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LOGÍSTICA INTERNACIONAL COMPILADO SENAC

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Osvaldo Esteves Sobrinho
Comércio exterior 
e logística internacional
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A Série Universitária foi desenvolvida pelo Senac 
São Paulo com o intuito de preparar profissionais 
para o mercado de trabalho. Os títulos abrangem 
diversas áreas, abordando desde conhecimentos 
teóricos e práticos adequados às exigências 
profissionais até a formação ética e sólida.
Comércio exterior e logística internacional apresenta 
os principais modais de transporte internacional e 
um panorama da estrutura das operações logísticas 
e da matriz de transporte brasileira. A obra aborda 
ainda tópicos essenciais do marketing internacional, 
apontando as principais ações para introduzir, 
de maneira competitiva, produtos em mercados 
estrangeiros, além de relacionar os fundamentos 
do comércio internacional e das operações 
logísticas de importação e exportação. O objetivo 
é proporcionar ao leitor um entendimento geral 
sobre a logística internacional e o comércio exterior, 
temas que desempenham um papel fundamental no 
mundo globalizado.
M
aterial para uso exclusivo de aluno m
atriculado em
 curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com
partilham
ento digital, sob as penas da Lei. ©
 Editora Senac São Paulo.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Simone M. P. Vieira – CRB 8a/4771)
Esteves Sobrinho, Osvaldo
 Comércio exterior e logística internacional / Osvaldo Esteves 
Sobrinho. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2022. (Série 
Universitária)
	 Bibliografia.
 e-ISBN 978-85-396-3691-4 (ePub/2022)
 e-ISBN 978-85-396-3692-1 (PDF/2022)
	 1.	Logística 2.	Logística	internacional	:	Sistema	global	de	operações			
3.	 Comércio	 exterior 4.	 Comércio	 internacional	 –	 Brasil 5.	 Termos	
internacionais	 de	 comércio	 :	 Incoterms 6.	 Transporte	 internacional 
7.	Exportação	e	importação	–	Brasil I.	Título.	 II.	Série.
22-1691t CDD – 382
 658.78
 BISAC BUS026000
BUS116000
Índice para catálogo sistemático:
1. Comércio exterior : Logística internacional 382
2. Logística internacional : Administração de materiais 658.78
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COMÉRCIO EXTERIOR 
E LOGÍSTICA 
 INTERNACIONAL 
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 curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com
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ento digital, sob as penas da Lei. ©
 Editora Senac São Paulo.
Osvaldo Esteves Sobrinho
Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo
Presidente do Conselho Regional
Abram Szajman
Diretor do Departamento Regional
Luiz Francisco de A. Salgado
Superintendente Universitário e de Desenvolvimento
Luiz Carlos Dourado
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Editora Senac São Paulo
Conselho Editorial
Luiz Francisco de A. Salgado 
Luiz Carlos Dourado 
Darcio Sayad Maia 
Lucila Mara Sbrana Sciotti 
Luís	Américo	Tousi	Botelho
Gerente/Publisher
Luís	Américo	Tousi	Botelho
Coordenação Editorial/Prospecção
Dolores Crisci Manzano 
Ricardo Diana
Administrativo
grupoedsadministrativo@sp.senac.br
Comercial
comercial@editorasenacsp.com.br
Acompanhamento Pedagógico
Otacília da Paz Pereira
Designer Educacional
Aline de Siqueira Nogueira de Sá
Revisão Técnica
Gabriel Nickolas Cazotto
Revisão de Texto
Cristine Sakô
Projeto Gráfico
Alexandre Lemes da Silva
Emília Corrêa Abreu
Capa
Antonio Carlos De Angelis
Editoração Eletrônica
Creali	Comunicação	e	Marketing	Ltda
Ilustrações
Alexandre	Raphael	Albuquerque	de	Brito
Imagens
Adobe Stock Photos
E-book
Rodolfo Santana
Proibida	a	reprodução	sem	autorização	expressa.
Todos	os	direitos	desta	edição	reservados	à
Editora Senac São Paulo
Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar 
Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP
Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP
Tel.	(11)	2187-4450	–	Fax	(11)	2187-4486
E-mail:	editora@sp.senac.br	
Home	page:	https://www.editorasenacsp.com.br/
© Editora Senac São Paulo, 2022
Sumário
M
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 Editora Senac São Paulo.
Capítulo 1
Logística e comércio 
internacional, 7
1	 Contexto	econômico	e	geopolítico,	8
2 Comércio internacional, 9
3	 Globalização,	13
4	 GATT/OMC,	14
5	 Blocos	econômicos	e	integração	
regional, 17
6	 Importações	e	exportações,	18
7 Logística internacional, 20
8 Redes logísticas, 23
Considerações	finais,	24
Referências, 25
Capítulo 2
Sistema global de operações da 
logística internacional, 27
1 Acordos bilaterais e multilaterais, 28
2	 Tratamento	preferencial,	29
3	 Sistema	geral	de	preferências 
(SGP), 31
4	 Sistema	global	de	preferências	
comerciais (SGPC), 32
5 Barreiras não tarifárias: 
protecionismo,	subsídio,	dumping,	
cotas	de	importação	e	barreiras	
sanitárias	e	fitossanitárias,	32
6 Barreiras tarifárias, 41
7 Nomenclatura internacional das 
mercadorias (NCM e SH), 42
Considerações	finais,	43
Referências, 43
Capítulo 3
Estrutura da operação 
logística, 47
1	 Estrutura	dos	portos,	48
2	 Estrutura	dos	aeroportos,	51
3 Portos secos, 55
4 Malha rodoviária, 57
5 Malha ferroviária, 59
6 Estrutura do mercado externo, 62
Considerações	finais,	64
Referências, 65
Capítulo 4
Operações globais na cadeia 
logística, 69
1	 Conceito	de	operações,	70
2	 Conceito	de	operações	globais,	70
3	 Canais	de	distribuição: 
direto, misto e indireto, 71
4	 Tipos	de	distribuição:	direta, 
indireta	e	produção	no	exterior	
(joint	venture,	subsidiária,	filial,	
licenciamento e franquia), 72
5	 Gerenciamento	do	fluxo	nas	
operações	globais,	76
6 Marketing internacional, 77
7	 Princípios	de	marketing	(4Ps) 
no comércio internacional, 78
8 Pesquisa de marketing, 79
9 Planejamento de marketing 
internacional, 83
10 Pesquisa de mercado externo – 
Estudo	de	caso:	o	falhanço	do	
Walmart no Brasil da década de 
1990, 85
Considerações	finais,	86
Referências, 87
6 Comércio exterior e logística internacional Ma
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Capítulo 5
Incoterms® e seguros, 89
1 Lex mercatoria, 90
2	 Compreendendo	a	responsabilidade	
dos Incoterms®, 91
3 Incoterms®	e	suas	classificações,	92
4	 Resumo	das	responsabilidades	e	
transferência	de	risco	para	cada	
Incoterm®, 93
5 O que são seguros 
e seguradoras?, 104
6 Segurado e não segurado 
no comércio internacional, 107
7	 Seguros	para	o	comércio	
internacional: A, B, C, 108
8	 Resolução	de	conflitos,	110
Considerações	finais,	111
Referências, 111
Capítulo 6
Comércio internacional 
no Brasil, 115
1 Órgãos anuentes e intervenientes 
na estrutura brasileira do comércio 
internacional e sua estrutura 
interna, 116
2 Camex, 118
3 Secex, 119
4 Receita Federal no comércio 
internacional, 125
5	 Ação	do	Banco	Central 
no comércio internacional, 126
6	 Apex,	127
7	 Ministério	dasRelações 
Exteriores (Itamaraty), 129
Considerações	finais,	130
Referências, 130
Capítulo 7
Transporte internacional, 133
1	 Movimentação	de	cargas	via 
contêineres	e	paletes,	134
2	 Tipo	de	carga:	unitizada, 
granel e individual, 141
3	 Modais	de	transporte	e	o	impacto	
econômico e comercial, 142
4 Rodoviário, 143
5 Ferroviário, 144
6 Dutoviário, 145
7 Aeroviário, 147
8	 Aquaviário:	lacustre,	fluvial, 
marítimo e cabotagem, 148
9	 Tecnologia	para	as	empresas	no	transporte	
internacional e sua gestão, 149
10	Tecnologia	para	a	gestão	da	rede 
logística internacional, 150
Considerações	finais,	152
Referências, 153
Capítulo 8
Modus operandi da 
exportação e importação, 155
1	 Documentação	para	o	trânsito 
em comércio internacional, 156
2	 Fatura	proforma,	159
3	 Exportação,	159
4	 Siscomex:	módulo	exportação,	160
5	 Formação	de	preços	na	exportação,	160
6	 Tratamento	administrativo	da	exportação,	162
7 DU-E, 162
8	 Incentivos	à	exportação:	drawback,	163
9	 Incentivos	à	exportação: 
demais incentivos, 164
10	Importação,	164
11 Procedimento administrativo 
para	importação,	165
12	Documentos	para	importação,	165
13	Procedimentos	de	importação,	166
14	Tributos	de	importação,	166
15	Cálculo	do	custo	de	importação,	167
16 Declaração	de	importação	(DI),	169
17	Despacho	aduaneiro	para	exportação 
e	importação,	172
Considerações	finais,	173
Referências, 173
Sobre o autor, 177
7
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Capítulo 1
Logística e 
comércio 
internacional
A	globalização	se	manifesta	por	meio	de	um	aumento	sem	prece-
dentes,	após	o	final	da	Segunda	Guerra	Mundial	(1939-1945),	da	circu-
lação	do	capital	privado	e	da	expansão	generalizada	da	oferta	de	bens	
de	consumo,	para	atender	à	demanda	da	sociedade	global,	em	que	os	
estados-nações	parecem	enfraquecidos	em	relação	às	 fronteiras	que	
impõem	em	proteção	às	culturas	locais.
8 Comércio exterior e logística internacional Ma
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.Esse	processo	 impacta	 em	diversos	 fatores	 e	dimensões	da	 vida,	
como:	a	deslocação	da	mão	de	obra	internacional	em	função	da	emigra-
ção	de	pessoas	em	busca	de	novos	postos	de	trabalho;	a	transferência	
de	capital	em	busca	de	novos	mercados	onde	haja	trabalho	ocioso;	e	
também	no	aumento	do	transporte	 internacional	de	mercadorias,	ala-
vancando o valor das mercadorias comercializadas internacionalmente, 
o	que	será	analisado	em	mais	detalhes	neste	capítulo.
Muitas	 dessas	 dimensões	 aparentam	 ter	 autonomia	 própria,	mas,	
em uma análise sistêmica, estão conectadas com fatores de ordem 
econômica	e	que	afetam	diretamente	as	operações	de	logística	e	de	co-
mércio	internacional.	A	tecnologia,	por	exemplo,	possibilitou	a	constru-
ção	de	novos	meios	de	transportes,	mais	velozes,	seguros	e	econômi-
cos,	além	de	equipamentos	que	auxiliam	a	movimentação	internacional	
de	mercadorias	de	modo	mais	célere	e	eficiente,	como	ocorreu	com	a	
invenção	do	contêiner,	em	1956.
1 Contexto econômico e geopolítico
Segundo Bobbio, Matteucci e Pasquino (1998), o estudo do com-
portamento	político	e	as	capacidades	militares	podem	ser	explicados	e	
previstos	com	base	no	ambiente	físico.	Essa	influência	pode	determinar	
a	tecnologia,	a	cultura	e	a	economia	dos	estados,	sua	política	 interna	
e	externa,	e	as	relações	do	poder	entre	eles.	A	esse	objeto	de	estudo,	
definido	pelo	pesquisador,	dá-se	o	nome	de	geopolítica.	
Em	função	da	profundidade	do	 tema	e	da	sua	vasta	 literatura,	so-
bretudo em língua estrangeira, é necessário que um dos fatores deter-
minados	pela	geopolítica	 seja	 destacado	para	 compor	os	 temas	que	
permeiam	este	livro.	Nesse	sentido,	damos	destaque	ao	estudo	da	eco-
nomia,	sobretudo	em	sua	abrangência	externa,	a	qual	nos	conduz	para	
o universo da economia internacional. Esta inclui, em uma visão moder-
na, os estudos do comércio internacional e de áreas correlatas, como é 
o caso da logística internacional.
9Logística e comércio internacional 
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aterial para uso exclusivo de aluno m
atriculado em
 curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com
partilham
ento digital, sob as penas da Lei. ©
 Editora Senac São Paulo.
Em	 relação	 ao	 contexto	 econômico	 contemporâneo,	 fatos	 obser-
vados	mostram	 que	 um	 processo	 permeia	 a	 economia	 internacional	
como	um	todo;	e	ele	parece	estar	em	constante	metamorfose	e	ter	es-
treita	influência	sobre	o	comércio	internacional.	Trata-se	de	uma	força	
de eventos que abalaram e continuam a abalar o contexto econômico 
global, inaugurando uma variedade de temas que abrem inúmeras no-
vas	questões	para	discussão	e	reflexão.	Uma	amostra	dessas	questões	
está	nas	considerações	finais	desse	capítulo.
Considere os fatos observados nas últimas sete ou oito décadas que 
se sustentam até os dias atuais. Vivemos em um mundo em que esse 
processo	produziu	alguns	frutos	que	modelam	o	atual	contexto	econô-
mico.	Entre	eles,	podemos	destacar:	o	aumento	vertiginoso	do	volume	
do	comércio	internacional	de	bens	e	serviços;	a	 interdependência	das	
economias	e	dos	seus	 fatores	de	produção;	a	necessidade	de	busca	
de	novos	mercados	para	incentivar	a	demanda	de	bens	produzidos	em	
larga	escala;	e	a	inauguração	de	organizações	internacionais	que	legi-
timam	os	valores	do	livre	comércio	como	meio	de	distribuição	global	e	
equitativa de renda.
Observa-se,	nesse	contexto,	a	urgência	da	pesquisa	em	tecnologia,	
sobretudo	 na	 construção	 de	meios	 de	 transportes	mais	 rápidos	 que	
movimentam,	em	uma	extensa	rede	de	logística	internacional,	milhões	
de	contêineres	por	dia,	para	atender	à	demanda	dos	clientes	em	fun-
ção	da	concorrência	global.	A	criação	de	novos	postos	de	trabalho	para	
atender	às	demandas	dos	atores	privados	e	das	imposições	regulató-
rias	dos	estados	–	por	mais	contraditória	que	seja	em	um	ambiente	de	
livre	comércio	–	não	poderia	deixar	de	ser	destacada	nessa	lista.	A	este	
processo	se	dá	o	nome	de	globalização	econômica.
2 Comércio internacional
Para	Sousa	(2009,	p.	12),	“comércio	internacional	é	o	estudo	do	con-
junto	 das	 trocas	 comerciais	 de	 bens	 e/ou	 serviços	 entre	 as	 diversas	
nações	do	globo”.	Essa	definição	é	importante	para	fazer	distinção	em	
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.relação	aos	estudos	do	comércio	exterior.	Enquanto	o	comércio	exte-
rior	se	restringe	às	negociações	comerciais	bilaterais	e	à	regulamenta-
ção	aduaneira	de	um	país,	o	comércio	internacional	se	preocupa	com	
questões	de	ordem	econômica	global	e	relacionadas	com	os	estudos	
da economia internacional.
De	acordo	com	David	e	Stewart	(2010,	p.	1)	o	comércio	internacional	
foi	“impulsionado	pela	noção	de	que	os	países	se	beneficiam,	economi-
camente,	com	as	trocas	mútuas	e	pela	noção	de	que	o	comércio	con-
tribui	para	o	bem-estar	da	população	mundial”.	O	aumento	do	fluxo	do	
comércio	internacional	ocorre	nos	anos	posteriores	ao	final	da	Segunda	
Guerra	Mundial,	em	1945,	com	destaque	a	partir	de	1970	até	os	dias	de	
hoje.
IMPORTANTE 
David e Stewart (2010, p. 1) defendem a tese de que o crescimento glo-
bal das trocasinternacionais foi facilitado pelos profissionais da logísti-
ca internacional, que são responsáveis por uma série de operações, com 
o objetivo de movimentar interna e internacionalmente as mercadorias 
de maneira eficiente, segura e com baixo custo, além de garantirem a 
celeridade no transporte. As seguintes atividades são destacadas pelo 
autor: garantir que as mercadorias sejam embaladas adequadamente 
para o transporte; providenciar seguro apropriado das mercadorias em 
trânsito e estar ciente dos riscos a que estão sujeitas; garantir que as 
mercadorias sejam acompanhadas dos documentos adequados, para 
que possam ser liberadas pela alfândega, no país destinatário.
 
O	gráfico	1	mostra	o	total	de	valores	das	mercadorias	exportadas	e	
importadas	mundialmente,	nos	últimos	70	anos.	A	corrente	de	comér-
cio	global	refere-se	às	somas	das	exportações	e	importações.
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Gráfico 1 – Evolução da corrente global de comércio de mercadorias 
(valores em dólares dos Estados Unidos) 
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40.000.000
10.000.000
20.000.000
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05
20
10
20
15
20
20
Fonte:	adaptado	de	WTO	(2022).
PARA SABER MAIS 
O site World Trade Organization (WTO – OMC) disponibiliza uma ferra-
menta completa para a extração de uma variedade de dados estatísti-
cos de comércio internacional (WTO, [s. d.]).
 
Uma	informação	importante	merece	destaque,	pois	está	oculta	no	
gráfico	1.	Trata-se	dos	valores	das	importações	e	exportações	entre	os	
anos de 2017 e 2021, uma vez que os dois últimos anos (2020 e 2021) 
sofreram	forte	impacto	em	função	da	pandemia	de	covid-19.	Para	me-
lhor	visualização,	as	 tabelas	1	e	2	concentram	o	 total	de	valores	das	
mercadorias	importadas	e	exportadas	nesse	período,	respectivamente.
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.Tabela 1 – Valor total de mercadorias importadas em bilhões de dólares dos Estados Unidos
IMPORTAÇÕES
2017 2018 2019 2020 2021
Primeiro trimestre 4.190.135 4.809.244 4.685.918 4.450.920 5.080.985
Segundo trimestre 4.370.652 4.941.118 4.811.395 3.820.391 5.516.189
Terceiro trimestre 4.524.022 4.961.543 4.815.369 4.528.823 5.645.748
Quarto trimestre 4.792.592 5.003.976 4.859.216 4.966.065
TOTAL 17.879.418 19.717.899 19.173.917 17.768.219 16.242.922
Tabela 2 – Valor total de mercadorias exportadas em bilhões de dólares dos Estados Unidos
EXPORTAÇÕES
2017 2018 2019 2020 2021
Primeiro trimestre 4.100.352 4.699.143 4.587.154 4.285.893 5.001.857
Segundo trimestre 4.308.220 4.878.885 4.719.032 3.716.014 5.450.619
Terceiro trimestre 4.429.082 4.833.303 4.677.991 4.486.131 5.565.318
Quarto trimestre 4.720.813 4.905.599 4.791.321 4.940.729
TOTAL 17.558.467 19.316.930 18.777.517 17.428.767 16.017.794
PARA SABER MAIS
Em relação aos dados das exportações e importações brasileiras, de 
2015 a 2020, houve uma evolução significativa na corrente de comércio 
da ordem de 39%. Entretanto, os dados observados são pífios quando 
comparados à corrente global de comércio. Por exemplo, no ano de 2015, 
a corrente de comércio brasileira atingiu o montante recorde de 500.222 
bilhões de dólares, mas quando esse valor é relacionado com os montan-
tes da corrente de comércio global, do mesmo ano, cujo valor foi de 35 
trilhões de dólares, a participação brasileira representou apenas 1,08%.
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O governo brasileiro disponibiliza um banco de dados para a consulta de 
estatísticas sobre comércio exterior. Por exemplo, ao pesquisar desco-
bre-se que, atualmente, os principais parceiros comerciais do Brasil são: 
China, Estados Unidos, Argentina e Holanda (BRASIL, [s. d.]).
 
3 Globalização
A	globalização	é	um	tema	de	largo	interesse	e	não	há	consenso	en-
tre	os	autores	sobre	quando	exatamente	esse	processo	surgiu,	mas	os	
fatos	contemporâneos	sugerem	que	seu	ápice	tenha	ocorrido	no	início	
dos	anos	1990,	com	o	fim	da	guerra	fria	e	o	advento	da	internet. O	apro-
fundamento	de	seus	fundamentos	teóricos	e	os	impactos	adversos	que	
esse	fenômeno	exerce	nos	agentes	econômicos	transnacionais,	públi-
cos	e	privados,	vão	muito	além	da	proposta	deste	 livro.	A	diversidade	
da	literatura	sobre	o	tema	é	gigantesca	e	seria	inocente	afirmar	que,	em	
nenhuma	delas,	a	 reflexão	 teórica	apresenta	considerações	de	cunho	
ideológico,	seja	contra,	seja	a	favor	desse	processo.	
Considere	que	vários	fatores	contribuíram	para	que	esse	fenômeno	
tenha	atingido	um	grau	sem	precedentes	que	ultrapassa	as	fronteiras	
da	economia	e	se	manifesta	em	várias	dimensões	da	vida.
Nas	três	últimas	décadas,	as	interações	transacionais	conheceram	
uma	 intensificação	dramática,	desde	a	globalização	dos	sistemas	
de	 produção	 e	 das	 transferências	 financeiras,	 à	 disseminação,	 a	
uma	escala	mundial,	de	informação	e	imagens	através	dos	meios	de	
comunicação	social	ou	às	deslocações	em	massa	de	pessoas,	quer	
como turistas, quer como trabalhadores migrantes ou refugiados. A 
extraordinária	amplitude	e	profundidade	destas	interações	transna-
cionais	levaram	a	que	alguns	autores	as	vissem	como	ruptura	em	
relação	às	anteriores	formas	de	interações	transfronteiriças,	um	fe-
nômeno	novo	designado	por	“globalização”.	(SANTOS,	2002,	p.	25)
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4 GATT/OMC
O	 Acordo	 Geral	 sobre	 Tarifas	 e	 Comércio	 (em	 inglês,	 General	
Agreement	on	Tariffs	and	Trade	–	GATT)	foi	assinado	no	ano	de	1947	
por	 23	 países,	 inclusive	 o	Brasil.	Tal	 acordo	baseava-se	 na	 justificati-
va	da	doutrina	do	livre	comércio	para	facilitar	o	intercâmbio	comercial	
entre	as	nações,	e	seu	conteúdo	foi	uma	das	bases	para	a	criação	da	
Organização	Mundial	do	Comércio	(OMC),	em	1995 (LUDOVICO, 2018). 
Para	entender	melhor	a	perspectiva	histórica	da	criação	do	GATT	é	
necessário	ressaltar	alguns	pontos	importantes.	Como	explica	Trevisan	
(2018),	em	1946,	o	governo	dos	Estados	Unidos	propôs,	no	âmbito	das	
Nações	Unidas,	uma	Conferência	Mundial	sobre	Comércio	e	Emprego,	
que ocorreu em Havana, Cuba, entre 21 de novembro de 1947 e 24 de 
março	de	1948.	
IMPORTANTE 
Em 1944, aconteceu uma conferência em um vilarejo de nome Bretton 
Woods, nas montanhas de New Hampshire, Estados Unidos. Esse histó-
rico encontro, com a participação de 44 países, ficou conhecido como 
Conferência de Bretton Woods, cuja proposta era reorganizar a arquite-
tura econômica e financeira internacional, pós-Segunda Guerra Mundial. 
A partir dessa conferência surgiram três instituições que inauguraram 
uma nova ordem econômica e financeira mundial: o Fundo Monetário 
Internacional e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvi-
mento Econômico, que representavam um marco importante para legi-
timar os efeitos positivosdo livre comércio; além da Organização das 
Nações Unidas (ONU), criada em 1945 com o objetivo de manter a paz e 
a segurança internacionais. Houve também a tentativa de criar uma Or-
ganização Internacional do Comércio, sem êxito, dando lugar ao GATT, 
instituído em 1947.
 
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Um	dos	objetivos	principais	da	Conferência	de	Bretton	Woods	era	
a	criação	de	uma	Organização	Internacional	do	Comércio	(OIC),	a	qual	
abrangeria	diversos	temas,	como	emprego,	práticas	comerciais	restri-
tivas,	investimentos	e	serviços	e	serviria	como	órgão	que	conduziria	a	
cooperação	do	comércio	internacional	entre	as	nações.	
Esses	temas	eram	demasiadamente	extensos	e	foram	definitivamen-
te	rejeitados	pelo	congresso	dos	Estados	Unidos,	país	que	inicialmente	
colocou	na	mesa	as	discussões,	porém	acabou	recuando.	A	Carta	de	
Havana,	como	ficou	conhecida,	não	se	consolidou	e	a	OIC	nunca	saiu	
do	papel.	Entretanto,	algo	foi	aproveitado	dessas	discussões,	pois	havia	
outros	grupos	de	discussão	trabalhando	com	temas	específicos.	
Nesse	meio	tempo,	durante	o	ano	de	1947,	em	Genebra,	outras	fren-
tes de trabalho discutiram alguns temas estritamente relacionados a 
reduções	 tarifárias	 recíprocas	ao	 comércio	 internacional.	O	 conteúdo	
em	pauta	nos	encontros	em	Genebra	já	estava	previsto	no	capítulo	IV	da	
Carta	de	Havana	e	basicamente	consolidou-se	na	composição	do	tex-
to	original	do	GATT-47,	acordado	em	30	de	outubro	de	1947,	em	Nova	
Iorque	(TREVISAN,	2018).	O	texto	desse	acordo	permanece,	com	altera-
ções,	até	os	dias	atuais,	e	serviu	como	base	para	o	anexo	1	da	ata	final	
constitutiva	da	OMC,	em	que	se	incorporam	os	resultados	da	Rodada	
Uruguai,	concluída	em	15	de	abril	de	1994.	Ressalte-se	que	o	GATT-47	
não	é	uma	instituição,	trata-se	de	um	tratado	internacional	de	comércio	
que	foi	sendo	modificado	ao	logo	de	quase	cinco	décadas	e	que	servirá	
como	base	para	a	inauguração	da	OMC,	em	1995.	
PARA SABER MAIS 
No Brasil, o GATT-47 foi internalizado pela Lei nº 313, de 30 de julho de 
1948 (BRASIL, 1948).
 
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4.1 OMC
A	OMC,	com	sede	em	Genebra,	Suíça,	foi	definitivamente	instituída	
em 1º	de	janeiro	de	1995,	ao	final	da	Rodada	Uruguai	de	negociações	
multilaterais.	Desde	então,	passa	a	ser	a	instituição	reguladora	perma-
nente	 que	 supervisiona	o	 comércio	 internacional,	 tendo	 como	 tarefa	
básica	aplicar	as	regras	do	livre-comércio	(DAVID,	2016).	Seu	objetivo,	
de	acordo	com	a	ata	constitutiva,	é	a	elevação	dos	níveis	de	vida	e	o	
pleno	emprego.
O	texto	original	do	GATT-47,	com	as	sucessivas	alterações	que	ocor-
reram	ao	longo	dos	anos,	foi	incorporado	ao	anexo	1A	da	ata	constitu-
tiva	da	OMC,	e	foi	chamado	de	Acordo	Geral	sobre	Tarifas	e	Comércio	
1994	ou	GATT-1994.
PARA SABER MAIS 
A ata constitutiva da OMC foi assinada em Marraqueche em 15 de abril 
de 1994. No Brasil, a OMC foi reconhecida e internalizada pelo Decreto 
Federal nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994 (BRASIL, 1994).
 
De	acordo	com	Nasser	(2002),	dois	fenômenos	podem	ser	observa-
dos	na	gênese	da	OMC,	isto	é,	desde	o	GATT-47.	O	primeiro	é	o	fato	de	
o	mundo	ter	saído	de	um	conflito	bélico	de	proporções	globais,	ensejan-
do	a	necessidade	de	se	criar	mecanismos	de	cooperação	mútua	entre 
os	países.
O	segundo	é	a	fase	histórica	pela	qual	passava	o	mundo	capitalista.	
As	principais	potências	econômicas,	principalmente	os	EUA,	e,	em	me-
nor grau, a Grã-Bretanha, sentiam a necessidade de abrir novos merca-
dos	para	seus	produtos,	o	que	seria	possível	pela	instituição	de	maior	
liberdade	comercial	 (NASSER,	2002).	Esse	período,	segundo	Ludovico	
(2018),	é	classificado	como	idade	contemporânea	(1947-1995).	Para	o	
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autor,	após	a	Segunda	Guerra	Mundial	(1939-1945),	as	economias	dos	
países	envolvidos	no	conflito	estavam	arrasadas,	o	que	ensejou	a	ne-
cessidade	de	reconstrução	no	âmbito	mundial.
5 Blocos econômicos e integração regional
Na	lição	de	Sousa	(2009),	o	objeto	central	dos	processos	de	integra-
ção	regional,	ao	menos	em	suas	fases	iniciais,	basicamente	tem	um	úni-
co	interesse:	a	redução	das	tarifas	de	importação	e	de	barreiras	quan-
titativas.	A	integração	de	vários	países,	que	podem	compartilhar	suas	
fronteiras,	forma	um	mercado	de	maiores	dimensões	que	passa	a	ser	
chamado	de	“blocos	econômicos”,	como	é	o	caso	da	União	Europeia,	do	
Mercosul, do United States-Mexico-Canada Agreement (USMCA), entre 
diversos outros.
Cada	grau	de	integração	apresenta	aspectos	distintos,	que	se	soma	
as	configurações	de	uma	fase	de	integração	mais	simplificada.	Essas	
fases	de	 integração	econômica	podem	ser	divididas	em	cinco,	 como	
explicam	Sousa	(2009)	e	Prazeres	(2008)	(quadro	1).
Quadro 1 – Fases de integração econômica
FASE CARACTERÍSTICAS
Zona de preferências 
aduaneiras
Países celebram entre si margens de preferências nas tarifas aduaneiras
Exemplo: Associação Latino-americana de Integração (Aladi)
Zonas de livre comércio
As tarifas e barreiras de importação sobre as mercadorias 
que circulam no interior do bloco são eliminadas
Exemplo: USMCA (anteriormente, Nafta)
União aduaneira
Eliminação das tarifas de importação sobre mercadorias que circulam 
no interior do bloco e a adoção de uma tarifa externa comum (TEC)
Exemplo: Mercosul
(cont.)
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FASE CARACTERÍSTICAS
Mercado comum
Pressupõe, além das condições para uma zona aduaneira, a livre circulação 
de pessoas, bens, mercadorias, serviços, capitais e fatores produtivos, 
eliminando toda e qualquer forma de discriminação
União monetária
Inclui, além das condições das etapas anteriores, uma política monetária 
com a adoção de uma moeda única, visando à estabilidade de toda a região 
por onde o bloco se estende, com o objetivo de controle da inflação e dos 
déficits públicos
Exemplo: União Europeia
6 Importações e exportações
O	estudo	das	exportações	e	importações	é	algo	relativamente	recen-
te nas universidades brasileiras. Na década de 1990, o ramo de comér-
cio	exterior	estava	subordinado	à	área	de	administração	de	empresas;	
entretanto,	com	o	passar	dos	anos,	notou-se	uma	crescente	especiali-
zação,	exigindo	cada	vez	mais	uma	demanda	especializada	de	profis-
sionais	que	possuam	estreita	relação	com	as	operações	de	importação	
e	exportação.
6.1 Importação
A	gestão	da	importação	requer	múltiplas	especialidades	que	deman-
dam	profissionais	com	conhecimento	gigantesco,	pois	envolvem	vários	
aspectos	no	gerenciamento	de	suas	operações.	Como	explica	Ludovico	
(2018),	importação	significa	introdução	em	um	país,	estado	ou	municí-
pio	de	mercadorias	procedentes	de	outro	local.
O	 ato	 de	 introduzir	mercadorias	 no	 país,	 ao	menos	 no	 Brasil,	 de-
pendede	gestores	com	habilidade	e	experiência	 teórica	e	prática	em	
relação	 aos	 itens	 a	 seguir:	mapeamento	 dos	 concorrentes	 nacionais	
que	vendem	bens	similares	aos	 importados;	precificação	dos	bens;	e	
domínio	em	relação	às	normas	administrativas,	aduaneiras	e	cambiais	
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de	comércio	exterior,	por	sua	vez	prolixa	e	burocrática.	A	depender	da	
mercadoria	a	ser	importada,	o	gestor	de	importação	deve	ter	experiên-
cia com as normas sanitárias que regulamentam a efetiva entrada dos 
bens estrangeiros. O modus operandi	da	importação	está	explicado	no	
capítulo	8.
Ressalta-se	que	a	introdução	de	mercadorias	no	país	só	é	possível	
com	o	apoio	de	gestores	especializados	em	logística	internacional,	os	
quais	estão	preparados	para	oferecer	o	modal	de	transporte	mais	van-
tajoso,	após	a	análise	de	variáveis	que	combinam	custo,	segurança,	e	
tempo	de	entrega.	As	vantagens	e	desvantagens	dos	principais	modais	
de	transporte	estão	explicados	com	mais	detalhes	no	capítulo	7.
6.2 Exportação
De	acordo	com	Ludovico	 (2018),	a	exportação	deve	ser	criteriosa-
mente	estudada	e	planejada	sob	todos	os	aspectos	administrativos	e	
operacionais,	pois	o	principal	objetivo	do	plano	de	exportação	é	a	ma-
ximização	das	vendas	nos	mercados	externos	e,	como	consequência	
direta,	a	maximização	dos	lucros	esperados.
Como	ocorre	no	processo	de	 importação,	a	exportação	exige	uma	
equipe	com	larga	experiência	na	área,	pois	qualquer	erro	de	gestão	ope-
racional	pode	comprometer	a	saúde	financeira	da	empresa,	levando	à	
sua	 falência	ou,	 em	casos	mais	graves,	à	destruição	de	sua	 imagem	
internacional. O modus operandi	da	exportação	está	explicado	no	capí-
tulo 8.
É	pacífico	o	entendimento	de	que	é	imperativa	uma	análise	prévia	dos	
riscos	existentes	no	mercado	externo,	antes	da	exportação	das	merca-
dorias.	Esses	riscos	comportam	variáveis	complexas	e,	por	vezes,	im-
previstas.	Cateora,	Gilly	e	Graham	(2013)	identificam	essas	variáveis	no	
ambiente	externo	como	forças	ou	fatores	incontroláveis:	econômicas;	
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.competitivas;	tecnológicas;	estrutura	de	distribuição;	geografia	e	infra-
estrutura;	políticas;	legais;	e	as	forças	culturais.
7 Logística internacional
Na	contribuição	de	Sousa	(2020,	p.	19)	a:
Logística	 internacional	é	um	sistema	integrado,	composto	de	vá-
rios elementos que devem funcionar de forma sincronizada, abran-
gendo	 várias	 áreas	 funcionais	 da	 empresa	 e	 inter-relacionando	
atividades,	de	forma	a	otimizar	a	eficiência	empresarial	e	garantir	o	
nível	de	serviço	acordado	com	os	clientes.
Como	explica	David	(2016),	não	há	uma	definição	precisa	e	original	
para	a	logística	internacional,	uma	vez	que	esta	se	alicerça	nas	atribui-
ções	desempenhadas	pela	logística	interna.
Os	gestores	da	logística	interna	trabalham	com	operações	específi-
cas	relacionadas	ao	movimento	de	mercadorias;	fabricação	e	produção;	
compra	e	aprovisionamento;	marketing;	gerenciamento	de	estoques;	fi-
nanças	e	serviço	ao	cliente.	Trata-se,	portanto,	de	um	subconjunto	de	
atividades	pertencentes	a	um	ramo	de	maior	amplitude	que	vem	se	de-
senvolvendo	desde	1980,	o	da	gestão	da	cadeia	de	suprimentos	(DAVID;	
STEWART,	2010),	que	se	preocupa	com	as	decisões	estratégicas	con-
centradas na alta gerência.
Em	relação	ao	serviço	ao	cliente,	em	especial	no	âmbito	das	opera-
ções	globais,	vale	citar	a	seguinte	consideração:
O	nível	 de	 serviço	oferecido	aos	clientes	deverá	ser	 seguido	por	
todas	as	empresas	que	compõem	o	sistema	logístico,	pois	é,	pro-
vavelmente,	o	fator	que	mais	diferencia	as	empresas	e	aquele	em	
que	a	logística	tem	papel	importante	a	desempenhar.	Qualquer	in-
consistência	nesse	nível	poderá	conduzir	a	uma	insatisfação	dos	
clientes,	podendo	neutralizar	todo	o	esforço	 logístico	empregado	
até	 o	momento.	 Uma	 vez	 que	 as	 operações	 internacionais	 são	
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mais	 complexas,	 para	assegurar	 o	nível	 de	 serviço	 é	necessário	
planejá-las	cuidadosamente	e	garantir	que	serão	executadas	por	
empresas	idôneas	e	de	reconhecida	capacidade	técnica.	(SOUSA,	
2020,	p.	20)
As	atividades	desempenhadas	pelos	profissionais	ligados	à	gestão	
de	 cadeia	 de	 suprimentos	 envolvem	aspectos	 que	 vão	 além	do	 foco	
interno	da	empresa,	que	se	concentra	na	produção,	estocagem	e	ma-
nuseio	das	mercadorias.	Nesse	ramo,	David	e	Stewart	(2010)	destacam	
o gerenciamento de toda a cadeia de fornecedores, com o objetivo de 
garantir	 a	 entrega	 da	mercadoria	 até	 o	 consumidor	 final.	O	 foco	 das	
atividades,	portanto,	no	contexto	da	gestão	de	cadeia	de	suprimentos,	
deixa	de	ser	somente	interno	e	passa	a	ser	também	externo,	junto	aos	
parceiros	comerciais	de	negócios,	sobretudo	quanto	à	satisfação	dos	
clientes.	Em	relação	à	cadeia	de	suprimentos,	faz-se	necessário	desta-
car	a	seguinte	definição:
A	gestão	da	cadeia	de	suprimentos	é	um	conjunto	de	abordagens	
que	integra,	com	eficiência,	fornecedores,	fabricantes,	depósitos	e	
pontos	comerciais,	de	forma	que	a	mercadoria	é	produzida	e	dis-
tribuída	 nas	 quantidades	 corretas,	 aos	 pontos	 de	 entrega	 e	 nos	
prazos	corretos,	com	o	objetivo	de	minimizar	os	custos	totais	do	
sistema	sem	deixar	de	atender	às	exigências	em	termos	de	nível	de	
serviço.	(SIMCHI-LEVI;	KAMINSKY;	SIMCHI-LEVI,	2010,	p.	33)
Nesse sentido, os ramos da logística e da gestão da cadeia de su-
primentos	internacionais	aproveitam	as	operações	de	logística	interna	
e	as	estratégias	adotados	na	gestão	da	cadeia	de	suprimentos,	mutatis 
mutandis,	no	mercado	global,	que	envolve	vários	aspectos	(administra-
tivo,	comercial,	estratégico	e	aduaneiro)	relacionados	às	operações	de	
exportação	e	importação	de	mercadorias	e	que	serão	explicados	neste	
livro	em	capítulos	específicos.
Para	Ludovico	(2014),	os	procedimentos	logísticos	aplicados	ao	co-
mércio	exterior	assemelham-se	aos	do	mercado	 interno.	Apenas	são	
adaptados	o	desenho	do	fluxograma	das	operações	 internacionais;	 a	
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.contratação	de	serviços	de	armazenamento;	 além	do	manuseio	e	do	
transporte	das	mercadorias	a	serem	exportadas,	ou	importadas.
A	figura	1	elucida	os	envolvidos	nas	áreas	de	logística	interna	e	logís-
tica internacional.
Figura 1 – Logística interna, logística internacional e gestão de cadeia de suprimentos
Gestão de cadeia de suprimentos
Empresa
Fornecedores
domésticos
Consumidores
domésticos
Fornecedores
estrangeiros
Consumidores
estrangeiros
Logística interna
Logística internacional
Fonte:	adaptado	de	David	e	Stewart	(2010).
IMPORTANTE 
David e Stewart (2010) destacam alguns elementos importantes espe-
cíficos da logística internacional, que tornam essa atividade mais com-
plexa e arriscada quando comparadacom a logística interna. São eles: 
a questão da língua e da cultura, que não devem ser subestimadas; a 
infraestrutura da logística encontrada nos outros países; as decisões na 
escolha do tipo de transporte internacional; os riscos e danos inerentes 
às embalagens para o transporte internacional; a complexidade na con-
tratação do seguro de transporte internacional; as exigências aduanei-
ras exigidas pelos governos dos países exportadores e importadores; a 
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emissão de documentos utilizados no comércio internacional; o risco de 
calote no recebimento do pagamento internacional; e o entendimento 
da correta aplicação dos Incoterms.
 
8 Redes logísticas
Rede	 logística,	 na	 leitura	 de	 Simchi-Levi,	 Kaminsky	 e	 Simchi-Levi	
(2010)	é	um	outro	nome	dado	à	cadeia	de	suprimentos.	A	rede	logística	
está	relacionada	às	instalações	físicas	e	aos	agentes	econômicos	que	
executam	transações	comerciais	de	compra	e	venda.	Consiste	em	for-
necedores,	centros	de	produção,	depósitos,	centros	de	distribuição,	va-
rejistas	e	clientes;	além	de	matérias-primas,	estoques	de	produtos	em	
processo	e	produtos	acabados	que	se	deslocam	entre	as	instalações.	
Como	explicam	Simchi-Levi,	Kaminsky	e	Simchi-Levi,	a	cadeia	deve	ser	
gerenciada de maneira conjunta, com o objetivo de tornar toda a rede 
mais	eficiente	em	termos	de	produção	e	nos	custos	associados	a	esto-
cagem	e	transporte.	
Duas	definições	importantes	devem	ser	ressaltadas	em	relação	ao	
fluxo	 das	 atividades	 da	 cadeia	 de	 suprimentos,	 como	 explica	 David	
(2016).	Define-se	cadeia	a	montante	quando	o	fluxo	das	atividades	está	
direcionado	para	o	fornecedor;	enquanto	a	cadeia	a	 jusante	está	rela-
cionada	a	atividades	de	distribuição,	no	sentido	do	consumidor	final.	O	
termo	jusante	tem	sua	origem	na	observação	do	sentido	da	correnteza	
em	um	curso	de	água,	da	nascente	para	o	seu	ponto	de	desaguamento.
Alguns	desafios	para	a	gestão	eficiente	das	redes	logísticas	globais	
destacados	por	Simchi-Levi,	Kaminsky	e	Simchi-Levi	(2010)	são:
 • A	 complexidade	 de	 unidades	 de	 ampla	 distribuição	 geográfica	
que,	 em	muitos	 casos,	 atinge	o	mundo	 inteiro	 e	 pode	 compro-
meter	o	 lead	time,	 isto	é,	o	prazo	de	entrega	do	produto,	desde	
a	colocação	do	pedido,	passando	pela	produção,	transporte,	de-
sembaraço	aduaneiro,	etc.
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. • Objetivos	diferentes	e	conflitantes	entre	os	parceiros	integrantes	
da	 rede	 logística.	 Ou	 seja,	 alguns	 fornecedores	 pressionam	 as	
empresas	produtoras	para	que	comprem	grande	quantidade	de	
insumos	para	a	produção	de	seus	bens	finais.	Todavia,	a	empresa	
produtora	pode	rejeitar	a	se	comprometer	com	pedidos	em	altas	
quantidades	para	 futura	entrega,	uma	vez	que	ela	depende	das	
oscilações	da	demanda	do	mercado,	que	podem	impactar	em	au-
mento	excessivo	de	estoques,	sem	perspectiva	de	venda.
Em	relação	às	variáveis	que	podem	interferir	na	decisão	para	o	local	
dos	depósitos,	destacam-se:	condições	geográficas	e	de	infraestrutura;	
recursos	naturais	e	de	mão	de	obra	disponível;	regulamentações	para	a	
indústria	local	e	legislação	tributária	e	interesse	público.
PARA SABER MAIS 
O estudo aprofundado das redes logísticas e das estratégias para a ges-
tão da cadeia de suprimentos é extenso e merece uma pesquisa mais 
ampla. Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010) abordam vários tó-
picos em detalhes, por exemplo: a cadeia de desenvolvimento; a gestão 
da incerteza e do risco; a evolução e complexidade da gestão da cadeia 
de suprimentos; o controle de estoques; os efeitos da incerteza na de-
mandas; o compartilhamento dos riscos; a gestão do estoque na cadeia 
de suprimentos; a configuração e o projeto da rede logística, que englo-
bam a coleta de dados e a agregação de dados; as tarifas de transporte 
e custos com depósitos; os contratos de suprimento e os contratos para 
cadeias de suprimentos para estoque; além de vários estudos de caso.
 
Considerações finais
A	criação	das	 instituições	 alicerçadas	no	 livre	 comércio	 ao	 final	 de	
1944	e,	em	especial,	o	estabelecimento	de	um	acordo	sobre	livre	comér-
cio	 (GATT-47),	 que	 culminou	 na	 fundação	 da	 Organização	Mundial	 do	
Comércio,	parecem	ter	sido	os	motores	para	o	avanço	da	globalização	
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econômica,	impactando	positivamente	no	volume	da	corrente	de	comér-
cio	mundial	e	na	criação	de	novas	áreas	de	especialização,	o	que	pro-
piciou	a	criação	de	novos	empregos,	em	todos	os	graus	de	hierarquia,	
relacionados	ao	comércio	exterior,	à	logística	internacional	e	à	gestão	de	
cadeia	de	suprimentos.
Em	 função	 da	 extensão	 dos	 temas	 deste	 capitulo	 e	 da	 vasta	 lite-
ratura,	algumas	questões	precisam	ser	 levantadas	para	uma	 reflexão	
mais	madura,	 em	especial	 sobre	a	globalização.	Quais	são	as	 forças	
que	conduzem	o	processo	de	globalização?	A	globalização	chegou	ao	
seu	auge	ou	esse	processo	não	tem	limites?	Será	que	os	efeitos	da	glo-
balização	são	benéficos	a	todos?	Será	que	os	objetivos	idealizados	pela	
GATT,	em	1947,	e	 legitimados	pela	ata	constitutiva	da	OMC	serão	um	
dia	alcançados?	Quais	são	os	grupos	a	favor,	ou	contra,	a	expansão	da	
globalização?	Qual	o	impacto	nos	empregos	atuais?
Referências
BOBBIO,	 N.;	 MATTEUCCI,	 N.;	 PASQUINO,	 G.	 Dicionário de política. 11. ed. 
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.
BRASIL. Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994. Promulgo a Ata Final 
que	Incorpora	os	Resultados	da	Rodada	Uruguai	de	Negociações	Comerciais	
Multilaterais	do	GATT.	Diário Oficial da União:	seção	1,	Brasília,	DF,	n.	248-A,	
p.	 21394,	 31	 dez.	 1994.	 Disponível	 em:	 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/antigos/d1355.htm. Acesso em: 10 fev. 2022.
BRASIL. Lei nº	313,	de	30	de	junho	de	1948.	Autoriza	o	Poder	Executivo	a	aplicar,	
provisoriamente,	o	Acordo	Geral	sobre	Tarifas	Aduaneiras	e	Comércio;	reajusta	
a	Tarifa	das	Alfândegas,	e	dá	outras	providências.	Diário Oficial da União:	seção	
1,	p.	11189,	3	ago.	1948.	Disponível	em:	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/1930-1949/l313.htm. Acesso em: 18 jul. 2022.
BRASIL.	 Ministério	 da	 Indústria,	 Comércio	 Exterior	 e	 Serviços.	 ComexVis. 
Comex Stat, [s. d.].	Disponível	em:	http://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis.	
Acesso em: 9 fev. 2022.
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WORLD	TRADE	ORGANIZATION	(WTO).	WTO	stats.	WTO, [s. d.].	Disponível	em:	
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Capítulo 2
Sistema global 
de operações 
da logística 
internacional
Neste capítulo, iremos analisar alguns pontos relacionados com o 
comércio internacional. Nota-se, no decorrer da segunda metade do 
século XX, um fortalecimento dos acordos bilaterais ou regionais de 
comércio internacional, em detrimento dos acordos multilaterais. Tais 
acordos sustentam-se nos pilares da cooperação mútua e da reciproci-
dade entre as partes envolvidas, justificadas pelos ideais do livre merca-
do e pela crença de que os efeitos decorrentes desses acordos favore-
cerão o nível de vida dos agentes econômicos envolvidos.
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.Além desses acordos recíprocos, foram criadas, ao longo da segun-
da metade do século XX, outras formas de negociação comercial entre 
países, em que o pilar da reciprocidade entre os estados se desconstrói 
e dá lugar às preferências unilaterais e não recíprocas, como explicado 
no sistema geral de preferências (SGP). Todos esses acordos, de uma 
forma ou outra, têm como objetivo a elevação dos níveis de riqueza das 
nações, ao facilitar o fluxo do comércio internacional, por meio da re-
dução gradual ou da eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias. 
Nesse contexto, em que o livre comércio aparenta ser a única via 
para a redução da assimetria global econômica, aparecem políticas de 
proteção ao comércio internacional, ou seja, barreiras tarifárias e não 
tarifárias cujo objetivo é proteger o produtor interno em detrimento de 
bens estrangeiros, como será visto adiante. 
1 Acordos bilaterais e multilaterais
Como vimos no capítulo 1, em 1947, 23 países assinaram o Acordo 
geral sobre Tarifas e Comércio. Nota-se, em função do número de partes 
contratantes que integram esse acordo desde a sua fundação, um im-
portante elemento, a pluralidade dos membros. Nesse sentido, Bobbio, 
Matteucci e Pasquino (1998, p. 856) ensinam que um acordo multilate-
ral geralmente é instituído “quando um certo número de Estados, pre-
visto no próprio acordo, manifestou a vontade definitiva de participar, 
mediante as formalidades prescritas para a aceitação do ato institutivo”.
Outros acordos de comércio, assim como o GATT-47, foram cria-
dos entre os anos de 1947 e 1994 por meio de sucessivas rodadas de 
negociação. Destacamos uma delas, a Rodada Uruguai, iniciada em 
Punta del Leste, em 1986, e concluída em 1994, com a assinatura de 
123 países do acordo constitutivo da OMC, inaugurada em 1º de janeiro 
de 1995. A criação dessa organização internacional, segundo Nasser 
(2002) fortaleceu o sistema multilateral de comércio,1 uma vez que pas-
1 Conjunto de normas internacionais de comércio e das instituições responsáveis por aplicá-las.
29Sistema global de operações da logística internacional 
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sou a reforçar a estrutura institucional de todo o sistema comercial, es-
tabelecendo um fórum permanente de discussão. 
No âmbito dos acordos multilaterais, destaca-se o Acordo de 
Facilitação de Comércio, assinado por 112 membros da OMC. O acordo 
entrou em vigor em 22 de fevereiro de 2017 com o objetivo de conferir 
mais transparência à relação entre governos e intervenientes privados 
que operam no comércio exterior e reduzir impactos burocráticos sobre 
importações e exportações.
Nos acordos bilaterais, por sua vez, participam apenas dois estados 
ou blocos econômicos, com o propósito de favorecer o comércio entre 
eles por meio de concessão de vantagens recíprocas. Um exemplo é 
o Acordo de Livre Comércio entre Mercosul e Egito, assinado em 2 de 
maio de 2010 e promulgado no Brasil por meio do Decreto nº 9.229, de 
6 de dezembro de 2017 (BRASIL, 2017). O objetivo desse acordo é criar 
condições mais favoráveis para o desenvolvimento sustentável, para 
novas oportunidades de emprego, para a diversificação do comércio 
entre si e para a promoção da cooperação comercial e econômica em 
áreas de interesse comum com base na igualdade, no benefício mútuo, 
na não discriminação e no direito internacional, além de contribuir para 
o fortalecimento do sistema multilateral de comércio.
2 Tratamento preferencial
Para entender o contexto do tratamento preferencial, é necessária a 
leitura do artigo I do GATT-47:
Qualquer vantagem, favor, imunidade ou privilégio concedido por 
uma parte contratante em relação a um produto originário [produzi-
do] de ou destinado a qualquer outro país, será imediata e incondi-
cionalmente estendido ao produto similar, originário do território de 
cada uma das outras partes contratantes ou ao mesmo destinado. 
Este dispositivo se refere aos direitos aduaneiros e [...] à importa-
ção e exportação bem como aos assuntos. (BRASIL, 1948)
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.Esse artigo refere-se à cláusula da nação mais favorecida (CNMF) 
e precisa ser esclarecido para sua melhor compreensão. Suponha ao 
menos três partes contratantes de um acordo, por exemplo, os Estados 
Unidos, o Brasil e a França. Considere que uma empresa situada nos 
Estados Unidos importa produtos similares originados do Brasil e da 
França, por exemplo, queijos. Nesse sentido, quando os queijos entram 
no território dos Estados Unidos, a autoridade aduaneira daquele país apli-
ca uma determinada tarifa de importação sobre o valor das mercadorias.
Considere que esta tarifa de importação seja da ordem de 10% sobre 
o valor do queijo. Essa alíquota deve ser exatamente a mesma, sendo 
vedada a concessão de preferências a terceiros, independentemente 
do país de origem do produto. Considere que o governo dos Estados 
Unidos decida reduzir a tarifa de importação sobre o queijo, de 10% 
para 2%, apenas sobre os queijos originados do Brasil, sem estender a 
concessão dessa vantagem aos queijos similares originados da França. 
Essa hipótese não reflete o estabelecidopelo artigo I do GATT-47. A par-
te contratante, ao oferecer um privilégio ou tratamento privilegiado a um 
produto originário de outro país deve, de forma imediata e sem impor 
qualquer condição, estender o mesmo benefício para todas as outras 
partes contratantes envolvidas. Portanto, no caso do exemplo, a França 
deveria ser igualmente beneficiada com a vantagem da redução da tari-
fa de importação de 10 para 2%.
Não havia base jurídica para condicionar o nível de desenvolvimento 
econômico de um país como justificativa para receber privilégios unila-
terais de países desenvolvidos. A redação desse artigo, portanto, conduz 
a uma forte restrição aos acordos bilaterais ou regionais de comércio e 
a um apelo para que o sistema mundial de comércio se baseie nos cri-
térios de reciprocidade mútua, sem preferências regionais ou bilaterais. 
A eficácia dessa cláusula perdeu força no decorrer dos anos seguin-
tes à constituição do GATT-47, abrindo espaço para “exceções à cláusu-
la”, principalmente na década de 1960, com os esforços do economista 
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argentino Raul Prebisch quando exerceu, nas décadas de 1950 e 1960, 
o cargo de secretário executivo da Comissão Econômica para América 
Latina e Caribe (Cepal) e de secretário geral da Conferência das Nações 
Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Uma dessas exce-
ções à CNMF é o sistema geral de preferências (SGP), explicado a seguir.
3 Sistema geral de preferências (SGP)
O SGP constitui um programa de benefícios tarifários concedidos 
pelos países industrializados aos países em desenvolvimento, na for-
ma de redução ou isenção do imposto de importação incidente sobre 
determinados produtos (BRASIL, 2011). Esse benefício é uma exceção 
à CNMF e, como explica Nasser (2002), foi reconhecido pelo GATT-47, 
que dispensou a aplicabilidade do artigo I, em 25 de junho de 1971. 
Algumas características desse programa são: a não reciprocidade, 
em outras palavras, quando um benefício tarifário é concedido por um 
país desenvolvido a outro país, em desenvolvimento, este país não tem 
o dever legal de favorecer aquele; a voluntariedade, ou seja, os países 
desenvolvidos não são obrigados a aderir ao programa; a temporalida-
de, uma vez que os beneficiados do sistema podem ser excluídos do 
programa a qualquer momento.
PARA SABER MAIS 
O Brasil, na qualidade de país em desenvolvimento, é outorgado do pro-
grama e tem como grande parceiro os Estados Unidos. Para saber mais 
acesse o site do Departamento de Comércio dos Estados Unidos (U.S. 
DEPARTMENT OF COMMERCE, [s. d.]).
 
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.
4 Sistema global de preferências comerciais 
(SGPC)
O Acordo sobre o Sistema Global de Preferências Comerciais entre 
os países em desenvolvimento (SGPC) tem, por princípio, a concessão 
de vantagens mútuas de modo a trazer benefícios a todos os seus par-
ticipantes, considerados seus níveis de desenvolvimento econômico e 
industrial, seus padrões de comércio exterior, suas políticas e seus sis-
temas comerciais (BRASIL, 2011).
Faz se necessária uma distinção entre o SGP o SGPC. O primeiro se 
caracteriza pela assimetria econômica entre as partes com base em 
concessões não recíprocas. No caso do SGPC, o propósito é a coope-
ração por meio de concessões comerciais mútuas entre as partes con-
tratantes, constituídas de países em desenvolvimento e de menor grau 
de desenvolvimento.
PARA SABER MAIS 
Para saber mais sobre o SGPC e os países que integram o programa, 
acesse o site da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e 
Desenvolvimento (UNCTAD, [s. d.]).
 
5 Barreiras não tarifárias: protecionismo, 
subsídio, dumping, cotas de importação e 
barreiras sanitárias e fitossanitárias
Protecionismo, em comércio internacional, é a denominação adota-
da para identificar uma política econômica, em determinado período de 
tempo, a favor da indústria doméstica e de seus empregos. Nesse sen-
tido, o governo de um país ou os líderes de um bloco econômico podem 
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adotar alguns instrumentos específicos de política comercial, como as 
barreiras não tarifárias, a fim de regular as importações de modo a pre-
judicar a introdução de bens estrangeiros no país. 
Como explica Sousa (2009, p. 147), barreiras não tarifárias se clas-
sificam como qualquer “medida pública que não seja um direito adua-
neiro e tenha por efeito criar uma distorção nas trocas comerciais”. A 
distorção ocorre no sentido de que essas barreiras podem proteger ex-
cessivamente os produtores nacionais de certos bens a ponto de impe-
dir, restringir ou dificultar a importação de bens estrangeiros similares 
no mercado interno, caracterizando um mercado protecionista. Essas 
distorções culminam em vários efeitos aos agentes econômicos inter-
nos, em especial ao consumidor final, que demanda esses bens, uma 
vez que reduz a opção de alternativas de compra de bens concorrentes 
a preços competitivos.
Note que há uma diferença importante na definição de duas termi-
nologias que são utilizadas nos estudos do protecionismo. Faz-se ne-
cessário, portanto, separar o entendimento em relação às medidas não 
tarifárias e às barreiras não tarifárias. Medidas não tarifárias têm por 
objetivo a proteção da saúde pública ou do meio ambiente decorrentes 
de bens introduzidos no país, por exemplo, a imposição pelo Ministério 
da Agricultura do Brasil, ou órgão similar, de um limite na quantidade de 
sódio dos alimentos importados, além de regular as formas de rotula-
gem desses alimentos.
Ocorre que, quando os efeitos econômicos dessas medidas extra-
polam seus objetivos, elas passam a ser classificadas como barreiras 
não tarifárias ao comércio, uma vez que causam um efeito econômico 
no comércio internacional de mercadorias, alterando vários aspectos, 
entre eles a escolha dos parceiros comerciais, as quantidades negocia-
das, os preços dessas mercadorias, entre outros efeitos que distorcem 
o mercado. O quadro 1 apresenta algumas dessas medidas.
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.Quadro 1 – Exemplos de medidas não tarifárias
DENOMINAÇÃO OBJETIVO EXEMPLO
Medidas sanitárias 
e fitossanitárias
Proteger a vida humana e a animal de 
riscos decorrentes de organismos que 
podem causar doenças diversas
Coleta de amostra de um lote 
de laranjas importadas para checar 
o nível residual de pesticidas
Barreiras técnicas ao 
comércio
Atender a procedimentos para 
avaliação da conformidade e de 
normas técnicas
Refrigeradores devem ter uma etiqueta 
indicando o tamanho, o peso e o nível 
de consumo de energia elétrica
Medidas de defesa 
comercial
Medidas implementadas para 
neutralizar os efeitosadversos no 
mercado do país importador, causados 
por certas importações, após o 
cumprimento de requisitos processuais 
regulados pela legislação do país que 
sofreu os efeitos danosos
País A aplica uma medida antidumping 
sobre a importação de determinados 
produtos originados do país B para 
compensar um dano material causado 
pelas importações do país B
Contingentes ou cotas 
não tarifárias sobre 
importações
Restringir a quantidade 
de bens importados
Determinado país impõe uma cota 
máxima de 100 toneladas, por ano, 
de peixe importado (soma das 
importações)
Fonte: adaptado de UNCTAD (2022).
Entre as medidas apresentadas no quadro 1, destacam-se as de de-
fesa comercial. Esse tema tem forte discussão no comércio internacio-
nal em função da sua complexidade e dos danos que podem causar aos 
agentes econômicos públicos e privados dos países envolvidos.
Para uma melhor compreensão em relação às medidas, é imperativo 
o estudo de dois importantes temas, os subsídios e o dumping. Ambos 
são reconhecidos pela OMC por meio de acordos específicos e con-
siderados como práticas proibidas ou desleais de comércio. Cabe ao 
governo do país que sofrer os efeitos dos danos causados por tais prá-
ticas adotar medidas compensatórias ou medidas antidumping, para 
compensar os danos materialmente provados.
A seguir veremos uma breve explicação de cada uma dessas práti-
cas e suas respectivas medidas de defesa. 
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5.1 Subsídio
De acordo com a legislação brasileira que regula o tema, apoiada 
no Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias, da OMC, consi-
dera-se a existência de subsídio quando houver contribuição financeira 
por governo ou órgão público, no território do país exportador, nos casos 
em que a prática do governo implique a transferência direta de fundos, 
doações, empréstimos, aportes de capital, ou potenciais transferências 
diretas de fundos ou de obrigações, entre outros (BRASIL, 2021).
Os subsídios são considerados proibidos quando essa ajuda finan-
ceira é direcionada a um setor específico da atividade econômica (por 
exemplo, a aeronáutica ou a produção de algodão) com o propósito de 
fomentar as exportações a preços desleais, ou de proteger o mercado 
doméstico da importação de bens estrangeiros. Os efeitos dessa práti-
ca podem causar grave impacto nos produtores globais de bens simila-
res. Nesse caso, a OMC, após um extenso processo investigatório, pode 
autorizar os países prejudicados a adotar medidas para compensar os 
danos materiais causados.
PARA SABER MAIS 
O Brasil participou de duas grandes disputas sobre subsídios: o con-
tencioso entre a Embraer e a canadense Bombardier e a dos subsídios 
oferecidos aos produtores de algodão nos Estados Unidos. Uma rápida 
pesquisa nos mecanismos de busca on-line traz conteúdo de relevante 
interesse nesses dois casos.
 
5.2 Dumping
Dumping é uma prática comercial desleal e condenada pela OMC. 
Dumping não deve ser classificado como medida de defesa comer-
cial. Essa defesa, denominada medida antidumping, ocorre em algum 
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.momento posterior à prática do dumping e do dano material à indús-
tria doméstica do país importador, decorrentes dos efeitos causados 
por essa prática, e é preciso cumprir requisitos específicos após um 
extenso processo investigatório, o qual é conduzido pelo governo do 
país onde se situa a indústria doméstica.
De acordo com David (2018, p. 433), dumping é uma:
Estratégia que alguns exportadores seguem para vender os pro-
dutos que exportam a um preço considerado “demasiadamente 
baixo” pela autoridade aduaneira do país importador.
A explicação do autor, apesar de relativamente correta, não contem-
pla a definição jurídica estabelecida na redação do artigo 7º do Decreto 
nº 8.058, de 26 de julho de 2013, que regulamenta os procedimentos 
administrativos relativos à investigação e à aplicação de medidas 
antidumping:
Para os efeitos deste Decreto, considera-se prática de dumping a 
introdução de um produto no mercado doméstico brasileiro, inclu-
sive sob as modalidades de drawback, a um preço de exportação 
inferior ao seu valor normal. (BRASIL, 2013)
Nesse mesmo sentido, Barral e Brogini (2007, p. 38) explicam que 
dumping é a:
prática de discriminação de preços em mercados distintos: uma 
empresa exportadora vende um produto no mercado importador 
a um preço inferior ao valor normal praticado em seu mercado 
de origem.
Nota-se, na explicação de Barral e Brogini e no artigo 7º do Decreto nº 
8.058, um termo em comum que precisa ser elucidado: o valor normal. 
O entendimento desse valor é relativamente complexo, neste capítulo, 
sem adentrar nas acaloradas discussões dos juristas especializados no 
tema, considere-se o valor normal nos termos do artigo 8º do mesmo 
decreto: “o preço do produto similar, em operações comerciais normais, 
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destinado ao consumo no mercado interno do país exportador” (BRASIL, 
2013). Acrescenta-se à definição do valor normal a seguinte síntese:
O valor normal é o preço comparável realmente pago ou a pagar, 
no curso de operações comerciais normais, por produto similar 
destinado ao consumo do país de exportação ou de origem, deven-
do ser levada em consideração a base de formação de preço da 
mercadoria, sendo deduzidos os impostos e frete incidentes para 
torná-lo ex-fábrica. (GUEDES; PINHEIRO, 2002, p. 88)
Ressalte-se a importância de compreender outro termo, além do 
valor normal, que não pode ser descartado para o entendimento des-
sa prática: o preço de exportação conforme a redação do artigo 18º do 
Decreto nº 8.058/2013:
Caso o produtor seja o exportador do produto objeto da investiga-
ção, o preço de exportação será o recebido, ou o preço de exporta-
ção a receber, pelo produto exportado ao Brasil, líquido de tributos, 
descontos ou reduções efetivamente concedidos e diretamente 
relacionados com as vendas do produto objeto da investigação. 
(BRASIL, 2013)
A figura 1 ilustra um caso hipotético de ocorrência de dumping.
Figura 1 – Exportação de cadeados originados da China 
com preços de exportação praticados com dumping
Uma empresa chinesa fabricou 10.000 cadeados em 2022.
2.000 foram vendidos no mercado doméstico chinês, 
e as 8.000 unidades restantes, exportadas para o Brasil
$ 10
$ 12
E são introduzidos no Brasil 
ao preço de exportação
de USD 10/unidade
2 mil cadeados são destinados ao consumo 
no mercado interno chinês pelo valor normal
de USD 12/unidade
Haverá dumping quando
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.O que se nota de estranho no exemplo da figura 1 é o preço de ex-
portação introduzido no Brasilser inferior em 2 dólares por unidade, em 
relação ao valor praticado no mercado chinês. Essa diferença é denomi-
nada de margem de dumping apurada e seu entendimento é necessá-
rio para justificar a aplicação de medidas ou direitos antidumping. Para 
apurar a margem de dumping, basta calcular a diferença entre o valor 
normal e o preço de exportação. Nesse caso, apura-se a margem de 
dumping de 2 dólares/unidade.
Em quantidades significativas, a introdução de bens no Brasil com-
promete a indústria doméstica de bens similares, causando, em certo 
prazo, danos materiais irreversíveis que podem levar à sua falência. 
Nesse contexto, os exportadores fortalecem o segmento oligopolis-
ta (no país afetado) em relação à distribuição dos bens introduzidos 
com preços desleais. Essa prática é condenada pela OMC e justifica a 
aplicação da medida de defesa comercial denominada de direito anti-
dumping, definida no inciso 2, artigo 784, do Decreto nº 6759, de 5 de 
fevereiro de 2009:
Direito antidumping, o montante em dinheiro, igual ou inferior à 
margem de dumping apurada, com o fim exclusivo de neutralizar 
os efeitos danosos das importações objeto de dumping, calculado 
mediante a aplicação de alíquotas ad valorem ou específicas, ou 
pela conjugação de ambas. (BRASIL, 2009)
5.3 Cotas de importação
De acordo com Sousa (2009), as cotas de importação, também de-
nominadas contingentes, referem-se a restrições quantitativas permiti-
das quanto à importação de certos bens. Essas cotas dividem-se em: 
tarifárias e não tarifárias.
Um mecanismo que exemplifica as cotas tarifárias está previsto no 
âmbito do Mercosul pela Resolução nº 49/2019 do Grupo do Mercado 
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Comum. Tratam-se de ações pontuais e de caráter temporário para 
garantir o abastecimento normal e fluido da região resultante de dese-
quilíbrios entre oferta e demanda, em decorrência de: inexistência tem-
porária de produção regional do bem; existência de produção regional 
do bem, mas o estado parte produtor não conta com oferta suficiente 
para atender às quantidades demandadas; existência de produção re-
gional de um bem similar, mas este não possui as características exi-
gidas pelo processo produtivo da indústria do estado parte solicitante. 
(MERCOSUL, 2019). 
Em relação às cotas não tarifárias, inserem-se as salvaguardas, pre-
vistas, de forma genérica, no artigo XIX do GATT-47. Somente em 1994, 
ao final da Rodada Uruguai, o acordo específico sobre salvaguardas foi 
assinado e incorporado ao escopo de acordos da OMC. No Brasil, foi 
internalizado pelo Decreto nº 1.488, de 11 de maio de 1995, artigo 1º:
Poderão ser aplicadas medidas de salvaguarda a um produto se de 
uma investigação resultar a constatação, de acordo com as dispo-
sições previstas neste regulamento, de que as importações desse 
produto aumentaram em tais quantidades e, em termos absolutos 
ou em relação à produção nacional, e em tais condições que cau-
sem ou ameacem causar prejuízo grave à indústria doméstica de 
bens similares ou diretamente concorrentes. (BRASIL, 1995)
PARA SABER MAIS 
No Brasil, a aplicação das salvaguardas é muito tímida. Recorde-se o 
caso relacionado aos brinquedos, decidido pela Portaria Interministerial 
MICT/MF nº 21, de 19 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996).
 
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5.4 Barreiras sanitárias e fitossanitárias
O Acordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias 
foi internalizado no ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 1.355, 
de 30 de dezembro de 1994, o qual promulga a ata final que incorpora 
os resultados da Rodada Uruguai de Negociações Multilaterais do GATT 
(BRASIL, 1994). O objetivo geral desse acordo é o estabelecimento de 
um arcabouço multilateral de regras para orientar a elaboração, a ado-
ção e a aplicação de medidas sanitárias e fitossanitárias relacionadas 
à proteção da saúde humana, da saúde animal e da situação sanitária 
no território de todos os membros signatários, com vistas a reduzir, ao 
mínimo, seus efeitos negativos sobre o comércio internacional. 
Nesse sentido, de acordo com o preâmbulo do aludido acordo, ne-
nhum país signatário deve ser impedido de adotar ou aplicar medidas 
necessárias à proteção da vida ou da saúde humana, animal ou vege-
tal, desde que tais medidas não sejam aplicadas de modo a constituir 
discriminação arbitrária ou injustificável entre membros em situações 
em que prevaleçam as mesmas condições, ou uma restrição velada ao 
comércio internacional (BRASIL, 1994).
Um exemplo foi o estabelecimento de requisitos específicos para 
o processo de produção de gelatina exigidos pela França, em 1997. A 
medida estabeleceu requisitos mínimos para o método de produção de 
gelatina, como uma imposição de segurança em virtude da encefalo-
patia espongiforme bovina (BSE), também conhecida como “doença da 
vaca louca”, a qual interrompeu as exportações brasileiras. Ocorre que 
não havia justificativa ou embasamento científico e, após algumas con-
sultas bilaterais entre Brasil e União Europeia, a França suspendeu a 
restrição, liberando as exportações brasileiras de gelatina (CNI, 2017).
41Sistema global de operações da logística internacional 
M
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6 Barreiras tarifárias
As barreiras tarifárias são mecanismos de política comercial, ado-
tadas por um governo ou bloco econômico, com o objetivo de regular 
a introdução de bens estrangeiros que possam concorrer com bens si-
milares produzidos pela indústria doméstica. Ressalte-se que, no Brasil, 
à luz do direto tributário e aduaneiro, a denominação da tarifa é ina-
dequada para conferir sua natureza legal, sendo que a correta é o im-
posto de importação, espécie de tributo que incide sobre mercadorias 
estrangeiras.
Do ponto de vista econômico, essa tarifa (imposto) de importação 
reveste-se de uma característica contraditória, incomum aos tributos 
em geral, que é a sua função arrecadatória. O imposto de renda, por 
exemplo, pode ter a sua alíquota majorada com o objetivo de alavancar 
a receita da União e cobrir os gastos públicos. A fórmula é simples: ma-
jora-se a alíquota de um tributo, arrecada-se mais dinheiro.
No caso do imposto de importação, essa função não se observa. 
Sua alíquota, a qual incide sobre o valor aduaneiro da mercadoria es-
trangeira, se majorada de 2 para 14%, terá como efeito a diminuição 
no volume das importações, a fim de proteger a indústria doméstica. 
Nesse sentido, parte da doutrina classifica o imposto de importação 
como um tributo “extrafiscal”. Nessa linha, Sehn (2021) explica que, nos 
tributos extrafiscais, o objetivo não é perder receita, mas atingir um efei-
to econômico ou regulatório.
Outra espécie de tributo considerada uma barreira tarifária é o adi-
cional ao frete para a renovação da marinha mercante (AFRMM), o qual 
incide sobre o frete aquaviário da carga de qualquer natureza descar-
regada em porto brasileiro, com base nas seguintes alíquotas: 25% na 
navegação de longo curso, 10% na navegação de cabotagem e 40% nas 
navegações fluvial e lacustre, quando do transporte de granéis líquidos 
nas regiões Norte e

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