Buscar

ANPP - Acordo de não persecução penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO 
Em dezembro de 2019 surgiu o Pacote Anticrime, introduzido com a Lei nº 13.964/2019, é uma legislação brasileira que fez diversas alterações no Código Penal, no Código de Processo Penal e em outras leis relacionadas à área criminal. Uma das mudanças significativas introduzidas por essa lei foi a introdução e regulamentação do acordo de não persecução penal no Brasil, que se trata de uma flexibilização do principio da obrigatoriedade da ação penal.
O acordo de não persecução penal sugiu a medida em que o sistema judicial criminal buscava formas praticas e eficazes de lidar com casos de menor gravidade, estipulando diversos requisitos necessarios para a celebração deste acordo, proporcionando uma alternativa à persecução penal em determinados casos. Deste modo, Ana Elisa Liberatore S. S. Prado conceitua o ANPP:
“O acordo de não persecução penal é um mecanismo legal que permite a resolução consensual de processos criminais, evitando o julgamento e uma eventual condenação do acusado. Esse acordo é estabelecido entre o Ministério Público e o acusado, sob supervisão judicial, e pode envolver uma série de condições que o acusado deve cumprir em troca do encerramento do processo criminal.”
O mecanismo do acordo de não persecução penal é um desenvolvimento recente introduzido no sistema de justiça penal e tem como objetivo a busca por alternativas ao processo penal tradicional, especialmente para crimes de menor potencial ofencivo.
A principal característica desse acordo é que, se o acusado cumprir todas as condições estipuladas, o processo criminal é arquivado, e ele não terá uma condenação em seu registro criminal. No entanto, o não cumprimento das condições pode levar à retomada do processo criminal.
A Lei Anticrime foi promulgada com o objetivo de promover mudanças no sistema de justiça criminal brasileiro para torná-lo mais eficaz, ágil e eficiente na resposta a crimes, sendo uma ferramenta que permite a resolução consensual de casos criminais sem a necessidade de um julgamento completo. Ele é aplicável em casos de crimes de menor gravidade, desde que atendam a certos critérios estabelecidos na legislação.
REQUISITOS
Para que um caso seja elegível para o ANPP, é necessário que o crime em questão não envolva violência ou grave ameaça à pessoa. Além disso, a pena mínima prevista para o crime não pode ser superior a 4 anos, e o acusado não deve ter condenações anteriores por crimes dolosos, exceto se forem de menor potencial ofensivo, conforme o art. 28-A, estabelece:
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 ( Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
O acusado que aceita o ANPP deverá cumprir algumas condições conforme demonstrado a cima, estas podem variar alternativamente/cumulativamente, sendo elas por exemplo o pagamento de multa, a reparação do dano causado, a prestação de serviços à comunidade, entre outras. Se todas as condições forem devidamente cumpridas, o processo criminal é arquivado, e o acusado não terá uma condenação em seu registro criminal.
O cumprimento das condições do ANPP deve ser fiscalizado e acompanhado pelo Ministério Público, e caso não sejam comprudos, pode levar à retomada do processo criminal.
O ANPP deve ser celebrado de forma voluntária pelo acusado, que deve reconhecer a autoria do crime, atravez de uma confissão formal e circunstanciada conforme Cheker ensina: 
Isso significa que cabe ao investigado confessar todos os elementos da prática criminosa de forma detalhada e minuciosa. Não se trata, assim, de uma confissão genérica, mas sim de um reconhecimento da prática do ato criminoso em todas as suas circunstâncias, entre elas a atuação do beneficiário no concurso de agentes, conforme será exposto. A confissão tem que ser integral, ou seja, não pode ser parcial ou sujeita a reservas. Não se aplica, assim, na fase do ANPP, o Enunciado nº 545 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) segundo o qual “Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal”
A Lei Anticrime, incluindo o ANPP, tem como objetivo tornar mais eficiente o sistema de justiça criminal brasileiro, promovendo a resolução consensual de casos que não envolvam violência ou crimes graves
O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) é celebrado na prática por meio de um processo que envolve a participação do Ministério Público, do acusado e do juiz, que deverá analisar e homologa-lo.
O MINISTÉRIO PÚBLICO
A principio o Ministério Público deverá avalia o caso concreto e decidir se a viabilidade para a celebração do ANPP, com base nos requisitos estipulados pela lei, como a gravidade do crime e a ausência de violência ou grave ameaça à pessoa. Se o Ministério Público considerar que o caso é adequado ele deverá obrigatoriamente fazer uma proposta ao acusado ou ao seu advogado, por se trata de direito público subjetivo do réu.
O acordo de não persecução penal é celebrado de forma voluntária, devendo o acusado concordar com os termos do acordo, incluindo a confissão da autoria do crime e o compromisso de cumprir as exigencias estabelecidas. Podendo o acusado consultar seu advogado antes de aceitar ou recusar a proposta do Ministério Público, sendo um negocio bilateral, ou seja, é possivel estas condiçoes serem negociadas entre o Ministério Públicoe o acusado, sendop adaptadas às circunstâncias específicas do caso.
Após a negociação das condições e sendo aceita pelo acusado, o acordo será submetido ao juiz responsável pelo caso para homologação. O juiz avalia se o acordo está em conformidade com a lei e se o investigado está voluntáriamente, formalmente e circunstacialmente confessando a autoria do crime. Se o juiz aprovar o acordo, ele o homologará, e o ANPP passa a ter efeito.
Se o acusado cumprir todas as condições dentro do prazo estipulado, o processo criminal deverá ser encerrado, e o acusado não terá uma condenação formal registrada em seu histórico criminal. O ANPP é uma alternativa ao julgamento e à condenação.
POSSIBILIDADE OU NÃO DE APLICAÇÃO DO ANPP A PROCESSOS INICIADOS ANTES DA VIGÊNCIA DO "PACOTE ANTICRIME"
Em regra, as leis penais costumam estabelecer a aplicação retroativa ou prospectiva. A aplicação retroativa estipula que a nova lei poderá ser aplicada nos casos anteriores à sua promulgação, enquanto a aplicação prospectiva significa que a lei se aplica apenas a casos ocorridos após a sua entrada em vigor.
Se tratando do "Pacote Anticrime", a legislação previa a possibilidade de aplicação do ANPP retroativamente a casos em andamento, desde que se cumprissem os requisitos estabelecidos na nova lei. No entanto, é importante observar que as disposições transitórias e as interpretações das cortes podem influenciar a aplicação prática do ANPP, deste modo, foi estabelecido pelo STF, de forma unanime, mantando a decisão do Ministo icardo Lewandowski, que o ANPP poderá ser aplicando nos processos que estiverem sido iniciados antes de sua vigencia, por se tratar de nova norma, mais vantajosa ao réu, devendo se aplicar o art. 5º XL, da CF, conforme tambem jurisprudencias:
PENAL E PROCESSO PENAL. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. ART. 28-A DO CPP . NATUREZA MISTA. POSSIBILIDADE DE ACORDO MESMO APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. RETROAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA. 1. O acordo de não persecução penal, incluído no ordenamento processual penal pelo art. 28-A da Lei 13.964 /19, possui natureza processual e penal, na medida em que estabelece causa de extinção da punibilidade. 2. Levando-se em consideração a natureza do art. 28-A do CPP , deve ser observada a regra segundo a qual a lei posterior mais favorável ao agente deve retroagir (art. 5º , XL da CF ), oportunizando a realização do acordo após o recebimento da denúncia, desde que antes da sentença. 3. Recurso conhecido e provido.
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. FRAUDE À LICITAÇÃO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. PACOTE ANTICRIME. ART. 28-A DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL . NORMA PENAL DE NATURA MISTA. RETROATIVIDADE A FAVOR DO RÉU. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DECISÃO RECONSIDERADA. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. 1. É reconsiderada a decisão inicial porque o cumprimento integral do acordo de não persecução penal gera a extinção da punibilidade (art. 28-A , § 13, do CPP ), de modo que como norma de natureza jurídica mista e mais benéfica ao réu, deve retroagir em seu benefício em processos não transitados em julgado (art. 5º , XL , da CF ). 2. Agravo regimental provido, determinando a baixa dos autos ao juízo de origem para que suspenda a ação penal e intime o Ministério Público acerca de eventual interesse na propositura de acordo de não persecução penal, nos termos do art. 28-A do CPP (introduzido pelo Pacote Anticrime - Lei n. 13.964 /2019).
Com relação a doutrina predominante tem defendido que o acordo de não persecução penal, possui normas de direito material e processual. Portando deviado a norma de direito material penal, que é regida pelo princípio que retroage os efeitos em benefício do réu, a maioria da doutrina, fundamenta que o acordo de não persecução penal deve ser aplicado retroativamente. Desde que, esteja presente os requisitos do artigo 28-A.
VANTAGENS E DESVANTAGENS
Em sintese, o acordo de não persecução penal vem oferecendo benefícios para o ordenamento juridico, como a redução do congestionamento judicial e a oportunidade de reabilitação para o acusado, mas também apresenta desafios, como preocupações com desigualdade de acesso e possível impunidade. É importante que a implementação do ANPP seja cuidadosamente monitorada e regulamentada para garantir que ele seja usado de maneira justa e equitativa.
REFERÊNCIAS
BARROSO, Darlan. Lei Anticrime Comentada (13.964/2019). [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2020. E-book. ISBN 9786555591897. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555591897/. Acesso em: 18 set. 2023.
CABRAL, Rodrigo Leite Ferreira. Manual do Acordo de Não Persecução Penal. 5ª Edição. São Paulo: Editora JusPodivm, 2023.
CHEKER, Monique. A Confissão do Concurso de Agentes no Acordo de Não Persecução Penal. In: WALMSLEY, Andréa; CIRENO, Lígia; BARBOZA, Márcia Noll (orgs.). Inovações da Lei n.º 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Coletânea de Artigos. v. 7. 2ª Câmara de Coordenação e Revisão. Brasília: MPF, 2020
NUCCI, Guilherme de S. Manual de Processo Penal. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559643691. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559643691/. Acesso em: 18 set. 2023.
PRADO, Ana Elisa Liberatore S. S. Acordo de Não Persecução Penal: Uma Análise Crítica. São Paulo: Editora Jurídica, 2021.
SANTOS, Marcos Paulo D. Comentários ao Pacote Anticrime. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559645077. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645077/. Acesso em: 18 set. 2023.

Continue navegando