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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Historicidade da Loucura Reforma psiquiátrica no Brasil e o Paradigma da desinstitucionalização PROFª. ROMEIKA SENA E O QUE É DOENÇA MENTAL? E lOUCO? Enquanto você Se esforça pra ser Um sujeito normal E fazer tudo igual Eu do meu lado Aprendendo a ser louco Um maluco total Na loucura real [MALUCO BELEZA – RAUL SEIXAS] Controlando A minha maluquez Misturada Com minha lucidez Vou ficar Ficar com certeza Maluco beleza Eu vou ficar Ficar com certeza Maluco beleza Loucura e História Cada época histórica vai tratar deste fenômeno de um modo característico, marcado pelo horizonte racional, cultural, social, político predominante no momento. 4 CONSIDERAÇÕES INTRODITÓRIAS - CONCEPÇÕES DA LOCURA ATRAVÉS DOS TEMPOS Pré – história : as pessoas com transtornos mentais eram tratadas de acordo com os ritos tribais. Se esses fracassavam, deixava-se que os indivíduos morressem de inanição ou fossem atacados por feras. Na antiguidade: O transtorno mental indicava insatisfação dos deuses, sendo uma punição por pecados e má conduta. 2 A Loucura na Idade Média Eixo central = Religião Loucura como possessão demoníaca; Loucura cuidada pela Igreja; Tratados pela caridade; Leprosários – doenças venéreas 6 PERÍODO RENASCENTÍSTA NAU DOS LOUCOS; Os loucos eram atirados como cargas insanas, rio abaixo; Valor social simbólico e ritual – água de lugar passagem – não podiam aprisiona-los as cidades; Higienização social; Loucos nos horizontes – preocupações do homens; A Loucura na Idade Moderna Eixo central = Racionalismo e Empirismo Loucura como desrazão; Cuidado passa a ser médico Psiquiatria; Início Séc XVII - Grande Internação – mendigos, pobres, bêbados, loucos, deficientes; Final Séc XVII e início do XVIII – Rev. Indust. Internação somente dos improdutivos (loucos e deficientes) – início da era manicomial. Era das grandes classificações psicopatológicas; 8 Primeiras mudanças... Em fins do século XVIII e no século XIX, surgem os asilos com valor terapêutico, e a loucura passa a ser definida como “alienação mental”, como proposto por Philippe Pinel, sendo integrada ao campo da Medicina. Origens da Psiquiatria Tradicional - 1 Pinel – Primeira Reforma Psiquiátrica: -Espaço próprio para a loucura, desenvolvimento de saber psiquiátrico, implicaram a apropriação da loucura pelo saber e práticas medicas. - Doença mental como de ordem moral – inaugura-se o tratamento moral; Esquirol, Kraeplin - Racionalidade da medicina mental: descrição de sintomas - classificação – lógica empirista. 10 Origens da Psiquiatria Tradicional - 2 Psiquiatria – imperativo de ordenação dos sujeitos. Higienização social. Orientação das ciências naturais – predomínio da medicina biológica. Modelo tão amplamente difundido que influencia até hoje em dia. 11 As Reformas da Reforma ou a Psiquiatria Reformada - As reformas posteriores à reforma de Pinel procuraram questionar o papel e a natureza, ora da instituição asilar, ora do saber psiquiátrico, surgindo após a Segunda Guerra, quando novas questões são colocadas no cenário histórico mundial. 12 O início da Psiquiatria no Brasil: inauguração, em 1852, do Hospício Pedro II pelo próprio imperador D. Pedro II; Entra em cena: o “Modelo Asilar” respaldado na proposta de tratamento moral formulada por Pinel e Esquirol; HOSPÍCIO PEDRO II LEGALIZAÇÃO DO MODELO ASILAR Por volta de 1886, Teixeira Brandão, primeiro psiquiatra diretor do Hospício Nacional de Alienados, e ardente defensor da total medicalização do asilo, consegue, enquanto deputado, a aprovação da primeira Lei brasileira do alienado (Psiquiatria como maior autoridade sobre a loucura); Fonte: Diário Oficial da União - Seção 1 - 24/12/1903, Página 5853 (Publicação Original) Sigmund Freud transforma a assistência psiquiátrica com a Psicanálise. Surge a visão do homem como um todo e a história de vida deste homem como o fator preponderante nos transtornos mentais. Ele estudou a mente, seus transtornos e respectivos tratamentos científicos. Emil Kraepelin (1856-1926): Iniciou a classificação dos transtornos mentais. Eugene Bleuler : Nomeou a “Esquizofrenia”. 17 SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX 18 1950 – Psicofarmacologia Farmacos Psicotrópicos: Antipsicótico – CLORPROMAZINA Antimaníaco – LÍTIO Reduziam a agitação, o pensamento psicótico e a depressão. O tempo da hospitalização diminuiu, e muitos pacientes puderam voltar para casa. ANOS 20 a 40: a Liga Brasileira de Higiene Mental O dispositivo da saúde mental A Profilaxia - A Eugenia – exclusão de grupos indesejados A Xenofobia - desconfiança, temor ou antipatia por pessoas estranhas ao meio daquele que as ajuíza, ou pelo que é incomum ou vem de fora do país Luta antialcoolista - “Controlar, tratar e curar” Século XX: “PSQUIATRIA CIENTIFICA” (Juliano Moreira) .....Aliança entre a ciência psiquiátrica e os projetos estatais de controle social. .....Condena-se os asilos, criam-se os hospitais.. Modelos de Colônias são implantados no país (perturbações como desajustamentos comportamentais) Anos 1950: Condena-se asilos, cria-se hospitais... Anos 1950: Condena-se asilos, cria-se hospitais... Liga Brasileira de Higiene Mental: “Controlar, tratar e curar” Golpe Militar de 1964: Hospitais psiquiátricos particulares conveniados pelo poder público; ..... Altos LUCROS!!! A Loucura na Idade Contemporânea Eixo central = Ciência Loucura como problema social e sociológico; Cuidado passa a ser interdisciplinar; Questionamento do modelo manicomial (Reforma Psiquiátrica) Movimento Antipsiquiátrico; 24 Raízes da Reforma Psiquiátrica Brasileira Reforma Sanitária – brasileira Implantação do SUS Reforma Psiquiátrica Brasileira 25 Início da Reforma Psiquiátrica Aumento dos leitos psiquiátricos 1941-1978 Públicos - 21.079 > 22.603 Privados - 3.034 > 55.670 Início dos anos 80 chegam a quase 100 mil leitos de psiquiatria aí incluídos os “leito-chão”. Início do Processo de Reforma Psiquiátrica O final da Ditadura no final dos anos 70 O cenário da redemocratização As novas lutas e os novos movimentos sociais A saúde previdenciária Os novos tempos: a reforma psiquiátrica 1978 - O Movimento dos Trabalhadores em Saúde mental e a redemocratização: Inclusão, solidariedade, cidadania NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS 1979 I Congresso Nacional de Trabalhadores de Saúde Mental – Instituto Sedes Sapiente - SP III Congresso Mineiro de Psiquiatria – A volta de Basaglia I Simpósio de Políticas de Saúde da Câmara – Brasília – O SUS e a Reforma Psiquiátrica Intervalo.... Os novos tempos: a reforma psiquiátrica 1987 - A I Conferência Nacional de Saúde Mental e o Movimento “Por uma sociedade sem Manicômios” - Bauru Deslocamentos: a) teórico e b) político As conferências, a reforma sanitária e o SUS A Constituinte de 1988 O SUS se torna política pública A Reforma Psiquiátrica geralmente era entendida como (ainda seria?): Sinônimo de reestruturação de serviços Introdução de novas tecnologias de tratamentos e cuidados Modernização ou humanização de serviços ou tecnologias Promulgação de uma nova legislação Riscos do Modelo assistencial A reforma psiquiátrica não é APENAS reforma de serviços Um outro objetivo para a Reforma psiquiátrica: a construção de um outro lugar social para a loucura e a doença mental - transformação das relações sociedade - loucura/doença mental Complexidade no Campo da Saúde Mental CIÊNCIAS/SABERES ↓ ÉTICA → AÇÃO ← POLÍTICA ↑ IDEOLOGIA Dimensões do processo de reforma psiquiátrica Teórico-conceitual Técnico-assistencial Jurídico-política Sóciocultural Dimensão epistemológica (teórico-conceitual) Crise paradigmática da ciência moderna a ciência como produtora de Verdade o mito da neutralidade dos saberes ditos científicosA dimensão técnico-assistencial A construção / invenção de novos serviços, estratégias e dispositivos A transformação do papel e da função dos técnicos, dos usuários, familiares e comunidades A dimensão político-jurídica Códigos civil, penal e sanitário Conceito de periculosidade social e inimputabilidade Custódia e tutela A dimensão político-jurídica Sofrimento psíquico e trabalho Educação Direitos sociais e humanos Cidadania Dimensão sócio-cultural Um novo lugar social para a loucura que não seja sinônimo de erro, irresponsabilidade, incapacidade, insensatez, desatino, defeito, ausência de obra Inclusão, solidariedade e cidadania Trabalho, cultura e lazer Dimensão sócio-cultural Transformar o imaginário social Produzir culturas e práticas sociais de solidariedade inclusão cidadania Dimensão sócio-cultural Cooperativas Associações Projetos culturais Intersetorialidade Outras tantas iniciativas da sociedade Dimensão Teórico- Conceitual Dimensão Técnico- Assistencial Dimensão Jurídico- Política Dimensão Sócio- Cultural As Dimensões da Reforma Psiquiátrica Enquanto Processo Social Complexo Desistitucionalização Segundo Basaglia, desinstitucionalizar não é somente modificar as formas de atenção à loucura, mas produzir modificações na cultura, na sociedade exclusora das diferenças, portanto, produzir modificações na racionalidade social sobre este fenômeno. 48 Uma cidade sem manicômios Santos, 03 de maio de 1989: a intervenção na Clínica Anchieta A invenção dos NAPS Projeto legislativo de reforma psiquiátrica PL 3657/89 - o projeto Paulo Delgado A ampliação do debate, os movimentos sociais, o empresariado e os familiares Reforma Psiquiátrica 1992 - II Conferência Nacional de Saúde Mental Portaria SAS 407/93 exigências mínimas hospitais 1993 - I Encontro da Luta Antimanicomial Reforma Psiquiátrica 1999 - Cooperativas sociais e Portaria 106 (introduz os serviços residenciais terapêuticos) 2000 - Portaria 1220 os regulamenta 2001 Ano Mundial da Saúde Mental Lei 10.216 - 06/04/01 - define direitos do portador - transtorno mental - define uma política assistencial - regulamenta a internação involuntária 2001 Ano Mundial da Saúde Mental III Conferência Nacional de Saúde Mental - 11 a 15 de dezembro de 2001 - Controle social – Cuidar sim, excluir não! Portarias 251/02 e 336/02 251 reclassifica hospitais psiquiátricos 336 reclassifica CAPS (mas não os define - “extingue os NAPS”) Desafios, perspectivas... Desinstitucionalização Desmaniconialização Resgate da cidadania Ressocialização Geração de renda ATIVIDADE VERIFICADORA DE ARENDIZAGEM Cada época histórica vai tratar do fenômeno da loucura de um modo característico, marcado pelo horizonte racional, cultural, social, político predominante no momento. a). Certo b). Errado Quais as dimensões da Reforma Psiquiátrica Brasileira? a).Teórico-histórico, jurídico-político, técnico-assistencial, socioeconômico; b). Teórico-conceitual, jurídico-político, técnico-assistencial, social; c). Sociocultural, técnico-assistencial, teórico-conceitual, jurídico-político; d). Sociocultural, técnico-assistencial, teórico-conceitual, jurídico-civil; Obrigado!! Referências BARROSO, S. M.; SILVA, M. A. Reforma Psiquiátrica Brasileira: o caminho da desinstitucionalização pelo olhar da historiografia. Revista da SPAGESP. São Paulo, v.12, n.1, p.66-78. 2011. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rspagesp/v12n1/v12n1a08.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2015. TENÓRIO, F. A reforma psiquiátrica brasileira, da década de 1980 aos dias atuais: história e conceitos. Revista Manguinhos. Rio de Janeiro, v.9, n.1, p.25-59. 2002. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v9n1/a03v9n1.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2015. E.M.M. Da institucionalização da loucura à reforma psiquiátrica: as sete vidas da agenda pública em saúde mental no Brasil. Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/60/48>. Acesso em: 14. Dez. 2015. VECCHIA, M.D.; MARTINS, S. T. F. Desinstitucionalização dos cuidados a pessoas com transtornos mentais na atenção básica: aportes para implementação das ações. Interface Comunic Saúde Educ. Santa Caratina, v.13, n.28, p.151-164. 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/icse/v13n28/v13n28a13.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2015. II ENCONTRO NACIONAL DE SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS EM SAÚDE MENTAL “Do Manicômio aos Serviços Substitutivos: da realidade que temos para a realidade que queremos.” 7, 8 e 9/09/2000 - Escola Bosque - Belém - Pará “ s . L i ó b n e r e d r a b d o e , s l a s i b s e r d s a a d e a b r e a . . “ II ENCONTRO NACIONAL DE SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS EM SAÚDE MENTAL “Do Manicômio aos Serviços Substitutivo s: da realidade que temos para a realidade que queremos.” 7, 8 e 9/09/2000 - Escola Bosque - Belém - Pará “ s . L i ó b n e r e d r a b d o e , s l a s i b s e r d s a a d e a b r e a . . “
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