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BASES DA TERAPÊUTICA I FUNDAMENTOS EM HEMODINÂMICA 4 Fundamentos em Hemodinamica Distribuição do sangue no organismo: A partir da saída do sangue na bomba cardíaca esquerda. No sistema gastrointestinal, o baço tem 21% de recebimento do sangue ejetado, esse número é muito próximo da quantidade de sangue recebida pelos rins (22%), Se formos considerar o tamanho da área envolvida, o tamanho dos órgãos envolvidos, vemos a importância do débito cardíaco, da distribuição do sangue pelo organismo com relação a função renal. Quase ¼ do sangue distribuído chega no rim. Quase 15% do sangue ejetado chega ao cérebro para manter a função cerebral do ser humano. Distribuição do sangue no sistema circulatório: O sistema venoso ocupa a maior parte da distribuição de sangue (64%), de tal forma que essa distribuição de sangue no sistema venoso é fundamental para a função do coração. Então esse sangue venoso que vai ter que voltar ao coração (retorno venoso) é extremamente importante para a função do coração. Oscilação das pressões em diversas partes da circulação: A importância da pressão arterial: A pressão arterial nos da o impulso, a forma como o direcionamento da hemodinâmica acontece. A pressão arterial 12:8 é a forma como os vasos principais, logo após a ejeção do coração, recebem o fluxo de sangue. Então a pressão arterial 12:8 é um dado que é procurado na fisiologia para que haja uma hemodinâmica. A pressão 12:8 se mantém na aorta, nas grandes artérias, nas pequenas artérias, e isso vai diminuindo nas arteríolas e capilares. Nos capilares ainda tem um gradiente de pressão necessário para troca na microcirculação. No sistema venoso praticamente não há uma variação de pressão arterial, o que aumenta um pouco somente depois na pequena circulação pulmonar Para que tenha uma boa hemodinâmica deve procurar que o paciente tenha sempre esse circuito de pressão arterial. Interrelações entre pressão, fluxo e resistência – Lei de Ohm: A intensidade (ou velocidade) do fluxo sanguíneo para cada tecido corporal é quase sempre controlada precisamente em relação às necessidades teciduais. Quando os tecidos estão ativos, precisam de grande incremento do suprimento de nutrientes e, portanto, fluxo sanguíneo muito maior. Assim não é possível simplesmente aumentar o fluxo sanguíneo em todas as partes do corpo quando um tecido em particular demanda fluxo aumentado. O fluxo sanguíneo é determinado por 2 fatores: 1- A diferença de pressão sanguínea entre as duas extremidades do vaso, também referida como “gradiente de pressão” ao longo do vaso, que é a força que impulsiona o sangue pelo vaso, e; 2- O impedimento do fluxo sanguíneo pelo vaso, ou a resistência vascular. A resistência ocorre como resultado do atrito entre o sangue em movimento e o endotélio intravascular em todo o interior do vaso. O fluxo de vaso pode ser calculado pela seguinte fórmula – lei de Ohm: F = ΔP/R F = fluxo sanguíneo; ΔP = diferença de pressão (P1-P2) entre as duas extremidades do vaso; R = resistência. A fórmula define que o fluxo sanguíneo ocorre em proporção direta à diferença de pressão, mas inversamente proporcional à resistência, ou seja: · Quanto maior o gradiente de pressão, maior o fluxo · Quanto menor o gradiente de pressão, menor o fluxo · Quanto maior a resistência (vasoconstrição), menor o fluxo · Quanto menor a resistência (vasodilatação), maior o fluxo Se a pressão de ambas as extremidades for a mesma, não haverá fluxo apesar de existir pressão Gradiente de pressão é proporcional ao fluxo. A resistência pode ser alterada pela vasoconstrição ou vasodilatação: · Vasoconstrição: quanto menor o raio do vaso, MAIOR a resistência e MENOR o fluxo sanguíneo. · Vasodilatação: quanto maior o raio do vaso, MENOR a resistência e MAIOR o fluxo sanguíneo. O fluxo sanguíneo é equivalente ao débito cardíaco. Débito cardíaco: Débito cardíaco é a quantidade de sangue bombeado para a aorta, a cada minuto, pelo coração. DC = VS x FC (debito cardíaco é o volume sistólico vezes a frequência cardíaca). Então para pensar em DC nós temos 2 variáveis onde nós podemos mexer terapeuticamente tanto no volume sistólico quanto na frequência cardíaca. Ex: Débito cardíaco rebaixado porque o paciente encontra-se francamente desidratado para recuperar esse débito cardíaco uma forma é hidrata-lo. Quando hidrata o paciente estamos mexendo no volume sanguíneo e por isso há resposta no débito cardíaco. Também poderia recuperar esse DC com o aumento da frequência cardíaca, mas não é isso que pede nesse contexto clínico. Homens = 5,6 ml/min Mulheres = 4,9 ml/ min 4 variáveis que afetam diretamente o DC: · Nível básico do metabolismo corporal · Exercício físico · Idade (idade é muito importante. O idoso tem uma redução fisiológica do DC) · Dimensões do corpo Índice Cardíaco (IC): É o débito cardíaco por metro quadrado da superfície corporal: A = 1,73 m2 área de superfície corporal do humano é 1,73 m2 IC = 3L/min/m2 (adulto de 70 kg) Retorno venoso (RV): Quantidade de sangue que flui das veias para o átrio direito, a cada minuto. O DC é controlado pelo RV Controle do DC pelo RV – Papel do mecanismo de Frank-Starling do coração: O mecanismo de Frank-Starling mostra que o coração possui uma capacidade intrínseca do coração de se adaptar a volumes crescentes de afluxo sanguíneo (chegada de sangue). Quanto maios o miocárdio for distendido durante o enchimento, maior será a força de contração e maior será a quantidade de sangue bombeado para a aorta. · Mecanismos de acoplamento actina-miosina · Distensão do AE Aumenta 10-20% FC (reflexo de Bainbridge) · Distensão do nodo sinusal (AD) Aumenta 10-15% FC Lembre-se: Na maioria das condições não estressantes usuais, o DC é controlado, de forma quase total, pelos fatores periféricos que determinam o RV. Se o RV for MAIOR do que o coração pode bombear, o coração passará a ser o fator limitante do DC aí precisa melhorar a função cardíaca intrínseca para que ele consiga ter demanda ao RV do paciente. DC e Resistência periférica total (RPT): RPT também pode ser chamada de RVS (resistência vascular sistêmica) DC = Pressão Arterial/RPT RPT é a resistência que o sangue encontra logo depois da ejeção da bomba esquerda. É uma variável muito importante na função cardiocirculatória. Como a pressão arterial é um sinal vital facilmente obtido, temos a seguinte formula: PA = DC x RPT Se nós lembrarmos que DC = VS x FC, temos 3 variáveis para poder manipular a pressão arterial do paciente (volume sistólico, frequência cardíaca e resistência periférica total) PA = VS x FC x RPT Para qualquer situação de alteração de pressão do paciente (hiper ou hipotensão) tem 3 possibilidades de manipulação terapêutica (volume sistólico, frequência cardíaca e resistência periférica total) para alcançar a normotensão. Ex: Suponha que o paciente está hipertenso e você vai dar um vasodilatador para ele. Por que utilizar um vasodilatador? Ele vai diminuir a resistência periférica total, diminuindo a pressão arterial. Determinantes do desempenho cardíaco: Todo paciente que você suspeitar de doença do aparelho cardiocirculatório você tem que responder para você mesmo quais são esses 4 determinantes da função do desempenho cardíaco: Qual a pré-carga do paciente? Qual é a pós-carga do paciente? Como está a contratilidade ventricular? Como está a frequência cardíaca? · Pré-carga: Toda vez que você analisa a pré-carga do paciente, você está analisando qual é o Retorno Venoso que o paciente apresenta. Existem sintomas e sinais que nos mostram relação do retorno venoso, um dos sinais mais importante é pressão venosa central (uma mensuração de como está esse retorno venoso) Pressão diastólica final ou volume diastólico final RV – Mecanismo de Frank-Starling do coração · Pós-carga: Toda vez que você analisa a pós-carga você analisa a resistência periférica total do paciente (RPT). Forças físicas que precisam ser superadas para haver a ejeção ventricular. · Contratilidade Ventricular: medida mais confiáveis de medir a contratilidade ventricular é através da Fraçãode ejeção = indicador confiável para o VE. · Frequência cardíaca: sinusal? Existe alguma arritmia? Regulação neuronal do sistema cardiovascular: · SNA simpáticoReguladores de curto prazo · SNA parassimpático · Sistema Renina-Angiotensina Regulador a longo prazo Esses 3 sistemas vão ser manipulados farmacologicamente sempre que for preciso. SNA Simpático: Mediador: Norepinefrina e epinefrina (efeito adrenérgico) Ação dos mediadores no coração: Sob estímulo β tem aumento de frequência cardíaca e contratilidade do miocárdio, ou seja, o estimulo β é taquicardizante e pode aumentar contratilidade do miocárdio. Vasos sanguíneos: Sob estímulo α você pode ter vasocostrição arterial e vasoconstrição venosa particularmente no leito esplâncnico · Aumenta a FC – β (epinefrina) · Aumenta a contratilidade miocárdica – α e β (epinefrina) · Regula o tônus vascular – Vasoconstrição arterial (α); Vasoconstrição venosa (leito esplâncnico) SNA Parassimpático: Mediador: Acetilcolina (efeito colinérgico) Ação no coração: é bradicardizante, pois a Acetilcolina lentifica a velocidade de disparo do nó sinusal e lentifica a condução no nó atrioventricular. No REPOUSO, a FC está sob controle do parassimpático. Portanto, drogas beta-bloqueadoras têm pouco efeito na Fc do repouso, mas reduzem-na acentuadamente no exercício. Sistema Renina-Angiotensina: Regulador intermediário de longo prazo. Personagem principal no aparelho cardiocirculatório é a angiotensina II. Angiotensina II: · Potente vasoconstritor periférico · Ativa liberação de Aldosterona Quando libera aldosterona tem retenção de NA e H2O e consequente aumento da PA · Promove a liberação de Noradrenalina em sítios periféricos do sistema simpático Choque: Grave condição clínica que resulta de uma redução profunda e disseminada da perfusão tecidual efetiva levando à disfunção celular e falência orgânica. Tipos de Choque: · Choque hipovolêmico: Perda de sangue e/ou volume · Choque cardiogênico: Diminuição do DC · Choque distributivo: Vasodilatação periférica · Choque obstrutivo extra-cardíaco