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Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 DIREITO CIVIL Direito das Obrigações. Questão 01: (OAB/Exame Unificado – 2017.3) André, Mariana e Renata pegaram um automóvel emprestado com Flávio, comprometendo-se solidariamente a devolvê-lo em quinze dias. Ocorre que Renata, dirigindo acima do limite de velocidade, causou um acidente que levou à destruição total do veículo. Assinale a opção que apresenta os direitos que Flávio tem diante dos três. (A) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mais perdas e danos. (B) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata. (C) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro e das perdas e danos. (D) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata. Gabarito Comentado: A questão é interessante, pois demonstra como a solidariedade é um vínculo entre as pessoas de um mesmo polo obrigacional, não importando o objeto devido. A perda do carro (objeto devido) não afeta em nada a solidariedade passiva entre os diversos devedores, os quais continuam responsáveis pela totalidade do débito. Contudo, pelas perdas e danos adicionais (para além do valor do carro), somente o culpado responderá. É o que se depreende da regra estabelecida pelo art. 279 do Código Civil, segundo o qual: “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado”. B: correta Questão 02: Arlindo, proprietário da vaca Malhada, vendeu-a a seu vizinho, Lauro. Celebraram, em 10 de janeiro de 2018, um contrato de compra e venda, pelo qual Arlindo deveria receber do comprador a quantia de R$ 2.500,00, no momento da entrega do animal, agendada para um mês após a celebração do contrato. Nesse interregno, contudo, para surpresa de Arlindo, Malhada pariu dois bezerros. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Os bezerros pertencem a Arlindo. (B) Os bezerros pertencem a Lauro. (C) Um bezerro pertence a Arlindo e o outro, a Lauro. (D) Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem os bezerros. Gabarito Comentado: A: correta, pois,até a tradição, “pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos” (CC, art. 237); B: incorreta, pois Lauro ainda não era proprietário do bem, sendo a entrega do bem a linha fronteiriça que marca a transferência da propriedade móvel (CC, art. 1.267); C: incorreta, pois tal divisão não encontra respaldo legal; D: incorreta, pois tal sorteio não tem previsão legal. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 03:(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Paula é credora de uma dívida de R$ 900.000,00 assumida solidariamente por Marcos, Vera, Teresa, Mirna, Júlio, Simone, Úrsula, Nestor e Pedro, em razão de mútuo que a todos aproveita. Antes do vencimento da dívida, Paula exonera Vera e Mirna da solidariedade, por serem amigas de longa data. Dois meses antes da data de vencimento, Júlio, em razão da perda de seu emprego, de onde provinha todo o sustento de sua família, cai em insolvência. Ultrapassada a data de vencimento, Paula decide cobrar a dívida. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Vera e Mirna não podem ser exoneradas da solidariedade, eis que o nosso ordenamento jurídico não permite renunciar a solidariedade de somente alguns dos devedores. (B) Se Marcos for cobrado por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, inclusive Vera e Mirna. (C) Se Simone for cobrada por Paula deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes, inclusive Júlio. (D) Se Mirna for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar as quotas-partes dos demais. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, com exceção de Vera. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois “O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores” (CC, art. 282); B: correta, pois Paula tem o direito de cobrar a integralidade do débito de Marcos, o qual terá regresso contra os demais codevedores solidários. A parte de eventual insolvente (Júlio) será dividida entre todos os devedores solidários, inclusive aqueles anteriormente exonerados pelo credor (CC, art. 283); C: incorreta no que se refere ao regresso, pois Júlio é insolvente e sua quota será dividida entre todos os codevedores (CC, art. 283); D: incorreta no que se refere à cobrança integral de Mirna, a qual foi exonerada da solidariedade e, como consequência lógica, só pode ser cobrada pela sua quota-parte. Questão 04: (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Lúcio, comodante, celebrou contrato de comodato com Pedro, comodatário, no dia 1º de outubro de 2016, pelo prazo de dois meses. O objeto era um carro da marca Y no valor de R$ 30.000,00. A devolução do bem deveria ser feita na cidade Alfa, domicílio do comodante, em 1º de dezembro de 2016. Pedro, no entanto, não devolveu o bem na data marcada e resolveu viajar com amigos para o litoral até a virada do ano. Em 1º de janeiro de 2017, desabou um violento temporal sobre a cidade Alfa, e Pedro, ao voltar da viagem, encontra o carro destruído. Com base nos fatos narrados, sobre a posição de Lúcio, assinale a afirmativa correta. (A) Fará jus a perdas e danos, visto que Pedro não devolveu o carro na data prevista. (B) Nada receberá, pois o perecimento se deu em razão de fato fortuito ou de força maior. (C) Não terá direito a perdas e danos, pois cedeu o uso do bem a Pedro. (D) Receberá 50% do valor do bem, pois, por fato inimputável a Pedro, o bem não foi devolvido. Gabarito Comentado: A questão envolve a obrigação de “restituir coisa certa”, na hipótese, o carro da marca Y. Se ainda estivéssemos dentro do prazo do empréstimo (por exemplo: no dia 1° de novembro), a perda da coisa sem culpa de Pedro extinguiria a obrigação, ou seja, Pedro não iria ter que pagar nada a Lúcio (CC, art. 238). Contudo, existe um elemento adicional na questão. Pedro estava em mora, pois não devolveu o bem na data, lugar e forma combinada. Com isso, amplia-se a responsabilidade do devedor e uma das consequências é justamente torná-lo responsável pela perda da coisa, mesmo na hipótese de fortuito ou força maior (CC, art. 399). Com isso, a única alternativa que obedece aos termos da lei é a alternativa A: correta Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 05: (OAB/Exame Unificado – 2016.3) Felipe e Ana, casal de namorados, celebraram contrato de compra e venda com Armando, vendedor, cujo objeto era um carro no valor de R$ 30.000,00, a ser pago em 10 parcelas de R$ 3.000,00, a partir de 1º de agosto de 2016. Em outubro de 2016, Felipe terminou o namoro com Ana. Em novembro, nem Felipe nem Ana realizaram o pagamento da parcela do carro adquirido de Armando. Felipe achava que a responsabilidade era de Ana, pois o carro tinha sido presente pelo seu aniversário. Ana, por sua vez, acreditava que, como Felipe ficou com o carro, não estava mais obrigada a pagar nada, já que ele terminara o relacionamento. Armando procura seu(sua) advogado(a), que o orienta a cobrar: (A) a totalidade da dívida de Ana. (B) a integralidade do débito de Felipe. (C) metade de cada comprador. (D) a dívida de Felipe ou de Ana, pois há solidariedade passiva. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois não é possível cobrar a totalidade da dívida de Ana,tendo em vista que não se pactuou a solidariedade passiva entre os devedores (CC, art. 265); B: incorreta, pois Felipe é apenas devedor de metade do valor (CC, art. 257); C: correta, pois trata-se de típica obrigação divisível. Segundo o art. 257 do Código Civil: “Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume- se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”; D: incorreta, pois não foi estabelecida tal solidariedade e no nosso sistema ela só incidirá caso haja previsão legal ou contratual nesse sentido. Questão 06: (OAB/Exame Unificado – 2017.1) Antônio, vendedor, celebrou contrato de compra e venda com Joaquim, comprador, no dia 1º de setembro de 2016, cujo objeto era um carro da marca X no valor de R$ 20.000,00, sendo o pagamento efetuado à vista na data de assinatura do contrato. Ficou estabelecido ainda que a entrega do bem seria feita 30 dias depois, em 1º de outubro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, domicílio do vendedor. Contudo, no dia 25 de setembro, uma chuva torrencial inundou diversos bairros da cidade e o carro foi destruído pela enchente, com perda total. Considerando a descrição dos fatos, Joaquim: (A) não faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00. (B) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, não teve culpa. (C) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, teve culpa. (D) terá direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não havia ocorrido a tradição no momento do perecimento do bem. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois o dono do bem ainda era Antônio, tendo em vista que a tradição não havia ocorrido (CC, art. 1.267). Logo, é o dono que sofre o prejuízo pela perda e Joaquim terá direito de ressarcimento integral; B: incorreta, pois não existe tal previsão no ordenamento jurídico; C: incorreta, pois tal solução legal não encontra amparo na lei civil brasileira; D: correta, pois é a tradição que transfere a propriedade. Como ela não havia ocorrido, o dono ainda é Antônio, que responderá pela perda. Questão 07: OAB/Exame Unificado – 2016.2) Paulo, João e Pedro, mutuários, contraíram empréstimo com Fernando, mutuante, tornando-se, assim, devedores solidários do valor total de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Fernando, muito amigo de Paulo, exonerou-o da solidariedade. João, por sua vez, tornou-se insolvente. No dia do vencimento da dívida, Pedro pagou integralmente o empréstimo. Considerando a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 (A) Pedro não poderá regredir contra Paulo para que participe do rateio do quinhão de João, pois Fernando o exonerou da solidariedade. (B) Apesar da exoneração da solidariedade, Pedro pode cobrar de Paulo o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). (C) Ao pagar integralmente a dívida, Pedro se sub-roga nos direitos de Fernando, permitindo-se que cobre a integralidade da dívida dos demais devedores. (D) Pedro deveria ter pago a Fernando apenas R$ 2.000,00 (dois mil reais), pois a exoneração da solidariedade em relação a Paulo importa, necessariamente, a exoneração da solidariedade em relação a todos os codevedores. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois a exoneração da solidariedade de Paulo apenas impede que Fernando cobre a dívida por inteiro somente de Paulo, não fazendo com que Paulo deixe de ser responsável pela dívida, nem fazendo com que este tenha que ressarcir o devedor que tenha pago a dívida, no que lhe couber; B: correta, pois a exoneração da solidariedade de Paulo apenas impede que Fernando cobre a dívida por inteiro somente de Paulo, não fazendo com que Paulo deixe de ser responsável pela dívida, nem fazendo com que este tenha que ressarcir o devedor que tenha pago a dívida, no que lhe couber, sendo que, no caso, por ter um dos devedores ter se tornado insolvente, a dívida fica rateada apenas entre Paulo e Pedro, de modo que Paulo tem que ressarcir Pedro em metade do valor da dívida, no caso em R$ 3 mil (arts. 283 e 284 do CC); C e D: incorretas, pois, por haver um devedor insolvente, a dívida fica rateada apenas entre Paulo e Pedro, de modo que Paulo tem que ressarcir Pedro em metade do valor da dívida, no caso em R$ 3 mil, sendo que a exoneração da solidariedade de Paulo apenas impede que Fernando cobre a dívida por inteiro somente de Paulo, não fazendo com que Paulo deixe de ser responsável pela dívida, nem fazendo com que este tenha que ressarcir o devedor que tenha pago a dívida, no que lhe couber (arts. 283 e 284 do CC). Questão 08: (OAB/Exame Unificado – 2016.1) No dia 2 de agosto de 2014, Teresa celebrou contrato de compra e venda com Carla, com quem se obrigou a entregar 50 computadores ou 50 impressoras, no dia 20 de setembro de 2015. O contrato foi silente sobre quem deveria realizar a escolha do bem a ser entregue. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a faculdade de escolher qual das prestações entregará a Teresa. (B) Como se trata de obrigação alternativa, Teresa pode se liberar da obrigação entregando 50 computadores ou 50 impressoras, à sua escolha, uma vez que o contrato não atribuiu a escolha ao credor. (C) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Teresa, ela poderá optar por entregar a Carla 25 computadores e 25 impressoras. (D) Se, por culpa de Teresa, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo a Carla a escolha, ficará aquela obrigada a pagar somente os lucros cessantes. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois o instituto no caso é o da “obrigação alternativa” (art. 252, caput, do CC); B: correta (art. 252, caput, do CC); C: incorreta, pois se o contrato está claro a estabelece a quantidade de 50 unidades de cada uma das coisas, esse número obviamente tem que ser respeitado pelo devedor; D: incorreta, pois nesse caso Teresa ficará obrigada a pagar o valor da coisa que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar (art. 254 do CC). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 09: (OAB/Exame Unificado – 2016.1) A peça Liberdade, do famoso escultor Lúcio, foi vendida para a Galeria da Vinci pela importância de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Ele se comprometeu a entregar a obra dez dias após o recebimento da quantia estabelecida, que foi paga à vista. A galeria organizou, então, uma grande exposição, na qual a principal atração seria a escultura Liberdade. No dia ajustado, quando dirigia seu carro para fazer a entrega, Lúcio avançou o sinal, colidiu com outro veículo, e a obra foi completamente destruída. O anúncio pela galeria de que a peça não seria mais exposta fez com que diversas pessoas exercessem o direito de restituição dos valores pagos a título de ingresso. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Lúcio deverá entregar outra obra de seu acervo à escolha da Galeria da Vinci, em substituição à escultura Liberdade. (B) A Galeria da Vinci poderá cobrar de Lúcio o equivalente pecuniário da escultura Liberdade mais o prejuízo decorrente da devolução do valor dos ingressos relativos à exposição. (C) Por se tratar de obrigação de fazer infungível, a Galeria da Vinci não poderá mandar executar a prestação às expensas de Lúcio, restando-lhe pleitear perdas e danos. (D) Com o pagamento do preço, transferiu-se a propriedade da escultura para a Galeria da Vinci, razão pela qual ela deve suportar o prejuízo pela perda do bem. Gabarito Comentado:A: incorreta, pois a obrigação é de entregar coisa certa, que não pode, assim, ser substituída por outra, ficando resolvida a obrigação (art. 234 do CC); B: correta, pois, como a coisa certa se perdeu por culpa do devedore este ainda não havia feito a sua entrega (tradição), o devedor responderá pelo valor da coisa (R$ 100 mil), mais perdas e danos, que no caso consiste ao menos na devolução do valor dos ingressos relativos à exposição, tudo na forma do art. 234 do CC; C: incorreta, pois a obrigação em questão é de “dar coisa certa” (art. 233 do CC); D: incorreta, pois na obrigação de dar coisa certa enquanto não houver a tradição o risco pela perda da coisa é do vendedor (art. 234 do CC). Questão 10: (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Joana e suas quatro irmãs, para comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram Ricardo para organizar a festa. No contrato ficou acordado que as cinco irmãs arcariam solidariamente com todos os gastos. Ricardo, ao requerer o sinal de pagamento, previamente estipulado no contrato, não obteve sucesso, pois cada uma das irmãs informava que a outra tinha ficado responsável pelo pagamento. Ainda assim, Ricardo cumpriu sua parte do acordado. Ao final da festa, Ricardo foi até Joana para cobrar pelo serviço, sem sucesso. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Se Ricardo resolver ajuizar demanda em face somente de Joana, as outras irmãs, ainda assim, permanecerão responsáveis pelo débito. (B) Se Joana pagar o preço total do serviço sozinha, poderá cobrar das outras, ficando sem receber se uma delas se tornar insolvente. (C) Se uma das irmãs de Joana falecer deixando dois filhos, qualquer um deles deverá arcar com o total da parte de sua mãe. (D) Ricardo deve cobrar de cada irmã a sua quota-parte para receber o total do serviço, uma vez que se trata de obrigação divisível. Gabarito Comentado: A: correta; o fato de haver obrigação solidária das irmãs permite que Ricardo cobre a totalidade da dívida apenas de uma das devedoras (no caso, Joana), mas as demais devedoras continuarão responsáveis pela dívida; a consequência prática disso é que se Ricardo somente conseguir que Joana pague uma parte da dívida, nada impede que acione as demais irmãs para cobrar o restante (art. 275, caput, do CC); B: incorreta, pois em relação à cota da irmã insolvente, esta será dividida igualmente por todas as devedoras, na forma do art. 283 do CC; C: incorreta, pois nesse caso nenhum dos dois herdeiros da devedora solidária falecida será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 salvo se a obrigação for indivisível, mas esses dois herdeiros reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação às demais irmãs devedoras (art. 276 do CC); D: incorreta, pois havendo solidariedade passiva o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum (art. 275, caput, do CC). Questão 11: OAB/Exame Unificado – 2015.2) Gilvan (devedor) contrai empréstimo com Haroldo (credor) para o pagamento com juros do valor do mútuo no montante de R$ 10.000,00. Para facilitar a percepção do crédito, a parte do polo ativo obrigacional ainda facultou, no instrumento contratual firmado, o pagamento do montante no termo avençado ou a entrega do único cavalo da raça manga larga marchador da fazenda, conforme escolha a ser feita pelo devedor. Ante os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de obrigação alternativa. (B) Cuida-se de obrigação de solidariedade em que ambas as prestações são infungíveis. (C) Acaso o animal morra antes da concentração, extingue-se a obrigação. (D) O contrato é eivado de nulidade, eis que a escolha da prestação cabe ao credor. Gabarito Comentado: A: correta, pois quando o devedor poder escolher, entre opções previstas no contrato, qual obrigação deseja cumprir, no âmbito das opções contratuais, tem-se a chamada obrigação alternativa (art. 252, caput, do CC); B: incorreta, pois a questão não trata da solidariedade, pois não há referência à pluralidade de credores ou devedores solidários no enunciado; C: incorreta, pois nesse caso subsiste a outra obrigação que é alternativa (art. 253 do CC); D: incorreta, pois na obrigação alternativa, regulamentada na lei (art. 252 do CC) a escolha caberá ao devedor. Questão 12: (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Ary celebrou contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo sem a devida declaração negativa de débitos condominiais, conseguiu registrar o bem em seu nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança, Ary foi surpreendido com a cobrança de três meses de cotas condominiais em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem sucesso, entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse com os mencionados valores. De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional, assinale a opção correta. (A) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o imóvel até o momento da tradição, entregando-o livre e desembargado. (B) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi encontrado, cabendo ação in rem verso, quando este for localizado. (C) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary ainda não possui direito real sobre a coisa. (D) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que está a cargo daquele que possui o direito real sobre a coisa e, comprovadamente, imitido na posse do imóvel adquirido. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois por tratar-se de obrigação propter rem o débito acompanha a coisa, de modo que a responsabilidade pela pagamento é de Ary, e não mais de Laurindo (art. 1.315 do CC); B: incorreta, pois Ary é o responsável direto pelo pagamento da dívida frente ao condomínio, ficando sujeito ao seu pagamento, não havendo que se falar em ação in rem verso contra Laurindo (art. 1.325 do CC); C: incorreta, pois Ary deverá arcar com o pagamento das cotas, uma vez que já possui direito real sobre a coisa, pois o bem já está registrado em seu nome (art. 1.245, caput, do CC); D: correta, pois de fato trata-se de uma obrigação propter rem, a qual sujeita o seu titular a arcar com todas as pendências que recaírem sobre a coisa. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 13: (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Maria celebrou contrato de compra e venda do carro da marca X com Pedro, pagando um sinal de R$ 10.000,00. No dia da entrega do veículo, a garagem de Pedro foi invadida por bandidos, que furtaram o referido carro. A respeito da situação narrada, assinale a alternativa correta. (A) Pedro poderá entregar outro veículo no lugar no automóvel furtado. (B) Maria poderá exigir a entrega de outro carro. (C) Haverá resolução do contrato pela falta superveniente do objeto, sendo restituído o valor já pago por Maria. (D) Não haverá resolução do contrato, pois Pedro pode alegar caso fortuito. Gabarito Comentado: O caso envolve o instituto da “obrigação de dar coisa certa”, regulamentado nos arts. 233 e seguintes do CC. O fato é que a coisa (carro) se perdeu antes da tradição (entrega), sem que houvesse culpa do devedor (Pedro), de modo que incide o disposto no art. 234 do CC, pelo qual fica resolvida a obrigação, ou seja, fica resolvido o contrato. Dessa forma, Pedro deverá devolver (restituir) o valor pago por Maria, a fim de que não haja enriquecimento ilícito. Vale lembrar, também, da máxima pela qual “a coisa perece para o dono”. Nesse sentido, como Pedro ainda era dono da coisa, já que a propriedade de um bem móvel só se transfere com a tradição (a entrega), ele não poderá ficar com a quantia recebidade Maria. C: correta Questão 14: (OAB/Exame Unificado – 2010.3) João deverá entregar quatro cavalos da raça X ou quatro éguas da raça X a José. O credor, no momento do adimplemento da obrigação, exige a entrega de dois cavalos da raça X e de duas éguas da raça X. Nesse caso, é correto afirmar que as prestações: (A) facultativas são inconciliáveis, quando a escolha couber ao credor. (B) facultativas são conciliáveis, quando a escolha couber ao credor. (C) alternativas são inconciliáveis, havendo indivisibilidade quanto à escolha. (D) alternativas são conciliáveis, havendo divisibilidade quanto à escolha. Gabarito Comentado: O caso envolve o instituto das obrigações alternativas, regulamentado nos arts. 252 e seguintes do CC. Isso porque João (o devedor) poderia cumprir a obrigação de duas maneiras: a) entregando 4 cavalos da raça X; b) entregando 4 éguas da raça X. O enunciado deixa claro que João deve escolher entre apenas duas possibilidades. Ou cumpre do jeito “a” ou cumpre do jeito “b”. José (o credor) não poderia exigir que João cumprisse parte do jeito “a” e parte do jeito “b”. O art. 252, caput, do CC é claro ao dispor que compete ao devedor escolher qual das duas possibilidades de prestação pretende cumprir. E as duas possibilidades de prestação possíveis foram estipuladas de modo inconciliável (ou 4 cavalos ou 4 éguas), havendo indivisibilidade quanto à escolha, ou seja, não sendo possível dividir as prestações, executando parte de uma e parte de outra, como deseja o credor José. C: correta Questão 15 (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Com relação ao regime da solidariedade passiva, é correto afirmar que: (A) cada herdeiro pode ser demandado pela dívida toda do devedor solidário falecido. (B) com a perda do objeto por culpa de um dos devedores solidários, a solidariedade subsiste no pagamento do equivalente pecuniário, mas pelas perdas e danos somente poderá ser demandado o culpado. (C) se houver atraso injustificado no cumprimento da obrigação por culpa de um dos devedores solidários, a solidariedade subsiste no pagamento do valor principal, mas pelos juros da mora somente poderá ser demandado o culpado. (D) as exceções podem ser aproveitadas por qualquer dos devedores solidários, ainda que sejam pessoais apenas a um deles. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Gabarito Comentado: A: incorreta, pois, neste caso, nenhum dos herdeiros “será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível” (art. 276 do CC); B: correta, nos termos do art. 279 do CC (“impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado”); C: incorreta, pois todos os devedores irão responder pelos juros da mora, podendo, depois, os inocentes, cobrar tais juros do devedor culpado (art. 280 do CC); D: incorreta, pois, segundo o art. 281 do CC, “o devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor” Questão 16 (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Acerca das obrigações de dar, fazer e não fazer, assinale a opção correta. (A) No caso de entrega de coisa incerta, se houver, antes da escolha, perda ou deterioração do bem, ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior, a obrigação ficará resolvida para ambas as partes. (B) Em caso de obrigação facultativa, o perecimento da coisa devida não implica a liberação do devedor do vínculo obrigacional, podendo-se dele exigir a realização da obrigação devida. (C) É divisível a obrigação de prestação de coisa indeterminada. (D) Tratando-se de obrigação de entrega de coisa certa, a obrigação será extinta caso a coisa se perca sem culpa do devedor, antes da tradição ou mediante condição suspensiva. Gabarito Comentado: A: incorreta. Vide art. 246 do Código Civil. A respeito, assevera Senise que, tratando-se de entrega de coisa incerta, aplica-se “a regra genus non perit, ou seja, o gênero jamais perece, quando houver ilimitação de sua quantidade para que o devedor dele disponha em prol do credor (gennus ilimitatum). (...) antes da escolha, o devedor não poderá alegar a perda ou a deterioração do bem, mesmo sob o fundamento da ocorrência de força maior ou de caso fortuito, porque, como lembra Sílvio Rodrigues, não se pode cogitar de riscos sobre uma coisa indicada tão somente pelo gênero (gennus non perit), porém ainda não indicada mediante a concentração” (Roberto Senise Lisboa. Manual de direito civil. V. 2: direito das obrigações e responsabilidade civil. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 90); B: incorreta. Assevera Senise que “obrigação facultativa, também denominada obrigação com faculdade alternativa, é aquela conferida por lei ao devedor, caso ele não tenha condições de cumprir a obrigação pactuada com o credor. (...) As principais regras da obrigação facultativa são:(...) c) o perecimento da coisa devida importa na liberação do devedor do vínculo obrigacional, não se podendo dele exigir a realização da obrigação facultativa” (Idem, ibidem, p. 102); C: incorreta. Proclama Senise que “obrigação divisível é aquela que pode ser cumprida parcialmente, pois se torna possível o fracionamento da prestação até a completa satisfação dos interesses do credor”. Por outro lado, esclarece que obrigação indivisível é aquela que somente pode ser cumprida na sua integralidade, ante a impossibilidade de fracionamento da prestação. “São indivisíveis por lei, entre outras, as dívidas: (...) e) de coisa indeterminada, por faltar-lhe a indicação precisa pela parte interessada” (Idem, ibidem, p. 106); D: correta. Vide art. 234 do Código Civil. A respeito, assinala Senise que “as principais regras da obrigação de dar coisa certa são: (...) f) Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição ou mediante condição suspensiva, a obrigação será extinta” (Idem, ibidem, p. 88). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 17: (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai, José. Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades financeiras, e declarou que temia não ser capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da irmã, Laura procurou o locador do imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale a afirmativa correta. (A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de Jacira, inclusive a garantia fidejussória. (B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira. (C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas não quanto à garantia fidejussória. (D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois Laura é terceira não interessada. Pagou por mera liberalidade, logo não se sub-roga nos direitos do credor (art. 305, caput CC); B: correta (art. 305, caput CC); C: incorreta, pois Laura não é devedora solidária, mas sim terceira não interessada, afinal, não tinha nenhum vínculo contratual de locação com o locador. Ao pagar a dívida de Jacira, Laura não se sub-roga em nenhum dos direitos do credor, mas apenas tem direito de regresso contra Jacira (art. 305, caput CC); D: incorreta, pois Laura tem direto de regresso contra Jacira (art. 305, caput CC). Questão 18 (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Érico é amigo de Astolfo, famoso colecionador de obrasde arte. Érico, que está abrindo uma galeria de arte, perguntou se Astolfo aceitaria locar uma das pinturas de seu acervo para ser exibida na grande noite de abertura, como forma de atrair mais visitantes. Astolfo prontamente aceitou a proposta, e ambos celebraram o contrato de locação da obra, tendo Érico se obrigado a restituí-la já no dia seguinte ao da inauguração. O aluguel, fixado em parcela única, foi pago imediatamente na data de celebração do contrato. A abertura da galeria foi um grande sucesso, e Érico, assoberbado de trabalho nos dias que se seguiram, não providenciou a devolução da obra de arte para Astolfo. Embora a galeria dispusesse de moderna estrutura de segurança, cerca de uma semana após a inauguração, Diego, estudante universitário, invadiu o local e vandalizou todas as obras de arte ali expostas, destruindo por completo a pintura que fora cedida por Astolfo. As câmeras de segurança possibilitaram a pronta identificação do vândalo. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Érico tem o dever de indenizar Astolfo, integralmente, pelos prejuízos sofridos em decorrência da destruição da pintura. (B) Érico não pode ser obrigado a indenizar Astolfo pelos prejuízos decorrentes da destruição da pintura porque Diego, o causador do dano, foi prontamente identificado. (C) Érico não pode ser obrigado a indenizar Astolfo pelos prejuízos decorrentes da destruição da pintura porque adotou todas as medidas de segurança necessárias para proteger a obra de arte. (D) Érico somente estará obrigado a indenizar Astolfo se restar comprovado que colaborou, em alguma medida, para que Diego realizasse os atos de vandalismo. Gabarito Comentado: A: correta (art. 239 CC). Trata-se de obrigação de restituir coisa certa, que pereceu por culpa do devedor, afinal, Érico não devolveu a pintura no prazo, logo, a responsabilidade pelo dano é sua; B: incorreta, pois Érico estava inadimplente no contrato de locação da pintura, uma vez que o prazo de restituição não foi respeitado. Logo, ele é quem deve arcar com os ônus de sua demora (art. 239 CC). Diego também poderá sofrer sanções, mas elas não excluem a responsabilidade de Érico; C: incorreta, pois ainda que Érico tenha adotado todas as medidas necessárias sua obrigação de indenizar se dá por motivo diverso, isto é, a não restituição da coisa no prazo contratado. Logo, ele assume o ônus dos danos da coisa (art. 239 CC). D: incorreta, pois o dever de indenizar neste caso é um dever legal que independe a comprovação de culpa. Em decorrência do descumprimento contratual a própria lei já fixa as consequências no caso de dano da coisa (art. 239 CC). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 19 (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Em 05 de dezembro de 2016, Sérgio, mediante contrato de compra e venda, adquiriu de Fernando um computador seminovo (ano 2014) da marca Massa pelo valor de R$ 5.000,00. O pagamento foi integralizado à vista, no mesmo dia, e foi previsto no contrato que o bem seria entregue em até um mês, devendo Fernando contatar Sérgio, por telefone, para que este buscasse o computador em sua casa. No contrato, também foi prevista multa de R$ 500,00 caso o bem não fosse entregue no prazo combinado. Em 06 de janeiro de 2017, Sérgio, muito ansioso, ligou para Fernando perguntando pelo computador, mas teve como resposta que o atraso na entrega se deu porque a irmã de Fernando, Ana, que iria trazer um computador novo para ele do exterior, tinha perdido o voo e só chegaria após uma semana. Por tal razão, Fernando ainda dependia do computador antigo para trabalhar e não poderia entregá-lo de imediato a Sérgio. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) ou a cláusula penal de R$ 500,00, não podendo ser cumulada a multa com a obrigação principal. (B) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória. (C) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem), não a multa, pois o atraso foi por culpa de terceiro (Ana), e não de Fernando. (D) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a cláusula penal de R$ 500,00, não a execução específica da obrigação (entrega do bem), que depende de terceiro (Ana). Gabarito Comentado: A multa de R$ 500 convencionada pelas partes é uma típica cláusula penal moratória, a qual tem como objetivo estimular a execução pontual e correta da obrigação contratual. Geralmente de valor bem inferior à obrigação principal, ela refere-se à inexecução “de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora” (CC, art. 409); nesse caso, “terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal” (CC,ART 411) B: correta. Questão 20 (OAB/Exame Unificado – 2013.3) Bruno cedeu a Fábio um crédito representado em título, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), que possuía com Caio. Considerando a hipótese acima e as regras sobre cessão de crédito, assinale a afirmativa correta. (A) Caio não poderá opor a Fábio a exceção de dívida prescrita que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra Bruno, em virtude da preclusão. (B) Caso Fábio tenha cedido o crédito recebido de Bruno a Mário e este, posteriormente, ceda o crédito a Júlio, prevalecerá a cessão de crédito que se completar com a tradição do título cedido. (C) Bruno, ao ceder a Fábio crédito a título oneroso, não ficará responsável pela existência do crédito ao tempo em que cedeu, salvo por expressa garantia. (D) Conforme regra geral disposta no Código Civil, Bruno será obrigado a pagar a Fábio o valor correspondente ao crédito, caso Caio torne-se insolvente. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois Caio poderá opor a Fábio a exceção de dívida prescrita que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra Bruno (art. 294 do CC). Logo, não há que se falar em preclusão; B: correta (art. 291 do CC); C: incorreta, pois pelo fato da cessão ser onerosa, Bruno, ainda que não se responsabilize ficará responsável pela existência do crédito com relação à Fábio ao tempo em que lhe cedeu (art. 295 do CC); D: incorreta, pois em regra o cedente não responde pela solvência do devedor. Apenas será responsável se houver estipulação em contrário (art. 296 do CC). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Direito Da Familia Questão 01 (OAB/Exame Unificado – 2017.3) João e Carla foram casados por cinco anos, mas, com o passar dos anos, o casamento se desgastou e eles se divorciaram. As três filhas do casal, menores impúberes, ficaram sob a guarda exclusiva da mãe, que trabalha em uma escola como professora, mas que está com os salários atrasados há quatro meses, sem previsão de recebimento. João vinha contribuindo para o sustento das crianças, mas, estranhamente, deixou de fazê-lo no último mês. Carla, ao procurá-lo, foi informada pelos pais de João que ele sofreu um atropelamento e está em estado grave na UTI do Hospital Boa Sorte. Como João é autônomo, não pode contribuir, justificadamente, com o sustento das filhas. Sobre a possibilidade de os avós participarem do sustento das crianças, assinale a afirmativa correta. (A) Em razão do divórcio, os sogros de Carla são ex-sogros, não são mais parentes, não podendo ser compelidos judicialmente a contribuir com o pagamento de alimentos para o sustento das netas. (B) As filhas podem requerer alimentos avoengos, se comprovada a impossibilidade de Carla e de João garantirem o sustento das filhas. (C) Os alimentos avoengos não podem ser requeridos, porque os avós só podem ser réus em ação de alimentos no casode falecimento dos responsáveis pelo sustento das filhas. (D) Carla não pode representar as filhas em ação de alimentos avoengos, porque apenas os genitores são responsáveis pelo sustento dos filhos. Gabarito Comentado: A regra da prestação de alimentos aos descendentes é a de que a obrigação deve recair nos ascendentes mais próximos e – na ausência ou impossibilidade destes – recair nos mais remotos. Assim, “se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato” (CC, art. 1.696 e 1.698). Diante da impossibilidade do adimplemento por parte dos pais, as filhas de Carla poderão pleitear os alimentos perante os avós. B:correta. Questão 02 (OAB/Exame Unificado – 2016.3) João e Maria casaram-se, no regime de comunhão parcial de bens, em 2004. Contudo, em 2008, João conheceu Vânia e eles passaram a ter um relacionamento amoroso. Separando- se de fato de Maria, João saiu da casa em que morava com Maria e foi viver com Vânia, apesar de continuar casado com Maria. Em 2016, João, muito feliz em seu novo relacionamento, resolve dar de presente um carro 0 km da marca X para Vânia. Considerando a narrativa apresentada, sobre o contrato de doação celebrado entre João, doador, e Vânia, donatária, assinale a afirmativa correta. (A) É nulo, pois é hipótese de doação de cônjuge adúltero ao seu cúmplice. (B) Poderá ser anulado, desde que Maria pleiteie a anulação até dois anos depois da assinatura do contrato. (C) É plenamente válido, porém João deverá pagar perdas e danos à Maria. (D) É plenamente válido, pois João e Maria já estavam separados de fato no momento da doação. Gabarito Comentado:A: incorreta, pois tal hipótese (CC, art. 550) somente se configuraria caso o casamento ainda estivesse em pleno vigor com pleno exercício dos direitos e deveres conjugais, o que não ocorre no caso em tela, em virtude do longo prazo de separação de fato; B: incorreta, pois já transcorreu prazo suficiente de separação de fato do casal, o que afasta a possibilidade de anulação da doação; C: incorreta, pois não há dever de pagamento de perdas e danos à Maria; D: correta, pois a separação de fato por tão prolongado prazo afasta qualquer mácula que pudesse haver em relação à doação. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 03 (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Arlindo e Berta firmam pacto antenupcial, preenchendo todos os requisitos legais, no qual estabelecem o regime de separação absoluta de bens. No entanto, por motivo de saúde de um dos nubentes, a celebração civil do casamento não ocorreu na data estabelecida. Diante disso, Arlindo e Berta decidem não se casar e passam a conviver maritalmente. Após cinco anos de união estável, Arlindo pretende dissolver a relação familiar e aplicar o pacto antenupcial, com o objetivo de não dividir os bens adquiridos na constância dessa união. Nessas circunstâncias, o pacto antenupcial é: (A) válido e ineficaz. (B) válido e eficaz. (C) inválido e ineficaz. (D) inválido e eficaz. Gabarito Comentado: A: correta, pois o pacto obedeceu a todos os requisitos de forma sendo, portanto, válido. Contudo, como todo pacto antenupcial, é necessário que ocorra o casamento (evento futuro e incerto) para que ele ganhe eficácia. É correto, portanto, dizer que todo pacto antenupcial é celebrado com condição suspensiva, pois os efeitos só ocorrerão caso ocorra o casamento (CC, art. 1.653); B: incorreta, pois para ganhar eficácia exige-se a ocorrência do casamento; C: incorreta, pois o pacto é válido, tendo obedecido às formalidades legais; D: incorreta, pois o pacto é válido, mas ineficaz em virtude da não celebração do casamento. Questão 04 (OAB/Exame Unificado – 2016.2) Em maio de 2005, Sérgio e Lúcia casaram-se pelo regime da comunhão parcial de bens. Antes de se casar, ele já era proprietário de dois imóveis. Em 2006, Sérgio alugou seus dois imóveis e os aluguéis auferidos, mês a mês, foram depositados em conta corrente aberta por ele, um mês depois da celebração dos contratos de locação. Em 2010, Sérgio recebeu o prêmio máximo da loteria, em dinheiro, que foi imediatamente aplicado em uma conta poupança aberta por ele naquele momento. Em 2013, Lúcia e Sérgio se separaram. Lúcia procurou um advogado para saber se tinha direito à partilha do prêmio que Sérgio recebeu na loteria, bem como aos valores oriundos dos aluguéis dos imóveis adquiridos por ele antes do casamento e, mensalmente, depositados na conta corrente de Sérgio. Com base na hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Ela não tem direito à partilha do prêmio e aos valores depositados na conta corrente de Sérgio, oriundos dos aluguéis de seus imóveis, uma vez que se constituem como bens particulares de Sérgio. (B) Ela tem direito à partilha dos valores depositados na conta corrente de Sérgio, oriundos dos aluguéis de seus imóveis, mas não tem direito à partilha do prêmio obtido na loteria. (C) Ela tem direito à partilha do prêmio, mas não poderá pleitear a partilha dos valores depositados na conta corrente de Sérgio, oriundos dos aluguéis de seus imóveis. (D) Ela tem direito à partilha do prêmio e dos valores depositados na conta corrente de Sérgio, oriundos dos aluguéis dos imóveis de Sérgio, uma vez que ambos constituem-se bens comuns do casal. Gabarito Comentado: A a D: somente a alternativa “D” está correta, pois, de acordo com o art. 1.660 do CC, entram na comunhão, no regime de comunhão parcial de bens, tanto “os bens adquiridos por fato eventual” (como é o caso da loteria), como “os frutos dos bens particulares de cada cônjuge” percebidos na constância do casamento (como é o caso dos aluguéis mencionados na alternativa). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 05 (OAB/Exame Unificado – 2016.2) Juliana é sócia de uma sociedade empresária que produz bens que exigem alto investimento, por meio de financiamento significativo. Casada com Mário pelo regime da comunhão universal de bens, desde 1998, e sem filhos, decide o casal alterar o regime de casamento para o de separação de bens, sem prejudicar direitos de terceiros, e com a intenção de evitar a colocação do patrimônio já adquirido em risco. Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta. (A) A alteração do regime de bens mediante escritura pública, realizada pelos cônjuges e averbada no Registro Civil, é possível. (B) A alteração do regime de bens, tendo em vista que o casamento foi realizado antes da vigência do Código Civil de 2002, não é possível. (C) A alteração do regime de bens mediante autorização judicial, com pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros, é possível. (D) Não é possível a alteração para o regime da separação de bens, tão somente para o regime de bens legal, qual seja, o da comunhão parcial de bens. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois a alteração do regime de bens depende de autorização judicial (art. 1.639, § 2º, do CC); B: incorreta, pois vem se admitindo a alteração do regime de bens mesmo em relação a casamentos celebrados antes do atual CC, por se tratar de tema afeto aos efeitos do casamento, e não à validade deste; C: correta (art. 1.639, § 2º, do CC); D: incorreta, pois a lei admite a alteração do regime de bens segundo certas regras, não havendo, porém, a limitação trazida na alternativa (art. 1.639, § 2º, do CC). Questão 06 (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Roberto e Ana casaram-se, em 2005, pelo regime da comunhão parcial de bens. Em 2008, Roberto ganhou na loteria e, com os recursos auferidos, adquiriu um imóvel no Recreio dos Bandeirantes. Em 2014, Roberto foi agraciado com uma casa em Santa Teresa, fruto da herança de sua tia. Em 2015,Roberto e Ana se separaram. Tendo em vista o regime de bens do casamento, assinale a afirmativa correta. (A) Os imóveis situados no Recreio dos Bandeirantes e em Santa Teresa são bens comuns e, por isso, deverão ser partilhados em virtude da separação do casal. (B) Apenas o imóvel situado no Recreio dos Bandeirantes deve ser partilhado, sendo o imóvel situado em Santa Teresa bem particular de Roberto. (C) Apenas o imóvel situado em Santa Teresa deve ser partilhado, sendo o imóvel situado no Recreio dos Bandeirantes excluído da comunhão, por ter sido adquirido com o produto de bem advindo de fato eventual. (D) Nenhum dos dois imóveis deverá ser partilhado, tendo em vista que ambos são bens particulares de Roberto. Gabarito Comentado: A a D: somente a alternativa “B” está correta, pois, no regime de comunhão parcial de bens, não se comunicam bens adquiridos por um dos cônjuges em virtude de sucessão (no caso, não se comunica a casa em Santa Teresa), em virtude do disposto no art. 1.659, I, do CC, mas há comunicação de bens adquiridos por fato eventual, como é o caso de se ganhar na loteria (no caso, o imóvel no Recreio dos Bandeirantes comunicará), em virtude do disposto no art. 1.660, II, do CC. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 07 (OAB/Exame Unificado – 2013.1) Amélia e Alberto são casados pelo regime de comunhão parcial de bens. Alfredo, amigo de Alberto, pede que ele seja seu fiador na compra de um imóvel. Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) A garantia acessória poderá ser prestada exclusivamente por Alberto. (B) A outorga de Amélia se fará indispensável, independente do regime de bens. (C) A fiança, se prestada por Alberto sem o consentimento de Amélia, será anulável. (D) A anulação do aval somente poderá ser pleiteada por Amélia durante o período em que estiver casada. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois, como regra (regra que inclui os casamentos pelo regime de comunhão parcial de bens), a fiança não pode ser prestada sem a autorização do cônjuge (art. 1.647, III, do CC); B: incorreta, pois no regime de separação absoluta não é necessária a autorização do cônjuge (art. 1.647, caput e III, do CC); C: correta (art. 1.649, caput, do CC); D: incorreta, pois o prazo decadencial para anulação só corre depois de terminada a sociedade conjugal (art. 1.649, caput, do CC). Questão 08 (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Rejane, solteira, com 16 anos de idade, órfã de mãe e devidamente autorizada por seu pai, casa-se com Jarbas, filho de sua tia materna, sendo ele solteiro e capaz, com 23 anos de idade. A respeito do casamento realizado, é correto afirmar que é: (A) nulo, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas. (B) é anulável, tendo em vista que, por ser órfã de mãe, Rejane deveria obter autorização judicial a fim de suprir o consentimento materno. (C) válido. (D) anulável, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas. Gabarito Comentado: A e D: incorretas, pois Rejane e Jarbas são primos, ou seja, são parentes em quarto grau; e só são considerados nulos os casamentos de parentes até o terceiro grau (arts. 1.521, IV, e 1.548, II, do CC); B: incorreta, pois, na falta de um dos pais, o pai ou a mãe que estiverem vivos darão o seu consentimento ao casamento sozinhos; C: correta, pois houve autorização do representante legal de Rejane e não há outras causas de nulidade ou de anulabilidade do casamento. Questão 08 (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Mathias, solteiro e capaz, com 65 anos de idade, e Tânia, solteira e capaz, com 60 anos de idade, conheceram-se há um ano e, agora, pretendem se casar. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Mathias e Tânia: (A) deverão, necessariamente, celebrar pacto antenupcial optando expressamente pelo regime da separação de bens. (B) poderão casar-se pelo regime da comunhão parcial de bens, desde que obtenham autorização judicial, mediante a prévia demonstração da inexistência de prejuízo para terceiros. (C) somente poderão se casar pelo regime da separação obrigatória de bens, por força de lei e independentemente da celebração de pacto antenupcial. (D) poderão optar livremente dentre os regimes de bens previstos em lei, devendo celebrar pacto antenupcial somente se escolherem regime diverso da comunhão parcial de bens. Gabarito Comentado: Art. 1.641, II, com nova redação dada pela Lei 12.344/2010, c.c. art. 1.640, caput e parágrafo único, do CC. D: correta. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 09 (OAB/Exame Unificado – 2010.3) João foi registrado ao nascer com o gênero masculino. Em 2008, aos 18 anos, fez cirurgia para correção de anomalia genética e teve seu registro retificado para o gênero feminino, conforme sentença judicial. No registro não constou textualmente a indicação de retificação, apenas foi lavrado um novo termo, passando a adotar o nome de Joana. Em julho de 2010, casou-se com Antônio, homem religioso e de família tradicional interiorana, que conheceu em janeiro de 2010, por quem teve uma paixão fulminante e correspondida. Joana omitiu sua história registral por medo de não ser aceita e perdê-lo. Em dezembro de 2010, na noite de Natal, a tia de Joana revela a Antônio a verdade sobre o registro de Joana/João. Antônio, não suportando ter sido enganado, deseja a anulação do casamento. Conforme a análise da hipótese formulada, é correto afirmar que o casamento de Antônio e Joana: (A) poderá ser anulado pela identidade errônea de Joana/João perante Antônio e a insuportabilidade da vida em comum. (B) só pode ser anulado até 90 (noventa) dias da sua celebração. (C) é nulo; portanto, não há prazo para a sua arguição. (D) é inexistente, pois não houve a aceitação adequada, visto que Antônio foi levado ao erro de pessoa, o que tornou insuportável a vida em comum do casal. Gabarito Comentado: O casamento pode ser inexistente (quando não concorrem elementos especiais para sua formação, tais como diversidade de sexo e celebração), nulo (quando se fere questão de ordem pública) e anulável (quando se ferem valores de ordem privada dos envolvidos e interessados). No caso em tela, existe diversidade de sexo (homem e mulher), pois, com a retificação de registro, João passou a ser do sexo feminino perante a lei, de modo que não se está diante de hipótese de casamento inexistente. Também não incide no caso as hipóteses de casamento nulo (art. 1.548 do CC). O fato é que estamos, em tese, diante de um casamento anulável, caracterizando-se a hipótese prevista no art. 1.557, I, do CC. Antônio não sabia de fatos relevantes sobre a identidade original de Joana, fatos esses que, considerados os valores de João, podem tornar insuportável a vida em comum com Joana. Caracteriza-se, então, o instituto do erro essencial sobre a pessoa, que torna o casamento anulável. Feito o comentário, vale observar que a questão pode ser considerada um tanto polêmica, pois não se deixou claro que tipo de anomalia existia, podendo ser que Joana já se tratasse de alguém cujo sexo atribuído deveria ser, desde o início, feminino. A: correta Questão 10 (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Acerca do direito de família, assinale a opção correta. (A) O casamento religioso com efeitos civis passa a produzir efeitos somente a partir da data em que é efetivado o seu registro perante o oficial competente. (B) A existência de impedimentos dirimentes absolutos acarreta a ineficácia do casamento. (C) O casamento inexistente não pode ser declarado putativo. (D) É inválido o casamento contraído por coação a qualquer dos cônjuges. Gabarito Comentado: A: incorreta. Vide art. 1.515 do Código Civil. A respeito, assevera Maria Helena Diniz que “registrado o casamento religioso, irradiará efeitos civisa partir da data de sua celebração e não a partir do ato registrário. Feito o registro, o estado civil passará a ser o de casados, desde a data da solenidade religiosa. O registro não é, portanto, meramente probatório, por ser ato essencial para a atribuição de efeitos civis, pois sem ele ter-se-á somente um ato religioso e uma mera união estável” (Maria Helena Diniz. Código Civil anotado. 10. ed., São Paulo: Saraiva, 2004, p. 1.098); B: incorreta. Vide art. 1.521 do Código Civil. A respeito, assevera Senise Lisboa que “impedimento matrimonial é o fato jurídico que obsta a validade, a eficácia ou a regularidade do casamento. O novo Código estabelece que os impedimentos proíbem o casamento. E as causas suspensivas levam à ineficácia temporária dos efeitos matrimoniais. No modelo do atual Código, os impedimentos matrimoniais são: a) impedimentos dirimentes absolutos, que acarretam a nulidade do casamento, pelo reconhecimento de sua invalidade; Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 b) impedimentos dirimentes relativos, que acarretam a anulação do casamento, pelo reconhecimento de sua ineficácia” (Roberto Senise Lisboa. Manual de direito civil. vol.. 5: direito de família e sucessões. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 66); C: correta. Vide art. 1.540 do Código Civil. A respeito, assevera Senise Lisboa que “a teoria da inexistência deve ser adotada como fato social desprovido de repercussão jurídica. Todavia, um fato inexistente para o direito pode ter a aparência de existência jurídica. (...) No casamento inexistente, há a falta de um dos pressupostos indispensáveis para a sua existência no mundo jurídico, a saber: a diversidade de sexo, a celebração solene ou o consentimento dos interessados. O casamento inexistente não pode ser declarado putativo para beneficiar o cônjuge que teria agido de boa-fé, enquanto o casamento nulo e o anulável podem ter esse efeito” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 75); D: incorreta. Vide art. 1.558 do Código Civil. A respeito, assinala Senise Lisboa que “casamento inválido é aquele que não gera efeitos jurídicos desde a data de sua celebração, uma vez declarada a sua nulidade. (...) Por se tratar de hipótese de nulidade absoluta, a invalidade do casamento pode ser requerida a qualquer tempo. (...) Casamento ineficaz é aquele que gera efeitos jurídicos até a data da declaração judicial de sua anulabilidade, desconstituindo-se o vínculo matrimonial. Há ineficácia do casamento: (...) e) por coação” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 76-77). Questão 11 (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Aldo e Mariane são casados sob o regime da comunhão parcial de bens, desde setembro de 2013. Em momento anterior ao casamento, Rubens, pai de Mariane, realizou a doação de um imóvel à filha. Desde então, a nova proprietária acumula os valores que lhe foram pagos pelos locatários do imóvel. No ano corrente, alguns desentendimentos fizeram com que Mariane pretendesse se divorciar de Aldo. Para tal finalidade, procurou um advogado, informando que a soma dos aluguéis que lhe foram pagos desde a doação do imóvel totalizava R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), sendo que R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) foram auferidos antes do casamento e o restante, após. Mariane relatou, ainda, que atualmente o imóvel se encontra vazio, sem locatários. Sobre essa situação e diante de eventual divórcio, assinale a afirmativa correta. (A) Quanto aos aluguéis, Aldo tem direito à meação sob o total dos valores. (B) Tendo em vista que o imóvel locado por Mariane é seu bem particular, os aluguéis por ela auferidos não se comunicam com Aldo. (C) Aldo tem direito à meação dos valores recebidos por Mariane, durante o casamento, a título de aluguel. (D) Aldo faz jus à meação tanto sobre a propriedade do imóvel doado a Mariane por Rubens, quanto sobre os valores recebidos a título de aluguel desse imóvel na constância do casamento. Gabarito Comentado A: incorreta, pois a parcela de aluguéis que comunica é apenas aquela referente ao montante recebido na constância do casamento (art. 1.660, V CC); B: incorreta, pois apesar de o imóvel ser bem particular de Mariane, os frutos auferidos na constância do casamento comunicam com Aldo (art. 1.660, V CC); C: correta (art. 1.660, V CC); D: incorreta, pois ficam excluídos da comunhão os bens que sobrevierem ao cônjuge na constância do casamento por doação ou sucessão, logo Aldo não faz jus a meação do imóvel (art. 1.659, I CC). Referente aos valores do aluguel tem direito de meação apenas quanto ao montante recebido na constância do casamento (art. 1.660, V CC). Questão 12 (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Arnaldo, publicitário, é casado com Silvana, advogada, sob o regime de comunhão parcial de bens. Silvana sempre considerou diversificar sua atividade profissional e pensa em se tornar sócia de uma sociedade empresária do ramo de tecnologia. Para realizar esse investimento, pretende vender um apartamento adquirido antes de seu casamento com Arnaldo; este, mais conservador na área negocial, não concorda com a venda do bem para empreender. Sobre a situação descrita, assinale a afirmativa correta. (A) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois destina-se ao incremento da renda familiar. (B) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária, por conta do regime da comunhão parcial de bens.. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 (C) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois se trata de bem particular. (D) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária e decorre do casamento, independentemente do regime de bens. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois exceto no regime da separação absoluta é necessário a consentimento do cônjuge quando houver alienação de bens imóveis (art. 1.647, I CC). A lei não dispensa essa autorização ainda que haja o incremento da renda familiar. B: correta, pois o art. 1.647 CC apenas dispensa a autorização quando se tratar de regime da separação absoluta de bens. Logo, sendo regime da comunhão parcial de bens, deve haver autorização do outro cônjuge, ainda que o bem seja particular; C: incorreta, pois mesmo sendo bem particular neste caso precisa de autorização (art. 1.647, I CC). Um cônjuge não terá ingerência nos bens particulares do outro nos casos do art. 1.659 CC; D: incorreta, pois o regime de bens é relevante para determinar se a autorização é necessária ou não, e não simplesmente o ato de casar-se. Apenas é dispensada a autorização se o casamento for no regime da separação absoluta (art. 1.647, I CC). Questão 13 (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Augusto, viúvo, pai de Gustavo e Fernanda, conheceu Rita e com ela manteve, por dez anos, um relacionamento amoroso contínuo, público, duradouro e com objetivo de constituir família. Nesse período, Augusto não se preocupou em fazer o inventário dos bens adquiridos quando casado e em realizar a partilha entre os herdeiros Gustavo e Fernanda. Em meados de setembro do corrente ano, Augusto resolveu romper o relacionamento com Rita. Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil, assinale a opção correta. (A) A ausência de partilha dos bens de Augusto com seus herdeiros Gustavo e Fernanda caracteriza causa suspensiva do casamento, o que obsta o reconhecimento da união estável entre Rita e Augusto. (B) Sendo reconhecida a união estável entre Augusto e Rita, aplicar-se-ão à relação patrimonial as regras do regime de comunhão universal de bens, salvo se houver contrato dispondo de forma diversa. (C) Em razão do fim do relacionamento amoroso, Rita poderá pleitear alimentos em desfavor de Augusto, devendo, para tanto, comprovar o binômio necessidade-possibilidade. (D) As dívidas contraídas por Augusto,na constância do relacionamento com Rita, em proveito da entidade familiar, serão suportadas por Rita de forma subsidiária. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois as causas suspensivas previstas no art. 1.523 do Código Civil (que incluem a mencionada na alternativa) não impedem a caracterização da união estável (art. 1.723, § 2º, do CC); ademais, de rigor mencionar que a sanção decorrente da existência dessa causa suspensiva não se aplica quando não há prejuízo, o que muitas vezes é possível provar no caso concreto; B: incorreta, pois, na união estável, salvo disposição escrita em contrário, aplica-se o regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725 do CC); C: correta, pois há dever de alimentos entre companheiros numa união estável, configurado no caso concreto o binômio mencionado (art. 1.694, caput, do CC); D: incorreta, pois as dívidas serão suportadas diretamente pelos dois, na forma do art. 1.664 do CC. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 14 (OAB/Exame Unificado – 2011.2) Em relação à união estável, assinale a alternativa correta. (A) O contrato de união estável é solene, rigorosamente formal e sempre público. (B) Não há presunção legal de paternidade no caso de filho nascido na constância da união estável. (C) Quem estiver separado apenas de fato não pode constituir união estável, sendo necessária, antes, a dissolução do anterior vínculo conjugal; nesse caso, haverá simples concubinato. (D) Para que fique caracterizada a união estável, é necessário, entre outros requisitos, tempo de convivência mínima de cinco anos, desde que durante esse período a convivência tenha sido pública e duradoura. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois a lei só exige que o contrato seja escrito, não sendo necessário que se trate de escritura pública (art. 1.725 do CC); B: correta, pois a presunção prevista no art. 1.597 do CC depende da existência de “casamento”; C: incorreta, pois é possível que alguém ainda casado constitua uma união estável, desde que esteja separado de fato ou judicialmente da pessoa com que tenha casado (art. 1.723, § 1.º, do CC); D: incorreta, pois, para se constituir a união estável, basta que haja a convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família (art. 1.723, caput, do CC), não havendo tempo mínimo de união para a caracterização do instituto. Questão 15 (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Jane e Carlos constituíram uma união estável em julho de 2003 e não celebraram contrato para regular as relações patrimoniais decorrentes da aludida entidade familiar. Em março de 2005, Jane recebeu R$ 100.000,00 (cem mil reais) a título de doação de seu tio Túlio. Com os R$ 100.000,00 (cem mil reais), Jane adquiriu em maio de 2005 um imóvel na Barra da Tijuca. Em 2010, Jane e Carlos se separaram. Carlos procura um advogado, indagando se tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005. Assinale a alternativa que indique a orientação correta a ser exposta a Carlos. (A) Por se tratar de bem adquirido a título oneroso na vigência da união estável, Carlos tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005. (B) Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005 porque, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre os mesmos o regime da separação total de bens. (C) Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005 porque, em virtude da ausência de contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre os mesmos o regime da comunhão parcial de bens, que exclui dos bens comuns entre os consortes aqueles doados e os sub-rogados em seu lugar. (D) Carlos tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da Tijuca em maio de 2005 porque, muito embora o referido bem tenha sido adquirido com o produto de uma doação, não se aplica a sub-rogação de bens na união estável. Gabarito Comentado: A alternativa “C” está correta, pois, de acordo com o art. 1.725 do Código Civil, não havendo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre estes o regime de comunhão parcial. Esse regime, de fato, exclui da comunhão os bens que um companheiro tiver recebido em doação (no caso, os R$ 100 mil) e os sub-rogados em seu lugar (no caso, o imóvel), nos termos do art. 1.659, I, do Código Civil. 7.3. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 16 (OAB/Exame Unificado – 2016.3) Augusto e Raquel casam-se bem jovens, ambos com 22 anos. Um ano depois, nascem os filhos do casal: dois meninos gêmeos. A despeito da ajuda dos avós das crianças, o casamento não resiste à dura rotina de criação dos dois recém-nascidos. Augusto e Raquel separam-se ainda com os filhos em tenra idade, indo as crianças residir com a mãe. Raquel, em pouco tempo, contrai novas núpcias. Augusto, em busca de um melhor emprego, muda-se para uma cidade próxima. A respeito da guarda dos filhos, com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) A guarda dos filhos de tenra idade será atribuída preferencialmente, de forma unilateral, à mãe. (B) Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos será dividido de forma matemática entre o pai e a mãe. (C) O pai ou a mãe que contrair novas núpcias perderá o direito de ter consigo os filhos. (D) Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será a que melhor atender aos interesses dos filhos. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois não existe no ordenamento jurídico previsão de preferência à mãe na guarda dos filhos; B: incorreta, pois – mesmo na guarda compartilhada – não existe tal divisão matemática do tempo de convívio; C: incorreta, pois tal absurda hipótese não encontra respaldo no ordenamento jurídico;D: correta, pois a proteção do melhor interesse da criança decorre de princípio constitucional, o qual ilumina todo o ordenamento (CF, art. 227). Questão 17 (OAB/Exame Unificado – 2016.1) Júlio, casado com Isabela durante 23 anos, com quem teve 3 filhos, durante audiência realizada em ação de divórcio cumulada com partilha de bens proposta por Isabela, reconhece, perante o Juízo de Família, um filho havido de relacionamento extraconjugal. Posteriormente, arrependido, Júlio deseja revogar tal reconhecimento. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) O reconhecimento de filho só é válido se for realizado por escritura pública ou testamento. (B) O reconhecimento de filho realizado por Júlio perante o Juízo de Família é ato irrevogável. (C) O reconhecimento de filho em Juízo só tem validade em ação própria com essa finalidade. (D) Júlio só poderia revogar o ato se este tivesse sido realizado por testamento. Gabarito Comentado: A e C: incorreta, pois o reconhecimento de filhos havidos fora do casamento também pode se dar no registro de nascimento, por escritura particular, por testamento e por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém (art. 1.609 do CC); B: correta, pois o reconhecimento de filhos havidos fora do casamento é, de fato, irrevogável (art. 1.609, caput, do CC), sem contar que pode se dar também por manifestação direta e expressa perante o juiz (inclusive de Família), ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém (art. 1.609 do CC); D: incorreta, pois o reconhecimento de filhos havidos fora do casamento é irrevogável em qualquer hipótese (art. 1.609, caput, do CC), mesmo quando feito em testamento (art. 1.610 do CC). Licensed to GrazielaBitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 18 (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Mateus não tinha mais parentes, nunca tivera descendentes e jamais havia vivido em união estável ou em matrimônio. Há alguns anos, ele decidiu fazer um testamento e deixar todo o seu patrimônio para seus amigos da vida toda, Marcos e Lucas. Seis meses depois da lavratura do testamento, por força de um exame de DNA, Mateus descobriu que tinha um filho, Alberto, 29 anos, que não conhecia, fruto de um relacionamento fugaz ocorrido no início de sua faculdade. Mateus reconheceu a paternidade de Alberto no Registro Civil e passou a conviver periodicamente com o filho. No mês passado, Mateus faleceu. Sobre sua sucessão, assinale a afirmativa correta. (A) Todo o patrimônio de Mateus caberá a Alberto. (B) Todo o patrimônio de Mateus caberá a Marcos e Lucas, por força do testamento. (C) Alberto terá direito à legítima, cabendo a Marcos e Lucas a divisão da quota disponível. (D) A herança de Mateus caberá igualmente aos três herdeiros. Gabarito Comentado: A: correta, pois, de acordo com o art. 1.973 do CC, “sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao testador”; assim, como aparecimento de Alberto, o testamento que favorecia os dois amigos de Mateus fica rompido, ficando apenas Alberto como herdeiro; B, C e D: incorretas, pois, com o aparecimento do herdeiro de Mateus, desconhecido à época do testamento deste, as disposições testamentárias ficam rompidas e somente Alberto receberá a herança de Mateus. Questão 19 (OAB/Exame Unificado – 2013.1) Rogério, solteiro, maior e capaz, estando acometido por grave enfermidade, descobre que é pai biológico de Mateus, de dez anos de idade, embora não conste a filiação paterna no registro de nascimento. Diante disso, Rogério decide lavrar testamento público, em que reconhece ser pai de Mateus e deixa para este a totalidade de seus bens. Sobrevindo a morte de Rogério, Renato, maior e capaz, até então o único filho reconhecido por Rogério, é surpreendido com as disposições testamentárias e resolve consultar um advogado a respeito da questão. A partir do fato narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Todas as disposições testamentárias são inválidas, tendo em vista que, em seu testamento, Rogério deixou de observar a parte legítima legalmente reconhecida a Renato, o que inquina todo o testamento público, por ser este um ato único. (B) A disposição testamentária que reconhece a paternidade de Mateus é válida, devendo ser incluída a filiação paterna no registro de nascimento; a disposição testamentária relativa aos bens deverá ser reduzida ao limite da parte disponível, razão pela qual Mateus receberá o quinhão equivalente a 75% da herança e Renato o quinhão equivalente a 25% da herança. (C) Todas as disposições testamentárias são inválidas, uma vez que Rogério não poderia reconhecer a paternidade de Mateus em testamento e, ainda, foi desconsiderada a parte legítima de seu filho Renato. (D) A disposição testamentária que reconhece a paternidade de Mateus é válida, devendo ser incluída a filiação paterna no registro de nascimento; é, contudo, inválida a disposição testamentária relativa aos bens, razão pela qual caberá a cada filho herdar metade da herança de Rogério. Gabarito Comentado: A, C e D: incorretas, pois a parte de reconhecimento do filho pode ser feita por testamento (art. 1.609, III, do CC) e é irrevogável, devendo ser mantida, assim como a disposição, restrita ao equivalente a 50% do patrimônio, que é a parte disponível (art. 1.846 do CC); B: correta; quanto ao reconhecimento de filhos por testamento público, não há problema algum (art. 1.609, III, do CC); quanto ao direcionamento da totalidade dos bens em favor do filho reconhecido (Mateus), não é possível, pois há um herdeiro necessário no caso (o outro filho – Renato), hipótese em que metade da herança (a legítima) não pode ser objeto de disposição (art. 1.846 do CC). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 20 (OAB/Exame Unificado – 2012.1) A respeito da perfilhação é correto dizer que: (A) constitui ato formal, de livre vontade, irretratável, incondicional e personalíssimo. (B) se torna perfeita exclusivamente por escritura pública ou instrumento particular. (C) não admite o reconhecimento de filhos já falecidos, quando estes hajam deixado descendentes. (D) em se tratando de filhos maiores, dispensa-se o consentimento destes. Gabarito Comentado: A: correta; a perfilhação, que significa o reconhecimento de um filho, é ato formal, pois deve obedecer a uma das formas previstas na lei (v. art. 1.609 do CC), de livre vontade (feito pela vontade dos pais), irretratável (não cabe revogação – art. 1.610 do CC), incondicional (são ineficazes a condição e o termo apostos ao ato de reconhecimento) e personalíssimo (devendo ser feita pelo próprio pai); B: incorreta, pois o reconhecimento de filho também pode ser feito no próprio registro público, por testamento e por manifestação direta e expressa perante o juiz (art. 1.609, I, III e IV, do CC); C: incorreta, pois o reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar antecedentes (art. 1.609, parágrafo único, do CC); D: incorreta, pois o filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento (art. 1.614 do CC). Direitos Reais Questão 01 (OAB/Exame Unificado – 2015.1) Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho, Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após um ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar em seu favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa situada na fazenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra, a ação de reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio argumentou que faria jus ao direito de retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta. (A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de reintegração de posse transitou em julgado. (B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor delas. (C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor delas. (D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado pelo valor atual delas. Gabarito Comentado: A: correta; Mélvio e possuidor de má-fé, e, assim, não tem direito à indenização por benfeitorias, salvo as necessárias, mas sem direito a retenção neste caso (art. 1.220 do CC); na hipótese narrada, tem-se benfeitoria necessária, porém, seja porque não existem mais, seja porque ainda que existissem não dão direito de retenção da coisa enquanto não paga a indenização, não há que se falar em direito de retenção no caso presente; B: incorreta; Melvio é possuidor de má-fé, pois sabia que não tinha direitos sobre a coisa quando a invadiu; C e D: incorretas; pois, como se viu, Melvio não terá direito direito a qualquer indenização no caso concreto. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 02 (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Com a ajuda de homens armados, Franciscoinvade determinada fazenda e expulsa dali os funcionários de Gabriel, dono da propriedade. Uma vez na posse do imóvel, Francisco decide dar continuidade às atividades agrícolas que vinham sendo ali desenvolvidas (plantio de soja e de feijão). Três anos após a invasão, Gabriel consegue, pela via judicial, ser reintegrado na posse da fazenda. Quanto aos frutos colhidos por Francisco durante o período em que permaneceu na posse da fazenda, assinale a afirmativa correta. (A) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, mas tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio. (B) Francisco tem direito aos frutos percebidos durante o período em que permaneceu na fazenda. (C) Francisco tem direito à metade dos frutos colhidos, devendo restituir a outra metade a Gabriel. (D) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, e não tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio. Gabarito Comentado: A: correta; de acordo com o art. 1.216 do CC, o possuidor de má-fé (que é o que temos no caso presente, pois era alguém que sabia que não tinha direitos sobre a coisa) responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; todavia, esse possuidor, ainda que de má-fé, tem, segundo a lei, direito às despesas da produção e custeio, de modo a não haver enriquecimento sem causa do legítimo possuidor da coisa; assim, a alternativa em questão está correta; B e C: incorretas, pois, de acordo com o art. 1.216 do CC o possuidor de má- fé não tem direito qualquer sobre os frutos percebidos e colhidos no período; D: incorreta, pois, de acordo com o art. 1.216 do CC, o possuidor de má-fé tem direito às despesas da produção e custeio, de modo a não haver enriquecimento sem causa do legítimo possuidor da coisa. Questão 03 (OAB/Exame Unificado – 2012.1) Acerca do instituto da posse é correto afirmar que: (A) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas. (B) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. (C) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome próprio. (D) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do qual cada possuidor conta com uma fração ideal sobre a posse. Gabarito Comentado: A: incorreta; há posses paralelas quando coexistem posses indiretas (daqueles que cedem a posse – ex: proprietários) e diretas (daqueles que recebem a posse – ex: locatários); não há rol taxativo dessas possibilidades, que podem acontecer em relação a inúmeras pessoas ao mesmo tempo e também a inúmeros negócios decorrentes de direitos reais (rol taxativo – ex: usufruto, uso e habitação) e de direitos pessoais, cujo rol não é taxativo (art. 1.197 do CC); B: incorreta, pois, segundo a Súmula STJ 228, “é inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral”; C: incorreta, pois os fâmulos da posse são aqueles que exercem atos de posse em nome alheio, como é o caso dos caseiros; tem-se, no caso, a figura do detentor, e não do possuidor (art. 1.198, caput, do CC); D: correta (art. 1.199 do CC). Questão 05 (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Sobre o constituto possessório, assinale a alternativa correta. (A) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade. (B) Trata-se de modo originário de aquisição da posse. (C) Representa uma tradição ficta. (D) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros na sucessão universal. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Gabarito Comentado : Constituto possessório caracteriza-se quando um possuidor em nome próprio passa a ter a coisa em nome de outro, mudando o caráter de sua posse. É o caso do dono que venda a coisa e passa a nela ficar como locatário ou comodatário. O constituto possessório é uma forma de aquisição de posse do tipo derivada (e não originária), pois a nova posse guarda vínculo com a posse anterior, de modo que não estão corretas as alternativas “A” e “B”. Trata-se, na verdade, de uma tradição ficta, pois a coisa é entregue (tradição) para quem já estava com ela (ficta). C:correta. Questão 06 (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma casa de 500 m2 registrada em nome de Bruno, que lhe vendeu o imóvel a preço de mercado. A escritura e o registro foram realizados de maneira usual. Em 05/09/2005, o imóvel foi alugado, e Aloísio passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela locação, por um período de 6 anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma ação reinvindicatória movida por Elisabeth, que pleiteia a retomada do imóvel e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a título de locação, desde o momento da sua celebração. Uma vez que Elisabeth é judicialmente reconhecida como a verdadeira proprietária do imóvel em 10/10/2011, pergunta-se: é correta a pretensão da autora ao recebimento de todos os aluguéis recebidos por Aloísio? (A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria contestação automaticamente transforma a posse de Aloísio em posse de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os valores recebidos pelo possuidor devem ser ressarcidos. (B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após uma sentença favorável ao pedido de Elisabeth, na reivindicatória, é que seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o que caracterizaria a transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé. Como o possuidor de má-fé tem direito aos frutos, Aloísio não é obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação. (C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a posse de Aloísio passa a ser qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo – momento em que Aloísio tomou conhecimento dos fatos ao final reputados como verdadeiros –, exigindo, em tais condições, a devolução dos frutos recebidos entre 10/10/2009 e a data de encerramento do contrato de locação. (D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer valor, pois, sendo possuidor com justo título, tem, em seu favor, a presunção absoluta de veracidade quanto a sua boa-fé. Gabarito Comentado A: incorreta, pois até a citação na ação reivindicatória a posse era de boa-fé. Logo, os valores recebidos antes disso não podem ser requeridos de volta (art. 1.201, parágrafo único CC). A posse se transformará em posse de má-fé apenas após a citação (e não a contestação), logo é apenas após esse ato processual que os alugueres poderão ser cobrados (art. 1.202 CC); B: incorreta, pois prevê o art. 1.202 CC que “a posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”. A citação é uma circunstância que dá ciência ao possuidor de que a posse pode vir a ser declarada indevida. No caso de procedência da ação da reivindicatória, o efeito da sentença retroagirá à data da citação e os alugueres deverão ser pagos desde então; C: correta, pois de fato os alugueres apenas poderão ser cobrados após a ciência inequívoca de Aluísio quanto à posse indevida, o que se dá com a citação. Nos termos art. 1.202, a citação se configura como a “circunstância que faz presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente a coisa”; D: incorreta, pois apesar de possuir justo título, a presunção de boa-fé não é absoluta, mas sim relativa. O art. 1.201 parágrafo único abre a possibilidade de se obter prova em contrário e a sentença judicial procedente em ação reivindicatória é prova mais do que válida. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Propriedade Questão 07 (OAB/ExameUnificado – 2017.3) Quincas adentra terreno vazio e, de forma pública, passa a construir ali a sua moradia. Após o exercício ininterrupto da posse por 17 (dezessete) anos, pleiteia judicialmente o reconhecimento da propriedade do bem pela usucapião. Durante o processo, constatou-se que o imóvel estava hipotecado em favor de Jovelino, para o pagamento de numerários devidos por Adib, proprietário do imóvel. Com base nos fatos apresentados, assinale a afirmativa correta. (A) A hipoteca existente em benefício de Jovelino prevalece sobre eventual direito de Quincas, tendo em vista o princípio da prioridade no registro. (B) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimento da usucapião, tendo em vista a função social do crédito garantido. (C) Como a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a hipoteca não é capaz de impedir a sua consumação. (D) Quincas pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão, porém ficará com o ônus de quitar o débito que a hipoteca garantia. Gabarito Comentado: A aquisição da propriedade imóvel por usucapião é originária e, portanto, vem ao domínio do possuidor de forma livre de ônus e encargos, como é o caso da hipoteca anteriormente constituída para garantir obrigação pessoal do antigo proprietário do imóvel. Permanece a Jovelino, o credor, o direito de exercer seu crédito pelos meios regulares de cobrança em face do devedor. C:correta. Questão 08 (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Laurentino constituiu servidão de vista no registro competente, em favor de Januário, assumindo o compromisso de não realizar qualquer ato ou construção que embarace a paisagem de que Januário desfruta em sua janela. Após o falecimento de Laurentino, seu filho Lucrécio decide construir mais dois pavimentos na casa para ali passar a habitar com sua esposa. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Januário não pode ajuizar uma ação possessória, eis que a servidão é não aparente. (B) Diante do falecimento de Laurentino, a servidão que havia sido instituída automaticamente se extinguiu. (C) A servidão de vista pode ser considerada aparente quando houver algum tipo de aviso sobre sua existência. (D) Januário pode ajuizar uma ação possessória, provando a existência da servidão com base no título. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois, em que pese a servidão de vista ser da espécie “não aparente”, Januário continua protegido em seu direito real sobre coisa alheia; B: incorreta, pois o falecimento do proprietário do prédio serviente não extingue a servidão, justamente por se tratar de um direito real, que se agrega à coisa e não a pessoas; C: incorreta, pois avisos não alteram a natureza da servidão; D: correta, pois Januário detém um direito real sobre coisa alheia, que poderá ser defendido na hipótese de violação. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 09 (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Jonas trabalha como caseiro da casa de praia da família Magalhães, exercendo ainda a função de cuidador da matriarca Lena, já com 95 anos. Dez dias após o falecimento de Lena, Jonas tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros. Contudo, ele permanece morando na casa, apesar de não manter qualquer outra relação jurídica com os herdeiros, que também já não frequentam mais o imóvel e permanecem incomunicáveis. Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer diversas modificações na casa: alterou a pintura, cobriu a garagem (que passou a alugar para vizinhos) e ampliou a churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte principal, assumiu as despesas de água, luz, gás e telefone, e apresentou-se, perante a comunidade, como “o novo proprietário do imóvel”. Doze anos após o falecimento de Lena, seu filho Adauto decide retomar o imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo. A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé. (B) Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel estava abandonado. (C) Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro do imóvel. (D) Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à usucapião. É sempre muito importante ressaltar esse peculiar aspecto da usucapião. Gabarito Comentado: A má-fé do possuidor (que significa apenas e tão somente o conhecimento de um vício que macula sua posse) nunca é obstáculo à usucapião. Aliás, é extremamente comum que o possuidor de má- fé adquira a propriedade por meioda usucapião. É justamente para isso que existe a usucapião extraordinária, que ocorre“independentemente de título e boa-fé” (CC, art. 1.238) em que pese num prazo maior do que a ordinária (que, por sua vez, pressupõe a boa-fé do possuidor). D:correto. Questão 10 (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Diante da crise que se abateu sobre seus negócios, Eriberto contrai empréstimo junto ao seu amigo Jorge, no valor de R$ 200.000,00, constituindo, como garantia, hipoteca do seu sítio, com vencimento em 20 anos. Esgotado o prazo estipulado e diante do não pagamento da dívida, Jorge decide executar a hipoteca, mas vem a saber que o imóvel foi judicialmente declarado usucapido por Jonathan, que o ocupava de forma mansa e pacífica para sua moradia durante o tempo necessário para ser reconhecido como o novo proprietário do bem. Diante do exposto, assinale a opção correta. (A) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a dívida que ele tinha com Jorge deve ser declarada extinta. (B) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad usucapionem de Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado mesmo após a usucapião, em respeito ao princípio da ambulatoriedade. (C) Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de regresso contra Jonathan, haja vista que o bem usucapido era objeto de sua garantia. (D) Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade, Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge. Gabarito Comentado: A aquisição da propriedade imóvel por usucapião é originária e, portanto, vem ao domínio do possuidor de forma livre de ônus e encargos, como é o caso da hipoteca anteriormente constituída para garantir obrigação pessoal do antigo proprietário do imóvel. Logo, não há direito de regresso em face de Jonathan, permanecendo ao credor Jorge os meios regulares de cobrança perante o devedor Eriberto. D:correto Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 11 (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Ronaldo é proprietário de um terreno que se encontra cercado de imóveis edificados e decide vender metade dele para Abílio. Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades financeiras, descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na parte da frente do terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a vende para José, que imediatamente passa a habitar o imóvel. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo contra a vontade deste, com base na usucapião. (B) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comunicado do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio. (C) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo. (D) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação assumida. Gabarito Comentado: Para atender plenamente à sua função social, um imóvel precisa ter livre acesso às vias públicas e a lei, atenta para tal necessidade, impõe o instituto da passagemforçada (CC, art. 1.285), a qual será fornecida pelo vizinho “cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem” (CC, art. 1.285 parágrafo primeiro). Não se deve confundir o instituto com a servidão de passagem, na qual o imóvel dominante não está encravado, mas apenas ganhará mais comodidade com a interferência na propriedade do prédio serviente. C:correta. Questão 12 (OAB/Exame Unificado – 2017.2) À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor Joventino adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para seu sustento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de terceiros. Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno, que só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à retomada. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado esbulhador. (B) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido. (C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia. (D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois não há necessidade de violência para se configurar o esbulho; B: incorreta, pois a fluência do prazo de dois anos é suficiente para retirar o imediatismo exigido para tal legítima defesa da posse (CC, art. 1.210 § 1°); C: correta, pois, no presente cenário, a posse de Joventino é melhor do que a posse de Clodoaldo, não importando – para o bojo da possessória – quem é o proprietário do bem. A rigor, a discussão sobre propriedade é proibida na pendência de ação possessória (CPC, art. 557); D: incorreta, pois Joventino é possuidor de má-fé, ou seja, ele sabia que a posse dele apresentava algum vício. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 13 (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Por meio de contrato verbal, João alugou sua bicicleta a José, que se comprometeu a pagar o aluguel mensal de R$ 100,00 (cem reais), bem como a restituir a coisa alugada ao final do sexto mês de locação. Antes de esgotado o prazo do contrato de locação, João deseja celebrar contrato de compra e venda com Otávio, de modo a transmitir imediatamente a propriedade da bicicleta. Não obstante a coisa permanecer na posse direta de José, entende-se que (A) o adquirente Otávio, caso venda a bicicleta antes de encerrado o prazo da locação, deve obrigatoriamente depositar o preço em favor do locatário José. (B) João não pode celebrar contrato de compra e venda da bicicleta antes de encerrado o prazo da locação celebrada com José. (C) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda, da cessão do direito à restituição da coisa em favor de Otávio. (D) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda, do constituto possessório em favor de Otávio. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois José não é proprietário da bicicleta, mas mero locatário desta; B: incorreta, pois um bem não se torna inalienável só pelo fato de estar locado a terceiro; C: correta; em geral, a propriedade de coisa móvel só se transfere com a tradição física da coisa; porém, a lei subentende a tradição quando o transmitente (João) cede ao adquirente (Otávio) o direito à restituição da coisa, que se encontra na posse de terceiro (José), nos termos do art. 1.267, caput e parágrafo único (segunda parte), do CC; D: incorreta, pois subentende-se a tradição no constituto possessório quando o transmitente (João) continua a possuir, o que não se coaduna com o texto da alternativa (art. 1.267, parágrafo único (primeira parte), do CC. Questão 14 (OAB/Exame Unificado – 2014.3) No regime da Alienação Fiduciária que recai sobre bens imóveis, uma vez consolidada a propriedade em seu nome no Registro de Imóveis, o fiduciário, no prazo de trinta dias, contados da data do referido registro, deverá (A) adjudicar o bem. (B) vender diretamente o bem para terceiros. (C) promover leilão público para a alienação do imóvel; não havendo arremate pelo valor de sua avaliação, realizar um segundo leilão em quinze dias. (D) promover leilão público para a alienação do imóvel; não havendo arremate, o fiduciário adjudicará o bem. Gabarito Comentado: De acordo com o art. 27 da Lei 9.514/97, uma vez consolidada a propriedade em nome do fiduciário, este, no prazo de 30 dias mencionado, promoverá leilão público para a alienação do imóvel. Todavia, se no primeiro público leilão o maior lance oferecido for inferior ao valor do imóvel, será realizado o segundo leilão, nos 15 dias seguintes. Nesse segundo leilão será aceito o maior lance oferecido, desde que igual ou superior ao valor da dívida, das despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais, inclusive tributos, e das contribuições condominiais. Assim, estão incorretas as alternativas que falam em adjudicação do imóvel pelo fiduciário e também a que prevê a venda direta do bem para terceiros, independentemente de leilão público. E está correta alternativa que assegura que haverá leilão público e, se o caso, um segundo leilão público. C:correta. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 15 (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Jeremias e Antônio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com o passar do tempo, as chuvas, as estiagens e a erosão do rio alteraram a área da propriedade de cada um. Dessa forma, Jeremias começou a se questionar sobre o tamanho atual de sua propriedade (se houve aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido, pois nada havia feito para prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também começou a notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam se não deveriam receber alguma indenização do outro. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando indenização a ninguém. (B) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao proprietário do terreno de onde aquela porção de terra se deslocou. (C) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra trazida pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver reclamado, após o período de um ano. (D) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que primeiro a tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou como área de trabalho. Gabarito Comentado: A: correta (art. 1.250, caput, do CC); B: incorreta, pois se a ilha se formar no meio do rio aquela porção de terra considerar-se-á acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais (art. 1.249, I do CC); C: incorreta, pois o acréscimo de terra por avulsão se dá através de forças violentas da natureza (art. 1.251, caput, do CC), o que não é a hipótese do caso em tela. D: incorreta, pois se o rio secar adquirirá a propriedade da terra os proprietários ribeirinhos das duas margens (art. 1.252 do CC), independentemente de torná-la produtiva ou usá-la para moradia. Questão 16 (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Em janeiro de 2010, Nádia, unida estavelmente com Rômulo, após dez anos de convivência e sem que houvesse entre elescontrato escrito que disciplinasse as relações entre companheiros, abandona definitivamente o lar. Nos dois anos seguintes, Rômulo, que não é proprietário de outro imóvel urbano ou rural, continuou, ininterruptamente, sem oposição de quem quer que fosse, na posse direta e exclusiva do imóvel urbano com 200 metros quadrados, cuja propriedade dividia com Nádia e que servia de moradia do casal. Em março de 2012, Rômulo – que nunca havia ajuizado ação de usucapião, de qualquer espécie, contra quem quer que fosse – ingressou com ação de usucapião, pretendendo o reconhecimento judicial para adquirir integralmente o domínio do referido imóvel. Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta. (A) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada, pois o prazo assinalado pelo Código Civil é de 10 (dez) anos. (B) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada, pois a hipótese de abandono do lar, embora possa caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida, não autoriza a propositura de ação de usucapião. (C) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada, pois tal direito só existe para as situações em que as pessoas foram casadas sob o regime da comunhão universal de bens. (D) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo preenche todos os requisitos previstos no Código Civil. Gabarito Comentado: Segundo o art. 1.240-A do CC, introduzido pela Lei 12.424/2011, “aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. Assim, a alternativa “A” está incorreta, pois bastam dois anos. A alternativa “B” está incorreta, pois o abandono do lar é requisito para a usucapião em tela. A alternativa “C” está incorreta, pois o dispositivo citado não faz distinção de regime de casamento. E a alternativa “D” está correta, pois, de fato, Rômulo preencheu todos os requisitos da usucapião especial urbana familiar, Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 nos termos do art. 1.240-A do CC. Questão 17 (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Acerca da servidão de aqueduto, assinale a alternativa correta. (A) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela passagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais. (B) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o proprietário do aqueduto não deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas aos seus interesses de consumo. (C) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, mas a quem não incumbem as despesas de conservação. (D) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem de cabos e tubulações. Gabarito Comentado: A: correta (art. 1.293, § 2.º, do CC); B: incorreta (art. 1.296 do CC); C: incorreta, pois o dono deve arcar sim com as despesas de conservação (art. 1.293, § 3.º, do CC); D: incorreta, pois tais regras se aplicam, sim, à servidão de aqueduto (art. 1.294 do CC). Questão 18 (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta com relação ao registro, exigido na transmissão da propriedade de bens imóveis. (A) Realizado o registro do título translativo, este produzirá efeitos ex tunc, o que torna o adquirente proprietário desde a formalização do título. (B) Sendo o registro, no âmbito do direito nacional, meio necessário para a transmissão da propriedade de bem imóvel, sua realização importa presunção absoluta de propriedade. (C) Vendido o imóvel a duas pessoas diferentes, será válido o registro ainda que realizado pelo adquirente que possua o título de data mais recente. (D) Se uma pessoa vender imóvel seu a outra e esta, por sua vez, o vender a terceiro, será possível, provada a regularidade dos negócios, o registro desse último título translativo sem que se registre o primeiro. Gabarito Comentado: A: incorreta. “Como modo de aquisição, portanto, o registro produz efeitos ex nunc, jamais retroagindo à aquisição da propriedade imobiliária à época da formalização do título” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Direito civil e direitos reais. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 5. ed., 2008, p. 243); B: incorreta. “A força probante do registro induz presunção juris tantum de propriedade, produzindo todos os efeitos legais, enquanto não cancelado” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Op. cit., p. 245); C: correta. Quem primeiro registra é considerado o proprietário, regra que decorre do chamado princípio da preferência de registro. “Assim, se o alienante vender o imóvel a pessoas diferentes, adquiri-lo-á o primeiro que registrar, ainda que o título translativo prenotado seja de data posterior, restando ao outro adquirente tão somente ação indenizatória contra o alienante, em face do inadimplemento da obrigação de dar” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Op. cit., p. 245); D: incorreta. “Se o imóvel não se achar registrado em nome do alienante, não pode ser registrado em nome do adquirente, pois ninguém pode transmitir o que não lhe pertence” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Op. cit., p. 249). Questão 19 (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Eduarda comprou um terreno não edificado, em um loteamento distante do centro, por R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Como não tinha a intenção de construir de imediato, ela visitava o local esporadicamente. Em uma dessas ocasiões, Eduarda verificou que Laura, sem qualquer autorização, havia construído uma mansão com 10 quartos, sauna, piscina, cozinha gourmet etc., no seu terreno, em valor estimado em R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Laura, ao ser notificada por Eduarda, antes de qualquer prazo de usucapião, verificou a documentação e percebeu que cometera um erro: construíra sua mansão no lote “A” da quadra “B”, quando seu terreno, na verdade, é o lote “B” da quadra “A”. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 (A) Eduarda tem o direito de exigir judicialmente a demolição da mansão construída por Laura, independentemente de qualquer indenização (B) Laura, apesar de ser possuidora de má-fé, tem direito de ser indenizada pelas benfeitorias necessárias realizadas no imóvel de Eduarda (C) Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em imóvel inicialmente não edificado. (D) Eduarda, apesar de ser possuidora de boa-fé, adquire o imóvel construído por Laura, tendo em vista a incidência do princípio pelo qual a superfície adere ao solo. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois Eduarda não tem o direito de exigir a demolição da mansão de Laura, uma vez que Laura detém o direito de pagar indenização à Eduarda e ficar com a mansão, pois agiu de boa-fé (art. 1.255 parágrafo único CC); B: incorreta, pois Laura não é possuidora de má-fé, uma vez que seu erro se deu por uma confusão e não por um ato intencional de fraude. Sendo possuidora de boa-fé e considerando que o seu imóvel excede em muito o valor do terreno, ela adquire a propriedade de solo mediante pagamento de indenização à Eduarda (art. 1.255 parágrafo único CC); C: correta, pois nos termos do art. 1.255 CC aquele que de boa-fé edifica em terreno alheio em regra perde a construção para o proprietário do solo,mas tem o direito de ser indenizado. Porém, se o valor da construção exceder consideravelmente o valor do terreno, o dono da construção adquire também o solo, mediante pagamento indenização ao proprietário, sendo que o montante pode ser fixado judicialmente, se não houver acordo (art. 1.255 CC); D: incorreta, pois aquilo que está na superfície presumivelmente é do proprietário do terreno até que se prove em contrário (art. 1.253 CC). Logo, esse princípio de que o que está na superfície adere ao solo é relativo. Neste passo, ficou provada a boa-fé de Laura, logo aplica-se a ela o previsto no art. 1.255 parágrafo único CC Questão 20 (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Aline manteve união estável com Marcos durante 5 (cinco) anos, época em que adquiriram o apartamento de 80 m² onde residiam, único bem imóvel no patrimônio de ambos. Influenciado por tormentosas discussões, Marcos abandonou o apartamento e a cidade, permanecendo Aline sozinha no imóvel, sustentando todas as despesas deste. Após 3 (três) anos sem notícias de seu paradeiro, Marcos retornou à cidade e exigiu sua meação no imóvel. Sobre o caso concreto, assinale a afirmativa correta. (A) Marcos faz jus à meação do imóvel em eventual dissolução de união estável. (B) Aline poderá residir no imóvel em razão do direito real de habitação. (C) Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião, já que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos. (D) Aline e Marcos são condôminos sobre o bem, o que impede qualquer um deles de adquiri-lo por usucapião. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois Marcos não faz jus à meação. Por ter abandonado o lar a mais de 2 anos, Aline adquire a propriedade integral do bem pelo instituto da usucapião familiar (art. 1.240-A CC); B: incorreta, pois Aline pode residir no imóvel por direito de propriedade, e não por direito real de habitação. Isso porque ela preenche todos os requisitos para pleitear a usucapião familiar em face do ex-companheiro (art. 1.240-A CC); C: correta, pois o art. 1.240-A prevê que aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural; D: incorreta, pois não há que se falar em condomínio no caso em tela, uma vez que a propriedade é exclusiva de Aline por meio da usucapião familiar (art. 1.240-A CC). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Contratos Teoria geral dos contratos Questão 01 (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Jorge, engenheiro e construtor, firma, em seu escritório, contrato de empreitada com Maria, dona da obra. Na avença, foi acordado que Jorge forneceria os materiais da construção e concluiria a obra, nos termos do projeto, no prazo de seis meses. Acordou-se, também, que o pagamento da remuneração seria efetivado em duas parcelas: a primeira, correspondente à metade do preço, a ser depositada no prazo de 30 (trinta) dias da assinatura do contrato; e a segunda, correspondente à outra metade do preço, no ato de entrega da obra concluída. Maria, cinco dias após a assinatura da avença, toma conhecimento de que sobreveio decisão em processo judicial que determinou a penhora sobre todo o patrimônio de Jorge, reconhecendo que este possui dívida substancial com um credor que acaba de realizar ato de constrição sobre todos os seus bens (em virtude do valor elevado da dívida). Diante de tal situação, Maria pode (A) recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la. (B) resolver o contrato por onerosidade excessiva, haja vista que o fato superveniente e imprevisível tornou o acordo desequilibrado, afetando o sinalagma contratual. (C) exigir o cumprimento imediato da prestação (atividade de construção), em virtude do vencimento antecipado da obrigação de fazer, a cargo do empreiteiro. (D) desistir do contrato, sem qualquer ônus, pelo exercício do direito de arrependimento, garantido em razão da natureza de contrato de consumo. Gabarito Comentado: A questão não trata de Contrato de Empreitada. Trata, a rigor, da hipótese de fundada dúvida sobre a situação patrimonial da outra parte contratual. Assim, “Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la” (CC, art. 477).Percebe-se que Maria tem o direito de recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la. A:correta. Questão 02 (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Juliana, por meio de contrato de compra e venda, adquiriu de Ricardo, profissional liberal, um carro seminovo (30.000 km) da marca Y pelo preço de R$ 24.000,00. Ficou acertado que Ricardo faria a revisão de 30.000 km no veículo antes de entregá-lo para Juliana no dia 23 de janeiro de 2017. Ricardo, porém, não realizou a revisão e omitiu tal fato de Juliana, pois acreditava que não haveria qualquer problema, já que, aparentemente, o carro funcionava bem. No dia 23 de fevereiro de 2017, Juliana sofreu acidente em razão de defeito no freio do carro, com a perda total do veículo. A perícia demostrou que a causa do acidente foi falha na conservação do bem, tendo em vista que as pastilhas do freio não tinham sido trocadas na revisão de 30.000 km, o que era essencial para a manutenção do carro. Considerando os fatos, assinale a afirmativa correta. (A) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido por Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o carro estava aparentemente funcionando bem no momento da tradição. (B) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada tendo a ver com o acidente sofrido por Juliana. (C) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição. (D) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000 km do carro, tendo em vista que ela não foi realizada conforme previsto no contrato. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Gabarito Comentado: A: incorreta, pois o vício nas pastilhas do freio é um típico vício redibitório e a ignorância de Ricardo quanto a este problema não afasta sua responsabilidade (CC, art. 443); B: incorreta, pois a solução legal para tal problema é a devolução integral do valor da compra(CC, arts. 441 e 442); C: correta, pois “a responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição” (CC, art. 444); D: incorreta, pois Ricardo responde pelo valor integral do veículo e não apenas pelo valor da revisão. Questão 03 (OAB/Exame Unificado – 2013.3) José celebrou com Maria um contrato de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia paga à vista, ficando ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade do alienante pela evicção. A respeito desse caso, vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de decisão judicial favorável a terceiro, assinale a afirmativa correta. (A) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro. (B) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção,se Maria não sabia do risco, ou, dele informada, não o assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo bem imóvel. (C) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, Maria, desconhecendo o risco, terá direito à dobra do valor pago, a título de indenização pelos prejuízos dela resultantes. (D) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da celebração do negócio jurídico, atualizado monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou parcial. Gabarito Comentado : A: incorreta, pois as partes podem livremente excluir a responsabilidade pela evicção (art. 448 do CC); B: correta (art. 449 do CC). C: incorreta, pois caso Maria desconheça o risco ela apenas tem o direito de receber o preço que pagou pela coisa evicta, não havendo que se falar em dobro do valor a título de indenização (art. 449 do CC); D: incorreta, pois o valor a ser restituído, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se venceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial (art. 450, parágrafo único do CC). Questão 04 (OAB/Exame Unificado – 2013.2) Visando ampliar sua linha de comércio, Mac Geral & Companhia adquiriu de AC Industrial S.A. mil unidades do equipamento destinado à fabricação de churros. Dentre as cláusulas contratuais firmadas pelas partes, fez-se inserir a obrigação de Mac Geral & Companhia realizar o transporte dos equipamentos, exclusivamente e ao preço de R$100,00 por equipamento, por meio de Rota Transportes Ltda., pessoa estranha ao instrumento contratual assinado. Com relação aos contratos civis, assinale a afirmativa incorreta. (A) AC Industrial S.A. poderá exigir de Mac Geral & Companhia o cumprimento da obrigação firmada em favor de Rota Transportes Ltda. (B) Ao exigir o cumprimento da obrigação, Rota Transportes Ltda. deverá efetuar o transporte ao preço previamente ajustado pelas partes contratantes. (C) Somente Rota Transportes Ltda. poderá exigir o cumprimento da obrigação. (D) AC Industrial S/A poderá reservar-se o direito de substituir Rota Transportes Ltda., independentemente de sua anuência ou de Mac Geral & Companhia. Gabarito Comentado: A: correta, pois o enunciado deixa claro que no contrato entre Mac Geral e AC há obrigação da primeira de realizar o transporte por meio da Rota Transportes; vale lembrar, também, que aquele (no caso, a AC) que estipula em favor de terceiro (no caso, a Rota) pode exigir o cumprimento da obrigação (art. 436, caput, do CC); B: correta, pois o terceiro em favor de quem se estipulou uma obrigação (no caso, a Rota) pode exigi-la, mas fica “sujeito às condições e normas do contrato” (art. 436, parágrafo único, do CC) Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 o que inclui a questão do preço; C: incorreta, devendo a alternativa ser assinalada; isso porque, como se viu, aquele (no caso, a AC) que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação (art. 436, caput, do CC); D: correta, nos termos do art. 438, caput, do CC. Questão 05 (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de Maurício, por contrato particular de compra e venda, um automóvel, ano 2011, por R$ 34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias após a celebração do negócio, Sílvio tomou conhecimento que o veículo apresentava avarias na suspensão dianteira, tornando seu uso impróprio pela ausência de segurança. Considerando que o vício apontado existia ao tempo da contratação, de acordo com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a afirmativa correta. (A) Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do defeito, para reclamar a Maurício o abatimento do preço pago ou desfazimento do negócio jurídico em virtude do vício oculto. (B) Maurício deverá restituir o valor recebido e as despesas decorrentes do contrato se, no momento da venda, desconhecesse o defeito na suspensão dianteira do veículo. (C) Caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de garantia pelo prazo de 90 dias, o prazo decadencial legal para reclamação do vício oculto correrá independentemente do prazo da garantia estipulada. (D) Caso Silvio e Maurício tenham inserido no contrato de compra e venda cláusula que exclui a responsabilidade de Maurício pelo vício oculto, persistirá a irresponsabilidade de Maurício mesmo que este tenha agido com dolo positivo. Gabarito Comentado A: incorreta; primeiro porque o prazo máximo para ter ciência do vício é de 180 dias (art. 445, § 1.º, do CC), prazo que já se findou; segundo porque, tomando conhecimento dentro do prazo de 180 dias, o adquirente, tratando-se de bem móvel tem 30 dias para reclamar (art. 445, caput, do CC); B: correta (art. 443 do CC); C: incorreta, pois o prazo de garantia legal (decadência legal) não corre (não se inicia) na constância do prazo de garantia voluntária (garantia contratual), nos termos do art. 446 do CC; D: incorreta, pois, havendo dolo positivo, caracterizado pela intenção de prejudicar, está-se diante de grave ato ilícito (arts. 186 e 443, primeira parte, do CC) e de impedimento de Maurício alegar a própria torpeza, podendo Silvio pleitear indenização por perdas e danos. Questão 06 (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele representa o acordo de vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta. (A) A celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não expressamente regulamentados por lei. (B) A atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a herança de pessoa viva, seja por meio de contrato típico ou não. (C) A liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato e os contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua execução, os princípios da probidade e da boa-fé subjetiva, princípios esses ligados ao voluntarismo e ao individualismo que informam o nosso Código Civil. (D) Será obrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão que contiver cláusulas ambíguas ou contraditórias. Gabarito Comentado A: incorreta, pois é lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais do Código Civil (art. 425 do CC); B: correta (arts. 425 e 426 do CC); C: incorreta, pois os princípios da função social dos contratos e da boa-fé estão ligados às diretrizes de sociabilidade do Código Civil, e não de individualidade; ademais, o princípio adequado é o princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do CC), e não da boa-fé subjetiva; D: incorreta, pois, nesse caso, as cláusulas serão interpretadas de modo mais favorável ao aderente, não sendo consideradas nulas (art. 423 do CC). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 07 (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Danilo celebrou contrato por instrumento particular com Sandro, por meio do qual aquele prometera que seu irmão, Reinaldo, famoso cantor popular, concederia uma entrevista exclusiva ao programa de rádio apresentado por Sandro, no domingo seguinte. Em contrapartida, caberia a Sandro efetuar o pagamento a Danilo de certa soma em dinheiro. Todavia, chegada a hora do programa, Reinaldo não compareceu à rádio. Dias depois, Danilo procurou Sandro, a fim de cobrar a quantia contratualmente prevista, ao argumento de que, embora não tenha obtido êxito, envidara todos os esforços no sentido de convencer o seu irmão a comparecer. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Sandro: (A) está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo,pois a obrigação por este assumida é de meio, sendo incabível a cobrança de perdas e danos de Reinaldo. (B) não está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação por este assumida é de resultado, sendo, ainda, autorizado a Sandro obter ressarcimento por perdas e danos de Danilo. (C) está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação por este assumida é de meio, restando a Sandro o direito de cobrar perdas e danos diretamente de Reinaldo. (D) não está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, por ser o contrato nulo, tendo em vista que Reinaldo não é parte contratante. Gabarito Comentado: O caso envolve o instituto da “promessa de fato de terceiro”, regulamentado nos arts. 439 e 440 do CC. De acordo com a regulamentação legal, aquele que promete fato de terceiro (no caso, Danilo prometeu fato de Reinaldo) responde por perdas e danos perante o que recebeu a promessa (no caso, Sandro), nos termos do disposto no art. 439, caput, do CC. Dessa forma, não faz sentido que Danilo procure Sandro para qualquer tipo de pagamento, já que Danilo responde por perdas e danos no caso, o que incluiria devolver qualquer tipo de pagamento que tivesse recebido, entre outros danos suportados por Sandro. B:correta. Questão 08 (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Durante dez anos, empregados de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de tomate entre agricultores de certa região. A cada ano, os empregados da fabricante procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a fabricante recusou-se a efetuar a compra. O tribunal competente entendeu que havia responsabilidade pré-contratual da fabricante. A responsabilidade pré-contratual é aquela que: (A) deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações preliminares à formação do contrato. (B) deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado contrato preliminar. (C) surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico anterior à responsabilidade contratual. (D) segue o destino da responsabilidade contratual, como o acessório segue o principal. Gabarito Comentado: Há de se separar bem três situações: a) fase de negociações preliminares à formação do contrato; b) contrato preliminar; c) contrato definitivo. O caso narrado no enunciado revela que os envolvidos, no ano de 2009, chegaram à fase de negociações preliminares. Não houve nem contrato preliminar (pois este depende de uma combinação de fazer contrato futuro, já se acertando todos os elementos do contrato futuro, inclusive o preço), nem, muito menos, contrato definitivo. Todavia, a doutrina e a jurisprudência evoluíram no sentido de dar mais responsabilidades aos envolvidos na fase de negociações preliminares. Com base no princípio da boa-fé, entendendo-se que, se na fase das negociações preliminares forem criadas fortes expectativas em um dos negociantes, gerando inclusive despesas de sua parte, o outro negociante deverá responder segundo a chamada responsabilidade pré-contratual, instituto jurídico que se aplica apenas à fase de negociações preliminares, daí o nome “pré-contratual”. Assim, apenas a alternativa “A” está correta, valendo transcrever trecho da obra de Maria Helena Diniz sobre o assunto: “Todavia, é preciso deixar bem claro que, apesar de faltar obrigatoriedade aos entendimentos preliminares, pode surgir, excepcionalmente, a responsabilidade civil para os que deles participam, não no campo da culpa contratual, mas no da aquiliana. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Portanto, apenas na hipótese de um dos participantes criar no outro a expectativa de que o negócio será celebrado, levando-o a despesas, a não contratar com terceiro ou a alterar planos de sua atividade imediata, e depois desistir, injustificada e arbitrariamente, causando-lhe sérios prejuízos, terá, por isso, a obrigação de ressarcir todos os danos. Na verdade, há uma responsabilidade pré-contratual, que dá certa relevância jurídica aos acordos preparatórios, fundada não só no princípio de que os interessados deverão comportar-se de boa- fé, prestando informações claras e adequadas sobre as condições do negócio (...), mas também nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que dispõem que todo aquele que, por ação ou omissão, dolosa ou culposa, causar prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano” (Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. 3, 26. ed., São Paulo: Saraiva, p. 42, 2010). Questão 09: (OAB/Exame Unificado – 2010.1) No que diz respeito à extinção dos contratos, assinale a opção correta. (A) Na resolução por onerosidade excessiva, não é necessária a existência de vantagem da outra parte, bastando que a prestação de uma das partes se torne excessivamente onerosa. (B) A resolução por inexecução voluntária do contrato produz efeitos ex tunc se o contrato for de execução continuada. (C) Ainda que a inexecução do contrato seja involuntária, a resolução ensejará o pagamento das perdas e danos para a parte prejudicada. (D) A eficácia da resolução unilateral de determinado contrato independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc. Gabarito Comentado: A: incorreta. É necessária a vantagem da outra parte. “Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.”; B: incorreta. Nesse caso, a resolução possui efeitos ex nunc. Ensina a doutrina: “Tal resolução por inexecução voluntária, que impossibilita a prestação por culpa do devedor, tanto na obrigação de dar como na de fazer ou de não fazer, produz os seguintes efeitos: 1.º extingue o contrato retroativamente, visto que opera ex tunc, se o contrato for de execução única, apagando todas as consequências jurídicas produzidas, restituindo-se as prestações cumpridas, e ex nunc, se o contrato for de duração ou execução continuada, caso em que não se restituirão as prestações já efetivadas, pois a resolução não terá efeito relativamente ao passado (...)” (Maria Helena Diniz. Direito civil brasileiro. vol. 3. 22. ed., São Paulo: Saraiva, 2006, p. 168); C: incorreta. A inexecução contratual involuntária exime das perdas e danos. Ensina a doutrina: “A total inexecução contratual pode advir, algumas vezes, de fatos alheios à vontade dos contratantes, que impossibilitam o cumprimento da obrigação que incumbe a um deles, operando-se de pleno direito, então, a resolução do contrato, sem ressarcimento das perdas e danos, por ser esta uma sanção aplicada a quem agiu culposamente, e sem intervenção judicial, exonerando-se o devedor do liame obrigacional” (Idem, ibidem, p. 169); D: correta. A resilição unilateral do contrato está prevista no art. 473 do CC e se opera mediante denúncia notificada à outra parte, com efeitos ex nunc. Os efeitos se produzem independentemente de pronunciamento judicial, como ensina a doutrina: “A resilição unilateral dos contratos não requer, para a sua eficácia, pronunciamento judicial. Produz tão somente efeitos ex nunc, não operando retroativamente, de sorte que não haverá restituição das prestações cumpridas, uma vez que as consequências jurídicas já produzidas permanecerão inalteráveis” Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 10 (OAB/Exame Unificado – 2018.3) Renata financiou a aquisição de seu veículo em 36 parcelas e vinha pagando pontualmente todas as prestações. Entretanto, a recente perda de seu emprego fez com que não conseguisse manter em dia a dívida,tendo deixado de pagar, justamente, as duas últimas prestações (35ª e 36ª). O banco que financiou a aquisição, diante do inadimplemento, optou pela resolução do contrato. Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se afirmar que a conduta da instituição financeira viola o princípio da boa-fé, em razão do(a) (A) dever de mitigar os próprios danos. (B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). (C) adimplemento substancial. (D) dever de informar. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois na responsabilidade contratual, diante do inadimplemento, impõe-se ao devedor o dever de indenizar os prejuízos ao credor (art. 389 CC). A teoria do dever de mitigar o próprio dano questiona se o devedor é responsável inclusive pelo prejuízo que poderia ser evitado pelo credor mediante esforço razoável. A história trazida não se encaixa em nada nessa hipótese; B: incorreta, pois quando falamos em venire contra factum proprium temos quatro elementos: comportamento, geração de expectativa, investimento na expectativa gerada e comportamento contraditório. Neste passo, Renata não apresentou comportamento contraditório, uma vez que sua intenção era de pagar o carro até o final. Apenas não o fez por circunstâncias alheias a sua vontade, isto é, a perda do emprego (art. 422 CC); C: correta, pois essa teoria sustenta que não se deve considerar resolvida a obrigação quando a atividade do devedor, embora não tenha sido perfeita ou não atingido plenamente o fim proposto, aproxima-se consideravelmente do seu resultado final. Decorre do princípio da boa-fé e da função social do contrato (art. 422 CC); D: incorreta, pois o problema da hipótese trazida não foi falta de informação e sim desproporção da conduta do banco frente ao adimplemento quase que completo de Renata. O dever de informação decorre do princípio da boa-fé objetiva previsto no art. 113 CC, que porém nada tem a ver com o caso em questão. Questão 11 (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Maria decide vender sua mobília para Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos. Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, reavendo o preço pago, mais perdas e danos. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício. (B) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no preço, em sendo o vício sanável. (C) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato. (D) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias da tradição. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Gabarito Comentado: A: correta, pois em se tratando de vício oculto o prazo para o adquirente perceber o vício é de 180 dias a contar da tradição. No caso, ela percebeu com 120 dias, então está dentro do limite. Percebido o vício, ela tem 30 dias para reclamar contados da data em que notou o problema. Como reclamou com 25 dias, a ação também é tempestiva (art. 445 caput e §1º CC); B: incorreta, pois a Lei dá a opção à adquirente sobre o que fazer, isto é, ela escolhe se quer rejeitar a coisa ou pedir o abatimento do preço. Não importa se o vício é sanável ou não (art. 442 CC); C: incorreta, pois o pedido de perdas e danos é válido, uma vez que a alienante sabia do vício. Logo, a alienante deve devolver o valor que recebeu, despesas de contrato mais perdas e danos (art. 443 CC); D: incorreta, pois a demanda é tempestiva, porque quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 180 dias da tradição (art. 445, §1º CC). Questão 12 (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Flávia vendeu para Quitéria seu apartamento e incluiu, no contrato de compra e venda, cláusula pela qual se reservava o direito de recomprá-lo no prazo máximo de 2 (dois) anos. Antes de expirado o referido prazo, Flávia pretendeu exercer seu direito, mas Quitéria se recusou a receber o preço. Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa correta. (A) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar o imóvel é ilícita e abusiva, uma vez que Quitéria, ao se tornar proprietária do bem, passa a ter total e irrestrito poder de disposição sobre ele. (B) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar o imóvel é válida, mas se torna ineficaz diante da justa recusa de Quitéria em receber o preço devido. (C) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de preferência, a impor ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa, mas somente quando decidir vende-la. (D) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de retrovenda, entendida como o ajuste por meio do qual o vendedor se reserva o direito de resolver o contrato de compra e venda mediante pagamento do preço recebido e das despesas, recuperando a coisa imóvel. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois tem-se no caso instituto previsto expressamente no Código Civil – o instituto da retrovenda (art. 505 do CC), tratando-se de cláusula lícita portanto; B: incorreta, pois na retrovenda o comprador da coisa fica obrigado a aceitar que o vendedor dela a receba de volta, bastando que o vendedor pague ao comprador o preço de venda da coisa mais as despesas que o comprador teve, mesmo que este não esteja de acordo com a devolução da coisa (art. 505 do CC), podendo o vendedor ir a juízo para fazer valer essa cláusula caso o comprador se recuse a cumpri-la (art. 506 do CC); C: incorreta, pois aqui o vendedor tem direito de reaver a coisa a qualquer, no prazo previsto na cláusula de retrovenda, mesmo que o comprador não queira vender a coisa para alguém, o que difere a cláusula retrovenda da cláusula de preferência; D: correta, nos termos do art. 505 do CC. Questão 13 (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) José, comerciante, com dificuldades para pagar dívidas junto aos fornecedores, firmou com Moacir contrato de empréstimo na quantia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) a ser pago no prazo de 12 meses. Chegando a data avençada, José, sem condição de pagar o empréstimo feito, resolveu vender sua fazenda por R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) a seu amigo Jonas. Como a venda da fazenda foi celebrada somente para levantar fundos para o pagamento do empréstimo, José reservou, por cláusula contratual, o direito de recobrá-la. Considerando a hipótese acima e as regras de Direito Civil, assinale a afirmativa correta. (A) José poderá reaver a fazenda alienada a Jonas, desde que restitua o preço recebido e reembolse as despesas contratuais e as benfeitorias necessárias. (B) A cláusula especial prevista no contrato de compra e venda confere a José o direito de desfazer a venda, reavendo a fazenda no prazo de quatro anos, podendo este ser prorrogado por igual período. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 (C) O direito de resgate contra terceiro adquirente poderá ser exercido somentepor José, não admitindo a lei, a cessão nem a transmissão aos herdeiros e legatários. (D) O pacto adjeto ao contrato de compra e venda firmado por José e Jonas, permite a José recobrar a fazenda após constituir em mora Jonas, mediante interpelação judicial. Gabarito Comentado: A: correta, nos termos do instituto da retrovenda (art. 505 do CC); B: incorreta, pois o prazo máximo que poderá ser convencionado para o exercício desse direito é de três anos (art. 505 do CC); C: incorreta, pois esse direito pode ser cessível e transmissível a herdeiros e legatários (art. 507 do CC); D: incorreta, pois a lei não exige interpelação judicial no caso (arts. 505 a 508 do CC). Questão 14 (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Marcelo firmou com Augusto contrato de compra e venda de imóvel, tendo sido instituindo no contrato o pacto de preempção. Acerca do instituto da preempção, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo se reserva ao direito de recobrar o imóvel vendido a Augusto no prazo máximo de 3 anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador. (B) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo impõe a Augusto a obrigação de oferecer a coisa quando vender, ou dar em pagamento, para que use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. (C) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo reserva para si a propriedade do imóvel até o momento em que Augusto realize o pagamento integral do preço. (D) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo, enquanto constituir faculdade de exercício, poderá ceder ou transferir por ato inter vivos. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois a definição dada na alternativa corresponde ao instituto da retrovenda (art. 505 do CC); B: correta (art. 513 do CC); C: incorreta, pois a definição dada na alternativa corresponde ao instituto da venda com reserva de domínio (art. 521 do CC); D: incorreta, pois a definição dada na alternativa não corresponde ao instituto da preempção ou direito de preferência (art. 513 do CC). Questão 15 (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Por meio de uma promessa de compra e venda, celebrada por instrumento particular registrada no cartório de Registro de Imóveis e na qual não se pactuou arrependimento, Juvenal foi residir no imóvel objeto do contrato e, quando quitou o pagamento, deparou-se com a recusa do promitente-vendedor em outorgar-lhe a escritura definitiva do imóvel. Diante do impasse, Juvenal poderá: (A) requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a promessa de compra e venda ter sido celebrada por instrumento particular. (B) usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação compulsória na hipótese. (C) desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta. (D) exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro, muito embora inexistisse previsão expressa a esse respeito no contrato preliminar. Gabarito Comentado: O caso narrado possibilita que Juvenal ingresse com ação de adjudicação compulsória (art. 1.418 do Código Civil). O fato de o compromisso de compra e venda ter sido celebrado por instrumento particular não é óbice à adjudicação compulsória, pois o art. 1.417 do Código Civil dispõe que, registrada a promessa de compra e venda, adquire-se o direito real à aquisição do imóvel, pouco importando se tal promessa Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 foi celebrada por instrumento público ou particular. Por fim, é bom lembrar que, mesmo que o compromisso de compra e venda não estivesse registrado, o direito à adjudicação estaria preservado, conforme a Súmula 239 do STJ (“O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis”). O problema da falta de registro é que o comprador corre o risco da coisa ser registrada em nome de terceiro, terceiro esse que estaria de boa-fé, por não constar no registro público que a coisa estava compromissada para alguém. A:correta. Questão 16 (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Antônio, divorciado, proprietário de três imóveis devidamente registrados no RGI, de valores de mercado semelhantes, decidiu transferir onerosamente um de seus bens ao seu filho mais velho, Bruno, que mostrou interesse na aquisição por valor próximo ao de mercado. No entanto, ao consultar seus dois outros filhos (irmãos do pretendente comprador), um deles, Carlos, opôs-se à venda. Diante disso, bastante chateado com a atitude de Carlos, seu filho que não concordou com a compra e venda do imóvel, decidiu realizar uma doação a favor de Bruno. Em face do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser impedida pelos demais descendentes e pelo cônjuge, se a oposição for unânime. (B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de contrato de compra e venda de pai para filho, motivo pelo qual a oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio. (C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de Carlos, promover a doação do bem para um de seus filhos (Bruno), sendo tal contrato nulo de pleno direito. (D) É legítima a doação de ascendentes para descendente, independentemente da anuência dos demais, eis que o ato importa antecipação do que lhe cabe na herança. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois basta a oposição de um só para que a compra e venda fique impedida (art. 496, caput CC); B: incorreta, pois há impedimento expresso na ordem civil à realização de contrato de compra e venda de pai para filho, motivo pelo qual a oposição feita por Carlos poderia gerar a anulação do negócio (art. 496, caput CC); C: incorreta, pois Antônio é livre para promover a doação para o filho Bruno, sendo tal contrato plenamente válido (art. 544 CC); D: correta (art. 544 CC). Questão 17 (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. Esta, na condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária). Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a coleção de clássicos franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil reais), todos os livros da coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na Vara de Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava impugnar a validade do testamento e, por conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a coleção, pagando o respectivo preço. Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta. (A) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela evicção, pois sabia que a coisa era litigiosa. (B) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na data da avença, Renata não sabia da existência de litígio. (C) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que recebeu em legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela evicção. (D) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória, pois Marta soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Gabarito Comentado: A: correta, pois não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (art. 457 CC). Como Renata foi informada, assumiu risco quando decidiu levar o contrato de compra e venda adiante; B: incorreta,pois o instituto da evicção aplica-se apenas a contratos onerosos (art. 447 CC). No caso da doação foi um contrato gratuito. C: incorreta, pois a cláusula que reforça a evicção apenas pode ser expressa, nunca tácita (art. 448 CC); D: incorreta pois trata-se de contrato de doação (art. 538 CC) de natureza comutativa e não sujeito a evicção, pois ela somente se aplica a contratos onerosos (art. 447 CC). Questão 18 (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Vilmar, produtor rural, possui contratos de compra e venda de safra com diversos pequenos proprietários. Com o intuito de adquirir novos insumos, Vilmar procurou Geraldo, no intuito de adquirir sua safra, cuja expectativa de colheita era de cinco toneladas de milho, que, naquele momento, estava sendo plantado em sua fazenda. Como era a primeira vez que Geraldo contratava com Vilmar, ele ficou em dúvida quanto à estipulação do preço do contrato. Considerando a natureza aleatória do contrato, bem como a dúvida das partes a respeito da estipulação do preço deste, assinale a afirmativa correta. (A) A estipulação do preço do contrato entre Vilmar e Geraldo pode ser deixada ao arbítrio exclusivo de uma das partes. (B) Se Vilmar contratar com Geraldo a compra da colheita de milho, mas, por conta de uma praga inesperada, para cujo evento o agricultor não tiver concorrido com culpa, e este não conseguir colher nenhuma espiga, Vilmar não deverá lhe pagar nada, pois não recebeu o objeto contratado. (C) Se Vilmar contratar com Geraldo a compra das cinco toneladas de milho, tendo sido plantado o exato número de sementes para cumprir tal quantidade, e se, apesar disso, somente forem colhidas três toneladas de milho, em virtude das poucas chuvas, Geraldo não receberá o valor total, em virtude da entrega em menor quantidade. (D) A estipulação do preço do contrato entre Vilmar e Geraldo poderá ser deixada ao arbítrio de terceiro, que, desde logo, prometerem designar. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço (art. 489 CC); B: incorreta, pois Vilmar deverá pagar o valor integral a Geraldo, pois tratava-se de coisa futura cujo risco Vilmar assumiu de não vir a existir (art. 458 CC); C: incorreta, pois Vilmar terá de pagar o valor correspondente a cinco toneladas, afinal, tratava-se de coisa futura cujo risco assumiu de existir em qualquer quantidade (art. 459 CC); D: correta (art. 485, 1ª parte CC) Questão 19 (OAB/Exame XXXIV) Bento Albuquerque com o intuito de realizar o sonho de passar a aposentadoria na beira da praia, procura Inácio Monteiro, proprietário de uma quadra de lotes a 100 (cem) metros da famosa Praia dos Coqueiros, para comprar um lote sobre o qual seria construída sua sonhada casa de veraneio. Bento mostrou o projeto arquitetônico de sua futura casa na praia a Inácio e ressaltou que o lote para construção do projeto deveria contar com, no mínimo, 420 m² (quatrocentos e vinte metros quadrados), metragem necessária para construção da piscina, sauna e churrasqueira, além da casa projetada para ter quatro quartos. Nas tratativas e na escritura de compra e venda do imóvel, restou consignado que o imóvel possui 420 m² (quatrocentos e vinte metros quadrados) e que o preço certo e ajustado para essa metragem era de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais). No entanto, Bento ao levar o arquiteto para medidas de praxe e conhecer o lote sobre o qual o projeto seria construído, foi surpreendido ao ser informado que o imóvel contava apenas com 365m² (trezentos e sessenta e cinco metros quadrados) e que o projeto idealizado não poderia ser construído naquele lote. Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Bento nada pode fazer em relação a metragem faltante, tendo em vista que era sua obrigação conferi-la antes de adquirir o imóvel. (B) Bento tem o direito de exigir o complemento da área faltante, e, caso não seja possível, tem a faculdade de rescindir o contrato ou pedir pelo abatimento do preço de acordo com a metragem correta do imóvel. (C) Não haverá complemento de área, pois o imóvel foi vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 (D) Presume-se que a referência às dimensões do imóvel é enunciativa, pois a diferença de metragem não chega a 20%, (vinte por cento), logo, deverá ter, prioritariamente, abatimento do preço, mas não a complementação da metragem. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois o preço da venda foi estipulado por medida. Logo, se a metragem não corresponder ao que foi acordado o comprador tem o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço (art. 500 caput CC). B: correta (art. 500 caput CC); C: incorreta, pois o preço do imóvel foi definido pela metragem (venda ad mensuram). O imóvel não foi vendido como coisa certa e determinada (venda ad corpus), logo a referência às medidas não é meramente enunciativa. Sendo assim deverá haver complemento da área (art. 500, § 3º CC); D: incorreta, pois ainda que a diferença da metragem não chegue a 20%, caso o comprador tenha como comprovar que não teria realizado o negócio se soubesse dessa diferença então ele tem o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço (art. 500, § 1º CC). Bento tem como provar que se soubesse que o terreno era menor não teria realizado a compra, afinal mostrou o projeto arquitetônico desde o início deixando inequívoca a necessidade de um terreno de 420 metros quadrados. Questão 20 (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Marcelo, brasileiro, solteiro, advogado, sem que tenha qualquer impedimento para doar a casa de campo de sua livre propriedade, resolve fazê-lo, sem quaisquer ônus ou encargos, em benefício de Marina, sua amiga, também absolutamente capaz. Todavia, no âmbito do contrato de doação, Marcelo estipula cláusula de reversão por meio da qual o bem doado deverá se destinar ao patrimônio de Rômulo, irmão de Marcelo, caso Rômulo sobreviva à donatária. A respeito dessa situação, é correto afirmar que: (A) diante de expressa previsão legal, não prevalece a cláusula de reversão estipulada em favor de Rômulo. (B) no caso, em razão de o contrato de doação, por ser gratuito, comportar interpretação extensiva, a cláusula de reversão em favor de terceiro é válida. (C) a cláusula em exame não é válida em razão da relação de parentesco entre o doador, Marcelo, e o terceiro beneficiário, Rômulo. (D) diante de expressa previsão legal, a cláusula de reversão pode ser estipulada em favor do próprio doador ou de terceiro beneficiário por aquele designado, caso qualquer deles, nessa ordem, sobreviva ao donatário. Gabarito Comentado: Segundo o art. 547 do CC, o doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. Porém, o doador NÃO pode estipular que, falecendo o donatário, o bem doado vá para um terceiro, ou seja, “não prevalece a cláusula de reversão em favor de terceiro” (art. 547, parágrafo único, do CC). Assim, a alternativa “A” está correta. A alternativa “B” está incorreta, pois não cabe cláusula de reversão em favor de terceiro, e também porque o contrato de doação não comporta interpretação extensiva, mas apenas interpretação estrita (art. 114 do CC). A alternativa “C” está incorreta, pois não há impedimento de doação de bens para parentes. Esse tipo de restrição só existe quando se está diante de fraude contra credores, que não é o caso. A alternativa “D” está incorreta, pois, como se viu, não cabe cláusula de reversão em favor de terceiro (art. 547, parágrafo único, do CC). Licensed to GrazielaBitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 SUCESSÕES Questão 01 (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Lúcia, sem ascendentes e sem descendentes, faleceu solteira e não deixou testamento. O pai de Lúcia tinha dois irmãos, que tiveram, cada qual, dois filhos, sendo, portanto, primos dela. Quando do falecimento de Lúcia, seus tios já haviam morrido. Ela deixou ainda um sobrinho, filho de seu único irmão, que também falecera antes dela. Sobre a sucessão de Lúcia, de acordo com os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) O sobrinho concorre com o tio na sucessão de Lúcia, partilhando-se por cabeça. (B) O sobrinho representará seu pai, pré-morto, na sucessão de Lúcia. (C) O filho do tio pré-morto será chamado à sucessão por direito de representação. (D) O sobrinho é o único herdeiro chamado à sucessão e herda por direito próprio. Gabarito Comentado: A questão trata da rara hipótese de sucessão colateral. Lúcia faleceu deixando dois primos, que são colaterais de quarto grau (o último grau de parentesco). Ela deixou ainda um sobrinho, que é colateral de terceiro grau. Nessa hipótese, o grau mais próximo afasta o mais remoto. Assim, a única solução possível é atribuir ao sobrinho a totalidade da sucessão por direito próprio. A alternativa B está errada, porque não existe nessa hipótese nenhum direito de representação. O direito de representação somente seria utilizado para solucionar uma disputa entre um irmão do morto e um sobrinho do morto (filho de outro irmão). Não é o caso da hipótese apresentada (CC, art. 1.840). D:correta. Questão 02 (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Ana, sem filhos, solteira e cujos pais são pré-mortos, tinha os dois avós paternos e a avó materna vivos, bem como dois irmãos: Bernardo (germano) e Carmem (unilateral). Ana falece sem testamento, deixando herança líquida no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). De acordo com os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Seus três avós receberão, cada um, R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por direito de representação dos pais de Ana, pré-mortos. (B) Seus avós paternos receberão, cada um, R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e sua avó materna receberá R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio. (C) Bernardo receberá R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), por ser irmão germano, e Carmem receberá R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por ser irmã unilateral. (D) Bernardo e Carmem receberão, cada um, R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio. Gabarito Comentado: Primeiramente, é importante explicar a razão pela qual os irmãos da falecida não herdam. Havendo descendentes ou ascendentes do falecido, os colaterais já estão desde logo afastados da sucessão legítima (é evidente que um testamento poderia beneficiar os colaterais dentro da parte disponível). Em segundo lugar, a questão trata de uma regra extremamente específica e de raríssima utilização na vida prática. A hipótese trata da existência de um número diferente de ascendentes paternos e maternos, como é justamente o caso da questão. Havia dois avós paternos e uma avó materna. Nesse caso, a lei não divide a herança por cabeça, mas atribui 50% da herança para cada “linha”. É nesse sentido a redação do art. 1.836 § 2º, o qual estabelece: “havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna”. B: correta. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 03 OAB/Exame Unificado – 2018.2) Lúcio, viúvo, tendo como únicos parentes um sobrinho, Paulo, e um tio, Fernando, fez testamento de acordo com todas as formalidades legais e deixou toda a sua herança ao seu amigo Carlos, que tinha uma filha, Juliana. O herdeiro instituído no ato de última vontade morreu antes do testador. Morto Lúcio, foi aberta a sucessão. Assinale a opção que indica como será feita a partilha. (A) Juliana receberá todos os bens de Lúcio. (B) Juliana receberá a parte disponível e Paulo, a legítima. (C) Paulo e Fernando receberão, cada um, metade dos bens de Lúcio. (D) Paulo receberá todos os bens de Lúcio. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois não há direito de representação (CC, art. 1.851) no caso de sucessão testamentária. O testador poderia ter previsto a hipótese e redigido cláusula de substituição testamentária, estabelecendo Juliana como beneficiária substituta de Carlos. Como a questão não mencionou a ocorrência de tal cláusula, a deixa não subsiste e será destinada ao herdeiro legítimo do testador; B: incorreta, pois não houve tal disposição no testamento, nem tampouco há previsão legal para tanto; C: incorreta, pois o sobrinho do falecido prefere ao tio do falecido (CC, art. 1.843); D: correta, pois,como a deixa testamentária não prevalece, os bens serão destinados aos herdeiros legítimos e nessa categoria o sobrinho prefere ao tio. Questão 04 (OAB/Exame Unificado – 2017.1) Clara e Sérgio são casados pelo regime da comunhão parcial de bens. Durante o casamento, o casal adquiriu onerosamente um apartamento e Sérgio herdou um sítio de seu pai. Sérgio morre deixando, além de Clara, Joaquim, filho do casal. Sobre os direitos de Clara, segundo os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Clara é herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. (B) Clara é meeira no apartamento e herdeira do sítio, em concorrência com Joaquim. (C) Clara é herdeira do apartamento e do sítio, em concorrência com Joaquim. (D) Clara é meeira no sítio e herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois Clara tem direito de meação sobre o apartamento que foi adquirido onerosamente durante o casamento, não herdando sobre esse bem (CC, art. 1.829); B: correta, pois Clara meia no apartamento (bem comum) e herda no bem particular de seu marido, concorrendo com seu filho; C: incorreta, pois Clara não é herdeira no apartamento, sendo apenas meeira; D: incorreta, pois Clara não é meeira do sítio, mas apenas herdeira. A ideia principal do direito de herdar da viúva casada sob comunhão parcial é: “onde meia não herda, onde herda não meia”. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 05 (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Paulo, viúvo, tinha dois filhos: Mário e Roberta. Em 2016, Mário, que estava muito endividado, cedeu para seu amigo Francisco a quota-parte da herança a que fará jus quando seu pai falecer, pelo valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), pago à vista. Paulo falece, sem testamento, em 2017, deixando herança líquida no valor de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). Sobre a partilha da herança de Paulo, assinale a afirmativa correta. (A) Francisco não será contemplado na partilha porque a cessão feita por Mário é nula, razão pela qual Mário e Roberta receberão, cada um, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). (B) Francisco receberá, por força da partilha, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Mário ficará com R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e Roberta com R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). (C) Francisco e Roberta receberão, cada um, por força da partilha, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e Mário nada receberá. (D) Francisco receberá, por força da partilha, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Roberta ficará com R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e Mário nada receberá. Gabarito Comentado: A: correta, pois a venda de herança de pessoa viva (chamada de pacta corvina) é nula de pleno direito (CC, art. 426) e Francisco não poderá reivindicar nenhum direito; B: incorreta, pois o negócio jurídico nulo não pode surtir efeitos; C: incorreta, pois Francisco não terá direito a receber nenhum valor em decorrência do negócio jurídico nulo praticado; D: incorreta, pois Francisco nãopode receber valor decorrente desse negócio nulo. Questão 06 (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Ester, viúva, tinha duas filhas muito ricas, Marina e Carina. Como as filhas não necessitam de seus bens, Ester deseja beneficiar sua irmã, Ruth, por ocasião de sua morte, destinando-lhe toda a sua herança, bens que vieram de seus pais, também pais de Ruth. Ester o(a) procura como advogado(a), indagando se é possível deixar todos os seus bens para sua irmã. Deseja fazê-lo por meio de testamento público, devidamente lavrado em Cartório de Notas, porque suas filhas estão de acordo com esse seu desejo. Assinale a opção que indica a orientação correta a ser transmitida a Ester. (A) Em virtude de ter descendentes, Ester não pode dispor de seus bens por testamento. (B) Ester só pode dispor de 1/3 de seu patrimônio em favor de Ruth, cabendo o restante de sua herança às suas filhas Marina e Carina, dividindo-se igualmente o patrimônio. (C) Ester pode dispor de todo o seu patrimônio em favor de Ruth, já que as filhas estão de acordo. (D) Ester pode dispor de 50% de seu patrimônio em favor de Ruth, cabendo os outros 50% necessariamente às suas filhas, Marina e Carina, na proporção de 25% para cada uma. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois Ester pode dispor de apenas metade de seus bens (parte disponível da herança) nas hipóteses em que há herdeiros necessários (art. 1.846 do CC), como é o caso, já que Marina e Carina, por serem filhas de Ester, são herdeiras necessárias desta; de acordo com o art. 1.845 do CC são herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge; B e C: incorretas, pois é possível dispor de até metade do patrimônio quando há herdeiros necessários (art. 1.846 do CC); D: correta, nos termos do art. 1.846 do CC, que só admite disposição de metade dos bens quando há herdeiros necessários, sendo que, entre as filhas de Ester, que são herdeiras necessárias (art. 1.845 do CC), caberá metade para cada uma. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 07 (OAB/Exame Unificado – 2015.1) Márcia era viúva e tinha três filhos: Hugo, Aurora e Fiona. Aurora, divorciada, vivia sozinha e tinha dois filhos, Rui e Júlia. Márcia faleceu e Aurora renunciou à herança da mãe. Sobre a divisão da herança de Márcia, assinale a afirmativa correta. (A) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser dividida entre Hugo e Fiona, cabendo a cada um metade da herança. (B) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser dividida entre Hugo, Fiona, Rui e Júlia, em partes iguais, cabendo a cada um 1/4 da herança. (C) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser dividida entre Hugo, Fiona, Rui e Júlia, cabendo a Hugo e Fiona 1/3 da herança, e a Rui e Júlia 1/6 da herança para cada um. (D) Aurora não pode renunciar à herança de sua mãe, uma vez que tal faculdade não é admitida quando se tem descendentes de primeiro grau. Gabarito Comentado: Os herdeiros de quem renuncia a uma herança não podem representar o renunciante, na forma dos artigos 1.810 e 1.811 do CC; assim, somente os dois irmãos não renunciantes terão direito à herança, que será dividida igualmente entre eles, estando correta a alternativa “A” e incorretas as demais alternativas, lembrando que não há regra alguma no Código Civil que impeça um herdeiro que tenha herdeiros, que renuncie a herança a que tenha direito. Questão 08 (OAB/Exame Unificado – 2014.2) Segundo o Código Civil de 2002, acerca do direito de representação, instituto do Direito das Sucessões, assinale a opção correta. (A) É possível que o filho renuncie à herança do pai e, depois, represente-o na sucessão do avô. (B) Na linha transversal, é permitido o direito de representação em favor dos sobrinhos, quando concorrerem com sobrinhos-netos. (C) Em não havendo filhos para exercer o direito de representação, este será exercido pelos pais do representado. (D) O direito de representação consiste no chamamento de determinados parentes do de cujus a suceder em todos os direitos a ele transmitidos, sendo permitido tanto na sucessão legítima quanto na testamentária. Gabarito Comentado: A: correta (art. 1.856 do CC); B: incorreta, pois na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem (art. 1.853 do CC); C: incorreta, pois o direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente (art. 1.852 do CC); D: incorreta, pois o direito de representação apenas se dá na sucessão legítima (art. 1.851 a 1.856 do CC). Na sucessão testamentária temos a figura da substituição testamentária, que é a que mais se assemelha ao direito de representação. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 09 (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Com relação ao direito sucessório, assinale a afirmativa correta. (A) O cônjuge sobrevivente, mesmo se constituir nova família, continuará a ter direito real de habitação sobre o imóvel em que residiu com seu finado cônjuge. (B) A exclusão por indignidade pode ocorrer a partir da necessidade de que o herdeiro tenha agido sempre com dolo e por uma conduta comissiva. (C) A deserdação é forma de afastar do processo sucessório tanto o herdeiro legítimo quanto o legatário. (D) Os efeitos da indignidade não retroagem à data da abertura da sucessão, tendo, portanto, efeito ex nunc. Gabarito Comentado: A: correta, pois o art. 1.831 prevê esse direito, sem estabelecer como causa de sua extinção a constituição de nova família; no Código Civil anterior, o dispositivo que tratava do assunto (art. 1.611) deixava claro que o direito real de habitação duraria enquanto o cônjuge sobrevivente permanecesse viúvo, ou seja, enquanto não constituísse nova família; B: incorreta, pois são excluídos por indignidade os herdeiros ou legatários que “houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança”, sendo que essa hipótese pode ser configurada por conduta dolosa ou culposa, já que se trata de um tipo civil que não exige dolo, diferentemente de outros tipos reclamados pelo art. 1.814 do Código Civil, que reclamam a configuração de crimes dolosos; C: incorreta, pois a deserdação é forma de afastar apenas herdeiros legítimos do tipo herdeiro necessário (art. 1.961 do CC); D: incorreta, pois os efeitos da indignidade são ex tunc, já que, uma vez reconhecida, o herdeiro excluído será considerado como se morto fosse ao tempo da abertura da sucessão (art. 1.816 do CC) Questão 10 (OAB/Exame Unificado – 2012.1) Edgar, solteiro, maior e capaz, faleceu deixando bens, mas sem deixar testamento e contando com dois filhos maiores, capazes e também solteiros, Lúcio e Arthur. Lúcio foi regularmente excluído da sucessão de Edgar, por tê-lo acusado caluniosamente em juízo, conforme apurado na esfera criminal. Sabendo-se que Lúcio possui um filho menor, chamado Miguel, assinale a alternativa correta. (A) O quinhão de Lúcio será acrescido à parte da herança a ser recebida por seu irmão, Arthur, tendo em vista que Lúcio é considerado como se morto fosse antes da abertura da sucessão. (B) O quinhão de Lúcio será herdado por Miguel, seu filho, por representação, tendo em vista que Lúcio é considerado como se morto fosse antes da abertura da sucessão. (C) O quinhão de Lúcio será acrescido à parte da herança a ser recebida por seu irmão, Arthur, tendo em vista que a exclusão do herdeiro produz os mesmos efeitos da renúncia à herança. (D) O quinhão de Lúcio se equipara, para todos os efeitos legais, à herança jacente, ficando sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. Gabarito Comentado: Segundo o art. 1.816 do CC, “são pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiroexcluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão”. Nesse sentido, aplica-se o direito de representação, pelo qual a lei chama o filho do falecido a suceder em todos os seus direitos (art. 1.851 do CC), direito esse que se aplica na linha reta descendente (art. 1.852 do CC). Dessa forma, apenas a alternativa “B” está correta. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 11 (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Cristóvão, casado com Carla pelo regime da comunhão universal de bens, tinha três filhos, Ricardo, Ronaldo e Roberto. Ricardo era pai de José e Jorge. José, pai de Marcos e Mateus. Ricardo falece na data de 15/5/2003. Cristóvão, muito triste com a perda do filho, faleceu em 30/1/2004. José faleceu em 17/7/2006. Sabendo que o valor da herança é de R$ 600.000,00, como ficaria o monte? (A) Roberto e Ronaldo receberiam cada um R$ 300.000,00, pois, como Ricardo faleceu antes de Cristóvão, seus filhos nada receberiam em relação à herança. (B) Roberto e Ronaldo receberiam R$ 200.000,00 cada um, e o filho de Ricardo de nome Jorge receberia os outros R$ 200.000,00. (C) Carla receberia R$ 300.000,00. Roberto e Ronaldo receberiam R$ 100.000,00 cada um. Jorge receberia R$ 50.000,00, e Marcos e Mateus receberiam cada um R$ 25.000,00. (D) A herança seria dividida em quatro partes: Carla, Roberto e Ronaldo receberiam cada um R$ 150.000,00. Os outros R$ 150.000,00 seriam partilhados entre Jorge e os filhos de José, cabendo ao primeiro R$ 75.000,00 e a Marcos e Mateus R$ 37.500,00 para cada um. Gabarito Comentado: Pelo Direito de Família, metade dos R$ 600.000,00 pertence a Carla, que receberá, assim, R$ 300.000,00. A outra metade (a herança) será divido entre os filhos, de modo que teríamos R$ 100.000,00 para Ricardo, R$ 100.000,00 para Roberto e R$ 100.000,00 para Ronaldo. Porém, como Ricardo faleceu, teríamos R$ 50.000,00 para José e R$ 50.000,00 para Jorge, por conta do direito de representação (art. 1.852 do CC). Porém, como José faleceu, temos que dividir esse valor e atribuir R$ 25.000,00 para Marcos e R$ 25.000,00 para Mateus, também como direito de representação. Assim, a resposta correta está na alternativa “C”. Questão 12 (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) José, solteiro, possui três irmãos: Raul, Ralph e Randolph. Raul era pai de Mauro e Mário. Mário era pai de Augusto e Alberto. Faleceram, em virtude de acidente automobilístico, Raul e Mário, na data de 15/4/2005. Posteriormente, José veio a falecer em 1.º/5/2006. Sabendo-se que a herança de José é de R$ 90.000,00, como ficará a partilha de seus bens? (A) Como José não possui descendente, a partilha deverá ser feita entre os irmãos. E, como não há direito de representação entre os filhos de irmão, Ralph e Randolph receberão cada um R$ 45.000,00. (B) Ralph e Randolph devem receber R$ 30.000,00 cada. A parte que caberá a Raul deve ser repartida entre Mauro e Mário. Sendo Mário pré-morto, seus filhos Alberto e Augusto devem receber a quantia que lhe caberia. Assim, Mauro deve receber R$ 15.0000,00, e Alberto e Augusto devem receber R$ 7.500,00 cada um. (C) Ralph e Randolph receberão R$ 30.000,00 cada um. O restante (R$ 30.000,00) será entregue a Mauro, por direito de representação de seu pai pré-morto. (D) Ralph e Randolph receberão R$ 30.000,00 cada um. O restante, na falta de outro colateral vivo, será entregue ao Município, Distrito Federal ou União. Gabarito Comentado Com a morte de José, teríamos R$ 30.000,00 para Raul, R$ 30.000,00 para Ralph e R$ 30.000,00 para Randolph. Porém, como Raul faleceu, a sua parte (R$ 30.000,00) seria dividida entre seus dois filhos, Mauro e Mário. Mas como Mário faleceu no mesmo momento de Raul, não chegou a herdar deste, nem a falecer antes de Raul para configurar o direito de representação (não há pré-morte), de maneira que toda a parte de Raul será entregue a Mauro, por direito de representação de seu pai pré-morto, e nada será atribuído a Augusto e Alberto, de modo que apenas a alternativa “C” está correta. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 13 (OAB/Exame Unificado – 2011.2) Heitor, solteiro e pai de dois filhos também solteiros (Roberto, com trinta anos de idade, e Leonardo, com vinte e oito anos de idade), vem a falecer, sem deixar testamento. Roberto, não tendo interesse em receber a herança deixada pelo pai, a ela renuncia formalmente por meio de instrumento público. Leonardo, por sua vez, manifesta inequivocamente o seu interesse em receber a herança que lhe caiba. Sabendo-se que Margarida, mãe de Heitor, ainda é viva e que Roberto possui um filho, João, de dois anos de idade, assinale a alternativa correta. (A) Roberto pode renunciar à herança, o que ocasionará a transferência de seu quinhão para João, seu filho. (B) Roberto não pode renunciar à herança, pois acarretará prejuízos a seu filho, João, menor de idade. (C) Roberto pode renunciar à herança, ocasionando a transferência de seu quinhão para Margarida, sua avó, desde que ela aceite receber a herança. (D) Roberto pode renunciar à herança, e, com isso, o seu quinhão será acrescido à parte da herança a ser recebida por Leonardo, seu irmão. Gabarito Comentado: Segundo o art. 1.810 do Código Civil, quando alguém, na sucessão legítima, renuncia à herança, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe. Assim, como Roberto renunciou à herança, a sua parte não vai para seu filho, nem para a sua mãe, mas para o seu irmão, Leonardo, que é o herdeiro que está na mesma classe de Roberto. Dessa forma, a alternativa “D” é a correta. Questão 14 (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Josefina e José, casados pelo regime da comunhão universal de bens, tiveram três filhos: Mário, Mauro e Moacir. Mário teve dois filhos: Paulo e Pedro. Mauro teve três filhos: Breno, Bruno e Brian. Moacir teve duas filhas: Isolda e Isabel. Em um acidente automobilístico, morreram Mário e Mauro. José, muito triste com a perda dos filhos, faleceu logo em seguida, deixando um patrimônio de R$ 900.000,00. Nesse caso hipotético, como ficaria a divisão do monte? (A) Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 150.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam, cada um, R$ 100.000,00. E, por fim, Moacir receberia R$ 300.000,00. ( (B) Josefina receberia R$ 450.000,00. Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 75.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam cada um R$ 50.000,00. Moacir receberia R$ 150.000,00. (C) A herança seria dividida em três partes de R$ 300.000,00. Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 150.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam, cada um, R$ 100.000,00. E, por fim, Isabel e Isolda receberiam cada uma a importância de R$ 150.000,00. (D) Josefina receberia R$ 450.000,00. Os filhos de Mário receberiam cada um R$ 75.000,00. Os filhos de Mauro receberiam R$ 50.000,00 cada um. E, por fim, as filhas de Moacir receberiam R$ 75.000,00 cada uma. Gabarito Comentado: Como José e Josefina eram casados pelo regime de comunhão universal de bens, metade do patrimônio (R$ 450 mil) pertence a Josefina, em razão das regras do direito de família, independentemente das regras de direito das sucessões. Quanto à meação de José (os outros R$ 450 mil), Josefina não terá direito algum, vez que o regime de casamento entre os dois faz com que os descendentes de José sejam herdeiros sem a participação de sua esposa (art. 1.829 do CC). José tinha três filhos. Se todos estivessem vivos, cada filho ficaria com 1/3 do seu patrimônio. No entanto, como somente Moacir é vivo, somente ele receberá o 1/3 a que cada filho tem direito. Os filhos dos outros dois irmãos não herdam por cabeça, mas por estirpe (art. 1.835 do CC), de modo que o 1/3 que pertenceria a Mário será dividido entre seus dois filhos (R$ 75 mil para cada um, Paulo e Pedro) e o 1/3 que pertenceria a Mauro será dividido entreseus três filhos (R$ 50 mil para cada um, Breno, Bruno e Brian). B: correta. Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 15 (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Matheus, sem filhos, casado com Jane, no regime de comunhão parcial de bens, falece após enfarto fulminante. De seu parentesco em linha reta são ainda vivos Carlos, seu pai, e Irene, sua avó materna. A partir da situação acima, assinale a opção que indica a sucessão de Matheus. (A) Serão herdeiros Carlos, Irene e Jane, a última em concorrência, atribuído quinhão de 1/3 do patrimônio para cada um deles. (B) Serão herdeiros Carlos e Jane, atribuído quinhão de 2/3 ao pai e de 1/3 à Jane, cônjuge concorrente. (C) Carlos será herdeiro sobre a totalidade dos bens, enquanto Jane apenas herda, em concorrência com este, os bens particulares do falecido. (D) Serão herdeiros Carlos e Jane, esta herdeira concorrente, atribuído quinhão de metade do patrimônio para cada um destes. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente (art. 1.836 caput CC). Logo, apenas herdam Carlos e Jane. A avó Irene não herda, pois na classe dos ascendentes o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas (art. 1.836, §1º CC); B: incorreta. A cada um cabe metade da herança, pois só há um descendente em primeiro grau (art. 1.837 CC); C: incorreta, pois na ausência de descendentes, o cônjuge herda em concorrência com o ascendente (art. 1.836 caput CC). Sendo apenas um ascendente a Lei define que o quinhão a ser herdado é metade para ambos (art. 1.837 CC). Logo não há que se falar que Carlos herda sobre a totalidade dos bens e Jane herdaria em concorrência com ele apenas sobre os bens particulares; D: correta, pois a resposta está exatamente de acordo com o que prevê os arts. 1.836 e 1.837 Questão 16 (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Arnaldo faleceu e deixou os filhos Roberto e Álvaro. No inventário judicial de Arnaldo, Roberto, devedor contumaz na praça, renunciou à herança, em 05/11/2019, conforme declaração nos autos. Considerando que o falecido não deixou testamento e nem dívidas a serem pagas, o valor líquido do monte a ser partilhado era de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Bruno é primo de Roberto e também seu credor no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). No dia 09/11/2019, Bruno tomou conhecimento da manifestação de renúncia supracitada e, no dia 29/11/2019, procurou um advogado para tomar as medidas cabíveis. Sobre esta situação, assinale a afirmativa correta. (A) Em nenhuma hipótese Bruno poderá contestar a renúncia da herança feita por Roberto. (B) Bruno poderá aceitar a herança em nome de Roberto, desde que o faça no prazo de quarenta dias seguintes ao conhecimento do fato. (C) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, recebendo integralmente o quinhão do renunciante. (D) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, no limite de seu crédito. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois como credor Bruno tem o direito de contestar a renúncia da herança feita por Roberto, a fim de receber o que lhe é devido (art. 1.813 CC); B: incorreta, pois o prazo é de trinta dias do conhecimento do fato (art. 1.813, § 1º CC); C: incorreta, pois Bruno apenas receberá o quinhão correspondente ao valor da dívida (art. 1.813, § 2º CC); D: correta (art. 1.813 caput e §2º CC). Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 17 (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Juliana, Lorena e Júlia são filhas de Hermes, casado com Dóris. Recentemente, em razão de uma doença degenerativa, Hermes tornou-se paraplégico e começou a exigir cuidados maiores para a manutenção de sua saúde. Nesse cenário, Dóris e as filhas Juliana e Júlia se revezavam a fim de suprir as necessidades de Hermes, causadas pela enfermidade. Quanto a Lorena, esta deixou de visitar o pai após este perder o movimento das pernas, recusando-se a colaborar com a família, inclusive financeiramente. Diante desse contexto, Hermes procura você, como advogado(a), para saber quais medidas ele poderá tomar para que, após sua morte, seu patrimônio não seja transmitido a Lorena. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) A pretensão de Hermes não poderá ser concretizada segundo o Direito brasileiro, visto que o descendente, herdeiro necessário, não poderá ser privado de sua legítima pelo ascendente, em nenhuma hipótese. (B) Não é necessário que Hermes realize qualquer disposição ainda em vida, pois o abandono pelos descendentes é causa legal de exclusão da sucessão do ascendente, por indignidade. (C) Existe a possibilidade de deserdar o herdeiro necessário por meio de testamento, mas apenas em razão de ofensa física, injúria grave e relações ilícitas com madrasta ou padrasto atribuídas ao descendente. (D) É possível que Hermes disponha sobre deserdação de Lorena em testamento, indicando, expressamente, o seu desamparo em momento de grave enfermidade como causa que justifica esse ato. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois o herdeiro necessário pode ser privado de sua legítima no caso de deserdação (art. 1.961 CC); B: incorreta, pois o abandono pelos descendentes não é causa legal de exclusão da sucessão do ascendente, por indignidade (art. 1.814 CC). O rol do art. 1.814 CC é taxativo e lá não conta a causa “abandono”. Essa circunstância trata-se de hipótese de deserdação (art. 1.962, IV CC) e deverá ser manifestada em testamento (art. 1.964 CC); C: incorreta, pois além dessas causas também existe a hipótese de desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade (art. 1.962, IV CC). D: correta (art. 1.962, IV CC e art. 1.964 CC) Questão 18 (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Ao falecer em 2019, Januário deixa duas filhas vivas: Rosana, mãe de Luna, e Helena, mãe de Gabriel. O filho mais velho de Januário, Humberto, falecera em 2016, deixando-lhe dois netos: Lucas e João. Sobre a sucessão de Januário, assinale a afirmativa correta. (A) Lucas, João, Luna, Gabriel e Vinícius são seus herdeiros. (B) Helena, Rosana, Lucas e João são seus herdeiros, cada um herdando uma quota igual da herança deixada por Januário. (C) Apenas Helena e Rosana são suas herdeiras. (D) São seus herdeiros Helena, Rosana e os sobrinhos Lucas e João, que receberão, cada um, metade equivalente ao quinhão de uma das tias. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois embora Lucas, João e Luna sejam herdeiros (art. 1.845 CC), não existe nenhum Vinícius mencionado na história, logo ele não é herdeiro; B: incorreta, pois ainda que todos sejam herdeiros, Lucas e João não receberão cota igual a das tias, mas sim metade, pois eles herdam por representação do pai pré-morto Humberto (art. 1.855 CC); C: incorreta, pois Lucas e João também são herdeiros, porém herdam por representação e não por cabeça (art. 1.851 CC); D: correta, pois a herança deve ser dividida em três partes: Rosana, Helena e Humberto. Como Humberto pré-morto, sua cota passará aos seus filhos dividida na metade para cada um. Eles herdarão por representação metade da cota que as tias receberam (arts. 1.851 e 1.855 CC) Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 Questão 19 (OAB/Exame XXXV) Sônia e Theodoro estavam casados há 7 anos, sobre o regime da comunhão parcial de bens, quando o último veio a óbito. Desde o casamento, o casal residia em uma belíssima cobertura na praia de Copacabana, que Theodoro havia comprado há mais de 20 anos, ou seja, muito antes do casamento. Após o falecimento de Theodoro, seus filhos do primeiro casamento procuraram Sônia e pediram a ela que entregasse o imóvel, alegando que, como ele não foi adquirido na constância do casamento, a viúvanão teria direito sucessório sobre o bem. Diante do caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Como Sônia era casada com Theodoro pelo regime da comunhão parcial de bens, ela herda apenas os bens adquiridos na constância do casamento. (B) Como Sônia era casada com Theodoro, ela possui o direito de preferência para alugar o imóvel, em valor de mercado, que será apurado pela média de 3 avaliações diferentes. (C) Os filhos do Theodoro não têm razão, pois, ao cônjuge sobrevivente, é assegurado o direito real de habitação, desde que casado sobre o regime da comunhão parcial de bens, ou comunhão universal de bens, e inexistindo descendentes. (D) Os filhos do Theodoro não têm razão, pois, ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação do imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois referente aos bens adquiridos na constância do casamento ela não tem direito a herança, mas sim à meação (art. 1.658 CC); B: incorreta, pois a lei não garante o direito de preferência à Sônia para alugar o imóvel, mas sim o direito real de habitação (art. 1.831 CC); C: incorreta, pois o direito real de habitação aplica-se a qualquer regime de bens, independentemente da haver descendentes ou não (art. 1.831 CC); D: correta (art. 1.831 CC). Questão 20 (OAB/Exame XXXIV) Luiz, sem filhos, é casado com Aline sob o regime da comunhão universal. No ano de 2018, Luiz perdeu o pai, Mário. Como seu irmão, Rogério, morava em outra cidade e sua mãe, Catarina, precisava de cuidados diários, Luiz levou-a para morar junto dele e de Aline. Durante à pandemia de Covid-19, tanto Luiz, quanto Catarina contraíram a doença e foram internados. Ambos não resistiram e no dia 30 de junho, Luiz faleceu, sem deixar testamento. Catarina morreu no dia 15 de agosto, também sem deixar testamento. Tendo em vista a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) A herança de Catarina deve dividir-se entre Luiz (seu herdeiro de direito receberá o quinhão) e Rogério. (B) Rogério será herdeiro de Catarina e, na sucessão de Luiz, serão chamadas Aline e Catarina (seu herdeiro, Rogério, receberá o quinhão como parte da herança deixada pela mãe). (C) Aline não será herdeira de Rogério, em razão do casamento reger-se pela comunhão universal de bens. (D) Rogério será herdeiro de Catarina e apenas Aline será herdeira de Luiz. Gabarito Comentado: A: incorreta, pois a herança de Catarina deverá ser direcionada apenas a Rogério. O direito de representação apenas se aplica na linha descendente (art. 1.852 CC). Se Luiz tivesse deixado descendente, ele teria direito a seu quinhão que seria recebido por seu representante. Como ele não deixou filhos/netos, logo a herança será inteiramente de Rogério; B: correta. Na sucessão de Catarina, Rogério é seu herdeiro, nos termos do art. 1.829, I CC. No momento da morte de Catarina ela já não tinha mais o cônjuge, e seu outro filho Luiz já havia falecido sem deixar descendentes. Logo, Rogério é seu herdeiro único. Na sucessão de Luiz serão chamadas Aline e Catarina, nos termos do art. 1.829, II CC. Como não deixou descendentes, na ordem de vocação hereditária são chamados a suceder os ascendentes em concorrência com o cônjuge, independentemente do regime de casamento; C: incorreta, pois quando Luiz morreu sua mãe ainda estava viva. Logo, aplica-se o art. 1.829, II CC onde é chamado a suceder o ascendente em concorrência com o cônjuge. Neste caso, a lei não traz exceção ao direito sucessório relacionado ao regime de bens do casamento. A hipótese em que ela traz a exceção é no 1.829, I quando o cônjuge concorre com descendentes, o que não é a ocasião; D: incorreta, pois tanto Catarina como Aline serão herdeiras de Luiz, nos termos do art. 1.829, II CC. 8.2. Sucessão testamentária Licensed to Graziela Bitencourt Cardoso - grazielabitencort@gmail.com - 04159135277 45df67385768ce2897cc68b7147eaffa80bf4aede6c16990c7404c4ea2e4dc15.pdf 5c71389c8c1cce1bc9a4aa80579e0e41e5861cd597065e6024f4ae1a30a6b616.pdf 86b0fc091a95faa63c71cd6094ae4f8cfef421968ccc6108def485957eaa38e8.pdf