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Cirurgia - Apendicite, Colecistite e Hérnias

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Apendicite Aguda 
Anatomia e Fisiologia 
Geralmente na posição posterolateral do ceco, 2,5 cm 
abaixo da valva ileocecal. Mede 8-10 cm. As tênias 
convergem para o apêndice. Em cerca de 16% dos 
casos está em posição retrocecal. 
• Grande quantidade de folículos linfoides em 
jovens, que são substituídos por fibrose e 
obliteração parcial ou total da luz. 
 
Epidemiologia 
• Mais frequente urgência abdominal cirúrgica. 
• Incidência maior entre 10-20 anos. 
• Preponderância em homens (1,4:1). 
• Menor incidência na África e Ásia, em 
decorrência da alimentação baseada em 
vegetais. 
• Urgência mais comum durante a gravidez. A 
alteração de posição do apêndice pelo aumento 
do útero pode dificultar o diagnóstico e aumentar 
a mortalidade fetal (que chega a 20-35% em 
apendicites com perfuração). 
 
Etiopatogenia 
• 70% dos casos inicia por obstrução do apêndice 
proximal por fecalito, parasitos, tumor ou corpo 
estranho, com posterior proliferação bacteriana; 
• 30% podem ocorrer por hiperplasia linfoide ou 
processo catarral; 
• Com o processo infeccioso, há alteração do 
suprimento sanguíneo local pela atividade 
bacteriana e distensão do lúmen por formação 
de secreção purulenta; 
• Gangrena e perfuração podem ocorrer em 24h, 
levando à peritonite localizada ou difusa, por 
extravasamento de conteúdo intestinal. 
 
Manifestações Clínicas 
• Habitualmente inicia com dor periumbilical ou 
epigástrica, com posterior localização em fossa 
ilíaca direita, que piora com a movimentação e 
deambulação. Pode ser acompanhada de 
náuseas e desconforto epigástrico; 
• A dor pode aparecer em flanco direito quando o 
apêndice está retrocecal e pode mimetizar uma 
colecistite aguda quando em direção 
ascendente; 
• Na posição pélvica pode causar sintomas 
urinários e retais; 
• Nas grávidas a dor pode aparecer no QSD ou 
periumbilical; 
• Constipação; 
• Febre moderada (até 38°) também é típica e o 
seu aumento pode indicar outro diagnóstico ou 
perfuração do apêndice. Idosos muitas vezes 
evoluem sem febre. 
 
Diagnóstico 
Exame Físico 
• Sensibilidade dolorosa no QID; 
• Em casos mais avançados, massa palpável; 
• Descompressão brusca dolorosa por 
comprometimento peritoneal; 
• Toque retal é importante para avaliar presença 
de coleção em fundo de saco (abaulamento 
local); 
• É importante considerar o diagnóstico de 
diverticulite de cólon direito (comum em 
asiáticos). 
Exames Laboratoriais 
• Leucocitose moderada (10.000-20.000) 
associada a neutrofilia, elevação de bastonetes, 
segmentados 
• Aumento da VHS e PCR; 
• Exame de Urina afasta infecção urinária e litíase 
renal. 
Exames de Imagem 
Pedidos e analisados de acordo com as manifestações 
clínicas. 
• Radiografia de abdome pode mostrar alça 
intestinal sentinela bloqueando o processo 
apendicular e velamento da margem direita do 
m. psoas no acometimento peritoneal; 
• USG abdominal (81% sensível, 96% específico), 
associada à transvaginal pode aumentar para 
85%; 
• TC pélvica demonstra perfuração e abscessos 
periapendiculares. TC helicoidal com contraste 
venoso demonstra não opacificação do 
apêndice (critério diagnóstico maior) ou 
espessamento do órgão (diâmetro >6mm). Não 
é necessário o uso do contraste para o 
diagnóstico. Pode ser dispensada na maioria 
das vezes e mais indicada em casos de difícil 
diagnóstico; 
Cirurgia: 
Apendicite, colecistite e hérnias 
Igor Mecenas 
 
 
• Em muitas situações, somente a laparotomia ou 
laparoscopia pode confirmar a doença 
abdominal que está presente. 
 
Diagnóstico Diferencial 
• Processos Pélvicos Ginecológicos 
(endometriose, salpingite, cisto de ovário 
torcido, abscesso tubo-ovariano, gravidez 
ectópica) 
• Gastrenterite aguda 
• Cólica renal aguda 
• Pielonefrite aguda 
• Doença de Crohn em forma aguda 
• Diverticulite de Meckel 
• Linfadenite mesentérica 
• Vasculite sistêmica 
• Síndrome de Van Recklinghause 
 
Complicações 
• Perfuração do apêndice (livre com peritonite ou 
bloqueada com abscesso localizado); 
• Peritonite 
• Abscesso periapendicular 
• Pileflebite com trombose da veia porta 
• Abscesso hepático 
• Septicemia. 
 
Tratamento 
• Antibioticoterapia sistêmica precede a cirurgia, 
pode ser prolongado quando complicada 
(perfuração e/ou abscesso pélvico); 
• Laparotomia por incisão de McBurney: mais 
utilizada e é a mais indicada nos casos 
complicados ou com abscesso pélvico. Facilita a 
retirada do apêndice, drenagem de coleções e 
limpeza da cavidade. 
• Videolaparoscopia 
• Não há diferença de incidência de complicações 
na indicação cirúrgica precoce (<12h) ou tardia 
(12-24h dos sintomas). Após 36h o índice de 
perfuração varia de 16-36%. 
• A mortalidade em formas perfuradas, 
principalmente em idosos, pode chegar a 15%. 
O índice de infecção na incisão é <5% em 
formas não complicadas e chega a 20% nas 
complicadas com perfuração e/ou gangrena 
(uso de antibiótico reduz a incidência). 
• Pode ocorrer aparecimento de abscesso intra-
abdominal ou pélvico no pós-operatório (dor 
local, febre e sepse, confirmado por USG ou 
TC). Deve ser abordado por nova laparotomia ou 
por punção transcutânea. 
 
Colecistite Aguda 
É caracterizada pela inflamação aguda da vesícula 
biliar, que pode ser a agudização de uma colecistite 
crônica. Compreende edema, congestão, infiltração de 
células inflamatórias, necrose, gangrena e perfuração. 
• A evolução é imprevisível e a sintomatologia 
nem sempre corresponde à gravidade das 
lesões, principalmente em idosos 
• Acomete 20 a 25% dos pacientes com litíase 
vesicular sintomática e tem maior prevalência 
em idosos 
• É relativamente benigna em adultos jovens, mas 
torna-se progressivamente mais grave com a 
idade 
• Incide principalmente após a 4ª década 
• Está associada à obstrução litiásica do ducto 
cístico em 90 a 95% dos casos 
 
Colecistite Aguda Calculosa 
• Complicação da litíase biliar 
• Depende da obstrução do canal cístico por um 
ou mais cálculos 
Fisiopatologia 
A inflamação resulta de fatores mecânicos, químicos e 
infecciosos: 
• Migração dos cálculos para o infundíbulo 
vasicular, ducto cístico ou colédoco provoca 
obstrução, seguida de aumento da pressão 
intraluminal e distensão 
• Há hiperconcentração de sais e colesterol na 
bile, causando irritação química e edema da 
mucosa com liberação de enzimas 
intracelulares a ativação de mediadores 
inflamatórios 
• Há aumento da produção de prostaglandinas, 
menor produção de muco, espessamento da 
parede vesicular, compressão dos vasos 
sanguíneos e linfáticos 
• Causam insuficiência arterial e congestão 
venosa intensa, que influenciam na extensão da 
necrose da parede 
• O processo inicialmente é estéril, mas com a 
persistência da obstrução há invasão bacteriana 
(E.coli, Streptococcus faecalis e não 
hemolíticos, Klebsiella, Proteus, C. welchii e C. 
perfringens) 
• O peritônio perde o brilho e é coberto por 
exsudato serofibrinoso. Formam-se aderências 
que isolam a vesícula do resto da cavidade 
abdominal. O linfonodo do cístico geralmente 
aumenta de volume 
 
 
• As alterações inflamatórias são menos 
evidentes quando há fibrose ou retração devido 
a crises prévias 
• Nos casos mais graves observam-se áreas de 
necrose e gangrena, com esfarcelo parcial ou 
total do órgão. A formação de absecsso dentro 
da vesícula é chamada de empiema vesicular. 
 
Manifestações Clínicas 
• Dor abdominal aguda, contínua, no epigástrio ou 
QSD, podendo variar ou ser mal definida antes 
de se restringir ao QSD. Pode simular cólica 
biliar, porém é mais intensa e dura mais de 3h. 
Pode apresentar irradiação para a escápula 
direita e interescapular; 
• Em mais da metade dos casos há náusea e 
vômito; 
• Febre até 38.5°C, FC aumenta moderadamente; 
• Icterícia em até 20% dos pacientes (inflamação 
do pedículo hepático, litíase ductal, inflamação 
hepatcelular, espasmo do esfíncter de Oddi ou 
colangite associada). Icterícia acentuada pode 
ocorrer em litíase do colédoco; 
• Síndrome de Mirizzi: Colecistitee Icterícia. 
• Tipo I: Um ou dois cálculos impactados 
no ducto colédoco ou no infundíbulo, 
comprimindo o colédoco ou o canal 
hepático comum; 
• Tipo II: Erosão por cálculo no ducto 
hepático comum com fístula 
colecistocoledociana 
• As formas mais graves ocorrem com febre alta, 
taquicardia >120 bpm, generalização da dor 
para todo o abdome e distensão abdominal com 
diminuição ou desaparecimento dos ruídos 
hidroaéreos. 
• Complicações ocorrem por necrose e 
perfuração. 
• A perfuração tipicamente é tamponada ou 
bloqueada pelo epíploon (omento menor) e 
órgãos adjacentes, isolando a vesícula da 
cavidade peritoneal e formando abscesso 
perivesicular; 
• A perfuração em cavidade peritoneal livre ocorre 
em 1-2%; 
• Fístula colecistoentérica decorre da perfuração 
da vesícula para o duodeno, cólon ou estômago 
aderidos, podendo eliminar cálculos para estes 
órgãos. 
 
Diagnóstico 
Exame Físico 
• Sinal de Murphy (pode ser positivo também em 
câncer da vesícula, quando infiltra a serosa) 
• Vesícula distendida palpável em 30-50% dos 
casos (lisa e arredondada ou plastrão 
envolvendo a vesícula e estruturas aderidas). 
Não há distensão quando há colecistite crônica 
escleroatrófica 
• Icterícia em torno de 20%, geralmente discreta. 
Quando acentuada, pensar em litíase no 
colédoco 
• Síndrome de Mirizzi (colecistite + icterícia) 
acontece por cálculo impactado no ducto cístico 
ou no infundíbulo da vesícula 
• Tipo I: Compressão do colédoco ou do 
canal hepático comum 
• Tipo II: Erosão por cálculo no ducto 
hepático comum, criando fístula 
colecistocoledociana 
• As formas mais graves manifestam-se por febre 
alta, taquicardia >120 bpm, dor generalizada no 
abdome e distensão abdominal com diminuição 
ou desaparecimento dos RHA 
Exames Complementares 
• Hemograma (leucocitose moderada); 
• Eletrólitos; 
• Com icterícia: dosagem de transaminases, 
fosfatase alcalina, tempo de protrombina; 
• Exames pré-operatórios de rotina (ECG incluso). 
• Radiografia de tórax 
• Radiografia simples de abdome 
• Pode diagnosticar síndrome de Mirizzi 
(mas frequentemente é necessária 
colangiografia endoscópica retrógrada 
ou colangiografia por RM) 
• Ultrassonografia: diagnostica os cálculos e 
ajuda no diagnóstico diferencial com câncer, 
abscessos ou cistos; 
• Cintilografia hepatobiliar: não identifica os 
cálculos, mas ajuda no diagnóstico pois o IDA 
não é detectado no ducto cístico pela obstrução; 
• TC e RM habitualmente não são necessárias; 
• Laparoscopia pode ser empregada em casos 
selecionados e diagnostica síndrome de Fitz-
Hugh e Curtis; 
• O histopatológico revela 
• 1ª semana (aguda): edema maciço da 
parede com hemorragia e necrose da 
mucosa. Proliferação de fibroblastos no 
2º ou 3º dia. 
• 2ª semana (subaguda): infiltração 
leucocitária, regressão do edema maior, 
maior infiltração de fibroblastos, necrose 
e abscessos intramurais. 
• 3ª e 4ª semanas (subcrônica): 
substituição de polimorfonucleares por 
linfócitos e células plasmáticas. 
Aparecem eosinófilos e granulomas na 
parede vesicular. 
 
 
• >5ª semana (crônica): mucosa fina e sem 
vilosidades, fibrose acentuada de todas 
as túnicas. 
 
Diagnóstico Diferencial 
• Úlcera perfurada, pancreatite, apendicite aguda, 
hepatite aguda, pneumonia de lobo inferior 
direito, infarto pulmonar, pleurite basal, 
pielonefrite, abscesso hepático, síndrome de 
Fitz-Hugh e Curtis e, em idosos, infarto do 
miocárdio de apresentação atípica. 
 
Tratamento 
• Analgésicos simples (dipirona IV) 
• Opioides (meperidina) 
• Antibióticos (indicados em casos graves, idosos, 
diabéticos, imunossuprimidos) 
• Casos moderados: cefalosporinas de 1ª 
geração; 
• Casos graves: clindamicina associada a 
gentamicina, cefalosporina de 3ª e 
metronidazol; 
• Vitamina K em ictéricos; 
• Operação: nas primeiras 24-48h tem benefícios 
e é mais fácil. A tardia é feita depois de 6 
semanas a 3 meses. 
• Colecistectomia Videolaparoscópica: 
Abordagem de escolha, mas pode 
necessitar de conversão para operação 
aberta; 
• Colecistostomia convencional ou 
percutânea: Escolha para doentes com 
mau prognóstico ou quando há 
impedimento por lesões inflamatórias 
intensas; 
• Drenagem do abscesso perivesicular: 
pode ser o único procedimento 
executável. 
 
Colecistite Aguda Acalculosa 
Etiologia 
• Obstrução por neoplasia, estenose fibrosa, 
Ascaris lumbricoides, compressão por 
linfonodos aumentados, anomalia de artérias 
císticas ou hepáticas, aderências, vólvulo da 
vesícula com angulação acentuada do canal 
cístico; 
 
Diagnóstico 
• Dor no QSD, vômito e febre; 
• Hemograma com frequente desvio à esquerda; 
• À USG parede da vesícula >3,5 mm, ausência 
de ascite 
 
Colecistite Enfisematosa 
• Infiltração gasosa da parede vesicular, da luz, de 
ductos e até tecidos perivasculares. Pode 
complicar tanto da calculosa quanto da 
acalculosa; 
• Agentes responsáveis podem ser Clostridium 
welchii, E. coli e outras anaeróbias; 
• A dor é mais pronunciada e o paciente apresenta 
aspecto mais grave e tóxico; 
• O tratamento necessita de antibioticoterapia 
imediata (penicilina, clindamicina ou imipenen) e 
colecistectomia o mais cedo possível. 
 
 
 
 
 
Hérnias Inguinais e Femorais 
• A região inguinal é o local da parede abdominal 
onde surgem hérnias com maior frequência. A 
incidência é em torno de 100-300 novos casos a 
cada 100 mil habitantes/ano. Homens 27%, 
mulheres 5%. 2/3 das hérnias são indiretas e a 
bilateralidade chega a 22%; 
• As hérnias femorais são 4-5x mais comuns em 
mulheres. Multiparidade é um fator de risco. 10% 
das mulheres e 50% dos homens com hérnia 
femoral têm ou terão hérnia inguinal. 
 
Etiologia 
• A principal é o defeito na fáscia transversal; 
• Hérnias indiretas decorrem de defeito congênito 
do fechamento do conduto peritoneovaginal; 
• Manifestam-se com fatores de aumento da 
pressão abdominal, com a dilatação do anel 
inguinal profundo e protrusão de estruturas 
abdominais através dele; 
• As hérnias diretas são adquiridas pelo 
enfraquecimento da parede posterior da região 
inguinal. Mais comum em idosos; 
• Fatores predisponentes: constipação, sintomas 
prostáticos obstrutivos, ascite, envelhecimento, 
tabagismo, doenças do tecido conjuntivo 
(colágeno I e III) e doenças sistêmicas; 
• A verdadeira causa da hérnia femoral é 
desconhecida. Aceita-se que ela é adquirida por 
dilatação da veia e do anel femoral por elevação 
da pressão intra-abdominal. 
 
 
 
Conceitos Anatômicos 
Orifício Miopectíneo de Fruchaud 
• Limite Superior: Mm. oblíquo interno e 
transverso 
• Limite Inferior: Linha iliopectínea do púbis 
• Limite Lateral: M. íleopsoas 
• Limite Medial: M. reto abdominal 
É dividido pelo ligamento inguinal num compartimento 
inferior (hérnias femorais) e num compartimento 
superior que é subdividido pelos vasos epigástricos 
inferiores num compartimento medial/triângulo de 
Hesselbach (hérnias inguinais diretas) e num 
compartimento lateral (hérnias inguinais indiretas). 
 
Canal Inguinal 
• Teto: arco aponeurótico transverso 
• Parede anterior: aponeurose do músculo 
oblíquo externo 
• Parede posterior/Assoalho: fáscia transversal 
• Parede inferior: ligamento inguinal 
• Conteúdo: Cordão espermático/Ligamento 
redondo 
 
 
Cordão espermático 
• Ducto deferente e artéria, Vasos testiculares, 
Linfáticos, Gordura, Plexo pampiniforme, Nervos 
e M. Cremaster. 
Triângulo de Hesselbach 
• Limite Medial: borda lateral do M. reto abdominal 
• Limite Superolateral: Vasos epigástricos 
inferiores 
• Limite Inferolateral: Lig. Inguinal. 
Anel Femoral 
• Limite Anterior: Trato iliopúbico 
• Limite Lateral: Lig. Lacunar 
 
 
• Limite Posterior: Linha iliopectínea 
• Limite Medial: V. Femoral 
• Conteúdo: 1-2 linfonodos (o maior é o de 
Cloquet) 
 
Classificação 
Localização 
• Inguinal Indireta: lateral aos vasos epigástricos 
inferiores, no anel inguinal profundo, 
acompanhando o trajeto do cordão espermático, 
podendo atingir a bolsa escrotal. 
•Inguinal Direta: medial, insinuam-se pelo 
triângulo de Hesselbach no assoalho do canal 
inguinal. 
• Inguinal Mista 
• Femoral 
Tamanho do Anel Herniário 
• Pequena: <1,5 cm 
• Média: 1,5-3 ou 4 cm 
• Grande: >3 ou 4 cm 
Tamanho do Saco Herniário 
• Restrita ao canal inguinal 
• Além do anel inguinal externo 
• Na bolsa escrotal 
Redução 
• Redutíveis 
• Irredutíveis/Encarceradas 
Classificação de Nyhus 
• Tipo I: Indireta, pequena, anel interno normal, 
saco no canal; 
• Tipo II: Indireta, média, anel interno alargado; 
• Tipo III A: direta, apenas assoalho; 
• Tipo III B: Combinada, indireta grande, 
compromete a parede posterior; 
• Tipo III C: Femoral; 
• Tipo IV: Recorrente (A- Direta; B- Indireta; C- 
Femoral; D- Combinação de A, B e C). 
 
Semiologia 
Sinais e Sintomas 
• Aumento de volume local. Nas inguinais pode 
aparecer com Valsalva e desaparecer ao deitar; 
• Dor: quando ocorre é de pequena intensidade, 
em peso, associada à posição ortostática ou aos 
esforços. Dor intensa, contínua e associada a 
náuseas sugere encarceramento ou 
estrangulamento; 
 
Exame Físico 
• Manobra de Valsalva em posição ortostática; 
• Quando do sexo masculino, introduzir o 
dedo no canal inguinal pela bolsa 
escrotal e tentar palpar o conteúdo 
herniário (quando direta será sentida na 
polpa digital, quando indireta será 
sentida na ponta do dedo; 
• A hérnia femoral é palpada inferiormente 
ao ligamento inguinal e medialmente ao 
pulso da A. femoral. 
Exames de Imagem 
• US da parede abdominal; 
• RM dinâmica em pacientes obesas com hérnias 
pequenas. 
 
Tratamento 
A principal indicação para cirurgia é a piora nos escores 
de qualidade de vida quando observados ao longo do 
tempo. A maioria dos pacientes tem indicação cirúrgica 
no momento do diagnóstico; 
• Independente da técnica, em geral os sacos 
herniários diretos são invertidos e os indiretos 
são dissecados até sua origem e ligados 
(ligadura alta do saco herniário); 
• Em crianças e jovens pode ser feita a ligadura 
alta com ou sem fechamento medial do anel 
inguinal profundo com um ou dois pontos 
(técnica de Marcy); 
• Evitar dissecações além do tubérculo púbico 
pelo risco de orquite isquêmica; 
• Grandes sacos que chegam ao escroto podem 
ser seccionados deixando o coto distal aberto; 
• A eleição de técnicas para laparoscopia é igual 
à das abertas, tendem a oferecer retorno mais 
precoce à atividade e estão associadas a menos 
dor pós-operatória. Também tem vantagem para 
hérnias bilaterais, que podem ser abordadas 
pelos mesmos portais, e para recidivas, que 
podem ser abordadas por uma via virgem; 
 
Técnicas para Hérnia Inguinal 
Reparos clássicos 
• Primeiro Plano: 
• Técnica de Bassini: aproximação de 
pontos entre a fáscia transversal, oblíquo 
interno e transverso ao ligamento 
inguinal. Não é mais usada. 
• Técnica de Shouldice: dissecção ampla 
da parede posterior e do anel inguinal 
profundo com correção primária em 4 
 
 
planos com fio inabsorvível. Melhor 
resultado entre as técnicas com tensão. 
• Reparo de McVay: sutura a fáscia 
transversal ao ligamento de Cooper. 
• Segundo Plano: colocação de tela 
• Reparo de Lichtenstein: defeitos 
diretos são imbricados, os indiretos são 
dissecados e excisados ou invertidos. 
Depois é colocada uma tela grande que 
reconstrói o anel inguinal profundo. 
• Reparos com plugues: tampões de tela 
inseridos diretamente no defeito 
herniário. 
Reparos anteriores 
• Telas bilaminares com interconector por 
inguinotomia. Simula os reparos pré-peritoneais, 
a técnica com plugues e Leichtenstein ao 
mesmo tempo; 
• Técnica de Stoppa: Técnica aberta com grande 
tela pré-peritoneal cobrindo toda a região 
inguinal. Serve de base para técnicas 
laparoscópicas. 
Reparos pré-peritoneais 
Laparoscopia 
• Técnica Transabdominal Pré-Peritoneal 
(TAPP): trocartes colocados em posição 
intraperitoneal; dissecação do saco herniário; 
colocação da tela cobrindo o anel inguinal 
interno, triângulo de Hesselbach e anel femoral; 
• Técnica Totalmente Extraperitoneal (TEP): 
trocartes em posição pré-peritoneal, tela na 
mesma posição da TAPP; 
 
Técnicas para Hérnia Femoral 
• A hérnia femoral deve ser operada o quanto 
antes pelo maior risco de estrangulamento; 
Reparos femorais 
• Abordagem femoral: dissecação a partir da 
região crural, abaixo do lig. inguinal, sem abrir a 
aponeurose do M. oblíquo externo. Alta taxa de 
recidiva. Quando colocada tela, tem bons 
resultados; 
• Abordagem inguinal: McVay é o mais utilizdo, 
podendo ter reforço com tela. 
• Abordagem Pré-peritoneal 
 
Cuidados Pré e Pós-operatórios 
• Corrigir fatores de aumento da pressão intra-
abdominal (prostatismo, tosse crônica, 
constipação) previamente; 
• Anestesia local assistida está associada a 
menor risco de complicações como retenção 
urinária e infecção respiratória; 
• Uso de antibioticoterapia profilática é 
controverso.É usada pela maior parte dos 
serviços quando usam tela. Cefalotina ou 
Cefazolina IV no momento da anestesia; 
• No uso de tela, a alta ocorre no mesmo dia ou 
no dia seguinte. Pode voltar às atividades 
rotineiras e as que exigem esforço abdominal 
ficam a critério do cirurgião. 
Comparação de tratamentos 
• Para ser considerado efetivo, o reparo deve 
apresentar recorrência próxima a 1%, 
praticamente todas as técnicas com tela tem 
taxas de 1% ou menos; 
• A via laparoscópica traz custos mais elevados e 
maior tempo cirúrgico, porém com recuperação 
pós-operatória mais rápida e com menos dor; 
• A videolapareoscopia traz como vantagem o 
diagnóstico e tratamento de hérnias bilaterais 
ocultas e a dissecação de região virgem para 
recidivas; 
• Menor ocorrência de dor crônica em endoscopia. 
 
Complicações 
• Hematoma, infecção, edema genital/escrital, 
hidrocele, recorrência, dor inguinal, infecção 
respiratória, infecção urinária, trombose venosa 
profunda 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hérnias Umbilicais 
Enfraquecimento gradual do tecido cicatricial do anel 
umbilical. 
• Nas crianças a maioria é congênita, devido à 
não obliteração do anel umbilical; 
• O conteúdo herniário está associado ao 
tamanho da hérnia. As pequenas geralmente 
contém gordura pré-peritoneal e omento, as 
maiores podem conter intestino delgado ou 
cólon; 
• Não há história de trauma cirúrgico ao abdome 
antes do aparecimento; 
• Os fatores predisponentes no agudo estão 
ligados ao aumento da pressão intra-abdominal 
(gestação, ascite, obesidade e distensão por 
tumor). 
 
Sinais e Sintomas 
Dependem do tamanho do defeito aponeurótico: 
• Assintomática na maioria dos casos; 
• A dor está presente quando há encarceramento 
de gordura pré-peritoneal. As hérnias de maior 
volume geralmente não são dolorosas. A dor 
está associada a manobras de aumento da 
pressão abdominal e quando não há 
estrangulamento é de baixa intensidade; 
• O aumento repentino da dor, principalmente 
associado a náuseas, vômitos e sinais 
inflamatórios locais, é sinal de alerta para 
estrangulamento; 
• As hérnias umbilicais apresentam risco 
aumentado de encarceramento e 
estrangulamento devido à rigidez do anel 
herniário; 
• O diagnóstico é feito por inspeção e palpação do 
abdome. Muito raramente são necessários 
exames de imagem, restritos a pacientes muito 
obesos com hérnias de pequeno volume. 
 
 
Tratamento 
• A hérnia do recém-nascido fecha 
espontaneamente até os 2 anos na maioria dos 
casos. Até essa idade a cirurgia só é 
recomendada caso haja encarceramento ou 
estrangulamento; 
• No adulto a indicação é sempre feita, exceto 
durante a gestação e o puerpério imediato; 
• O tratamento cirúrgico pode ser realizado 
ambulatorialmente na maior parte dos casos; 
• Nas hérnias de pequeno volume (<2 cm), pode 
ser realizada uma sutura simples do defeito, com 
dissecação e aproximação das bordas. 
Atualmente existe tendência de utilizar próteses 
mesmo em hérnias entre 1-2 cm e a sutura nas 
<1 cm. Pode também ser feita a Técnica de 
Mayo, com a superposição de duas camadas 
aponeuróticaspara aumentar a resistência da 
sutura; 
• As técnicas para colocação de próteses são as 
mesmas das hérnias incisionais, podendo ser 
utilizado o espaço acime (técnica onlay) da 
musculatura ou atrás da parede abdominal 
(sublay retromuscular, pré-peritoneal ou 
intraperitoneal); 
 
Complicações 
• As mais comuns são infecção, seroma e 
hematoma de ferida operatória; 
• A recorrência é comum em pacientes obesos, 
portadores de doença intra-abdominal (cirrose 
com ascite, etc), com idade avançada, com 
defeitos herniários grandes e criticamente 
doentes.

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