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Medicina Legal: Documentos Médico-Legais
Introdução
O prontuário médico pode ser usado no campo médico-legal, mais especificamente na perícia indireta, como
documento médico-legal, servindo como prova, pois neste podem haver registros de lesões e agressões.
Em outras palavras, são expressões gráficas públicas (de um hospital público ou de uma clínica particular),
que tem um caráter representativo de um fato. Isso quer dizer que se o médico assinar um atestado, ele
deve ser capaz de provar que houve aquele fato – o que será avaliado em juízo por advogados e outros
profissionais da área legal.
Documentos Médico-Legais
● Notificações
● Atestados
● Prontuários
● Relatórios
● Pareceres
● Depoimentos orais
Notificações
Comunicações compulsórias (obrigatórias) dos médicos às autoridades competentes sobre um fato
profissional. As notificações têm necessidade social ou sanitária. São feitas em condições de:
● Acidentes de trabalho
● Doenças infectocontagiosas
● Morte encefálica
Atestados
Documento que firma a veracidade de um fato ou a existência de um determinado estado. Nesse
documento constam fatos confirmados por um médico e suas possíveis consequências.
O atestado médico pode ser feito apenas para os pacientes examinados pelo próprio médico; nunca deve ser
assinado quando há alguma dúvida quanto ao fato, quando não pode ser provado ou como favor.
Trata-se de uma declaração sobre o fato médico e todas as suas consequências. Pode ser um atestado de
saúde, de doença, de situações anteriores ou atuais, de dispensas ou justificativas de falta no serviço.
O papel é simples e timbrado (do local de trabalho). Se um atestado é dado com um papel de um hospital
público (com o timbre do hospital), o médico e o hospital respondem pelo que está firmado. Nunca assinar um
atestado de um “paciente de consultório” no hospital, onde não há um prontuário. O atestado do “HR” deve
ser dado para o paciente do HR; para o paciente do SUS, atestado do paciente que tem prontuário no SUS;
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do consultório, para o paciente que tem prontuário no consultório. Em outras palavras, o atestado deve ser
feito de acordo com a respectiva instituição onde cada paciente foi atendido.
O atestado pode ser oferecido somente quando pedido pelo paciente ou seus responsáveis legais. Além
disso, sempre deve constar no atestado “a pedido do paciente”, e o mesmo deve assinar.
Em suma: o atestado deve ser feito em papel timbrado (do respectivo local de trabalho), firmando sempre a
veracidade, constando que foi feito “a pedido do paciente” com a assinatura e data. Todas essas medidas são
para proteger o próprio médico. O atestado só pode ser feito para médicos inscritos nos CRM.
Partes constitutivas do atestado
● Qualificação do médico (título de especialista somente se possuir RQE)
● Qualificação do interessado
○ Referindo a sua solicitação de atestado, assinatura e data
● Finalidade a que se destina
○ Fato médico, consequência (p. Ex.: dispensa de trabalho), por quanto tempo, etc
● Local, data e assinatura com carimbo profissional (que inclusive nunca pode ser deixado no hospital
devido ao risco de roubo)
Tipos de atestado
● Administrativo
○ A serviço da instituição pública
● Judiciário
○ O juiz pede para o médico atestar se um indivíduo esteve no seu consultório no dia “x” e na
hora “y”
● Oficioso
○ De interesse do próprio paciente ou responsável (p. Ex.: mãe pedindo para dispensar filho das
práticas de educação física)
Evitar
● Declaração de diagnóstico no atestado (código CID)
○ Exceto o que permite o Código de Ética Médica: justa causa, dever legal ou a pedido do
paciente
○ Caso feito sem que seja um pedido do paciente, o mesmo pode alegar quebra de sigilo
Atestado: quem o firma (apenas médico), tem fé de ofício; outros profissionais fazem declarações.
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Prontuário
Todo o registro/acervo documental de tudo que aconteceu nas consultas: anamnese, exame físico, exames
complementares, prescrições terapêuticas, relatório de enfermagem, anestesias, etc. O médico é responsável
por esses documentos por 20 anos e é direito do paciente de solicitá-lo a qualquer momento. Se for um
prontuário de uma instituição pública, a responsabilidade é dessa instituição.
Artigo 93
É vedado (proibido) ao médico: ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou de
qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou
tenha atuado. Se tratar o paciente, não pode ser perito do mesmo.
Relatório médico-legal
É o documento mais completo, feito pelos peritos. Apresenta uma descrição mais minuciosa (“visum et
repertum”). Pode ser feito somente frente a uma solicitação da autoridade policial ou judiciária, isto é, um
exame de corpo de delito só pode ser feito com um boletim de ocorrência previamente feito. Possui partes
constitutivas:
● Preâmbulo
Possui hora, data e local exatos em que o exame é feito; além disso, o nome da autoridade que requereu e
daquela que determinou a perícia. Também deve conter nome, títulos e residências dos peritos. Por último, a
qualificação do examinado.
● Quesitos
Perguntas pré-estabelecidas do código de processo penal; também existem os quesitos acessórios, que são
perguntas livremente feitas. Na psiquiatria médico-legal não existem quesitos oficiais, apenas perguntas de
formulação livre feitas pelo juiz e as partes no direito.
● Descrição
A parte mais importante do relatório, que precisa ser o mais detalhada possível para que haja uma conclusão
adequada. Deve ser objetiva e impessoal:
○ Detalhamento da lesão: completa, minuciosa e objetiva
○ Deve possuir forma, direção, número, idade, situação, extensão, largura, disposição e
profundidade
○ Pode conter esquemas e fotografias
● Discussão
Discussão sobre as várias hipóteses: um diagnóstico lógico a partir de justificativas racionais baseadas na
literatura.
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● Conclusão
É a síntese diagnóstica: análise sumária da conclusão pericial
● Respostas aos quesitos
Respostas sintéticas e convincentes
Exemplos de quesitos (perguntas pré-estabelecidas)
● Lesão corporal
● Perícia necroscópica
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Laudo
Relatório médico-legal revisado pelos peritos: esses profissionais estudam toda a documentação, podendo
consultar inclusive médicos de outras especialidades as quais não possuem muita afinidade, pedindo por um
parecer médico; essas medidas são feitas para sanar dúvidas e confirmar (ou não) as informações do
relatório médico-legal.
Auto
Exame ditado geralmente feito em casos de exumação. É feita uma narração verbal de acontecimentos
diretamente a um escrivão e testemunhas.
Conclusões sobre a aula
● O perito observa, estuda e constata;
● Toda constatação técnico-científica deve ser com fundamentação teórica;
○ Evitar “suposições” ou “possibilidades”
● Conclusões com caráter objetivo, isento e imparcial;
● Se utilizado auxílio de outros profissionais, declarar no laudo pericial
● Documento médico-legal sempre irá para a justiça

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