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REVISÃO P1 – HISTÓRIA DO DIREITO Profa. Milena Gondim GRÉCIA ANTIGA 1. Esparta a. Sociedade extremamente militarista b. Somente guerreiros (Espartíatas) possuíam direitos políticos (aqueles que possuíam boas condições, mas não eram guerreiros, os Periecos, não tinham direitos políticos) c. Havia escravos (Hilotas) d. Mulher: tinham mais liberdade que em outras Cidades-Estado, podendo receber herança e exercer atividade comercial (o que era vedado ao homem) e. Propriedade: havia uma vasta propriedade estatal, dividida em lotes para usufruto dos guerreiros (espartíatas), que não podiam ceder ou vender; já os periecos eram proprietários de suas terras, mas essas eram mais periféricas e geralmente menos prósperas; escravos – também tratados como bens, não como humanos, pertenciam ao Estado f. Política: conservadora – xenofobia (aversão a pessoas de outro lugar), xenelasia (impedimento de estadia de estrangeiros) e laconismo (fala-se somente o mínimo necessário). 2. Atenas a. Sociedade: eupátridas – monopolizavam o poder e as melhores terras, (após destituírem a monarquia constituíram uma Oligarquia); georgoi – menos favorecidos, agricultores, muitas vezes se tornavam desvalidos; b. Política: já no sob o domínio oligárquico, formaram-se dois partidos, Partido Popular – formado pelos novos ricos e pobre – e Partido Aristocrático – formado pelo governo oligárquico; c. Legislação: surgiram os legisladores, dentre eles Drácon, famoso por sua severidade (draconiano = muito severo, drástico, rigoroso); Sólon, que previu a eunomia (igualdade de todos perante a lei) e poder político conforme o poder econômico; d. Mulher: as filhas nunca tinham direito à herança; havendo apenas uma mulher como herdeira, a herança passaria para o parente masculino mais próximo; a mulher também não podia deixar testamento FILÓSOFOS GREGOS 3. Sócrates a. A política serviria para o bem da pólis b. Lei estáveis c. Normas universais verdadeiras d. Busca da verdade, que deve ser descoberta e. Deixou considerações esparsas sobre o problema da lei e da justiça, indentificando-os i. “Eu digo que o que é legal é justo” ii. “Quem obedece às leis do Estado obra justamente, quem as desobedece, injustamente” 4. Platão a. Aluno e discípulo de Sócrates b. Aperfeiçoou a maiêutica (método de produzir conhecimento por perguntas) de Sócrates, chamando-a de DIALÉTICA (método de produção do conhecimento pela contraposição, afirmações e negações) c. Sua filosofia tem orientação ética, no sentido de abandono de prazeres, riquezas e supérfluos para a prática das virtudes: o bem como valor em si mesmo d. Discute o problema da justiça em sua natureza política em A República e. Identificou que a organização em sociedade e em cidades decorre do fato de as pessoas não serem autossuficientes f. A harmonia de uma sociedade, então, depende de um Estado organizado racionalmente 5. Aristóteles a. Considerado o pai da filosofia do direito, pois lhe dedicou muito estudo b. Entendia existir um direito por natureza, dikaion phisikon, e um direito por definição legal, dikaion nomikon c. Para Aristóteles, o natural do ser humano é agir de forma correta d. A justiça seria complementada pelo conceito de EQUIDADE, que estabeleceria o que seria justo em cada caso, evitando que a lei fosse rígida ROMA ANTIGA X DIREITO 6. Divórcio: poderia ocorrer por acordo ou unilateralmente, sendo proibido apenas na época dos Imperadores cristãos 7. Distinção entre posse e propriedade a. Posse: a coisa está somente sob o poder da pessoa b. Propriedade: a pessoa tem o poder jurídico total sobre a coisa 8. Evolução do Direito nos períodos: i. Período Arcaico: família era o centro ii. Período Clássico (auge do desenvolvimento do Direito Romano): centralização do poder do Estado e maior poder de modificação das regras pelos operadores iii. Período Pós-Clássico: codificações JUSTINIANO 9. O imperador Justiniano I, que governou o Império Bizantino de 527 a 565 d.C., desempenhou um papel fundamental na preservação e sistematização do direito romano. Sua influência para o direito romano pode ser entendida da seguinte forma: a. Compilação e Codificação das Leis: A contribuição mais notável de Justiniano para o direito foi a compilação e codificação das leis romanas existentes. Sob sua orientação, juristas reuniram e organizaram as leis imperiais e precedentes legais em uma série de documentos, coletivamente conhecidos como o "Corpus Iuris Civilis" (Corpo do Direito Civil). Isso incluía o Código de Justiniano, que consolidava as leis imperiais em uma estrutura clara. b. Preservação do Direito Romano: A compilação do Corpus Iuris Civilis ajudou a preservar o conhecimento do direito romano para as gerações futuras. O Código de Justiniano, em particular, ofereceu uma referência valiosa para a aplicação das leis em diversas áreas. c. Influência na Europa Medieval: O Corpus Iuris Civilis teve um impacto duradouro nas regiões que mais tarde se tornariam parte da Europa Ocidental. O Código de Justiniano, por exemplo, influenciou a evolução do direito civil europeu e contribuiu para o desenvolvimento de sistemas legais em toda a Europa. d. Legado de Continuidade: A compilação de Justiniano também enfatizou a continuidade das tradições romanas e a centralidade do direito como um aspecto fundamental da administração e governança. 10. A influência de Justiniano para o direito romano foi profunda e duradoura. Sua dedicação à compilação e organização das leis romanas contribuiu significativamente para a preservação e disseminação dos princípios legais romanos, exercendo uma influência que ecoou ao longo do tempo e do espaço. 11. Importância de Justiniano para o direito romano. a. As reformas legais de Justiniano moldaram o desenvolvimento do direito não apenas na época, mas também nos séculos seguintes. b. Codificação e Organização: Justiniano empreendeu um esforço monumental para compilar e organizar as leis romanas existentes em uma coleção coesa, conhecida como o Corpus Iuris Civilis. Isso ajudou a preservar e disseminar o conhecimento jurídico romano. c. Influência Continuada: A codificação de Justiniano teve um impacto profundo no direito europeu. O Código de Justiniano, por exemplo, influenciou a evolução do direito civil em muitas partes da Europa e serviu como base para sistemas legais posteriores. d. Padrão para Legislação: O trabalho de Justiniano estabeleceu um padrão para a compilação e organização de leis, que influenciou a forma como governos e juristas abordaram a legislação e a sistematização do direito. e. Legado de Continuidade: A iniciativa de Justiniano de preservar e consolidar o direito romano também enfatizou a continuidade das tradições jurídicas romanas, mesmo quando o Império Romano estava em declínio. 12. O Corpus Iuris Civilis a. O que é o Corpus Iuris Civilis e sua importância. i. Traduzido como "Corpo do Direito Civil", é uma compilação monumental de leis e textos legais que foi elaborada durante o reinado do imperador bizantino Justiniano I, no século VI d.C. ii. Foi uma iniciativa ambiciosa para reunir, organizar e preservar o conhecimento do direito romano existente na época. b. Estrutura e conteúdo das partes do Corpus Iuris Civilis (compilação composta por partes inter-relacionadas): i. Código de Justiniano: coleção organizada das leis imperiais em vigor na época; serviu como uma referência clara e acessível para o direito romano existente, destinado a orientar juízes e cidadãos em questões legais; ii. Digesto (romano) ou Pandectas (grego): compêndio que reúne citações e resumos das obras de juristas romanos clássicos; abrangia uma ampla gama de tópicos jurídicos e fornecia uma visão ampla das opiniões e interpretações de juristas anteriores; iii. Institutas: manual introdutório ao direito romano, destinado a estudantes de direito; abordavam conceitos legais fundamentais,termos e princípios, servindo como uma introdução prática ao estudo do direito; iv. Novelas: atualizações e adições às leis existentes feitas por Justiniano após a conclusão das outras partes do Corpus Iuris Civilis; representavam alterações legislativas e acréscimos à legislação existente. IDADE MÉDIA – CONTEXTO GERAL 13. Características gerais da Idade Média, que moldaram o contexto no qual o direito foi desenvolvido e aplicado (durante esse período, as tradições legais evoluíram de maneira localizada e muitas vezes refletiram as estruturas sociais e religiosas predominantes da época): a. Feudalismo e Sociedade Hierárquica: Uma característica marcante da Idade Média foi o sistema feudal, em que a sociedade estava estruturada em uma hierarquia de classes sociais. No topo estavam os senhores feudais, seguidos pelos vassalos, clérigos e camponeses. As terras eram o centro da economia, política e poder, com uma rede de obrigações mútuas entre os diferentes estratos sociais. b. Economia Agrária e Autossuficiência: A economia medieval era amplamente agrícola. A maioria das pessoas vivia nas áreas rurais, onde praticavam a agricultura e a criação de gado para sua subsistência. A autossuficiência era comum, e as trocas comerciais eram limitadas, principalmente a nível local. c. Papel Central da Igreja: A Igreja Católica desempenhou um papel central na vida medieval. Além de seu papel religioso, a Igreja exercia influência política e cultural. Os líderes religiosos eram frequentemente os únicos a possuir educação formal, o que lhes conferia autoridade nas questões legais e morais. d. Sincretismo Cultural e Religioso: A Idade Média testemunhou uma fusão de elementos culturais e religiosos. Crenças e práticas pagãs frequentemente coexistiam com a disseminação do cristianismo. Festivais e tradições populares eram frequentemente incorporados na cultura cristã. e. Decadência do Direito Romano: Durante os primeiros séculos da Idade Média, o direito romano entrou em declínio. A queda do Império Romano do Ocidente levou a uma descontinuidade na aplicação das leis romanas, resultando em sistemas legais regionais e costumes locais que variavam amplamente. f. Leis Costumeiras e Locais: Com o declínio do direito romano, as comunidades passaram a depender de leis costumeiras e tradições locais para regular assuntos legais e sociais. A autoridade legal estava muitas vezes nas mãos dos senhores feudais e líderes religiosos. g. Lentidão nas Mudanças Sociais: A Idade Média é frequentemente vista como um período de mudanças sociais e culturais lentas. A maioria das pessoas vivia em condições semelhantes às de seus antepassados, com poucas oportunidades de mobilidade social. 14. Igreja X Direito na Idade Média a. Autoridade Moral e Espiritual: autoridade espiritual incontestável - A crença religiosa permeava todos os aspectos da vida, incluindo a esfera jurídica. b. Sincretismo Religioso e Jurídico: - Elementos do direito canônico (direito eclesiástico) eram frequentemente incorporados ao direito secular. - A Igreja influenciou a legislação e a administração da justiça, moldando a forma como os conflitos eram resolvidos. c. Tribunal Eclesiástico: - A Igreja detinha sua própria estrutura legal e tribunais, conhecidos como tribunais eclesiásticos. - Questões relacionadas à moral, casamento, herança e outras áreas eram frequentemente julgadas pelos tribunais eclesiásticos. d. Direito Canônico: - O direito canônico era o conjunto de leis da Igreja que regulava questões religiosas, sociais e morais. - Essas leis influenciavam a vida cotidiana e também tinham impacto nas práticas legais seculares. e. Interseção entre Lei Secular (= do mundo, civil) e Canônica: - A relação entre a lei secular e a lei canônica nem sempre era clara, levando a conflitos de jurisdição. - Em muitos casos, as autoridades seculares e eclesiásticas trabalhavam juntas para administrar a justiça. f. Influência na Moralidade e Normas Sociais: - A Igreja moldou a moralidade e as normas sociais da época, afetando as leis e as atitudes em relação a questões como casamento, divórcio, herança e propriedade. g. Papel na Educação e Cultura: - A Igreja foi a principal fonte de educação e conhecimento na Idade Média, influenciando a formação de juristas e líderes políticos. - Mosteiros e escolas ligadas à Igreja eram centros de aprendizado e disseminação de conhecimento jurídico. h. A autoridade moral da Igreja influenciou a formulação e aplicação das leis, e o direito canônico desempenhou um papel significativo no desenvolvimento do sistema legal da época. A interseção entre direito secular e canônico criou uma complexa teia de influências que moldou o panorama jurídico medieval. ESCOLA TEOLÓGICA DO DIREITO 15. Santo Agostinho [Patrística] a. Santo Agostinho (354-430 d.C.) é um dos Padres da Igreja mais proeminentes da Patrística. Sua vida e trabalho tiveram um impacto profundo na teologia cristã e na filosofia ocidental. b. Principais obras e contribuições: escreveu uma série de obras influentes, incluindo "Confissões" e "A Cidade de Deus". Suas contribuições se estendem à teologia, filosofia, ética e interpretação bíblica. Ele explorou temas como o livre-arbítrio, a graça divina, o mal e o papel da razão na fé. c. Principais Ideias: d. Teoria do Conhecimento: Agostinho explorou a relação entre fé e razão. Ele argumentou que a razão poderia ser um aliado da fé, e que a verdadeira sabedoria vinha da contemplação de Deus. e. Conceito de Pecado Original: Agostinho desenvolveu a ideia do pecado original, afirmando que todos os seres humanos herdaram a natureza pecaminosa de Adão e Eva. Essa noção influenciou a teologia e a ética cristã. f. Teoria da Graça: Agostinho enfatizou a importância da graça divina para a salvação. Ele argumentou que os seres humanos não podiam se salvar por méritos próprios, mas dependiam da graça de Deus. g. Teoria Política: Em "A Cidade de Deus", Agostinho discutiu a relação entre a cidade terrena e a cidade de Deus. Ele delineou uma visão da ordem política e social em relação à vida espiritual. h. Santo Agostinho X Direito: suas ideias tiveram um impacto duradouro no pensamento jurídico. Seus conceitos sobre pecado, livre-arbítrio, graça e justiça influenciaram a moralidade e a ética que moldaram as leis e instituições sociais na Idade Média e além. A relação entre a lei humana e a divina, bem como a noção de justiça em consonância com a vontade de Deus, foram temas que ele explorou e que influenciaram a base ética do direito medieval e posterior. 16. Santo Tomás de Aquino [Escolástica] a. Um dos maiores nomes da Escolástica, que consistiu em um movimento intelectual na Idade Média, especialmente durante os séculos XII ao XV, que buscava reconciliar a fé cristã com a razão e o conhecimento clássico, como a filosofia de Aristóteles; b. “Suma Teológica”: sua obra mais influente, que consiste em uma compilação de suas ideias sobre teologia, filosofia e ética. c. Teoria da Lei Natural: argumentava que as leis humanas deveriam estar em conformidade com as leis divinas e naturais, o que teve um impacto duradouro na ética jurídica e na concepção da justiça. d. Santo Tomás de Aquino X Direito: influenciou a concepção da justiça, dos direitos naturais e da relação entre o direito positivo e o direito natural no pensamento jurídico posterior.
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