécie; e II- verificação, pela Autoridade Administrativa, se o transporte não causará danos ao espécime, se foi concedida a Licença de Importação e seé legal sua aquisição. (BRASIL,2000) Licença essa que será concedida somente uma única vez, atendidos os seguintes requisitos: I- emissão de parecer, pela Autoridade Científica, atestando que a exportação não prejudicará a sobrevivência da espécie; 40 II- verificação, pela Autoridade Administrativa, se o transporte não causará danos ao espécime, se foi concedida a Licença de Importação e se é legal sua aquisição. (BRASIL, 2000) A Cites ainda determina que seja providenciado para que o espécime não seja utilizado para fins comerciais, devendo ainda ser assegurado que o importador, o exportador ou reexportador, conforme o caso, dispõem de instalações adequadas para a recepção do espécime vivo. Podendo ser praticadas a comercialização apenas caso não haja ameaça à sobrevivência da espécie, ainda, o Anexo II da Cites compõe-se de espécies que, embora não se encontrem em perigo de extinção, necessitam de cuidados especiais para que não atinjam tal condição. De forma que surge a necessidade de que o comércio de espécimes de tais espécies esteja sujeito à regulamentação rigorosa, podendo ser autorizada a sua comercialização, pela Autoridade Administrativa, somente mediante a concessão de Licença ou emissão de Certificado. (BRASIL, 2000) Tanto no caso de importação, como na exportação e a reexportação exigirão a emissão de licenças e certificados, os quais deverão atestar as condições sanitárias do receptor dos espécimes de espécies, com o objetivo de não causar prejuízo para as espécies da comercialização do espécime. Assim, a Autoridade Administrativa deverá certificar a legalidade da atividade e, também, que as condições de transporte não são prejudiciais ao espécime, podendo ainda estabelecer cotas tanto para importação como para exportação de espécimes de espécies contempladas no Anexo II da Cites. Ainda, determina o artigo 10 do Decreto, “as espécies incluídas no Anexo III da Cites por intermédio da declaração de qualquer país são aqueles cuja exploração necessita ser restrita ou impedida e que requer a cooperação no seu controle, podendo ser autorizada sua comercialização, mediante concessão de Licença ou Certificado, pela Autoridade Administrativa”. (BRASIL, 2000) 41 Sendo a espécie incluída no Anexo III, as transações comerciais internacionais somente poderão ser autorizadas mediante a concessão e apresentação prévia de licenças de importação, exportação e/ou reexportação, conforme o caso. 6.6 Licenças e certificados CITES O artigo 11 do Decreto, prevê que todas as licenças ou certificados CITES deverão conter, no mínimo, as seguintes informações: I) título da Convenção; II) nome e domicílio da Autoridade Administrativa que o emitiu; III) número de controle; IV) nomes, sobrenomes e domicílios do importador e do exportador; V) tipo da operação comercial (exportação, reexportação, importação ou introdução procedente do mar); VI) nome científico da espécie ou das espécies; VII) descrição do espécime ou dos espécimes em um dos três idiomas oficiais da Convenção; VIII) número de identificação das marcas dos espécimes, se as tiverem; IX) Anexo da Cites em que a espécie está incluída; X) propósito da transação; XI) data em que a Licença ou Certificado foi emitido e data em que expira; XII) nome e assinatura do emitente; XIII) selo de segurança da Autoridade Administrativa; e XIV) origem dos espécimes que a Licença ou Certificado ampara. (BRASIL, 2000) Quando se tratar de reexportação, os Certificados Cites deverão conter, além das informações exigidas no artigo 11, os seguintes dados: I- o país de origem; 42 II- o número de controle da Licença ou Certificado Cites emitido pelo país de origem e a data em que este foi emitido; e III- o país da última reexportação caso já tenha sido reexportado, e, nesse caso, o número do Certificado e a data em que foi expedido. (BRASIL, 2000) As Licenças e Certificados Cites são intransferíveis e não poderão ter período de validade superior a seis meses, de forma que a pessoa física ou jurídica que se dedique à comercialização, a qualquer título, ao transporte ou à compra e venda de espécimes importados, de espécies incluídas na Convenção e seus produtos e subprodutos, deverá possuir Certificado Cites original. ANTUNES (2017) ainda observa que somente serão aceitas cópias dos Certificados Cites quando estiverem registradas perante o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e nos casos de transferências parciais derivadas do Certificado Cites original. Quando se tratar de embargo de cada espécime, será requerida a Licença ou Certificado respectivo. 6.7 Não incidência das normas da CITES Dispõe ainda o Capítulo II do Decreto nº 3.607, de 21 de setembro de 2000, que não são aplicáveis nas hipóteses seguintes: I- trânsito ou transbordo de espécimes no território de país que seja signatário da Convenção, enquanto os espécimes permanecerem sob o controle aduaneiro; II- quando a Autoridade Administrativa do país de exportação ou de reexportação verificar que um espécime foi adquirido antes de a Convenção entrar em vigor; III- espécimes que sejam objetos pessoais ou de uso doméstico, exceto nos casos previstos no § 3º do artigo 7º da Convenção; 43 IV- empréstimo, doação ou intercâmbio sem fim comercial entre cientistas ou instituições científicas registradas junto às Autoridades Administrativas dos respectivos países; e V- espécimes que fazem parte de zoológico, circo, coleção zoológica ou botânica ambulantes, desde que sejam obedecidos os seguintes requisitos: a) o exportador ou importador registre todos os pormenores sobre os espécimes junto à Autoridade Administrativa; b) os espécimes estejam incluídos nos incisos II e IV do artigo 16 do Decreto nº 3.607, de 21 de setembro de 2000; e c) a Autoridade Administrativa verifique se o transporte não causará dano ao espécime. (BRASIL, 2000) 44 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 19. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2017. BRASIL, Projeto de Lei n.º 3.336, de 2019. Disponível em:< https://www.camara.leg.br/> Acesso em: ago, de 2021. BRASIL, DEC nº 2, de 03/02/1994, publicado em 04 de fevereiro de 1994. Disponível em: < https://www2.camara.leg.br/> Acesso em: ago de 2021. BRASIL, Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998. Disponível em: <https://www.google.com/search?> Acesso em: ago, de 2021. BRASIL, Decreto nº 1905, de 16 de maio de 1996. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil> Acesso em: ago, de 2021. BRASIL, Decreto legislativo nº 33, DE 1992. Disponível em: < https://www2.camara.leg.br/> Acesso em: ago de 2021. BRASIL, Decreto 3.607, de 21 de setembro de 2000. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil> Acesso em: ago de 2021. BRASIL, Decreto legislativo nº 54, de 1975. Disponível em: < http://extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/bra185503.pdf> Acesso em: ago de 2021. IBAMA. Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES). Disponível em: < http://www.ibama.gov.br/cites-e-comercio-exterior/cites> Acesso em: ago de 2021. https://www.camara.leg.br/ https://www2.camara.leg.br/ https://www.google.com/search? http://www.planalto.gov.br/ccivil https://www2.camara.leg.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil http://extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/bra185503.pdf http://www.ibama.gov.br/cites-e-comercio-exterior/cites
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