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SAÚDE MENTAL HISTÓRIA E RAPS

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Feito por Ayane Paula - MED 14 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
2 
Praticamente todas as culturas primitivas serviam 
da hipótese demonológica para explicar a origem 
das doenças. Casos de enfermidades mentais são 
encontrados na Bíblia, em literários da Grécia e 
Roma, nos vestígios das culturas egípcias, 
babilônicas, incas, astecas e outras. 
Ainda não existem causas específicas que 
expliquem os transtornos mentais, salvo aqueles 
que são explicados por disfunções neurológicas 
e/ou fisiológicas. 
- A doença mental é MULTIFATORIAL: questões 
afetivas, orgânicas, sociais... 
TENDÊNCIAS DA PSIQUIATRIA 
1) Tentativa de lidar com acontecimentos 
inexplicáveis por meio da magia e religião; o 
doente mental sendo divinizado (Secs. VIII-IX) ou 
demonizado (Secs. X-XV); 
2) Tentativa de explicar as doenças da mente em 
termos físicos e biológicos (Secs. XV em diante), 
levando a terapias como: Eletrochoque (1928), 
Sono Profundo (1930), Choque Insulínico (1935) e 
Psicocirurgias (1936); 
3) Tentativa de encontrar explicações psicológicas 
para as perturbações mentais (Séc. XIX em diante). 
ESCOLA FRANCESA E A PRIMEIRA 
REVOLUÇÃO PSIQUIÁTRICA 
 A doença mental se torna objeto de estudo da 
medicina. 
 Até o século XVIII, a identificação de doentes 
mentais se baseava em critérios socioculturais 
imprecisos. 
 A sanção da lei de 1656 pelo rei Luís XIV teve 
finalidades policiais: indivíduos libertinos, 
charlatões, errantes, indigentes, mendigos, 
ociosos, ladrões, lunáticos, dementes, 
alienados e insanos de todas as espécies 
deviam ser eliminados publicamente ou 
levados à reclusão. 
 Entretanto, uma mudança fundamental 
ocorreu no século XVII, a partir da fundação de 
locais para o cuidado de doentes mentais. 
Antes temidos, hostilizados e rejeitados, os 
doentes passam a ser reconhecidos como 
objeto da psiquiatria, dignos de cuidados 
médicos. Tal mudança aboliu o caráter 
demoníaco das práticas alienistas da época 
medieval. 
 O objeto da psiquiatria só se constitui na 
medida em que o caráter médico das 
perturbações dos indivíduos é reconhecido e 
quando “a noção de doença mental se 
destacou com bastante nitidez”. 
 O reconhecimento do doente mental como 
paciente de patologia natural, acima de tudo 
orgânica, com efeitos psíquicos, coincide com 
a Revolução Francesa, época em que a defesa 
dos direitos humanos (igualdade, fraternidade 
e liberdade) era pregada pelo Iluminismo 
francês. 
PHILLIPE PINEL (1745-1826) 
 
Ato Pineliano 
 Pai da psiquiatria. 
 Phillipe Pinel (1745-1826) trabalhou nos 
hospitais parisienses de Bicêtre e Salpêtrière. 
Instituiu regras de funcionamento hospitalar, 
enfatizando o cuidado dos doentes por 
princípios humanitários. 
 A identificação das doenças mentais obtém 
grande aprimoramento. 
 Pinel passou anos nos hospitais, observando e 
cuidando dos doentes, e exerceu 
paralelamente o trabalho de docência, 
formando um corpo famoso de alienistas 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
3 
franceses. Esquirol (1772-1840), aluno e 
herdeiro disciplinar de Pinel, continuaria o 
trabalho do mestre, tendo incrementado as 
descrições detalhadas de doentes, por meio de 
longas observações. 
 Apesar de trazer a humanização, Pinel ainda 
acreditava no cuidado psiquiátrico no hospital 
e com isolamento. De acordo com ele, a 
doença acontecia em contato com o meio. 
DISCÍPULOS 
 Dessa escola surgiram discípulos como J.-P. 
Falret (1794-1870) e J. Baillarger (1809-1890), 
os quais descreveram, respectivamente, 
loucura circular (folie circulaire) e loucura de 
dupla forma (folie à double forme), hoje 
renomeada transtorno bipolar do humor. 
 J. Moreau de Tours (1804-1884), outro 
expoente dessa escola, enfatizou a influência 
de substâncias na dissociação do 
comportamento, ao estudar os efeitos do 
haxixe na vida mental. É considerado um dos 
precursores da psicofarmacologia moderna. 
 Ernest Lasègue (1816-1883), por sua vez, 
descreveu quadros delirantes de evolução 
crônica e folie-à-deux, juntamente com Falret. 
ESCOLA ALEMÃ E A SEGUNDA 
REVOLUÇÃO PSIQUIÁTRICA 
No final do século XIX, uma nova corrente de ideias 
tomou força nos países de língua alemã, cujo 
desenvolvimento no campo da psiquiatria 
suplantou gradativamente a escola empirista e 
racionalista da psiquiatria francesa. Enquanto os 
alienistas franceses se esmeravam em aprimorar 
suas detalhadas observações clínicas, no início do 
século XIX, a psiquiatria germânica se desenvolvia 
em contexto cultural romântico, desprezando o 
espírito iluminista francês. A tradição romântica 
alemã enfatiza o aspecto irracional, o sentimento 
de contato com a natureza e os valores individuais. 
A empatia (Einfuhlung) é mais considerada do que 
a razão, pois como é encarada a sensibilidade que 
possibilitaria descobrir os fundamentos do 
indivíduo e a sua visão do mundo 
(Weltanschauung). 
 Os psiquiatras germânicos enfatizam as 
particularidades individuais em conflito com as 
suas pulsões irracionais, buscando o equilíbrio. 
Entretanto, devido ao seu caráter 
especulativo-teórico, os mentalistas pouco 
fizeram para melhorar as condições de 
tratamento dos seus doentes. 
 Um dos autores representativos desse espírito 
foi Ernst von Feuchtersleben (1806-1849), da 
Faculdade de Medicina de Viena, o qual foi 
responsável pela criação do termo “psicose”. 
Para esse autor, o termo designa um 
transtorno mental em geral, sem intenção 
classificatória. 
 Concebe a doença mental de forma monista, 
dizendo que “o ser vivo físico é o corpo 
espiritualizado, e a alma é o espírito 
corporizado: ambos constituem um único 
fenômeno, sempreuno e indivisível”. 
Entre 1840 e 1860, no entanto, criou-se a “reação 
somaticista” (somatiker) em relação às doutrinas 
mentalistas especulativas inspiradas na filosofia 
romântica alemã. Esta corrente baseia-se 
fortemente em neuroanatomia e neuropatologia. 
Junto com a fundação de “hospitais para doenças 
nervosas”, os somaticistas ganham notoriedade 
com o ensino prático da psiquiatria. Nesses 
hospitais, a psiquiatria e a neurologia são 
estudadas na mesma disciplina, formando os 
“neuropsiquiatras” alemães. Os pesquisadores 
acumulam dados clínicos, neuroanatômicos, 
fisiológicos, histológicos e neurocirúrgicos para 
demonstrar a localização cerebral de funções 
sensoriais e motoras. 
KRAEPELIN 
Procurando “aspectos essenciais” para usá-los 
como critérios diagnósticos de transtornos 
mentais, Kraepelin geraria uma nosologia baseada 
no curso natural da doença. 
A dicotomia fundamental entre doença maníaco-
depressiva e dementia praecox apoia-se nos seus 
respectivos cursos evolutivos. A dementia praecox 
é constituída a partir do agrupamento da 
catatonia de Kahlbaum e da hebefrenia de Hecker, 
juntamente com a dementia paranoïdes, descrita 
pelo próprio Kraepelin. Herdeiro da corrente 
clínica dos somaticistas, Kraepelin criticaria a 
“mitologia cerebral” do grupo, pois, para ele, “o 
laboratório não substituía o clínico, no qual o 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
4 
fenômeno de insanidade poderia ser estudado in 
vivo”. 
 Rapidamente, a proposta nosográfica 
kraepeliniana ganharia aceitação além das 
fronteiras da Alemanha, tornando-se um lugar 
comum nas classificações do século XX. O 
trabalho e o esforço nosográfico efetuado por 
Kraepelin revolucionaram a psiquiatria 
européia do início do século, o que foi 
chamado de segunda revolução psiquiátrica. 
 Influenciou o surgimento do DSM e CID 10. 
TRANSTORNOS DO PENSAMENTO 
 Bleuler em 1911 definiu a Esquizofrenia 
(“mente dividida”) e identificou sinais que 
considerava fundamentais: dissociação dos 
processos do pensamento, ambivalência, 
autismo, embotamento afetivo, avolição e 
prejuízo da atenção; 
 Kurt Schneider em 1946 identificou e 
denominou sintomasde primeira ordem da 
esquizofrenia: tipos específicos de delírios e 
alucinações (pensamentos audíveis, vozes 
argumentando, discutindo ou ambos; vozes 
tecendo comentários; irradiação do 
pensamento; distúrbios da volição e afetos). 
FREUD E A PSICANÁLISE 
 Somente a partir dos anos de 1890, Sigmund 
Freud (1856-1939) começa a desenvolver a sua 
teoria do inconsciente. Preservou o rigor 
científico e buscou extrair leis naturais 
universais para a compreensão do psiquismo, 
assim como sua estreita ligação com os 
processos físicos e fisiológicos. 
 Na primeira fase do seu trabalho, utiliza-se do 
modelo neurológico mecanicista da mente, 
com as suas doutrinas de determinismo e 
hierarquia. 
 Na tentativa de estruturar a psicologia 
científica (Projeto para a psicologia científica, 
de 1895), elabora uma concepção energética 
quantitativa do aparelho psíquico, regido por 
princípios e leis próximos aos da mecânica e da 
termodinâmica. 
 O encontro com Charcot em Paris, em 1885, 
permite ao criador da psicanálise vislumbrar a 
passagem do suporte fisiológico ao 
psicológico. Aos poucos, abandona a visão 
mecanicista e passa para a interpretação, 
buscando um sentido inconsciente nas 
diversas manifestações patológicas. A 
fronteira rígida entre normal e patológico se 
dissolveria. As forças em suas relações 
recíprocas teriam uma localização: 
inconsciente, pré-consciente e consciente. 
Nesse primeiro momento essas novas formas de 
cuidado vão funcionar EM PARALELO aos hospitais 
psiquiátricos. Eles só são substituídos na reforma 
psiquiátrica italiana. 
Diante da realidade encontrada nos manicômios, 
começaram a surgir críticas ao modelo asilar e ao 
saber psiquiátrico tradicional. Essas, inicialmente, 
não se dirigiam a existência da instituição, mas sim 
ao: 
 Modo como ela funcionava; 
 A forma de tratamento; 
 A conduta dos profissionais e 
 O caráter de privação de liberdade. 
As críticas aos manicômios resultaram em várias 
tentativas de reforma, entre elas: 
 As Comunidades Terapêuticas 
Psiquiátricas (Inglaterra), 
 A Psicoterapia Institucional e Psiquiatria de 
Setor (França) e 
 A Psiquiatria Comunitária (Estados Unidos). 
COMUNIDADES TERAPÊUTICAS 
PSIQUIÁTRICAS 
Na metade da década de 1940 foi desenvolvida 
por Maxwell Jones a ideia de comunidade 
terapêutica psiquiátrica na Unidade de Neurose 
Industrial, no Hospital Belmont (depois chamada, 
de Unidade de Recuperação Social). 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
5 
Posteriormente em 1959, como unidade 
independente, veio a ser o Hospital Henderson. 
Nesse espaço, que continha cerca de 100 leitos, 
buscava-se que a instituição se configurasse como 
uma comunidade. Havia reuniões frequentes com 
os profissionais e internos para discutir questões 
sobre o tratamento e utilizava-se de técnicas 
educativas para propósitos construtivos – Sujeito 
ativo no cuidado. 
Apesar da tentativa de mudança da instituição 
que asilava, essas comunidades não 
questionavam o modelo asilar, ao contrário, 
criavam uma “bolha” ao redor daqueles que 
estavam internados não os preparando para uma 
reinserção na sociedade. 
PSICOTERAPIA INSTITUCIONAL E 
PSIQUIATRIA DE SETOR 
Já Psicoterapia Institucional foi um movimento 
liderado por François Tosquelles iniciado no 
hospital psiquiátrico de Saint-Alban. 
Para ir à feira os camponeses precisavam passar 
dentro do hospital e com isto, os pacientes 
usavam esse momento para tentar vender o que 
produziam. Tosquelles aproveitou e incentivou 
esse espaço aberto que já existia, estabelecendo 
um bar na instituição, que funcionava como um 
ambiente de psicoterapia. 
A Psicoterapia Institucional configurou-se, então, 
como uma tentativa de superação da segregação, 
porém, seu líder considerava que a instituição era 
necessária. Ele propunha assim, uma socialização 
do asilo, mas não necessariamente do asilado. 
Posterior ao movimento da Psicoterapia 
Institucional e após a Segunda Guerra Mundial, 
baseadas nas ideias do psiquiatra francês Lucien 
Bonnafé, surge a Psiquiatria de Setor, que 
propunha: 
 Transformações nas condições asilares; 
 Resgatar o caráter terapêutico da psiquiatria e 
Quebra o pensamento de “cura da 
loucura”. 
 Contestar a instituição asilar como espaço 
terapêutico 
Surgimento de serviços extra-hospitalares. 
A ideia deste movimento era levar a psiquiatria 
para as comunidades, os setores, criando serviços 
extra-hospitalares, tornando a assistência não 
mais exclusiva dos hospitais e possibilitando a 
reinserção do paciente depois da internação. 
Contudo, apesar dessa mobilização dos setores, a 
Psiquiatria de Setor manteve o hospital no mesmo 
lugar 
SETORES – TERRITORIALIZAÇÃO 
Foi a primeira vez que o cuidado clínico 
territorializado surgiu. Se reconhecer dentro de 
um espaço é muito mais do que geografia, possui 
aspectos subjetivos e sociais. 
PSIQUIATRIA COMUNITÁRIA 
Além das experiências europeias, nos Estados 
Unidos, deu-se a Psicoterapia Comunitária 
(Psicoterapia Preventiva), tendo como seu 
principal teórico Gerald Caplan. 
Esta se constituiu como uma estratégia de 
programas de saúde na década de 1960 que 
mudava o foco do tratamento das doenças 
mentais, para a prevenção destas (intervenção 
precoce). Sendo que, para sua efetivação a ideia 
era buscar esforços para criação de modelos 
alternativos às instituições hospitalares e 
incentivo a esses novos serviços, como também a 
redução dos gastos com internações. 
No entanto, o que foi percebido é que mesmo 
direcionando o foco para a prevenção e não a 
cura, não ocorreu uma ruptura com o modelo 
manicomial. Assim, não houve diminuição de 
internações nos hospitais americanos, ao 
contrário, observou-se um aumento da internação 
de psicóticos. 
ANTIPSIQUIATRIA E 
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO 
As experiências das Comunidades Terapêuticas, da 
Psicoterapia Institucional, Psiquiatria de Setor e 
Comunitária ofereceram contribuições a história 
da Reforma Psiquiátrica, mas, foi na Itália que 
surgiram críticas a respeito da existência da 
instituição asilar e um movimento de mudança. 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
6 
Na década de 1960, a crítica ao paradigma asilar 
teve, em Gorizia (Itália) a sua primeira grande 
ruptura em relação à constituição da psiquiatria 
como saber sobre a loucura. Essa ruptura teve 
como sustentação teórica a Antipsiquiatria 
inglesa, que tinha como pressuposto básico o 
questionamento crítico da ciência psiquiátrica 
como única detentora do saber sobre a doença 
mental, mais propriamente sobre a esquizofrenia. 
A compreensão sobre a loucura não poderia se 
dar por intermédio das análises reducionistas da 
psiquiatria, ao mesmo tempo que suas práticas, 
essencialmente manicomiais, eram vistas como 
violentas. 
Franco Basaglia, psiquiatra, nomeado diretor do 
Hospital de Goriza, transformou-o primeiramente 
em uma comunidade terapêutica, tendo como 
referência o modelo de Jones e, junto com outros 
psiquiatras, propôs A DESARTICULAÇÃO DO 
MANICÔMIO (fechamento dos leitos dos 
pacientes que recebiam alta). 
Basaglia acabou com medidas institucionais de 
repressão, buscou devolver a cidadania aos 
doentes mentais e criou condições para trocas 
entre os profissionais e os pacientes. 
Contudo, foi no Hospital de Trieste (1971) que se 
iniciou de fato o processo 
de desinstitucionalização, ocorrendo a abertura 
deste a comunidade e a reinvenção do 
espaço como local de convivência social e de 
experiências culturais e educativas (a 
singularidade dos sujeitos é reconhecida e os 
pacientes passam a se reconhecer como seres 
ativos e protagonistas, deixam de ser 
objetificados). 
A vivência em Trieste demonstrou como era 
possível a desmontagem do manicômio e como 
esta é uma forma muito mais ética e 
humana para tentativa de compreensão da 
loucura. 
Dessa forma, em 1978 na Itália é constituída a lei 
180 que estabeleceu a abolição do estatuto de 
periculosidade do doente mental e a proibição da 
construção de novos hospitaispsiquiátricos e 
novas internações. 
É a forma como foi designado um processo 
histórico complexo, marcado pela mudança da 
política de saúde mental e assistência psiquiátrica, 
que se iniciou no final dos anos 1970 – ainda no 
período da Ditadura Militar – e desenvolveu-se 
mais fortemente a partir dos anos 1990, 
acompanhando e fazendo parte de outro processo 
histórico significativo: a construção do Sistema 
Único de Saúde (SUS). 
 A História da Saúde Mental e a Reforma 
Psiquiátrica mostra que o cuidado 
institucionalizado não proporciona a livre 
circulação das pessoas no meio social. 
 Como lidar com o que nos falta ao controle? 
 Como lidar com as contingências das relações 
pessoais e afetivas? 
REFORMA PSIQUIÁTRICA AO REDOR 
DO MUNDO 
PHILIPE PINEL (1745-1826) – PAI DA 
PSIQUIATRIA 
 Trabalhou nos hospitais parisienses de Bicêtre 
e Salpêtrière. Instituiu regras de 
funcionamento hospitalar, enfatizando o 
cuidado dos doentes por princípios 
humanitários. 
 A identificação das doenças mentais obtém 
grande aprimoramento. 
 Gesto Pineliano: desacorrentar os loucos para 
implementar meios completamente 
diferentes. 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
7 
 
 Princípio do Isolamento: as causas da 
alienação mental estão presentes no meio 
social – o isolamento como meio para afastá-
las. 
 Hospital como uma instituição terapêutica: o 
objeto da psiquiatria só se constitui na medida 
em que o caráter médico das perturbações dos 
indivíduos é reconhecido e quando “a noção 
de doença mental destacou-se com bastante 
nitidez”. 
APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
Surgiram as primeiras tentativas de transformar o 
hospital psiquiátrico (AMARANTE, 1995): 
- A Comunidade Terapêutica na Inglaterra; 
- Psiquiatria Institucional e a Psiquiatria de Setor 
na França; 
- Psiquiatria Preventiva nos Estados Unidos. 
SAÚDE MENTAL E REFORMA 
PSIQUIÁTRICA 
Na reforma brasileira, a “saúde mental” como 
termo estratégico (o paciente está com o 
transtorno, mas não é o transtorno): 
 Descentramento do discurso médico; 
 Demarcar um campo que é interdisciplinar e, 
portanto, não pertence apenas à medicina e 
aos saberes psicólogos tradicionais. 
 Campo que suscita uma ação territorial – 
“costurar” uma rede social de suporte. 
O que é território?  “[...] o território não é o 
bairro de domicílio do sujeito, mas o conjunto de 
referências socioculturais e econômicas que 
desenham a moldura de seu quotidiano, de seu 
projeto de visa, de sua inserção no mundo”. 
(DELGADO, 1997 apud TENÓRIO, 2002, p.31) 
DÉCADA DE 60: FRANCO BASAGLIA 
 Psiquiatria Democrática Italiana. 
 Gorizia e Trieste: dois polos da mudança. 
 A ruptura. 
 Lei 180 (13/ 05 /78) 
 No cerne de sua crítica, o incômodo com a 
redução do sujeito que sofria à doença: 
“[...] A partir do momento em que transpõe 
os muros do internamento, o doente entra 
numa nova dimensão de vazio emocional; 
ou seja, vê-se introduzido num lugar que, 
criado originalmente para torná-lo 
inofensivo e ao mesmo tempo tratá-lo, na 
prática surge como espaço 
paradoxalmente construído para um 
aniquilamento completo de sua 
individualidade, como lugar de sua 
objetificação” (BASAGLIA, 1964, p.24). 
 Ou seja, o sujeito institucionalizado = sujeito 
reduzido a sua patologia. 
 Desospitalização x Desinstitucionalização: 
https://psicoampliar.com.br/blog/desospitaliz
acao-x-desinstitucionalizacao 
 A novidade da reforma psiquiátrica que segue 
o modelo da desinstitucionalização 
preconizado por Basaglia: 
“[...] a marca distintiva está no fato de que, 
nas últimas décadas, a noção de reforma 
ganha uma inflexão diferente: a crítica ao 
asilo deixa de visar seu aperfeiçoamento 
ou humanização, vindo a incidir sobre os 
próprios pressupostos da cidadania [...]”. 
(TENÓRIO, 2002, p.17) 
 No Brasil, a reforma tem seu “pontapé inicial”, 
na década de 70 (no bojo da luta para 
redemocratização), com o Movimento dos 
Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). 
PRIMEIRA FASE DA REFORMA 
PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA: A 
CRÍTICA DO ASILO E DA 
MERCANTILIZAÇÃO DA LOUCURA 
https://psicoampliar.com.br/blog/desospitalizacao-x-desinstitucionalizacao
https://psicoampliar.com.br/blog/desospitalizacao-x-desinstitucionalizacao
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
8 
(FINAL DOS ANOS 1970, INÍCIO DOS 
ANOS 1980) 
No final dos anos de 1970, em plena Ditadura 
Militar, começaram a surgir as primeiras 
denúncias de violência e abandono de pacientes 
internados em hospitais psiquiátricos. 
A partir do ano de 1978 um movimento de 
indignação pelas condições de tratamento ao 
paciente mental no Brasil foi se tornando cada vez 
mais forte, resultando em um Congresso 
Brasileiro de Trabalhadores de Saúde Mental, 
realizado em 1979, que construiu uma primeira 
articulação entre jovens trabalhadores de saúde 
mental dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, 
Bahia e Minas Gerais. 
No mesmo ano, a visita de Franco Basaglia ao 
Brasil e a realização do III Congresso Mineiro de 
Psiquiatria, com visitas públicas ao Hospital-
Colônia de Barbacena (que na época tinha 3 mil 
internos e foi comparado por Basaglia a um campo 
de concentração), ampliaram a ressonância desse 
incipiente movimento social. 
Os hospitais lucravam em cima dos 
pacientes a partir do dinheiro que 
recebiam do governo. 
 
A imagem da violência no chão do Jurujuba 
 
Franco Basaglia em visita ao Hospital de 
Barbacena – 1979 
 
AS PRIMEIRAS FORMULAÇÕES DO 
MOVIMENTO, O QUAL ADOTOU O NOME 
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES DE 
SAÚDE MENTAL (MTSM), BASEAVAM-SE 
NA DENÚNCIA CONTRA: 
 O desrespeito aos direitos humanos dos 
pacientes; 
 As condições de trabalho desfavoráveis para 
os profissionais de saúde mental (não havia 
concurso público, os trabalhadores tinham 
contratos ilegais – de bolsistas, por exemplo – 
e o ambiente interno dos hospitais era de 
abandono e confinamento); e 
 A mercantilização da loucura, isto é, a 
proliferação de hospitais psiquiátricos 
privados financiados pela Previdência Social. 
DETERMINANTES POLÍTICOS, 
ECONÔMICOS E CULTURAIS PARA A 
SITUAÇÃO DE ABANDONO 
 A ideologia de que tratamento psiquiátrico só 
poderia ser feito em ambiente hospitalar 
fechado e de que o “louco” era incapaz, 
perigoso e não tinha possibilidade de melhorar 
o suficiente para viver fora do confinamento; 
 A situação objetiva de completa ausência de 
alternativas assistenciais fora do hospital 
(eram raríssimos os ambulatórios, além de 
terem baixa efetividade); 
 A inexistência de uma política de saúde mental 
de âmbito nacional, já que sequer havia uma 
política nacional de saúde, pois conviviam dois 
sistemas que não se comunicavam: os 
hospitais asilares do Ministério da Saúde (para 
os chamados indigentes) e as clínicas privadas 
conveniadas pelo Instituto Nacional de 
Assistência Médica da Previdência Social 
(INAMPS), da Previdência Social (para os 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
9 
segurados, isto é, quem possuía carteira de 
trabalho, embora fossem, em geral, 
desempregados urbanos). 
SEGUNDA FASE DA REFORMA 
PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA: 
PRIMEIROS ESFORÇOS DE 
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO E 
CRIAÇÃO DE AMBULATÓRIOS E O 
MOVIMENTO PELA MUDANÇA DE 
CONCEITOS E LEGISLAÇÃO (ANOS 
1980) 
Enfrentamento de dois desafios: 
 Entrar no sistema asilar para transformá-lo, 
como ocorreu no caso da Colônia Juliano 
Moreira e do Hospício do Engenho de Dentro, 
no Rio de Janeiro; da Colônia de Juquery, em 
São Paulo; do Hospital São Pedro, em Porto 
Alegre, entre outros; 
 E para ampliar a oferta de atendimento em 
saúde mental fora dos hospitais, 
disponibilizando-o em ambulatórios públicos 
(o que ocorreu principalmente nos Estados de 
São Paulo e Minas Gerais, e que já vinha 
ocorrendo desde o final dos anos 1970 no Rio 
Grande do Sul). 
EM 1987 DOIS FATOS RELEVANTES 
OCORRERAM: 
1. O primeiro foi a I Conferência Nacional de 
Saúde Mental (CNSM), convocada pelo 
Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro. Apesar 
de relativamente pouco representativa,com 
convocação muito restrita, a I CNSM favoreceu 
que as articulações pró-reforma fossem 
ampliadas a outros Estados do Brasil. 
2. O segundo fato relevante foi que, a partir de 
tais articulações, foi convocado pelo MTSM o 
II Encontro Nacional de Trabalhadores de 
Saúde Mental, que ocorreu em Bauru (São 
Paulo) no mês de novembro desse mesmo 
ano. 
“POR UMA SOCIEDADE SEM 
MANICÔMIOS” 
Adotou-se o lema “Por uma Sociedade Sem 
Manicômios” (proposto originalmente pelo 
movimento internacional Rede de Alternativas à 
Psiquiatria, originário de alguns países da Europa, 
como França e Itália). 
O movimento em defesa da RPB passou a ter outro 
ator coletivo, que se denominou Movimento 
Nacional da Luta Antimanicomial (MNLA), e que 
congregava ativamente usuários de serviços de 
saúde mental. 
A experiência italiana, especialmente da região de 
Trieste (Itália), com seus serviços territoriais e as 
cooperativas de trabalho, exerceu grande 
influência sobre a RPB. 
As alternativas ao modelo hospitalocêntrico 
foram se construindo, inicialmente com a 
implantação do primeiro Centro de Atenção 
Psicossocial do país (CAPS), chamado Prof. Luiz 
Cerqueira, que se tornou conhecido como o CAPS 
da rua Itapeva, em São Paulo. 
A experiência de Santos, também em São Paulo, 
que foi extremamente importante, porque 
mostrou que era possível fechar um hospital 
psiquiátrico acusado de maus-tratos aos pacientes 
e substituí-lo integralmente por equipamentos 
comunitários, os Núcleos de Atenção Psicossocial, 
além de leitos de saúde mental em hospital geral. 
Em 1989, simbolizando a necessidade de mudança 
radical dos paradigmas hospitalocêntrico e de 
invalidação social e jurídica do “louco”, o 
deputado Paulo Delgado deu entrada, na Câmara 
dos Deputados, no Projeto de Lei da Reforma 
Psiquiátrica, fruto de debate coletivo e apoiado 
amplamente pelo movimento social. 
TERCEIRA FASE DA REFORMA 
PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA: 
CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA 
NACIONAL DE SAÚDE MENTAL 
(ANOS 1990, ATÉ A APROVAÇÃO DA 
LEI, EM 2001) 
Nos anos 1990, as propostas da RPB começaram a 
fazer parte das orientações da política pública de 
saúde. 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
10 
A redemocratização do país e a criação do SUS, por 
meio da Constituição de 1988, e sua 
regulamentação em 1990, permitiram à RPB 
desenvolver, em bases mais institucionais, sua 
proposta de substituição do modelo 
hospitalocêntrico por uma rede de atenção 
psicossocial de base comunitária. 
O Ministério da Saúde acolheu as sugestões do 
movimento social e criou as primeiras 
regulamentações para serviços comunitários, 
chamados então de Centro de Atenção 
Psicossocial (CAPS) ou de Núcleo de Atenção 
Psicossocial (NAPS). 
Em 1992, a II Conferência Nacional de Saúde 
Mental (CNSM), convocada amplamente e 
antecedida de conferências municipais e 
estaduais, teve a participação expressiva de 
usuários e familiares e apoiou as propostas de 
substituição do modelo centrado nos hospitais por 
uma rede aberta e inovadora de serviços 
comunitários. 
Como marca importante dessa terceira fase, 
iniciou-se o processo de redução dos leitos 
psiquiátricos a partir de uma fiscalização mais 
ativa do SUS pelo do Ministério da Saúde, o que 
resultou em uma importante redução de leitos dos 
hospitais que não cumpriram as exigências 
mínimas estabelecidas pelo Ministério. 
QUARTA FASE DA REFORMA: 
APROVAÇÃO DA LEI 10.216, 
IMPLANTAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO 
DA NOVA POLÍTICA NACIONAL DE 
SAÚDE MENTAL (A PARTIR DE 2001) 
A fase atual do processo político da RPB inicia-se 
com a aprovação da Lei nº 10.216, em maio de 
2001, e com a III Conferência Nacional de Saúde 
Mental (CNSM). 
A III CNSM foi um marco na consolidação do 
ideário da Reforma com a visão de que as 
premissas centrais são a cidadania do “louco” (o 
usuário de serviços de saúde mental) e a 
consolidação da rede comunitária e territorial de 
serviços de saúde mental. 
Baseado na sustentação política e jurídica dessa lei 
e da III CNSM, o Governo Federal estabeleceu 
normas claras de financiamento e organização da 
rede de serviços comunitários por meio da 
PORTARIA NO 336, de fevereiro de 2002. 
Essa portaria definiu as diversas 
modalidades de CAPS, incluindo serviços 
destinados à população de crianças e 
adolescentes e aos usuários de álcool e 
outras drogas. 
Além disso, apontou o papel dos CAPS na 
organização da atenção psicossocial no território, 
definindo que os conceitos de rede e território e 
a sua articulação deveriam ser centrais para a 
nova modalidade de atenção comunitária, 
determinada pela Lei nº 10.216. 
 
A Rede de Atenção Psicossocial é destinada às 
pessoas em sofrimento psíquico ou transtorno 
mental e com necessidades decorrentes do uso de 
crack, álcool e outras drogas no âmbito do Sistema 
Único de Saúde. 
Foi instituída pela Portaria nº 3.088, de 23 de 
dezembro de 2011, republicada em 21 de maio de 
2013 e disposta anteriormente pelo Decreto nº 
7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a 
Lei nº 8.080 a fim de reorganizar o Sistema Único 
de Saúde, visto o seu planejamento em saúde, 
assistência à saúde e à articulação interfederativa. 
 A RAPS é criada com esse pensamento de 
serviços substitutivos. 
NOTA TÉCNICA (2019): MUDANÇAS 
NA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE 
MENTAL E NAS DIRETRIZES DA 
POLÍTICA NACIONAL SOBRE 
DROGAS 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
11 
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) passa a ser 
formada pelos seguintes pontos de atenção 
(Serviços): 
 CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), em 
suas diferentes modalidades 
 Serviço Residencial Terapêutico (SRT) 
 Unidade de Acolhimento (adulto e infanto-
juvenil) 
 Enfermarias Especializadas em Hospital Geral 
 Hospital Psiquiátrico 
 Hospital-Dia 
 Atenção Básica 
 Urgência e Emergência 
 Comunidades Terapêuticas 
 Ambulatório Multiprofissional de Saúde 
Mental - Unidades Ambulatoriais 
Especializadas 
Todos os Serviços, que compõem a RAPS, são 
igualmente importantes e devem ser incentivados, 
ampliados e fortalecidos. O Ministério da Saúde 
não considera mais Serviços como sendo 
substitutos de outros, não fomentando mais 
fechamento de unidades de qualquer natureza. A 
Rede deve ser harmônica e complementar. Assim, 
não há mais porque se falar em “rede 
substitutiva”, já que nenhum Serviço substitui 
outro. O país necessita de mais e diversificados 
tipos de Serviços para a oferta de tratamento 
adequado aos pacientes e seus familiares. 
REGIÕES DE SAÚDE 
TERRITÓRIO 
Espaço geográfico contínuo constituído por 
agrupamentos de Municípios limítrofes, 
delimitado a partir de identidades culturais, 
econômicas e sociais e de redes de comunicação e 
infraestrutura de transportes compartilhados, 
com a finalidade de integrar a organização, o 
planejamento e a execução de ações e serviços de 
saúde. 
REDE DE SAÚDE 
É o conjunto de ações e serviços de saúde 
articulados em níveis de complexidade crescente, 
com a finalidade de garantir a integralidade da 
assistência à saúde. 
Fica definido que a Atenção Psicossocial é um 
componente mínimo obrigatório de serviços e 
ações que são necessários à institucionalização 
das Regiões de Saúde, e estes serviços e ações são 
portas de entrada do usuário na Rede de Atenção 
à Saúde. 
OBJETIVOS DA RAPS 
1. Ampliar o acesso à atenção psicossocial da 
população em geral; 
2. Promover o acesso das pessoas com 
transtornos mentais e com necessidades 
decorrentes do uso de crack, álcool e outras 
drogas e suas famílias aos pontos de atenção; 
3. Garantir a articulação e integração dos pontos 
de atenção das redes de saúde no território, 
qualificando o cuidado por meio do 
acolhimento, do acompanhamento contínuo e 
da atenção às urgências (BRASIL, 2013). 
DIRETRIZES DA RAPS 
 Respeito aos direitos humanos, garantindo a 
autonomia e a liberdade das pessoas; 
 Ênfase em serviços de base territorial e 
comunitária, com participação e controle 
social dos usuários e de seus familiares; Promoção da equidade, reconhecendo os 
determinantes sociais da saúde; 
 Desenvolvimento de estratégias de Redução 
de Danos; 
Desde 2019, para dependentes químicos o 
foco é a abstinência total e não a redução 
de danos. 
 Desenvolvimento de atividades no território, 
que favoreça a inclusão social com vistas à 
promoção de autonomia e ao exercício da 
cidadania; 
 Desenvolvimento da lógica do cuidado para 
pessoas com transtornos mentais e com 
necessidades decorrentes do uso de crack, 
álcool e outras drogas, tendo como eixo 
central a construção do projeto terapêutico 
singular; 
 Garantia do acesso e da qualidade dos 
serviços, ofertando cuidado integral e 
assistência multiprofissional, sob lógica 
interdisciplinar; 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
12 
 Organização dos serviços em rede de atenção 
à saúde regionalizada, com estabelecimento 
de ações intersetoriais para garantir a 
integralidade do cuidado; 
 Atenção humanizada e centrada nas 
necessidades das pessoas; 
 Promoção de estratégias de educação 
permanente; e 
 Combate a estigmas e preconceitos; 
 Diversificação das estratégias de cuidado 
(BRASIL, 2013). 
No início eles funcionavam de forma 
concomitante aos hospitais psiquiátricos, para aos 
poucos eles serem substituídos. 
O QUE É UM CAPS? 
Um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um 
serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema 
Único de Saúde (SUS). Ele é um lugar de referência 
e tratamento para pessoas que sofrem com 
transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e 
demais quadros, cuja severidade e/ou persistência 
justifiquem sua permanência num dispositivo de 
cuidado intensivo, comunitário, personalizado e 
promotor de vida. 
O CAPS é portas abertas, o paciente pode 
vir encaminhado de outros 
serviços/setores ou por demanda 
espontânea. 
A política de portas abertas também está 
relacionada ao direito de ir e vir do 
paciente (salvo os pacientes 
graves/agudos), colocando o usuário em 
uma posição de responsabilidade pelo seu 
cuidado. 
A importância de ser um serviço 
comunitário é a comunicação com outros 
setores, como a UBS, escolas... 
Os casos moderados e leves são 
acompanhados nos ambulatórios de saúde 
mental da rede. 
O CAPS trabalha com CORRESPONSABILIDADE. Por 
exemplo, quando chega um usuário que não é da 
região daquele CAPS, o encaminhamento e a 
comunicação com o CAPS de referência são feitos 
pelo próprio serviço. 
O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à 
população de sua área de abrangência, realizando 
o acompanhamento clínico e a reinserção social 
dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, 
exercício dos direitos civis e fortalecimento dos 
laços familiares e comunitários. É um serviço de 
atendimento de saúde mental criado para ser 
SUBSTITUTIVO às internações em hospitais 
psiquiátricos. 
 
OS CAPS VISAM: 
 Prestar atendimento em regime de atenção 
diária; 
 Gerenciar os projetos terapêuticos 
oferecendo cuidado clínico eficiente e 
personalizado; 
 Promover a inserção social dos usuários 
através de ações intersetoriais que envolvam 
educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, 
montando estratégias conjuntas de 
enfrentamento dos problemas. Os CAPS 
também têm a responsabilidade de organizar 
a rede de serviços de saúde mental de seu 
território; 
 Dar suporte e supervisionar a atenção à saúde 
mental na rede básica, USF (Unidade de Saúde 
da Família), PACS (Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde); 
 
 
 
Feito por Ayane Paula - MED 14 
13 
 Regular a porta de entrada da rede de 
assistência em saúde mental de sua área; 
 Coordenar junto com o gestor local as 
atividades de supervisão de unidades 
hospitalares psiquiátricas que atuem no seu 
território; 
 Manter atualizada a listagem dos pacientes de 
sua região que utilizam medicamentos para a 
saúde mental. 
DEVERÃO CONTAR, NO MÍNIMO, 
COM OS SEGUINTES RECURSOS 
FÍSICOS: 
Os CAPS devem contar com espaço próprio e 
adequadamente preparado para atender à sua 
demanda específica, sendo capazes de oferecer 
um ambiente continente e estruturado. 
 Consultórios para atividades individuais 
(consultas, entrevistas, terapias); 
 Salas para atividades grupais; 
 Espaço de convivência; 
 Oficinas; 
 Refeitório (o CAPS deve ter capacidade para 
oferecer refeições de acordo com o tempo de 
permanência de cada paciente na unidade); 
 Sanitários; 
 Área externa para oficinas, recreação e 
esportes.

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