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43 | P á g i n a Palavras Chave: Transtorno de personalidade limítrofe; Impulsividade; Humor. JOÃO VICTOR FREIRE DE CASTRO¹ JOÃO PAULO FARIAS DA SILVEIRA1 EMILE NYCOLLE DA SILVA SOUZA1 RAFAELLY MARIA PINHEIRO SIQUEIRA1 GILBERTO SANTOS CERQUEIRA1,2 FRANCISCO EVERTON PEREIRA DA SILVA1 MARIA CLARA DUARTE DE FIGUEIREDO1 EDVAR MACIEL BARBOSA NETO1 ARTUR TELES MOREIRA GOUVEIA COUTINHO1 VITÓRIA COSTA DE MATOS BARBOSA4 JOÃO ERIVAN BARRETO FAÇANHA2 MARCIA DE MOURA SANTOS3 ISADORA CALISTRO GREGÓRIO5 JOÃO CHAVES HILUY6 TRANSTORNO BORDERLINE: O DESAFIO NO DIAGNÓSTICO, MANEJO E TRATAMENTO 1. Discente da Faculdade De Medicina, Centro Universitário Unichristus 2. Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará 3. Assistente Social do Hospital Santo Antônio, Ceará 4. Discente da Universidade de Fortaleza 5. Médica do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto, Ceará 6. Médico Psiquiatra do Centro Universitário Unichristus Capítulo 06 10.59290/978-65-6029-018-1.6 44 | P á g i n a INTRODUÇÃO O transtorno de personalidade limítrofe é um distúrbio psicológico caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade na regula- ção do afeto, controle dos impulsos, dos relaci- onamentos interpessoais e da autoimagem sem- do muitas vezes subdiagnosticado e a maioria dos pacientes que o apresenta também apre- senta condições psiquiátricas adicionais e vul- nerabilidade subjacente a estados emocionais de hiperexcitação e estressores sociais e inter- pessoais (MENDEZ-MILLER et al., 2022). Entre os transtornos de personalidade, tem- se como mais comum o Transtorno de Persona- lidade Borderline (TPB). Estima-se que a inci- dência desse transtorno é maior em mulheres do que em homens, em uma proporção de 3:1, ten- dendo a ser mais elevada em pessoas jovens do que em idosos. A prevalência do TPB na popu- lação em geral varia em torno de 6%, podendo ser maior em ambientes que atendam pessoas com problemas de saúde mental, a exemplo de clínicas e hospitais psiquiátricos, nos quais po- de atingir 20% (LEITE & CAMPOS, 2016). É válido ressaltar ainda que de acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA), os índices de morbidade por esta doença são al- tos, visto que as taxas de suicídio em pessoas que possuem TPB podem chegar a 40% (ME- LO et al., 2021; MAZER et al., 2017). Estudos recentes apontam também que o TPB pode estar associado a distúrbios compor- tamentais, que incluem autolesão provocada e, em casos mais graves, consumação do próprio ato suicida. Além disso, podem estar associados a comorbidades, entre as quais podemos citar os transtornos alimentares, os transtornos pós-tra- umáticos, o abuso de drogas e, até mesmo, ou- tros transtornos de personalidade (GONZALEZ et al., 2022). O National Institute of Mental Health (NIMH) descreve que as principais fontes de risco para TPB não são completamente claras, mas pesquisas sugerem que a história familiar, as mudanças estruturais e funcionais no cére- bro, os fatores sociais, culturais e ambientais podem influenciar o risco de um indivíduo de- senvolver o transtorno (DE ARAUJO et al., 2021; NIMH, 2023). No entanto, o fato de o risco ser aumentado, não implica, necessaria- mente, o desenvolvimento do TPB. Da mesma forma, indivíduos que não apresentam tais fato- res de risco podem desenvolver a patologia em algum período da vida (NIMH, 2023). No Qua- dro 6.1, podemos observar os principais fatores de risco. Portanto, o objetivo desse trabalho é reali- zar uma síntese dos aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos, diagnósticos e tratamento da referida patologia, e assim poder ajudar e con- tribuir para o conduzir esclarecimento e condu- ção dessa doença. Quadro 6.1 Fatores de risco para desordem Borderline Abuso Sexual na Infân- cia Separação ou perda pre- coce e vínculo parental Estresses durante a pri- meira infância Abuso físico na infância Personalidade antisso- cial Estresses durante a pri- meira infância Hereditariedade Fatores Sociais Fonte: Tabela elaborada pelos autores, a partir de PARIS et al., 1994. ETIOPATOGENIA Etiologia As causas do TPB não são totalmente co- nhecidas e envolvem uma combinação com- plexa de pelo menos três elementos: genéticos, neurobiológicos e ambientais. A interação entre esses aspectos desempenha um papel na predis- 45 | P á g i n a posição ao desenvolvimento do TPB (BOHUS et al., 2021). Existe uma razoável evidência que aponta para a presença de fatores genéticos no TPB. Estudos realizados em famílias revelaram uma maior ocorrência do transtorno entre pa- rentes de primeiro grau de portadores de TPB em comparação com os indivíduos em geral. Além disso, pesquisas em estágios iniciais su- gerem que uma possível causa dos problemas interpessoais nesses pacientes pode estar relaci- onada a alterações na função dos neuropeptí- deos. Desregulações químicas nos neurotrans- missores, como a serotonina, também podem estar implicadas nesse transtorno. Ademais, si- tuações traumáticas e experiências adversas na infância podem levar ao desenvolvimento do TPB. Abuso físico, sexual ou emocional, negli- gência e instabilidade familiar são fatores que podem resultar em dificuldades no desenvolvi- mento das habilidades de regulação emocional e na formação de uma identidade estável, pro- piciando, dessa forma, uma maior vulnerabili- dade ao TPB (SKODOL et al., 2019). Fisiopatologia A fisiopatologia relacionada ao transtorno de personalidade limítrofe ainda não é total- mente compreendida, porém há vários fatores que colaboram para o seu surgimento. Esses fa- tores vão desde fatores genéticos, fatores psi- cossociais, fatores neuronais e, até mesmo, hor- monais (como o eixo hipotálamo-hipofisário). Relação do eixo hipotálamo-hipofisário (HPA) O principal sistema relacionado ao controle e regulação do estresse é o eixo hipotálamo-hi- pófise-adrenal (HPA). Esse eixo funciona da seguinte forma: (1) por meio de um estímulo de estresse (2) o hipotálamo vai liberar o hormônio liberador de corticotropina (CRH). Esse CRH vai agir sobre a (3) hipófise anterior, que em resposta começa a produzir/secretar o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Por sua vez, o ACTH vai, por meio da circulação sistêmica, agir no (4) córtex da adrenal, fazendo-o secretar o cortisol. O cortisol vai ter várias funções, co- mo fazer feedback negativo na secreção de CRH e ACTH, aumentar os níveis de açúcar no sangue e restaurar a homeostase após a exposi- ção ao fator estressante (DREWS et al., 2019). O Borderline tem íntima relação com um estado de estresse patológico orgânico. Anor- malidade no funcionamento desse eixo já é bem estabelecido em patologias psiquiátricas, como na depressão (MURRI et al., 2014). De forma geral, vários estudos foram reali- zados para aferir a relação entre os níveis de cortisol e os sinais e sintomas de pacientes com Borderline. Em resumo, vários estudos sugerem que há uma supressão patológica de cortisol no transtorno de personalidade limítrofe, porém, sempre ressaltando, que essas são evidências inconsistentes (DREWS et al., 2019). Fatores psicossociais É comum na anamnese de um paciente com TPB, relatar-se algum tipo de evento nega- tivo/traumático, principalmente na infância. Porém, ainda não foi feita nenhuma associação psicopatológica entre as experiências traumáti- cas e o desenvolvimento da TPB, na vida adulta (LEICHSENRING et al., 2011). É importante falar que um dos principais pontos de eventos traumáticos relatados são abusos infantis, po- rém, mesmo eles não são patognomônicos do TPB (PARIS et al., 2005). Fatores genéticos Ainda nenhum gene específico foi direta- mente relacionado ao TPB, porém estudos su- gerem uma forte ligação entrea associação de uma predisposição genética, com os fatores am- bientais. Umas das principais características 46 | P á g i n a clínicas sugeridas na TPB é a agressividade, sendo está altamente relacionada a uma res- posta serotoninérgica reduzida, e assim, alguns genes podem estar envolvidos no sistema sero- toninérgico. Diante disso, o principal gene rela- cionado foi o gene transportador de serotonina (5-HTTLPR), fazendo que desde um haplótipo (com alelo curto) seja relacionado ao desenvol- vimento da doença, até a uma resposta ruim ao tratamento com fluoxetina (LEICHSENRING et al., 2011). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O TPB é uma condição de grande variabili- dade em relação ao seu quadro clínico, o que leva a uma dificuldade de entendimento por parte de profissionais da saúde, porém suas ca- racterísticas compreendem três grandes domí- nios: emoções fortes e instáveis, senso de iden- tidade volátil e inconstante e dificuldade na re- lação entre pessoas. A pessoa com TPB também pode apresentar diversas outras manifestações tais como automutilação, ideação suicida, sen- timentos crônicos de vazio, empenho extremo para evitar o abandono e surtos de agressivi- dade, os quais são o reflexo das alterações dos domínios já citados ou o método de confronto deles (BOHUS et al., 2021; LEICHSENRING et al., 2023). Outras características clínicas me- nos comumente associadas ao transtorno de personalidade limítrofe incluem sintomas dis- sociativos graves e comportamentos não condi- zentes com a idade (LEICHSENRING et al., 2023). Na Figura 6.1 podemos observar algu- mas das principais manifestações clínica do Borderline. Figura 6.1 Principais manifestações clínicas do Border- line DIAGNÓSTICO O diagnóstico do TPB, também conhecido como transtorno de personalidade limítrofe, é feito por profissionais de saúde mental, como psiquiatras ou psicólogos clínicos. Eles geral- mente seguem diretrizes estabelecidas pelo Ma- nual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), que é um guia amplamente utilizado para diagnóstico psiquiátrico (GUN- DERSON et al., 2018). No Quadro 6.2 obser- vamos alguns critérios do DSM-5-TR. Quadro 6.2 Critérios diagnósticos para transtorno de personalidade Borderline segundo DSM-5-TR Critérios diagnósticos para TPB segundo DSM-5-TR Esforços frenéticos para evitar o abandono real ou imaginário Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos que são caracterizados por extremos de idealização e desvalorização Distúrbio de personalidade: instabilidade acentuada e resistente da autoimagem ou do senso de identidade 47 | P á g i n a Impulsividade em pelo menos duas áreas que são potencialmente autodestrutivas (por exemplo, gastos, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente ou compulsão alimentar) Comportamento, gestos ou ameaças suicidas recorrentes ou comportamento de automutilação Instabilidade afetiva devido a uma marcada reatividade do humor (por exemplo, intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e raramente durando mais do que alguns dias) Sentimento crônico de vazio Raiva inapropriada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por exemplo, demonstrações de temperamento, raiva constante ou brigas físicas recorrentes) Ideação paranoide transitória relacionada ao estresse ou sintomas dissociativos graves Fonte: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition Text Revision [DSM-5-TR]), 2022 Para que esses critérios sejam coletados é realizada uma entrevista clínica com o paciente, para obter informações sobre sintomas, histó- rico médico, histórico familiar e funcionamento psicossocial. Diagnóstico diferencial Muitos pacientes com TPB constantemente buscam o tratamento em virtude de exacerba- ções de um ou mais transtornos mentais que co- existem com o TPB, sem que sejam previamen- te diagnosticados com TPB. Portanto, torna-se necessária uma avaliação minuciosa das psico- patologias apresentadas pelo indivíduo para a detecção, confirmação ou dissociação das cau- sas psicológicas responsáveis pelo quadro do paciente (GUNDERSON et al., 2018). Outros transtornos que podem estar presen- tes em indivíduos com TPB são as alterações de humor, caracterizadas pelo transtorno depres- sivo maior ou transtornos bipolares, ansiedade, transtornos de estresse agudo ou pós-traumá- tico, transtornos dissociativos, em relação ao uso de substâncias com álcool e drogas, com- portamento disruptivo ou somatoforme, trans- torno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), além de outros transtornos de perso- nalidade (SKODOL et al., 2019). A quantidade e o tipo de distúrbio que po- dem coexistir com o TPB é próprio para cada paciente, não sendo possível o estabelecimento de um padrão único para a apresentação das vá- rias possibilidades de quadros psicológicos que uma pessoa com TPB possa ter. Apesar do DSM possibilitar o diagnóstico de múltiplos transtornos que possam estar associados com o TPB, que possuem tratamentos específicos com várias drogas distintas, o que realmente é efe- tivo é uma terapêutica que seja efetiva e possa proporcionar qualidade de vida para o paciente, muitas vezes não correspondendo aos tratamen- tos típicos dessas enfermidades. Pode-se, tam- bém, levar em consideração para o diagnóstico a resposta ao tratamento na vigência da investi- gação de um possível transtorno, uma vez que é comum pacientes com TPB não responderem a antidepressivos e possuírem a regressão da de- pressão após a melhora do TPB (GUNDER- SON et al., 2018). Deve-se, portanto, ater-se às características apresentadas pelo paciente que não se enqua- dram a outro ou outros distúrbios, a fim de pos- sibilitar a construção do perfil único do indiví- duo com TPB, levando em consideração as suas peculiaridades, a vigência de demais transtor- nos que coexistem, seus principais gatilhos, os fatores exacerbadores e a resposta a medicações (PERROTTA, 2020). No Quadro 6.3 observa- mos os principais diagnósticos diferenciais do TPB. 48 | P á g i n a Quadro 6.3 Principais diagnósticos diferenciais do TPB Doença Características Transtorno bipolar (TB) As alterações entre a síndrome depressiva e a elevação do humor perduram por mais tempo (dias a meses), sendo associadas a eventos ambientais, enquanto os estados afetivos dos pa - cientes com TPB possuem uma oscilação mais rápida (horas ou dias) e se relacionam a fa - tores estressores, como o fracasso ou a rejeição. Transtorno depres- sivo maior (TDM) Presença de disforia na maior parte do dia, em quase todos os dias por duas semanas. Há relação com sintomas neurovegetativos sustentados relacionados ao sono, ao apetite e à energia. Pacientes com TPB possuem várias flutuações de humor durante um único dia e são marcados por perturbação da identidade e dos esforços constantes para evitar um possí- vel abandono, não sendo características de TDM. Transtorno depres- sivo persistente (TDP) Compartilha alguns sintomas com TPB, como a disforia crônica, excesso de alimentação e a baixa autoestima. Porém apresenta sintomas sustentados rela cionados a sono e energia, não presentes no TPB. Transtorno de es- tresse pós-traumático (TEPT) Compartilha a presença de um evento traumático anterior com o TPB, no entanto, apresenta sintomas relacionados à reexperiência do acontecimento traumático, evitação, elevação da excitação e entorpecimento, além de ser exacerbado por gatilhos ambientais específicos. O TPB não apresenta essas características, sendo marcado por problemas de autoimagem, re - lações interpessoais características e exacerbação por gatilhos estressores e frustrações ge- rais ou menosprezos interpessoais percebidos, não existentes no TEPT. Transtorno dissocia - tivo de identidade (TDI) Apresentaduas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos, cada qual com seu padrão específico de comportamento. O TPB possui um senso de identidade instável e flutuante com variações efêmeras de si, em relação à sua imagem, objetivos e valores. Em - bora partilhem de distúrbios de identidade, suas apresentações são distintas. Transtorno de déficit de atenção e hipera - tividade (TDAH) É caracterizado pela presença de desatenção e partilha com o TPB a labilidade afetiva e a impulsividade. No entanto, a tendência de automutilação, o medo do abandono ou as rela - ções interpessoais com alterações de extremos de idealização e desvalorização não são ma - nifestados no TDAH. Fonte: elaborado pelos autores, adaptado de SKODOL et al., 2019; PERROTTA, 2020. TRATAMENTO Para os guidelines de alguns países, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, a psicoterapia é o tratamento de escolha para a Desordem de Personalidade Borderline (DPB). Nesse contexto, esses guias enfatizam que não há um tratamento farmacológico específico para o distúrbio, uma vez que as drogas que são utilizadas, normalmente, têm enfoque em even- tuais comorbidades ou sintomas pontuais, tais quais impulsividade e inquietação severas, an- siedade e perturbação do sono (DOERING, 2019). Dentre as psicoterapias, cujo grau de evi- dência está cada vez maior, há cinco tratamen- tos bem estabelecidos para a condução da DPB, que serão explicitados no Quadro 6.4. De forma geral, a condução do paciente com DPB pode ser iniciada por um médico clí- nico geral, por meio de método denominado Manejo Psiquiátrico Geral (MPG), ou por um médico psiquiatra generalista, em uma aborda- gem denominada Manejo Clínico Estruturado (MCE) (CHOI-KAIN et al., 2017). O MPG se ocupa de intervenções e hábitos que são realizados fora do ambiente de terapia, ou seja, o objetivo maior é despertar no paciente o foco prioritário em suas próprias vocações, 49 | P á g i n a bem como seu papel na sociedade, em vez de relacionamentos românticos ou resolução de sintomáticos. Além disso, esse método também se ocupa da educação em saúde, reforçando o que é a doença e como se dá seu prognóstico, o que por vezes envolve uma equipe multiscipli- nar e várias consultas individuais e com a famí- lia, pois parte do pressuposto que problemas e abalos interpessoais desencadeiam uma piora do DPB. Já o MCE tem como base um conjunto de “consensos de experts”, reunindo o que há de melhor, na prática clínica, para o tratamento de DPB, o que significa dividir informações sobre a doença com o paciente e estabelecer um “contrato terapêutico” com o indivíduo. Assim, são estabelecidos pontos a serem melhorados e a cada consulta são debatidos os avanços e as dificuldades do paciente acerca desses aspec- tos. A comparação entre as duas formas de acompanhamento está no Quadro 7.5. Quadro 6.4 Psicoterapias realizadas e seus respectivos objetivos Psicoterapia Objetivo Terapia Comportamental Dialética Propõe que o indivíduo seja mais eficaz no gerenciamento de suas sensibilidades e interações, fazendo com que o indivíduo regule suas emoções e tolere melhor o sofrimento. Tratamento Baseado na Mentalização Utiliza como base a percepção do indivíduo sobre si e sobre os outros para que isso não resulte em erros de compreensão que gerem ações que tentem dar sentido a sentimentos incompreensíveis. Terapia Focada em Esquemas Utiliza uma variedade de técnicas cognitivas, comportamentais e experiências concentradas na relação terapêutica para gerar mudanças estruturais na personalidade do paciente. Psicoterapia Focada na Transferência Projeta sentimentos sobre pessoas e situações do passado para indivíduos e eventos do presente com o intuito de ajudar os pacientes a alcançar formas mais equilibradas e coerentes de pensar sobre si e sobre os outros. Treinamento de Sistemas para Previsibilidade Emocional e Resolução de Problemas Contempla sessões de grupo com planos de aula detalhados consistindo em elementos cognitivo-comportamentais, treino de competências e uma componente de sistemas. Fonte: Quadro elaborado pelos autores, a partir de CHOI-KAIN et al., 2017. Quadro 6.5 Comparação entre Manejo Clínico Estruturado (MCE) X Manejo Psiquiátrico Geral (MPG) Ações Manejo Clínico Estruturado (MCE) Manejo Psiquiátrico Geral (MPG) Foco Redução de sintomas e reabilitação social do indivíduo Fortalecimento interpessoal para a vida cotidiana fora da terapia Função do mé- dico Acompanhamento do caso, psicoeducação, técnicas de terapia dialética de comportamento e de tratamento baseado em mentalização Flexibilidade, construção da relação de confiança, acompanhamento do caso, psicoeducação. Terapia Individual, em grupo de resolução de problemas, familiar Individual, em grupo, familiar Manejo da crise Tratamento de suporte e resolução de problemas Prevenção Medicação Conduta conservadora e prescrição para comorbidades as- sociadas ao DPB Conduta conservadora Fonte: Quadro elaborado pelos autores, a partir de CHOI-KAIN et al., 2017. 50 | P á g i n a Como o DPB é associado a diversas comor- bidades, é comum que os pacientes utilizem medicações para o controle dessas repercus- sões, cujas principais são outras desordens mentais (ex.: depressão), abuso de substâncias, ideação e comportamento suicida, ansiedade, insônia, entre outras. Dessa forma, as classes mais utilizadas são discutidas no Quadro 6.3, que relaciona a droga com indicações, meca- nismo de ação e efeitos adversos (GAR- TLEHNER et al., 2021; DEL CASALE et al., 2021). É importante reconhecer que o paciente com DPB pode, por vezes, utilizar de 4 a 5 ou mais fármacos psicotrópicos (CHOI-KAIN et al., 2017), pois é possível que ocorra interação medicamentosa com outras drogas e, assim, o quadro clínico do paciente se altere, conforme o exposto do Quadro 6.6. Quadro 6.6 Principais classes utilizadas para manejo de comorbidades do DPB Antipsicóticos Droga Indicações Mecanismo de ação Efeitos adversos* Olanzapina Dose 2,5-5mg/dia: - Melhora da raiva intensa; - Instabilidade afetiva; - Sensação crônica de vazio; - Distúrbio de identidade; - Impulsividade; - Relacionamentos instáveis; Dose 5-20 mg/dia: - Ideação paranoica - Dissociação - Irritabilidade - Comportamentos suicidas - Depressão e ansiedade Antagonistas dos recep- tores serotonina 5HT2A e dopamina D2 Sonolência, ganho de peso, movimentos in- controláveis da muscu- latura facial, suor em mãos e pés, leucope- nia. Quetiapina Dose 150-300 mg/dia: - Raiva Intensa - Instabilidade afetiva - Sensação crônica de vazio - Distúrbio de identidade - Esforços constantes para evitar abandono - Relacionamentos instáveis - Ansiedade e depressão Antagonistas dos recep- tores serotonina 5HT2A e dopamina D2 Pode causar sonolên- cia, ganho de peso, au- mento dos níveis de triglicerídeos em jejum e resistência à insulina. Haloperidol Dose de 1-5 mg/dia: - Depressão, raiva, hostilidade e impulsividade - Algumas características esqui- zotípicas, ex.: ilusões de ideação paranoide e ideias de referência Bloqueador do receptor D2 da dopamina, redu- zindo sintomas de psi- cose e possíveis com- portamentos agressivos e hiperativos Pode causar sintomas extrapiramidais Aripiprazol Dose de 5-15 mg/dia: - Tratamento de sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) - Insegurança em relações soci- ais - Depressão, ansiedade, hostili- Agonista parcial do re- ceptor D2 da dopamina, sendo considerado um antipsicótico atípico Acatisia, agitação. 51 | P á g i n a dade/agressividade - Sintomas de fobias - Pensamentos paranoides Paliperidona Uso oral (3-6 mg/dia) ou injeção de longa ação (50-150 mg/dia): - Raiva - Impulsividade -Ideação paranoide - Sintomas dissociativos Antagonistas dos recep- tores serotonina 5HT2A e dopamina D2 Hiperprolactinemia e sintomas extra -pirami- dais Ziprazidona Dose 80 mg/dia: - Controle da raiva - Ideação paranoide - Impulsividade - Instabilidade emocional (ex- ceto ansiedade e sintomas de- pressivos) Afinidade com os recep- tores serotonina 5HT1B e 5HT2A e dopamina D2 (antipsicótico atípico) Taquicardia, dispneia, sensação de desmaio, rash, aumento da glice- mia sérica. Antidepressivos Droga Indicações Mecanismo de ação Efeitos adversos Fluoxetina Dose 20-80 mg/dia: - Redução da impulsividade, comportamento de autoagressão e sensibilidade à rejeição - Instabilidade de humor, de- pressão, ansiedade - Sintomas de TOC - Impulsividade, incluindo o uso de substância e reações exagera - das Melhora a neurotrans- missão serotoninérgica por meio de uma po- tente e seletiva inibição da recaptação de seroto- nina e Insônia, cefaleia, ton- tura, tremor, perda de apetite, boca seca. Fluvoxamina Dose 50-200 mg/dia: - Tratamento de depressão em pacientes obesos e TOC, e paci- entes com bulimia nervosa, que pode ser uma comorbidade do DPB. - Mudança rápida de humor no DPB Facilita a transmissão serotoninérgica por meio da inibição potente e seletiva da recaptação de serotonina nos neurô- nios pré-sinápticos Insônia, ansiedade, vi- são turva, sentimento de extrema infelici- dade. Antiepilépticos Droga Indicações Mecanismo de ação Efeitos adversos Valproato - Irritabilidade, sintomas impul- sivos e agressivos - Sentimento interpessoal de raiva/hostilidade Bloqueia os canais de sódio voltagem-depen- dentes e aumenta os ní- veis do ácido gama-ami- nobutírico (GABA) no cérebro Disforia, cefaleia, ar- tralgia, perda de apetite etc. Lamotrigina - Instabilidade afetiva e impulsi- vidade geral - Agressividade, raiva Bloqueia os canais de sódio voltagem-depen- dentes Cefaleia, tontura , visão borrada, tremor, boca seca, insônia. 52 | P á g i n a Outras opções *Ainda não se sabe o papel de algumas drogas no DPB, tais como memantina, naloxona/naltrexona, nalmefene, baclofen, clonidina, ocitocina e ômega -3. Estudos que exploram o papel hipotético dessas drogas têm como fator comum o uso de pequenas populações e, portanto, seria necessário aumentar o aporte amostral para que os efeitos farmacológicos pudessem ser mais abrangentes. Fonte: Quadro elaborado pelos autores, a partir de GARTLEHNER et al., 2021; DEL CASALE et al., 2021. *Os efeitos adversos são dose-dependentes. É importante ressaltar que há poucas evi- dências acerca do tratamento farmacológico do DPB. Nesse sentido, a abordagem realizada é baseada na oportunidade psicoterapêutica para manejar cenários clínicos complicados e even- tuais comorbidades que o paciente possa apre- sentar. Dessa forma, inicialmente, o paciente é referenciado para a terapia e as medicações, se necessárias, são voltadas aos sintomas e às ou- tras condições clínicas que podem ocorrer si- multaneamente ao DPB. Dentre as principais condições coexistentes que se inserem no ma- nejo terapêutico estão a ansiedade, o transtorno bipolar, a depressão e a psicose (WU et al., 2022). Como é possível que o paciente faça uso de várias medicações, é necessária atenção quanto às interações medicamentosas. Estas, por sua vez, são classificadas em (1) graves, quando oferecem risco de vida e requerem intervenção; (2) moderadas, quando são capazes de exacer- bar a condição clínica do paciente e demandam a modificação do esquema terapêutico; e (3) le- ves, quando as interações apenas limitam o efeito clínico da terapia (SUNNY et al., 2022). No Quadro 6.7 observamos as interações me- dicamentosas no paciente com distúrbios psi- quiátricos/DPB. Quadro 6.7 Interações medicamentosas no paciente com distúrbios psiquiátricos/DPB Interações Efeitos Ziprasidona + Haloperidol Prolongamento do intervalo QT e maior risco de arritmias ventriculares Quetiapina + Lamotrigina A exposição à Lamotrigina reduz os níveis séricos de Quetiapina Risperidona + Sertralina Prolongamento do intervalo QT e maior risco de arritmias ventriculares Risperidona + Fluoxetina Fluoxetina causa elevação da concentração sérica de certos neurolépticos quando administrados em conjunto. Dessa forma, há maior risco de efeitos extrapiramidais adversos. Fonte: Quadro elaborado pelos autores, a partir do trabalho de GUO et al., 2012; ALVAREZ & PAHISSA, 2010. Para além das interações medicamentosas, ressalta-se que a escolha adequada dos fárma- cos a serem utilizados pelo paciente deve ser in- dividualizada e efetiva, visto que algumas op- ções estão relacionadas ao ganho de peso, o que pode contribuir para maior labilidade emocio- nal, baixa autoestima e estresse (SILK, 2011). A exemplo dessa situação, antipsicóticos de se- gunda geração, tais como Olanzapina, estão as- sociados a efeitos metabólicos, como ganho de peso, diabetes mellitus e dislipidemia. En- quanto isso, antipsicóticos de primeira geração 53 | P á g i n a estão mais relacionados a sintomas de parkin- sonismo e discinesia (GUO et al., 2012), o que reforça a premissa de que o tratamento deve ser direcionado e avaliado quanto aos riscos e be- nefícios para cada paciente. PROBLEMAS SOCIAIS DOS PA-CI- ENTES COM BIPOLARIDADE OU TRANSTORNO DO HUMOR BIPO- LAR No dia a dia da atuação do assistente social é possível observar através das visitas domicili- ares e atendimentos nos leitos dos pacientes que a questão social interfere na eficácia do trata- mento, visto que na maioria das vezes a falta de conhecimento e esclarecimento acerca do diag- nóstico acarreta a não aceitação da doença e faz com que o paciente e familiares não busquem tratamento, pois desacreditam que há trata- mento para o referido diagnóstico, se fazendo necessário a intervenção de profissionais. Há casos em que mesmo fazendo o tratamento, o paciente e familiares desistem em virtude das dificuldades encontradas no Sistema Único de Saúde, como por exemplo a demora na marca- ção e realização das terapias. É fundamental que pacientes com bipolari- dade ou transtorno do humor bipolar tenham apoio da rede familiar, e que tanto o paciente quanto a família aceitem o diagnóstico e seja re- alizado o tratamento adequado para que o paci- ente possa ter uma melhor qualidade de vida. O Assistente Social passa a ter papel funda- mental quando a enfermidade é identificada pe- los profissionais com emissão de laudo cons- tando CID, passando a orientar ao paciente e fa- miliares dos direitos e deveres, inclusive da possibilidade do direito de um benefício, auxí- lio-doença ou até mesmo aposentadoria por in- validez, orientando que nos casos que este be- nefício for concedido deverá ser utilizado para fins da saúde do paciente. Assim, torna-se ne- cessário também, esclarecer o Art. 196. Da Constituição Federal que rege: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à re- dução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e ser- viços para sua promoção, proteção e recupera- ção. PROGNÓSTICO O primeiro estudo prospectivo de acompa- nhamento, em larga escala, do TPB foi o McLean Study of Adult Development (MSAD), que começou em 1992 e permanece em anda- mento (ZANARINI et al., 2005). Neste estudo, 290 pacientes com TPB e um grupo controle com 72 pacientes com outros transtornos de personalidade, foram recrutados em unidades de internação no McLean Hospital. Utilizando uma escala de avaliação global, os pesquisado- res do MSAD definiram a obtenção de 61 pon- tos como “boa recuperação”. Pode ser obser- vado que os pacientes com TPB apresentaramuma remissão mais lenta de seu distúrbio pri- mário do que os pacientes pertencentes ao grupo controle. Após 10 anos de segmento, 50% dos pacientes com TPB apresentaram a re- missão dos sintomas e após 16 anos de seg- mento, 60% dos pacientes com TPB alcança- ram esse resultado (ZANARINI et al., 2010). Posteriormente, os pesquisadores realizaram uma análise mais rigorosa de “excelente recu- peração”, definida como uma pontuação 71 na escala de avaliação global, associada ao cum- primento de todos os critérios de boa recupera- ção mais a ausência de um distúrbio comórbido que interferisse na funcionalidade do paciente com TPB. Verificou-se que apenas 39% dos pa- cientes com TPB (em comparação com 73% dos pacientes controle) alcançaram a remissão 54 | P á g i n a dos sintomas em 20 anos de acompanhamento (ZANARINI et al., 2018). O curso do TPB sugere uma apresentação heterogênea e tem a possibilidade de remissão do transtorno, definida pelo não preenchimento dos critérios de diagnóstico para TPB, por um período mínimo de dois anos consecutivos (SKODOL et al., 2007). As taxas de remissão do TPB podem variar com a idade do diagnós- tico, a adesão ao tratamento proposto, a manu- tenção de uma rede de apoio à pessoa com TPB e diversos fatores. Após o controle da gravidade, preditores como a idade mais jovem; ausência de história de abuso sexual na infância; ausência de histó- ria familiar de abuso de substâncias (álcool e/ou drogas); ausência de transtornos de personali- dade do grupo ansioso; baixo neuroticismo, alta socialização e um bom histórico vocacional são variáveis que predizem significativamente o tempo mais precoce para a remissão do TPB (ZANARINI et al., 2006). O prognóstico é melhor em pacientes cujas histórias incluem experiências positivas de rea- lização e relacionamentos interpessoais durante a infância ou adolescência. Quanto maior o nú- mero de experiências positivas e quanto maior o período de desenvolvimento que elas atraves- saram, melhor o prognóstico, sendo significati- vamente associado à remissão do transtorno (SKODOL et al., 2007). Uma história escolar ou ocupacional está- vel, um temperamento com maior nível de agra- dabilidade são fortes preditores do tempo para remissão. O neuroticismo, embora seja um as- pecto da personalidade normal, também é uma compilação de estados sintomáticos do TPB, como raiva, ansiedade e depressão. Claramente, os pacientes com TPB que são sobrecarregados com um grau mais alto desses estados ou traços teriam mais dificuldade em fazer progresso sin- tomático. Pacientes com personalidade mais extrovertida ou agradável podem ter mais faci- lidade em conseguir que outras pessoas os apoiem e auxiliem emocionalmente. Isso, por sua vez, pode ser crucial para o processo de me- lhora sintomática, pois pode amenizar as preo- cupações de abandono à medida que o pro- gresso está sendo feito (ZANARINI et al., 2006). O tratamento precoce projetado para pro- mover forças e competências pessoais e desen- volver habilidades interpessoais pode benefi- ciar pacientes jovens diagnosticados com trans- tornos de personalidade (SKODOL et al., 2007). As recorrências do TPB são relativamente raras, variando de 36% após uma remissão de dois anos a 10% após uma remissão de oito anos. As taxas de perda de recuperação após uma recuperação de dois anos são de 44% para pacientes TPB e, após uma recuperação de oito anos, são de 20%. O comprometimento vocaci- onal é a principal razão pela qual os pacientes falham em atingir e/ou manter a recuperação do TPB. Para alguns pacientes, o estresse relacio- nado às atividades ocupacionais pode levar a um surto de impulsos suicidas ou episódios de automutilação. Desse modo, esses pacientes de- vem tentar trabalhar apenas quando a maioria de seus sintomas mais graves estejam total- mente resolvidos (ZANARINI et al., 2012; TE- MES & ZANARINI, 2018). Alguns pacientes serão capazes de alcançar um bom ajuste vocacional e recuperação geral com o mínimo de apoio daqueles de quem são próximos. Outros, porém, conseguirão essa adaptação com muito apoio e esforço pessoal. E ainda outros simplesmente não podem ou não trabalharão de forma consistente e/ou compe- tente e, portanto, não atingirão essa definição multifacetada de recuperação. Eles também precisarão de apoio para suportar o sentimento de vergonha e o desapontamento decorrentes de não conseguirem alcançar a vida que um dia so- nharam e planejaram (ZANARINI et al., 2012). 55 | P á g i n a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVAREZ, P.A. & PAHISSA, J. QT alterations in psy- chopharmacology: proven candidates and suspects. Cur- rent Drug Safety, v. 5, n. 1, p. 97, 2010. BOHUS, M. et al. 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