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Apendicite Aguda Anatomia e Fisiologia Geralmente na posição posterolateral do ceco, 2,5 cm abaixo da valva ileocecal. Mede 8-10 cm. As tênias convergem para o apêndice. Em cerca de 16% dos casos está em posição retrocecal. • Grande quantidade de folículos linfoides em jovens, que são substituídos por fibrose e obliteração parcial ou total da luz. Epidemiologia • Mais frequente urgência abdominal cirúrgica. • Incidência maior entre 10-20 anos. • Preponderância em homens (1,4:1). • Menor incidência na África e Ásia, em decorrência da alimentação baseada em vegetais. • Urgência mais comum durante a gravidez. A alteração de posição do apêndice pelo aumento do útero pode dificultar o diagnóstico e aumentar a mortalidade fetal (que chega a 20-35% em apendicites com perfuração). Etiopatogenia • 70% dos casos inicia por obstrução do apêndice proximal por fecalito, parasitos, tumor ou corpo estranho, com posterior proliferação bacteriana; • 30% podem ocorrer por hiperplasia linfoide ou processo catarral; • Com o processo infeccioso, há alteração do suprimento sanguíneo local pela atividade bacteriana e distensão do lúmen por formação de secreção purulenta; • Gangrena e perfuração podem ocorrer em 24h, levando à peritonite localizada ou difusa, por extravasamento de conteúdo intestinal. Manifestações Clínicas • Habitualmente inicia com dor periumbilical ou epigástrica, com posterior localização em fossa ilíaca direita, que piora com a movimentação e deambulação. Pode ser acompanhada de náuseas e desconforto epigástrico; • A dor pode aparecer em flanco direito quando o apêndice está retrocecal e pode mimetizar uma colecistite aguda quando em direção ascendente; • Na posição pélvica pode causar sintomas urinários e retais; • Nas grávidas a dor pode aparecer no QSD ou periumbilical; • Constipação; • Febre moderada (até 38°) também é típica e o seu aumento pode indicar outro diagnóstico ou perfuração do apêndice. Idosos muitas vezes evoluem sem febre. Diagnóstico Exame Físico • Sensibilidade dolorosa no QID; • Em casos mais avançados, massa palpável; • Descompressão brusca dolorosa por comprometimento peritoneal; • Toque retal é importante para avaliar presença de coleção em fundo de saco (abaulamento local); • É importante considerar o diagnóstico de diverticulite de cólon direito (comum em asiáticos). Exames Laboratoriais • Leucocitose moderada (10.000-20.000) associada a neutrofilia, elevação de bastonetes, segmentados • Aumento da VHS e PCR; • Exame de Urina afasta infecção urinária e litíase renal. Exames de Imagem Pedidos e analisados de acordo com as manifestações clínicas. • Radiografia de abdome pode mostrar alça intestinal sentinela bloqueando o processo apendicular e velamento da margem direita do m. psoas no acometimento peritoneal; • USG abdominal (81% sensível, 96% específico), associada à transvaginal pode aumentar para 85%; • TC pélvica demonstra perfuração e abscessos periapendiculares. TC helicoidal com contraste venoso demonstra não opacificação do apêndice (critério diagnóstico maior) ou espessamento do órgão (diâmetro >6mm). Não é necessário o uso do contraste para o diagnóstico. Pode ser dispensada na maioria das vezes e mais indicada em casos de difícil diagnóstico; Cirurgia: Apendicite, colecistite e hérnias Igor Mecenas • Em muitas situações, somente a laparotomia ou laparoscopia pode confirmar a doença abdominal que está presente. Diagnóstico Diferencial • Processos Pélvicos Ginecológicos (endometriose, salpingite, cisto de ovário torcido, abscesso tubo-ovariano, gravidez ectópica) • Gastrenterite aguda • Cólica renal aguda • Pielonefrite aguda • Doença de Crohn em forma aguda • Diverticulite de Meckel • Linfadenite mesentérica • Vasculite sistêmica • Síndrome de Van Recklinghause Complicações • Perfuração do apêndice (livre com peritonite ou bloqueada com abscesso localizado); • Peritonite • Abscesso periapendicular • Pileflebite com trombose da veia porta • Abscesso hepático • Septicemia. Tratamento • Antibioticoterapia sistêmica precede a cirurgia, pode ser prolongado quando complicada (perfuração e/ou abscesso pélvico); • Laparotomia por incisão de McBurney: mais utilizada e é a mais indicada nos casos complicados ou com abscesso pélvico. Facilita a retirada do apêndice, drenagem de coleções e limpeza da cavidade. • Videolaparoscopia • Não há diferença de incidência de complicações na indicação cirúrgica precoce (<12h) ou tardia (12-24h dos sintomas). Após 36h o índice de perfuração varia de 16-36%. • A mortalidade em formas perfuradas, principalmente em idosos, pode chegar a 15%. O índice de infecção na incisão é <5% em formas não complicadas e chega a 20% nas complicadas com perfuração e/ou gangrena (uso de antibiótico reduz a incidência). • Pode ocorrer aparecimento de abscesso intra- abdominal ou pélvico no pós-operatório (dor local, febre e sepse, confirmado por USG ou TC). Deve ser abordado por nova laparotomia ou por punção transcutânea. Colecistite Aguda É caracterizada pela inflamação aguda da vesícula biliar, que pode ser a agudização de uma colecistite crônica. Compreende edema, congestão, infiltração de células inflamatórias, necrose, gangrena e perfuração. • A evolução é imprevisível e a sintomatologia nem sempre corresponde à gravidade das lesões, principalmente em idosos • Acomete 20 a 25% dos pacientes com litíase vesicular sintomática e tem maior prevalência em idosos • É relativamente benigna em adultos jovens, mas torna-se progressivamente mais grave com a idade • Incide principalmente após a 4ª década • Está associada à obstrução litiásica do ducto cístico em 90 a 95% dos casos Colecistite Aguda Calculosa • Complicação da litíase biliar • Depende da obstrução do canal cístico por um ou mais cálculos Fisiopatologia A inflamação resulta de fatores mecânicos, químicos e infecciosos: • Migração dos cálculos para o infundíbulo vasicular, ducto cístico ou colédoco provoca obstrução, seguida de aumento da pressão intraluminal e distensão • Há hiperconcentração de sais e colesterol na bile, causando irritação química e edema da mucosa com liberação de enzimas intracelulares a ativação de mediadores inflamatórios • Há aumento da produção de prostaglandinas, menor produção de muco, espessamento da parede vesicular, compressão dos vasos sanguíneos e linfáticos • Causam insuficiência arterial e congestão venosa intensa, que influenciam na extensão da necrose da parede • O processo inicialmente é estéril, mas com a persistência da obstrução há invasão bacteriana (E.coli, Streptococcus faecalis e não hemolíticos, Klebsiella, Proteus, C. welchii e C. perfringens) • O peritônio perde o brilho e é coberto por exsudato serofibrinoso. Formam-se aderências que isolam a vesícula do resto da cavidade abdominal. O linfonodo do cístico geralmente aumenta de volume • As alterações inflamatórias são menos evidentes quando há fibrose ou retração devido a crises prévias • Nos casos mais graves observam-se áreas de necrose e gangrena, com esfarcelo parcial ou total do órgão. A formação de absecsso dentro da vesícula é chamada de empiema vesicular. Manifestações Clínicas • Dor abdominal aguda, contínua, no epigástrio ou QSD, podendo variar ou ser mal definida antes de se restringir ao QSD. Pode simular cólica biliar, porém é mais intensa e dura mais de 3h. Pode apresentar irradiação para a escápula direita e interescapular; • Em mais da metade dos casos há náusea e vômito; • Febre até 38.5°C, FC aumenta moderadamente; • Icterícia em até 20% dos pacientes (inflamação do pedículo hepático, litíase ductal, inflamação hepatcelular, espasmo do esfíncter de Oddi ou colangite associada). Icterícia acentuada pode ocorrer em litíase do colédoco; • Síndrome de Mirizzi: Colecistitee Icterícia. • Tipo I: Um ou dois cálculos impactados no ducto colédoco ou no infundíbulo, comprimindo o colédoco ou o canal hepático comum; • Tipo II: Erosão por cálculo no ducto hepático comum com fístula colecistocoledociana • As formas mais graves ocorrem com febre alta, taquicardia >120 bpm, generalização da dor para todo o abdome e distensão abdominal com diminuição ou desaparecimento dos ruídos hidroaéreos. • Complicações ocorrem por necrose e perfuração. • A perfuração tipicamente é tamponada ou bloqueada pelo epíploon (omento menor) e órgãos adjacentes, isolando a vesícula da cavidade peritoneal e formando abscesso perivesicular; • A perfuração em cavidade peritoneal livre ocorre em 1-2%; • Fístula colecistoentérica decorre da perfuração da vesícula para o duodeno, cólon ou estômago aderidos, podendo eliminar cálculos para estes órgãos. Diagnóstico Exame Físico • Sinal de Murphy (pode ser positivo também em câncer da vesícula, quando infiltra a serosa) • Vesícula distendida palpável em 30-50% dos casos (lisa e arredondada ou plastrão envolvendo a vesícula e estruturas aderidas). Não há distensão quando há colecistite crônica escleroatrófica • Icterícia em torno de 20%, geralmente discreta. Quando acentuada, pensar em litíase no colédoco • Síndrome de Mirizzi (colecistite + icterícia) acontece por cálculo impactado no ducto cístico ou no infundíbulo da vesícula • Tipo I: Compressão do colédoco ou do canal hepático comum • Tipo II: Erosão por cálculo no ducto hepático comum, criando fístula colecistocoledociana • As formas mais graves manifestam-se por febre alta, taquicardia >120 bpm, dor generalizada no abdome e distensão abdominal com diminuição ou desaparecimento dos RHA Exames Complementares • Hemograma (leucocitose moderada); • Eletrólitos; • Com icterícia: dosagem de transaminases, fosfatase alcalina, tempo de protrombina; • Exames pré-operatórios de rotina (ECG incluso). • Radiografia de tórax • Radiografia simples de abdome • Pode diagnosticar síndrome de Mirizzi (mas frequentemente é necessária colangiografia endoscópica retrógrada ou colangiografia por RM) • Ultrassonografia: diagnostica os cálculos e ajuda no diagnóstico diferencial com câncer, abscessos ou cistos; • Cintilografia hepatobiliar: não identifica os cálculos, mas ajuda no diagnóstico pois o IDA não é detectado no ducto cístico pela obstrução; • TC e RM habitualmente não são necessárias; • Laparoscopia pode ser empregada em casos selecionados e diagnostica síndrome de Fitz- Hugh e Curtis; • O histopatológico revela • 1ª semana (aguda): edema maciço da parede com hemorragia e necrose da mucosa. Proliferação de fibroblastos no 2º ou 3º dia. • 2ª semana (subaguda): infiltração leucocitária, regressão do edema maior, maior infiltração de fibroblastos, necrose e abscessos intramurais. • 3ª e 4ª semanas (subcrônica): substituição de polimorfonucleares por linfócitos e células plasmáticas. Aparecem eosinófilos e granulomas na parede vesicular. • >5ª semana (crônica): mucosa fina e sem vilosidades, fibrose acentuada de todas as túnicas. Diagnóstico Diferencial • Úlcera perfurada, pancreatite, apendicite aguda, hepatite aguda, pneumonia de lobo inferior direito, infarto pulmonar, pleurite basal, pielonefrite, abscesso hepático, síndrome de Fitz-Hugh e Curtis e, em idosos, infarto do miocárdio de apresentação atípica. Tratamento • Analgésicos simples (dipirona IV) • Opioides (meperidina) • Antibióticos (indicados em casos graves, idosos, diabéticos, imunossuprimidos) • Casos moderados: cefalosporinas de 1ª geração; • Casos graves: clindamicina associada a gentamicina, cefalosporina de 3ª e metronidazol; • Vitamina K em ictéricos; • Operação: nas primeiras 24-48h tem benefícios e é mais fácil. A tardia é feita depois de 6 semanas a 3 meses. • Colecistectomia Videolaparoscópica: Abordagem de escolha, mas pode necessitar de conversão para operação aberta; • Colecistostomia convencional ou percutânea: Escolha para doentes com mau prognóstico ou quando há impedimento por lesões inflamatórias intensas; • Drenagem do abscesso perivesicular: pode ser o único procedimento executável. Colecistite Aguda Acalculosa Etiologia • Obstrução por neoplasia, estenose fibrosa, Ascaris lumbricoides, compressão por linfonodos aumentados, anomalia de artérias císticas ou hepáticas, aderências, vólvulo da vesícula com angulação acentuada do canal cístico; Diagnóstico • Dor no QSD, vômito e febre; • Hemograma com frequente desvio à esquerda; • À USG parede da vesícula >3,5 mm, ausência de ascite Colecistite Enfisematosa • Infiltração gasosa da parede vesicular, da luz, de ductos e até tecidos perivasculares. Pode complicar tanto da calculosa quanto da acalculosa; • Agentes responsáveis podem ser Clostridium welchii, E. coli e outras anaeróbias; • A dor é mais pronunciada e o paciente apresenta aspecto mais grave e tóxico; • O tratamento necessita de antibioticoterapia imediata (penicilina, clindamicina ou imipenen) e colecistectomia o mais cedo possível. Hérnias Inguinais e Femorais • A região inguinal é o local da parede abdominal onde surgem hérnias com maior frequência. A incidência é em torno de 100-300 novos casos a cada 100 mil habitantes/ano. Homens 27%, mulheres 5%. 2/3 das hérnias são indiretas e a bilateralidade chega a 22%; • As hérnias femorais são 4-5x mais comuns em mulheres. Multiparidade é um fator de risco. 10% das mulheres e 50% dos homens com hérnia femoral têm ou terão hérnia inguinal. Etiologia • A principal é o defeito na fáscia transversal; • Hérnias indiretas decorrem de defeito congênito do fechamento do conduto peritoneovaginal; • Manifestam-se com fatores de aumento da pressão abdominal, com a dilatação do anel inguinal profundo e protrusão de estruturas abdominais através dele; • As hérnias diretas são adquiridas pelo enfraquecimento da parede posterior da região inguinal. Mais comum em idosos; • Fatores predisponentes: constipação, sintomas prostáticos obstrutivos, ascite, envelhecimento, tabagismo, doenças do tecido conjuntivo (colágeno I e III) e doenças sistêmicas; • A verdadeira causa da hérnia femoral é desconhecida. Aceita-se que ela é adquirida por dilatação da veia e do anel femoral por elevação da pressão intra-abdominal. Conceitos Anatômicos Orifício Miopectíneo de Fruchaud • Limite Superior: Mm. oblíquo interno e transverso • Limite Inferior: Linha iliopectínea do púbis • Limite Lateral: M. íleopsoas • Limite Medial: M. reto abdominal É dividido pelo ligamento inguinal num compartimento inferior (hérnias femorais) e num compartimento superior que é subdividido pelos vasos epigástricos inferiores num compartimento medial/triângulo de Hesselbach (hérnias inguinais diretas) e num compartimento lateral (hérnias inguinais indiretas). Canal Inguinal • Teto: arco aponeurótico transverso • Parede anterior: aponeurose do músculo oblíquo externo • Parede posterior/Assoalho: fáscia transversal • Parede inferior: ligamento inguinal • Conteúdo: Cordão espermático/Ligamento redondo Cordão espermático • Ducto deferente e artéria, Vasos testiculares, Linfáticos, Gordura, Plexo pampiniforme, Nervos e M. Cremaster. Triângulo de Hesselbach • Limite Medial: borda lateral do M. reto abdominal • Limite Superolateral: Vasos epigástricos inferiores • Limite Inferolateral: Lig. Inguinal. Anel Femoral • Limite Anterior: Trato iliopúbico • Limite Lateral: Lig. Lacunar • Limite Posterior: Linha iliopectínea • Limite Medial: V. Femoral • Conteúdo: 1-2 linfonodos (o maior é o de Cloquet) Classificação Localização • Inguinal Indireta: lateral aos vasos epigástricos inferiores, no anel inguinal profundo, acompanhando o trajeto do cordão espermático, podendo atingir a bolsa escrotal. •Inguinal Direta: medial, insinuam-se pelo triângulo de Hesselbach no assoalho do canal inguinal. • Inguinal Mista • Femoral Tamanho do Anel Herniário • Pequena: <1,5 cm • Média: 1,5-3 ou 4 cm • Grande: >3 ou 4 cm Tamanho do Saco Herniário • Restrita ao canal inguinal • Além do anel inguinal externo • Na bolsa escrotal Redução • Redutíveis • Irredutíveis/Encarceradas Classificação de Nyhus • Tipo I: Indireta, pequena, anel interno normal, saco no canal; • Tipo II: Indireta, média, anel interno alargado; • Tipo III A: direta, apenas assoalho; • Tipo III B: Combinada, indireta grande, compromete a parede posterior; • Tipo III C: Femoral; • Tipo IV: Recorrente (A- Direta; B- Indireta; C- Femoral; D- Combinação de A, B e C). Semiologia Sinais e Sintomas • Aumento de volume local. Nas inguinais pode aparecer com Valsalva e desaparecer ao deitar; • Dor: quando ocorre é de pequena intensidade, em peso, associada à posição ortostática ou aos esforços. Dor intensa, contínua e associada a náuseas sugere encarceramento ou estrangulamento; Exame Físico • Manobra de Valsalva em posição ortostática; • Quando do sexo masculino, introduzir o dedo no canal inguinal pela bolsa escrotal e tentar palpar o conteúdo herniário (quando direta será sentida na polpa digital, quando indireta será sentida na ponta do dedo; • A hérnia femoral é palpada inferiormente ao ligamento inguinal e medialmente ao pulso da A. femoral. Exames de Imagem • US da parede abdominal; • RM dinâmica em pacientes obesas com hérnias pequenas. Tratamento A principal indicação para cirurgia é a piora nos escores de qualidade de vida quando observados ao longo do tempo. A maioria dos pacientes tem indicação cirúrgica no momento do diagnóstico; • Independente da técnica, em geral os sacos herniários diretos são invertidos e os indiretos são dissecados até sua origem e ligados (ligadura alta do saco herniário); • Em crianças e jovens pode ser feita a ligadura alta com ou sem fechamento medial do anel inguinal profundo com um ou dois pontos (técnica de Marcy); • Evitar dissecações além do tubérculo púbico pelo risco de orquite isquêmica; • Grandes sacos que chegam ao escroto podem ser seccionados deixando o coto distal aberto; • A eleição de técnicas para laparoscopia é igual à das abertas, tendem a oferecer retorno mais precoce à atividade e estão associadas a menos dor pós-operatória. Também tem vantagem para hérnias bilaterais, que podem ser abordadas pelos mesmos portais, e para recidivas, que podem ser abordadas por uma via virgem; Técnicas para Hérnia Inguinal Reparos clássicos • Primeiro Plano: • Técnica de Bassini: aproximação de pontos entre a fáscia transversal, oblíquo interno e transverso ao ligamento inguinal. Não é mais usada. • Técnica de Shouldice: dissecção ampla da parede posterior e do anel inguinal profundo com correção primária em 4 planos com fio inabsorvível. Melhor resultado entre as técnicas com tensão. • Reparo de McVay: sutura a fáscia transversal ao ligamento de Cooper. • Segundo Plano: colocação de tela • Reparo de Lichtenstein: defeitos diretos são imbricados, os indiretos são dissecados e excisados ou invertidos. Depois é colocada uma tela grande que reconstrói o anel inguinal profundo. • Reparos com plugues: tampões de tela inseridos diretamente no defeito herniário. Reparos anteriores • Telas bilaminares com interconector por inguinotomia. Simula os reparos pré-peritoneais, a técnica com plugues e Leichtenstein ao mesmo tempo; • Técnica de Stoppa: Técnica aberta com grande tela pré-peritoneal cobrindo toda a região inguinal. Serve de base para técnicas laparoscópicas. Reparos pré-peritoneais Laparoscopia • Técnica Transabdominal Pré-Peritoneal (TAPP): trocartes colocados em posição intraperitoneal; dissecação do saco herniário; colocação da tela cobrindo o anel inguinal interno, triângulo de Hesselbach e anel femoral; • Técnica Totalmente Extraperitoneal (TEP): trocartes em posição pré-peritoneal, tela na mesma posição da TAPP; Técnicas para Hérnia Femoral • A hérnia femoral deve ser operada o quanto antes pelo maior risco de estrangulamento; Reparos femorais • Abordagem femoral: dissecação a partir da região crural, abaixo do lig. inguinal, sem abrir a aponeurose do M. oblíquo externo. Alta taxa de recidiva. Quando colocada tela, tem bons resultados; • Abordagem inguinal: McVay é o mais utilizdo, podendo ter reforço com tela. • Abordagem Pré-peritoneal Cuidados Pré e Pós-operatórios • Corrigir fatores de aumento da pressão intra- abdominal (prostatismo, tosse crônica, constipação) previamente; • Anestesia local assistida está associada a menor risco de complicações como retenção urinária e infecção respiratória; • Uso de antibioticoterapia profilática é controverso.É usada pela maior parte dos serviços quando usam tela. Cefalotina ou Cefazolina IV no momento da anestesia; • No uso de tela, a alta ocorre no mesmo dia ou no dia seguinte. Pode voltar às atividades rotineiras e as que exigem esforço abdominal ficam a critério do cirurgião. Comparação de tratamentos • Para ser considerado efetivo, o reparo deve apresentar recorrência próxima a 1%, praticamente todas as técnicas com tela tem taxas de 1% ou menos; • A via laparoscópica traz custos mais elevados e maior tempo cirúrgico, porém com recuperação pós-operatória mais rápida e com menos dor; • A videolapareoscopia traz como vantagem o diagnóstico e tratamento de hérnias bilaterais ocultas e a dissecação de região virgem para recidivas; • Menor ocorrência de dor crônica em endoscopia. Complicações • Hematoma, infecção, edema genital/escrital, hidrocele, recorrência, dor inguinal, infecção respiratória, infecção urinária, trombose venosa profunda Hérnias Umbilicais Enfraquecimento gradual do tecido cicatricial do anel umbilical. • Nas crianças a maioria é congênita, devido à não obliteração do anel umbilical; • O conteúdo herniário está associado ao tamanho da hérnia. As pequenas geralmente contém gordura pré-peritoneal e omento, as maiores podem conter intestino delgado ou cólon; • Não há história de trauma cirúrgico ao abdome antes do aparecimento; • Os fatores predisponentes no agudo estão ligados ao aumento da pressão intra-abdominal (gestação, ascite, obesidade e distensão por tumor). Sinais e Sintomas Dependem do tamanho do defeito aponeurótico: • Assintomática na maioria dos casos; • A dor está presente quando há encarceramento de gordura pré-peritoneal. As hérnias de maior volume geralmente não são dolorosas. A dor está associada a manobras de aumento da pressão abdominal e quando não há estrangulamento é de baixa intensidade; • O aumento repentino da dor, principalmente associado a náuseas, vômitos e sinais inflamatórios locais, é sinal de alerta para estrangulamento; • As hérnias umbilicais apresentam risco aumentado de encarceramento e estrangulamento devido à rigidez do anel herniário; • O diagnóstico é feito por inspeção e palpação do abdome. Muito raramente são necessários exames de imagem, restritos a pacientes muito obesos com hérnias de pequeno volume. Tratamento • A hérnia do recém-nascido fecha espontaneamente até os 2 anos na maioria dos casos. Até essa idade a cirurgia só é recomendada caso haja encarceramento ou estrangulamento; • No adulto a indicação é sempre feita, exceto durante a gestação e o puerpério imediato; • O tratamento cirúrgico pode ser realizado ambulatorialmente na maior parte dos casos; • Nas hérnias de pequeno volume (<2 cm), pode ser realizada uma sutura simples do defeito, com dissecação e aproximação das bordas. Atualmente existe tendência de utilizar próteses mesmo em hérnias entre 1-2 cm e a sutura nas <1 cm. Pode também ser feita a Técnica de Mayo, com a superposição de duas camadas aponeuróticaspara aumentar a resistência da sutura; • As técnicas para colocação de próteses são as mesmas das hérnias incisionais, podendo ser utilizado o espaço acime (técnica onlay) da musculatura ou atrás da parede abdominal (sublay retromuscular, pré-peritoneal ou intraperitoneal); Complicações • As mais comuns são infecção, seroma e hematoma de ferida operatória; • A recorrência é comum em pacientes obesos, portadores de doença intra-abdominal (cirrose com ascite, etc), com idade avançada, com defeitos herniários grandes e criticamente doentes.
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