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@ G U I A D A O A B Questões para DIREITO CIVIL Comentadas Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 1 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 01 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase Waldo é titular de vultoso patrimônio e amigo de infância de Tadeu, que passa por sérias dificuldades econômicas. Frente às adversidades vividas pelo amigo, Waldo entrega as chaves de um imóvel de sua propriedade para Tadeu e diz a ele: “a partir de agora essa casa é de sua propriedade.” Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) A declaração verbal de Waldo, junto da tradição do imóvel, é suficiente para considerar-se celebrado e realizado um contrato de doação válido e eficaz. B) Para que a doação de imóvel de Waldo a Tadeu se aperfeiçoe será imprescindível celebrar o contrato por meio de escritura pública, seja qual for o valor do imóvel. C) Para que Waldo realize a pretendida doação de imóvel a Tadeu de modo válido, será imprescindível celebrar o contrato de forma escrita, seja por meio de escritura pública ou de instrumento particular, a depender do valor do imóvel. D) Caso Waldo optasse por doar dinheiro para Tadeu adquirir um imóvel, a doação seria válida sem que se fizesse por escritura pública ou instrumento particular, independentemente do valor transferido ao donatário. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Nos termos do art. 1.227 do Código Civil, a transferência do aludido imóvel deve ser feita com o registro no Cartório de Registro de Imóveis para que Tadeu o adquira. Ainda, por se tratar de um contrato de doação, é preciso que seja feito através de instrumento particular ou escritura pública (art. 541 do CC), optando-se por essa última se o imóvel tiver valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País (art. 108 do CC). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 2 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 02 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase Henrique, 50 anos, médico dermatologista, recebe em seu consultório Nicola, 70 anos, dentista, para a realização de um procedimento ambulatorial em sua mão. Durante o procedimento, Henrique ministra erroneamente ácido na mão de Nicola, que era alérgico, fato conhecido por Henrique antes do início do procedimento. Henrique imediatamente adota as medidas preventivas necessárias à mitigação do dano, mas Nicola fica com sequelas permanentes na mão, inabilitando-o parcialmente para o exercício da profissão, porque impede que ele realize procedimentos ortodônticos que necessitam do uso de ambas as mãos. A respeito da indenização a que Nicola faz jus, assinale a afirmativa correta. A) Deve abranger os danos emergentes correspondentes às despesas do tratamento e não abrangerá indenização por lucros cessantes considerando que Nicola ainda pode auferir renda, excluindo o nexo de causalidade entre possíveis danos decorrentes de lucros cessantes e a conduta ilícita de Henrique. B) Deve abranger as despesas do tratamento, os lucros cessantes até o fim da convalescença e a pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. C) Caso a hipótese enseje a reparação por danos estéticos, não se poderá cumular a indenização por danos morais, à luz do princípio da reparação integral, considerando que o dano estético já indeniza a violação da integridade física, tutelada pela cláusula geral de tutela da dignidade da pessoa humana. D) Henrique não pode ser condenado ao pagamento da indenização de lucros cessantes e danos materiais diretos de uma só vez, devendo o pensionamento ser fixado em pagamentos periódicos, tais quais seriam os lucros decorrentes do trabalho de Nicola, sob pena de enriquecimento ilícito. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Com base no enunciado é correto afirmar que a indenização deve abranger as despesas do tratamento, os lucros cessantes até o fim da convalescença e a pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. De acordo com o art. 949 do CC, no caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. Além disso, o art. 950 do CC estabelece que, se dá ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 3 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 03 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase Pedro e Joana casaram-se pelo regime da comunhão parcial de bens. Na constância do casamento, Pedro herdou ações e comprou um carro, enquanto Joana recebeu de doação um apartamento e ganhou um prêmio de loteria. Com base nessas informações, assinale a opção que indica, em caso de divórcio, os bens que devem ser partilhados. A) As ações e o apartamento. B) O carro e o prêmio de loteria. C) O carro e o apartamento. D) As ações e o prêmio de loteria. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Com base no enunciado é correto afirmar que os bens que devem ser partilhados são o carro e o prêmio de loteria. Vamos por partes: Devem ser partilhados: Nos termos do art. 1.660, I e II, do Código Civil, entram na comunhão parcial de bens, respectivamente: (i) os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges. É o caso do carro comprado por Pedro; e (ii) os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior. Nesses termos, condiz com o prêmio de loteria ganho por Maria. Não devem ser partilhados: Por outro lado, não entram (art. 1.659, I, do CC): (i) as ações, haja vista que foram herdadas por Pedro; e (ii) o apartamento, porque foi objeto de doação para Maria. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 4 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 04 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase Joana contratou Maria para fotografar a festa infantil de sua filha, Laura. No momento do contrato, Maria exigiu um sinal equivalente a 20% do preço pactuado para o serviço. O restante do preço seria pago após a festa, quando entregues as fotografias do evento. Acontece que Maria não compareceu à festa de Laura, deixando de tirar as fotografias contratadas. Joana contratou, às pressas, outro fotógrafo e conseguiu registrar o evento a seu gosto. Entretanto, teve de pagar valores mais altos ao novo fotógrafo, o que lhe gerou prejuízos de ordem material. Diante desse cenário, considerando-se que os danos de Joana se limitaram aos prejuízos materiais, assinale a afirmativa correta. A) Joana pode pedir a devolução dos 20% adiantados mais o equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado, mas não pode pedir indenização suplementar em nenhuma hipótese. B) Joana pode pedir apenas a devolução dos 20% adiantados e indenização suplementar, independentemente da prova do prejuízo. C) Joana pode pedir a devolução dos 20%adiantados mais o equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado, e, se provar maior prejuízo, pode pedir indenização suplementar. D) Joana pode pedir a devolução dos 20%, acrescidos de atualização monetária, juros e honorários de advogado, sendo esse o máximo de indenização possível. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Com base no enunciado é correto afirmar que Joana pode pedir a devolução dos 20% adiantados mais o equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado, e, se provar maior prejuízo, pode pedir indenização suplementar. Pois, de acordo com o art. 418 do CC, se a inexecução do contrato ocorrer por quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. Além disso, de acordo com o art. 419 do CC, a parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 5 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 05 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase Nicolas, servidor do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, lotado na 3ª Vara Cível da Comarca da Capital, toma conhecimento de hasta pública a ser realizada sobre valioso bem na vara em que labora. No intuito de colaborar com a rápida solução do processo, visando ao bom andamento da justiça e para saldar a dívida do devedor, decide comprar o bem objeto do litígio, pagando preço compatível com o mercado no âmbito da hasta pública realizada em sua vara. A referida compra e venda, se efetivada, será A) nula, considerando que Nicolas é servidor na mesma vara em que foi realizada a hasta pública. B) válida, considerando ter sido realizada por hasta pública, procedimento que, dada a publicidade, convalida eventuais vícios porventura existentes. C) anulável, podendo ser realizada mas sujeita à anulação posterior se os interessados se manifestarem. D) nula, considerando que a hasta pública não poderá recair sobre bem litigioso. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Com base no enunciado é correto afirmar que a referida compra e venda, se efetivada, será nula, considerando que Nicolas é servidor na mesma vara em que foi realizada a hasta pública. De acordo com o art. 497, III, do CC, sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 6 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 06 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase A Associação Atlética de uma renomada instituição de ensino jurídico brasileira, que possui mais de seiscentos associados, publica edital em seu site e, também, nas redes sociais, de convocação para uma Assembleia Geral, a ser realizada por meio eletrônico, trinta dias após a publicação, tendo como pauta a aprovação das contas dos diretores relativas ao exercício financeiro anterior e a alteração do estatuto. Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) A convocação de Assembleia Geral feita pela Associação Atlética apresenta um vício formal que conduz à nulidade absoluta, haja vista a impossibilidade da realização de Assembleia Geral por meio eletrônico. B) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é possível juridicamente, desde que respeitada a participação e a manifestação dos associados, salvo para alteração estatutária, que deverá ser feita por reunião presencial, de modo que o edital da Associação Atlética é nulo, admitindo-se a conversão. C) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é válida, desde que garantida a participação e a manifestação dos associados, além do respeito às normas estatutárias, inclusive, para a finalidade de alteração dos estatutos. D) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é anulável, por falta de previsão legal, admitindo- se, por conseguinte, a convalidação. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Com base no enunciado é correto afirmar que a realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é válida, desde que garantida a participação e a manifestação dos associados, além do respeito às normas estatutárias, inclusive, para a finalidade de alteração dos estatutos. De acordo com art. 48-A do CC, as pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto em legislação especial e em seus atos constitutivos, poderão realizar suas assembleias gerais por meio eletrônico, inclusive para a alteração do estatuto e destituição dos administradores, respeitados os direitos previstos de participação e de manifestação. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 7 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 07 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase Rodrigo e Juliana celebraram contrato de compra e venda com Márcia, visando à aquisição de 20 (vinte) cavalos da raça mangalarga, de propriedade desta última. O contrato possui cláusula prevendo a solidariedade ativa de Rodrigo e Juliana, e que a entrega será feita de uma única vez. Dez dias antes da data pactuada para entrega dos animais, Márcia, culposamente, esqueceu aberta a porta do curral os animais estavam, o que ocasionou a fuga dos equinos. No dia combinado, Márcia dispunha de apenas cinco cavalos, os quais foram oferecidos a Rodrigo e Juliana como parte do pagamento. Acerca do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) Por se tratar de obrigação de entrega de coisa a dois credores, a previsão de solidariedade ativa contratual é desnecessária, eis que decorrente de disposição expressa do Código Civil. B) Rodrigo e Juliana poderão optar por receber os cinco cavalos, com abatimento do preço, ou considerar resolvida a obrigação e, tanto num como noutro caso, exigir indenização das perdas e danos. C) Caso Rodrigo e Juliana optem pela conversão da obrigação em perdas e danos, a solidariedade não subsistirá. D) Márcia poderá compelir Rodrigo e Juliana a receberem cinco cavalos, posto se tratar de obrigação divisível. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão traz que Rodrigo e Juliana compraram 20 cavalos de Márcia, que deverá entregar os 20 cavalos em uma única parcela. Sendo assim, estamos diante de uma obrigação indivisível por convenção das partes (contrato de compra e venda), uma vez que a Márcia terá que entregar o objeto da obrigação em uma única parcela (obrigação de dar coisa certa). Contudo, antes da tradição, Márcia acabou perdendo a maioria dos cavalos culposamente, restando apenas 05 cavalos. Nesse caso, houve a deterioração do objeto da obrigação, pois se perdeu a maior parte dos cavalos. Se a coisa se deteriora por culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, a indenização pelas perdas e danos (art. 236 do CC/02). Sendo assim, Rodrigo e Juliana terão o direito de receber os 05 cavalos com o abatimento do valor ou resolver a obrigação, além de exigir indenização por perdas e danos. Este é um conteúdo exclusivodo @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 8 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 08 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Otávio é proprietário e residente do apartamento 706, unidade imobiliária do condomínio edilício denominado União II, e é conhecido pelos vizinhos pelas festas realizadas durante a semana, que varam a madrugada. Na última comemoração, Otávio e seus convivas fizeram uso de entorpecentes e, em trajes incompatíveis com as áreas comuns do prédio, ficaram na escada do edifício cantando até a intervenção do síndico, que acionou a polícia para conter o grupo, que voltou para o apartamento de Otávio. No dia seguinte, o síndico convocou uma assembleia para avaliar as sanções a serem aplicadas ao condômino antissocial. Ficou decidido, pelo quórum de ¾, a aplicação de multa de cinco vezes o valor da contribuição mensal. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) A multa aplicada é indevida, pois apesar do comportamento de Otávio, ele é proprietário de unidade imobiliária autônoma, assim como os demais condôminos que deliberaram a multa em seu desfavor. B) O síndico poderia ter aplicado a multa de até cinco contribuições mensais, sem a convocação da assembleia. C) A aplicação da multa em face de Otávio é ilegal, pois a sanção deveria ser precedida por ação judicial para sua aplicação. D) O síndico aplicou corretamente a multa. Caso o comportamento antissocial de Otávio persista, a multa poderá ser majorada para até dez vezes o valor da contribuição mensal do condomínio. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Alternativa A: A multa é devida, conforme explicado na alternativa "d". Alternativa B: Para a aplicação da multa, há necessidade de deliberação de três quartos dos condôminos restantes (art. 1337 do CC). Alternativa C: A aplicação de multa a Otávio é ilegal, conforme previsto no art. 1337 do CC, não sendo necessária ação judicial. Alternativa D: De acordo com o art. 1337 do CC, o condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. O parágrafo único do art. 1137, por sua vez, estabelece que o condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antissocial, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 9 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 09 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Márcio vendeu um imóvel residencial, do qual era proprietário, para Sebastião. Animado com esse negócio, o comprador, músico, mencionou ao vendedor sua felicidade, pois passaria a residir em uma casa onde haveria espaço suficiente para colocar um piano. Porém, queixou-se de ainda não ter encontrado o instrumento ideal para comprar. Neste momento, Márcio comentou que sua filha, Fabiana, trabalhava com instrumentos musicais e estava buscando alguém interessado em adquirir um de seus pianos. Após breve contato com Fabiana, Sebastião foi até a casa dela, analisou o instrumento e gostou muito. Por tais razões, manifestou vontade de comprá- lo. Após as tratativas mencionadas, Márcio e Sebastião celebraram contrato de compra e venda de imóvel sob a forma de escritura pública lavrada em Cartório de Notas, com posterior pagamento integral do preço, devido ao vendedor, pelo comprador. De outro lado, Sebastião e Fabiana também celebraram contrato particular de compra e venda do piano, com posterior pagamento integral do valor pelo comprador e entrega por Fabiana do bem vendido. A respeito da situação apresentada, segundo o Código Civil, Sebastião adquiriu a propriedade A) tanto do imóvel quanto a do piano, pela tradição dos referidos bens. B) do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel foi adquirida no momento em que se lavrou a escritura pública de compra e venda no Cartório de Notas. C) do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel será adquirida mediante registro do título translativo no Registro de Imóveis. D) tanto do imóvel quanto a do piano, a partir do momento em que assumiu a posse dos referidos bens. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Alternativa A: Conforme explicado na alternativa "c", Sebastião adquiriu a propriedade do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel será adquirida mediante registro do título translativo no Registro de Imóveis. Alternativa B: No caso de negócio jurídico que envolva a compra e venda de bem imóvel a propriedade irá se transferir com o devido registro no Cartório de imóveis, conforme dispõe o art. 1.227, CC, e não com a lavratura da escritura pública. Alternativa C: No caso de negócio jurídico que envolva a compra e venda de bem imóvel a propriedade irá se transferir com o devido registro no Cartório de imóveis, conforme dispõe o art. 1.227, CC. Por outro lado, tratando-se de bens móveis, a propriedade do bem irá se concretizar com a entrega do bem, isto é, com a tradição, art. 1.267, CC. Desse modo, Sebastião adquiriu a propriedade do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel será adquirida mediante registro do título translativo no Registro de Imóveis. Alternativa D: Conforme explicado na alternativa "c", Sebastião adquiriu a propriedade do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel será adquirida mediante registro do título translativo no Registro de Imóveis. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 10 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 10 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Rodolfo e Marília estão casados desde 2005. Em 2010, nasceu Lorenzo, único filho do casal. No ano de 2020, eles resolveram se divorciar, após um período turbulento de discussões e mútuas relações extraconjugais. A única divergência entre o casal envolvia a guarda do filho, Lorenzo. Neste sentido, sublinhando-se que o pai e a mãe apresentam condições de exercício de tal função, relacionando-se bem com o filho e conseguindo separar seus problemas conjugais de seus deveres paternos e maternos – à luz do Código Civil, assinale a afirmativa correta. A) Segundo a lei, o juiz, diante do conflito, deverá aplicar a guarda alternada entre Rodolfo e Marília. B) Como os pais desejam a guarda do menor e estão aptos a exercer o poder familiar, a lei determina a aplicação da guarda compartilhada, mesmo que não haja acordo entre eles. C) A lei determina a fixação da guarda compartilhada, mas, tendo em vista cuidar-se de divergência sobre a guarda, ela deve ser atribuída a Rodolfo ou a Marília, mas, diante do conflito, a guarda não deve ser atribuída a eles, em nenhuma hipótese. D) Caso Rodolfo e Marília não consigam decidir de modo consensual a quem caberá a guarda de Lorenzo, o juiz será obrigado a atribuí-la ou a um genitor ou ao outro, uma vez que inexiste hipótese de guarda compartilhada na lei brasileira. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Alternativa A: Não há previsão na lei a respeito de "guarda alternada". Alternativa B: De acordo com o §2º do art. 1.584 do CC, quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-seambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. Alternativa C: Havendo divergência entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, conforme §2º do art. 1.584 do CC. Alternativa D: Aplica-se a guarda compartilhada, conforme §2º do art. 1.584 do CC. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 11 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 11 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase João, Cláudia e Maria celebraram contrato de compra e venda de um carro com Carlos e Paula. Pelo respectivo contrato, Carlos e Paula se comprometeram, como devedores solidários, ao pagamento de R$ 50.000,00. Ficou estabelecido, ainda, solidariedade entre os credores João, Cláudia e Maria. Diante do enunciado, assinale a afirmativa correta. A) O pagamento feito por Carlos ou por Paula não extingue a dívida, ainda que parcialmente. B) Qualquer dos credores tem direito a exigir e a receber de Carlos ou de Paula, parcial ou totalmente, a dívida comum. C) Impossibilitando-se a prestação por culpa de Carlos, extingue-se a solidariedade, e apenas este responde pelo equivalente. D) Carlos e Paula só se desonerarão pagando a todos os credores conjuntamente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Alternativa A: Conforme previsto no art. 269, do CC, o pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. Alternativa B: Qualquer dos credores tem direito a exigir e a receber de Carlos ou de Paula, parcial ou totalmente, a dívida comum, conforme o disposto no art. 275, do CC, que estabelece: “o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto". Alternativa C: De acordo com o art. 279, CC, impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Desse modo, não há a extinção da solidariedade, mas pelas perdas e danos responde apenas o culpado (Carlos). Alternativa D: Não há necessidade de pagamento a todos os credores conjuntamente, sendo certo que o art. 269, do CC, dispõe que o pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. 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Diante do cenário hipotético narrado, o advogado(a) deverá indicar A) a necessidade de constituição de uma associação e alertar aos amigos que o custeio da referida associação deverá ser arcado por eles, tendo em vista a ausência de finalidade lucrativa. B) a necessidade de constituição de uma associação que poderá desenvolver atividade econômica, desde que a totalidade dos valores auferidos seja revertida para a própria associação. C) a constituição de uma fundação, porque é a modalidade mais adequada para que os amigos possam participar ativamente da administração e das atividades de educação. D) a constituição de uma fundação e alertar aos amigos que o custeio da referida fundação deverá ser arcado por eles, tendo em vista a ausência de finalidade lucrativa e a impossibilidade de aportes financeiros por outras pessoas que não pertencem à fundação. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Alternativa A: De fato, a associação não possui finalidade lucrativa, mas, para a criação da associação, não é vedada a captação de recursos de terceiros. Alternativa B: As associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa (Enunciado 534 da VI Jornada de Direito Civil). O fato de a associação não ter finalidade lucrativa não significa que ela não possa cobrar pelos serviços prestados ou produtos fornecidos. O que é proibido não é a cobrança de valores e sim a retirada de lucro da associação para beneficiar seus associados ou diretores. Desse modo, todo o valor auferido pela associação deve ser revertido para a própria associação (art. 53 do CC). Alternativa C: A modalidade mais adequada, no caso citado, é a criação da associação, conforme explicado na alternativa "b". Alternativa D: Para a constituição da fundação, não é vedado o aporte financeiro por outras pessoas. 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C) objetivamente pelos danos, sendo vedado o regresso em face do mecânico que atuou culposamente, pois a oficina não poderá repassar o risco de seu negócio a terceiros. D) objetivamente pelos danos, sendo permitido o regresso em face do mecânico que atuou culposamente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. De acordo com o art. 932, III, do CC, o empregador ou comitente responde de forma objetiva por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele. O art. 934 do CC, por sua vez, estabelece que aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. Desse modo, a empresa responde objetivamente pelos danos causados (art. 932, III, do CC), sendo permitido o regresso em face do mecânico que atuou culposamente (art. 934 do CC). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 14 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 14 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Raquel resolve sair para comemorar sua efetivação como advogada no escritório em que estagiava e se encontra com seus amigos em um bar. Logo ao entrar no local, o garçom a convida para realizar um breve cadastro a fim de lhe fornece um cartão que a habilitaria a consumir no local. Ao realizar o cadastro,Raquel se surpreende com as inúmeras informações requeridas pelo garçom, a saber: nome completo, data de nascimento, CPF, identidade, nome dos pais, endereço, e-mail e estado civil. Inconformada, Raquel se recusa a fornecer os dados, alegando haver clara violação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, ao que o garçom responde que, sem o fornecimento de todas as informações, o cartão não seria gerado e, por consequência, ela não poderia consumir no local. Com base nessas informações, assinale a afirmativa correta. A) É válida a coleta de tais dados pelo bar, haja vista que foi requerido o consentimento expresso e destacado da consumidora. B) A coleta de tais dados pelo bar é regular, uma vez que não constituem dados pessoais sensíveis, o que inviabilizaria o seu tratamento. C) É válida a exigência de tais dados, pois trata-se de política da empresa, no caso do bar, não cabendo à consumidora questionar a forma de utilização dos mesmos. D) A exigência de tais dados viola o princípio da necessidade, pois os dados requeridos não são proporcionais às finalidades do tratamento de dados relativos ao funcionamento de um bar. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A coleta de dados viola o previsto no art. 6º, inc. III, da LGPD: “Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios: III – necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de dados”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 15 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 15 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Maurício, ator, 23 anos, e Fernanda, atriz, 25 anos, diagnosticados com Síndrome de Down, não curatelados, namoram há 3 anos. Em 2019, enquanto procuravam uma atividade laborativa em sua área, tanto Maurício quanto Fernanda buscaram, em processos diferentes, a fixação de tomada de decisão apoiada para o auxílio nas decisões relativas à celebração de diversas espécies de contratos, a qual se processou seguindo todos os trâmites adequados deferidos pelo Poder Judiciário. Assim, os pais de Maurício tornaram-se seus apoiadores e os pais de Fernanda, os apoiadores dela. Em 2021, Fernanda e Maurício assinaram contratos com uma emissora de TV, também assinados por seus respectivos apoiadores. Como precisarão morar próximo à emissora, o casal terá de mudar-se de sua cidade e, por isso, está buscando alugar um apartamento. Nesta conjuntura, Maurício e Fernanda conheceram Miguel, proprietário do imóvel que o casal pretende locar. Sobre a situação apresentada, conforme a legislação brasileira, assinale a afirmativa correta. A) Maurício e Fernanda são incapazes em razão do diagnóstico de Síndrome de Down. B) Maurício e Fernada são capazes por serem pessoas com deficiência apoiadas, ou seja, caso não fossem apoiados, seriam incapazes. C) Maurício e Fernanda são capazes, independentemente do apoio, mas Miguel poderá exigir que os apoiadores contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado. D) Miguel, em razão da capacidade civil de Maurício e de Fernanda, fica proibido de exigir que os apoiadores de ambos contraassinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Conteúdo interdisciplinar (Capacidade + Tomada de decisão apoiada) TOMADA DE DECISÃO APOIADA: Não visa suprir incapacidade, é um instrumento utilizado pelo portador de algum tipo de deficiência; os apoiadores vão auxiliá-lo na prática dos atos da vida civil. Em caso de celebração de contrato, o contratante poderá exigir que os apoiadores contra assinem o contrato. (Art.1.783-A, §5º) A pessoa com deficiência é considerada CAPAZ, inclusive para contrair casamento e para assinar contratos, onde os apoiadores devem contra assinar os contratos quando um terceiro assim exigir. (Art. 1.783-A, §5º do cc) Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 16 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 16 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase João da Silva, buscando acomodar os quatro filhos, conforme cada um ia se casando, construiu casas sucessivas em cima de seu imóvel, localizado no Morro Santa Marta, na cidade do Rio de Janeiro. Cada uma das casas é uma unidade distinta da original, construídas como unidades autônomas. Com o casamento de Carlos, seu filho mais novo, ele já havia erguido quatro unidades imobiliárias autônomas, constituídas em matrícula própria, além do pavimento original, onde João reside com sua esposa, Sirlene. No entanto, pouco tempo depois, João assume que tivera uma filha fora do casamento e resolve construir mais uma casa, em cima do pavimento de Carlos, a fim de que sua filha possa residir com seu marido. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) João poderá construir nova laje, desde que tal construção não seja feita no subsolo, pois o direito real de laje só abrange a cessão de superfícies superiores em relação à construção-base. B) João poderá construir a casa para sua filha, tendo em vista se tratar de direito real de superfície e por ser ele o proprietário da construção-base. C) João não poderá construir a casa para sua filha, uma vez que o direito real de laje se limita a apenas quatro pavimentos adicionais à construção-base. D) João só poderá construir a casa para sua filha mediante autorização expressa dos titulares das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Resposta prevista no artigo 1510, vejamos: Art. 1.510 A § 6 O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 17 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 17 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Sônia e Theodoro estavam casados há 7 anos, sobre o regime da comunhão parcial de bens, quando o último veio a óbito. Desde o casamento, o casal residia em uma belíssima cobertura na praia de Copacabana, que Theodoro havia comprado há mais de 20 anos, ou seja, muito antes do casamento. Após o falecimento de Theodoro, seus filhos do primeiro casamento procuraram Sônia e pediram a ela que entregasse o imóvel, alegando que, como ele não foi adquirido na constância do casamento, a viúva não teria direito sucessório sobre o bem. Diante do caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Como Sônia era casada com Theodoro pelo regime da comunhão parcial de bens, ela herda apenas os bens adquiridos na constância do casamento. B) Como Sônia era casada com Theodoro, ela possui o direito de preferência para alugar o imóvel, em valor de mercado, que será apurado pela média de 3 avaliações diferentes. C) Os filhos do Theodoro não têm razão, pois, ao cônjuge sobrevivente, é assegurado o direito real de habitação, desde que casado sobre o regime da comunhão parcial de bens, ou comunhão universal de bens, e inexistindo descendentes. D) Os filhos do Theodoro não têm razão, pois, ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação do imóveldestinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 18 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 18 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Paulo é pai de Olívia, que tem três anos. Paulo é separado de Letícia, mãe de Olívia, e não detém a guarda da criança. Por sentença judicial, ficou fixado o valor de R$3.000,00 a título de pensão alimentícia em favor de Olívia. Paulo deixou de pagar a pensão alimentícia nos últimos cinco meses e, ajuizada uma ação de execução contra ele, não foi possível encontrar patrimônio suficiente para fazer frente às obrigações inadimplidas. Entretanto, Paulo é também sócio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., sociedade que tem patrimônio considerável. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. A) Tendo em vista a absoluta autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios, não é possível, em nenhuma hipótese, que, na ação de execução, Olívia atinja o patrimônio da pessoa jurídica Paulo Compra e Venda de Joias Ltda. B) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de se atingir o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., independentemente de restar configurada a situação de abuso da personalidade jurídica. C) Ainda que se comprove o abuso da personalidade jurídica, a legislação apenas reconhece a hipótese de desconsideração direta da personalidade jurídica, não se admitindo a desconsideração inversa, razão pela qual não é possível que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda. D) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que Paulo praticou desvio de finalidade ou confusão patrimonial. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Art. 49-A. A pessoa jurídica NÃO se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. EXCEÇÃO: A desconsideração inversa da personalidade jurídica torna possível responsabilizar a empresa pelas dívidas contraídas por seus sócios e é possível somente em algumas hipóteses: (Art.50 CC) Abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo Desvio de finalidade ou Confusão patrimonial a requerimento da parte (ou MP) Portanto, é possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que Paulo praticou desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Desconsideração: Atinge bens dos sócios por dívidas da PJ por abuso da personalidade jurídica e prejuízo a credores; Desconsideração Inversa: Atinge bens da empresa por dívidas do Sócio. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 19 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 19 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Carlos alugou um imóvel de sua propriedade a Amanda para fins residenciais pelo prazo de 30 meses. Dez meses após a celebração do contrato de locação, Carlos vendeu o imóvel locado para Patrícia, que denunciou o contrato, concedendo a Amanda o prazo de 90 dias para a desocupação do imóvel. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. A) Carlos não poderia alienar o imóvel a Patrícia, pois ainda estava vigente o prazo de locação. B) A alienação é possível, mas, se o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel, Patrícia deve respeitar o prazo da locação. C) Não há nenhum óbice à alienação do imóvel por Carlos a Patrícia e, uma vez realizada, o contrato de locação com Amanda é automaticamente desfeito. D) Carlos tem o direito de vender o imóvel durante o prazo de locação, mas, nessa hipótese, a compradora Patrícia estará necessariamente vinculada ao contrato de locação celebrado anteriormente, devendo cumprir o prazo inicialmente pactuado por Carlos com Amanda. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Pode vender uma casa que está alugada? Afinal, o imóvel alugado pode ser vendido? Sim, é permitido por lei. Isso porque quem aluga um imóvel garante apenas a posse indireta do espaço locado. Ou seja, o locador continua sendo o dono do imóvel e pode vendê-lo quando desejar O que acontece quando o locador vende o imóvel? Diante da lei do inquilinato o locador deve pagar multa ao locatário caso venha vender o imóvel sem que notifique o mesmo, caso o locador no início do contrato tenha deixado ciente que tinha intenção de venda essa ação se torna legal. Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 20 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 20 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Renatinho, conhecido influencer digital, conquistou, ao longo dos anos, muitos seguidores e amealhou vultoso patrimônio. Renatinho é o único filho de Carla e Júlio, que se divorciaram quando Renatinho tinha três anos de idade. Carla nunca concordou com as atividades de influencer digital desenvolvidas pelo filho, pois achava que ele deveria se dedicar aos estudos. Júlio, por outro lado, sempre incentivou bastante o filho e, inclusive, sempre atuou como gestor da carreira e do patrimônio de Renatinho. Aos 15 de março de 2022, Renatinho completou 16 anos e, na semana seguinte, realizou seu testamento sob a forma pública, sem mencionar tal fato para nenhum dos seus pais. Em maio de 2022, Carla e Júlio, em comum acordo e atendendo ao pedido de Renatinho, emancipam seu único filho. E, para tristeza de todos, em julho de 2022, Renatinho vem a óbito em acidente de carro, que também levou o motorista à morte. Com a abertura da sucessão, seus pais foram surpreendidos com a existência do testamento e, mais ainda, com o fato de Renatinho ter destinado toda a parte disponível para a constituição de uma fundação. Diante da situação hipoteticamente narrada, assinale a afirmativa correta. A) O testamento de Renatinho é válido, pois em que pese a incapacidade civil relativa no momento da sua feitura, a emancipação concedida por seus pais retroage e tem o efeito de convalidar o ato. B) O testamento de Renatinho é válido em razão dos efeitos da emancipação concedida por seus pais, no entanto, a destinação patrimonial é ineficaz, visto que só podem ser chamadas a suceder na sucessão testamentária pessoas jurídicas já previamente constituídas. C) O testamento de Renatinho é válido, pois a lei civil assegura aos maiores de 16 anos a possibilidade de testar, bem como a possibilidade de serem chamados a suceder, na sucessão testamentária, as pessoas jurídicas cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. D) A deixa testamentária para a constituição de uma fundação seria válida, no entanto, em razão de o testamento ter sido realizado quando Renatinho tinha apenas16 anos e não emancipado, o testamento todo será invalidado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. CÓDIGO CIVIL: Art. 1.860, Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: (...) III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 21 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 21 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Joana e Mário são pais de Ricardo, atualmente com 8 anos, e que se encontra no início de sua vida escolar. Tércio, irmão de Joana, decide doar, ao sobrinho Ricardo, certa quantia em dinheiro. Para que esta doação seja válida, o contrato A) deve ser anuído pelo próprio sobrinho, Ricardo. B) precisa contar com o consentimento de Ricardo, expressado por Joana e Mário. C) dispensa a aceitação, por ser pura e realizada em favor de absolutamente incapaz. D) prescinde de consentimento de Ricardo, pois se trata de negócio jurídico unilateral. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. DOAÇÃO PURA PARA ABSOLUTAMENTE INCAPAZES: Não, não estamos falando de uma doação feita pela Madre Teresa de Calcutá. Ao falarmos de uma doação pura, falamos de uma doação que não gera uma contraprestação, uma condição, sem ônus, só bônus. Receba e diga oba! Determina o Artigo 02 do Código Civil que, os menores de 14 anos são ABSOLUTAMENTE INCAPAZES. Logicamente, por serem absolutamente incapazes, suas vontades são exprimidas, vias de regras, por seus representantes legais. O Artigo 543 do Código Civil estabelece que, nos casos das doações puras, se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação de seus representantes legais. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 22 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 22 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Ivan, sócio da Soluções Inteligentes Ltda., celebra contrato de empreitada, na qualidade de dono da obra, com Demétrio, sócio da Construções Sólidas Ltda., tendo esta como a empresa empreiteira. A obra tem prazo de duração de 1 (um) ano, contratada a um custo de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais), fracionados em 12 (doze) prestações mensais de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). O contratante, Ivan, necessita da obra pronta no prazo acordado. Em razão disso, acordou com Demétrio uma cláusula resolutiva expressa, informando que o atraso superior a 30 (trinta) dias importaria em extinção automática do contrato. Para se resguardar, Ivan exigiu de Demétrio que expusesse seu acervo patrimonial, mostrando o balanço contábil da empresa, de modo a ter convicção em torno da capacidade econômica da empreiteira para levar a cabo uma obra importante, sem maiores riscos. Transcorridos três meses de obra, que seguia em ritmo normal, em conformidade com o cronograma, Ivan teve conhecimento de que a empreiteira sofreu uma violenta execução judicial, impondo redução de mais de 90% (noventa por cento) de seu ativo patrimonial, fato que tornou ao menos duvidosa a capacidade da empreiteira de executar plenamente a obrigação pela qual se obrigou. Diante deste fato, assinale a afirmativa correta. A) Ivan pode se recusar a pagar o restante das parcelas da remuneração da obra até que Demétrio dê garantia bastante de satisfazê-la. B) O dono da obra pode requerer a extinção do contrato, ao fundamento de que há inadimplemento anterior ao termo, pela posterior redução da capacidade financeira da empreiteira. C) A cláusula resolutiva expressa prevista no contrato é nula, pois o ordenamento não permite a resolução automática dos contratos, por inadimplemento, impondo-se a via judicial. D) A parte contratante tem direito de invocar a exceção de contrato não cumprido, em face do risco iminente de inadimplemento. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Institui o Código Civil. Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 23 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 23 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Bento Albuquerque com o intuito de realizar o sonho de passar a aposentadoria na beira da praia, procura Inácio Monteiro, proprietário de uma quadra de lotes a 100 (cem) metros da famosa Praia dos Coqueiros, para comprar um lote sobre o qual seria construída sua sonhada casa de veraneio. Bento mostrou o projeto arquitetônico de sua futura casa na praia a Inácio e ressaltou que o lote para construção do projeto deveria contar com, no mínimo, 420 m² (quatrocentos e vinte metros quadrados), metragem necessária para construção da piscina, sauna e churrasqueira, além da casa projetada para ter quatro quartos. Nas tratativas e na escritura de compra e venda do imóvel, restou consignado que o imóvel possui 420 m² (quatrocentos e vinte metros quadrados) e que o preço certo e ajustado para essa metragem era de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais). No entanto, Bento ao levar o arquiteto para medidas de praxe e conhecer o lote sobre o qual o projeto seria construído, foi surpreendido ao ser informado que o imóvel contava apenas com 365m² (trezentos e sessenta e cinco metros quadrados) e que o projeto idealizado não poderia ser construído naquele lote. Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. A) Bento nada pode fazer em relação a metragem faltante, tendo em vista que era sua obrigação conferi-la antes de adquirir o imóvel. B) Bento tem o direito de exigir o complemento da área faltante, e, caso não seja possível, tem a faculdade de rescindir o contrato ou pedir pelo abatimento do preço de acordo com a metragem correta do imóvel. C) Não haverá complemento de área, pois o imóvel foi vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões. D) Presume-se que a referência às dimensões do imóvel é enunciativa, pois a diferença de metragem não chega a 20%, (vinte por cento), logo, deverá ter, prioritariamente, abatimento do preço, mas não a complementação da metragem faltante. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A resposta está prevista no art. 500 do Código Civil, que trata da venda ad mensuram, aquela em que a dimensão do imóvel é requisito essencial para a compra e venda: CC, Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. A questão deixa claro que o comprador precisava da área total inicialmente estipulada para a construção que pretendia, tanto é que ele ressaltou que o lote para construção do projeto deveria contar com, no mínimo, 420 m². Por isso, é evidente que a área era requisito essencial para a compra e não somente enunciativa, fazendo jus o comprador às soluções previstas no art. 500 do CC. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todosos direitos reservados. 24 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 24 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Luiz, sem filhos, é casado com Aline sob o regime da comunhão universal. No ano de 2018, Luiz perdeu o pai, Mário. Como seu irmão, Rogério, morava em outra cidade e sua mãe, Catarina, precisava de cuidados diários, Luiz levou-a para morar junto dele e de Aline. Durante à pandemia de Covid-19, tanto Luiz, quanto Catarina contraíram a doença e foram internados. Ambos não resistiram e no dia 30 de junho, Luiz faleceu, sem deixar testamento. Catarina morreu no dia 15 de agosto, também sem deixar testamento. Tendo em vista a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) A herança de Catarina deve dividir-se entre Luiz (seu herdeiro de direito receberá o quinhão) e Rogério. B) Rogério será herdeiro de Catarina e, na sucessão de Luiz, serão chamadas Aline e Catarina (seu herdeiro, Rogério, receberá o quinhão como parte da herança deixada pela mãe). C) Aline não será herdeira de Rogério, em razão do casamento reger-se pela comunhão universal de bens. D) Rogério será herdeiro de Catarina e apenas Aline será herdeira de Luiz. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Como não havia descendentes de Luiz e Aline, e tendo falecido aquele e sua genitora ab intestato, interessa- nos as disposições dos incisos II a IV do art. 1.829 do CC: Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - Ao cônjuge sobrevivente; IV - Aos colaterais. Assim, considerando que Luiz faleceu antes de mãe, ela herdará em concorrência sucessória com Aline (art. 1.829, II, CC), não cabendo a Rogério, irmão do de cujus, nenhum quinhão da herança, pois, sendo colateral, figura ele na quarta ordem da vocação hereditária (art. 1.829, IV, CC). Com o falecimento de Catarina, e não havendo informações de outros descendentes, Rogério herdará em caráter exclusivo, por força do art. 1.829, I, c.c. art. 1.845, CC. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 25 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 25 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Clóvis, funcionário público aposentado, divorciado, falecido em março de 2020 com 75 anos, era pai de Leonora, 40 anos, e Luciana, 16 anos. Faleceu sem deixar dívidas e sem realizar doações aos seus herdeiros necessários. Titular de um patrimônio razoável, foi vítima de um câncer descoberto no estágio terminal, 6 (seis) meses antes de sua morte. Desde o nascimento de Luciana, sempre foi uma preocupação de Clóvis proporcionar para ela as mesmas oportunidades desfrutadas por Leonora, quais sejam, cursar o ensino superior com auxílio paterno e, assim, conseguir o subsídio necessário para buscar uma carreira de sucesso profissional. Por este motivo, Clóvis vendeu os 3 (três) imóveis – que compõem 70% do seu patrimônio – de que era proprietário quando Luciana ainda era criança e depositou este dinheiro em conta bancária, juntamente com todas as suas economias, no intuito de deixar, quando de sua morte, somente patrimônio em dinheiro. No ano de 2019, ao saber de sua doença, Clóvis, em pleno exercício de suas faculdades mentais, elaborou um testamento público, destinando toda a parte disponível de sua herança à Luciana. Diante de seu falecimento, é possível afirmar que A) Clóvis não poderia vender seus imóveis ao longo de sua vida, pois lhe era vedado determinar a conversão dos bens da legítima em outros de espécie diversa. B) caberá à Luciana 75% da herança de Clóvis. Já Leonora receberá 25% da mesma herança. C) Clóvis perdeu a capacidade de dispor do seu patrimônio por testamento a partir do momento em que descobriu o diagnóstico de câncer. D) a herança deve ser dividia em partes iguais entre as filhas de Clóvis, ou seja, 50% para Luciana e 50% para Leonora. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Considerando que Clóvis deixou, em testamento, a parte disponível (50%) de seu patrimônio para sua filha Luciana, temos que a legítima corresponderá aos outros 50% do patrimônio, o qual será dividido igualmente entre àquela e sua irmã Leonora, cabendo a cada uma o quinhão de 25% do acervo hereditário, conforme arts. 1.834 e 1.835 do CC: Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus ascendentes. Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau. Portanto, Luciana herdará metade da legítima (25%) e, por testamento, a parte disponível (50%), totalizando 75% do total da herança. Por fim, lembremos que, na hipótese de herdeiro necessário (art. 1.845, CC), caso o testador o beneficie em testamento, essa disposição não prejudicará o direito daquele à legítima, como autoriza o art. 1.849, CC: Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 26 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 26 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Jorge foi atropelado por Vitor, em 02/02/2016. Em razão desse evento, Jorge sofreu danos morais, materiais e estéticos, os quais surgiram e foram percebidos por ele imediatamente após o acidente. Tempos depois, em 31/01/2021, Jorge procurou você, como advogado(a), e disse que pretendia ajuizar uma ação de reparação contra Vitor. Sobre a hipótese apresentada, você deverá informar para Jorge que A) o prazo prescricional da pretensão de reparação civil extracontratual é de 10 (dez) anos. B) a pretensão está prescrita, tendo em vista o prazo de 3 (três) anos ao qual se vincula a pretensão de reparação civil extracontratual. C) a pretensão está prestes a ser fulminada pela prescrição, uma vez que a pretensão de reparação civil extracontratual prescreve em 5 (cinco) anos. D) houve prescrição apenas da pretensão de demandar a seguradora da qual Vitor é segurado, mas que permanece viável a pretensão de reparação civil extracontratual, por seu prazo de 10 (dez) anos. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Considerando que o acidente ocorreu em 2.2.2016 e não havendo informações, no enunciado, acerca de causa impeditiva, suspensiva ou interruptiva do decurso do prazo prescrição, temos que a pretensão de Jorge está fulminada pela prescrição, pois já decorreram mais de 3 (três) anos do fato, consoante art. 206, § 3°, V, CC: Art. 206. Prescreve: § 3° Em três anos: V - A pretensão de reparação civil; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 27 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 27 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Em 2019 foram estabelecidas, inicialmente por medida provisória posteriormente convertida na Lei nº 13.874, normas de proteção à livre iniciativa e ao livre exercício de atividade econômica e disposições sobre a atuação do Estado como agente normativo e regulador. Em relação aos contratos empresariais, assinale a afirmativa correta. A) Os contratos empresariais são presumidos paritários e simétricos, exceto diante da presença na relaçãojurídica de um empresário individual ou empresa individual de responsabilidade limitada. B) As partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução. C) A alocação de riscos definida pelas partes deverá ser respeitada e observada, porém até o ponto em que o Estado julgue, discricionariamente, que deve intervir no exercício da atividade econômica. D) A revisão contratual ocorrerá de maneira excepcional e ilimitada sempre que uma das partes for vulnerável, sendo que, no caso de microempresas e empresas de pequeno porte, essa presunção é absoluta. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A opção B é a previsão do art. 421-A, I, CC: Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: I - As partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 28 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 28 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Júlia, 22 anos, com espectro autista, tem, em razão de sua deficiência, impedimento de longo prazo de natureza mental que pode, em algumas atividades cotidianas, obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Júlia, apaixona-se por Rodrigo, 19 anos, também com espectro autista, com quem quer se casar. Mas Rita, mãe de Júlia, temendo que Júlia não tenha o discernimento adequado para tomar as decisões certas em sua vida, e no intuito de proteger o melhor interesse de sua filha, impede o casamento. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) Júlia é relativamente incapaz e, assim o sendo, precisará de anuência de sua mãe, Rita, para celebrar o ato, em prol da proteção de sua dignidade. B) A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa para casar-se, de modo que Rita não poderá impedir o casamento de Júlia. C) Júlia é plenamente capaz em razão de sua idade, mas, em razão da deficiência que a acomete, deverá confirmar sua vontade com o curador que deverá ser instituído. D) Rita, ainda que esteja atuando no melhor interesse de Júlia, na qualidade de mãe, não pode impedir o casamento podendo, contudo, impor à Júlia, sua curatela. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão tenta induzir a erro, contudo a pessoa com deficiência, no caso da questão, maior de idade, tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas, logo, não há em que se falar em representação e/ou assistência, inclusive, notem que a pessoa com deficiência não está mais elencada nos art. 3º e 4º do CC. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 29 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 29 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Daniel, habilitado e dentro do limite de velocidade, dirigia seu carro na BR 101 quando uma criança atravessou a pista, à sua frente. Daniel, para evitar o atropelamento da criança, saiu de sua faixa de rolamento e colidiu com o carro de Mário, taxista, que estava a serviço e não teve nenhuma culpa no acidente. Daniel se nega ao pagamento de qualquer valor a Mário por alegar que a responsabilidade, em verdade, seria de José, pai da criança. A respeito da responsabilidade de Daniel pelos danos causados no acidente em análise, assinale a afirmativa correta. A) Ele não praticou ato ilícito, mas, ainda assim, terá que indenizar Mário. B) Ele praticou ato ilícito ao causar danos a Mario, violando o princípio do neminem laedere. C) Ele não praticou ato ilícito e não terá que indenizar Mario por atuar em estado de necessidade. D) Ele praticou ato ilícito ao causar danos a Mário e responderá objetivamente pelos danos a que der causa. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Daniel, embora não tenha cometido ato ilícito deverá, no caso da questão, indenizar o taxista, Mário, e entrar com ação regressiva em face de José, Pai da criança, visto a responsabilidade objetiva consagrada no art. 932 do CC, podendo Daniel, ainda, denunciar a lide em face de José, conforme art. 125, II do CPC se Mário cobrar a indenização judicialmente. Vejamos alguns artigos do CC: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: II - A deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 30 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 30 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Marta, 75 anos, solteira, sem filhos, com todos os ascendentes falecidos, é irmã de Alberto e prima de Donizete. Proprietária de alguns imóveis, Marta procurou um cartório para lavrar testamento público em 2019. Ainda que seu contato com o irmão Alberto fosse ocasional, sendo muito mais próxima de Donizete, optou por dividir sua herança entre ambos. Contudo, ao longo de 2020, durante a pandemia de Covid-19, Marta passou a residir junto de Donizete e sua família. Enquanto a convivência somente aumentou o afeto e a consideração entre os primos, o contato entre Marta e Alberto tornou-se ainda mais raro. Não por outro motivo, em agosto de 2020, Marta procurou o mesmo cartório e lavrou um novo testamento público, o qual nomeava Donizete como seu único herdeiro. Em janeiro de 2021, Marta faleceu. Ao tomar conhecimento da disposição de última vontade da irmã, Alberto consulta você, como advogado(a), a respeito da situação. Com efeito, é correto afirmar que A) o testamento feito por Marta em agosto de 2020 revoga o testamento feito pela mesma em 2019. Portanto, toda herança de Marta deverá ser transmitida a Donizete. B) no testamento, Marta deveria deixar ao menos metade de sua herança para Alberto, seu irmão e, assim, herdeiro necessário. C) Marta apenas poderia afastar o direito à herança de Alberto por meio de deserdação fundada no abandono afetivo. D) Marta encontrava-se proibida de testar novamente desde o momento em que testou pela primeira vez no ano de 2019, pois o testamento é sempre irrevogável. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Primeiramente é importante destacar que, Alberto, irmão de marta, colateral, assim como seu primo, Donizete, não são herdeiros necessários, caso fossem teriam direito a 50% da herança no contexto da questão. Portanto, não havendo herdeiros necessários, como informa a questão, basta aplicar o art. 1.850 do CC. Vejamos alguns artigos do CC: CC, art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. CC, art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens [50%] da herança, constituindo a legítima. CC, art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar.CC, art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. CC, art. 1.969. O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode ser feito. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 31 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 31 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Matheus, médico clínico-geral, recebe para atendimento em seu consultório o paciente Victor, mergulhador profissional. Realizando a anamnese, Victor relata que é alérgico à ácido acetilsalicílico. Desatento, Matheus ministra justamente esta droga a Victor como parte de seu tratamento. Victor tem danos permanentes em razão do agravamento de sua asma pelo uso inadequado do medicamento, tendo que comprar novos medicamentos para seu tratamento e, ainda mais grave, fica impedido de trabalhar nos dois anos seguintes. A respeito da responsabilidade civil de Matheus, assinale a afirmativa correta. A) Ele responderá pelo regime objetivo de responsabilidade civil, tendo em vista que a atividade de Matheus é arriscada. B) Ele deverá indenizar Victor independentemente de culpa, isto é, de imperícia de sua parte, considerando existir relação de consumo. C) Ele, sendo profissional liberal, terá apurada sua responsabilidade mediante a verificação de culpa, responsabilizando-se unicamente pelos danos diretos verificados no caso. D) Ele deverá indenizar Victor pelas despesas do tratamento e pelos lucros cessantes até o fim da convalescença, além da pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A responsabilidade civil dos profissionais liberais é apurada mediante verificação de culpa, ou seja, sujeita-se à comprovação de que os danos causados decorreram da negligência, da imprudência ou da imperícia do agente, nos termos do disposto no artigo 14, § 4º, do Código de Defesa do Consumidor. Além dessa informação, aplica-se o seguinte artigo: Art. 950. Se dá ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 32 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 32 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Antônio decide ceder gratuitamente a posse de um de seus imóveis residenciais a Carlos, seu grande amigo que vem passando por dificuldades financeiras, sem fixar prazo para a devolução do bem. Passados 5 (cinco) anos, Antônio decide notificar Carlos para que se retire do imóvel, após descobrir que estava deteriorado por pura desídia do possuidor, que não estava realizando os atos de conservação necessários. Carlos realiza uma contranotificação, informando que não vai devolver o imóvel, na medida em que ainda necessita dele para sua moradia. Em razão disso, Carlos decide arbitrar o aluguel pelo uso do bem imóvel. Neste contexto, assinale a afirmativa correta. A) O contrato firmado é de depósito, motivo pelo qual tem Carlos o dever de guardá-lo e conservá-lo até que Antônio o reclame, sob pena de pagar alugueis. B) O contrato firmado é de mútuo, que transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, correndo por conta deste os riscos desde a tradição, sendo indevidos os alugueis. C) O contrato celebrado é de comodato, sendo o comodatário obrigado a conservar a coisa emprestada e, uma vez constituído em mora, a pagar alugueis. D) O contrato pactuado é de locação, que se iniciou com a renúncia à cobrança de alugueis pelo locador e, após a notificação, tornou a exigi-los, como é da natureza do contrato. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Observando-se que o empréstimo foi gratuito, trata-se de comodato com aplicação dos seguintes artigos: Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 33 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 33 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Valdeir e Max assinaram contrato particular de promessa de compra e venda com direito de arrependimento, no qual Valdeir prometeu vender o apartamento 901 de sua propriedade por R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Max, por sua vez, se comprometeu a comprar o imóvel e, no mesmo ato de assinatura do contrato, pagou arras penitenciais de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). A escritura definitiva de compra e venda seria outorgada em 90 (noventa) dias a contar da assinatura da promessa de compra e venda, com o consequente pagamento do saldo do preço. Contudo, 10 (dez) dias antes da assinatura da escritura de compra e venda, Valdeir celebrou escritura definitiva de compra e venda, alienando o imóvel à Ana Lúcia que pagou a importância de R$ 750.000,00 (setecentos e cinquenta mil reais) pelo mesmo imóvel. Max, surpreendido e indignado, procura você, como advogado(a), para defesa de seus interesses. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) Max poderá exigir de Valdeir a importância paga a título de arras mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. B) Por se tratar de arras penitenciais, Max poderá exigir de Valdeir apenas R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), e exigir a reparação pelas perdas e danos que conseguir comprovar. C) Max poderá exigir de Valdeir até o triplo pago a título de arras penitencias. D) Max não poderá exigir nada além do que pagou a título de arras penitenciais. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão exige conhecimento de dois artigos do Código Civil: Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. Portanto, letra A correta - Max poderá exigir de Valdeir a importância paga a título de arras mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 34 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 34 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Bruna visitou a mansão neoclássica que André herdara de seu tio e cuja venda estava anunciando. Bruna ficou fascinada coma sala principal, decorada com um piano do século XIX e dois quadros do conhecido pintor Monet, e com os banheiros, ornados com torneiras desenhadas pelos melhores profissionais da época. Diante disso, decidiu comprá-la. Na ausência de acordo específico entre Bruna e André, por ocasião da transferência da propriedade, Bruna receberá A) a mansão com os quadros, o piano e as torneiras, pois todos esses bens são classificados como benfeitorias, que seguem o destino do bem principal vendido. B) apenas a mansão, eis que o princípio da gravitação jurídica não é aplicável aos demais bens citados no caso. C) a mansão juntamente com as torneiras dos banheiros, consideradas partes integrantes, mas não os quadros e o piano, considerados pertenças. D) a mansão e os quadros, pois, sendo considerados pertenças, impõe-se a regra de que o acessório deve seguir o destino do principal, mas o piano e as torneiras poderão ser removidos por André antes da transferência. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A alternativa (A) está INCORRETA: conforme explicado, as benfeitorias são obras realizadas pelo homem, na estrutura da coisa principal, com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la; (art. 96 do CC/02). A alternativa (B) está INCORRETA: conforme explicado, de acordo com o princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens acessórios segue a sorte do bem principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário pela vontade da lei ou das partes. Porém, tal regra não se aplica às pertenças nos termos do art. 93 e 94 do CC/02. A alternativa (C) está CORRETA: conforme explicado, de acordo com o princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens acessórios segue a sorte do bem principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário pela vontade da lei ou das partes. Porém, tal regra não se aplica às pertenças nos termos do art. 93 e 94 do CC/02. Sendo assim, apenas as torneiras ficaram no imóvel por serem partes integrantes do bem principal. Já as pinturas e o piano não ficarão por serem pertenças e por não haver acordo entre as partes negociantes. A alternativa (D) está INCORRETA: ao contrário do que fala a alternativa, os quadros e o piano são pertenças e não seguem o bem principal, salvo se ficar estipulado entre as partes do negócio jurídico. Já as torneiras, por serem partes integrantes do imóvel, vão ficar na mansão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 35 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 35 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Antônio, advogado, passou a residir com sua namorada Lorena, em 2012, com objetivo declarado, pelo próprio casal, de constituir uma união estável, ainda que não guarnecida por escritura pública. A partir de então, Antônio começou a participar do cotidiano de Lucas, filho de Lorena, cuja identidade do pai biológico a própria mãe desconhecia. No início de 2018, Antônio procedeu ao reconhecimento voluntário de paternidade socioafetiva de Lucas, com base no Provimento nº 63/2017 CNJ. Em meados de agosto de 2020, a convivência de Antônio e Lorena chegou ao fim. Diante deste cenário, Antônio comprometeu-se a pagar alimentos para Lucas, que estava com 13 anos de idade, até os 21 anos de idade do filho, no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), mediante acordo homologado judicialmente. Porém, no final de 2020, Antônio recebeu a notícia de que o escritório de que ele é sócio perdeu um de seus principais clientes, fato cujo impacto financeiro gerou a redução de 30% dos seus rendimentos mensais. Quando soube de tal notícia, Antônio procurou Lorena, como representante legal de Lucas, para fixar um valor mais baixo de pensão a ser pago, ao menos durante um período, mas ela recusou-se a estabelecer um novo acordo. Conforme este contexto, assinale a afirmativa correta. A) A redução do encargo alimentar apenas poderá acontecer caso Lucas, por meio de sua representante legal, Lorena, concorde com ela. B) Os filhos socioafetivos não tem o direito de pleitear alimentos frente aos seus pais. C) Diante da mudança de sua situação financeira, Antônio poderá requerer ao juiz a redução do encargo alimentar. D) Caso eventual pedido de redução do valor pago a título de obrigação alimentar seja procedente, Lucas nunca mais poderá pleitear a majoração do encargo, nem mesmo se a situação financeira de Antônio melhorar. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Inicialmente, é importante destacar que a pensão alimentícia deve ser fixada de modo a enquadrar-se dentro das necessidades de quem a recebe e das possibilidades de quem a presta. Contudo, podem acontecer situações em que o valor da pensão pode onerar de forma excessiva quem está cumprindo mensalmente com tal obrigação. Nesses casos, pode ser necessário que a prestação seja reduzida. Para que isso ocorra, é necessário que a pessoa que presta os alimentos (pai, normalmente) entre com uma Ação Revisional de Alimentos, solicitando a diminuição do valor a ser pago, mediante provas de que está absolutamente impossibilitado de continuar com a despesa no montante em que está. Por exemplo, caso ocorra uma situação de doença, desemprego, diminuição acentuada de salário ou renda, pode ser possível que o valor da pensão alimentícia seja reduzido, para se adequar a um cenário onde o devedor consiga honrar com o pagamento. Assim, torna-se possível uma redução do valor pago mensalmente, que sempre ocorrerá mediante a apreciação do judiciário. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 36 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 36 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Carlos, motorista de táxi, estava parado em um cruzamento devido ao sinal vermelho. De repente, de um prédio em péssimo estado de conservação, de propriedade da sociedade empresária XYZ e alugado para a sociedade ABC, caiu um bloco de mármore da fachada e atingiu seu carro. Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa correta. A) Carlos pode pleitear, da sociedade XYZ, indenização pelos danos sofridos. B) Carlos pode pleitear indenização pelos danos sofridos apenas da sociedade ABC. C) A sociedade XYZ pode se eximir de responsabilidade alegando culpa da sociedade ABC. D) A sociedade ABC pode se eximir de responsabilidade alegando culpa exclusiva da vítima. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A) A questão é sobre responsabilidade civil pela ruína do edifício. A matéria é tratada no art. 937 do CC. Vejamos: “O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta". Trata-se de responsabilidade objetiva, que independe de culpa e, nesse sentido, temos o Enunciado 556 do Conselho de Justiça Federal: “A responsabilidade civil do dono do prédio ou construção por sua ruína, tratada pelo art. 937 do CC, é objetiva". Na jurisprudência, temos inúmeros julgados no mesmo sentido. Isso acaba por facilitar a ação de reparação para a vítima, já que só precisará provar o dano e a relação de causalidade. Correta; B) Carlos deve pleitear da sociedade XYZ, pois o dever de indenizar, nesses casos, tem caráter propter rem. Isso significa que é indiferente saber se a culpa decorreu do construtor, do antigo proprietário ou mesmo do locatário (TARTUCE, Flavio. Manual de Responsabilidade Civil: Volume único. São Paulo: Método 2018. p. 421). Incorreta; C) A sociedade XYZ não pode se eximir da responsabilidade alegando culpa da locatária, já que a responsabilidade civil é objetiva. Incorreta; D) A sociedade XYZ é quem deve atuar como ré na ação de ressarcimento, podendo alegar a culpa exclusivada vítima, para que seja afastada a sua responsabilidade civil. Incorreta; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 37 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 37 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Leandro decide realizar uma doação com a finalidade exclusiva de remunerar serviços prestados voluntária e espontaneamente por Carmen em sua ONG (Organização Não Governamental). Oferece, então, um pequeno imóvel residencial, avaliado em R$ 100.000,00 (cem mil reais), por instrumento particular, oportunidade na qual o doador fez questão de estipular uma obrigação: Carmen teria que realizar benfeitorias específicas na casa, tais como a troca dos canos enferrujados, da fiação deteriorada, bem como a finalização do acabamento das paredes, com a devida pintura final. A donatária aceita os termos da doação e assina o documento particular, imitindo-se na posse do bem e dando início às obras. Alguns dias depois, orientada por um vizinho, reúne-se com o doador e decide formalizar a doação pela via de escritura pública, no ofício competente, constando também cláusula de renúncia antecipada do doador a pleitear a revogação da doação por ingratidão. Dois anos depois, após sérios desentendimentos e ofensas públicas desferidas por Carmen, esta é condenada, em processo cível, a indenizar Leandro ante a prática de ato ilícito, qualificado como injúria grave. Leandro, então, propõe uma ação de revogação da doação. Diante desse fato, assinale a afirmativa correta. A) Mesmo diante da prática de injúria grave por parte de Carmen, Leandro não pode pretender revogar a doação, porque houve renúncia expressa no contrato. B) A doação para Carmen se qualifica como condicional, eis que depende do cumprimento da obrigação de realizar as obras para a sua confirmação. C) A doação para Carmen não pode ser revogada por ingratidão, porque o ato de liberalidade do doador teve motivação puramente remuneratória. D) O ordenamento admite que a doação para Carmen fosse realizada por instrumento particular, razão pela qual a realização da escritura pública foi um ato desnecessário. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Nos termos do art. 564 do CC/02, uma das hipóteses de impossibilidade de revogação da doação é quando ela é realizada com a finalidade puramente remuneratória e, considerando que Carlos doou apenas por esse motivo, não poderá revogar a doação. Art. 564. Não se revogam por ingratidão: I – As doações puramente remuneratórias; II – As oneradas com encargo já cumprido; III – As que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; IV – As feitas para determinado casamento. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 38 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 38 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Érico é amigo de Astolfo, famoso colecionador de obras de arte. Érico, que está abrindo uma galeria de arte, perguntou se Astolfo aceitaria locar uma das pinturas de seu acervo para ser exibida na grande noite de abertura, como forma de atrair mais visitantes. Astolfo prontamente aceitou a proposta, e ambos celebraram o contrato de locação da obra, tendo Érico se obrigado a restituí-la já no dia seguinte ao da inauguração. O aluguel, fixado em parcela única, foi pago imediatamente na data de celebração do contrato. A abertura da galeria foi um grande sucesso, e Érico, assoberbado de trabalho nos dias que se seguiram, não providenciou a devolução da obra de arte para Astolfo. Embora a galeria dispusesse de moderna estrutura de segurança, cerca de uma semana após a inauguração, Diego, estudante universitário, invadiu o local e vandalizou todas as obras de arte ali expostas, destruindo por completo a pintura que fora cedida por Astolfo. As câmeras de segurança possibilitaram a pronta identificação do vândalo. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Érico tem o dever de indenizar Astolfo, integralmente, pelos prejuízos sofridos em decorrência da destruição da pintura. B) Érico não pode ser obrigado a indenizar Astolfo pelos prejuízos decorrentes da destruição da pintura porque Diego, o causador do dano, foi prontamente identificado. C) Érico não pode ser obrigado a indenizar Astolfo pelos prejuízos decorrentes da destruição da pintura porque adotou todas as medidas de segurança necessárias para proteger a obra de arte. D) Érico somente estará obrigado a indenizar Astolfo se restar comprovado que colaborou, em alguma medida, para que Diego realizasse os atos de vandalismo. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A) A questão é direito das obrigações, mais especificamente sobre a mora. “A Mora é o atraso, o retardamento ou a imperfeita satisfação obrigacional. Para que exista a mora, a sua causa não poderá decorrer de caso fortuito ou força maior" (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. 10. ed. São Paulo: Método. 2015. v. 2. p. 214). De acordo com o art. 399 do CC, “o devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada". Trata-se do fenômeno conhecido como perpetuação da obrigação. A vandalização por parte de Diego configura hipótese de caso fortuito/força maior, mas o fato de Érico estar em mora faz com que ele tenha a obrigação de indenizar Astolfo, por força do art. 399 do CC. Correta; B) O fato de Diego ter sido identificado, não afasta o dever de Érico indenizar Astolfo. Incorreta; C) Érico pode ser obrigado a indenizar Astolfo, pois estava em mora. Incorreta; D) O fato de estar em mora faz surgir para Érico a obrigação de indenizar Astolfo. Incorreta. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 39 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 39 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Ao falecer em 2019, Januário deixa duas filhas vivas: Rosana, mãe de Luna, e Helena, mãe de Gabriel. O filho mais velho de Januário, Humberto, falecera em 2016, deixando-lhe dois netos: Lucas e João. Sobre a sucessão de Januário, assinale a afirmativa correta. A) Lucas, João, Luna, Gabriel e Vinícius são seus herdeiros. B) Helena, Rosana, Lucas e João são seus herdeiros, cada um herdando uma quota igual da herança deixada por Januário. C) Apenas Helena e Rosana são suas herdeiras. D) São seus herdeiros Helena, Rosana e os sobrinhos Lucas e João, que receberão, cada um, metade equivalente ao quinhão de uma das tias. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. No caso do enunciado, Januário veio a falecer deixando duas filhas vivas e um filho já era falecido no momento da abertura do inventário. Considerando que Januário não era casado, sua herança será dividida entre seus descendentes, ou seja, seus 3 filhos receberão 1/3. Contudo, um dos filhos Humberto é pré-morto, portanto, seus filhos Lucas e João herdarão por representação o que caberia à Humberto. Portanto, cada um dos netos ficará com 1/2 da parte de Humberto. Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando alei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 40 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 40 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Hugo, corretor de imóveis, recebe oferta de contrato, por prazo indeterminado, para intermediar a realização de negócios sobre novo empreendimento imobiliário, cujo lançamento ocorrerá em data próxima, obtendo as seguintes informações: (i) as características gerais do empreendimento, com a descrição da planta, da área e do valor de cada unidade autônoma projetada, em condomínio edilício; (ii) o valor oferecido em remuneração pelos serviços de corretagem correspondente a 4% sobre o valor da venda. Entusiasmado, Hugo entra em contato com diversos clientes (potenciais compradores), a fim de mediar a celebração de compromissos de compra e venda com o dono do negócio. Nesse ínterim, consegue marcar uma reunião entre o incorporador (dono do negócio) e seu melhor cliente, sócio de uma grande rede de farmácias, pretendendo adquirir a loja principal do empreendimento. Após a reunião, em que as partes se mostraram interessadas em prosseguir com as negociações, nenhum dos futuros contratantes tornou a responder ao corretor, que não mais atuou nesse empreendimento, ante a sua dispensa. Soube, meses depois, que o negócio havia sido fechado entre o incorporador e o comprador, em negociação direta, ao valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais). Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) A dispensa do corretor não ilide o dever de pagar a remuneração que lhe era devida, pois o negócio se realizou posteriormente, como fruto de sua mediação. B) Ainda que tenha iniciado a negociação com a atuação do corretor, uma vez concluído o negócio diretamente entre as partes, nenhuma remuneração será devida. C) A ausência do corretor na negociação que resultou no acordo de venda evidencia o descumprimento do dever de diligência e prudência, motivo pelo qual perde o direito à remuneração. D) O corretor tem direito à remuneração parcial e proporcional, pois, apesar de dispensado, iniciou a intermediação, e o negócio ao final se concretizou. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A) A questão é sobre contrato de corretagem, conceituado como “o negócio jurídico por meio do qual uma pessoa, não vinculada a outra em decorrência do mandato, de prestação de serviço ou por qualquer outra relação de dependência, se obriga a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas" (FILHO, Rodolfo Pamplona; GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil. Contratos em Espécie. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. v. 4. p. 441). A matéria é tratada no art. 722 e seguintes do CC. Mandato e corretagem não se confundem. Enquanto naquele o mandatário realiza os atos em nome do mandante, nesse, o corretor tem, apenas, a função de aproximar as partes, sem poder decisório algum. De acordo com o art. 727 do CC, “se, por não haver prazo determinado, o dono do negócio dispensar o corretor, e o negócio se realizar posteriormente, como fruto da sua mediação, a corretagem lhe será devida; igual solução se adotará se o negócio se realizar após a decorrência do prazo contratual, mas por efeito dos trabalhos do corretor". Portanto, a assertiva está correta. Correta; B) Vimos que o legislador assegura a remuneração, no art. 727 do CC. Incorreta; C) O corretor tem direito a remuneração, uma vez que foi responsável pela aproximação das partes. No mais, a sua ausência não decorreu do descumprimento do dever de diligência e prudência, mas sim da sua dispensa. Incorreta; D) Tem direito remuneração integral e o pagamento tem como fundamento a contribuição do corretor para o resultado útil alcançado. Incorreta; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 41 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 41 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Liz e seu marido Hélio adquirem uma fração de tempo em regime de multipropriedade imobiliária no hotel- fazenda Cidade Linda, no estado de Goiás. Pelos termos do negócio, eles têm direito a ocupar uma das unidades do empreendimento durante os meses de dezembro e janeiro, em regime fixo. No ano seguinte à realização do negócio, as filhas do casal, Samantha e Laura, ficam doentes exatamente em dezembro, o que os impede de viajar. Para contornar a situação, Liz oferece à sua mãe, Alda, o direito de ir para o Cidade Linda no lugar deles. Ao chegar ao local, porém, Alda é barrada pela administração do hotel, sob o fundamento de que somente a família proprietária poderia ocupar as instalações da unidade. Você, como advogado(a), deve esclarecer se o ato é legal, assinalando a opção que indica sua orientação. A) O ato é legal, pois o regime de multipropriedade, ao contrário do condominial, é personalíssimo. B) O ato é ilegal, pois, como hipótese de condomínio necessário, a multipropriedade admite o uso das unidades por terceiros. C) O ato é ilegal, pois a possibilidade de cessão da fração de tempo do multiproprietário em comodato é expressamente prevista no Código Civil. D) O ato é legal, pois o multiproprietário tem apenas o direito de doar ou vender a sua fração de tempo, mas nunca cedê-la em comodato. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A) A questão é sobre multipropriedade, também conhecida como “time-sharing". O instituto vem conceituado no art. 1.358-C: “Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos proprietários de forma alternada". Nos incisos do art. 1.358-I, o legislador preocupou-se em arrolar os direitos do multiproprietário. Entre eles, vem previsto, no inciso II, o direito de cessão. Vejamos: “São direitos do multiproprietário, além daqueles previstos no instrumento de instituição e na convenção de condomínio em multipropriedade: ceder a fração de tempo em locação ou comodato". Portanto, o ato é ilegal. Incorreta; B) Condomínio necessário, também denominado de condomínio legal, nasce dos direitos de vizinhança, tais como meações de paredes, cercas, muros e valas (art. 1.327 do CC/2002). Tem previsão nos arts. 1.327 a 1.330 do CC. Decorre da imposição legal, tratando-se de uma consequência inevitável do estado de indivisão da coisa Exemplo: duas fazendas limítrofes, havendo entre elas um mataburro (vala colocada para impedir a passagem de animais). Em relação ao mata-burro há um condomínio necessário entre os proprietários das fazendas (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Direito das Coisas. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. v. 4. p. 477 e 506). A multipropriedade não é hipótese de condomínio necessário, mas sim de condomínio voluntário/convencional, que decorre vontade dos condôminos, em que duas ou mais pessoas adquirem o mesmo bem. Incorreta; C) Em harmonia com o art. 1.358-I, inciso II do CC. Correta; D) Conforme outrora explicado, o legislador prevê, expressamente, a possibilidade da multipropriedade ser cedida em comodato. Incorreta. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 42 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 42 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Joel e Simone se casaram em regime de comunhão total de bens em 2010. Em 2015, depois de vários períodos conturbados, Joel abandonou a primeira e única residência de 150 m2, em área urbana,que o casal havia adquirido mediante pagamento à vista, com recursos próprios de ambos, e não dá qualquer notícia sobre seu paradeiro ou intenções futuras. Em 2018, após Simone ter iniciado um relacionamento com Roberto, Joel reaparece subitamente, notificando sua ex-mulher, que não é proprietária nem possuidora de outro imóvel, de que deseja retomar sua parte no bem, eis que não admitiria que ela passasse a morar com Roberto no apartamento que ele e ela haviam comprado juntos. Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. A) Apesar de ser possuidora de boa-fé, Simone pode se considerar proprietária da totalidade do imóvel, tendo em vista a efetivação da usucapião extraordinária. B) Uma vez que a permanência de Simone no imóvel é decorrente de um negócio jurídico realizado entre ela e Joel, é correto indicar um desdobramento da posse no caso narrado. C) Como Joel deixou o imóvel há mais de dois anos, Simone pode alegar usucapião da fração do imóvel originalmente pertencente ao ex-cônjuge. D) A hipótese de usucapião é impossível, diante do condomínio sobre o imóvel entre Joel e Simone, eis que ambos são proprietários. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A) A questão é sobre usucapião, forma de aquisição originária da propriedade. A usucapião extraordinária é aquela que independe de justo título e boa-fé, exigindo, apenas, a posse mansa, pacífica e ininterrupta com animus domini por 15 anos, prevista no caput do art. 1.238 do CC: “Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis". Incorreta; B) De fato, Simone e Joel realizaram um negócio jurídico solene, a que se denomina de casamento; contudo, a permanência no imóvel se deve ao fato de Simone ser considerada coproprietária do imóvel, em comunhão com Joel. É considerada meeira, em razão do regime da comunhão total de bens. Incorreta; C) A Lei nº 12.424/2011 acrescentou o art. 1.240-A do CC, instituindo uma nova modalidade de usucapião: a usucapião especial urbana por abandono de lar: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade dívida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural". Trata-se do menor prazo previsto para usucapião. Simone preenche todos os requisitos dela. Correta; D) Ambos são coproprietários, sendo possível a usucapião, uma vez que os requisitos exigidos pelo art. 1.240- A foram preenchidos. Incorreta; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 43 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 43 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Duas sociedades empresárias celebraram contrato de agência com uma terceira sociedade empresária, que assumiu a obrigação de, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência com as proponentes, promover, à conta das primeiras, mediante retribuição, a realização de certos negócios com exclusividade, nos municípios integrantes da região metropolitana de Curitiba/PR. Ficou pactuado que as proponentes conferirão poderes à agente para que esta as represente, como mandatária, na conclusão dos contratos. Antônio Prado, sócio de uma das sociedades empresárias contratantes, consulta seu advogado quanto à legalidade do contrato, notadamente da delimitação de zona geográfica e da concessão de mandato ao agente. Sobre a hipótese apresentada, considerando as disposições legais relativas ao contrato de agência, assinale a afirmativa correta. A) Não há ilegalidade quanto à delimitação de zona geográfica para atuação exclusiva do agente, bem como em relação à possibilidade de ser o agente mandatário das proponentes, por serem características do contrato de agência. B) Há ilegalidade na fixação de zona determinada para atuação exclusiva do agente, por ferir a livre concorrência entre agentes, mas não há ilegalidade na outorga de mandato ao agente para representação das proponentes. C) Há ilegalidade tanto na outorga de mandato ao agente para representação dos proponentes, por ser vedada qualquer relação de dependência entre agente e proponente, e também quanto à fixação de zona determinada para atuação exclusiva do agente. D) Não há ilegalidade quanto à fixação de zona determinada para atuação exclusiva do agente, mas há ilegalidade quanto à concessão de mandato do agente, porque é obrigatório por lei que o agente apenas faça a mediação dos negócios no interesse do proponente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Conforme previsto nos artigos 710 e 711 do CC, vejamos: Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada [municípios integrantes da região metropolitana de Curitiba/PR, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos. Art. 711. Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de nela tratar de negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 44 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 44 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Aldo e Mariane são casados sob o regime da comunhão parcial de bens, desde setembro de 2013. Em momento anterior ao casamento, Rubens, pai de Mariane, realizou a doação de um imóvel à filha. Desde então, a nova proprietária acumula os valores que lhe foram pagos pelos locatários do imóvel. No ano corrente, alguns desentendimentos fizeram com que Mariane pretendesse se divorciar de Aldo. Para tal finalidade, procurou um advogado, informando que a soma dos aluguéis que lhe foram pagos desde a doação do imóvel totalizava R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), sendo que R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) foram auferidos antes do casamento e o restante, após. Mariane relatou, ainda, que atualmente o imóvel se encontra vazio, sem locatários. Sobre essa situação e diante de eventual divórcio, assinale a afirmativa correta. A) Quanto aos aluguéis, Aldo tem direito à meação sob o total dos valores. B) Tendo em vista que o imóvel locado por Mariane é seu bem particular, os aluguéis por ela auferidos não se comunicam com Aldo. C) Aldo tem direito à meação dos valores recebidos por Mariane, durante o casamento, a título de aluguel. D) Aldo faz jus à meação tanto sobre a propriedade do imóvel doado a Mariane por Rubens, quanto sobre os valores recebidos a título de aluguel desse imóvel na constância do casamento. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Conforme previsto claramente em letra de lei, artigo 1.660 do Código Civil: Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particularesde cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 45 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 45 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Arnaldo faleceu e deixou os filhos Roberto e Álvaro. No inventário judicial de Arnaldo, Roberto, devedor contumaz na praça, renunciou à herança, em 05/11/2019, conforme declaração nos autos. Considerando que o falecido não deixou testamento e nem dívidas a serem pagas, o valor líquido do monte a ser partilhado era de R$ 100.000,00 (cem mil reais) Bruno é primo de Roberto e também seu credor no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). No dia 09/11/2019, Bruno tomou conhecimento da manifestação de renúncia supracitada e, no dia 29/11/2019, procurou um advogado para tomar as medidas cabíveis. Sobre esta situação, assinale a afirmativa correta. A) Em nenhuma hipótese Bruno poderá contestar a renúncia da herança feita por Roberto. B) Bruno poderá aceitar a herança em nome de Roberto, desde que o faça no prazo de quarenta dias seguintes ao conhecimento do fato. C) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, recebendo integralmente o quinhão do renunciante. D) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, no limite de seu crédito. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A alternativa A está incorreta, eis que, o credor pode aceitar a herança no lugar do devedor, com autorização judicial, em caso de renúncia feita por este último, conforme o art. 1.813. A alternativa B está incorreta, pois o prazo para o credor aceitar a herança no lugar do devedor é de trinta dias após o conhecimento da renúncia, nos termos do art. 1.813, § 1o. A alternativa C está incorreta, eis que, Bruno poderá aceitar a herança no lugar de Roberto, mas só receberá o equivalente ao seu crédito, sendo que a renúncia permanece quanto ao restante da herança, conforme o art. 1.813, §2o. A alternativa D está correta, porque Bruno poderá aceitar a herança no lugar de Roberto, já que, é credor dele e fez no prazo de trinta dias do conhecimento da renúncia, conforme estabelece o art. 1.813, §§ 1o e 2o: “Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. § 1 o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato. § 2 o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 46 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 46 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre demonstrou uma maturidade muito superior à sua faixa etária. Seu maior objetivo profissional é o de tornar-se professora de História e, por isso, decidiu criar um canal em uma plataforma on-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria elaboradas sobre conteúdos históricos. O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e despertando o interesse de vários patrocinadores, que começaram a procurar a jovem, propondo contratos de publicidade. Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro com o canal, Márcia está animada com a perspectiva de conseguir custear seus estudos na Faculdade de História se conseguir firmar alguns desses contratos. Para facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram emancipá-la, o que permitirá que celebre negócios com futuros patrocinadores com mais agilidade. Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa correta. A) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que a adolescente tem na internet. B) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento particular. C) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Naturais. D) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia própria, o que ainda não aconteceu. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A alternativa A está incorreta, já que, a emancipação concedida pelos pais independe de homologação judicial. A alternativa B está incorreta, porque a emancipação não pode ser feita por instrumento particular, mas sim, por instrumento público, quando concedida pelos pais. A alternativa C está correta, pois, a emancipação de Márcia deve ser levada a registro, conforme o art. 5o, parágrafo único, inc. I: “A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos”. A alternativa D está incorreta, eis que, existem outras formas de emancipação além da economia própria, sendo a concessão pelos pais uma delas, conforme o art. 5o, parágrafo único e incisos. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 47 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 47 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Antônio, divorciado, proprietário de três imóveis devidamente registrados no RGI, de valores de mercado semelhantes, decidiu transferir onerosamente um de seus bens ao seu filho mais velho, Bruno, que mostrou interesse na aquisição por valor próximo ao de mercado. No entanto, ao consultar seus dois outros filhos (irmãos do pretendente comprador), um deles, Carlos, opôs-se à venda. Diante disso, bastante chateado com a atitude de Carlos, seu filho que não concordou com a compra e venda do imóvel, decidiu realizar uma doação a favor de Bruno. Em face do exposto, assinale a afirmativa correta. A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser impedida pelos demais descendentes e pelo cônjuge, se a oposição for unânime. B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de contrato de compra e venda de pai para filho, motivo pelo qual a oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio. C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de Carlos, promover a doação do bem para um de seus filhos (Bruno), sendo tal contrato nulo de pleno direito. D) É legítima a doação de ascendentes para descendente, independentemente da anuência dos demais, eis que o ato importa antecipação do que lhe cabe na herança. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A alternativa A está incorreta, pois o consentimento dos descendentes e cônjuge deve ser unânime, não a oposição, ou seja, não se realizará ainda que apenas um deles discorde, conforme o art. 496: “É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”. A alternativa B está incorreta, já que, a venda de ascendente para descendente só poderá ser realizada, caso os demais descendentes e o cônjuge concordem de forma unânime. A alternativa C está incorreta, porque, não há nenhum impedimento a doação feita por Antônio, já que, importa no adiamento da herança a ser recebido por Bruno no futuro. A alternativa D está correta, eis que, Antônio poderá doaro imóvel ao seu filho, sendo a doação considerada adiantamento da herança e independe da anuência dos demais herdeiros, conforme o art. 544: “A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 48 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 48 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai, José. Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades financeiras, e declarou que temia não ser capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da irmã, Laura procurou o locador do imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale a afirmativa correta. A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de Jacira, inclusive a garantia fidejussória. B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira. C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas não quanto à garantia fidejussória. D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A alternativa A está incorreta, pois Laura é terceira não interessada, portanto, não se sub-roga nos direitos do credor. A alternativa B está correta, eis que, Laura tem direito a reaver o que pagou, mas não se sub-roga nos direitos do credor, eis que é terceira não interessada, conforme o art. 305: “O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor”. A alternativa C está incorreta, já que, Laura não é devedora solidária, mas apenas terceira não interessada. A alternativa D está incorreta, porque Laura tem direito de reaver o que pagou. Complementando: O terceiro interessado é aquele que mesmo não sendo parte, vincula-se à obrigação, e pode ter seu patrimônio afetado caso a dívida, pela qual também se obrigou, não seja paga. Quando o terceiro interessado paga a dívida, ele se sub-roga nas garantias e nos privilégios do subordinado. Temos como exemplos de terceiro interessado o fiador e o avalista. Já o terceiro não interessado não se vincula juridicamente à obrigação, possuindo apenas um interesse meta jurídico. Quando o terceiro não interessado paga a dívida em seu próprio nome, ele tem o direito de exigir o reembolso do que pagou, mas quando ele paga em nome do devedor não possui o mesmo direito. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 49 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 49 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Salomão, solteiro, sem filhos, 65 anos, é filho de Lígia e Célio, que faleceram recentemente e eram divorciados. Ele é irmão de Bernardo, 35 anos, médico bem-sucedido, filho único do segundo casamento de Lígia. Salomão, por circunstâncias sociais, não mantinha contato com Bernardo. Em razão de uma deficiência física, Salomão nunca exerceu atividade laborativa e sempre morou com o pai, Célio, até o falecimento deste. Com frequência, seu primo Marcos, comerciante e grande amigo, a visita. Com base no caso apresentado, assinale a opção que indica quem tem obrigação de pagar alimento a Salomão. A) Marcos é obrigado a pagar alimentos a Salomão, no caso de necessidade deste. B) Por ser irmão unilateral, Bernardo não deve, em hipótese alguma, alimentos a Salomão. C) Bernardo, no caso de necessidade de Salomão, deve arcar com alimentos. D) Bernardo e Marcos deverão dividir alimentos, entre ambos, de forma igualitária. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A alternativa A está incorreta, eis que, Marcos não possui obrigação de pagar alimentos a seu primo, já que, se estende apenas aos ascendentes, descendentes e irmãos. A alternativa B está incorreta, porque a obrigação se estende tanto aos irmãos germanos quanto aos unilaterais. A alternativa C está correta, já que, Bernardo tem obrigação de pagar alimentos a seu irmão, que não possui ascendentes nem descendentes, conforme o art. 1.697: “Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”. A alternativa D está incorreta, pois Marcos não possui obrigação de arcar com os alimentos. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 50 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 50 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase João, único herdeiro de seu avô Leonardo, recebeu, por ocasião da abertura da sucessão deste último, todos os seus bens, inclusive uma casa repleta de antiguidades. Necessitando de dinheiro para quitar suas dívidas, uma das primeiras providências de João foi alienar uma pintura antiga que sempre estivera exposta na sala da casa, por um valor módico, ao primeiro comprador que encontrou. João, semanas depois, leu nos jornais a notícia de que reaparecera no mercado de arte uma pintura valiosíssima de um célebre artista plástico. Sua surpresa foi enorme ao descobrir que se tratava da pintura que ele alienara, com valor milhares de vezes maior do que o por ela cobrado. Por isso, pretende pleitear a invalidação da alienação. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) O negócio jurídico de alienação da pintura celebrado por João está viciado por lesão e chegou a produzir seus efeitos regulares, no momento de sua celebração. B) O direito de João a obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de alienação da pintura, não se sujeita a nenhum prazo prescricional C) A validade do negócio jurídico de alienação da pintura subordina-se necessariamente à prova de que o comprador desejava se aproveitar de sua necessidade de obter dinheiro rapidamente. D) Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo com o valor de mercado da obra, João poderá optar entre aceitar a oferta ou invalidar o negócio. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A alternativa A está correta, eis que, o negócio jurídico celebrado possui o vício da lesão e apesar de ter produzido seus efeitos no momento da celebração, pode ser anulado, conforme o art. 157: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. A alternativa B está incorreta, já que, não se trata de erro, mas sim de lesão e ambas se sujeitam ao prazo prescricional de quatro anos, conforme o art. 178, inc. II. A alternativa C está incorreta, pois a lesão ocorre tanto por necessidade quanto por inexperiência. A alternativa D está incorreta, porque, se o comprador oferecer suplemento ao valor pago, o negócio jurídico será válido, conforme o art. 157, § 2o: “Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 51 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 51 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - PrimeiraFase Rolim Crespo, administrador da sociedade Indústrias Reunidas Novo Horizonte do Oeste Ltda., consultou sua advogada para lhe prestar orientação quanto à inserção de cláusula compromissória em um contrato que a pessoa jurídica pretende celebrar com uma operadora de planos de saúde empresariais. Pela leitura da proposta, verifica-se que não há margem para a negociação das cláusulas, por tratar-se de contrato padronizado, aplicado a todos os aderentes. Quanto à cláusula compromissória inserida nesse contrato, assinale a opção que apresenta a orientação dada pela advogada. A) É necessária a concordância expressa e por escrito do aderente com a sua instituição, em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou o visto para essa cláusula. B) É nula de pleno direito, por subtrair do aderente o direito fundamental de acesso à justiça, e o contrato não deve ser assinado. C) Somente será eficaz se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem, e, como a iniciativa foi do proponente e unilateral, ela é nula. D) Somente será eficaz se houver a assinatura do aderente no contrato, vedada qualquer forma de manifestação da vontade em documento anexo ou, simplesmente, com o visto para essa cláusula. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Quando a questão fala que "não há margem para a negociação das cláusulas" se refere a ideia do contrato de adesão, uma vez que não há possibilidade de o aderente discutir ou modificar o conteúdo das cláusulas. Art. 4º, §2º (lei 9.307) Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 52 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 52 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Em função do incremento nas atividades de transporte aéreo no Brasil, a sociedade empresária Fast Plane, sediada no país, resolveu adquirir helicópteros de última geração da pessoa jurídica holandesa Nederland Air Transport, que ficou responsável pela fabricação, montagem e envio da mercadoria. O contrato de compra e venda restou celebrado, presencialmente, nos Estados Unidos da América, restando ajustado que o cumprimento da obrigação se dará no Brasil. No momento de receber as aeronaves, contudo, a adquirente verificou que o produto enviado era diverso do apontado no instrumento contratual. Decidiu a sociedade empresária Fast Plane, então, buscar auxílio jurídico para resolver a questão, inclusive para a propositura de eventual ação, caso não haja solução consensual. Considerando-se o enunciado acima, aplicando-se a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei n° 4.657/42) e o Código de Processo Civil, assinale a afirmativa correta. A) A lei aplicável na solução da questão é a holandesa, em razão do local de fabricação e montagem das aeronaves adquiridas. B) A autoridade judiciária brasileira será competente para processar e julgar eventual ação proposta pela Fast Plane, mesmo se estabelecida cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro, em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição. C) A autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para processar e julgar eventual ação a ser proposta pela Fast Plane para resolver a questão. D) A autoridade judiciária brasileira tem competência concorrente para processar e julgar eventual ação a ser proposta pela Fast Plane para resolver a questão. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão versa sobre a competência concorrente, vejamos artigo 21 do CPC: Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 53 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 53 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Nos contratos de comissão, corretagem e agência, é dever do corretor, do comissário e do agente atuar com toda diligência, atendo-se às instruções recebidas da parte interessada. Apesar dessa característica comum, cada contrato conserva sua tipicidade em razão de seu modus operandi. A esse respeito, assinale a afirmativa correta. A) O agente pratica, em nome próprio, os atos a ele incumbidos à conta do proponente; o comissário não pode tomar parte – sequer como mandatário – nos negócios que vierem a ser celebrados em razão de sua intermediação; o corretor pode receber poderes do cliente para representá-lo na conclusão dos contratos. B) O comissário pratica, em nome próprio, os atos a ele incumbidos à conta do comitente; o corretor não pode tomar parte – sequer como mandatário – nos negócios que vierem a ser celebrados em razão de sua mediação; o agente pode receber poderes do proponente para representá-lo na conclusão dos contratos. C) O corretor pratica, em nome próprio, os atos a ele incumbidos à conta do cliente; o agente não pode tomar parte – sequer como mandatário – nos negócios que vierem a ser celebrados no interesse do proponente; o comissário pode receber poderes do comitente para representá-lo na conclusão dos contratos. D) Tanto o comissário quanto o corretor praticam, em nome próprio, os atos a eles incumbidos pelo comitente ou cliente, mas o primeiro tem sua atuação restrita à zona geográfica fixada no contrato; o agente deve atuar com exclusividade tão somente na mediação para realização de negócios em favor do proponente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão trata de comissão, corretagem e agência. Vejamos o que diz o código civil: Comissário Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente. (recebe comissão para tanto) Corretor Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. (faz intermediação) Agente Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 54 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 54 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Arnaldo, publicitário, é casado com Silvana, advogada, sob o regime de comunhão parcial de bens. Silvana sempre considerou diversificar sua atividade profissional e pensa em se tornar sócia de uma sociedade empresária do ramo de tecnologia. Para realizar esse investimento, pretende vender um apartamento adquirido antes de seu casamento com Arnaldo; este, mais conservador na área negocial, não concorda com a venda do bem para empreender. Sobre a situação descrita, assinale a afirmativa correta. A) Silvana não precisa deautorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois destina-se ao incremento da renda familiar. B) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária, por conta do regime da comunhão parcial de bens. C) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois se trata de bem particular. D) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária e decorre do casamento, independentemente do regime de bens. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A alternativa A está incorreta, já que, Silvana necessita da autorização de Arnaldo, pois são casados sob o regime de comunhão parcial de bens. A alternativa B está correta, dado que, a autorização de Arnaldo é necessária, conforme o art. 1.647, inc. I: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis”. A alternativa C está incorreta, porque se trata de bem particular, mas isso não importa na vigência do casamento, sendo necessária a autorização do cônjuge para alienar o bem. A alternativa D está incorreta, já que depende do regime, pois na separação absoluta de bens, tal autorização não é necessária. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 55 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 55 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Lucas, um grande industrial do ramo de couro, decidiu ajudar Pablo, seu amigo de infância, na abertura do seu primeiro negócio: uma pequena fábrica de sapatos. Lucas doou 50 prensas para a fábrica, mas Pablo achou pouco e passou a constantemente importunar o amigo com novas solicitações. Após sucessivos e infrutíferos pedidos de empréstimos de toda ordem, a relação entre os dois se desgasta a tal ponto que Pablo, totalmente fora de controle, atenta contra a vida de Lucas. Este, porém, sobrevive ao atentado e decide revogar a doação feita a Pablo. Ocorre que Pablo havia constituído penhor sobre as prensas, doadas por Lucas, para obter um empréstimo junto ao Banco XPTO, mas, para não interromper a produção, manteve as prensas em sua fábrica. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) Para a constituição válida do penhor, é necessário que as coisas empenhadas estejam em poder do credor. Como isso não ocorreu, o penhor realizado por Pablo é nulo. B) Tendo em vista que o Banco XPTO figura como terceiro de má-fé, a realização do penhor é causa impeditiva da revogação da doação feita por Lucas. C) Como causa superveniente da resolução da propriedade de Pablo, a revogação da doação operada por Lucas não interfere no direito de garantia dado ao Banco XPTO. D) Em razão da tentativa de homicídio, a revogação da doação é automática, razão pela qual os direitos adquiridos pelo Banco XPTO resolvem-se junto com a propriedade de Pablo. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Inicialmente, vê-se que houve atentado, pelo donatário, contra a vida do doador, classificando, desta forma, a denominada revogação por ingratidão, prevista no artigo 557, II, do Código Civil, causa está de resolução da propriedade: Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: I- se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; No entanto, tal situação não interfere na garantia real dada pelo donatário ao Banco XPTO, denominado credor pignoratício, uma vez que o artigo 1419, do Código Civil prevê que: Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. Desta forma, a situação havida entre doador e donatário não possuem a força, o condão, de extinguir a garantia real - penhor - dada ao credor pignoratício Banco XPTO. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 56 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 56 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Alberto, adolescente, obteve autorização de seus pais para casar-se aos dezesseis anos de idade com sua namorada Gabriela. O casal viveu feliz nos primeiros meses de casamento, mas, após certo tempo de convivência, começaram a ter constantes desavenças. Assim, a despeito dos esforços de ambos para que o relacionamento progredisse, os dois se divorciaram pouco mais de um ano após o casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu reunir algumas economias e adquiriu um pacote turístico para viajar pelo mundo e tentar esquecer o ocorrido. Considerando que Alberto tinha dezessete anos quando celebrou o contrato com a agência de turismo e que o fez sem qualquer participação de seus pais, o contrato é A) válido, pois Alberto é plenamente capaz. B) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz. C) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz. D) ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Questão resolvida analisando o artigo 5 Código Civil, vejamos: Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Tendo em vista que Alberto casou-se quando tinha 16 anos, resta-se configurada a emancipação legal matrimonial (ARTIGO 5º, P. ÚNICO, II). Mesmo quando eles se separaram, sabendo que o matrimônio foi contraído de boa-fé (caso não fosse, haveria a hipótese de casamento putativo, na qual o Alberto retornaria à situação de incapacidade), Alberto continua sendo civilmente capaz. A emancipação antecipa os efeitos CIVIS da aquisição da maioridade e da consequente capacidade civil plena que seriam obtidos ao fazer 18 anos. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 57 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 57 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Juliana, Lorena e Júlia são filhas de Hermes, casado com Dóris. Recentemente, em razão de uma doença degenerativa, Hermes tornou-se paraplégico e começou a exigir cuidados maiores para a manutenção de sua saúde. Nesse cenário, Dóris e as filhas Juliana e Júlia se revezavam a fim de suprir as necessidades de Hermes, causadas pela enfermidade. Quanto a Lorena, esta deixou de visitar o pai após este perder o movimento das pernas, recusando-se a colaborar com a família, inclusive financeiramente. Diante desse contexto, Hermes procura você, como advogado(a), para saber quais medidas ele poderá tomar para que, após sua morte, seu patrimônio não seja transmitido a Lorena. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) A pretensão de Hermes não poderá ser concretizada segundo o Direito brasileiro, visto que o descendente, herdeiro necessário, não poderá ser privado de sua legítima pelo ascendente, em nenhuma hipótese. B) Não é necessário que Hermes realize qualquer disposição ainda em vida, pois o abandono pelos descendentes é causa legal de exclusão da sucessão do ascendente, por indignidade. C) Existea possibilidade de deserdar o herdeiro necessário por meio de testamento, mas apenas em razão de ofensa física, injúria grave e relações ilicítas com madastra ou padrasto atribuídas ao descendente. D) É possível que Hermes disponha sobre deserdação de Lorena em testamento, indicando, expressamente, o seu desamparo em momento de grave enfermidade como causa que justifica esse ato. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. O desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade é uma das causas que autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes. Resposta encontrada na letra da lei, vejamos: Art. 1.962. Além das causas mencionadas no, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 58 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 58 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Lucas, interessado na aquisição de um carro seminovo, procurou Leonardo, que revende veículos usados. Ao final das tratativas, e para garantir que o negócio seria fechado, Lucas pagou a Leonardo um percentual do valor do veículo, a título de sinal. Após a celebração do contrato, porém, Leonardo informou a Lucas que, infelizmente, o carro que haviam negociado já havia sido prometido informalmente para um outro comprador, velho amigo de Leonardo, motivo pelo qual Leonardo não honraria a avença. Frustrado, diante do inadimplemento de Leonardo, Lucas procurou você, como advogado(a), para orientá- lo. Nesse caso, assinale a opção que apresenta a orientação dada. A) Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, com atualização monetária, juros e honorários de advogado, mas não o seu equivalente. B) Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, mais o seu equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado. C) Leonardo terá de restituir a Lucas apenas metade do valor pago a título de sinal, pois informou, tão logo quanto possível, que não cumpriria o contrato. D) Leonardo não terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, pois este é computado como início de pagamento, o qual se perde em caso de inadimplemento. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Conforme previsto no art. 418, vejamos: Art. 418. Se a parte que deu as arras (ou sinal) não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 59 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 59 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Vilmar, produtor rural, possui contratos de compra e venda de safra com diversos pequenos proprietários. Com o intuito de adquirir novos insumos, Vilmar procurou Geraldo, no intuito de adquirir sua safra, cuja expectativa de colheita era de cinco toneladas de milho, que, naquele momento, estava sendo plantado em sua fazenda. Como era a primeira vez que Geraldo contratava com Vilmar, ele ficou em dúvida quanto à estipulação do preço do contrato. Considerando a natureza aleatória do contrato, bem como a dúvida das partes a respeito da estipulação do preço deste, assinale a afirmativa correta. A) A estipulação do preço do contrato entre Vilmar e Geraldo pode ser deixada ao arbítrio exclusivo de uma das partes. B) Se Vilmar contratar com Geraldo a compra da colheita de milho, mas, por conta de uma praga inesperada, para cujo evento o agricultor não tiver concorrido com culpa, e este não conseguir colher nenhuma espiga, Vilmar não deverá lhe pagar nada, pois não recebeu o objeto contratado. C) Se Vilmar contratar com Geraldo a compra das cinco toneladas de milho, tendo sido plantado o exato número de sementes para cumprir tal quantidade, e se, apesar disso, somente forem colhidas três toneladas de milho, em virtude das poucas chuvas, Geraldo não receberá o valor total, em virtude da entrega em menor quantidade. D) A estipulação do preço do contrato entre Vilmar e Geraldo poderá ser deixada ao arbítrio de terceiro, que, desde logo, prometerem designar. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Questão resolvida na letra de lei, artigo 485 do Código Civil: Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 60 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 60 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. Esta, na condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária). Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a coleção de clássicos franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil reais), todos os livros da coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na Vara de Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava impugnar a validade do testamento e, por conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a coleção, pagando o respectivo preço. Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta. A) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela evicção, pois sabia que a coisa era litigiosa. B) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na data da avença, Renata não sabia da existência de litígio. C) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que recebeu em legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela evicção. D) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória, pois Marta soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Com fulcro no artigo 457 do Código Civil, vejamos in verbis: Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 61 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 61 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Márcia transitava pela via pública, tarde da noite, utilizando uma bicicleta que lhe fora emprestada por sua amiga Lúcia. Em certo momento, Márcia ouviu gritos oriundos de uma rua transversal e, ao se aproximar, verificou que um casal discutia violentamente. Ricardo, em estado de fúria e munido de uma faca, desferia uma série de ofensas à sua esposa Janaína e a ameaçava de agressãofísica. De modo a impedir a violência iminente, Márcia colidiu com a bicicleta contra Ricardo, o que foi suficiente para derrubá-lo e impedir a agressão, sem que ninguém saísse gravemente ferido. A bicicleta, porém, sofreu uma avaria significativa, de tal modo que o reparo seria mais caro do que adquirir uma nova, de modelo semelhante. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Lúcia não poderá ser indenizada pelo dano material causado à bicicleta. B) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta, mas não terá qualquer direito de regresso. C) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta. D) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá direito de regresso em face de Janaína. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Comentário das alternativas: A) Lúcia não poderá ser indenizada pelo dano material causado à bicicleta. Lúcia é dona da coisa lesada não teve culpa do perigo apresentado da questão contra Janaina, logo faz jus a indenização material. (art. 929, CC). B) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta, mas não terá qualquer direito de regresso. Márcia terá direito de regresso, pois o perigo se deu por culpa de terceiro (art. 930, caput, CC). C) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta. Art. 930, parágrafo único do Código Civil dispõe a exceção: "A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano.", ou seja, aplica-se a regressão também contra a Janaína. Obs.: Para responder à questão deve esquecer se o ato praticado foi ilícito ou não, descrito nos art. 188, CC porque a questão quer saber sobre responsabilidade civil e não sobre ato ilícito. D) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá direito de regresso em face de Janaína. Por mais ilógico que pareça sim TAMBÉM terá direito contra aquele que deu causa ao dano devido a necessidade de defesa. Art. 930, parágrafo único do Código Civil. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 62 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 62 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma casa de 500 m2 registrada em nome de Bruno, que lhe vendeu o imóvel a preço de mercado. A escritura e o registro foram realizados de maneira usual. Em 05/09/2005, o imóvel foi alugado, e Aloísio passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela locação, por um período de 6 anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma ação reivindicatória movida por Elisabeth, que pleiteia a retomada do imóvel e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a título de locação, desde o momento da sua celebração. Uma vez que Elisabeth é judicialmente reconhecida como a verdadeira proprietária do imóvel em 10/10/2011, pergunta-se: é correta a pretensão da autora ao recebimento de todos os aluguéis recebidos por Aloísio? A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria contestação automaticamente transforma a posse de Aloísio em posse de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os valores recebidos pelo possuidor devem ser ressarcidos. B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após uma sentença favorável ao pedido de Elisabeth, na reivindicatória, é que seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o que caracterizaria a transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé. Como o possuidor de má-fé tem direito aos frutos, Aloísio não é obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação. C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a posse de Aloísio passa a ser qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo – momento em que Aloísio tomou conhecimento dos fatos ao final reputados como verdadeiros –, exigindo, em tais condições, a devolução dos frutos recebidos entre 10/10/2009 e a data de encerramento do contrato de locação. D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer valor, pois, sendo possuidor com justo título, tem, em seu favor, a presunção absoluta de veracidade quanto a sua boa-fé. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A alternativa A está incorreta, dado que somente a partir da citação a posse de Aloísio passou a ser de má- fé, devendo os valores serem devolvidos a partir desse momento. A alternativa B está incorreta, pois desde a citação a posse é considerada de má-fé, não a partir da sentença, tendo em vista que a citação é o ato pelo qual “as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”. A alternativa C está correta, já que a partir da citação a posse se torna de má-fé, nos termos do art. 1.202: “A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”. Assim, os frutos deverão ser devolvidos a partir da data da citação, de acordo com o art. 1.216: “O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio”. A alternativa D está incorreta, conforme explicado nas alternativas anteriores. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 63 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 63 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Gumercindo, 77 anos de idade, vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não atingissem sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma distração de seu enfermeiro, conseguiu evadir- se da casa em que residia. A despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi encontrado, e já se passaram nove anos do seu desaparecimento. Agora, seus parentes lidam com as dificuldades relativas à administração e disposição do seu patrimônio. Assinale a opção que indica o que os parentes devem fazer para receberem a propriedade dos bens de Gumercindo. A) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível a decretação de sua morte e a transferência da propriedade dos bens para os herdeiros. B) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de curador dos bens, e, após um ano, a sucessão provisória; a sucessão definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só poderá ocorrer depois de dez anos de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória. C) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já teria mais de oitenta anos de idade, e as últimas notícias dele datam de mais de cinco anos. D) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, por ele se encontrar desaparecido há mais de dois anos, abrindo-se, assim, a sucessão. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Conforme previsto no artigo 38 do Código Civil: Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta com oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 64 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 64 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Asdrúbal praticou feminicídio contra sua esposa Ermingarda, com quem tinha três filhos, dois menoresde 18 anos e um maior. Nesse caso, quanto aos filhos, assinale a afirmativa correta. A) Asdrúbal terá suspenso o poder familiar sobre os três filhos, por ato de autoridade policial. B) Asdrúbal perderá o poder familiar sobre os filhos menores, por ato judicial. C) Asdrúbal terá suspenso o poder familiar sobre os filhos menores, por ato judicial. D) Asdrúbal perderá o poder familiar sobre os três filhos, por ato de autoridade policial. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Letra de lei, artigo 1.635 do Código Civil, vejamos: Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: I - pela morte dos pais ou do filho; II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único; III - pela maioridade; IV - pela adoção; V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 65 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 65 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Mariana e Maurílio são filhos biológicos de Aldo. Este, por sua vez, nunca escondeu ser mais próximo de seu filho Maurílio, com quem diariamente trabalhava. Quando do falecimento de Aldo, divorciado na época, seus filhos constataram a existência de testamento, que destinou todos os bens do falecido exclusivamente para Maurílio. Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) O testamento de Aldo deverá ser integralmente cumprido, e, por tal razão, todos os bens do autor da herança serão transmitidos a Maurílio. B) A disposição de última vontade é completamente nula, porque Mariana é herdeira necessária, devendo os bens ser divididos igualmente entre os dois irmãos. C) Deverá haver redução da disposição testamentária, respeitando-se, assim, a legítima de Mariana, herdeira necessária, que corresponde a um quinhão de 50% da totalidade herança. D) Deverá haver redução da disposição testamentária, respeitando a legítima de Mariana, herdeira necessária, que corresponde a um quinhão de 25% da totalidade da herança. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Vejamos o que diz o Código Civil: Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima. Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites dela, de conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes. § 1 Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível, serão proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu valor. § 2 Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, certos herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-se a seu respeito a ordem estabelecida no parágrafo antecedente. Da análise dos artigos citados, podemos entender que deverá haver redução da disposição testamentária, respeitando a legítima de Mariana, herdeira necessária, que corresponde a um quinhão de 25% da totalidade da herança, uma vez que os outros 25% pertencem à Maurílio, o outro herdeiro necessário. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 66 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 66 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Eva celebrou com sua neta Adriana um negócio jurídico, por meio do qual doava sua casa de praia para a neta caso esta viesse a se casar antes da morte da doadora. O ato foi levado a registro no cartório do Registro de Imóveis da circunscrição do bem. Pouco tempo depois, Adriana tem notícia de que Eva não utilizava a casa de praia há muitos anos e que o imóvel estava completamente abandonado, deteriorando- se a cada dia. Adriana fica preocupada com o risco de ruína completa da casa, mas não tem, por enquanto, nenhuma perspectiva de casar-se. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Adriana pode exigir que Eva autorize a realização de obras urgentes no imóvel, de modo a evitar a ruína da casa. B) Adriana nada pode fazer para evitar a ruína da casa, pois, nos termos do contrato, é titular de mera expectativa de fato. C) Adriana pode exigir que Eva lhe transfira desde logo a propriedade da casa, mas perderá esse direito se Eva vier a falecer sem que Adriana tenha se casado. D) Adriana pode apressar-se para casar antes da morte de Eva, mas, se esta já tiver vendido a casa de praia para uma terceira pessoa ao tempo do casamento, a doação feita para Adriana não produzirá efeito. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A alternativa A está correta, pois apesar de Adriana não ter direito adquirido, já que pendente condição suspensiva, nos termos do art. 125, ela tem o direito de conservar o bem, conforme previsão do art. 130: “Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo”. A alternativa B está incorreta, tendo em vista que Adriana pode praticar atos relativos à conservação do bem. A alternativa C está incorreta, já que Adriana não pode exigir a entrega do bem, pois pendente condição suspensiva. Ela não tem direito adquirido enquanto esta não se verificar. A alternativa D está incorreta, porque Eva não pode dispor do bem enquanto estive pendente a condição suspensiva (art. 126), e, quando verificado o cumprimento, Adriana adquire o imóvel. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 67 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 67 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Arnaldo institui usufruto de uma casa em favor das irmãs Bruna e Cláudia, que, no intuito de garantir uma fonte de renda, alugam o imóvel. Dois anos depois da constituição do usufruto, Cláudia falece, e Bruna, mesmo sem “cláusula de acrescer” expressamente estipulada, passa a receber integralmente os valores decorrentes da locação. Um ano após o falecimento de Cláudia, Arnaldo vem a falecer. Seus herdeiros pleiteiam judicialmente uma parcela dos valores integralmente recebidospor Bruna no intervalo entre o falecimento de Cláudia e de Arnaldo e, concomitantemente, a extinção do usufruto em função da morte de seu instituidor. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) Na ausência da chamada “cláusula de acrescer”, parte do usufruto teria se extinguido com a morte de Cláudia, mas o usufruto como um todo não se extingue com a morte de Arnaldo. B) Bruna tinha direito de receber a integralidade dos aluguéis independentemente de estipulação expressa, tendo em vista o grau de parentesco com Cláudia, mas o usufruto automaticamente se extingue com a morte de Arnaldo. C) A morte de Arnaldo só extingue a parte do usufruto que caberia a Bruna, mas permanece em vigor no que tange à parte que cabe a Cláudia, legitimando os herdeiros desta a receberem metade dos valores decorrentes da locação, caso esta permaneça em vigor. D) A morte de Cláudia extingue integralmente o usufruto, pois instituído em caráter simultâneo, razão pela qual os herdeiros de Arnaldo têm direito de receber a integralidade dos valores recebidos por Bruna, após o falecimento de sua irmã. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A resolução da questão pode ser encontrada no Código Civil, artigo 1.411, vejamos: Art. 1.411 do Código Civil: Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente” Em regra a extinção do usufruto se dá pelas hipóteses do art. 1410 do Código Civil, dentre elas pela morte ou renúncia do usufrutuário e revogação do usufruto. A morte de quem instituiu o usufruto não extingue ele apenas transfere o direito de propriedade aos herdeiros. Se existe pluralidade de usufrutuários os direitos e deveres incidirá somente na sua quota parte. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 68 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 68 - (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/IX EXAME/2012) Em julho de 2012, em razão de desavenças irreconciliáveis, Miguel e Letícia rompem a sociedade conjugal que mantinham e divorciam-se. A guarda do único filho do casal, Pedro, é compartilhada entre os pais. Ocorre que Edith, avó paterna de Pedro, sentindo o afastamento do neto em razão dos ressentimentos surgidos após a separação, pretende propor medida judicial visando garantir seu direito de visita a Pedro. Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta. a) Os únicos titulares do direito de visita são os pais biológicos de Pedro, podendo Edith acompanhar o desenvolvimento do neto nos momentos em que a guarda estiver sendo exercitada por seu filho Miguel. b) As disposições relativas à guarda, visita e prestação de alimentos aos filhos menores estendem-se somente aos pais de Pedro e, somente na falta destes, poderá haver a participação dos demais ascendentes. c) Edith não poderá promover a medida judicial por ausência de previsão legal neste sentido. d) O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Questão fundamentada no art. 1.589, parágrafo único, do CC. Art. 1.589. Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 69 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 69 - (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/VI EXAME/2011) Rejane, solteira, com 16 anos de idade, órfã de mãe e devidamente autorizada por seu pai, casa-se com Jarbas, filho de sua tia materna, sendo ele solteiro e capaz, com 23 anos de idade. A respeito do casamento realizado, é correto afirmar que é: a) nulo, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas. b) é anulável, tendo em vista que, por ser órfã de mãe, Rejane deveria obter autorização judicial a fim de suprir o consentimento materno. c) válido. d) anulável, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta Letra c. Questão fundamentada no art. 1.517 do CC. Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 70 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 70 - (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/VI EXAME/2011) João foi registrado ao nascer com o gênero masculino. Em 2008, aos 18 anos, fez cirurgia para correção de anomalia genética e teve seu registro retificado para o gênero feminino, conforme sentença judicial. No registro não constou textualmente a indicação de retificação, apenas foi lavrado um novo termo, passando a adotar o nome de Joana. Em julho de 2010, casou-se com Antônio, homem religioso e de família tradicional interiorana, que conheceu em janeiro de 2010, por quem teve uma paixão fulminante e correspondida. Joana omitiu sua história registral por medo de não ser aceita e perdê-lo. Em dezembro de 2010, na noite de Natal, a tia de Joana revela a Antônio a verdade sobre o registro de Joana/João. Antônio, não suportando ter sido enganado, deseja a anulação do casamento. Conforme a análise da hipótese formulada, é correto afirmar que o casamento de Antônio e Joana: a) só pode ser anulado até 90 dias da sua celebração. b) poderá ser anulado pela identidade errônea de Joana/João perante Antônio e a insuportabilidade da vida em comum. c) é inexistente, pois não houve a aceitação adequada, visto que Antônio foi levado ao erro de pessoa, o que tornou insuportável a vida em comum do casal. d) é nulo; portanto, não há prazo para a sua arguição. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra b. Questão aborda hipótese de anulação de casamento por vício de vontade, cujo fundamentado encontra-se nos arts. 1.557, inciso I, e 1.560, inciso III, do CC. Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de: III – três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 71 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 71 - (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/VI EXAME/2011) Augusto, viúvo, pai de Gustavo e Fernanda, conheceu Rita e com ela manteve, por dez anos, um relacionamento amoroso contínuo, público, duradouro e com objetivo de constituir família. Nesse período, Augusto não se preocupou em fazer o inventário dos bens adquiridos quando casado e em realizar a partilha entre os herdeiros Gustavo e Fernanda. Em meados de setembro do corrente ano, Augusto resolveu romper o relacionamento com Rita. Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil, assinale a opção correta. a) A ausência de partilha dos bens de Augusto com seus herdeiros Gustavo e Fernanda caracteriza causa suspensiva do casamento, o que obsta o reconhecimento da união estável entre Rita e Augusto. b) Sendo reconhecida a união estável entre Augusto e Rita, aplicar-se-ão à relação patrimonial as regras do regimede comunhão universal de bens, salvo se houver contrato dispondo de forma diversa. c) Em razão do fim do relacionamento amoroso, Rita poderá pleitear alimentos em desfavor de Augusto, devendo, para tanto, comprovar o binômio necessidade-possibilidade. d) As dívidas contraídas por Augusto, na constância do relacionamento com Rita, em proveito da entidade familiar, serão suportadas por Rita de forma subsidiária. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. a) Errada. A ausência de partilha de bens não impede o reconhecimento da união estável. Segunda a afirmativa, Augusto e Rita constituíram família, conforme o instituto da união estável. b) Errada. Em desacordo com o art. 1.725 do CC. Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. c) Correta. Vide o art. 1.694 do CC. Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. d) Errada. Em desacordo com os arts. 1.643 e 1.644 do CC. Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro: I – comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica; II – obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir. Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 72 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 72 - (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/VI EXAME/2011) Júlio, casado com Isabela durante 23 anos, com quem teve 3 filhos, durante audiência realizada em ação de divórcio cumulada com partilha de bens proposta por Isabela, reconhece, perante o Juízo de Família, um filho havido de relacionamento extraconjugal. Posteriormente, arrependido, Júlio deseja revogar tal reconhecimento. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. a) O reconhecimento de filho só é válido se for realizado por escritura pública ou testamento. b) O reconhecimento de filho realizado por Júlio perante o Juízo de Família é ato irrevogável. c) O reconhecimento de filho em Juízo só tem validade em ação própria com essa finalidade. d) Júlio só poderia revogar o ato se este tivesse sido realizado por testamento. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. a) Errada. Em desacordo com o art. 1.609 do CC. Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: I – no registro do nascimento; II – por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; III – por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; IV – por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. b) Correta. Vide os arts. 1.609, caput, e 1.610 do CC. Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento. c) Errada. Em desacordo com o art. 1.609, IV, do CC. Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: IV – por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. d) Errada. Em desacordo com o art. 1.610 do CC. Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 73 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 73 - (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/VII EXAME/2012) A respeito da perfilhação é correto dizer que: a) constitui ato formal, de livre vontade, irretratável, incondicional e personalíssimo. b) se torna perfeita exclusivamente por escritura pública ou instrumento particular. c) não admite o reconhecimento de filhos já falecidos, quando estes hajam deixado descendentes. d) em se tratando de filhos maiores, dispensa-se o consentimento destes. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Perfilhação é o reconhecimento voluntário de filhos, conforme previsto no art. 1.609 do CC. Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: I – no registro do nascimento; II – por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; III – por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; IV – por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. Segundo ensina nossa doutrina, tal reconhecimento é ato formal, de livre vontade, irretratável, incondicional e personalíssimo. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 74 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 74 - (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/VI EXAME/2011) A respeito do poder familiar, assinale a alternativa correta. a) O filho que possua dezesseis anos de idade, ainda que tenha contraído casamento válido, permanece sujeito ao poder familiar de seus pais até que complete dezoito anos de idade. b) Na constância do casamento entre os pais, havendo falta ou impedimento de um deles, caberá ao outro obter autorização judicial, a fim de exercer com exclusividade o poder familiar sobre os filhos comuns do casal. c) Exorbita os limites do exercício do poder familiar exigir que os filhos prestem quaisquer serviços aos pais, ainda que sejam considerados próprios para a idade e condição daqueles. d) Não é autorizado ao novo cônjuge interferir no poder familiar exercido por sua esposa sobre os filhos por ela havidos na constância do primeiro casamento, mesmo em caso de falecimento do pai das crianças. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. a) Errada. Em desacordo com o art. 1.635, II, do CC. Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: II – pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único; Art. 5o. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. b) Errada. No casamento e na união estável, o poder familiar compete aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade, independentemente de autorização judicial. c) Errada. Em desacordo com o art. 1.634, IX, do CC. Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. d) Correta. Vide o art. 1.636 do CC. Art. 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjugeou companheiro. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 75 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 75 - (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/II EXAME/2010) Jane e Carlos constituíram uma união estável em julho de 2003 e não celebraram contrato para regular as relações patrimoniais decorrentes da aludida entidade familiar. Em março de 2005, Jane recebeu R$ 100.000,00 (cem mil reais) a título de doação de seu ti o Túlio. Com os R$ 100.000,00 (cem mil reais), Jane adquiriu em maio de 2005 um imóvel na Barra da Tijuca. Em 2010, Jane e Carlos se separaram. Carlos procura um advogado, indagando se tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005. Assinale a alternativa que indique a orientação correta a ser exposta a Carlos. a) Por se tratar de bem adquirido a título oneroso na vigência da união estável, Carlos tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005. b) Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005 porque, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre os mesmos o regime da separação total de bens. c) Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005 porque, em virtude da ausência de contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre os mesmos o regime da comunhão parcial de bens, que exclui dos bens comuns entre os consortes aqueles doados e os sub-rogados em seu lugar. d) Carlos tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005 porque, muito embora o referido bem tenha sido adquirido com o produto de uma doação, não se aplica a sub- rogação de bens na união estável. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Para resolver a questão, devemos, primeiramente, ter em mente que à união estável aplica-se o regime da comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito entre os companheiros, vejamos o art. 1.725 do CC. Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Agora, observemos regras a respeito do regime de comunhão parcial de bens: • regra geral, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento; • excluem-se da comunhão segundo o art. 1.659 do CC: Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II – os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III – as obrigações anteriores ao casamento; IV – as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V – os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. Conclui-se, após rápida análise, que Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane, na Barra da Tijuca, em maio de 2005, pois, em virtude da ausência de contrato escrito entre os companheiros. Aplica- se às relações patrimoniais entre os mesmos o regime da comunhão parcial de bens, que exclui dos bens comuns entre os consortes aqueles doados e os sub-rogados em seu lugar. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 76 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 76 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/XIII EXAME/2014) Antônio, muito necessitado de dinheiro, decide empenhar uma vaca leiteira para iniciar um negócio, acreditando que, com o sucesso do empreendimento, terá o animal de volta o quanto antes. Sobre a hipótese de penhor apresentada, assinale a afirmativa correta. a) Se a vaca leiteira morrer, ainda que por descuido do credor, Antônio poderá ter a dívida executada judicialmente pelo credor pignoratício. b) As despesas advindas da alimentação e outras necessidades da vaca leiteira, devidamente justificadas, consistem em ônus do credor pignoratício, sendo vedada a retenção do animal para obrigar Antônio a indenizá-lo. c) Se Antônio não quitar sua dívida com o credor pignoratício, o penhor estará automaticamente extinto e, declarada sua extinção, poder-se-á proceder à adjudicação judicial da vaca leiteira. d) Caso o credor pignoratício perceba que, devido a uma doença que subitamente atingiu a vaca leiteira, sua morte está próxima, o CC/02 permite a sua venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, situação que pode ser impedida por Antônio por meio da sua substituição. Já sabemos que o penhor – direito real de garantia – é a transferência efetiva da posse de uma coisa móvel realizada pelo devedor ao credor com o objetivo de garantir o pagamento de um débito. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Observemos, ainda, dois conceitos: • Devedor pignoratício: contrai o débito e transfere a posse do bem; e • Credor pignoratício: possui o crédito garantido pelo penhor. Letra d. Veja o art. 1.433, VI, do CC: Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito: VI – a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea. Análise das demais alternativas: a) Errada. O credor pignoratício deve proteger a coisa recebida em garantia. Veja o art. 1.435 do CC: Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado: I – à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade; Se por culpa do credor for perdida a coisa, o credor não poderá cobrar de Antônio, salvo eventual compensação a que tiver direito. b) Errada. Em desacordo com o art. 1.433, II, do CC. Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito: II – à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua; c) Errada. Regra geral, o penhor é extinto com o adimplemento da obrigação. É executável judicialmente o quantum devido pela não quitação do débito. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 77 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 77 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/XVI EXAME/2015) A Companhia GAMA e o Banco RENDA celebraram entre si contrato de mútuo, por meio do qual a companhia recebeu do banco a quantia de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), obrigando-se a restituí- la, acrescida dos juros convencionados, no prazo de três anos, contados da entrega do numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia GAMA constituiu, em favor do Banco RENDA, por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, direito real de hipoteca sobre determinado imóvel de sua propriedade. A Companhia GAMA, dois meses depois, celebrou outro contrato de mútuo com o Banco BETA, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), obrigando-se a restituir a quantia, acrescida dos juros convencionados, no prazo de dois anos, contados da entrega do numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia GAMA constituiu, em favor do Banco BETA, por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, uma segunda hipoteca sobre o mesmo imóvel gravado pela hipoteca do Banco RENDA. Chegado o diado vencimento do mútuo celebrado com o Banco BETA, a Companhia GAMA não reembolsou a quantia devida ao banco, muito embora tivesse bens suficientes para honrar todas as suas dívidas. Nesse caso, é correto afirmar que a) o Banco BETA tem direito a promover imediatamente a execução judicial da hipoteca que lhe foi conferida. b) a hipoteca constituída pela companhia GAMA em favor do Banco BETA é nula, uma vez que o bem objeto da garantia já se encontrava gravado por outra hipoteca. c) a hipoteca constituída pela GAMA em favor do Banco BETA é nula, uma vez que tal hipoteca garante dívida cujo vencimento é inferior ao da dívida garantida pela primeira hipoteca, constituída em favor do Banco RENDA. d) o Banco BETA não poderá promover a execução judicial da hipoteca que lhe foi conferida antes de vencida a dívida contraída pela Companhia GAMA junto ao Banco RENDA. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Observe os arts. 1.476 (sub-hipoteca) e 1.477 do CC. Art. 1.476. O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, me- diante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor. Art. 1.477. Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da segunda hipoteca, embora vencida, não poderá executar o imóvel antes de vencida a primeira. Parágrafo único. Não se considera insolvente o devedor por faltar ao pagamento das obrigações garantidas por hipotecas posteriores à primeira. Com base no texto da lei citado, temos que o Banco BETA não poderá promover a execução judicial da hipoteca que lhe fora conferida antes de vencida a dívida contraída pela Companhia GAMA junto ao Banco RENDA. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 78 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 78 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/IX EXAME/2012) De acordo com as regras atinentes à hipoteca, assinale a afirmativa correta. a) O Código Civil não admite a divisibilidade da hipoteca em casos de loteamento do imóvel hipotecado. b) O ordenamento jurídico admite a instituição de nova hipoteca sobre imóvel hipotecado, desde que seja dada em favor do mesmo credor. c) Segundo o Código Civil, o adquirente de bem hipotecado não pode remir a hipoteca para que seja extinto o gravame pendente sobre o bem sem autorização expressa de todos credores hipotecários. d) A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Veja o art. 1.487 do CC: Art. 1.487. A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido. Análise das demais alternativas: a) Errada. Em desacordo com o art. 1.488 do CC. Art. 1.488. Se o imóvel, dado em garantia hipotecária, vier a ser loteado, ou se nele se constituir condomínio edilício, poderá o ônus ser dividido, gravando cada lote ou unidade autônoma, se o requererem ao juiz o credor, o devedor ou os donos, obedecida a proporção entre o valor de cada um deles e o crédito. b) Errada. Em desacordo com o art. 1.476 (sub-hipoteca) do CC. Art. 1.476. O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor. c) Errada. Veja a seguinte lição: o adquirente do imóvel hipotecado terá o direito de resgatá-lo, liberando-o desse ônus, pois, caso contrário, terá de se sujeitar à excussão do imóvel. Essa remição ou resgate extingue a hipoteca, mas não o crédito, porque a dívida não é quitada, e o devedor terá de pagar seu débito ao adquirente do imóvel, que se sub-roga nos direitos do primitivo credor hipotecário (DINIZ, Maria Helena, Código Civil Anotado, 15o ed. Saraiva: São Paulo, p. 1.029). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 79 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 79 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/II EXAME/2010) Passando por dificuldades financeiras, Alexandre instituiu uma hipoteca sobre imóvel de sua propriedade, onde reside com sua família. Posteriormente, foi procurado por Amanda, que estaria disposta a adquirir o referido imóvel por um valor bem acima do mercado. Consultando seu advogado, Alexandre ouviu dele que não poderia alienar o imóvel, já que havia uma cláusula na escritura de instituição da hipoteca que o proibia de alienar o bem hipotecado. A opinião do advogado de Alexandre a) está incorreta, porque a hipoteca instituída não produz efeitos, pois, na hipótese, o direito real em garanti a ser instituído deveria ser o penhor. b) está incorreta, porque Alexandre está livre para alienar o imóvel, pois a cláusula que proíbe o proprietário de alienar o bem hipotecado é nula. c) está incorreta, uma vez que a hipoteca é nula, pois não é possível instituir hipoteca sobre bem de família do devedor hipotecário. d) está correta, porque em virtude da proibição contratual, Alexandre não poderia alienar o imóvel enquanto recaísse sobre ele a garanti a hipotecária. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Questão fundamentada no art. 1.475 do CC. Vejamos a análise de todas as alternativas: Alternativa A: Incorreta: penhor recai sobre coisas móveis. Art. 1.431, CC. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação. Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar. Alternativa B: Correta: Segundo o CC, Art. 1.475. É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. Parágrafo único. Pode convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado. Alternativa C: Incorreta: Segundo o artigo 3º, inciso V, da Lei 8.009/90, a hipoteca pode ser constituída sobre bem de família. E, no caso de execução, não se poderá alegar que se trata de bem de família, caso instituída como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar. Alternativa D: Incorreta: já vimos acima que o contrato não pode estabelecer tal cláusula. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 80 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 80 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/XVII EXAME/2015) Mateus é proprietário de um terreno situado em área rural do estado de Minas Gerais. Por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, Mateus concede, pelo prazo de vinte anos, em favor de Francisco, direito real de superfície sobre o aludido terreno. A escritura prevê que Francisco deverá ali construir um edifício que servirá de escola para a população local. A escritura ainda prevê que, em contrapartida à concessão da superfície, Francisco deverá pagar a Mateus a quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A escritura também prevê que, em caso de alienação do direito de superfície por Francisco, Mateus terá direito a receber quantia equivalente a 3% do valor da transação. Nesse caso, é correto afirmar que a) é nula a concessão de direito de superfície por prazo determinado, haja vista só se admitir, no direito brasileiro, a concessão perpétua. b) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em contrapartida à concessão do direito de superfície, haja vista ser a concessão ato essencialmente gratuito. c) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o pagamento de determinada quantia em caso de alienação do direito de superfície. d) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício noterreno. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Questão fundamentada no art. 1.475 do CC. Art. 1.475. É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. Análise das demais alternativas: a) Errada. Em desacordo com o art. 1369 do CC. Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. b) Errada. Em desacordo com o art. 1.370 do CC. Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente. c) Certa. Veja o art. 1.372, parágrafo único do CC: Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros. Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pela concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência. d) Errada. Em desacordo com o art. 1.369 do CC. Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 81 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 81 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/XII EXAME/2013) Alexandre, pai de Bruno, celebrou contrato com Carlos, o qual lhe concedeu o direito de superfície para realizar construção de um albergue em seu terreno e explorá-lo por 10 anos, mediante o pagamento da quantia de R$100.000,00. Passados quatro anos, Alexandre veio a falecer. Diante do negócio jurídico celebrado, assinale a afirmativa INCORRETA. a) O superficiário pode realizar obra no subsolo, de modo a ampliar sua atividade. b) O superficiário responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel. c) O direito de superfície será transferido a Bruno, em razão da morte de Alexandre. d) O superficiário terá direito de preferência, caso Carlos decida vender o imóvel. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Em desacordo com o art. 1369, parágrafo único do CC. Art. 1.369, parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão. Análise das demais alternativas: b) Certa. Veja o art. 1.371 do CC: Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel. c) Certa. Veja o art. 1.372 do CC: Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros. d) Certa. Em se tratando de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário ou o proprietário (Alexandre e Bruno) faz jus à preferência, em igualdade de condições. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 82 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 82 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/XXIV EXAME/2017) George Laurentino constituiu servidão de vista no registro competente, em favor de Januário, assumindo o compromisso de não realizar qualquer ato ou construção que embarace a paisagem de que Januário desfruta em sua janela. Após o falecimento de Laurentino, seu filho Lucrécio decide construir mais dois pavimentos na casa para ali passar a habitar com sua esposa. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. a) Januário não pode ajuizar uma ação possessória, eis que a servidão é não aparente. b) Diante do falecimento de Laurentino, a servidão que havia sido instituída automaticamente se extinguiu. c) A servidão de vista pode ser considerada aparente quando houver algum tipo de aviso sobre sua existência. d) Januário pode ajuizar uma ação possessória, provando a existência da servidão com base no título. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Veja o art. 1.213 CC: Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve. a) Errada. Veja o que leciona Cristiano Chaves de Faria (Direitos reais. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 641): [...] as ações possessórias são utilizadas contra qualquer um que impeça ou embarace o exercício da posse pelo titular do prédio dominante, mediante esbulho ou turbação da quase-posse. Certamente só há possibilidade de agressão em face de servidões aparentes (v.g. servidão de aqueduto, servidão de passagem), haja vista que as servidões não-aparentes não deixam vestígios e, portanto, não podem ser exteriorizadas por atos materiais. b) Errada. No capítulo III – Da Extinção das Servidões (arts. 1.387 – 1.389) não há previsão trazida no enunciado, veja: Art. 1.387. Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez registrada, só se extingue, com respeito a terceiros, quando cancelada. Parágrafo único. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor. Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne: I – quando o titular houver renunciado a sua servidão; II – quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que determinou a constituição da servidão; III – quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão. Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção: I – pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; II – pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso; III – pelo não uso, durante dez anos contínuos. c) Errada. A simples ocorrência de aviso não desfigura uma servidão não aparente, tendo em vista que a diferença entre a servidão não aparente e a aparente é a ausência de manifestação de existência por meio de obras externas. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 83 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 83 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/VI EXAME/2011) Glicério construiu a casa onde reside há oito anos com duas janelas rentes à divisa do terreno. A disposição das janelas na divisa teve como objetivo a iluminação, a ventilação e a vista. Na época, seu vizinho não se opôs à construção. Ocorre que o lote vizinho foi vendido a terceiro, e este levantou um muro rente à parede em que se encontram as janelas. Considerando a situação hipotética e as regras de direitos reais, assinale a alternativa correta. a) Por ter transcorrido o prazo prescricional de ano e dia da data da abertura das janelas, não poderá mais o proprietário do prédio lindeiro exigir o desfazimento da abertura irregular da janela. b) Não se aplica o prazo decadencial de ano e dia para demolição e fechamento das janelas abertas irregularmente se o proprietário do prédio lindeiro se manifestou expressamente contrário à feitura da obra na época da construção. c) Considerando a hipótese de a construção ter sido realizada de maneira irregular e o proprietário do prédio lindeiro ter, no momento da construção, anuído de maneira tácita, mesmo antes de ano e dia serão aplicáveis as regras de servidão de utilidade. d) O terceiro adquirente do prédio vizinho poderá, a todo tempo, levantar uma edificação no seu prédio; todavia, fica impossibilitado de vedar a claridade e a ventilação da casa do Glicério. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Veja o art. 1.302, parágrafoúnico, CC: Art. 1.302. Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade. a) Errada. O lesado, com o fito de se resguardar contra a construção irregular, poderá, dentro do prazo decadencial de ano e dia contado da conclusão da obra, exigir que o desfazimento da construção irregular, através da propositura de ação demolitória. c) Errada. Recorramos à doutrina pátria para solução da alternativa: O proprietário confinantes que, presumidamente, anuiu na construção, uma vez que a ela não se opôs, poderá mover ação de nunciação de obra nova, que somente poderá ser deferia durante a construção para obstar que na edificação levantada no prédio vizinho se abra janela a menos de metro e meio da linha divisória ou se faça beiral que deite água no seu terreno, dentro do prazo decadencial de ano e dia. (DINIZ, Maria Helena, Código Civil Anotado, 15o ed. Saraiva: São Paulo, p. 911) d) Errada. No caso de vãos, o vizinho poderá, a qualquer tempo, levantar edificação, ou contramuro, ainda que se obstrua a claridade. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 84 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 84 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/XVII Exame/2015) Angélica concede a Otávia, pelo prazo de vinte anos, direito real de usufruto sobre imóvel de que é proprietária. O direito real é constituído por meio de escritura pública, que é registrada no competente Cartório do Registro de Imóveis. Cinco anos depois da constituição do usufruto, Otávia falece, deixando como única herdeira sua filha Patrícia. Sobre esse caso, assinale a afirmativa correta. a) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel. b) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel. c) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de Otávia. d) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva do seu direito real de usufruto sobre o imóvel. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Angélica e Otávia tinham relação de usufruto, na qual a propriedade se desmembra entre o nu-proprietário (Angélica) e o usufrutuário (Otávia). Entretanto, morto o usufrutuário será extinto o usufruto, disposição previsto no art. 1.410, I do CC, veja: Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: I – pela renúncia ou morte do usufrutuário; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 85 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 85 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/XIV Exame/2014) Sara e Bernardo doaram o imóvel que lhes pertencia a Miguel, ficando o imóvel gravado com usufruto em favor dos doadores. Dessa forma, quanto aos deveres dos usufrutuários, assinale a afirmativa INCORRETA: a) Não devem pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto. b) Devem arcar com as despesas ordinárias de conservação do bem no estado em que o receberam. c) Devem arcar com os tributos inerentes à posse da coisa usufruída. d) Não devem comunicar ao dono a ocorrência de lesão produzida contra a posse da coisa. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Em desacordo com o art. 1.406 do CC: Art. 1.406. O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste. Análise das demais alternativas: a) Certa. Veja o art. 1.402 do CC: Art. 1.402. O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto. B e c) Certas. Veja o art. 1.403, I e II, do CC: Art. 1.403. Incumbem ao usufrutuário: I – as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu; II – as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 86 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 86 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/IV EXAME/2011) Noêmia, proprietária de uma casa litorânea, regularmente constituiu usufruto sobre o aludido imóvel em favor de Luísa, mantendo, contudo, a sua propriedade. Inesperadamente, sobreveio uma severa ressaca marítima, que destruiu por completo o imóvel. Ciente do ocorrido, Noêmia decidiu reconstruir integralmente a casa às suas expensas, tendo em vista que o imóvel não se encontrava segurado. A respeito da situação narrada, assinale a alternativa correta. a) O usufruto será mantido em favor de Luísa, tendo em vista que o imóvel não fora destruído por culpa sua. b) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em favor de Noêmia, independentemente do pagamento de indenização a Luísa, tendo em vista que Noêmia arcou com as despesas de reconstrução do imóvel. c) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em favor de Noêmia, desde que esta indenize Luísa em valor equivalente a um ano de aluguel do imóvel. d) O usufruto será mantido em favor de Luísa, independentemente do pagamento de qualquer quantia por ela, tendo em vista que Noêmia somente poderia ter reconstruído o imóvel mediante autorização expressa de Luísa, por escritura pública ou instrumento particular. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Questão fundamentada no art. 1.408 do CC. Veja: Art. 1.408. Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o usufruto. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 87 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 87 - (FGV/OAB UNIFICADO NACIONAL/XXIV EXAME/2017) Quincas adentra terreno vazio e, de forma pública, passa a construir ali a sua moradia. Após o exercício ininterrupto da posse por 17 (dezessete) anos, pleiteia judicialmente o reconhecimento da propriedade do bem pela usucapião. Durante o processo, constatou-se que o imóvel estava hipotecado em favor de Jovelino, para o pagamento de numerários devidos por Adib, proprietário do imóvel. Com base nos fatos apresentados, assinale a afirmativa correta. a) A hipoteca existente em benefício de Jovelino prevalece sobre eventual direito de Quincas, tendo em vista o princípio da prioridade no registro. b) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimento da usucapião, tendo em vista a função social do crédito garantido. c) Como a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a hipoteca não é capaz de impedir a sua consumação. d) Quincas pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão, porém ficará com o ônus de quitar o débito que a hipoteca garantia. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Veja o entendimento STJ apresentado a seguir na letra a. a) Errada. Considerando-se forma de aquisição originária da propriedade, a usucapião prevalece sobre a hipoteca. b) Errada. A hipoteca não obsta à aquisição da propriedade por meio da usucapião. d) Errada. Em desacordo com julgado do STF. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 88 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 88 - (FGV/OAB/EXAME DE ORDEMUNIFICADO/2016) Júlia, casada com José sob o regime da comunhão universal de bens e mãe de dois filhos, Ana e João, fez testamento no qual destinava metade da parte disponível de seus bens à constituição de uma fundação de amparo a mulheres vítimas de violência obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que os bens destinados à constituição da fundação eram insuficientes para cumprir a finalidade pretendida por Júlia, que, por sua vez, nada estipulou em seu testamento caso se apresentasse a hipótese de insuficiência de bens. Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. a) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos integralmente entre Ana e João. b) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos entre José, Ana e João. c) Os bens de Júlia serão incorporados à outra fundação que tenha propósito igual ou semelhante ao amparo de mulheres vítimas de violência obstétrica. d) Os bens destinados serão incorporados à outra fundação determinada pelos herdeiros necessários de Júlia, após a aprovação do Ministério Público. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Questão com fundamento no art. 63 do CC: Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. QUESTÃO 89 - (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2011) Roberto, por meio de testamento, realiza dotação especial de bens livres para a finalidade de constituir uma fundação com a finalidade de promover assistência a idosos no Município do Rio de Janeiro. Todavia, os bens destinados foram insuficientes para constituir a fundação pretendida pelo instituidor. Em razão de Roberto nada ter disposto sobre o que fazer nessa hipótese, é correto afirmar que a) os bens dotados deverão ser convertidos em títulos da dívida pública até que, aumentados com os rendimentos, consigam perfazer a finalidade pretendida. b) os bens destinados à fundação serão, nesse caso, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. c) a Defensoria Pública do estado respectivo, responsável por velar pelas fundações, destinará os bens dotados para o fundo assistencial mantido pelo Estado para defesa dos hipossuficientes. d) os bens serão arrecadados e passarão ao domínio do Município, se localizados na respectiva circunscrição. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Questão semelhante à anterior, com fundamento no art. 63 do CC: Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 89 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 90 - (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2014) Paulo foi casado, por muitos anos, no regime da comunhão parcial com Luana, até que um desentendimento deu início a um divórcio litigioso. Temendo que Luana exigisse judicialmente metade do seu vasto patrimônio, Paulo começou a comprar bens com capital próprio em nome de sociedade da qual é sócio e passou os demais também para o nome da sociedade, restando, em seu nome, apenas a casa em que morava com ela. Acerca do assunto, marque a opção correta. a) A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei faculta a todo cidadão defender sua propriedade, em especial de terceiros de má-fé. b) É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade nos casos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas não o contrário, de modo que não há nada que Luana possa fazer para retomar os bens comunicáveis. c) Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da personalidade jurídica” encontra aplicação em outros ramos do direito e da legislação, é correto afirmar que os parâmetros adotados pelo Código Civil constituem a Teoria Menor, que exige menos requisitos. d) No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens com patrimônio particular em nome da sociedade, é possível atingir o patrimônio da sociedade, ao que se dá o nome de “desconsideração inversa ou invertida”, de modo a se desconsiderar o negócio jurídico, havendo esses bens como matrimoniais e comunicáveis. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Trata-se da desconsideração inversa da personalidade, conforme se extrai do Enunciado n. 283 das Jornadas de Direito Civil do CJF: É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada “inversa” para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros. Assim, os bens de Paulo que foram doados para a sociedade, bem como aqueles que foram adquiridos pela pessoa jurídica com recursos do sócio, entrarão na partilha dos bens, após desconsideração inversa da personalidade jurídica do ente coletivo. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 90 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 91 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre demonstrou uma maturidade muito superior à sua faixa etária. Seu maior objetivo profissional é o de tornar-se professora de História e, por isso, decidiu criar um canal em uma plataforma on-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria elaboradas sobre conteúdos históricos. O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e despertando o interesse de vários patrocinadores, que começaram a procurar a jovem, propondo contratos de publicidade. Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro com o canal, Márcia está animada com a perspectiva de conseguir custear seus estudos na Faculdade de História se conseguir firmar alguns desses contratos. Para facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram emancipá-la, o que permitirá que celebre negócios com futuros patrocinadores com mais agilidade. Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa correta. a) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que a adolescente tem na internet. b) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento particular. c) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Naturais. d) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia própria, o que ainda não aconteceu. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão tem como fundamento o art. 5o do CC: Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Na emancipação voluntária (concedida pelos pais), há a necessidade de celebração de um instrumento público no Registro Civil de Pessoas Naturais. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 91 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 92 - FGV- 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue controlar o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de controle pouco antes do tempo previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas 10 passageiros foram resgatados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobreviventes e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber como deverá proceder a partir de agora. Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta. a) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a decretação de ausência de Cristiano, a fim de que o juiz, em um momento posterior do processo, possa declarar a sua morte presumida. b) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de Cristiano, uma vez que apenas o Ministério Público detém legitimidade para tal pedido. c) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida independentemente de prévia decretação de ausência, uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades competentes. d) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá fixar a data provável de seu falecimento, contando-se, como data da morte, a data da publicação da sentença no meio oficial. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão tem fundamento no art. 7o, I, do CC, ou seja, trata-se de um caso de morte presumida sem decretação de ausência. Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Análise das alternativas: a) Errada. Haveria necessidade de demanda judicial se a morte presumida fosse com decretação de ausência, o que não é o caso. b) Errada. O art. 22 do CC atribui sim legitimidade ao Ministério Público, mas nos casos de morte presumida com decretação de ausência. c) Certa. Em conformidade com o art. 7o do CC. d) Errada. EM desacordo com o art. 7o, § único, do CC. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 92 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 93 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA) Joana e Alcindo, casados sob o regime da comunhão universal de bens, estavam a caminho de uma festa no litoral da Bahia, quando tiveram o carro atingido por um caminhão em alta velocidade. Quando a equipe de socorro chegou ao local, ambos os cônjuges estavam sem vida. Conforme laudo pericial realizado, não foi possível determinar se Joana morreu antes de Alcindo. Joana, que tinha vinte e cinco anos, deixou apenas um parente vivo, seu irmão Alfredo, enquanto Alcindo, que já tinha cinquenta e nove anos, deixou três familiares vivos, seus primos Guilherme e Jorge, e seu sobrinho, Anderson. Considerando que nenhum dos cônjuges elaborou testamento, assinale a afirmativa correta. a) Tendo em vista a morte simultânea dos cônjuges, Alfredo receberá integralmente os bens de Joana, e a herança de Alcindo será dividida, em partes iguais, entre os seus herdeiros necessários, Guilherme, Jorge e Anderson. b) Entre comorientes não há transmissão de patrimônio mas como Joana e Alcindo eram casados em regime de comunhão universal de bens o patrimônio total do casal será dividido em partes iguais e distribuído entre os herdeiros necessários de ambos, ou seja, Alfredo, Guilherme, Jorge e Anderson. c) Entre comorientes não há transmissão de patrimônio e a herança de cada um dos falecidos será dividida entre os seus respectivos herdeiros, razão pela qual Alfredo herdará integralmente os bens de Joana, enquanto Anderson herdará os bens de Alcindo. d) Diante da impossibilidade pericial de determinar qual dos cônjuges morreu primeiro, aplica-se o regime jurídico da comoriência, pelo que se presume, em razão da idade, que a morte de Alcindo tenha ocorrido primeiro. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão é fundamentada no art. 8o do CC: Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Entre os comorientes não há sucessão. Ou seja, Joana não herda de Alcindo e vice-versa. Análise das alternativas: a) Errada. O erro é afirmar que Guilherme, Jorge e Anderson são herdeiros necessários de Alcindo. O correto seria dizer que são herdeiros facultativos. “Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge”. b) Errada. Novamente, a assertiva está equivocada ao afirmar que os sucessores mencionados são herdeiros necessários. c) Certa. Os primos Guilherme e Jorge são parentes na linha colateral em 4o grau, ao passo que o sobrinho Anderson, por ser parente em 3o grau, tem precedência na ordem de vocação hereditária. d) Errada. Presume-se que ambos morreram simultaneamente. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 93 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 94 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA) Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no ensino médio. Em agosto de 2012, ainda com 16 anos, começou estágio voluntário em uma companhia local. Em janeiro de 2013, já com 17 anos, foi morar com sua namorada. Em julho de 2013, ainda com 17 anos, após ter sido aprovado e nomeado em um concurso público, Pedro entrou em exercício no respectivo emprego público. Tendo por base o disposto no Código Civil, assinale a opção que indica a data em que cessou a incapacidade de Pedro. a) Dezembro de 2011. b) Agosto de 2012. c) Janeiro de 2013. d) Julho de 2013. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão versa sobre a emancipação que pode ser conceituada como uma forma antecipada de aquisição da capacidade civil plena. Art. 5o, Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 94 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 95 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXI - Primeira Fase André possui um transtorno psiquiátrico grave, que demanda uso contínuo de medicamentos, graças aos quais ele leva vida normal. No entanto, em razão do consumo de remédios que se revelaram ineficazes, por causa de um defeito de fabricação naquele lote, André foi acometido de um surto que, ao privá-lo de discernimento, o levou a comprar diversos produtos caros de que não precisava. Para desfazer os efeitos desses negócios, André deve pleitear a) a nulidade dos negócios, por incapacidade absoluta decorrente de enfermidadeou deficiência mental. b) a nulidade dos negócios, por causa transitória impeditiva de expressão da vontade. c) a anulação do negócio, por causa transitória impeditiva de expressão da vontade. d) a anulação do negócio, por incapacidade relativa decorrente de enfermidade ou deficiência mental. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão narra uma hipótese de incapacidade relativa, nos termos do art. 4o, III, do CC: Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV – os pródigos. Sendo assim, o negócio praticado por André é anulável. QUESTÃO 96 - FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVI - Primeira Fase Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido: a) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado. b) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologação judicial. c) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário procedimento judicial. d) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pessoas naturais. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Os tutores não possuem legitimidade para emancipar o tutelado. Nesses casos, a emancipação deve ser por via judicial. Art. 5o, Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 95 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 97 - FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - X - Primeira Fase Gustavo completou 17 anos de idade em janeiro de 2010. Em março de 2010 colou grau em curso de ensino médio. Em julho de 2010 contraiu matrimônio com Beatriz. Em setembro de 2010, foi aprovado em concurso público e iniciou o exercício de emprego público efetivo. Por fim, em novembro de 2010, estabeleceu-se no comércio, abrindo um restaurante. Assinale a alternativa que indica o momento em que se deu a cessação da incapacidade civil de Gustavo. a) No momento em que iniciou o exercício de emprego público efetivo. b) No momento em que colou grau em curso de ensino médio. c) No momento em que contraiu matrimônio. d) No momento em que se estabeleceu no comércio, abrindo um restaurante. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Novamente a questão versa sobre a emancipação que pode ser conceituada como uma forma antecipada de aquisição da capacidade civil plena. Art. 5o, Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Dentre os casos narrados que autorizam a emancipação, o casamento foi o que aconteceu primeiro. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 96 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 98 - (FGV/OAB/2012) Alexandre e Berenice, casados pelo regime da separação convencional de bens, foram passar a lua de mel em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Ao descerem a serra, Alexandre perdeu o controle do veículo vindo a cair em uma ribanceira. Com a colisão, houve a explosão do veículo e a morte de ambos não se sabendo precisar qual deles teria morrido primeiro. Ambos possuíam vasto patrimônio e faleceram sem deixar descendentes ou ascendentes. Alexandre deixou um irmão, Daniel, e Berenice deixou uma irmã, Eleonora. A respeito da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. a) Não há comoriência, visto que tal instituto somente se aplica às hipóteses de morte simultânea entre parentes. b) Não há comoriência, uma vez que se exige prova cabal para sua ocorrência, devendo a simultaneidade das mortes ser declarada por decisão judicial. c) Há comoriência, transmitindo-se a Daniel a herança de Alexandre e à Eleonora a herança de Berenice. d) Há comoriência, transmitindo-se a Daniel a metade dos bens deixados pelo casal, ficando igual cota-parte para Eleonora. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Novamente a questão é fundamentada no art. 8o do CC: Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Entre os comorientes não há sucessão. Ou seja, Alexandre transmite a sua herança à Daniel. Berenice transmite a sua herança para a irmã. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 97 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 99 - FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VI - Primeira Fase Francis, brasileira, empresária, ao se deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo em seu helicóptero particular, sofreu terrível acidente que culminou com a queda do aparelho em alto-mar. Após sucessivas e exaustivas buscas, feitas pelas autoridades e por empresas privadas contratadas pela família da vítima, infelizmente não foram encontrados os corpos de Francis e de Adilson, piloto da aeronave. Tendo sido esgotados os procedimentos de buscas e averiguações, de acordo com os artigos do Código Civil que regulam a situação supramencionada, é correto afirmar que o assento de óbito em registro público a) independe de qualquer medida administrativa ou judicial, desde que seja constatada a notória probabilidade de morte de pessoa que estava em perigo de vida. b) depende exclusivamente de procedimento administrativo quanto à morte presumida junto ao Registro Civil das Pessoas Naturais. c) depende de prévia ação declaratória judicial quanto à morte presumida, sem necessidade de decretação judicial de ausência. d) depende de prévia declaração judicial de ausência, por se tratar de desaparecimento de uma pessoa sem dela haver notícia. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão tem fundamento no art. 7o, I, do CC, ou seja, trata-se de um caso de morte presumida sem decretação de ausência. Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 98 Questões comentadaspara OAB – Direito Civil QUESTÃO 100 - FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XII - Primeira Fase João Marcos, renomado escritor, adota, em suas publicações literárias, o pseudônimo Hilton Carrillo, pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor da Revista “Z”, empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos publicados nesse periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo público. Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta. a) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege o pseudônimo e, em razão disso, não há de se cogitar em ofensa a direito da personalidade, no caso em exame. b) A Revista “Z” pode utilizar o referido pseudônimo em uma propaganda comercial, associado a um pequeno trecho da obra do referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo público, independente da sua autorização. c) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às sanções legais pertinentes, como interrupção de sua utilização e perdas e danos. d) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, quando não há intenção difamatória. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão tem como fundamento o art. 19 do CC: “Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 99 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 101 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Aline manteve união estável com Marcos durante 5 (cinco) anos, época em que adquiriram o apartamento de 80 m² onde residiam, único bem imóvel no patrimônio de ambos. Influenciado por tormentosas discussões, Marcos abandonou o apartamento e a cidade, permanecendo Aline sozinha no imóvel, sustentando todas as despesas deste. Após 3 (três) anos sem notícias de seu paradeiro, Marcos retornou à cidade e exigiu sua meação no imóvel. Sobre o caso concreto, assinale a afirmativa correta. A) Marcos faz jus à meação do imóvel em eventual dissolução de união estável. B) Aline poderá residir no imóvel em razão do direito real de habitação. C) Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião, já que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos. D) Aline e Marcos são condôminos sobre o bem, o que impede qualquer um deles de adquiri-lo por usucapião. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão trata de usucapião. Código Civil: Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade dívida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011). Analisando as alternativas: A) Marcos faz jus à meação do imóvel em eventual dissolução de união estável. Marcos não faz jus à meação do imóvel em eventual dissolução de união estável, pois Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião familiar, já que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos. Incorreta letra “A". B) Aline poderá residir no imóvel em razão do direito real de habitação. Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião, já que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos, e não apenas o direito real de habitação. Incorreta letra “B". C) Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião, já que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos. Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião, já que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos. Correta letra “C". Gabarito da questão. D) Aline e Marcos são condôminos sobre o bem, o que impede qualquer um deles de adquiri-lo por usucapião. Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião, já que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 100 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 102 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Matheus, sem filhos, casado com Jane, no regime de comunhão parcial de bens, falece após enfarto fulminante. De seu parentesco em linha reta são ainda vivos Carlos, seu pai, e Irene, sua avó materna. A partir da situação acima, assinale a opção que indica a sucessão de Matheus. A) Serão herdeiros Carlos, Irene e Jane, a última em concorrência, atribuído quinhão de 1/3 do patrimônio para cada um deles. B) Serão herdeiros Carlos e Jane, atribuído quinhão de 2/3 ao pai e de 1/3 à Jane, cônjuge concorrente. C) Carlos será herdeiro sobre a totalidade dos bens, enquanto Jane apenas herda, em concorrência com este, os bens particulares do falecido. D) Serão herdeiros Carlos e Jane, esta herdeira concorrente, atribuído quinhão de metade do patrimônio para cada um destes. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão trata de vocação hereditária. Código Civil: Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. § 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas. Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau. Jane – cônjuge e herdeira Carlos – pai – herdeiro (ascendente) Irene – ascendente – não é herdeira, pois o mais próximo (pai) exclui a mais remota (avó). Jane é herdeira concorrente com Carlos (ascendente em primeiro grau), cabendo-lhe metade da herança. Analisando as alternativas. A) Serão herdeiros Carlos, Irene e Jane, a última em concorrência, atribuído quinhão de 1/3 do patrimônio para cada um deles. Serão herdeiros Carlos e Jane, Jane é herdeira concorrente, atribuído quinhão de metade do patrimônio para cada um destes. Incorreta letra “A”. B) Serão herdeiros Carlos e Jane, atribuído quinhão de 2/3 ao pai e de 1/3 à Jane, cônjuge concorrente. Serão herdeiros Carlos e Jane, Jane é herdeira concorrente, atribuído quinhão de metade do patrimônio para cada um destes. Incorreta letra “B”. C) Carlos será herdeiro sobre a totalidade dos bens, enquanto Jane apenas herda, em concorrência com este, os bens particulares do falecido. Serão herdeiros Carlos e Jane, Jane é herdeira concorrente, atribuído quinhão de metade do patrimônio para cada um destes. Incorreta letra “C”. D) Serão herdeiros Carlos e Jane, esta herdeira concorrente, atribuído quinhão de metade do patrimônio para cada um destes. Serão herdeiros Carlos e Jane, esta herdeira concorrente, atribuído quinhão de metade do patrimônio para cada um destes. Correta letra “D”. Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 101 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 103 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Os negócios de Clésio vão de mal a pior, e, em razão disso, ele toma uma decisão difícil: tomar um empréstimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) com Antônia, dando, como garantia de pagamento, o penhor do seu relógio de ouro e diamantes, avaliado em R$ 200.00,00 (duzentos mil reais). Antônia, por sua vez, exige que, no instrumento de constituição do penhor, conste uma cláusula prevendo que, em caso de não pagamento da dívida, o relógio passará a serde sua propriedade. Clésio aceita a inserção da cláusula, mas consulta seus serviços, como advogado(a), para saber da validade de tal medida. Sobre a cláusula proposta por Antônia, assinale a afirmativa correta. A) É válida, tendo em vista o fato de que as partes podem, no exercício de sua autonomia privada, estipular esse tipo de acordo. B) É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro proíbe o pacto comissório. C) É válida, uma vez que Clésio como proprietário do bem, não está impedido de realizar o negócio por um preço muito inferior ao de mercado, não se configurando a hipótese como pacto comissório. D) É válida, ainda que os valores entre o bem dado em garantia e o empréstimo sejam díspares, nada impede sua inserção, eis que não há qualquer vedação ao pacto comissório no direito brasileiro. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão trata de penhor. Código Civil: Art. 1.428. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Nulidade da cláusula. E característica do direito real de garantia a vedação ao pacto comissório, também denominado de clausula comissória. Significa, na pratica, a impossibilidade do credor ficar com o bem dado em garantia na hipótese de inadimplemento. Havendo essa clausula, ela será nula. De fato, o inadimplemento obrigacional autoriza ao credor com garantia real executar a coisa, mas jamais ficar com ela para si. O fundamento dessa vedação e a violação do devido processo legal, vez que a alienação do bem dado em garantia merece discussão acerca do cumprimento obrigacional, assim a adjudicação para uso próprio também. Se isso não bastasse, recorda-se como segundo fundamento que o devedor possui direito ao remanescente nas hipóteses em que o valor da dívida seja inferior ao valor do bem, o que seria dificultoso com a adjudicação do bem pelo credor. A) É válida, tendo em vista o fato de que as partes podem, no exercício de sua autonomia privada, estipular esse tipo de acordo. É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro proíbe que o credor fique com o bem dado em garantia em razão do inadimplemento (pacto comissório). Incorreta letra “A”. B) É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro proíbe o pacto comissório. É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro proíbe o pacto comissório. Correta letra “B”. Gabarito da questão. C) É válida, uma vez que Clésio como proprietário do bem, não está impedido de realizar o negócio por um preço muito inferior ao de mercado, não se configurando a hipótese como pacto comissório. É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro proíbe que o credor fique com o bem dado em garantia em razão do inadimplemento (pacto comissório). Incorreta letra “C”. D) É válida, ainda que os valores entre o bem dado em garantia e o empréstimo sejam díspares, nada impede sua inserção, eis que não há qualquer vedação ao pacto comissório no direito brasileiro. É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro proíbe que o credor fique com o bem dado em garantia em razão do inadimplemento (pacto comissório). Incorreta letra “D”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 102 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 104 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Maria decide vender sua mobília para Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos. Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, reavendo o preço pago, mais perdas e danos. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício. B) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no preço, em sendo o vício sanável. C) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato. D) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias da tradição. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão trata de vícios redibitórios. A) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício. Código Civil: Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibirão ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício. Prazo de 30 dias – coisa móvel, contado da entrega efetiva. Correta letra “A". Gabarito da questão. B) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no preço, em sendo o vício sanável. Código Civil: Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, poderia a adquirente reclamar abatimento no preço, podendo optar pelo abatimento no preço ou por redibir o contrato. Incorreta letra “B". C) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato. Código Civil: Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 103 Questões comentadas para OAB – Direito Civil Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão- somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. O pedido de perdas e danos pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória alcança além da restituição do preço pago, as despesas do contrato e as perdas e danos, uma vez que a alienante conhecia o vício. Incorreta letra “C". D) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias da tradição. Código Civil: Art. 445. § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. A demanda redibitória é tempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de até 180 (cento e oitenta) dias é contado a partir da ciência dele, em se tratando de bens móveis. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todosos direitos reservados. 104 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 105 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Eduarda comprou um terreno não edificado, em um loteamento distante do centro, por R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Como não tinha a intenção de construir de imediato, ela visitava o local esporadicamente. Em uma dessas ocasiões, Eduarda verificou que Laura, sem qualquer autorização, havia construído uma mansão com 10 quartos, sauna, piscina, cozinha gourmet etc., no seu terreno, em valor estimado em R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Laura, ao ser notificada por Eduarda, antes de qualquer prazo de usucapião, verificou a documentação e percebeu que cometera um erro: construíra sua mansão no lote “A” da quadra “B”, quando seu terreno, na verdade, é o lote “B” da quadra “A”. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) Eduarda tem o direito de exigir judicialmente a demolição da mansão construída por Laura, independentemente de qualquer indenização. B) Laura, apesar de ser possuidora de má-fé, tem direito de ser indenizada pelas benfeitorias necessárias realizadas no imóvel de Eduarda. C) Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em imóvel inicialmente não edificado. D) Eduarda, apesar de ser possuidora de boa-fé, adquire o imóvel construído por Laura, tendo em vista a incidência do princípio pelo qual a superfície adere ao solo. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão trata de direitos reais. Código Civil: Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Art. 1.255. BREVES COMENTÁRIOS Princípio da acessão. O presente artigo vem complementar as possibilidades fáticas, regulando aquele que, com materiais próprios age em terreno alheio. Se assim agiu, estando de boa-fé, recebera o equivalente do material despendido. Contudo, se de má-fé, perdera tudo o que despendeu. Princípio da acessão inversa. No parágrafo único está insculpido o princípio da acessão inversa, que transfere a titularidade do bem imóvel m favor do que plantou ou edificou, desde que tenha procedido de boa-fé, e se a plantação ou construção exceder consideravelmente o valor do terreno. A) Eduarda tem o direito de exigir judicialmente a demolição da mansão construída por Laura, independentemente de qualquer indenização. Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em imóvel inicialmente não edificado. Incorreta letra “A". B) Laura, apesar de ser possuidora de má-fé, tem direito de ser indenizada pelas benfeitorias necessárias realizadas no imóvel de Eduarda. Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em imóvel inicialmente não edificado. Incorreta letra “B". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 105 Questões comentadas para OAB – Direito Civil C) Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em imóvel inicialmente não edificado. Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em imóvel inicialmente não edificado. Correta letra “C". Gabarito da questão. D) Eduarda, apesar de ser possuidora de boa-fé, adquire o imóvel construído por Laura, tendo em vista a incidência do princípio pelo qual a superfície adere ao solo. Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em imóvel inicialmente não edificado. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 106 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 106 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Mônica, casada pelo regime da comunhão total de bens, descobre que seu marido, Geraldo, alienou um imóvel pertencente ao patrimônio comum do casal, sem a devida vênia conjugal. A descoberta agrava a crise conjugal entre ambos e acaba conduzindo ao divórcio do casal. Tempos depois, Mônica ajuíza ação em face de seu ex-marido, objetivando a invalidação da alienação do imóvel. Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) O juiz pode conhecer de ofício do vício decorrente do fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem. B) O fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem representa um vício que convalesce com o decurso do tempo. C) O vício decorrente da ausência de vênia conjugal não pode ser sanado pela posterior confirmação do ato por Mônica. D) Para que a pretensão de Mônica seja acolhida, ela deveria ter observado o prazo prescricional de dois anos, a contar da data do divórcio. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão trata de defeitos no negócio jurídico. A) O juiz pode conhecer de ofício do vício decorrente do fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem. Código Civil: Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. O juiz não pode conhecer de ofício do vício decorrente do fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem. Incorreta letra “A”. B) O fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem representa um vício que convalesce com o decurso do tempo. Código Civil: Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: II - No de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; O fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem representa um vício que convalesce com o decurso do tempo. Monica possui o prazo decadencial de quatro anos para pedir a anulação do negócio jurídico, passado tal prazo, o negócio (alienação do bem) se convalesce com o tempo. Correta letra “B”. Gabarito da questão. C) O vício decorrente da ausência de vênia conjugal não pode ser sanado pela posterior confirmação do ato por Mônica. Código Civil: Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. O vício decorrente da ausência de vênia conjugal pode ser sanado pela posterior confirmação do ato por Mônica. Incorreta letra “C”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 107 Questões comentadas para OAB – Direito Civil D) Para que a pretensão de Mônica seja acolhida, ela deveria ter observado o prazo prescricional de dois anos, a contar da data do divórcio. Código Civil: Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: II - No de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; Para que a pretensão de Mônica seja acolhida, ela deveria ter observado o prazo decadencial de quatro anos, a contar da data da realização do negócio jurídico. Incorreta letra “D”. Este é um conteúdoexclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 108 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 107 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Renata financiou a aquisição de seu veículo em 36 parcelas e vinha pagando pontualmente todas as prestações. Entretanto, a recente perda de seu emprego fez com que não conseguisse manter em dia a dívida, tendo deixado de pagar, justamente, as duas últimas prestações (35ª e 36ª). O banco que financiou a aquisição, diante do inadimplemento, optou pela resolução do contrato. Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se afirmar que a conduta da instituição financeira viola o princípio da boa-fé, em razão do(a) A) dever de mitigar os próprios danos. B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). C) adimplemento substancial. D) dever de informar. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão trata da boa-fé objetiva. A) dever de mitigar os próprios danos. Enunciado 169 da III Jornada de Direito Civil: 169 - O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo. Chamado também de “duty to mitigate the loss”, decorrendo da boa-fé objetiva, trata-se do dever imposto ao credor de mitigar suas perdas, ou seja, de evitar agravar o próprio prejuízo. Incorreta letra “A”. B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). Enunciado 362 da IV Jornada de Direito Civil: 362 – Art. 422. A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil. No venire contra factum proprium a pessoa não pode exercer um direito seu, contrariando seu próprio comportamento anterior, devendo ser mantida a confiança e a lealdade. Incorreta letra “B”. C) adimplemento substancial. Enunciado 361 da IV Jornada de Direito Civil: 361 - O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475. O adimplemento substancial ocorre quando há o cumprimento relevante do contrato, com mora insignificante, podendo afastar a alegação de exceção do contrato não cumprido. Correta letra “C”. Gabarito da questão. D) dever de informar. O dever de informar é um dos deveres anexos da boa-fé objetiva. Incorreta letra “D”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 109 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 108 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Em 2010, Juliana, sem herdeiros necessários, lavrou testamento público deixando todos os seus bens para sua prima, Roberta. Em 2016, Juliana realizou inseminação artificial heteróloga e, nove meses depois, nasceu Carolina. Em razão de complicações no parto, Juliana faleceu poucas horas após o procedimento. Sobre a sucessão de Juliana, assinale a afirmativa correta. A) Carolina herdará todos os bens de Juliana. B) Roberta herdará a parte disponível e Carolina, a legítima. C) Roberta herdará todos os bens de Juliana. D) A herança de Juliana será declarada jacente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão trata de sucessões. Código Civil: Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao testador. Art. 1.973. BREVES COMENTÁRIOS Descendente sucessível ao testador. Inovando a ordem jurídica anterior, o CC/02 tratou, em diferentes capítulos, dos temas revogação e rompimento. A escolha técnica fora acertada, uma vez que são institutos distintos. Enquanto a revogação ocorre por manifestação de vontade do testador, o rompimento decorre do estabelecido na lei, tornando ineficaz o testamento. A primeira hipótese de rompimento, revelada no dispositivo em tela, trata da sobrevinda de descendente sucessível ao testador que, ao tempo do testamento, não o tinha ou não o conhecia. Verifica-se uma norma protetiva, considerando que se o testador tivesse conhecimento deste herdeiro, poderia contempla-lo na sua última manifestação de vontade. Observa-se ainda que o testamento se rompe em todas as suas disposições, isto e, ainda que o autor da herança somente tivesse disposto sobre sua quota disponível, ou mesmo sobre todo o seu patrimônio. Todavia, caso este testador, na manifestação de sua vontade, disponha sobre a hipótese de sobrevinda de outro descendente sucessível, este testamento permanecera eficaz. Ademais, vale pontuar que a doutrina majoritária entende que este artigo se aplica tão somente na hipótese de inexistência de descendentes, pois caso o autor da herança já possuísse descendentes, a sobrevinda de mais um não teria o condão de romper o testamento. Importante observar, ainda, que a parte final do dispositivo informa que o testamento somente restara rompido caso a descendente sobreviva ao testador. Decerto, se o descendente morrer antes do autor da herança, o testamento estará preservado. A) Carolina herdará todos os bens de Juliana. Carolina herdará todos os bens de Juliana. Correta letra “A”. Gabarito da questão. B) Roberta herdará a parte disponível e Carolina, a legítima. Carolina herdará todos os bens de Juliana. Incorreta letra “B”. C) Roberta herdará todos os bens de Juliana. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 110 Questões comentadas para OAB – Direito Civil Carolina herdará todos os bens de Juliana. Incorreta letra “C”. D) A herança de Juliana será declarada jacente. Carolina herdará todos os bens de Juliana. Incorreta letra “D”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 111 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 109 - GV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Arnaldo foi procurado por sua irmã Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o apartamento que ele possui na orla da praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que atualmente ocupa o imóvel e por quem Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de preferência, propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do preço não fosse totalmente paga. Realizado nesses termos, o negócio A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo. B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João. C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado. D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão trata de negócio jurídico. Código Civil: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos,em virtude de dolo. O negócio jurídico é nulo, por simulação, podendo ser tal vício alegado por qualquer interessado, não havendo prazo para tal alegação. Incorreta letra “A”. B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João. O negócio jurídico é viciado por simulação, e pode ser alegado por qualquer interessado. Incorreta letra “B”. C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado. O negócio jurídico é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado. Correta letra “C”. Gabarito da questão. D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João. O negócio jurídico é nulo em virtude de simulação, podendo tal vício ser alegado por qualquer interessado. Incorreta letra “D”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 112 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 110 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Ao visitar a página de Internet de uma rede social, Samuel deparou-se com uma publicação, feita por Rafael, que dirigia uma série de ofensas graves contra ele. Imediatamente, Samuel entrou em contato com o provedor de aplicações responsável pela rede social, solicitando que o conteúdo fosse retirado, mas o provedor quedou-se inerte por três meses, sequer respondendo ao pedido. Decorrido esse tempo, o próprio Rafael optou por retirar, espontaneamente, a publicação. Samuel decidiu, então, ajuizar ação indenizatória por danos morais em face de Rafael e do provedor. Sobre a hipótese narrada, de acordo com a legislação civil brasileira, assinale a afirmativa correta. A) Rafael e o provedor podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados a Samuel enquanto o conteúdo não foi retirado. B) O provedor não poderá ser obrigado a indenizar Samuel quanto ao fato de não ter retirado o conteúdo, tendo em vista não ter havido determinação judicial para que realizasse a retirada. C) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois a difusão do conteúdo lesivo se deu por fato exclusivo de terceiro, isto é, do provedor. D) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois o fato de Samuel não ter solicitado diretamente a ele a retirada da publicação configura fato exclusivo da vítima. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Quanto ao uso da Internet no Brasil, de acordo com as disposições da Lei 12.965/2014 (Lei do Marco Civil da Internet): A referida lei estabelece que, para assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de internet só pode ser responsabilizado por danos a terceiros se houver ordem judicial específica: Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. Portanto, como não houver ordem judicial específica, o provedor não poderá ser obrigado a indenizar Samuel. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 113 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 111 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Lúcio, viúvo, tendo como únicos parentes um sobrinho, Paulo, e um tio, Fernando, fez testamento de acordo com todas as formalidades legais e deixou toda a sua herança ao seu amigo Carlos, que tinha uma filha, Juliana. O herdeiro instituído no ato de última vontade morreu antes do testador. Morto Lúcio, foi aberta a sucessão. Assinale a opção que indica como será feita a partilha. A) Juliana receberá todos os bens de Lúcio. B) Juliana receberá a parte disponível e Paulo, a legítima. C) Paulo e Fernando receberão, cada um, metade dos bens de Lúcio. D) Paulo receberá todos os bens de Lúcio. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão trata da vocação hereditária. Código Civil: Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. Art. 1.843. BREVES COMENTARIOS Concorrência de sobrinhos e tios. Sobrinhos e tios são colaterais de 3o grau. Assim, seguindo o princípio da proximidade entre os herdeiros legítimos facultativos, o dispositivo em comento estabeleceu que na falta de irmãos, herdam os filhos destes (os sobrinhos), e, somente na falta destes e que serão chamados os tios. Este artigo põe fim as discussões havidas ao tempo do CC/16, isto porque o art. 1.617 do referido diploma não explicitava se havia uma relação de preferência entre os sobrinhos e os tios. A opção atual pela descendência (sobrinhos), ante a ascendência (tios), e sistemática, pois o direito sucessório sempre prefere aqueles a estes, ao passo que o usual e que os descendentes sobrevivam a ascendência. Ademais, em conformidade com o § Iº, em sendo os irmãos do autor da herança pré-mortos, herdarão os sobrinhos por cabeça, e não por estirpe. Claro! Sucessão por estirpe e por representação. Se toda a classe anterior e pré-morta, não há o que se representar, falando-se em sucessão por cabeça. Herda-se, aqui, em nome próprio e por direito próprio. (Código Civil para Concursos / coordenador Ricardo Didier - 5. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: Juspodivm, 2017). Lúcio – viúvo, sem ascendentes ou descendentes. Tem um sobrinho, Paulo e um tio, Fernando. Testamento – ao amigo Carlos – pré-morto em relação a Lúcio (testador). Analisando as alternativas: A) Juliana receberá todos os bens de Lúcio. Juliana nada receberá uma vez que não há direito de representação na sucessão testamentária. O direito de representação ocorre apenas na sucessão legítima (art. 1.851 do CC). Os bens seriam deixados para Carlos, como esse é pré-morto em relação a Lúcio, todos os bens irão para o os filhos dos irmãos, no caso, para Paulo (sobrinho de Lúcio, ou seja, filho de irmão ou irmã). Incorreta letra “A”. B) Juliana receberá a parte disponível e Paulo, a legítima . Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 114 Questões comentadas para OAB – Direito Civil Juliana nada receberá pois não estava contemplada no testamento, não havendo direito de representação na sucessão testamentária. Quem estava no testamento era Carlos, pai de Juliana, porém pré-morto em relação ao testador Lúcio. O direito de representação ocorre apenas na sucessão legítima. Paulo receberá a totalidade de bens deixados por Lúcio. Incorreta letra “B”. C) Paulo e Fernando receberão, cada um, metade dos bens de Lúcio. Somente Paulo receberá a integralidade dos bens deixados por Lúcio. Fernando nada receberá, uma vez que há uma ordem de preferência, optando-se primeiro pela descendência - sobrinho (Paulo) em relação à ascendência – tio (Fernando). Incorreta letra “C”. D) Paulo receberá todos os bens de Lúcio. Paulo receberá todos os bens de Lúcio. Correta letra “D”. Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 115 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 112 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Jorge, engenheiro e construtor, firma, em seu escritório, contrato de empreitada com Maria, dona da obra. Na avença, foi acordado que Jorge forneceria os materiais da construção e concluiria a obra,nos termos do projeto, no prazo de seis meses. Acordou-se, também, que o pagamento da remuneração seria efetivado em duas parcelas: a primeira, correspondente à metade do preço, a ser depositada no prazo de 30 (trinta) dias da assinatura do contrato; e a segunda, correspondente à outra metade do preço, no ato de entrega da obra concluída. Maria, cinco dias após a assinatura da avença, toma conhecimento de que sobreveio decisão em processo judicial que determinou a penhora sobre todo o patrimônio de Jorge, reconhecendo que este possui dívida substancial com um credor que acaba de realizar ato de constrição sobre todos os seus bens (em virtude do valor elevado da dívida). Diante de tal situação, Maria pode A) recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la. B) resolver o contrato por onerosidade excessiva, haja vista que o fato superveniente e imprevisível tornou o acordo desequilibrado, afetando o sinalagma contratual. C) exigir o cumprimento imediato da prestação (atividade de construção), em virtude do vencimento antecipado da obrigação de fazer, a cargo do empreiteiro. D) desistir do contrato, sem qualquer ônus, pelo exercício do direito de arrependimento, garantido em razão da natureza de contrato de consumo. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão trata do cumprimento dos contratos e do inadimplemento antecipado. Código Civil: Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. BREVES COMENTÁRIOS Inadimplemento antecipado. Salvaguarda dos interesses das partes. Credibilidade. A Teoria do Inadimplemento Antecipado, estampada no presente artigo, busca evitar que a majoração de prejuízos da parte. A partir desta construção, não há necessidade de que se aguarde o efetivo inadimplemento, o que poderia gerar prejuízos de monta ou mesmo impossibilitar o desfazimento dos atos prejudiciais. Havendo fundado receio de que a avenca não terá o fim desejado poderá a parte que se sentir ameaçada requerer o cumprimento antecipado ou garantia de que o mesmo se dará ao termo contratual. Caso isto não ocorra, terá a parte o direito a não cumprir o que lhe cabe. Enunciado 438 da V Jornada de Direito Civil: 438. Art. 477 - A exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja conduta põe, manifestamente em risco, a execução do programa contratual. Analisando as alternativas: Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 116 Questões comentadas para OAB – Direito Civil A) recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la. Maria pode recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la. Correta letra “A". Gabarito da questão. B) resolver o contrato por onerosidade excessiva, haja vista que o fato superveniente e imprevisível tornou o acordo desequilibrado, afetando o sinalagma contratual. Não está caracterizada a onerosidade excessiva no contrato desequilibrando o acordo, mas inseguridade em relação ao cumprimento do contrato por parte do empreiteiro. Há um risco de inadimplemento (descumprimento) parcial do contrato. A doutrina chama de exceptio non rite adimpleti contractus. Ou seja, uma parte poderá recusar-se a prestação que lhe incumbe (no caso Maria pode recusar o pagamento) até que a outra parte (empreiteiro a quem sobreveio penhora de todos os bens) a satisfaça (conclua a obra) ou dê garantia suficiente que irá realiza-la. Incorreta letra “B". C) exigir o cumprimento imediato da prestação (atividade de construção), em virtude do vencimento antecipado da obrigação de fazer, a cargo do empreiteiro. Maria pode recusar-se a realizar o pagamento do preço acordado até que o empreiteiro conclua a obra ou dê garantias suficientes de que irá realiza-la. Se o empreiteiro não cumprir com o contrato, concluindo a obra ou dando garantia suficiente de que irá realiza-la, aí então, Maria pode antecipar-se e pleitear a extinção do contrato mesmo antes do prazo do seu cumprimento. Mas, até isso ocorrer, não há o vencimento antecipado da obrigação. Incorreta letra “C". D) desistir do contrato, sem qualquer ônus, pelo exercício do direito de arrependimento, garantido em razão da natureza de contrato de consumo. O direito de arrependimento, garantido nos contratos de consumo, é aquele que ocorre quando a compra é realizada fora do estabelecimento comercial (art. 49 do CDC). No caso, há um contrato de empreitada e Maria pode recusar-se a realizar o pagamento do preço acordado até que o empreiteiro conclua a obra ou dê garantias suficientes de que irá realiza-la. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 117 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 113 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Paula é credora de uma dívida de R$ 900.000,00 assumida solidariamente por Marcos, Vera, Teresa, Mirna, Júlio, Simone, Úrsula, Nestor e Pedro, em razão de mútuo que a todos aproveita. Antes do vencimento da dívida, Paula exonera Vera e Mirna da solidariedade, por serem amigas de longa data. Dois meses antes da data de vencimento, Júlio, em razão da perda de seu emprego, de onde provinha todo o sustento de sua família, cai em insolvência. Ultrapassada a data de vencimento, Paula decide cobrar a dívida. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) Vera e Mirna não podem ser exoneradas da solidariedade, eis que o nosso ordenamento jurídico não permite renunciar a solidariedade de somente alguns dos devedores. B) Se Marcos for cobrado por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, inclusive Vera e Mirna. C) Se Simone for cobrada por Paula deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes, inclusive Júlio. D) Se Mirna for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar as quotas-partes dos demais. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, com exceção de Vera. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão trata da solidariedade das obrigações. Devedores solidários – Marcos, Vera, Teresa, Mirna, Júlio, Simone, Úrsula, Nestor, Pedro; Credora – Paula; Exoneradas da solidariedade – Vera e Mirna; Devedor insolvente – Júlio. Código Civil: Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Art. 282. BREVES COMENTÁRIOS Diferenciação. Renúncia x Exoneração. Renuncia a solidariedade não se confunde com remissão de dívida. Com a renúncia da solidariedade, o que devedor agraciado com a renúncia passara a ter de solver por parte, se o objeto mediato assim permitir (a obrigação solidaria pode ser cumulada com obrigação indivisível). Todos os demais continuarão devedores do todo. Se o que recebeu o benefício pagar sua parte, esta será descontada do debito dos demais. Código Civil: Art. 283. O devedor que satisfez a dívidapor inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. Art. 284. BREVES COMENTÁRIOS Exonerados e rateio do insolvente. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 118 Questões comentadas para OAB – Direito Civil Mesmo aqueles que foram exonerados da solidariedade (não remidos da dívida) deverão arcar com o rateio da parte do insolvente. Com isto, quem pagou não sofrerá qualquer prejuízo. O rateio da parte do insolvente tem fundamento no laco que une todos os vínculos da relação obrigacional solidaria. Os que pagarem pela cota do insolvente passam a ter contra este direito de credito, que poderá ser exercido no prazo prescricional, caso ele recupere sua higidez patrimonial, seguindo a prescrição da obrigação conforme parte geral do Código. Enunciado 349 e 350 da IV Jornada de Direito Civil: Enunciado 349 - Art. 282. Com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a solidariedade quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia. Enunciado 350 - Art. 284. A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual codevedor insolvente, nos termos do art. 284. Analisando as alternativas: A) Vera e Mirna não podem ser exoneradas da solidariedade, eis que o nosso ordenamento jurídico não permite renunciar a solidariedade de somente alguns dos devedores. Vera e Mirna podem ser exoneradas da solidariedade, eis que o nosso ordenamento jurídico permite renunciar a solidariedade de somente alguns dos devedores. Incorreta letra “A". B) Se Marcos for cobrado por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, inclusive Vera e Mirna. Se Marcos for cobrado por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida (pois como é devedor solidário pode ser demandado sozinho por toda a dívida) e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, inclusive Vera e Mirna. Que foram exoneradas da solidariedade, mas não da dívida, de forma que contribuirão com a parte que incumbia a Júlio. Correta letra “B". Gabarito da questão. C) Se Simone for cobrada por Paula deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes, inclusive Júlio. Se Simone for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, inclusive Vera e Mirna. Incorreta letra “C". D) Se Mirna for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar as quotas-partes dos demais. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, com exceção de Vera. Se Mirna for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento apenas da sua quota parte, uma vez que foi exonerada da solidariedade. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, inclusive com Vera e Mirna. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 119 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 114 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Diante da crise que se abateu sobre seus negócios, Eriberto contrai empréstimo junto ao seu amigo Jorge, no valor de R$ 200.000,00, constituindo, como garantia, hipoteca do seu sítio, com vencimento em 20 anos. Esgotado o prazo estipulado e diante do não pagamento da dívida, Jorge decide executar a hipoteca, mas vem a saber que o imóvel foi judicialmente declarado usucapido por Jonathan, que o ocupava de forma mansa e pacífica para sua moradia durante o tempo necessário para ser reconhecido como o novo proprietário do bem. Diante do exposto, assinale a opção correta. A) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a dívida que ele tinha com Jorge deve ser declarada extinta. B) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad usucapionem de Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado mesmo após a usucapião, em respeito ao princípio da ambulatoriedade. C) Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de regresso contra Jonathan, haja vista que o bem usucapido era objeto de sua garantia. D) Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade, Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão trata da usucapião e da hipoteca. Código Civil: Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. São duas as situações: 1 – Hipoteca sobre o bem, com prazo de 20 anos; 2 – Posse mansa e pacífica durante o tempo necessário para usucapião. Análise das alternativas: A) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a dívida que ele tinha com Jorge deve ser declarada extinta. A dívida que Eriberto tinha com Jorge não é extinta pela perda da propriedade em razão da usucapião, o que se extinguiu foi a garantia real (hipoteca) mas não a dívida. Jonathan adquire a propriedade livre da hipoteca que foi constituída sobre o imóvel. Incorreta letra “A”. B) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad usucapionem de Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado mesmo após a usucapião, em respeito ao princípio da ambulatoriedade. A usucapião é modo de aquisição originária da propriedade, de forma que Jonathan a adquire livre da hipoteca que foi constituída sobre o imóvel, ou seja, o imóvel não permanecerá hipotecado após a usucapião, mas estará livre e desembaraçado. Incorreta letra “B”. C) Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de regresso contra Jonathan, haja vista que o bem usucapido era objeto de sua garantia. Jorge não tem direito de regresso contra Jonathan, pois este adquiriu a propriedade do bem, cumprindo as exigências legais, e, sendo a usucapião modo de aquisição originária da propriedade, esta foi adquirida livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 120 Questões comentadas para OAB – Direito Civil Incorreta letra “C”. D) Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade, Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge. Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade, Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge. Correta letra “D”. Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados.121 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 115 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Ronaldo é proprietário de um terreno que se encontra cercado de imóveis edificados e decide vender metade dele para Abílio. Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades financeiras, descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na parte da frente do terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a vende para José, que imediatamente passa a habitar o imóvel. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo contra a vontade deste, com base na usucapião. B) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comunicado do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio. C) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo. D) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação assumida. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão trata da passagem forçada. Código Civil: Da Passagem Forçada Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário. § 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem. Da Constituição das Servidões Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diversos dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 1.285. BREVES COMENTÁRIOS: Diferenciações. Não se confunde o instituto da passagem forcada com a servidão. Nesta há uma relação jurídica base que lhe possibilita existência ou foi a mesma adquirida pelo uso reiterado no tempo (usucapião). Naquela, a necessidade de acesso a via pública impele sobre o proprietário de um dos prédios que restringe o caminho para o prédio encravado o ônus de suportar a passagem, em tamanho necessário para atender as necessidades socialmente aceitáveis deste. Não se pode confundir a passagem forçada com as servidões, em especial com a servidão de passagem. Isso porque a primeira é instituto de direito de vizinhança, enquanto que as segundas constituem um direito real de gozo ou fruição. Além dessa diferença, a passagem forçada é obrigatória, diante da função social da propriedade; as servidões são facultativas. Na passagem forçada há necessariamente o pagamento de uma indenização ao imóvel serviente, enquanto que nas servidões a indenização somente será paga se houver acordo entre os proprietários dos imóveis envolvidos. Na passagem forçada, o imóvel não tem outra opção que não seja a passagem; o que não ocorre nas servidões. Por fim, quanto ao aspecto processual, de um lado há a ação de passagem forçada; do outro, a ação confessória, fundada em servidões. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 122 Questões comentadas para OAB – Direito Civil Pontue-se que as expressões que denominam as demandas são doutrinárias, o que deve ser mantido na emergência do Novo CPC. Análise das alternativas: A) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo contra a vontade deste, com base na usucapião. Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, pois seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo. A passagem forçada (art. 1.285 do CC) é direito de vizinhança e decorre da lei, sendo obrigatória, não se confundindo com a servidão, que é direito real, sendo facultativa e feita através de contrato ou de testamento, levado a registro (art. 1.378 do CC). Incorreta letra “A". B) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comunicado do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio. A venda realizada por Ronaldo é válida, não tendo nenhuma necessidade da comunicação dela a José, existindo apenas passagem forçada, que é direito de vizinhança em favor de Abílio. Incorreta letra “B". C) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo. Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, pois é direito de vizinhança, independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo. O registro é feito nas servidões, sendo necessário pois a servidão de passagem ocorre por contrato ou por testamento, e a lei exige o seu registro (art. 1.378 do CC). Correta letra “C". Gabarito da questão. D) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação assumida. José está obrigado a conceder passagem a Abílio, em razão do direito de vizinhança, sendo que a obrigação de tolerar a passagem forçada acompanha a coisa, sendo esta obrigação propter rem. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 123 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 116 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Lúcio, comodante, celebrou contrato de comodato com Pedro, comodatário, no dia 1º de outubro de 2016, pelo prazo de dois meses. O objeto era um carro da marca Y no valor de R$ 30.000,00. A devolução do bem deveria ser feita na cidade Alfa, domicílio do comodante, em 1º de dezembro de 2016. Pedro, no entanto, não devolveu o bem na data marcada e resolveu viajar com amigos para o litoral até a virada do ano. Em 1º de janeiro de 2017, desabou um violento temporal sobre a cidade Alfa, e Pedro, ao voltar da viagem, encontra o carro destruído. Com base nos fatos narrados, sobre a posição de Lúcio, assinale a afirmativa correta. A) Fará jus a perdas e danos, visto que Pedro não devolveu o carro na data prevista. B) Nada receberá, pois o perecimento se deu em razão de fato fortuito ou de força maior. C) Não terá direito a perdas e danos, pois cedeu o uso do bem a Pedro. D) Receberá 50% do valor do bem, pois, por fato inimputável a Pedro, o bem não foi devolvido. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão trata do cumprimento de contrato. Código Civil: Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. Análise das alternativas: A) Fará jus a perdas e danos, visto que Pedro não devolveu o carro na data prevista. Lúcio fará jus a perdas e danos, visto que Pedro não devolveu o carro na data prevista. Correta letra “A”. Gabarito da questão. B) Nada receberá, pois o perecimento se deu em razão de fato fortuito ou de força maior. Lúcio fará jus a perdas e danos, pois mesmo que o perecimento tenha ocorrido em razão de fato fortuito ou força maior, Pedro estava em mora, e responde pelos prejuízos. Pedro apenas não responderia se provasse ausência de culpa em relação à mora, ou que, se tivesse cumprido a obrigação, ainda assim ocorreria o perecimento do bem. Incorreta letra “B”. C) Não terá direito a perdas e danos, pois cedeu o uso do bem a Pedro.Lúcio fará jus a perdas e danos, pois apesar de ter emprestado o bem a Pedro, esse achava-se em mora, pois não devolveu o bem na data e local marcados, se tornando responsável pelo perecimento do bem, mesmo que tenha ocorrido fato fortuito ou força maior. Incorreta letra “C”. D) Receberá 50% do valor do bem, pois, por fato inimputável a Pedro, o bem não foi devolvido. Lúcio fará jus a perdas e danos no valor total do bem, pois Pedro estava em mora, pois não devolveu o bem na data e no local marcados. Incorreta letra “D”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 124 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 117 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase A cidade de Asa Branca foi atingida por uma tempestade de grandes proporções. As ruas ficaram alagadas e a população sofreu com a inundação de suas casas e seus locais de trabalho. Antônio, que tinha uma pequena barcaça, aproveitou a ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo triplo do preço que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente necessidade dos moradores de recorrer a esse tipo de transporte. Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu A) estado de perigo. B) dolo. C) lesão. D) erro. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. ERRO -> Engano fático, falsa noção em relação a uma pessoa, ao objeto do negócio ou a um direito. DOLO -> Artifício ardiloso empregado para enganar alguém, com intuito de benefício próprio. COAÇÃO -> Pressão física ou moral exercida sobre o negociante, visando obrigá-lo a assumir uma obrigação que não lhe interessa. ESTADO DE PERIGO -> Quando alguém presumido de necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. LESÃO -> Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob presente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 125 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 118 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Arlindo, proprietário da vaca Malhada, vendeu-a a seu vizinho, Lauro. Celebraram, em 10 de janeiro de 2018, um contrato de compra e venda, pelo qual Arlindo deveria receber do comprador a quantia de R$ 2.500,00, no momento da entrega do animal, agendada para um mês após a celebração do contrato. Nesse interregno, contudo, para surpresa de Arlindo, Malhada pariu dois bezerros. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Os bezerros pertencem a Arlindo. B) Os bezerros pertencem a Lauro. C) Um bezerro pertence a Arlindo e o outro, a Lauro. D) Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem os bezerros. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão trata da obrigação de dar coisa certa. Código Civil: Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. BREVES COMENTÁRIOS Se o devedor sofre o ônus, deve também ser agraciado com o bônus. Qualquer melhoramento que vier a ocorrer em relação a coisa deverá ser computado no pagamento, podendo o devedor exigir o incremento correspondente no preço. Mas não se pode aceitar que a obrigação fuja aos limites mínimos de vinculação, podendo o credor entender que não terá como arcar com o aumento de valor, dando-se a relação por encerrada e devolvendo-se as partes ao estado anterior. Analisando as alternativas: A) Os bezerros pertencem a Arlindo. Os bezerros pertencem a Arlindo. Correta letra “A". Gabarito da questão. B) Os bezerros pertencem a Lauro. Os bezerros pertencem a Arlindo. Incorreta letra “B". C) Um bezerro pertence a Arlindo e o outro, a Lauro. Os bezerros pertencem a Arlindo. Incorreta letra “C". D) Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem os bezerros. Os bezerros pertencem a Arlindo. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 126 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 119 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Ana, sem filhos, solteira e cujos pais são pré-mortos, tinha os dois avós paternos e a avó materna vivos, bem como dois irmãos: Bernardo (germano) e Carmem (unilateral). Ana falece sem testamento, deixando herança líquida no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). De acordo com os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Seus três avós receberão, cada um, R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por direito de representação dos pais de Ana, pré-mortos. B) Seus avós paternos receberão, cada um, R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e sua avó materna receberá R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio. C) Bernardo receberá R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), por ser irmão germano, e Carmem receberá R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por ser irmã unilateral. D) Bernardo e Carmem receberão, cada um, R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A alternativa A está incorreta, não se falando em direito de representação na linha ascendente, como prevê o art. 1.836: “Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente”. A alternativa B está correta, como se extrai do art. 1.836, §2º: “Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna”. A alternativa C está incorreta, pela combinação do art. 1.838 (“Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente”) com o art. 1.839 (“Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau”). A alternativa D está incorreta, só herdando os irmãos, colaterais, se não houver ascendentes. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 127 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 120 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Mário, cego, viúvo, faleceu em 1º de junho de 2017, deixando 2 filhos: Clara, casada com Paulo, e Júlio, solteiro. Em seu testamento público, feito de acordo com as formalidades legais, em 02 de janeiro de 2017, Mário gravou a legítima de Clara com cláusula de incomunicabilidade; além disso, deixou toda a sua parte disponível para Júlio. Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) O testamento é inválido, pois, como Mário é cego, deveria estar regularmente assistido para celebrar o testamento validamente B) A cláusula de incomunicabilidade é inválida, pois Mário não declarou a justa causa no testamento, como exigido pela legislação civil. C) A cláusula que confere a Júlio toda a parte disponível é inválida, pois Mário não pode tratar seus filhos de forma diferente. D) O testamento é inválido, pois, como Mário é cego, a legislação apenas lhe permite celebrar testamento cerrado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A) ERRADA. Conforme o art. 1.867: “Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designadapelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento”. B) CORRETA. De acordo com o art. 1.848: “Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima”. C) ERRADA. Segundo o art. 1.849: “O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima”. D) ERRADA. Conforme o art. 1.872: “Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 128 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 121 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Jonas trabalha como caseiro da casa de praia da família Magalhães, exercendo ainda a função de cuidador da matriarca Lena, já com 95 anos. Dez dias após o falecimento de Lena, Jonas tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros. Contudo, ele permanece morando na casa, apesar de não manter qualquer outra relação jurídica com os herdeiros, que também já não frequentam mais o imóvel e permanecem incomunicáveis. Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer diversas modificações na casa: alterou a pintura, cobriu a garagem (que passou a alugar para vizinhos) e ampliou a churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte principal, assumiu as despesas de água, luz, gás e telefone, e apresentou-se, perante a comunidade, como “o novo proprietário do imóvel”. Doze anos após o falecimento de Lena, seu filho Adauto decide retomar o imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo. A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. A) Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé. B) Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel estava abandonado. C) Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro do imóvel. D) Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à usucapião. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A alternativa A está incorreta, porque, de fato o possuidor possuiu a coisa de má-fé (sabia do impedimento a respeito da aquisição da propriedade), mas tinha posse justa (sem violência, clandestinidade ou precariedade), o que lhe permite usucapir o bem, em dadas circunstâncias. A alternativa B está incorreta, porque não há abandono, nesse caso, propriamente dito. O proprietário abandonou a coisa, mas a coisa não está abandonada, porque se encontra na posse de outrem. A alternativa C está incorreta, porque o caseiro era detentor apenas enquanto cuidador era; quando a matriarca Lena faleceu, ele não mais estava sujeito. Veja que o art. 1.198 (“Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”) determina que o detentor, detentor é, enquanto cumpre ordens. A alternativa D está correta, pela conjugação do caput do art. 1.238 (“Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”) com o parágrafo único (“O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo”). Como ele está no imóvel há 12 anos, pode adquirir por usucapião. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 129 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 122 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Marcos caminhava na rua em frente ao Edifício Roma quando, da janela de um dos apartamentos da frente do edifício, caiu uma torradeira elétrica, que o atingiu quando passava. Marcos sofreu fratura do braço direito, que foi diretamente atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o membro imobilizado, impossibilitado de trabalhar, até se recuperar plenamente do acidente. À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado pelos danos causados a Marcos, com base na teoria da causalidade alternativa. B) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e morais do morador do apartamento do qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato. C) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos materiais pelo acidente sofrido, pois não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente. D) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o respectivo morador poderá alegar ausência de culpa ou dolo para se eximir de pagar qualquer indenização a ele. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A) CORRETA. Havendo responsabilidade objetiva no caso do art. 938: “Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”. B) ERRADA. A despeito da literalidade do art. 938, há responsabilidade do condomínio no caso em que não é possível indicar com precisão o morador que causou o dano, segundo o STJ. C) ERRADA. Dado que a despeito de não haver dano permanente, houve dano, e a vítima dever ser indenizada. D) ERRADA. A responsabilidade civil é objetiva, nesse caso. Veja que o art. 938, em momento algum menciona a necessidade de comprovação e culpa ou dolo. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 130 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 123 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Em 05 de dezembro de 2016, Sérgio, mediante contrato de compra e venda, adquiriu de Fernando um computador seminovo (ano 2014) da marca Massa pelo valor de R$ 5.000,00. O pagamento foi integralizado à vista, no mesmo dia, e foi previsto no contrato que o bem seria entregue em até um mês, devendo Fernando contatar Sérgio, por telefone, para que este buscasse o computador em sua casa. No contrato, também foi prevista multa de R$ 500,00 caso o bem não fosse entregue no prazo combinado. Em 06 de janeiro de 2017, Sérgio, muito ansioso, ligou para Fernando perguntando pelo computador, mas teve como resposta que o atraso na entrega se deu porque a irmã de Fernando, Ana, que iria trazer um computador novo para ele do exterior, tinha perdido o voo e só chegaria após uma semana. Por tal razão, Fernando ainda dependia do computador antigo para trabalhar e não poderia entregá-lo de imediato a Sérgio. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) ou a cláusula penal de R$ 500,00, não podendo ser cumulada a multa com a obrigação principal. B) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória. C) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem), não a multa, pois o atraso foi por culpa de terceiro (Ana), e não de Fernando. D) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a cláusula penal de R$ 500,00, não a execução específica da obrigação (entrega do bem), que depende de terceiro (Ana). COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão trata de cláusula penal. Código Civil: Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, teráo credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. Art. 411. Breves Comentários. Mora. Já a clausula penal moratória é somada à obrigação principal, pois não tem por fito apenas ressarcir prejuízos do atraso, mas principalmente evitar que ele ocorra. Nada impede que se estipulem, em um mesmo acordo, clausula compensatória (vinculada ao total inadimplemento) e moratória (atrelada à mora no cumprimento de determinadas cláusulas). A) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) ou a cláusula penal de R$ 500,00, não podendo ser cumulada a multa com a obrigação principal. Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) e a cláusula penal (que no caso é moratória) de R$ 500,00, podendo cumular a multa moratória com a obrigação principal. Importante: Se a cláusula penal fosse para o caso de total inadimplemento da obrigação, então não se poderia cumular a execução da obrigação e a cláusula penal, mas não é o caso da questão. Incorreta letra “A". B) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória. Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória. Correta letra “B". Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 131 Questões comentadas para OAB – Direito Civil C) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem), não a multa, pois o atraso foi por culpa de terceiro (Ana), e não de Fernando. Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória. Incorreta letra “C" D) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a cláusula penal de R$ 500,00, não a execução específica da obrigação (entrega do bem), que depende de terceiro (Ana). Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 132 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 124 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase João, empresário individual, é titular de um estabelecimento comercial que funciona em loja alugada em um shopping-center movimentado. No estabelecimento, trabalham o próprio João, como gerente, sua esposa, como caixa, e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora. Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma encomenda feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos e discriminatórios realizados pela vendedora. Assim, Miguel ingressou com ação indenizatória por danos morais em face de João. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e imediatamente por conduta sua. B) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua culpa in vigilando em relação à conduta de Márcia. C) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais diante da verificação de culpa concorrente de terceiro. D) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa exclusiva de terceiro. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão trata de responsabilidade civil. Código Civil: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Enunciado 451 da V Jornada de Direito Civil: Enunciado 451 - Arts. 932 e 933: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida Art. 932. Breves Comentários. Responsabilidade civil indireta ou complexa. O artigo em apreço veicula hipóteses taxativas nas quais há responsabilidade civil indireta ou complexa - pois por ato de terceiro – e objetiva - leia-se: independentemente de culpa (vide artigo 933 do CC). Há, portanto, extensão da responsabilidade sobre o ato praticado pelo terceiro, respondendo outrem que possui, com o terceiro infrator, relação jurídica. Observa-se que o ato do terceiro, pelo qual se responde, há de ser culposo; sendo, porém, a responsabilidade civil do garantidor, objetiva. Leia-se: o menor pratica um ato culposo e os pais, que possuem o menor em sua autoridade e companhia, respondem objetivamente por tal conduta. Justo por isso, apenas haverá responsabilidade civil dos pais caso o ato praticado pelo menor, se este fosse imputável, fosse capaz de ocasionar sua responsabilidade (Enunciado 590 do CJF). O rol é orientado no sentido da reparação do dano. Assim, não mais há busca pelas modalidades de culpa (in vigilando, in elegendo ou in contrahendo...), nem há de falar-se na culpa presumida ou em inversão de ônus da prova. Supera, no particular, o Código Civil atual, a presunção de culpa. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 133 Questões comentadas para OAB – Direito Civil Analisando as alternativas: A) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e imediatamente por conduta sua. João deve responder pelo dano moral, ainda que esse não tenha sido causado de forma direta e imediatamente por conduta sua, uma vez que a responsabilidade de João é objetiva, sendo ele responsável pelos atos praticados por Márcia. Incorreta letra “A". B) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua culpa in vigilando em relação à conduta de Márcia. João responde de maneira objetiva pelos danos causados, não se falando mais em culpa in vigilando, tendo o Código Civil de 2002 estabelecido as diversas modalidades de responsabilidade civil objetiva, abolindo as presunções de culpa (ou modalidades específicas de culpa). Incorreta letra “B". C) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais diante da verificação de culpa concorrente de terceiro. João responde integralmente pelos danos morais, pois sua responsabilidade é objetiva, não havendo que se falar em culpa concorrente de terceiro, uma vez que Márcia é sua funcionária e não terceiro. Incorreta letra “C". D) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa exclusiva de terceiro. João, deverá responder pelos danos causados por Márcia, não lhe assistindo alegar culpa exclusiva de terceiro, pois João responderá independentemente da culpa pelos atos praticados por Márcia. Correta letra “D". Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 134 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 125 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase André, Mariana e Renata pegaram um automóvel emprestado com Flávio, comprometendo-se solidariamente a devolvê-lo em quinze dias. Ocorreque Renata, dirigindo acima do limite de velocidade, causou um acidente que levou à destruição total do veículo. Assinale a opção que apresenta os direitos que Flávio tem diante dos três. A) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mais perdas e danos. B) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata. C) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro e das perdas e danos. D) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A alternativa A está incorreta, como dispõe o art. 279: “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado”. A alternativa B está correta, conforme dito, já que as perdas e danos se cobram apenas do causador do dano, no caso, Renata. A alternativa C está incorreta, porque esse seria o caso de obrigação conjunta, e não solidária. A alternativa D está incorreta, conforme dito acima, por aplicação do art. 279. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 135 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 126 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase João e Carla foram casados por cinco anos, mas, com o passar dos anos, o casamento se desgastou e eles se divorciaram. As três filhas do casal, menores impúberes, ficaram sob a guarda exclusiva da mãe, que trabalha em uma escola como professora, mas que está com os salários atrasados há quatro meses, sem previsão de recebimento. João vinha contribuindo para o sustento das crianças, mas, estranhamente, deixou de fazê-lo no último mês. Carla, ao procurá-lo, foi informada pelos pais de João que ele sofreu um atropelamento e está em estado grave na UTI do Hospital Boa Sorte. Como João é autônomo, não pode contribuir, justificadamente, com o sustento das filhas. Sobre a possibilidade de os avós participarem do sustento das crianças, assinale a afirmativa correta. A) Em razão do divórcio, os sogros de Carla são ex-sogros, não são mais parentes, não podendo ser compelidos judicialmente a contribuir com o pagamento de alimentos para o sustento das netas. B) As filhas podem requerer alimentos avoengos, se comprovada a impossibilidade de Carla e de João garantirem o sustento das filhas. C) Os alimentos avoengos não podem ser requeridos, porque os avós só podem ser réus em ação de alimentos no caso de falecimento dos responsáveis pelo sustento das filhas. D) Carla não pode representar as filhas em ação de alimentos avoengos, porque apenas os genitores são responsáveis pelo sustento dos filhos. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A alternativa A está incorreta, duplamente errada, já que os ex-sogros continuam a ser parentes por afinidade e eles podem ser chamados a arcar com os alimentos, nos termos do art. 1.696: “O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros”. A alternativa B está correta, por aplicação do referido art. 1.696 e do art. 1.698: “Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide”. A alternativa C está incorreta, não havendo necessidade de falecimento, mas apenas de impossibilidade. A alternativa D está incorreta, evidentemente, já que os filhos são absolutamente incapazes, não havendo sequer possiblidade de eles demandaram por si, diretamente. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 136 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 127 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Lúcia, sem ascendentes e sem descendentes, faleceu solteira e não deixou testamento. O pai de Lúcia tinha dois irmãos, que tiveram, cada qual, dois filhos, sendo, portanto, primos dela. Quando do falecimento de Lúcia, seus tios já haviam morrido. Ela deixou ainda um sobrinho, filho de seu único irmão, que também falecera antes dela. Sobre a sucessão de Lúcia, de acordo com os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) O sobrinho concorre com o tio na sucessão de Lúcia, partilhando-se por cabeça. B) O sobrinho representará seu pai, pré-morto, na sucessão de Lúcia. C) O filho do tio pré-morto será chamado à sucessão por direito de representação. D) O sobrinho é o único herdeiro chamado à sucessão e herda por direito próprio. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Não havendo deixado testamento, a sucessão é legítima. Lúcia faleceu sem deixar descendentes, ascendentes e nem cônjuge. Herdarão seus colaterais. Nessa condição, no momento do óbito de Lúcia, estavam vivos um sobrinho (colateral de terceiro grau) e dois primos (parentes colaterais de quarto grau). Reza o art. 1.840 do Código Civil: “Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos”. Destarte, como os sobrinhos excluem os primos, o sobrinho de Lúcia, por direito próprio, será o único herdeiro chamado à sucessão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 137 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 128 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Laurentino constituiu servidão de vista no registro competente, em favor de Januário, assumindo o compromisso de não realizar qualquer ato ou construção que embarace a paisagem de que Januário desfruta em sua janela. Após o falecimento de Laurentino, seu filho Lucrécio decide construir mais dois pavimentos na casa para ali passar a habitar com sua esposa. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) Januário não pode ajuizar uma ação possessória, eis que a servidão é não aparente. B) Diante do falecimento de Laurentino, a servidão que havia sido instituída automaticamente se extinguiu. C) A servidão de vista pode ser considerada aparente quando houver algum tipo de aviso sobre sua existência. D) Januário pode ajuizar uma ação possessória, provando a existência da servidão com base no título. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A alternativa A está incorreta, porque, conforme estabelece Roberto de Ruggiero, a publicidade da posse e o fato de a servidão ser de vista, e, portanto, não aparente, não impede o recurso à ação possessória. A alternativa B está incorreta, já que a servidão, registrada, tem eficácia real. A alternativa C está incorreta, porque a aparência ou não está localizada no fato de haver presença de indícios materiais de que a servidão lá está. A alternativa D está correta, como dito anteriormente, eis que tendo em vista que a servidão não é aparente, a posse se mostra pelo título. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 138 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 129 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Caio, locador, celebrou com Marcos, locatário, contrato de locaçãopredial urbana pelo período de 30 meses, sendo o instrumento averbado junto à matrícula do imóvel no RGI. Contudo, após seis meses do início da vigência do contrato, Caio resolveu se mudar para Portugal e colocou o bem à venda, anunciando- o no jornal pelo valor de R$ 500.000,00. Marcos tomou conhecimento do fato pelo anúncio e entrou em contato por telefone com Caio, afirmando estar interessado na aquisição do bem e que estaria disposto a pagar o preço anunciado. Caio, porém, disse que a venda do bem imóvel já tinha sido realizada pelo mesmo preço a Alexandre. Além disso, o adquirente do bem, Alexandre, iria denunciar o contrato de locação e Marcos teria que desocupar o imóvel em 90 dias. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Marcos, tendo sido preterido na alienação do bem, poderá depositar o preço pago e as demais despesas do ato e haver para si a propriedade do imóvel. B) Marcos não tem direito de preferência na aquisição do imóvel, pois a locação é por prazo determinado. C) Marcos somente poderia exercer direito de preferência na aquisição do imóvel se fizesse oferta superior à de Alexandre. D) Marcos, tendo sido preterido na alienação do bem, poderá reclamar de Alexandre, adquirente, perdas e danos, e poderá permanecer no imóvel durante toda a vigência do contrato, mesmo se Alexandre denunciar o contrato de locação. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A alternativa A está correta, na literalidade do art. 33: “O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel”. A alternativa B está incorreta, dado que o art. 27 não menciona essa exigência: “No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar-lhe conhecimento do negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca”. A alternativa C está incorreta, já que o art. 27, supramencionado, determina que o preço pago seja “, em igualdade de condições com terceiros”. A alternativa D está incorreta, porque o art. 8º (“Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel”) determina que o locatário possa permanecer no imóvel, mas não se abrange, nesse caso, as perdas e danos. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 139 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 130 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Eduardo comprometeu-se a transferir para Daniela um imóvel que possui no litoral, mas uma cláusula especial no contrato previa que a transferência somente ocorreria caso a cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar, nos próximos dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de realizado o negócio, todavia, o advento de nova legislação ambiental impôs regras impeditivas para a realização do campeonato naquele local. Sobre a incidência de tais regras, assinale a afirmativa correta. A) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula especial configura um termo. B) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel. C) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de Daniela, pois a cláusula especial tem natureza jurídica de termo. D) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel, uma vez que há uma condição na cláusula especial. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Trata-se de uma condição, conforme exposto no caso narrado. Condição, nos termos do art. 121, CC, é a cláusula acessória que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina a eficácia do ato jurídico a evento futuro e incerto (ex.: eu lhe darei o meu carro, se eu ganhar na loteria). Fato passado não caracteriza condição. A condição afeta a eficácia (produção de efeitos) do negócio e não a sua existência (uma vez que a vontade foi legítima). Requisitos para a configuração da condição: - Aceitação voluntária das partes (voluntariedade). - Evento futuro do qual o negócio jurídico dependerá (futuridade). - Incerteza do acontecimento (que poderá ou não ocorrer). A incerteza abrange o evento (se ele vai ou não ocorrer) e não o período em que ele vai se realizar. Por isso, a morte (em regra) não é considerada condição. Mas ela pode se transformar em condição quando sua ocorrência é limitada no tempo (ex.: eu lhe darei um carro se fulano morrer este ano). O titular de direito eventual, embora ainda não tenha direito adquirido, já pode praticar alguns atos destinados à conservação, com o intuito de resguardar seu futuro direito, evitando que eventualmente sofra prejuízos (ex.: requerer inventário, pedir uma garantia, etc.). Antes de se realizar a condição, o ato é ineficaz. Analisando as alternativas: A alternativa A está incorreta, já que o evento, futuro e incerto, configura condição. A alternativa B está incorreta, na literalidade do art. 125: “Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto está se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”. A alternativa C está incorreta, novamente, sendo a cláusula referida condição. A alternativa D está correta, conforme dito anteriormente. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 140 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 131 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Brito contratou os serviços da corretora Geru para mediar a venda de um imóvel em Estância. O cliente ajustou com a corretora verbalmente que lhe daria exclusividade, fato presenciado por cinco testemunhas. A corretora, durante o tempo de vigência do contrato (seis meses), anunciou o imóvel em veículos de comunicação de Estância, mas não conseguiu concretizar a venda, realizada diretamente por Brito com o comprador, sem a mediação da corretora. Considerando as informações e as regras do Código Civil quanto ao pagamento de comissão, assinale a afirmativa correta. A) A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o contrato de corretagem foi celebrado por prazo determinado. B) A corretora faz jus ao pagamento da comissão, porque a corretagem foi ajustada com exclusividade, ainda que verbalmente. C) A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o negócio foi iniciado e concluído diretamente entre as partes, sem a sua mediação. D) A corretora faz jus ao pagamento da comissão, porque envidou todos os esforços para o êxito da mediação, que não se concluiu por causa alheia à sua vontade. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão trata do contrato de corretagem. Código Civil: Art. 726. Iniciado e concluído o negócio diretamente entre as partes, nenhuma remuneração será devida ao corretor; mas se, por escrito, for ajustada a corretagem com exclusividade, terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem a sua mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade. Art. 727. Se, por não haver prazo determinado, o dono do negócio dispensar o corretor, e o negócio se realizar posteriormente, como frutoda sua mediação, a corretagem lhe será devida; igual solução se adotará se o negócio se realizar após a decorrência do prazo contratual, mas por efeito dos trabalhos do corretor. Analisando as alternativas: A) A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o contrato de corretagem foi celebrado por prazo determinado. A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o negócio foi iniciado e concluído diretamente entre as partes, sem a sua mediação, sendo que, o fato de ter o contrato ter sido celebrado por prazo determinado não alterou a situação. Incorreta letra “A". B) A corretora faz jus ao pagamento da comissão, porque a corretagem foi ajustada com exclusividade, ainda que verbalmente. A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, pois, a corretagem foi ajustada verbalmente, ainda que com exclusividade, para fazer jus, a corretagem deveria ter sido ajustada por escrito. Incorreta letra “B". C) A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o negócio foi iniciado e concluído diretamente entre as partes, sem a sua mediação. A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o negócio foi iniciado e concluído diretamente entre as partes, sem a sua mediação. Correta letra “C". Gabarito da questão. D) A corretora faz jus ao pagamento da comissão, porque envidou todos os esforços para o êxito da mediação, que não se concluiu por causa alheia à sua vontade. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 141 Questões comentadas para OAB – Direito Civil A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o negócio foi iniciado e concluído diretamente entre as partes, sem a sua mediação. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 142 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 132 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Em um bazar beneficente, promovido por Júlia, Marta adquiriu um antigo faqueiro, praticamente sem uso. Acreditando que o faqueiro era feito de prata, Marta ofereceu um preço elevado sem nada perguntar sobre o produto. Júlia, acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente aceitou o preço oferecido. Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os talheres começaram a ficar manchados e a se dobrarem com facilidade. Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era feito de uma liga metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso reiterado, ele se deterioraria. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em seu objeto, um dos elementos essenciais do negócio jurídico. B) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não tinha qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta. C) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o desfazimento do negócio deve ser contado da data de descoberta do vício. D) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja desfeito se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do faqueiro. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A pegadinha estava no início da questão "bazar beneficente", logo, restou configurado o "Princípio da Confiança". a) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em seu objeto, um dos elementos essenciais do negócio jurídico. (Errada) Comentário: É anulável. Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. b) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não tinha qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta. (Certa) Comentário: Aqui está a pegadinha da questão. Em bazares, as pessoas, muito comumente, pagam valores mais altos nos objetos, pois o propósito é ajudar (ato beneficente). Então, se alguém oferece um valor alto em um faqueiro "simples", o que eu, enquanto responsável pelo bazar, pensarei? Ótimo, pois toda ajuda é sempre bem-vinda. É neste contexto que não podemos alegar o erro. Se fosse em uma compra e venda normal, talvez, eu alegaria. Mas como estou me referindo a um bazar beneficente, não tinha como se configurar um vício de consentimento. c) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o desfazimento do negócio deve ser contado da data de descoberta do vício. (ERRADA) Comentário: Segundo o art. 178, II CC/02, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação é contado do dia em que se realizou o negócio jurídico. d) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja desfeito se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do faqueiro. Comentário: Essa possibilidade se aplica ao vício de consentimento chamado de lesão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 143 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 133 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Em ação judicial na qual Paulo é réu, levantou-se controvérsia acerca de seu domicílio, relevante para a determinação do juízo competente. Paulo alega que seu domicílio é a capital do Estado do Rio de Janeiro, mas o autor sustenta que não há provas de manifestação de vontade de Paulo no sentido de fixar seu domicílio naquela cidade. Sobre o papel da vontade nesse caso, assinale a afirmativa correta. A) Por se tratar de um fato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é irrelevante, uma vez que não é necessário levar em consideração a conduta humana para a determinação dos efeitos jurídicos desse fato. B) Por se tratar de um ato-fato jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é irrelevante, uma vez que, embora se leve em consideração a conduta humana para a determinação dos efeitos jurídicos, não é exigível manifestação de vontade. C) Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, embora os seus efeitos sejam predeterminados pela lei, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, no sentido de verificar a existência de um ânimo de permanecer naquele local. D) Por se tratar de um negócio jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, já que é a manifestação de vontade que determina quais efeitos jurídicos o negócio irá produzir. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Para responder à questão é preciso conhecer a matéria do fato ao negócio jurídico. Fatos jurídicos são acontecimentos relevantes para o direito e são divididos em: 1 - Fato jurídico (stricto sensu): não há vontade humana na prática do ato. É um fenômeno natural. Exemplo: Art. 1.284. do Código Civil: Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular. 2 - Ato jurídico: há participação da vontade humana, sendo que possui diferentes gradações, podendo ser dividas em: 2.a - Ato fato: a vontade não é muito relevante para a finalidade atingida. Exemplo: Achado de tesouro. Art. 1.264 do código civil: O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. 2.b - Ato jurídico (stricto sensu): há vontade para a realização do ato, sendo que as consequências estão previstas em lei. Exemplo: O pai que reconhece a paternidade do filhotem como consequência o dever de arcar com a pensão alimentícia. 2.c - Negócio jurídico: há vontade das partes e existe autonomia privada para a regulamentação jurídica nos limites da lei. Exemplo: Casamento, autonomia privada, mas existe algumas imposições legais/limites. 2.d - Ato ilícito: ato praticado em desconformidade com as normas legais. Feito esse resumo, temos que na questão em tela, bem como considerando o art. 70 do código civil (O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.), a escolha do domicílio necessita de vontade da parte e os seus efeitos estão previstos no ordenamento jurídico. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 144 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 134 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Paulo, viúvo, tinha dois filhos: Mário e Roberta. Em 2016, Mário, que estava muito endividado, cedeu para seu amigo Francisco a quota-parte da herança a que fará jus quando seu pai falecer, pelo valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), pago à vista. Paulo falece, sem testamento, em 2017, deixando herança líquida no valor de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). Sobre a partilha da herança de Paulo, assinale a afirmativa correta. A) Francisco não será contemplado na partilha porque a cessão feita por Mário é nula, razão pela qual Mário e Roberta receberão, cada um, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). B) Francisco receberá, por força da partilha, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Mário ficará com R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e Roberta com R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). C) Francisco e Roberta receberão, cada um, por força da partilha, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e Mário nada receberá. D) Francisco receberá, por força da partilha, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Roberta ficará com R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e Mário nada receberá. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão trata de contratos. Código Civil: Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. A) Francisco não será contemplado na partilha porque a cessão feita por Mário é nula, razão pela qual Mário e Roberta receberão, cada um, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). A cessão que Mário fez a Francisco é nula, pois foi objeto de contrato herança de pessoa viva, de forma que Francisco não será contemplado na partilha, razão pela qual Mário e Roberta receberão, cada um, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). Correta letra “A". Gabarito da questão. B) Francisco receberá, por força da partilha, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Mário ficará com R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e Roberta com R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). A cessão que Mário fez a Francisco é nula, pois foi objeto de contrato herança de pessoa viva, de forma que Francisco não será contemplado na partilha, razão pela qual Mário e Roberta receberão, cada um, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). Incorreta letra “B". C) Francisco e Roberta receberão, cada um, por força da partilha, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e Mário nada receberá. A cessão que Mário fez a Francisco é nula, pois foi objeto de contrato herança de pessoa viva, de forma que Francisco não será contemplado na partilha, razão pela qual Mário e Roberta receberão, cada um, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) Incorreta letra “C". D) Francisco receberá, por força da partilha, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Roberta ficará com R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e Mário nada receberá. A cessão que Mário fez a Francisco é nula, pois foi objeto de contrato herança de pessoa viva, de forma que Francisco não será contemplado na partilha, razão pela qual Mário e Roberta receberão, cada um, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 145 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 135 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Juliana, por meio de contrato de compra e venda, adquiriu de Ricardo, profissional liberal, um carro seminovo (30.000km) da marca Y pelo preço de R$ 24.000,00. Ficou acertado que Ricardo faria a revisão de 30.000km no veículo antes de entregá-lo para Juliana no dia 23 de janeiro de 2017. Ricardo, porém, não realizou a revisão e omitiu tal fato de Juliana, pois acreditava que não haveria qualquer problema, já que, aparentemente, o carro funcionava bem. No dia 23 de fevereiro de 2017, Juliana sofreu acidente em razão de defeito no freio do carro, com a perda total do veículo. A perícia demostrou que a causa do acidente foi falha na conservação do bem, tendo em vista que as pastilhas do freio não tinham sido trocadas na revisão de 30.000km, o que era essencial para a manutenção do carro. Considerando os fatos, assinale a afirmativa correta. A) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido por Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o carro estava aparentemente funcionando bem no momento da tradição. B) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada tendo a ver com o acidente sofrido por Juliana. C) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição. D) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000km do carro, tendo em vista que ela não foi realizada conforme previsto no contrato. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão trata de vícios redibitórios. Código Civil: Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão- somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. A) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido por Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o carro estava aparentemente funcionando bem no momento da tradição. Ricardo tem responsabilidade pelo dano sofrido por Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o bem pereceu devido a vício oculto, já existente ao tempo da tradição. Incorreta letra “A". B) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada tendo a ver com o acidente sofrido por Juliana. Ricardo deverá ressarcir todo o dano sofrido por Juliana (perda total do carro), em razão do perecimento do bem ter ocorrido por vício oculto, existente ao tempo da tradição. Incorreta letra “B". C) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição. Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição. Correta letra “C". Gabarito da questão. D) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000 km do carro, tendo em vista que ela não foi realizada conforme previsto no contrato. Ricardo deverá ressarcir todo o dano sofrido por Juliana, com a perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição.Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 146 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 136 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Arlindo e Berta firmam pacto antenupcial, preenchendo todos os requisitos legais, no qual estabelecem o regime de separação absoluta de bens. No entanto, por motivo de saúde de um dos nubentes, a celebração civil do casamento não ocorreu na data estabelecida. Diante disso, Arlindo e Berta decidem não se casar e passam a conviver maritalmente. Após cinco anos de união estável, Arlindo pretende dissolver a relação familiar e aplicar o pacto antenupcial, com o objetivo de não dividir os bens adquiridos na constância dessa união. Nessas circunstâncias, o pacto antenupcial é A) válido e ineficaz. B) válido e eficaz. C) inválido e ineficaz. D) inválido e eficaz. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão trata do pacto antenupcial. Código Civil: Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. A) válido e ineficaz. O pacto antenupcial é válido e ineficaz. Correta letra “A". Gabarito da questão. B) válido e eficaz. O pacto antenupcial é válido e ineficaz, por não ter seguido o casamento. Incorreta letra “B". C) inválido e ineficaz. O pacto antenupcial é válido pois seguiu os requisitos legais (escritura pública), e ineficaz. Incorreta letra “C". D) inválido e eficaz. O pacto antenupcial é válido pois seguiu os requisitos legais (escritura pública), e ineficaz, por não ter seguido o casamento. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 147 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 137 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor Joventino adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para seu sustento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de terceiros. Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno, que só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à retomada. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado esbulhador. B) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido. C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia. D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão trata da posse. Código Civil: Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. Posse violenta – é a obtida por meio de esbulho, for força física ou violência moral (vis). A doutrina tem o costume de associá-la ao crime de roubo. Exemplo: movimento popular invade violentamente, removendo e destruindo obstáculos, uma propriedade rural produtiva, que está sendo utilizada pelo proprietário, cumprindo a sua função social. •Posse clandestina – é a obtida às escondidas, de forma oculta, à surdina, na calada da noite. É assemelhada ao crime de furto. Exemplo: movimento popular invade, à noite e sem violência, uma propriedade rural que está sendo utilizada pelo proprietário, cumprindo a sua função social. •Posse precária – é a obtida com abuso de confiança ou de direito (precário). Tem forma assemelhada ao crime de estelionato ou à apropriação indébita, sendo também denominada esbulho pacífico. Exemplo: locatário de um bem móvel que não devolve o veículo ao final do contrato. A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado esbulhador. Joventino era possuidor de má-fé e, mesmo sem o emprego de violência, é considerado esbulhador. Incorreta letra “A". B) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido. O desforço imediato não pode ir além do indispensável à restituição da posse, e, no caso, a medida que Clodoaldo tomou foi excessiva e desproporcional. Incorreta letra “B". C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 148 Questões comentadas para OAB – Direito Civil Em razão do esbulho, Joventino deve ajuizar ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia. Correta letra “C". D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse. Na condição de possuidor de má-fé, Joventino não tem direito aos frutos e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 149 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 138 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Cássio, mutuante, celebrou contrato de mútuo gratuito com Felipe, mutuário, cujo objeto era a quantia de R$ 5.000,00, em 1º de outubro de 2016, pelo prazo de seis meses. Foi combinado que a entrega do dinheiro seria feita no parque da cidade. No entanto, Felipe, após receber o dinheiro, foi furtado no caminho de casa. Em 1º de abril de 2017, Cássio telefonou para Felipe para combinar o pagamento da quantia emprestada, mas este respondeu que não seria possível, em razão da perda do bem por fato alheio à sua vontade. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Cássio tem direito à devolução do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe. B) Cássio tem direito à devolução do dinheiro e ao pagamento de juros, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe. C) Cássio tem direito somente à devolução de metade do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe. D) Cássio não tem direito à devolução do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão trata do contrato de mútuo. Código Civil: Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos,presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual. A) Cássio tem direito à devolução do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe. Cássio tem direito à devolução do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor (após a tradição, todos os riscos correm por conta do mutuário), Felipe. Correta letra “A". Gabarito da questão. B) Cássio tem direito à devolução do dinheiro e ao pagamento de juros, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe. Cássio tem direito à devolução do dinheiro, sem juros, pois o contrato de mútuo foi celebrado de forma gratuita, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe. Incorreta letra “B". C) Cássio tem direito somente à devolução de metade do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe. Cássio tem direito à devolução integral do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, pois, após a tradição, todos os riscos correm por conta do mutuário, Felipe. Incorreta letra “C". D) Cássio não tem direito à devolução do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe. Cássio tem direito à devolução integral do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, pois, após a tradição, todos os riscos correm por conta do mutuário (devedor), Felipe. Incorreta letra “D". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 150 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 139 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase George vende para Marília um terreno não edificado de sua propriedade, enfatizando a existência de uma “vista eterna para a praia” que se encontra muito próxima do imóvel, mesmo sem qualquer documento comprovando o fato. Marília adquire o bem, mas, dez anos após a compra, é surpreendida com a construção de um edifício de vinte andares exatamente entre o seu terreno e o mar, impossibilitando totalmente a vista que George havia prometido ser eterna. Diante do exposto e considerando que a construção do edifício ocorreu em um terreno de terceiro, assinale a afirmativa correta. A) Uma vez transcorrido o prazo de 10 anos, Marília pode pleitear o reconhecimento da usucapião da servidão de vista. B) Mesmo sem registro, Marília pode ser considerada titular de uma servidão de vista por destinação de George, o antigo proprietário do terreno. C) Mesmo sendo uma servidão aparente, as circunstâncias do caso não permitem a usucapião de vista. D) Sem que tenha sido formalmente constituída, não é possível reconhecer servidão de vista em favor de Marília. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão quer o conhecimento sobre servidão. Código Civil: Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diversos dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.272, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião. Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos. A) Uma vez transcorrido o prazo de 10 anos, Marília pode pleitear o reconhecimento da usucapião da servidão de vista. A constituição de servidão ocorre por declaração expressa dos proprietários ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis. O enunciado da questão deixa claro que não há qualquer documento comprovando o fato de haver servidão de vista. Incorreta letra “A”. B) Mesmo sem registro, Marília pode ser considerada titular de uma servidão de vista por destinação de George, o antigo proprietário do terreno. Para constituição de uma servidão, é necessário além de declaração expressa, o registro no Cartório de Registro de Imóveis, de forma que Marília não pode ser considerada titular de uma servidão de vista, pois não há nenhum documento comprobatório. Incorreta letra “B”. C) Mesmo sendo uma servidão aparente, as circunstâncias do caso não permitem a usucapião de vista. Não há servidão de vista, uma vez que não há nenhum registro no Cartório de Registro de Imóveis, requisito necessário para constituição de servidão. Incorreta letra “C”. D) Sem que tenha sido formalmente constituída, não é possível reconhecer servidão de vista em favor de Marília. Para constituição de servidão, é necessário o registro no Cartório de Registro de Imóveis. A servidão não foi formalmente constituída, de forma que não é possível reconhece-la em favor de Marília. Correta letra “D”. Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 151 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 140 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Clara e Sérgio são casados pelo regime da comunhão parcial de bens. Durante o casamento, o casal adquiriu onerosamente um apartamento e Sérgio herdou um sítio de seu pai. Sérgio morre deixando, além de Clara, Joaquim, filho do casal. Sobre os direitos de Clara, segundo os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Clara é herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. B) Clara é meeira no apartamento e herdeira do sítio, em concorrência com Joaquim. C) Clara é herdeira do apartamento e do sítio, em concorrência com Joaquim. D) Clara é meeira no sítio e herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão trata do direito das sucessões. Código Civil: Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; Art. 1.660. Entram na comunhão: I - Os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; Clara – não é meeira no sítio, pois foi recebido por Sérgio via sucessão. Clara – é meeira no apartamento, pois foi adquirido onerosamente na constância do casamento. Código Civil: Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; Enunciado 270 da III Jornada de Direito Civil: O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes. Clara – herdeira no sítio (bem particular que não entrou na meação). Análise das alternativas: A) Clara é herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. Clara é meeira no apartamento, em razão do regime de bens. Joaquim é herdeiro sozinho da outra parte do apartamento. Incorreta letra “A”. B) Clara é meeira no apartamento e herdeira do sítio, em concorrência com Joaquim. Clara é meeira no apartamento, em razão do regime de bens. É herdeira do sítio (bem particular que não entrou na meação) em concorrênciacom Joaquim (herdeiro descendente). Correta letra “B”. Gabarito da questão. C) Clara é herdeira do apartamento e do sítio, em concorrência com Joaquim. Clara é meeira do apartamento, em razão do regime de bens, e herdeira do sítio em concorrência com Joaquim. Incorreta letra “C”. D) Clara é meeira no sítio e herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. Clara é herdeira no sítio e meeira do apartamento. Concorre com Joaquim como herdeira do sítio. Incorreta letra “D”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 152 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 141 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase André é motorista da transportadora Via Rápida Ltda. Certo dia, enquanto dirigia um ônibus da empresa, se distraiu ao tentar se comunicar com um colega, que dirigia outro coletivo ao seu lado, e precisou fazer uma freada brusca para evitar um acidente. Durante a manobra, Olívia, uma passageira do ônibus, sofreu uma queda no interior do veículo, fraturando o fêmur direito. Além do abalo moral, a passageira teve despesas médicas e permaneceu por semanas sem trabalhar para se recuperar da fratura. Olívia decide, então, ajuizar ação indenizatória pelos danos morais e materiais sofridos. Em referência ao caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Olívia deve, primeiramente, ajuizar a ação em face da transportadora, e apenas demandar André se não obtiver a reparação pretendida, pois a responsabilidade do motorista é subsidiária. B) Olívia pode ajuizar ação em face da transportadora e de André, simultânea ou alternativamente, pois ambos são solidariamente responsáveis. C) Olívia apenas pode demandar, nesse caso, a transportadora, mas esta terá direito de regresso em face de André, se for condenada ao dever de indenizar. D) André e a transportadora são solidariamente responsáveis e podem ser demandados diretamente por Olívia, mas aquele que vier a pagar a indenização não terá regresso em face do outro. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão quer o conhecimento sobre responsabilidade civil. Código Civil: Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. A) Olívia deve, primeiramente, ajuizar a ação em face da transportadora, e apenas demandar André se não obtiver a reparação pretendida, pois a responsabilidade do motorista é subsidiária. Olívia pode ajuizar a ação em face da transportadora e de André, pois ambos são solidariamente responsáveis. Incorreta letra “A”. B) Olívia pode ajuizar ação em face da transportadora e de André, simultânea ou alternativamente, pois ambos são solidariamente responsáveis. Olívia pode ajuizar ação em face da transportadora e de André, simultânea ou alternativamente, pois ambos são solidariamente responsáveis. Correta letra “B”. Gabarito da questão. C) Olívia apenas pode demandar, nesse caso, a transportadora, mas esta terá direito de regresso em face de André, se for condenada ao dever de indenizar. Olívia poderá demandar tanto a transportadora quanto André, pois são solidariamente responsáveis. A transportadora terá direito de regresso em face de André, se for condenada ao dever de indenizar. Incorreta letra “C”. D) André e a transportadora são solidariamente responsáveis e podem ser demandados diretamente por Olívia, mas aquele que vier a pagar a indenização não terá regresso em face do outro. André e a transportadora são solidariamente responsáveis e podem ser demandados diretamente por Olívia. Porém, apenas a transportadora terá direito de regresso em face de André, se for condenada ao dever de indenizar. Incorreta letra “D”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 153 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 142 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Festas Ltda., compradora, celebrou, após negociações paritárias, contrato de compra e venda com Chocolates S/A, vendedora. O objeto do contrato eram 100 caixas de chocolate, pelo preço total de R$ 1.000,00, a serem entregues no dia 1º de novembro de 2016, data em que se comemorou o aniversário de 50 anos de existência da sociedade. No contrato, estava prevista uma multa de R$ 1.000,00 caso houvesse atraso na entrega. Chocolates S/A, devido ao excesso de encomendas, não conseguiu entregar as caixas na data combinada, mas somente dois dias depois. Festas Ltda., dizendo que a comemoração já havia acontecido, recusou-se a receber e ainda cobrou a multa. Por sua vez, Chocolates S/A não aceitou pagar a multa, afirmando que o atraso de dois dias não justificava sua cobrança e que o produto vendido era o melhor do mercado. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto por perda da utilidade da prestação e a multa é uma cláusula penal compensatória. B) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idêntico ao valor da prestação principal, é abusiva. C) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias depois, razão pela qual nada deve a título de multa. D) Festas Ltda. só pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da cláusula penal, segundo o Código de Defesa do Consumidor. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão quer o conhecimento sobre cláusula penal. Código Civil: Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora. Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. A) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto por perda da utilidade da prestação e a multa é uma cláusula penal compensatória. O valor previsto na cláusula penal equivale ao valor da obrigação principal. Diante do atraso de dois dias no cumprimento da obrigação, e já tendo passado a comemoração, houve um inadimplemento absoluto por perda da utilidade da prestação, sendo a multa uma cláusula penal compensatória, tendo razão a Festas Ltda. em não receber as caixas e cobrar a multa. Correta letra “A”. Gabarito da questão. B) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idêntico ao valor da prestação principal, é abusiva. Chocolates S/A deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idêntico ao valor da prestação principal está dentro do previsto em lei. Incorreta letra “B”. C) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias depois, razão pela qual nada deve a título de multa. Chocolates S/A não adimpliu sua prestação, pois o não cumprimento da obrigação na data marcada, tornou inútil a prestação, havendo inadimplemento absoluto, razão pela qual deve pagar a multa. Incorreta letra “C”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitosreservados. 154 Questões comentadas para OAB – Direito Civil D) Festas Ltda. só pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da cláusula penal, segundo o Código de Defesa do Consumidor. Festas Ltda. podem exigir 100% da multa (R$ 1.000,00), pois o contrato é regido pelo Código Civil (houve negociação paritária), e o valor da multa não excede o valor da obrigação principal. Incorreta letra “D”. Observação: o enunciado pode induzir a pensar que a cláusula penal estipulada é moratória, não ficando muito claro. Porém, dentre as alternativas apresentadas, verifica-se que a resposta apontada como correta traz a cláusula penal como sendo compensatória. A FGV manteve o gabarito. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 155 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 143 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Antônio, vendedor, celebrou contrato de compra e venda com Joaquim, comprador, no dia 1º de setembro de 2016, cujo objeto era um carro da marca X no valor de R$ 20.000,00, sendo o pagamento efetuado à vista na data de assinatura do contrato. Ficou estabelecido ainda que a entrega do bem seria feita 30 dias depois, em 1º de outubro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, domicílio do vendedor. Contudo, no dia 25 de setembro, uma chuva torrencial inundou diversos bairros da cidade e o carro foi destruído pela enchente, com perda total. Considerando a descrição dos fatos, Joaquim A) não faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00. B) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, não teve culpa. C) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, teve culpa. D) terá direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não havia ocorrido a tradição no momento do perecimento do bem. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão quer o conhecimento sobre obrigações. Antônio – vendedor do bem, devedor (irá entregar o bem) Joaquim – comprador do bem, credor (irá receber o bem) Código Civil: Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Análise das alternativas: A) não faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00. Joaquim, credor (iria receber o veículo), faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00, pois a coisa se perdeu sem culpa (chuva torrencial) do devedor (iria entregar o veículo), voltando as partes ao estado anterior: Joaquim com o valor de R$ 20.000,00 e Antônio com o carro da marca X. Resolver a obrigação, nesse caso, significa voltar ao estado anterior. Incorreta letra “A”. B) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, não teve culpa. Joaquim terá direito à devolução de 100% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor (devedor) não teve culpa. Incorreta letra “B”. C) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, teve culpa. Joaquim terá direito à devolução de 100% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor (devedor) não teve culpa (chuva torrencial) na perda do bem. Incorreta letra “C”. D) terá direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não havia ocorrido a tradição no momento do perecimento do bem. Joaquim terá direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não havia ocorrido a tradição (entrega do bem) no momento do seu perecimento. Correta letra “D”. Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 156 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 144 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase João e Maria, casados e donos de extenso patrimônio, celebraram contrato de fiança em favor de seu filho, Carlos, contrato este acessório a contrato de locação residencial urbana, com duração de 30 meses, celebrado entre Carlos, locatário, e Marcelo, proprietário do apartamento e locador, com vigência a partir de 1º de setembro de 2015. Contudo, em novembro de 2016, Carlos não pagou o aluguel. Considerando que não houve renúncia a nenhum benefício pelos fiadores, assinale a afirmativa correta. A) Marcelo poderá cobrar diretamente de João e Maria, fiadores, tendo em vista que eles são devedores solidários do afiançado, Carlos. B) Marcelo poderá cobrar somente de João, tendo em vista que Maria não é fiadora, mas somente deu a outorga uxória. C) Marcelo poderá cobrar de Carlos, locatário, mas não dos fiadores, pois não respondem pela dívida do contrato de locação. D) Marcelo poderá cobrar de João e Maria, fiadores, após tentar cobrar a dívida de Carlos, locatário, tendo em vista que os fiadores são devedores subsidiários. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão quer o conhecimento sobre contrato de locação e fiança. Código Civil: Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito. A) Marcelo poderá cobrar diretamente de João e Maria, fiadores, tendo em vista que eles são devedores solidários do afiançado, Carlos. Marcelo deverá cobrar primeiro do locatário, Carlos, e somente após dos fiadores, pois, há para os fiadores o benefício de ordem, não havendo solidariedade nesse caso. Incorreta letra “A”. B) Marcelo poderá cobrar somente de João, tendo em vista que Maria não é fiadora, mas somente deu a outorga uxória. Marcelo deverá cobrar primeiramente de Carlos, e somente após dos fiadores: João e Maria. Maria também é fiadora, como deixado claro no enunciado. Incorreta letra “B”. C) Marcelo poderá cobrar de Carlos, locatário, mas não dos fiadores, pois não respondem pela dívida do contrato de locação. Marcelo deverá cobrar de Carlos, locatário, e depois dos fiadores, pois é do contrato de fiança assegurar o pagamento da obrigação, caso o contrato principal não seja cumprido. Incorreta letra “C”. D) Marcelo poderá cobrar de João e Maria, fiadores, após tentar cobrar a dívida de Carlos, locatário, tendo em vista que os fiadores são devedores subsidiários. Marcelo poderá cobrar de João e Maria, fiadores, apenas após tentar cobrar a dívida de Carlos, locatário, tendo em vista que os fiadores são devedores subsidiários e não abriram mão do benefício de ordem (art. 827, do CC). Correta letra “D”. Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 157 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 146 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Ricardo realizou diversas obras no imóvel que Cláudia lhe emprestou: reparou um vazamento existente na cozinha; levantou uma divisória na área de serviço para formar um novo cômodo, destinado a servir de despensa; ampliou o número de tomadas disponíveis; e trocou o portão manual da garagem por um eletrônico. Quando Cláudia pediu o imóvel de volta, Ricardo exigiu o ressarcimento por todas as benfeitorias realizadas, embora sequer a tenha consultado previamente sobre as obras. Somente pode-se considerar benfeitoria necessária, a justificaro direito ao ressarcimento, A) o reparo do vazamento na cozinha. B) a formação de novo cômodo, destinado a servir de despensa, pelo levantamento de divisória na área de serviço. C) a ampliação do número de tomadas. D) a troca do portão manual da garagem por um eletrônico. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão quer saber qual é a benfeitoria necessária, que justifica o direito ao ressarcimento. Código Civil: Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. A) o reparo do vazamento na cozinha. O reparo do vazamento na cozinha é uma benfeitoria necessária, pois tem por fim conservar o bem, evitando a sua deterioração, de forma que justifica o ressarcimento. Correta letra “A”. Gabarito da questão. B) a formação de novo cômodo, destinado a servir de despensa, pelo levantamento de divisória na área de serviço. A formação de novo cômodo, destinado a servir de despensa, é uma benfeitoria útil, pois aumenta e facilita o uso do bem, não justificando o ressarcimento. Incorreta letra “B”. C) a ampliação do número de tomadas. A ampliação do número de tomadas é uma benfeitoria útil, pois facilita o uso do bem, não justificando o ressarcimento. Incorreta letra “C”. D) a troca do portão manual da garagem por um eletrônico. A troca do portão manual da garagem por um portão eletrônico é uma benfeitoria útil, pois facilita o uso do bem, não justificando o ressarcimento. Incorreta letra “D”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 158 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 147 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXI - Primeira Fase Augusto e Raquel casam-se bem jovens, ambos com 22 anos. Um ano depois, nascem os filhos do casal: dois meninos gêmeos. A despeito da ajuda dos avós das crianças, o casamento não resiste à dura rotina de criação dos dois recém-nascidos. Augusto e Raquel separam-se ainda com os filhos em tenra idade, indo as crianças residir com a mãe. Raquel, em pouco tempo, contrai novas núpcias. Augusto, em busca de um melhor emprego, muda-se para uma cidade próxima. A respeito da guarda dos filhos, com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) A guarda dos filhos de tenra idade será atribuída preferencialmente, de forma unilateral, à mãe. B) Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos será dividido de forma matemática entre o pai e a mãe. C) O pai ou a mãe que contrair novas núpcias perderá o direito de ter consigo os filhos. D) Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será a que melhor atender aos interesses dos filhos. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Análise das alternativas: A) A guarda dos filhos de tenra idade será atribuída preferencialmente, de forma unilateral, à mãe. Código Civil: Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: § 2º - Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. Na guarda compartilhada, a guarda dos filhos de tenra idade será atribuída a qualquer um dos pais, desde que ambos estejam aptos a exercer o poder familiar, não havendo preferência, de forma unilateral, à mãe. Incorreta letra “A". B) Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos será dividido de forma matemática entre o pai e a mãe. Código Civil: Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 2º - Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos: Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos será dividido de forma equilibrada do tempo com o pai e a mãe. Incorreta letra “B". C) O pai ou a mãe que contrair novas núpcias perderá o direito de ter consigo os filhos. Código Civil: Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não são tratados convenientemente. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perderá o direito de ter consigo os filhos. Incorreta letra “C". D) Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será a que melhor atender aos interesses dos filhos. Código Civil: Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 3º - Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será a que melhor atender aos interesses dos filhos. Correta letra “D". Gabarito da questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 159 Questões comentadas para OAB – Direito Civil QUESTÃO 148 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXI - Primeira Fase Tomás e Vinícius trabalham em uma empresa de assistência técnica de informática. Após diversas reclamações de seu chefe, Adilson, os dois funcionários decidem se vingar dele, criando um perfil falso em seu nome, em uma rede social. Tomás cria o referido perfil, inserindo no sistema os dados pessoais, fotografias e informações diversas sobre Adilson. Vinícius, a seu turno, alimenta o perfil durante duas semanas com postagens ofensivas, até que os dois são descobertos por um terceiro colega, que os denúncia ao chefe. Ofendido, Adilson ajuíza ação indenizatória por danos morais em face de Tomás e Vinícius. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Tomás e Vinícius são corresponsáveis pelo dano moral sofrido por Adilson e devem responder solidariamente pelo dever de indenizar. B) Tomás e Vinícius devem responder pelo dano moral sofrido por Adilson, sendo a obrigação de indenizar, nesse caso, fracionária, diante da pluralidade de causadores do dano. C) Tomás e Vinícius apenas poderão responder, cada um, por metade do valor fixado a título de indenização, pois cada um poderá alegar a culpa concorrente do outro para limitar sua responsabilidade. D) Adilson sofreu danos morais distintos: um causado por Tomás e outro por Vinícius, devendo, portanto, receber duas indenizações autônomas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Análise das alternativas: B) Tomás e Vinícius devem responder pelo dano moral sofrido por Adilson, sendo a obrigação de indenizar, nesse caso, fracionária, diante da pluralidade de causadores do dano. Código Civil: Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Tomás e Vinícius devem responder pelo dano moral sofrido por Adilson, sendo a obrigação de indenizar, nesse caso, solidária. Incorreta letra “B". C) Tomás e Vinícius apenas poderão responder, cada um, por metade do valor fixado a título de indenização, pois cada um poderá alegar a culpa concorrente do outro para limitar sua responsabilidade. Código Civil: Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Tomás e Vinícius responderão,