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FUNDAMENTOS DE PERIODONTIA Medicina periodontal O biofilme é um conjunto de micro-organismos emaranhados em uma matriz de polímero orgânico que estão aderidos a uma superfície; é uma organização de microrganismos que colonizam a boca, no geral está em desequilíbrio pois está em excesso. Quando ele está em excesso causa desarmonia e o corpo responde com o processo inflamatório. À medida que essa inflamação aumenta tem a migração da gengivite para a periodontite. Nem todo paciente que tem gengivite tem periodontite, mas todo paciente que tem periodontite tem gengivite. Os biofilmes são formados pela deposição e adesão de microrganismos em uma superfície de contato, formando uma matriz de exopolissacarídeos (EPs), onde iniciam ser crescimento, podendo conter DNA, proteínas, lipídeos e carboidratos, liberados pelas bactérias do biofilme. Em poucas palavras, é o acúmulo de uma camada de bactérias envoltas por um tipo de muco (glicocálice) na parede de tubulações, canos, e superfícies em geral quando ficam expostas a alta umidade (é falta de uma limpeza vigorosa). Hipótese da placa inespecífica: Achava-se que a quantidade de placa causaria doença; Qualquer acúmulo (biofilme subgengival) de microrganismos libera produtos nocivos que levariam a inflamação e a gengivite e periodontite. Pequena quantidade de biofilme, produtos nocivos são neutralizados pelo hospedeiro. Grandes quantidades de biofilme poderiam superar as defesas do hospedeiro. O tratamento era a remoção do biofilme. Hipótese da placa específica: Loesche 1976; Qualidade de placa; Patogenicidade do biofilme depende da presença ou aumento de microrganismos específicos e não de todos; Esses microrganismos específicos produzem substâncias que medeiam a destruição dos tecidos periodontais do hospedeiro; Melhora nas técnicas de detecção de microrganismos periodontais; quando falamos de Porphymonas gingivalis está relacionada a periodontite crônica ou Aggregatibacter actinomycetemcomitans está relacionada a periodontite agressiva e casos refratários - geralmente estão associadas aos casos periodontais mais complexos; Prevotella intermedia: Periodontite e gengivite (indução) e Tannerella forsythia: Periodontite ativa. Grupo vermelho e laranja são os mais associados diretamente com a doença periodontal; sendo os do grupo laranja é um de transição. Os resultados demonstraram que a microbiota oral sofre influência da temperatura, pH, presença de oxigênio, disponibilidade de nutrientes e os mecanismos de defesa do hospedeiro. Hipótese da placa ecológica: Marsh: 1990; Microrganismos considerados patógenos periodontais podem ser encontrados mesmo em sítios saudáveis; nem todo o paciente com grande acúmulo de placa desenvolve doença periodontal; Biofilme é um ecossistema onde os microrganismos interagem entre si e com o hospedeiro; A quantidade de placa e microrganismos específicos influenciam na doença periodontal; Desequilíbrio com o hospedeiro pode ser: • Acúmulo excessivo de placa • Fatores do hospedeiro independentes de placa • Fatores ambientais (na boca; escovar os dentes, cuidar, ir ao dentista) A doença periodontal é multifatorial; a presença do microrganismo patogênico associado ao acúmulo de placa direciona para a doença. Pacientes com perfil de doença periodontal tem a maioria da sua microbiota em gram- negativo. Pacientes com perfil de cárie está mais associada a gram-positiva. A gengivite é um quadro reversível para a maioria das pessoas. A doença periodontal é uma doença multifatorial que leva em conta os fatores ambientais (ambiente da boca), do hospedeiro e micro-organismos. A destruição dos tecidos de suporte dos dentes pode ocorrer basicamente por dois processos: • Ação direta dos produtos produzidos pelos microrganismos • Ação indireta mediadas pelo sistema de defesa do próprio hospedeiro induzidas por microrganismos e seus produtos Quando falamos de periodontite, fala-se de perda óssea e comprometimento do periodonto de sustentação. Perda óssea vertical (apenas em alguns dentes) x Perda óssea horizontal (em vários dentes). O paciente que tem perfil de doença periodontal tem uma microbiota diferente do paciente que tem perfil da doença cárie. Infecção focal: É a disseminação de microrganismos e seus produtos de locais cronicamente infeccionados para outros órgãos e sistemas do corpo (além de uma condição inflamatória, existe a contaminação que pode ocorrer em um sítio do corpo para o outro; se o paciente tem uma condição periodontal mais grave os micro-organismos da boca do paciente, especialmente se ele tiver algum evento de imunossupressão, pode ter uma facilidade de colonizar outras áreas do corpo). A boca pode ser um foco de infecção para infecções mais graves no corpo do paciente especialmente imunossuprimidos, pacientes que estão internados A doença sistêmica aparece quando a bactéria se dissemina dos locais de infecção focal para órgãos distantes ou por via hematogênica ou por via linfática. Bacteremia: Circulação de microrganismos dentro do nosso corpo; em pacientes sistemicamente saudáveis esses microrganismos são prontamente eliminados; Pacientes imunocomprometidos tendem a apresentar maior dificuldade a combater infecções. Próteses valvares, defeitos cardíacos congênitos e implantes articulares podem servir de nichos para colonização de microrganismos bucais Sepse: É um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção. Conhecida como Infecção generalizada. O QUE É A MEDICINA PERIODONTAL? É um termo na área da saúde que se ocupa com o estudo do relacionamento bidirecional entre patologias periodontais e certas condições sistêmicas; faz a associação entre condições sistêmicas e a condição bucal especificamente associada a doença periodontal; corresponde ao relacionamento bidirecional entre o estado de saúde ou doença periodontal e o estado de saúde ou moléstia sistêmica. Existe fatores de risco e modificadores da doença periodontais (condições e comorbidades relacionados a doença periodontal) tais como: Diabetes, Tabagismo, Aterosclerose, Cardiopatias, Leucemia, Obesidade, Complicações gestacionais ou parto prematuro, Pneumonia, Artrite reumatoide, HIV… ALZHEIMER (Hipótese) DIABETES E DP Nos diabéticos mal controlados há uma diminuição da resposta imune à infecção; O espessamento dos vasos do periodonto dificulta o transporte de elementos nutritivos à intimidade dos tecidos; diabéticos tem maior frequência da doença periodontal, embora um controle rigoroso de higiene diminua a prevalência. Evidências experimentais e clínicas da relação direta entre a presença do DM com um maior risco para doença periodontal. “Pacientes diabéticos apresentam muitas alterações fisiológicas que diminuem a capacidade imunológica e a resposta inflamatória, aumentando à susceptibilidade às infecções” A doença periodontal influência no diabetes e o diabetes influencia na condição periodontal. Se o paciente tem saúde periodontal, o controle de insulina melhora. Se o paciente melhora as condições da diabetes, a condição periodontal também melhora. Início da diabetes: boca seca, vai ao banheiro muitas vezes, demora a cicatriz (há uma pergunta na anamnese sobre isso pensando na diabetes), úlceras, perda de visão associada, problemas cardíacos. Em diabéticos mal controlados há uma diminuição da resposta imune a infecção, há menos sangue chegando no periodonto. Estudos sugerem que infecções crônicas periodontais gram-negativas podem resultar no aumento da resistência insulínica, controle glicêmico ruim., complicando assim a severidade do diabetes. DOENÇA PERIODONTAL E PROBLEMAS CARDÍACOS “Pacientes com infecções periodontais graves apresentam maior incidência de manifestações clínicas de doença arterial coronária ou acidente vascular cerebral” Aterosclerose: Um dos principais;“Acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias e dentro delas. Um acúmulo de placas de colesterol nas paredes das artérias, o que causa obstrução do fluxo sanguíneo. As placas podem se romper e provocar oclusão aguda da artéria por meio de coágulos” (esse acúmulo de gordura nas paredes pode ter uma colonização bacteriana e formar um biofilme = placas de ateroma, essa placa pode entupir o vaso sanguíneo, formar trombos). A aterosclerose é caracterizada pela inflamação crónica da túnica íntima (a camada mais interna das artérias, em contato direto com o sangue) das artérias de grande e médio calibre; Inflamação que se deve basicamente, mas não se limita, à acumulação e oxidação de lipoproteínas na parede artéria. Pode haver biofilme colonizando as placas de ateroma podendo facilitar um AVC, um infarto. Endocardite: Endocardite bacteriana ou endocardite infecciosa é uma doença que pode ser causada além das bactérias, por fungos e vírus. Esta é uma doença na qual microrganismos se proliferam no endocárdio danificando as válvulas cardíacas. A alteração da válvula cardíaca é muitas vezes diagnosticada na infância. Periodontia está intimamente ligada à prevenção da endocardite infecciosa. Deficiente higiene bucal ou outras alterações dentárias como infecções periodontais podem induzir bacteremia. Microrganismos orais, quando na corrente sanguínea, podem causar infecções no tecido cardíaco danificado (alguma variação anatômica no coração que leva a uma maior susceptibilidade de acumular biofilme no coração); como protocolo existe a recomendação de profilaxia antibiótica para todos os procedimentos odontológicos que possam causar sangramento gengival, o que inclui quase todos os procedimentos do tratamento periodontal; facilidade de acumular biofilme no coração DOENÇA PERIODONTAL NA GESTAÇÃO Fator de risco para o parto pré-maturo e nascimento de bebês com baixo peso; parto antes das 32 semanas de gestação (o normal é 37 semanas); as bactérias podem chegar ao líquido amniótico. Resposta inflamatória tecidual exacerbada, aumento na produção: Prostaglandina, Interleucina 1 e Fator de necrose tumoral. Anticorpos contra microrganismos da boca, foram detectados no sangue fetal. Esses mediadores químicos também estão envolvidos no desencadeamento do parto. PGE2 e TNFα estão envolvidos no parto normal, e é possível que tenham nível aumentado por processos inflamatórios Fatores implicados na etiologia: infecção bacteriana disseminada sistemicamente. A infecção junto com os mediadores inflamatórios sistêmicos pode atuar como fator desencadeador da ruptura prematura da membrana placentária. Os partos prematuros que decorrem de infecções são indiretamente mediados pelo deslocamento de produtos bacterianos como endotoxinas (lipopolissacarídeos) e pela ação de mediadores inflamatórios produzidos pela gestante. TABAGISMO Inibe a ação do sistema imune e o processo inflamatório; contrai os vasos diminuindo a vascularização podendo mascarar os efeitos da doença periodontal e efeitos do tecido inflamado; A menor saturação de oxigênio no tecido periodontal atrapalha a cicatrização; reduz os resultados do tratamento; diminuição do volume salivar; a raspagem é mais difícil; fumantes apresentam risco de 2,7 a 6 vezes maior de doença periodontal; Ex- fumantes apresentam 2,3 vezes. Fumantes apresentam maior prevalência de periodontite moderada e avança. PACIENTES IMUNOSSUPRIMIDOS Possuem lesões mais específicas especialmente lesões necrosastes (periodontalmente falando); pode ter eritema gengival linear (Banda de coloração avermelhada; 2 a 3 mm de largura; presente na gengiva marginal livre; Não induzido por microrganismos). Doença Periodontal: Alguns estudos relatam aumento da perda de ligamento periodontal concomitante ao avanço dos estágios da AIDS (não é consenso) Profilaxia antibiótica: casos em que o paciente tem algum comprometimento como endocardite infecciosa, doença cardíaca congênita Treparia antibiótica convencional: infecções agudas, potencial de infecção em pacientes diabéticos. (Evita que haja disseminação do microrganismo) Associa amoxicilina com metronidazol (profilaxia antibiótica) É importante fazer a anamnese, pedir exames complementares.