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José Meireles de Sousa Impacto ambiental e logística reversa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza – CRB 8a/6189) Sousa, José Meireles de Impacto ambiental e logística reversa / José Meireles de Sousa. – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2019. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-2681-6 (ePub/2019) e-ISBN 978-85-396-2682-3 (PDF/2019) 1.Gestão ambiental 2. Impacto ambiental 3. Gestão de empresas: Desenvolvimento sustentável 4. Gestão de empresas: Responsabilidade social empresarial 5. Logística: Distribuição de produtos 6. Logística empresarial 7. Gerenciamento da cadeia de suprimentos 8. Logística reversa 9. Reciclagem: material reciclável I. Título. II. Série. 19-905s CDD-658.1552 658.78 BISAC BUS078000 BUS000000 NAT011000 SCI026000 Índice para catálogo sistemático 1. Gestão ambiental: Administração 658.408 2. Gestão de empresas : Desenvolvimento sustentável : Responsabilidade social empresarial 658.408 3. Impacto ambiental : Avaliação : Economia 333.714 4. Meio ambiente : Impactos ambientais 363.7 5. Logística : Distribuição de produtos 658.78 6. Reciclagem: Material reciclável: Coleta seletiva 363.7282 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . IMPACTO AMBIENTAL E LOGÍSTICA REVERSA José Meireles de Sousa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Jeane Passos de Souza Gerente/Publisher Jeane Passos de Souza (jpassos@sp.senac.br) Coordenação Editorial/Prospecção Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br) Márcia Cavalheiro Rodrigues de Almeida (mcavalhe@sp.senac.br) Administrativo João Almeida Santos (joao.santos@sp.senac.br) Comercial Marcos Telmo da Costa (mtcosta@sp.senac.br) Acompanhamento Pedagógico Ariadiny Carolina Brasileiro Maciel Otacilia da Paz Pereira Designer Educacional Diogo Maxwell Santos Felizardo Revisão Técnica Alessandro Augusto Rogick Athie Colaboração Josivaldo Petronilo da Silva Coordenação de Preparação e Revisão de Texto Luiza Elena Luchini Preparação de Texto Allan Moraes Revisão de Texto AZ Design Arte e Cultura Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Sidney Foot Gomes Ilustrações Sidney Foot Gomes Imagens iStock Photos E-pub Ricardo Diana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3º andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.editorasenacsp.com.br © Editora Senac São Paulo, 2019 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Sumário Capítulo 1 Meio ambiente e gestão ambiental, 7 1 Problemas ambientais, 9 2 Poluentes, 12 3 Meio ambiente como recipiente de resíduos, 14 4 Gestão ambiental, 16 5 Dimensões da gestão ambiental, 17 6 Sistemas de gestão ambiental (SGA), 18 Considerações finais, 19 Referências, 20 Capítulo 2 Políticas e normas de gestão ambiental, 23 1 Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), 25 2 ISO 14000, 27 3 Auditorias ambientais, 36 Considerações finais, 38 Referências, 39 Capítulo 3 Desenvolvimento sustentável, 41 1 Desenvolvimento sustentável, 42 2 Sustentabilidade corporativa, 49 3 Importância da informação na gestão ambiental, 54 Considerações finais, 57 Referências, 57 Capítulo 4 Avaliação do ciclo de vida do produto, 59 1 Logística e a cadeia de suprimentos, 60 2 Gestão do ciclo de vida do produto, 63 3 Filosofia dos 6 Rs, 69 Considerações finais, 71 Referências, 72 Capítulo 5 Logística reversa, 73 1 Logística reversa, 74 2 Canais reversos de revalorização, 77 3 Canais de distribuição reversa, 79 4 Reciclagem e reúso de materiais, 84 Considerações finais, 89 Referências, 89 Capítulo 6 A logística reversa como estratégia empresarial, 93 1 Estratégia empresarial, 94 2 Adequação a questões ambientais, 98 3 Razões competitivas, 101 Considerações finais, 105 Referências, 105 Capítulo 7 O produto pós-consumo, 107 1 Bens pós-consumo, 108 2 Descartáveis, duráveis e semiduráveis, 113 3 Aumento da descartabilidade, 115 Considerações finais, 120 Referências, 121 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 8 Canais de distribuição reversos do pós-consumo, 123 1 Canais de distribuição reversos do pós-consumo, 124 2 Canais de distribuição reversos de ciclo aberto e ciclo fechado, 129 Considerações finais, 135 Referências, 136 Capítulo 9 Canais de distribuição reversos do pós-venda, 137 1 Fluxos reversos de pós-venda, 138 2 Retorno pós-venda, 140 3 Prestação de serviço pós-venda, 148 Considerações finais, 150 Referências, 150 Capítulo 10 O impacto do fator tecnológico, 153 1 Logística de produtos eletroeletrônicos, 154 2 Descarte de produtos eletroeletrônicos, 159 3 Características do lixo de produtos eletroeletrônicos, 161 4 Cadeia reversa do equipamento eletroeletrônico, 165 Considerações finais, 168 Referências, 169 Capítulo 11 Produção mais limpa, 171 1 Conceito, 172 2 Diretrizes, 176 3 Objetivos, 182 Considerações finais, 184 Referências, 185 Capítulo 12 Ações de empresas na logística reversa, 187 1 Práticas empresariais de logística reversa na atualidade, 188 2 Estudos de caso, 194 Considerações finais, 202 Referências, 202 Capítulo 13 Ecoeficiência, 205 1 Conceito, 206 2 Objetivos, 211 3 Ecoeficiência no Brasil, 215 Considerações finais, 217 Referências, 217 Capítulo 14 Mercado de carbono, 219 1 Efeito estufa, 220 2 Processos geradores de gases, 221 3 Protocolo de Quioto, 225 4 Créditos de carbono, 229 5 Mercado de carbono, 236 Considerações finais, 237 Referências, 238 Capítulo 15 Reciclagem, 241 1 Conceito, 242 2 Processo de reciclagem de plástico, 244 3 Processo de reciclagem do alumínio, 251 Considerações finais, 255 Referências, 255 Capítulo 16 Consumo sustentável, 259 1 Consumo sustentável, 260 2 Sustentabilidade das empresas, 262 3 Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade, 265 4 Educação ambiental, 267 Considerações finais, 270 Referências, 271 Sobre o autor, 275 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rtilh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Meio ambiente e gestão ambiental O meio ambiente tem se tornado cada vez mais matéria fundamen- tal inserida em múltiplas discussões e decisões geradas em todos os níveis da sociedade. Nunca um tema assumiu tamanha importância. Enquadrado em inúmeros setores e variadas valências do conhecimen- to, pôde reunir consensos de opinião em um contexto de divergências quanto ao desenvolvimento político, econômico e social. Tudo isso por- que o meio ambiente, por um lado, é único e universal, e, como tal, envolve tudo e todos, independentemente de etnia, religião, visão política e condi- ção econômica ou social; e, por outro lado, como é incomensurável, tem sido esquecido por comodismo, e seus recursos são tratados como se fossem uma fonte inesgotável. 8 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Entre os vários alertas que instigaram o interesse de estudiosos, for- muladores de políticas, legisladores, empresas e da população como um todo pelo meio ambiente, alguns tiveram impacto muito significati- vo, pois, malgrado os efeitos nocivos que causaram ao meio am biente, contribuíram para alavancar não somente estudos e regulamentos am- bientais, mas também a disseminação da conscientização ambiental. PARA SABER MAIS Conheça alguns casos de desastres ecológicos que ocorreram pelo mundo que tiveram grandes impactos ambientais (SANTOS, 2018): • O desastre ecológico do superpetroleiro Exxon Valdez, em 24 de março de 1989, derramou aproximadamente 100 mil metros cúbicos de petróleo na costa do Alasca depois de ter encalhado na Enseada do Príncipe Guilherme; em resposta ao vazamento do Exxon Valdez, o Oil Pollution Act tornou-se lei em 1990, exigindo às companhias de petróleo a elaboração de planos de contingência para evitar derrames futuros e contê-los em caso de vazamento. • A explosão da plataforma Deepwater Horizon no dia 20 de abril de 2010 no Golfo do México, nos Estados Unidos, que estava sendo operada pela British Petroleum, obrigou a empresa ao pagamento de indenizações de cerca de 18,7 bilhões de dólares, além de ver sua imagem prejudicada perante seus consumidores. • A tragédia de Mariana, em Minas Gerais, considerada a maior tragé- dia ambiental do Brasil, ocorreu quando duas barragens da minera- dora Samarco se romperam, liberando lama e rejeitos sólidos, resul- tado da mineração, que se espalharam por mais de 600 quilômetros entre Minas Gerais e o Espírito Santo, causando mortes, desalojando famílias e causando perdas materiais e imateriais a centenas de mo- radores. Os processos que visam garantir indenização à população ultrapassam os 20 bilhões de reais. Além de desastres ecológicos, também o aumento demográfico, o desenvolvimento de novas tecnologias, o aumento médio do nível de 9Meio ambiente e gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. vida com a busca por melhores condições de sobrevivência têm incen- tivado o homem a conscientizar-se de que o meio ambiente terá de ser protegido e olhado de forma diferente daquela que até agora tem ocor- rido, isto é, sem ter sua presença notada. O grande aviso para essa nova tomada de posição ocorreu com o descobrimento de buracos na camada de ozônio na atmosfera, o que de alguma maneira afetaria o dia a dia dos seres vivos, prejudicando, entre outros aspectos, as condições climatéricas, a forma mais visível e sentida pelos seres vivos na superfície do nosso planeta. O estudo das causas de alterações no clima, como as enchentes, ou períodos prolongados de seca que prejudicam as safras, tem levado os cientistas a analisar as consequências de certas atividades antrópicas, como o desmatamento de florestas, a emissão de poluentes industriais ou mesmo o acúmulo de resíduos sólidos que, ao contaminarem solos e rios, contribuem para o agravamento da saúde pública e da poluição ambiental e visual. Nesse contexto, as atividades logísticas, em parti- cular as que se relacionam com a localização e a remoção de resíduos, ganham especial relevo e serão objeto de análise no decorrer dos pró- ximos capítulos. 1 Problemas ambientais As mudanças na sociedade, ocorridas de forma dinâmica nas últi- mas décadas, levantaram um novo e importante desafio: como proteger e preservar os recursos do planeta sem comprometer o desenvolvimen- to econômico e social? O desenvolvimento tecnológico, a facilitação das comunicações e a inexorável expansão empresarial como formas de sobrevivência impul- sionam novos desejos de consumo que são renovados rapidamente em face ao crescente poder das inovações. 10 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Se as grandes obras, com intervenções em florestas, rios ou mesmo nos oceanos, necessitam de minuciosos estudos e aprovações oficiais e devem obedecer a critérios rigorosos, também a atividade econômi- ca, que faz mover consumidores e produtores, e que gera diariamente milhares de toneladas de resíduos sólidos e outros poluentes, é respon- sável pela conservação ambiental. PARA SABER MAIS Para se ter uma ideia, de acordo com a Prefeitura de São Paulo (SÃO PAULO, 2017), a cidade gera, em média, 20 mil toneladas de lixo diaria- mente (entre resíduos domiciliares, resíduos de saúde, restos de feiras livres, podas de árvores, entulho, etc.). Só de resíduos domiciliares são coletadas cerca de 12 mil toneladas por dia. Diariamente é percorrida uma área de 1.523 km², e estima-se que mais de 11 milhões de pessoas são beneficiadas pela coleta de resíduos domiciliares, seletivos e hos- pitalares. Cerca de 3,2 mil pessoas trabalham no recolhimento dos resí- duos e são utilizados 500 veículos (caminhões compactadores e outros específicos para o recolhimento dos resíduos de serviços de saúde). Nesse novo cenário de elevada competitividade, muitas empresas, para garantir sua sobrevivência ou aumentar a lucratividade, projetam e fabri- cam produtos que utilizam metodologias agressoras do meio ambiente; já nos mercados, o contínuo lançamento de novos produtos e o descarte de produtos usados faz com que lixo e desperdícios se acumulem, criando problemas ambientais cada vez mais complexos. Com a multiplicidade de partes interessadas e a diversidade das variáveis que devem ser levadas em conta em estudos sobre problemas ambientais, torna-se necessário conceituar e delimitar o significado de “meio ambiente” para tornar as análi- ses ambientais e os processos decisórios empresariais mais eficazes. O conceito de “meio ambiente” é muito amplo, pois engloba natureza e sociedade, ou seja, tudo aquilo que envolve ou cerca os seres vivos (ALENCASTRO, 2012), e pode ser definido como: 11Meio ambiente e gestão ambiental M aterial para usoexclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O meio de onde a sociedade extrai os recursos essenciais à sobre- vivência e os recursos – geralmente denominados de naturais – demandados pelo processo de desenvolvimento socioeconômico; por outro lado, ambiente é também o meio de vida cuja integridade depende da manutenção de funções ecológicas essenciais à vida, o que faz emergir o conceito de recurso ambiental que se refere não mais somente à capacidade da natureza de fornecer recursos físicos, mas também de prover serviços e desempenhar funções de suporte à vida. (SÁNCHEZ, 2008, p. 21) Com a equiparação progressiva do conceito de “meio ambiente” ao de “meio de vida”, os problemas ambientais passaram a se identificar com o conceito de “poluição”. Os problemas ambientais, antes minimizados em favor do confor- to e do consumo, tornaram-se objeto de discussão cotidiana no seio de qualquer comunidade, independentemente de sua condição socio- econômica. O mundo tornou-se mais consciente quanto à situação am- biental e agora mais preocupado com as consequências de eventuais mudanças resultantes de impactos ambientais, isto é, de atividades, produtos e serviços que causem danos ecológicos resultantes de po- luição, da redução da camada de ozônio que nos protege das radiações solares ou, de forma mais genérica, da depredação de ecossistemas como resultado da extinção de espécies animais e vegetais. IMPORTANTE Segundo o IBGE (2004), impacto ambiental pode ser definido como [q]ualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econô- micas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. 12 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . O meio ambiente e o sistema econômico interagem através dos im- pactos que este provoca naquele ou até mesmo através do impacto que os recursos naturais causam na economia; mas diferentemente da destruição do capital construído pelo homem, a degradação ambiental pode tornar-se irreversível, e os ativos ambientais em sua maioria não são substituíveis. O estudo dos impactos ambientais tem por objetivo avaliar as con- sequências de atividades que possam prejudicar a qualidade do meio ambiente de forma a prevenir ou mitigar depredações ambientais re- sultantes da realização de projetos empresariais ou de resíduos de fabricação e de consumo. 2 Poluentes Segundo o Dicionário Houaiss, o verbo “poluir” tem a acepção de “tor- nar sujo; manchar, corromper” (POLUIR, 2009). No contexto desta obra, conforme Sánchez (2008, p. 24), podemos afirmar que “poluir é profanar a natureza, sujando-a”, e que as causas da poluição são as atividades humanas que “sujam” o ambiente. Poluição refere-se à emissão de poluentes (grandezas físicas men- suráveis) que causam danos ao meio ambiente. A possibilidade de mensuração dos poluentes permite estabelecer níveis admissíveis de concentração, isto é, padrões ambientais, e dessa forma definir direitos e deveres do poluidor. Ao comparar as características do conceito de impacto ambiental ao de poluição, Sánchez (2008) refere que “impacto ambiental” é um conceito mais amplo que “poluição”: este tem sempre uma conotação negativa, em oposição a “impacto ambiental”, que pode ser benéfico ao ambiente. Por outro lado, a poluição é uma das causas do impacto am- biental, mas nem todo impacto ambiental tem a poluição como causa. 13Meio ambiente e gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. NA PRÁTICA São impactos ambientais negativos o despejo de resíduos sólidos em rios ou as emissões de monóxido de carbono de carros e motos, pois provocam alterações persistentes no meio ambiente. Impactos ambien- tais positivos ocorrem com o reflorestamento de áreas degradadas ou a limpeza de rios e córregos e tendem a melhorar a qualidade de vida dos seres vivos. A depredação de ecossistemas ou a redução da camada de ozônio são em grande parte resultado do consumo desordenado e da aceita- ção de produtos fabricados e distribuídos sem respeito ao ambiente. Nesse cenário, a educação ambiental, entendida como identificação e análise dos fatores de risco que impactam negativamente o meio am- biente, deve ser integrada ao processo decisório de pessoas e empre- sas como fator crítico para o desenvolvimento pessoal e profissional. Ao consumir produtos que utilizam recursos naturais que não pos- sam ser substituídos ou que impactem negativamente o ambiente, pessoas e empresas estão progressivamente diminuindo suas fontes de abastecimento, encarecendo produtos pelo aumento de escassez de insumos e diminuindo a qualidade de vida dos seres vivos como resul- tado de impactos ambientais negativos, como é o caso da utilização, como matéria-prima, de madeira resultante de manejo não certificado ou a utilização indiscriminada de veículos poluidores. Muitas pessoas têm mudado suas atitudes junto ao mercado ao incorporar a responsabilidade ambiental em suas decisões, como é o caso da preferência por produtos biodegradáveis, a seletividade no des- carte do lixo ou mesmo a utilização de embalagens recicláveis. Atitudes desse tipo têm levado os governos a aprovar leis de monitoramento de poluição e de controle dos ecossistemas. 14 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A efetividade da discussão ambiental depende do entendimento da forma de funcionamento dos mercados e também da atitude dos con- sumidores diante das questões ambientais. Entre outras, devem ser respondidas as seguintes questões: até que ponto os consumidores es- tão dispostos a pagar mais por produtos com a mesma funcionalidade, mas produzidos e comercializados de forma ecologicamente correta? Até que ponto as empresas irão prescindir de ganhos a curto prazo para produzir e comercializar produtos que não agridam o ambiente? 3 Meio ambiente como recipiente de resíduos A partir de 1970, a preocupação com a preservação do meio ambiente levou ao desenvolvimento e à implantação de unidades de tratamento de poluentes (unidades de fim de tubo) com o objetivo de reduzi-los no final do processo industrial e antes do seu descarte no ambiente, em um sistema de fluxo unidirecional (VILELA JÚNIOR; DEMAJOROVIC, 2013). A aglomeração de parques industriais e a expansão demográfica, so- bretudo nas grandes metrópoles, têm modificado o cenário do dia a dia e tornado cada vez maior o número de cidadãos que agora convivem com bueiros entupidos e lixo jogado nas ruas de grandes cidades, bem como lixões a céu aberto, o que tem contribuído para a conscientiza- ção de problemas ambientais e instigado governantes e populaçõesa assimilar novas soluções que possam amenizar esses efeitos nocivos, como a coleta seletiva, a reciclagem, os aterros sanitários ou mesmo a geração de energia a partir do lixo. A viabilização dessas soluções vem transformando gradualmente o conceito unidirecional das cadeias de suprimentos (tradicionalmente formadas pela logística de abastecimento de matérias-primas/produ- ção/comercialização/utilização/descarte em lixão ou aterros sanitários) em cadeias circulares, em que é possível aproveitar o descarte como matéria-prima. 15Meio ambiente e gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 1 – Transformação do fluxo de produtos nas cadeias de suprimentos Consumo Consumo Produção Produção Ambiente Matéria- -prima Lixo IMPORTANTE A cadeia de suprimentos refere-se a uma […] rede de organizações conectadas e interdependentes, trabalhando conjuntamente, em regime de cooperação mú- tua, para controlar, gerenciar e aperfeiçoar o fluxo de maté- rias-primas e informação dos fornecedores para os clientes finais. (AITKEN, 1998, p. 67) O novo desenho das cadeias de suprimentos impacta o processo de gestão de logística integrada, que agora deve se ocupar com a destinação dos descartes – industriais e de consumo – e com as novas fontes de matéria -prima. Podemos acompanhar esse novo processo na figura 2. Figura 2 – O novo desenho das cadeias de suprimentos Logística reversa Supply chain 16 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A excelência na gestão da cadeia de suprimentos, que antes procura- va garantir que o produto certo, na quantidade solicitada e no momento que o consumidor dele necessitava estava disponível, passa agora a incluir as operações de descarte, que devem ser efetuadas de forma eficiente e eficaz. 4 Gestão ambiental Verificou-se um incremento na abordagem a assuntos ambientais como resultado não somente de uma maior conscientização ambiental e social de consumidores e empresas, mas também porque foram de- senvolvidas novas oportunidades de negócio que permitirão às empre- sas reconhecimento pelos consumidores e crescimento pelo aumento de eficiência operacional. Empresas mineradoras, do agronegócio ou grandes indústrias tra- dicionalmente poluentes passaram a acautelar o seu desenvolvimento com a utilização de estratégias que minimizem impactos ambientais; caso contrário, seria grande o risco de prejuízo de sua imagem e, conse- quentemente, à sua sustentabilidade. Um número crescente de consumidores também exige produtos eco- logicamente corretos, levando os produtores a certificarem as cadeias de suprimentos, como é o caso do uso do selo verde em produtos florestais. Na nova realidade de consumo, as empresas adaptam processos e consequentemente estudam novas formas de produção e comerciali- zação que eliminem ou diminuam impactos ambientais, aumentando dessa forma a sua imagem nos mercados e contribuindo para a susten- tabilidade do seu desenvolvimento. A gestão ambiental reflete esse processo de integração empresa- -ambiente e deve estar presente em todas as decisões estratégicas e operacionais. 17Meio ambiente e gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Quadro 1 – Benefícios da gestão ambiental BENEFÍCIOS DA GESTÃO AMBIENTAL Benefícios econômicos Benefícios estratégicos Economias de custo Incremento de receitas Melhoria da imagem institucional Economias devido à redução do consumo de energia e outros insumos Aumento da contribuição marginal de produtos verdes que podem ser vendidos a preços mais altos Renovação do portfólio de produtos Economias devido a reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes Aumento da participação no mercado devido à inovação dos produtos e à menor concorrência Aumento da produtividade Redução de multas e penalidades por poluição Linhas de produtos para novos mercados Alto comprometimento do pessoal – Aumento da demanda por produtos que contribuam para a redução da poluição Melhoria nas relações de trabalho – – Melhoria e criatividade para novos desafios – – Melhoria das relações com governo, comunidade e grupos ambientalistas – – Acesso assegurado ao mercado externo – – Melhor adequação aos padrões ambientais Fonte: adaptado de Donaire (1999, p. 59). 5 Dimensões da gestão ambiental O espectro de aplicação da gestão ambiental é vasto, e podemos afirmar que intervenções antrópicas, individuais ou empresariais, em qualquer área de atuação, devem estar enquadradas por processos 18 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . regulatórios que contribuam não somente para o planejamento empre- sarial, mas também para a avaliação dos impactos ambientais. De acordo com Barbieri (2007, p. 26-27), [q]ualquer proposta de Gestão Ambiental inclui no mínimo três di- mensões, a saber: (1) a dimensão espacial, que concerne à área na qual se espera que as ações de gestão tenham eficácia; (2) a dimensão temática, que delimita as questões ambientais às quais as ações se destinam; e (3) a dimensão institucional, relativa aos agentes que tomaram iniciativas na gestão. 6 Sistemas de gestão ambiental (SGA) O aumento do comprometimento de pessoas físicas e das empre- sas com o meio ambiente ultrapassa aspectos meramente atitudinais ou mesmo a realização de medidas isoladas que se mostraram insufi- cientes para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos e tem levado ao estabelecimento de diretrizes que regulamentem as opções de melhoria no desempenho ambiental. Surgem assim os sistemas de gestão ambiental (SGA), conceito que engloba um conjunto de ações administrativas e operacionais que visam mitigar os efeitos negativos das atividades humanas sobre a natureza (CURI, 2011) e que são inte- gradas à gestão empresarial global mediante política ambiental formu- lada pela própria empresa e coerente com a política econômica global (ALENCASTRO, 2012). Como filosofia de funcionamento, o SGA deve se orientar por ci- clos de retroalimentação estabelecidos com base em mensurações, diagnós ticos e auditorias, isto é, constitui-se num processo de melhoria contínua que pode ser esquematizado pelo ciclo PDCA (figura 3) e estar integrado à política ambiental da empresa. 19Meio ambiente e gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 3 – O ciclo do PDCA na gestão ambiental Planejamento de metas, objetivos, métodos e procedimentos Execução das tarefas planejadas Act Plan Check Do Ação para a realização de correções ou melhorias Verificação do resultado das tarefas realizadasOs principais sistemas de gestão ambiental, como o BS 7750 (Reino Unido), o EMAS (União Europeia), o Environmental Management Program e o Canadian Standards Association (Canadá), têm em co- mum a implantação de uma política ambiental que orienta as decisões de melhoria de desempenho ambiental das empresas e que, conforme a figura 3, devem ser concretizadas mediante: planejamento (Plan); im- plementação e operacionalização de ações específicas (Do); verificação de desvios e resultados (Check); propostas de ações corretivas (Act); e, finalmente, uma análise crítica, isto é, uma revisão da efetividade dos processos. Considerações finais A crescente conscientização de que recursos são finitos e que a de- gradação ambiental é causadora de danos, muitos deles irreparáveis, tem despertado o estudo dos problemas ambientais nas mais variadas áreas do saber, desde a área da saúde, preocupada com as doenças re- lacionadas à escassez de água potável ou à poluição ambiental, à área agrícola, impactada por fenômenos atmosféricos outrora inexistentes e que devastam safras, passando pela área empresarial, que desenvolve 20 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . soluções para descarte de lixo tóxico, mecanismos de produção mais limpos ou estratégias de aproveitamento de resíduos sólidos. O desenvolvimento sustentável de qualquer empresa passa pela in- tegração dos processos de gestão ambiental à sua estratégia, o que só é viável com a conscientização de todos os problemas ambientais. As políticas e as normas de gestão ambiental passam a integrar a base do processo decisório das empresas. Referências AITKEN, James. Supply Chain Integration within the Context of Supplier Association. 1998. Tese (PhD em Filosofia) – School of Management, Cranfield University, Cranfield, 1998. Disponível em: <https://dspace.lib.cranfield.ac.uk/ handle/1826/9990>. Acesso em: 20 ago. 2018. ALENCASTRO, Mario Sérgio Cunha. Empresas, ambiente e sociedade. Curitiba: InterSaberes, 2012. BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. CURI, Denise. Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOFÍSICA E ESTATÍSTICA (IBGE). Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv4730. pdf>. Acesso em: 8 mar. 2018. POLUIR. In: DICIONÁRIO eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 1 CD-ROM. SANTOS, Vanessa Sardinha dos. Sete desastres ecológicos causados pelo homem no mundo. Brasil Escola, [s. l.], 2018. Disponível em: <http://brasilescola. uol.com.br/biologia/sete-desastres-ecologicos-causados-pelo-homem-no- mundo.htm>. Acesso em: 8 mar. 2018. 21Meio ambiente e gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. SÁNCHEZ, Luiz Enrique. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. SÃO PAULO (Município). Prefeitura de São Paulo. A coleta de lixo em São Paulo. 2017. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ regionais/amlurb/coleta_seletiva/index.php?p=229723>. Acesso em: 8 mar. 2018. VILELA JÚNIOR, Alcir; DEMAJOROVIC, Jacques. Modelos e ferramentas de gestão ambiental. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013. 22 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 23 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 2 Políticas e normas de gestão ambiental Um grande número de consumidores, governos e empresas de toda a cadeia de suprimentos – especialmente os mais conscientes com as causas ambientais – procura constantemente formas de reduzir impac- tos ambientais e aumentar sua sustentabilidade no longo prazo. Para isso, faz-se necessário que governos desenvolvam políticas de proteção ambiental, que consumidores se conscientizem (assimilan- do formas de mitigação de problemas ambientais) e que as empresas adotem sistemas de gestão que sejam compatíveis com a preservação ambiental, reduzindo poluentes e destinando corretamente resíduos sólidos. 24 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Se o sucesso de uma empresa depende de uma gestão simulta- neamente eficiente (fazer certo as coisas) e eficaz (fazer as coisas certas), operando em áreas atraentes do mercado, obtendo custos baixos e mantendo a confiança dos seus stakeholders, é também ne cessário que, como parte do seu sistema da gestão global, o siste- ma de gestão ambiental (SGA) desenvolva e implemente sua políti- ca ambiental, gerenciando os aspectos ambientais (VILELA JÚNIOR; DEMAJOROVIC, 2013). Dado que o meio ambiente é único para todas as empresas, as ações empresariais avulsas, isto é, que não estejam enquadradas por políticas ambientais e que não sejam reguladas por normas e diretri- zes uniformes, poderão ter seus efeitos atenuados e, no longo prazo, perder a efetividade. A política ambiental das empresas estabelece e divulga as diretrizes que, respeitando a legislação vigente e melhorando o desempenho ambiental, devem ser respeitadas no processo decisório empresarial. De nada serve a uma empresa preservar uma área florestal se ela continua emitindo poluentes para a atmosfera, pois no curto prazo e considerando a escala global da natureza, a capacidade de absorção de poluentes compensada pela floresta preservada pode resultar em um saldo ambiental zero. Com o desenvolvimento e o crescimento da empresa, esse resultado seguramente não será benéfico para o am- biente, afetando sua regeneração. As empresas devem implementar políticas que direcionem as suas decisões – investimento, produção e comercialização – de forma a não afetar a capacidade de regeneração do meio ambiente. O desenvolvimento de políticas ambientais, conjugado com o esta- belecimento de normas de gestão ambiental, e a conscientização do ser humano com relação aos problemas ambientais são fatores críticos ao desenvolvimento harmoniosodo ser humano. 25Políticas e normas de gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 1 Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) No estabelecimento das políticas ambientais, as empresas brasilei- ras devem atender à Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), ins- tituída pela Lei nº 6.938/1981 (BRASIL, 1981). Na figura 1 é possível analisar o que aborda a PNMA, que tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no país condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida hu- mana, além de enquadrar os instrumentos de gestão ambiental. Figura 1 – Estrutura da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) Lei de crimes ambientais Política Nacional de Resíduos Outra legislação ambiental Normas voluntárias reguladoras dos sistemas de gestão ambiental Política Nacional do Meio Ambiente Integrando a PNMA, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei nº 12.305/2010 e regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010, e dispõe sobre princípios, objetivos, instrumentos e di- retrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, assim como as responsabilidades dos geradores, do poder 26 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . público e os instrumentos econômicos aplicáveis (BRASIL, 2010). Um vasto aparato jurídico, incluindo a lei dos crimes ambientais, torna a legis lação ambiental brasileira uma das mais completas do mundo (BRASIL, 2018). Esse conjunto de legislação é amparado pela Política Nacional do Meio Ambiente, que estabelece diretrizes que impulsionam a forma- ção de consciência ambiental, possibilitam e regulamentam o desen- volvimento de sistemas de gestão ambiental e licenciam e fiscalizam atividades que causem impactos ambientais utilizando um sistema de órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal, dos territórios e dos municípios, bem como as fundações instituídas pelo poder público. Esta rede de organizações nos diferentes âmbitos da fe- deração, responsável pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), conforme apresentado no quadro 1. Quadro 1 – Estrutura do Sisnama CONSELHO DO GOVERNO Assessora o presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA) Assessora, estuda e propõe ao Conselho de Governo diretrizes de políticas para o meio ambiente e os recursos naturais MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA) Formula e implementa políticas públicas ambientais nacionais INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA) Exerce o poder de polícia ambiental e executa ações das políticas nacionais de meio ambiente INSTITUTO CHICO MENDES Executa ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e de políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis 27Políticas e normas de gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O Ibama e o Instituto Chico Mendes são os órgãos executores das políticas de meio ambiente, cabendo ao Conama: exercer funções con- sultivas e deliberativas, assessorando e propondo ao governo diretrizes para as políticas ambientais; realizar estudos sobre consequências am- bientais de projetos públicos e privados; decidir em último recurso so- bre multas e penalidades impostas pelo Ibama; e estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, de forma a garantir o equilíbrio entre os seres vivos e o meio ambiente. Além desses órgãos nacionais, também estados, Distrito Federal e municípios devem regionalizar as medidas emanadas do Sisnama, ela- borando padrões supletivos e complementares. 2 ISO 14000 É propósito deste livro realçar, entre os objetivos da política de meio ambiente, as questões de preservação e de movimentação de recursos que mais impactam na economia, condicionando o desenvolvimento das empresas. Para isso é fundamental relacionar a atividade empresa- rial ao meio ambiente. Meio ambiente pode ser conceituado como o meio de onde a so- ciedade extrai os recursos, quer os essenciais à sobrevivência, quer aqueles demandados pelo processo de desenvolvimento econômico (SÁNCHEZ, 2008). Uma vez que o meio ambiente é simultaneamente o fornecedor de recursos que possibilitam a elaboração de produtos e o receptor desses produtos, as questões ambientais são consideradas universais e permanentes. • Universais pois ultrapassam as fronteiras naturais dos países, dado que as cadeias de valor são globais – qualquer produto é composto de insumos provenientes de qualquer parte do mundo e consumido e descartado ao redor do mundo. 28 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Permanentes pois a sua análise não é temporal – o meio ambien- te é um bem das gerações presentes e futuras, pois os recursos são finitos e, quando não são repostos, no futuro não poderão servir de insumo a novos produtos. A universalidade do meio ambiente e a crescente conscientização ambiental impulsionaram o desenvolvimento de normas ambientais voluntárias que auxiliam e disciplinam as empresas e seu processo de gestão ambiental. IMPORTANTE As organizações utilizam normas (padrões) como base de comparação contra algo que pode ser avaliado, como os atributos ou as caracterís- ticas que devem estar presentes em produtos por razões de segurança ou de qualidade. Esses padrões podem ser definidos pela empresa e desenvolvidos para melhorar sua eficiência ou uma vantagem competitiva; já outros são ex- ternos às empresas e dividem-se em duas categorias: normas obrigató- rias e regulamentadas pelo governo e normas voluntárias desenvolvidas e gerenciadas pelo setor privado. A violação das normas governamen- tais pode levar a multas ou litígios; a violação de normas voluntárias pode levar à perda de certificação e de oportunidades de negócios. A série de normas voluntárias ISO 14000 foi criada em 1991 pela International Organization for Standardization (ISO) para ajudar empre- sas na implementação ou no melhoramento de sistemas de gestão am- biental e desde então está em desenvolvimento, de forma a aumentar a eficiência da gestão ambiental. A criação da série de normas ISO 14000 foi inspirada nas especi- ficações da norma britânica British Standards (BS) 7750, existente na época e descontinuada após a publicação das normas ISO 14000. Mais tarde, a contribuição das normas da União Europeia, expressa pelo Eco-Management and Audit Schema (Emas), voltadas para planos 29Políticas e normasde gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. específicos de atuação baseados no conceito de desenvolvimento sus- tentável, e do programa canadense CSA – Environmental Management Program, que desenvolveu um conjunto de iniciativas ambientais, in- cluindo sistemas de gestão ambiental e sistemas de auditoria, molda- ram a série de normas ISO 14000, que passou a integrar, de forma mais objetiva, a perspectiva de ciclo de vida nos processos de gestão am- biental, tal como expresso na atual norma ISO 14001. No Brasil, a série ISO 14000, que trata de sistemas de gestão ambien- tal, é publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) como a norma ABNT NBR ISO 14001, que está em sua terceira edição, válida a partir de 6 de novembro de 2015. PARA SABER MAIS A ISO, baseada em Genebra, na Suíça, desde 1946, é uma organização não governamental essencial no desenvolvimento de normas voluntá- rias, que podem ser adotadas por seus 162 países-membros. Embora todas as normas desenvolvidas pela ISO sejam de aplicação facultativa, muitas são convertidas ou citadas em legislações por países-membros da ISO. Saiba mais sobre a ISO consultando o site da instituição. A série ISO 14000 é uma família de padrões agrupados em normas e diretrizes relativas a sistemas de gerenciamento e padrões de suporte relacionados em terminologia e ferramentas específicas, como a audi- toria (o processo de verificação de conformidade do sistema de geren- ciamento com o padrão), e que diz respeito principalmente ao processo de gestão ambiental, isto é, especifica o que a organização deve fazer para minimizar os efeitos nocivos sobre o meio ambiente causados por suas atividades. A ISO 14000 diz respeito à forma como uma organização aborda seu trabalho, e não diretamente ao resultado desse trabalho, ou seja, diz respeito a processos, e não a produtos. A forma como a organização gerencia seus processos afetará seu produto final. A norma ISO 14000 30 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . estabelece diversos elementos de gestão, de forma a garantir que um produto tenha o menor impacto prejudicial ao meio ambiente, tanto du- rante sua produção quanto em sua eliminação, seja pela poluição que pode causar, seja pelo esgotamento dos recursos naturais. O objetivo da norma ISO 14000 é prover uma estrutura para a pro- teção do meio ambiente e possibilitar uma resposta às mudanças das condições ambientais em equilíbrio com as necessidades socioeconô- micas e sem prejuízo de outros sistemas de gestão já utilizados nas empresas. A ISO 14000 atende à demanda dos sistemas de gestão ambiental implementados pelas organizações e define procedimentos de gerenciamento e de auditoria ambiental, bem como métodos de ava- liação do desempenho ambiental, e está estruturada de acordo com o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) – ferramenta de gestão utilizada no controle de processos e solução de problemas (figura 2) –, além de es- tabelecer três conjuntos de ferramentas importantes na implementação de um SGA: 1) avaliação do ciclo de vida; 2) avaliação do desempenho ambiental; e 3) rotulagem ambiental. De acordo com a NBR ISO 14001, as etapas do ciclo PDCA, quando aplicadas a um sistema de gestão ambiental, podem ser descritas da seguinte forma: Figura 2 – Etapas do ciclo PDCA Plan (planejar) Do (fazer) Check (checar) Act (agir) Estabelecer os objetivos ambientais e os processos necessários para entregar resultados de acordo com a política ambiental da organização. Implementar os processos conforme planejado. Monitorar e medir os processos em relação à política ambiental, incluindo seus compromis- sos, objetivos ambientais e critérios operacio- nais, e reportar os resultados. Tomar ações para melhoria contínua. Fonte: adaptado de ABNT (2015). 31Políticas e normas de gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2.1 Avaliação do ciclo de vida No estudo de impactos ambientais é importante conceituar o ciclo de vida do produto que Vilela Júnior e Demajorovic (2013, p. 328) defi- nem como o “conjunto sequencial das etapas necessárias para que um produto cumpra a sua função, desde a obtenção de recursos naturais até seu destino final”, isto é, o seu descarte. A função de transporte deve ser incluída pois é uma atividade geradora de impactos ambientais e presente em todas as etapas do ciclo de vida dos produtos (figura 3). Figura 3 – Estágios do ciclo de vida de um produto Extração de recursos naturais Transformação industrial Comercialização e uso Destino final Transporte Fonte: adaptado de Vilela Júnior e Demajorovic (2013, p. 328). A avaliação do ciclo de vida (ACV) consiste num método de verifica- ção dos fatos que incidem sobre o desempenho ambiental de um produ- to desde o seu design até a produção e depois seu descarte final. Portney (1994, p. 69) define ACV como uma “metodologia utilizada para identificar energia e outros recursos necessários, assim como os impactos ambien- tais associados a cada estágio do ciclo de vida do produto”. A avaliação do ciclo de vida ajuda as empresas a analisarem todos os aspectos das suas operações e integrá-los na tomada de decisão rela- tiva aos processos estratégicos e operacionais. Ao analisar um produto 32 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . ou serviço através de todas as etapas do seu ciclo de vida (aquisição de matérias-primas, fabricação, transporte, uso/reutilização/manutenção, reciclagem/gerenciamento de resíduos e sistemas de abastecimento de energia relevantes), a ACV faz uso do sentido holístico da informação ambiental e pode ser usada no projeto de um novo produto ou na avalia- ção de um produto existente. Segundo a norma NBR ISO 14040, um estudo de ACV tem quatro componentes básicos (ABNT, 2009): 1. Definição de objetivos e escopo: identificação das razões para conduzir o estudo, a quem se pretende comunicar os resultados, qual o sistema de produto1 a ser estudado, requisitos de dados, métodos e limitações do estudo. 2. Análise do inventário do ciclo de vida: identificação, compilação e quantificação das entradas e saídas para um determinado produ- to ou serviço. 3. Análise de impacto: avaliação e compreensão da magnitude e sig- nificado dos impactos ambientais de um dado produto ou serviço. 4. Interpretação: avaliação e implementação de oportunidades para reduzir os encargos ambientais. Embora a ACV tenha muitos aspectos positivos, ainda apresenta mui- tos desafios, incluindo custos elevados, pois a pesquisa para muitos pro- dutos é complexa, tornando-se cara; dados insuficientes ou inadequados, uma vez que, para uma ACV, é necessário grande quantidade de dados, e haverá inevitavelmente uma série de lacunas de informação; dados in- conclusivos, pois a avaliação do ciclo de vida é baseada em informações1 Segundo a NBR ISO 14040, um sistema de produto é o “[c]onjunto de unidades de processo, conectadas material e energeticamente, que realiza uma ou mais funções definidas” (ABNT, 2009, p. 3). 33Políticas e normas de gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. ambientais que se modificam rapidamente, levando a que os pressu- postos utilizados no processo possam ser questionados; e falta de uma metodologia padrão que compare impactos ambientais – por exemplo, comparando dois tipos diferentes de poluição –, o que agrava o proble- ma, visto que o reflexo dos resultados das avaliações do ciclo de vida para a qualidade de vida e para os impactos ecológicos nem sempre é compreendido da mesma forma. 2.2 Avaliação do desempenho ambiental A ABNT NBR ISO 14031, parte integrante da família de normas NBR ISO 14000, trata da avaliação do desempenho ambiental (ADA), que é definida como um processo para facilitar as decisões gerenciais com relação ao desempenho ambiental e que compreende a seleção de in- dicadores, a coleta e análise de dados, a avaliação da informação em comparação com critérios de desempenho ambiental, os relatórios e informes, as análises críticas periódicas e as melhorias deste processo. A avaliação do desempenho ambiental permite que uma empre- sa compreenda e quantifique mais claramente onde ela se encontra atualmente e até onde deve chegar para poder alcançar seus objetivos ambientais. O ADA proporciona à empresa uma ferramenta sistemáti- ca para gerar informações úteis, selecionando ou definindo quais indi- cadores de desempenho ambiental serão utilizados. As avaliações de desempenho ambiental são normalmente complementadas com audi- torias ambientais que verificam a conformidade com os requisitos defi- nidos pela NBR ISO 14001. Indicadores de desempenho ambiental são classificados em duas categorias: indicadores de desempenho gerencial e indicadores de de- sempenho operacional, conforme apresentados no quadro 2. 34 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Quadro 2 – Exemplos de indicadores de desempenho ambiental INDICADORES DE DESEMPENHO GERENCIAL INDICADORES DE DESEMPENHO OPERACIONAL • Número de iniciativas implantadas para prevenção de poluição • Número de treinamentos em questões ambientais aplicados • Número de sugestões de empregados para melhoria ambiental • Número de multas e penalidades ambientais sofridas • Quantidade de materiais reutilizados no processo de produção • Quantidade de água reutilizada • Quantidade de energia utilizada para a fabricação de cada produto • Custo de combustível utilizado em movimentação de produtos 2.3 Rotulagem ambiental Rotulagem ambiental consiste nas “declarações que constam nos rótulos de produtos, indicando seus atributos ambientais” (VILELA JÚNIOR; DEMAJOROVIC, 2013, p. 350). É crescente a demanda por parte dos consumidores por produtos que não prejudicam o meio ambiente, e por isso muitos produtos expli- citam em seus rótulos essa informação. Mas como uma pessoa julga o impacto ambiental de um produto? Como os consumidores avaliam a validade de uma declaração de produto sobre os impactos ambientais? Como avaliam o rótulo? Essas questões enaltecem a necessidade da criação de regras sobre rotulagem ambiental para garantir ao público que os produtos atendam a padrões ambientais mínimos. Os procedimentos de certificação são projetados para garantir a credibilidade dos rótulos e a confiança do público. De acordo com a norma NBR ISO 14020, que trata de rótulos e declarações ambientais, o objetivo é promover a demanda e o fornecimento dos produtos e servi- ços que causem o menor impacto ambiental através de comunicação e informações precisas e verificáveis que não sejam enganosas sobre aspectos ambientais de produtos e serviços, estimulando assim o po- tencial para uma melhoria ambiental contínua, ditada pelo mercado. 35Políticas e normas de gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Como um primeiro passo, é necessário que o organismo que forne- ce os rótulos determine o método de verificação que será utilizado, de modo que os seguintes são os mais usuais: • Declaração de conformidade: quando o fabricante autodeclara a conformidade. • Revisão da documentação de suporte: nesse caso, a entidade que outorga o rótulo exige da empresa provas documentais de conformidade. • Avaliação da fase de produção e da cadeia de custódia dos pro- dutos rotuláveis. • Teste em amostras do produto. PARA SABER MAIS A rotulagem ambiental certifica com selos ambientais produtos que foram produzidos com menos impacto negativo ao meio ambiente em relação a outros produtos similares disponíveis no mercado, reconhe- cendo que as empresas produtoras se enquadram em ações de susten- tabilidade. Uma possível classificação de selos ambientais desenvolvi- da pela ISO estabelece os seguintes tipos de selos ambientais: tipo I, que tem como base critérios de ciclo de vida (regulamentado pela NBR ISO 14024); tipo II, que permite às empresas divulgarem na mídia os benefícios ambientais que o produto alcança (regulamentado pela NBR ISO 14021); e tipo III, que exige a avaliação do ciclo de vida como requi- sito ao selo ambiental. A família de normas ISO 14000 está em constante atualização, de forma a suprir consistente e eficientemente a demanda dos sistemas de gestão ambiental e atender às necessidades das empresas na abor- dagem aos desafios legais, comerciais e outros relacionados ao meio ambiente, além de assegurar a todos que a empresa está cumprindo as políticas ambientais estabelecidas. 36 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3 Auditorias ambientais Auditoria ambiental é uma ferramenta da gestão utilizada para carac- terizar a situação ambiental da empresa, avaliando de forma sistemáti- ca se o desempenho ambiental está em conformidade com as políticas ambientais e se os processos de gestão e os equipamentos utilizados são adequados para cumprir os padrões ambientais predeterminados. Nesse contexto, entre as várias definições de auditoria ambiental, salien- tamos as expressas pela International Chamber of Commerce (ICC) nos textos da NBR ISO 14000 e as do Conama, apresentadas no quadro 3. Quadro 3 – Definições de auditoria ambiental International Chamber of Commerce (ICC) Uma ferramenta de gestão que utiliza uma avaliação sistemática, periódica, objetiva e documentada dos aspectos ambientais da organização, da gestão e dos equipamentos utilizados de forma a verificar se estão atuando com o objetivo de ajudar a salvaguardar o meio ambiente (KARAGIORGOS et al., 2008). NBR ISO 14000:2004 (auditoria interna) Processo sistemático, independente e documentado para obter evidência de auditoria e avaliá-la objetivamente, determinando assim a extensão em que os critérios de auditoria sãoatendidos. Resolução Conama nº 306/2002 Processo sistemático e documentado de verificação executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências que determinem se as atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria estabelecidos nesta resolução, e para comunicar os resultados desse processo. Analisando as definições de auditoria ambiental verifica-se a existên- cia de vários elementos comuns. Assim, é consensual que a auditoria é um processo sistemático, isto é, metódico, organizado e planejado; é um processo documentado, pois todas as etapas são registradas; e é um processo conduzido de forma objetiva, pois os resultados são apresen- tados seguindo os critérios estabelecidos para a auditoria e baseiam-se na comparação de evidências (VILELA JÚNIOR; DEMAJOROVIC, 2013). 37Políticas e normas de gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A auditoria visa facilitar a atuação e o controle da gestão ambiental da empresa, assegurando que a planta industrial esteja dentro dos pa- drões de emissão exigidos pela legislação ambiental (DONAIRE, 1999). O desenvolvimento da auditoria ambiental é o resultado da necessi- dade de empregar ferramentas efetivas internas para gerenciar ques- tões ambientais. O trabalho dos auditores é analisar a eficiência das estratégias de gestão, propondo modificações para o seu aperfeiçoa- mento (CURI, 2011). Para determinar os tipos de auditorias ambientais, podemos dividi-las em três grupos em função da vinculação da equipe ou do time de audi- tores (VILELA JUNIOR; DEMAJOROVIC, 2013): o primeiro representa as auditorias internas (ou terceirizadas), solicitadas e pagas pela empresa; o segundo representa a contratação de auditorias por organizações ex- ternas à empresa para avaliar eventuais passivos ambientais; e o terceiro representa as auditorias realizadas por organismos independentes para emissão de certificados, como é o caso da ISO 14000. Uma auditoria ambiental integra um processo de melhoria contínua, sendo normalmente executada com base no ciclo PDCA. De acordo com Barbieri (2007, p. 220), o processo proposto pela ICC divide a audi- toria ambiental em três fases, conforme a figura 4. Figura 4 – Divisão da auditoria ambiental Atividades pré-auditoria Atividades de campo (auditoria propriamente dita) Atividades pós-auditoria Fonte: adaptado de Barbieri (2007, p. 220). As atividades de pré-auditoria incluem a definição dos critérios de auditoria, o escopo da auditoria, a seleção da unidade ou dos recursos 38 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . que serão auditados, o planejamento da auditoria propriamente dita, a seleção de auditores que conduzirão os trabalhos com objetividade e imparcialidade e os limites de atuação dos auditores. As atividades de campo incluem entrevistas visando à identificação do sistema de gestão, a avaliação de riscos e controles internos pela identificação de pontos fortes e fracos, a coleta de dados, a aplicação de testes, a avaliação de resultados e a elaboração preliminar de relató- rios de resultados. As atividades pós-auditoria incluem a reavaliação do relatório pre- liminar e a elaboração do relatório final; na sequência devem ser esta- belecidos planos de ação que indiquem responsabilidades para ações corretivas e deve-se proceder ao acompanhamento do plano certifi- cando-se de que os procedimentos foram executados corretamente. As auditorias ambientais impactam na eficácia da gestão dos pro- cessos empresariais e, consequentemente, na eficácia dos sistemas de gestão ambiental, auxiliando a empresa na redução de multas por incompatibilidade regulamentar na identificação precoce de proble- mas, na economia de custos com resíduos e no aumento da sua repu- tação ambiental. Considerações finais Neste capítulo foram analisados os principais instrumentos que en- quadram as questões ambientais nas empresas. Por um lado, muito embora as normas que regulamentam as ações ambientais das empre- sas sejam de adesão voluntária, a constatação de impactos ambientais resultantes de práticas ambientalmente incorretas, como o desmata- mento ilegal, leva os governos a estabelecer normas protetoras do meio ambiente; por outro lado, a conscientização das populações aumenta progressivamente a exigência de produtos e serviços ambientalmen- te corretos, o que leva as empresas a procurarem sistemas de gestão 39Políticas e normas de gestão ambiental M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. alinhados a práticas ambientalmente corretas, incorporando nos siste- mas de gestão normas ambientais e procedendo a auditorias ambien- tais. A questão que agora se coloca é saber quais são os obstáculos e as oportunidades para as empresas que cumprem as normas ambien- tais e buscam o seu desenvolvimento em mercados altamente compe- titivos. Esse tema será abordado no próximo capítulo. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Introdução à NBR ISO 14001:2015. 2015. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/publicacoes2/ category/146-abnt-nbr-iso-14001>. Acesso em: 26 mar. 2018. ______. NBR ISO 14040: gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida: princípios e estrutura. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. BRASIL. Ministério das Cidades. Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 ago. 2010. p. 2. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 17 mar. 2018. ______. Ministério do Meio Ambiente. Decreto no 7404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm>. Acesso em: 26 jul. 2018. ______. Ministério do Meio Ambiente. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 set. 1981. p. 16.509. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l6938.htm>. Acesso em: 10 ago. 2018. 40 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . ______. Ministério do Meio Ambiente. Legislação. 2018. Disponível em: <http:// www.mma.gov.br/legislacao-mma>.Acesso em: 26 mar. 2018. CURI, Denise. Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. KARAGIORGOS, Theoganis et al. Environmental auditing – Conceptual framework and contribution to the business. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ACCOUNTING AND FINANCE, 2., 2008, Thessaloniki. Conference Proceedings… Thessaloniki: [s. n.], 2008. Disponível em: <http://www.drogalas. gr/uploads/publications/Environmental_auditing_Conceptual_framework_and_ contribution_to_the_business_environment.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2018. PORTNEY, Paul R. The price is right: making use of life cycle analysis. Issues in Science and Technology, Dallas, v. 10, n. 2, p. 69-75, 1994. SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e méto- dos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. VILELA JÚNIOR, Alcir; DEMAJOROVIC, Jacques. Modelos e ferramentas de gestão ambiental. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013. 41 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 3 Desenvolvimento sustentável Qualquer gestor empresarial tem de gerir duas empresas em simul- tâneo: a empresa presente e a empresa futura. A empresa presente é gerida por meio de seus departamentos funcionais (marketing, financei- ro, comercial, recursos humanos, meio ambiente, saúde e segurança do trabalho, etc.); já a empresa futura é gerida por meio do planejamento, ou seja, com ações que não comprometam negativamente o futuro e que proporcionem o desenvolvimento empresarial sustentável. A sustentabilidade no desenvolvimento empresarial é resultado da capacidade da empresa em tomar decisões simultaneamente eficien- tes (fazendo certo as coisas) e eficazes (fazendo as coisas certas), ope- rando em áreas atraentes do mercado e obtendo custos baixos. 42 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A consciência ambiental faz gestores e empresas agregarem ao seu horizonte estratégico e à prática operacional as questões ambientais, de- senvolvendo-se assim, nas empresas, os sistemas de gestão ambiental. Os sistemas de gestão ambiental (SGA), ao auxiliarem as empresas a lidar corretamente com o meio ambiente, não somente melhoram a imagem da empresa no mercado mas também aumentam a eficiência produtiva, ajudam a economizar matéria-prima e energia e reaproveitam resíduos de fabricação e de consumo. Ao aumentarem a eficiência em- presarial, os SGAs tornam-se condição necessária ao desenvolvimento sustentável de uma empresa. A aplicação das normas da série ISO 14000 no processo de gestão empresarial aumenta a eficácia empresarial, pois indica o que deve ser feito para minimizar impactos ambientais e melhorar o desempenho ambiental, garantindo dessa forma o desenvolvimento sustentável da empresa. 1 Desenvolvimento sustentável Entre as definições de desenvolvimento sustentável, a mais popu- lar é da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Relatório de Brundtland): “Desenvolvimento que atenda as necessida- des do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades” (UNITED NATIONS, 1987, tradução nossa). Essa definição foi ampliada e ainda é debatida, e em- bora o objetivo essencial de cuidar das gerações futuras continue a ser o mesmo, outros aspectos foram integrados no conceito de desenvol- vimento sustentável. A visão economicista do desenvolvimento começou a ser critica- da ao não considerar as questões sociais e ambientais, mas somen- te os aspectos produtivos e as taxas de crescimento econômico. Até que na conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 43Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Desenvolvimento, ou Earth Summit, também conhecida como Rio-92 ou Eco-92 – realizada no Rio de Janeiro em 1992 –, foi proposto um novo padrão de desenvolvimento sustentável baseado em três pilares: sustentabilidade ambiental, econômica e social. Entre as conclusões da Eco-92 podemos destacar o desenvolvimen- to de dois instrumentos: a Agenda 21, conjunto abrangente de diretri- zes para alcançar a sustentabilidade ambiental, social e econômica que foi adotada por 172 nações; e a elaboração da ISO 14000, família de normas internacionais de gestão ambiental. IMPORTANTE O conceito de desenvolvimento sustentável expresso pela Agenda 21 aborda um desenvolvimento que não esgota, mas antes conserva e reali menta sua fonte de recursos naturais. Também não inviabiliza a socieda de, mas promove a repartição justa dos benefícios alcançados, que não é movido apenas por interesses imediatistas, e sim baseado no planeja mento de sua trajetória, e que, por essas razões, é capaz de manterse no espaço e no tempo, comprometendose assim com gerações futuras. Esse movimento levou ao aprimoramento do modelo inicial de de- senvolvimento sustentável, que priorizava o desenvolvimento econômi- co em relação ao desenvolvimento ambiental e social, e que nesse novo contexto passou a garantir um nível básico de qualidade de vida para todas as pessoas e a proteção dos sistemas ambientais e sociais que faziam com que a vida fosse possível e valesse a pena (ALENCASTRO, 2012). Nesse contexto, a sustentabilidade do desenvolvimento pressu- põe que a economia se desenvolva em conjugação com o ecossistema,1 o que nem sempre é viável, dado o conflito de interesses ocasionado 1 Conjunto dos seres vivos e dos fatores ambientais presentes em determinada região onde vivem, como o solo, a água, o ar e a própria luz solar. 44 Impacto ambiental e logística reversa Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . pelos atuais padrões de utilização de recursos e desigualdades sociais entre países com diferentes graus de desenvolvimento. Partindo do princípio de que não se devem considerar conflitantes as metas ecológicas e econômicas, pois, para sua sobrevivência, os siste- mas econômicos dependem dos sistemas ecológicos de sustentação, Sachs (1993) refere que todo planejamento de desenvolvimento deve levar em conta cinco dimensões de sustentabilidade, conforme apre- sentado no quadro 1. Quadro 1 – As cinco dimensões do desenvolvimento SOCIAL ECONÔMICA ECOLÓGICA ESPACIAL CULTURAL Maior equidade da distribuição de renda Maior eficiência na gestão dos recursos Uso racional de recursos para preservação do ambiente Distribuição geográfica equilibrada das populações Soluções customizadas de acordo ao local, cultura e ecossistema Fonte: adaptado de Sachs (1993). A assimilação da visão humanista de Sachs, em princípio de difícil aceitação no mundo empresarial, progressivamente tem inspirado nas empresas práticas sustentáveis de desenvolvimento, como é o caso dos mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL), que contribuem na redução de gases de efeito estufa ou de captura de carbono, ou dos processos de reciclagem,
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