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SISTEMA DE ENSINO NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Lesões e Mortes. Asfixias Livro Eletrônico 2 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra Sumário Lesões e Mortes .............................................................................................................................. 3 1. Lesões e Mortes por Ação Contundente, por Armas Brancas e por Projéteis de Arma de Fogo Comuns e de Alta Energia ................................................................................... 3 1.1. Aspectos Gerais ......................................................................................................................... 3 1.2. Lesões e Mortes Produzidas por Ação Contundente ....................................................... 4 1.3. Lesões e Mortes por Armas Brancas .................................................................................. 11 1.4. Lesões e Mortes por Projéteis de Arma de Fogo Comuns e de Alta Energia .............. 17 2. Lesões e Mortes por Ação Térmica, por Ação Elétrica, por Baropatia e por Ação Química ............................................................................................................................................ 30 2.1. Lesões e Mortes por Ação Térmica ..................................................................................... 30 2.2. Lesões e Mortes por Ação Elétrica .....................................................................................31 2.3. Lesões e Mortes por Baropatias ........................................................................................ 32 2.4. Lesões e Mortes por Ação Química ................................................................................... 33 2.5. Lesões e Mortes por Explosivos ........................................................................................34 3. Asfixiologia Forense ................................................................................................................. 35 3.1. Aspectos Gerais ...................................................................................................................... 35 3.2. Asfixias Puras ......................................................................................................................... 36 3.3. Asfixias Completas................................................................................................................38 Resumo ............................................................................................................................................42 Questões de Concurso ................................................................................................................. 45 Gabarito ........................................................................................................................................... 72 Referências Bibliográricas .......................................................................................................... 73 Anexo ............................................................................................................................................... 74 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra LESÕES E MORTES 1. Lesões e Mortes por Ação Contundente, por ArMAs BrAnCAs e por projéteis de ArMA de Fogo CoMuns e de ALtA energiA 1.1. AspeCtos gerAis Caro(a) aluno(a): começaremos, agora, a abordagem e o estudo de um dos temas mais abrangentes e relevantes da Medicina Legal, e que certamente é muito comum no dia a dia de quem ocupa alguma das posições nas carreiras policiais: a Traumatologia Forense, que estu- da, basicamente, os traumas, lesões, instrumentos e ações vulnerantes a fim de esclarecer, o mais próximo possível, como se deu a dinâmica dos fatos. Em conjunto com a Tanatologia Forense, que, sinteticamente, refere-se ao estudo da morte das consequências a ela inerentes, formam os principais temas em Medicina Legal no estudo para concursos. Assim, como o próprio título principal propõe, estudaremos as lesões corporais do ponto de vista jurídico, as energias causadoras do dano e os aspectos do diagnóstico, prognóstico e suas implicações médico-legais. TRAUMATOLOGIA FORENSE estuda... Lesões Corporais (no contexto jurídico) Energias Causadoras Diagnóstico Prognóstico e Consequências Médico-legais No contexto do estudo da Traumatologia (também denominada Lesonologia Médico-Le- gal), entende-se por trauma a incidência de uma energia externa sobre o indivíduo capaz de causar uma alteração da normalidade (física ou mental), com ou sem alteração da morfologia corporal; já a lesão é entendida como sendo a alteração estrutural decorrente da agressão ao organismo, macrocospica ou microscopicamente visualizável (HERCULES citado por FER- REIRA, 2020). TRAUMA LESÃO Energia externa que atua sobre o indivíduo capaz alternando a normalidade física ou mental, com ou sem alteração da morfologia corporal. Alteração estrutural decorrente da agressão ao organismo, macrocospica ou microscopicamente observável. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra Por sua vez, o que causa as lesões ou os danos são as chamadas energias vulnerantes, variando conforme sua origem. Conforme classificação de Borri (e também de Genival França): a) mecânicas – perfurante, cortante, contundente, perfurocontundente, perfurocortante e cor- tocontundente; b) física; c) química; d) físico-química; e) bioquímica; f) biodinâmica; g) mista (FERREIRA, 2020). Nesta aula, o estudo se concentrará nas lesões e mortes causadas por energias mecâni- cas. Conforme Deltan Croce e Deltan Croce Júnior (2009), são aquelas que, “atuando mecani- camente sobre o corpo, modificam, completa ou parcialmente, o seu estado de repouso ou de movimento [e atuam] por pressão, percussão, tração, compressão, torção, sucção, explosão, contrachoque, deslizamento e distensão” (p. 919). Podem ser por: • armas naturais: mãos, pés, cotovelos, dentes, unhas; • armas propriamente ditas: punhal, soco inglês, peixeira, arma de fogo; • armas eventuais: navalhas, lâminas, facas, barra de ferro, bengala; • maquinismos e peças de máquinas; • animais: cães, gatos, onças; • meios diversos: quedas, explosões, entre outros. Começaremos, então, pelo estudo das ações contundentes. Vamos lá? 1.2. Lesões e Mortes produzidAs por Ação Contundente Ação contundente é aquela causadora de dano de forma ativa (instrumento se choca com o corpo), passiva (corpo choca-se com o instrumento) ou mista (biativa ou bioconvergente), re- sultante em lesões superficiais e profundas denominadas contusão e ferida contusa (CROCE; CROCE JR., 2009). CONTUSÃO FERIDA CONTUSA Derramamento de sangue nos interstícios tissulares, sem qualquer efração nos tegumentos, consequente a uma ação traumática no organismo. É lesão fechada com comprometimento do tecido celular subcutâneo e integridade real ou aparente da pele e das mucosas. É a contusão aberta decorrente de o organismo ter sofrido solução de continuidade pela ação traumática do instrumento vulnerante. Dentre as espécies de contusão, temos: • escoriação; • hematoma; • rubefação; • bossa sanguínea e linfática; • equimose.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra Vejamos detalhadamente cada uma. Escoriação: Resultante da ação tangencial do agente vulnerante, consiste no arrancamento parcial ou total da epiderme com a exposição da derme (Douglas; Greco, 2019). Há autores que denomi- nem de abrasão (Dalla Volta) ou de erosão epidérmica (Simonin), conforme Ferreira, 2020. Sua importância médico-legal tem relação com a forma, localização, tonalidade e evolução da crosta, que se forma em cerca de 24 horas, levando de 20 a 30 dias para se regenerar total- mente (não é cicatrização); pode, ainda, interessar para entender qual o tipo de lesão pretendia o autor causar (Douglas; Greco, 2019). Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/escoriações.html Hematoma: São coleções sanguíneas resultantes de sangue derramado. Isso é, como a pele possui alguma resistência elástica, os hematomas ocorrem pelo rompimento dos vasos mais cali- brosos (artérias e veias) localizados mais abaixo dela, causando o extravasamento de sangue para o tecido subcutâneo que, por não conseguir se espalhar para os demais, permanece agru- pado (Douglas; Greco, 2019). Diferencia-se da equimose porque nestas o sangue está infiltrado, espalhado nas malhas dos tecidos, enquanto nos hematomas os tecidos próximos se deslocam e são comprimidos (Ferreira, 2020). Fonte: https://www.radiocidadejundiai.com.br/2020/09/18/cronica- manchas-roxas-na-pele-jose-carlos-brito/ O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra Rubefação: Cuida-se da congestão de pouca intensidade (por exemplo, um tapa com a mão aberta) que pode desaparecer em pouco tempo (minutos ou horas), por isso a necessidade de logo ser examinado pericialmente a fim de caracterizar ou não infração (como vias de fato ou lesão, a depender da intensidade), conforme registra Douglas e Greco (2019). Não se confunde com o eritema de menor grau (vermelhidão) ou o eritema traumático, este uma forma mais leve ou insignificante de lesão. Normalmente, nesses casos, não implica em violação à integridade física. A rubefação, porém, assemelha-se ao eritema traumático, porém em grau maior, pois desa- parece em cerca de seis a 24 horas, dependendo da região atingida, da irrigação sanguínea e da intensidade da ação contundente (idem). Bossas (sanguínea e linfática): A bossa sanguínea consiste no hematoma em que o derrame sanguíneo, inviabilizado de se espalhar nos tecidos moles em geral e por planos ósseos subjacentes (como na cabeça), coleciona e forma bolsas pronunciadamente salientes na superfície cutânea (Croce; Croce Jr., 2009). No couro cabeludo, é conhecido popularmente como “galos”. Por sua vez, a bossa linfática (derrame subcutâneos de serosidade de Morell-Lavellée) cons- titui-se em coleções de linfa decorrentes de trauma em linfáticos por contusões tangenciais. Equimose: É o extravasamento, superficial ou profundo, de sangue que se infiltra e coagula em malhas do tecido do corpo. A presença de equimoses permite não só a determinação da ação con- tundente, como também se, no momento de sua ocorrência, havia vida ou não. Auxilia, ainda, na verificação do tipo de agressão empregada, a cronologia da lesão (através de sua cor) e o agente causador (objeto). As equimoses podem ser classificadas em: • Imediatas ou tardias; • Superficiais ou profundas (nos órgãos internos); • Intra vitam ou post mortem (que, em regra, não seriam equimoses verdadeiras, mas “fal- sas equimoses”; no caso, a diferença será determinada pelo Índice de Verderau, isso é, se houve reação inflamatória, é intra vitam, caso não, é post mortem); • No local ou a distância; e • Por rotura dos vasos sanguíneos ou por diapedese (quando ocorre a violação das pare- des dos vasos sanguíneos pelas células sanguíneas). Informação relevante diz respeito à evolução cromática das equimoses, ou espectro equimótico de Legrand du Saulle, Tourdes e Devergie (Ferreira, 2020), que, embora tenha va- lor relativo, consiste na evolução da tonalidade das equimoses ao longo do tempo. Veja-se graficamente: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra LEGRAND DU SAULLE TOURDES DEVERGIE SUBSTÂNCIA Cor da Equimose Tempo Tempo Tempo Hemoglobina Vermelho- violáceo 1º ao 3º dia Recente 1º - 2º dia Hemossiderina Violáceo- azulado 2º ao 3º - 4º ao 6º dia 3º - 6º dia 3º dia Hematoidina e biliverdina Azul- esverdeado 4º a 6º - 7º ao 10º dia 7º ao 12º dia 5º - 6º dia Hematina e bilirrunina Amarelado 12º dia 12º ao 17º dia 7º dia OBS.: as equimoses tendem a desaparecer em torno do 15º ao 20º dia. A literatura médica apresenta os seguintes tipos de equimoses (conforme Ferreira, 2020; e Douglas; Greco, 2019): TIPO DESCRIÇÃO 1. Petéquias Equimoses pequenas do tipo pontilhado hemorrágico. Comum em mortes rápidas. Resulta do aumento da permeabilidade capilar por hipóxia e hipercapnia (gás carbônico em excesso no sangue) e/ou hipertensão capilar. Exemplo: petéquias no globo ocular no caso de asfixia mecânica. 2. Víbices Forma de estria, como típicas de estrias de pneus de automóveis (estrias pneumáticas de Simonin). 3. Sugilação Equimose em forma de pequenos grãos resultantes da confluência destes em área bem delimitada. Ex.: o “chupão”, dos atos libidinosos. 4. Equimona Equimose de grandes proporções. 5. Manchas equimóticas lenticulares de Tardieu Equimoses de ordem físico-química. Pequenas e violáceas, do tamanho de uma lentilha, patognômicas de asfixias mecânicas do tipo sufocação direta. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra TIPO DESCRIÇÃO 6. Manchas supleurais de Paltauf Equimoses de origem físico-química sugestivas de afogamento ou insuficiência respiratória aguda, mais extensas que as de Tardieu e de contornos irregulares. 7. Cianose cérvico- facial (ou máscara equimótica de Morestin) Ocorre nos casos de compressão do tórax por sufocação indireta, que mantém os vasos cervicais e faciais cheios de sangue. É intra vitam. 8. Equimoses perianais ou vulvovaginais Não se confunde com as causadas por atos libidinosos. Decorrem de parasitoses locais e de alterações dermatológicas provenientes da coceira ou prurido nas regiões anal e vaginal. Outros autores, no entanto, indicam se tratar de equimoses decorrentes de lesões na região. 9. Equimoses de etiologia não mecânica Consideram-se equimoses espontâneas (ou manchas emotivas), chamadas de púrpuras e decorrem de entidades mórbidas que evoluem deixandomarcas roxas (equimoses) pelo corpo. 10. Equimose retrofaringeana de Brouardel Indica constrição do pescoço. 11. Equimoses resultantes de enforcamentos Indica agressão por enforcamento, esganadura, contusão local ou estrangulamento. Ocorrem nos tecidos moles subjacentes à pele do pescoço. 12. Equimose a distância São as equimoses que surgem em pontos totalmente diferentes do local da lesão. Podem decorrer de efeitos sistêmicos. Hipóteses: a) sinal do zorro (ou do guaxinim); b) sinal de Batte; c) sinal de Cullen. 13. Mobilidade equimótica Equimoses que se deslocam do ponto de contusão para regiões mais afastadas e as equimoses mais profundas, visíveis com quatro a cinco dias. 001. (FAPEMS/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-MS/2017) Leia o seguinte excerto: a traumatolo- gia forense estuda aspectos médico-jurídicos das lesões, dentre as quais a lesão ou espectro equimótico. Segundo CROCE (2012), “a equimose é definida como a infiltração e coagulação do sangue extravasado nas malhas dos tecidos, sem efração deles. O sangue hemorrágico infiltra-se nos interstícios íntegros, sem alinhamento, originando a equimose” CROCE, Delton. CROCE JR. Manual de medicina Legal. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 306. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra A respeito dessas lesões, assinale a alternativa correta. a) As formas de equimose são variadas, por isso as chamadas víbices são aquelas ocorrentes em ampla área de efusão sanguínea. b) Sugilação é o termo que define um aglomerado de petéquias. c) O estudo das equimoses não é considerado para análise das contusões. d) Em medicina legal, pode-se afirmar que hematoma é sinônimo de equimose. e) Com base no espectro equimótico de Legrand du Saulle, uma lesão ocorrida há 8 dias apre- senta coloração vermelha. a) Errado. As víbices consistem em uma equimose que se apresenta pela forma de estrias, em formato alongado. b) Certo. Sugilação consiste em uma equimose que se apresenta na forma de pequenos grãos, ex.: chupão; na verdade é um aglomerado de petéquias. c) Errado. Seu estudo é considerado na análise das contusões. d) Errado. Hematoma e equimose não são sinônimos. Hematoma advém de uma lesão con- tusa, que consiste na dispersão de sangue nos tecidos superficiais ou profundos. Equimose advém de uma lesão contusa, e consiste no extravasamento do sangue de vaso calibroso, não havendo difusão pelos tecidos. e) Errado. Aspecto Equimótico de Legrand du Saulle- evolução da tonalidade das equimoses varia com o passar do tempo: a) vermelho-violáceo, 1º ao 3º dia; b) violáceo-azulado, 2º ao 6º dia; c) azul-esverdeado: 4º ao 10º dia; d) amarelado, 12º dia. As equimoses tendem a desapa- recer a partir do 15º dia ao 20º dia. Letra b. Feridas Contusas: As chamadas feridas contusas consistem nas lesões abertas cuja ação contundente foi capaz de superar a elasticidade dos tecidos moles (soluções de continuidade que extrava- sam a pele). Possuem várias graduações, desde lesões mais leves até lesões lacero-contundente (ca- paz de comprometer tendões, músculos ou articulações), variando conforme a profundida- de atingida. Conforme Douglas e Greco (2019), as feridas contusas apresentam bordos de ângulos irre- gulares, feridas escoriadas ou equimosadas; fundo da lesão “sujo” (desigual, irregular), e a pele próxima ao ferimento se descola. Diferencia-se da ferida incisa, que é feita com instrumento cortante e fica com cicatrização certa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra Por fim, como o processo de regeneração envolve processo de cicatrização difícil, podem gerar prejuízos funcionais e estéticos, algo que, eventualmente, possui implicações penais (art. 129, do Código Penal). Fraturas: Representam soluções de continuidade, parcial ou total, dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundentes, seja por compressão, flexão ou torção. Podem ser: FRATURAS 1. Patológicas Osteoporose, dentre outras. 2. Abertas A solução de continuidade é nos planos superficiais. Recebe o mesmo tratamento das fraturas expostas. 3. Fechadas Completa ou incompleta, com ou sem desvio. Os fragmentos ósseos não extrapolam os limites do corpo. 4. Expostas Os fragmentos ósseos são exteriorizados através da ferida. 5. Completas O osso é dividido em mais de um fragmento. 6. Incompletas Não há divisão do osso. 7. Cominutivas Implicam múltiplos fragmentos ósseos. 8. Diretas No próprio local do traumatismo. 9. Indiretas Observadas em local afastado de onde ocorreu o traumatismo. Luxação: Dá-se pela perda definitiva, não irreversível, de contato entre superfícies articulares e, via de regra, rotura de ligamentos. Pode ser completa (quando há efetiva separação das articulações) ou incompletas (subluxação; quando o contato entre as peças envolvidas na lesão é mantido). 002. (ACAFE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SC/2014) O deslocamento de dois ossos, cuja su- perfície de articulação deixa de manter sua relação de contato, é denominado: a) escoriação. b) entorse. c) luxação. d) rubefação. e) fratura. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra a) Errada. Escoriação é o arrancamento parcial da epiderme, expondo a derme. Resultante de lesão produzida por ação contundente. b) Errada. Entorse é o estiramento da capsula de uma articulação. Resultante de lesão produ- zida por ação contundente. c) Certa. Luxação é o deslocamento permanente de suas superfícies articulares. Resultante de lesão produzida por ação contundente. d) Errada. Rubefação é a vasodilatação que ocorre em vivos causadora do eritema (mancha avermelhada e fugaz). Resultante de lesão produzida por ação contundente. e) Errada. Fratura é a solução de continuidade dos ossos decorrente de compressão, flexão ou torção. Resultante de lesão produzida por ação contundente. Letra c. Rotura (Ruptura) Visceral: Ocorre quando o traumatismo atinge as vísceras, rompendo os órgãos internos (ainda que sem repercussão na pele). Pode acarretar hemorragia levando a choque hipovolêmico (pelo baixo volume de sangue) com o consequente óbito. Pode ser resultante de sucção em razão de explosão, por exemplo. Possível, ainda, ser par- cial, de forma que as alterações decorrentes surgem momentos depois do trauma. Esmagamento, Defenestração, Encravamento e Empalamento: O esmagamento se dá com a compressão completa e destrutiva do corpo, podendo ser parcial (de um dedo, por exemplo), ou total (do corpo inteiro). Já a defenestração ocorre quan- do há lesões por precipitação, como, por exemplo, em lesões decorrentes de paraquedismo. Por sua vez, o encravamento se dá pela penetração de objeto consistente e afiado em qual- quer parte do corpo, quase sempre acidental. O empalamento, por outro lado, é a penetração de objeto de grande eixo longitudinal no ânus ou na região perianal. 1.3. Lesões e Mortes por ArMAs BrAnCAs 1.3.1. Lesões e Mortes por AçãoCortante 1.3.1.1. Aspectos Gerais Nas palavras de Croce e Croce Jr. (2009), instrumentos cortantes “são os que, agindo por um gume afiado, por pressão e deslizamento, linear ou obliquamente sobre a pele os órgãos, produzem soluções de continuidade chamadas feridas incisas” (p. 920, grifo nosso). É o caso da navalha, do bisturi, da faca, lâminas de barbear, vidro, papel etc. Possuem como carac- terísticas: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra LESÕES INCISAS Características 1. Por causa da ação em arco empregada pelo agressor, o centro da lesão incisa é mais profundo do que nas extremidades; 2. Ausência de traumatismos ao redor da ferida; 3. Sangram mais do que as feridas contusas; 4. Bordas da ferida são nítidas, lisas e regulares; 5. Regularidade do fundo da lesão, sem a apresentação de pontes de tecido ou regiões mortificadas; 6. São mais extensas do que profundas; 7. Hemorragia, geralmente abundante; e 8. Secção perfeita dos tecidos moles subcutâneos. Há, ainda, a tipologia das lesões incidas, que podem ser (Douglas; Greco, 2019): 1. Incisas simples: maior comprimento do que profundidade, bordas regulares e fundo liso e brilhan- te, tegumentares (superficiais); 2. Em bisel: ou “bico de flauta”, também chamada de ferida “com retalho”, pois a ação é realizada de modo oblíquo para destacar uma porção do tecido lesado; e 3. Mutilante: é a que “tira pedaço” (narizes, orelhas, genitálias etc.), uma vez que gera a perda de substância pela ação de modo tangencial em relação ao ponto atingido. Doutro giro, outros aspectos bastante relevantes acerca das lesões incisas dizem respeito à sua ordem (primeira, segunda etc.) e sentido (esquerda/direita; cima/abaixo etc.), auxilian- do em informações descritivas e determinativas. Nesse contexto, os referidos aspectos são nomeados como sinais de Romanese e de Lacassagne, Gilvaz e Chavigny, com as seguintes características: SINAIS 1. Sinal de Romanese e de Lacassagne O sinal de Romanese é conhecido como “cauda de escoriação” e o de Lacassagne como “cauda de rato” ou lesão em acordão/sanfona. Ambos representam o ponto de saída ou o último ponto de contato do instrumento cortante com a pele da vítima. 2. Sinal de Gilvaz Por Gilvaz, tem-se expressão representativa de uma cicatriz no rosto da vítima em função da ação cortante. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra SINAIS 3. Sinal de Chavigny Dá-se quando a ordem das lesões se cruza, de modo que a segunda lesão é produzida sobre a primeira, formando lesões incisas sobrepostas. Dada a elasticidade da pele, com a primeira lesão, as bordas do ferimento já estarão abertas quando da lesão seguinte, que, portanto, não seguirá um trajeto linear. Ainda com relação à identificação das circunstâncias da ação cortante (ou mesmo con- tundente), a divisão das lesões em lesões de defesa e lesões de hesitação se destaca para a descoberta da causa jurídica do evento, pois pode auxiliar a indicar, com outros elementos eventualmente encontrados, se os traumas foram causados porque a pessoa se defendia de um agressor, ou se foram em razão de alguma hesitação em uma hipótese de suicídio. As lesões de defesa são geralmente situadas em regiões do corpo como o antebraço e as palmas da mão (até na parte externa das mãos). Já as lesões de hesitação se apresentam, geralmente, múltiplas e nem sempre profundas. 003. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/2016) A ordem das lesões que se cru- zam e são produzidas por ação cortante decorrente de armas brancas pode ser observada através do sinal de: a) Richter. b) Chavigny. c) Knight. d) Simonin. e) Legrand Du Saulle. a) Errado. O método de Richter consiste na injeção de vaselina líquida na base dos dedos, ob- jetivando dar maior consistência e elasticidade. b) Certo. Segundo o sinal de Chavigny, quando duas feridas se cruzam, a segunda lesão não apresentará uma trajetória em linha reta. c) Errado. Não há correspondência desse sinal no campo da medicina legal. A única corres- pondência com “KNIGHT” seria a do estudioso Bernard Knight. d) Errado. O sinal de Simonin ocorre nos disparos de arma curta e com cano encostado sobre a roupa. Consiste em duas zonas concêntricas escuras separadas por uma clara, que circunda o orifício produzido pela lesão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra e) Errado. O espectro equimótico de Legrand Du Saulle avalia as gradações de cores da equi- mose superficial. Possui grande importância para avaliar a data provável da lesão. Letra b. 1.3.1.2. Esgorjamento e Decapitação O esgorjamento se caracteriza como lesão incisa longitudinal na parte anterior do pescoço e normalmente envolve longo corte que fere os planos superficiais da pele, músculo e até do esôfago; por isso, pode ser suicida e homicida. Já a decapitação (ou degola) se dá na porção posterior do pescoço em decorrência de ferida incisa ou cortocontusa, e não pode ser suicida, pois inclui o corte da coluna vertebral. 004. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SP/2018) Com relação à traumatologia médico- -legal, a diferença conceitual entre degola (decapitação) e esgorjamento reside a) na separação total da cabeça do restante do corpo na degola, sendo a lesão sempre profunda. b) no instrumento utilizado, sendo cortante na degola e cortante e contundente no esgorjamento. c) no instrumento utilizado. Cortante na decapitação e contundente no esgorjamento. d) na localização da lesão, sendo a degola posterior ao pescoço e o esgorjamento anterior ou lateral. e) na localização da lesão, sendo a degola lateral e o esgorjamento anterior. a) Errado. A alternativa caracterizou a decapitação. b) Errado. O esgorjamento e degolamento são produzidos, usualmente, por instrumento cor- tante ou até cortocontundente. c) Errado. O esgorjamento é produzido, usualmente, por instrumento cortante até cortocontun- dente. A decapitação é produzida, usualmente, por instrumento cortante, mas pode ter outras formas de ação. d) Certo. O degolamento é uma ferida incisa ou cortoconsusa na porção posterior do pescoço. Não pode ser suicida, pois necessita de corte na coluna vertebral. O esgorjamento é caracteri- zado por uma ferida congitudinal na porção anterior do pescoço e geralmente é representada por um longo corte, que pode lesar, além dos planos superficiais da pele, músculos e até mes- mo esôfago. e) Errado. Vide letra D. Letra d. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra 1.3.2. Lesões e Mortes porAção Perfurante Em relação às lesões incisas, a de ação perfurante agem afastando os tecidos e, excep- cionalmente, seccionando-os. São, por isso, chamadas de punctórias, tendo em vista que os instrumentos correspondentes são dotados de ponta (hase cilíndrico-cônica). São suas carac- terísticas: LESÕES PERFURANTES Características 1. Raro sangramento; 2. Pouca nocividade na superfície e, por vezes, grande gravidade na profundidade quando algum órgão é atingido; 3. Abertura estreita (e, quando há ferimento de saída, é geralmente mais irregular e de menor diâmetro); e 4. Seu diâmetro é menor que o agente vulnerante em razão da elasticidade e capacidade de retração dos tecidos cutâneos. Podem ser classificados em instrumentos perfurantes de pequeno, médio ou grande calibre: • Pequeno calibre: são punctórias ou puntiformes, com formato circular e diâmetro muito pequeno e raramente mortais, como se dá com alfinete, agulha, pregos, espinhos etc.; • Médio calibre: também se denominam “fusiformes”, “em casa de botão” ou “em boto- eira”. Podem ser mortais e seguem, usualmente, a direção das linhas do corpo, como espeto de churrasco e furador de gelo; • Grande calibre: é o caso de floretes ou estacas, estas utilizadas no empalamento. No contexto do estudo das lesões perfurantes, tema que merece cautela diz respeito às Leis de Filhos e de Langer. As leis de Filhos se referem a Edouard Filhos (1833) e a de Langer a Karl Ritter Von Langer (1861), autores responsáveis por estudos sobre lesões perfurantes provoca- das por instrumentos de médio calibre. LEIS Lesões Perfurantes de Médio Calibre 1. Leis de Filhos Primeira lei (ou lei da semelhança): feridas dessa natureza se assemelham às produzidas por instrumentos de dois gumes. Segunda lei (ou lei do paralelismo): feridas na mesma região em que as linhas de força tenham apenas um sentido, de modo que seu maior eixo sempre tem a mês a direção, no caso, o mesmo sentido das linhas de força das fibras elásticas da pele. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra LEIS Lesões Perfurantes de Médio Calibre 2. Lei de Langer Ou lei da elasticidade. Em regiões de fibras elásticas aglomeradas (muitas fibras), podem apresentar formas anômalas (bico, estrelar ou quadrada). Isso é, na confluência das regiões das linhas de forças diferentes, a extremidade da lesão pode ter aspecto de seta, triângulo ou quadrilátero. 005. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/2016) As leis de Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer, são estudadas no campo das lesões produzidas por instrumentos: a) perfurantes de médio calibre. b) cortocontundentes. c) perfurocontundentes. d) perfurantes de pequeno calibre. e) contundentes. As Leis de Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer estão sempre associadas à instrumentos perfurantes de médio calibre. Letra a. 1.3.3. Lesões e Mortes por Ação Perfurocortante O instrumento perfurocortante é o que possui uma ponta (que permite a ação perfurante) na extremidade de uma lâmina de um ou mais gumes (ação cortante; Douglas e Greco, 2019). A ação vulnerante se dá pela ponta e pelo gume, respectivamente por pressão e por sec- ção, de modo que, em razão desse formato, é comum as lesões serem profundas em exten- são. Assim: • Instrumento de um gume: as lesões serão mais profundas que extensas, com bordas lisas e um ângulo agudo e outro arredondado. Tipo de instrumentos: faca de cozinha, espada. • Instrumento de dois gumes: os ferimentos produzem uma fenda de bordas iguais e ân- gulos agudos. É o caso, por exemplo, dos punhais. Aqui se deve comparar adotando as Leis de Filhos e de Langer. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra • Instrumento de três ou mais gumes: as feridas tendem à forma estrelar ou triangular, obedecendo às Leis de Filho e Langer. Por essas características, são comparadas a ins- trumentos perfurantes de médio calibre. São hipóteses de feridas especiais produzidas por instrumentos perfurocortantes a ferida em escalpe (couro cabeludo), ferida mutilante e ferida em sedenho (atravessa planos superfi- ciais da região, mas não se aprofunda). 1.3.4. Lesões e Mortes por Ação Cortocontundente Basicamente, lesões e mortes do tipo cortocontundente envolvem, como o nome já adian- ta, corte e contusão. O instrumento correspondente é o que o possui peso e superfície de corte, além do emprego da força do agente. É o que se dá com os machados, facão, enxada etc., em situações como a de decapitação (como na guilhotina, embora possa ser exclusivamente cortante), espostejamento (vem de “postas”, isso é, multiplicidade de fragmentos do corpo de forma irregular, como em acidentes ferroviários) e o esquartejamento (amputação, desarticulação em fragmentos com maior regu- laridade que no espostejamento; Ferreira, 2020). Conforme anota Douglas e Greco (2019), apresentam ferida bizarra e seguida de escoria- ções e equimoses; caso envolva superfície óssea, em regra também haverá fratura. Assim, embora haja a contusão, suas feridas se assemelham mais às do tipo contusas. Genival França (2017) e Flamíneo Fávero (citado por Douglas e Greco, 2019) consideram que os dentes causam lesões cortocontundentes, pois não possuem gume vivo. Por fim, é comum que em lesões do tipo estudado um só golpe produza mais de uma lesão, o que pode levar a confusões na conclusão. 1.4. Lesões e Mortes por projéteis de ArMA de Fogo CoMuns e de ALtA energiA Prezado(a) aluno(a), cabe uma explicação preliminar sobre o tópico em questão. Como o edital do concurso dispôs no conteúdo como matéria a ser abordada “lesões por projéteis de arma de fogo comuns e de alta energia”, optei por classificar dessa maneira neste material. Ocorre que o tema se refere às chamadas lesões causadas por instrumentos perfurocontundentes, motivo pelo qual é preciso sempre ter em mente que, quando se tratar de lesões ou mortes por arma de fogo está-se dos instrumentos de ação perfurocontundente. Esclarecido isso, sigamos com o assunto! Em primeiro lugar, é muito comum que os instrumentos de ação perfurocontudente sejam associados exclusivamente aos projéteis de arma de fogo. Contudo, o próprio Genival França O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra (2017) esclarece que, embora a esmagadora maioria os casos envolvam as armas de fogo, essas espécies de lesões a elas não se restringem, podendo decorrer, excepcionalmente, de ações com o emprego de um mero guarda-chuva ou de uma picareta, por exemplo. Com efeito, os instrumentos perfurocontundentes são os que perfuram e contundem o alvo com uma ação, como os projetis de arma de fogo, também indicados pela sigla PAF. Além do PAF como instrumento vulnerante, a literatura médico-legal aponta que os grãos de chumbo podem também se constituir como instrumento perfurocontundente nas armas de fogo (Dou- glas e Greco, 2019). INSTRUMENTOPERFUROCONTUNDENTE Armas de Fogo Projetil de Arma de Fogo (PAF) Ou de disparo único Grãos de Chumbo Ou de disparo múltiplo A efetiva importância do estudo sobre o emprego dos instrumentos perfurocontundentes por armas de fogo constitui ramo específico da criminalística, o da Balística, que tem por ob- jeto as armas de fogo, munições e os efeitos dos tiros por ela causados, definindo, ainda, a relação entre esses aspectos e as infrações penais deles resultantes. Diferencia-se em balística Interior ou Interna, relativa aos problemas de deflagração do tiro, no interior da arma; e balística Exterior ou Externa, compreendendo o estudo dos movimentos do projetil no espaço, de propulsão, rotação, vibração, como também em relação com a gra- vidade e a resistência do ar, isso é, até o alvo (Douglas e Greco, 2019). Há, ainda, a balística terminal, pela qual se estudam os efeitos do projétil e o alvo após o impacto. 006. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo. A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir. O estudo da trajetória do projétil especificado na situação em tela, desde o momento em que saiu do cano da arma até o repouso final, bem como a determinação de parâmetros como ve- locidade, alcance útil e velocidade inicial, são atribuições da balística terminal. A balística é a ciência que estuda o movimento dos projéteis e os fenômenos conexos, divi- dindo-se em: a) balística interna: estuda os fenômenos físicos e químicos e os elementos que caracterizam o movimento do projétil desde a iniciação da carga de lançamento até a saída O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra do cano da arma; b) balística externa: estuda a trajetória do projétil fora do cano da arma até o alvo; e c) balística terminal: estuda os efeitos sobre o projétil e sobre o alvo após o impacto. Logo, a assertiva está incorreta, uma vez que o correto seria a balística externa, a qual analisa a trajetória do projétil desde o momento que saiu do cano da arma até atingir o alvo. Errado. A título de conhecimento, a relevância da perícia é tamanha que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já entendeu que, em regra, a ausência de juntada de perícia balística requerida e defe- rida judicialmente por ocasião da prolação de decisão de pronúncia é causa de nulidade (HC 46.143/PE). Por conseguinte, conforme o glossário do Decreto n. 10.030/2019 (anexo), considera-se arma de fogo: (...)artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modifi- cação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma. Por sua vez, Ferreira (2020) traz como definição de arma de fogo (...)o dispositivo construído a base de material resistente, geralmente metal, que tem finalidade de disparar projéteis em direção a uma pessoa, objeto etc. Além disso, tal dispositivo deve conter um mecanismo que tenha capacidade de iniciar o acionamento da espoleta da munição; uma câmara de combustão (local em que ficará a munição, aguardando ser acionada), bem como um cano (que será responsável por dar direção ao projétil) (p. 176; grifo nosso). Por conseguinte, as armas e munições podem ser classificadas e apresentadas suas ca- racterísticas da seguinte maneira (conforme Ferreira, 2020): ARMAS E MUNIÇÕES 1. REVÓLVERES Fonte: https://www.azdeespadas.com.br/revolver/revolver-taurus-86-ta- oxidado Instrumento com tambor giratório, número variado de câmaras (compartimento para o armazenamento da munição de tiro), de cinco a seis. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www 20 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra ARMAS E MUNIÇÕES 2. PISTOLAS Fonte: https://www.1911brasil.com.br/armas-de-fogo/pistolas/pistola-taurus- 9mm-9217-5-info Não possui tambor (difere do revólver), utilizando o chamado “carregador”, em que são armazenadas as munições para tiro. Podem ser automáticas ou semiautomáticas. 3. SUBMETRALHADORAS Fonte: https://taurusarmas.com.br/pt/produtos/armas-longas/smt-40 Arma portátil de cano longo e internamente raiada, automáticas que disparam projéteis do mesmo tipo que o das pistolas. 4. ESPINGARDAS Fonte: https://www.tubaraocenter.com.br/fotos/pequena/26987fp1/ espingarda-pump-military-3-0-calibre-12-cbc.jpg Com cano longo, alma lisa, de repetição (o atirador deve recarregar, manualmente, a cada tiro), automática ou semiautomática. 5. CARABINA Fonte: https://www.mundodacarabina.com.br/gerenciador/ídia/imagens/ produtos/arquivos_12412/IMG_3632-936x770.JPG Portátil de cano longo e de alma raiada, dispara projéteis do mesmo tipo que revólveres ou pistolas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.1911brasil.com.br/armas-de-fogo/pistolas/pistola-taurus-9mm-9217-5-info https://www.1911brasil.com.br/armas-de-fogo/pistolas/pistola-taurus-9mm-9217-5-info https://taurusarmas https://www https://www 21 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra ARMAS E MUNIÇÕES 6. FUZIL Fonte: https://www.forte.jor.br/wp-content/uploads/2017/07/FUZIL-IA2- 850x274.jpg Arma de fogo portátil, de cano longo e alma raiada. Deflagra cartuchos de uso militar e formato específico. Dentre as características dos armamentos mencionados, o cano de uma arma de fogo pode possuir, internamente, elementos chamados cristas ou sulcos em formato helicoidal, va- riando em número e sentido (direita/destrógiras ou esquerda/sinistrógiras). 007. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo. A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir. Se o raiamento, que é uma sequência de sulcos em formato helicoidal localizado no interior do cano de algumas armas de fogo, imprimir ao projétil uma rotação em sentido horário, do ponto de vista do atirador, seu giro será dextrogiro, ou seja, para a direita. Os sulcos paralelos e helicoidais imprimem no projétil um movimento giratório em torno do seu eixo, estabilizando a sua trajetória. O passo é a distância necessária para que o projétil re- alize uma volta completa em torno de seu eixo, dividindo-se em passo simples (a distância de todos os passos são iguais) e passo misto (há variação na distância de um passo qualquer). Quanto à orientação, esta pode ser destrogira (sentido para direita) ou sinistrogira (sentido para a esquerda). O número de raias pode ser par ou ímpar. Certo. Assim, se uma arma possui raiamento, diz-se que o cano possui “alma raiada”, cujas raias representam sulcos, responsáveis por imprimir ressaltos no projétil de arma defogo ressaltos. Se o cano não possui raiamento, diz-se que o armamento apresenta cano de “alma lisa”. Por sua vez, as cristas (também entendidas como “cheios”) imprimem nos projeteis os chamados “cavados”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www 22 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra Fonte: https://www.casadotiro.com.br/sh-admin/editor/ckfinder/userfiles/images/Alma-Raiada-e-Lisa.png As raias se destinam a aumentar a precisão e o alcance do projétil, que, por consequência, deixam marcas de identidade do cano no projetil, permitindo a identificação da arma que efe- tuou o disparo (exame de comparação ou comparação balística). Nesse contexto da balística, ganha relativa importância o tema das estriações. Compre- endidas como as ranhuras causadas pelo atrito do projétil com as cristas e as raias do cano (e que, por sua vez, viabiliza a análise de microcomparação balística), foi objeto de previsão pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), que alterou o Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/03), a criação do chamado Banco Nacional de Perfis Balísticos, no intuito de favorecer a coleta de dados relativos a perícias em armas de fogo, projéteis e munições (item 2, anexo). CARACTERÍSTICAS DOS ARMAMENTOS (Ferreira, 2020) 1. Portabilidade De porte, portátil (ou individual) e não portátil. Definição constante do Decreto n.º 9.847/19 (art. 2º, item 3, Anexo). 2. Modo de carregamento Retrocarga: carregamento da munição pela parte de trás do cano (pistolas, revólveres). Antecarga: carregamento realizado pela frente, a parte anterior. Nestas, a deflagração inicial é feita pela percussão da espoleta pelo “cão”. 3. Tipo de cano Alma lisa e alma raiada. 4. Calibre Calibre real: medido no cano da arma. Calibre nominal: medido no cartucho ao nível do estojo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra CARACTERÍSTICAS DOS ARMAMENTOS (Ferreira, 2020) 5. Automaticidade Consideram-se automáticos os armamentos em que o carregamento, o disparo e todas as demais operações de funcionamento acontecem de modo continuado e enquanto o gatilho estiver sendo acionado. Já serão semiautomáticas aquelas que realizam, automaticamente, todas as operações de funcionamento, salvo a do disparo que, para ocorrer, precisa de um novo acionamento do gatilho para cada disparo. CARACTERÍSTICAS DAS MUNIÇÕES (Croce; Croce Jr., 2012) 1. Pólvora É a carga. Material propelente que sofre ignição por meio da combustão da espoleta, gerando gases que impulsionam o projétil. 2. Espoleta Ou escorva. É composto químico, normalmente tetrazeno, nitrato de bário, chumbo, estifnato de chumbo e tissulfato de antimônio. É a partir desta que o precursor da arma atua, acionando o gatilho, produzindo a centelha que inflama a pólvora e deflagra a explosão. 3. Estojo Ou bucha. Confeccionado geralmente de latão ou da combinação de metais, papel ou plástico. 4. Projétil Pode ter formato que admite expansão ao atingir o alvo (hollow point), jaquetado, semijaquetado, teflon ou com marcadores luminosos. 1.4.1. Estudo das Lesões por Projétil de Arma de Fogo 1.4.1.1. Lesões de Entrada Disparos de longa distância: É sinônimo de que o alvo se encontra além do alcance do chamado “cone de dispersão”, entendida como o espaço de abrangência dos efeitos secundários do disparo. Assim, somente o projétil produz efeitos, de modo que a lesão característica terá: • diâmetro menor que o do projétil; • orla de escoriação, enxugo e de equimose; • bordas viradas para o interior (invertidas); • forma arredondada ou elíptica. Vale saber: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra 1. Orla de escoriação Revela-se como a lesão de escoriação causada pela passagem do projétil. Causa o arrancamento da epiderme. Conhecida também como “anel de Fisch”, “orla de contusão”, “orla desepitelizada”, “orla erosiva” e de “zona inflamatória”. 2. Orla de equimose Deve-se à ação contundente decorrente da entrada do projétil. Também é indicada pelo nome “aréola equimótica”. Constitui-se em uma zona superficial e relativamente difusa, decorrente da sufusão hemorrágica da ruptura de pequenos vasos localizados no entorno do ferimento, geralmente de tonalidade violácea. 3. Orla de enxugo Representa as impurezas e detritos que acabam retidos na pele quando o projétil passa. É concêntrico e decorre do atrito e contusão do projétil. Possui como sinônimos “orla de Chavigny”, “Orla de Canuto e Tovo” e “orla de alimpadura”. É concêntrico em tiros perpendiculares, ou em meia-lua nos oblíquos. 008. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo. A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir. As lesões de entrada produzidas por arma de fogo geralmente têm dimensões maiores que as do projétil e apresentam as seguintes características gerais: bordas invertidas, ausência de orla de enxugo e orla equimótica. Pelo contrário, a lesões de entrada produzidas pelos projéteis de arma de fogo possuem as seguintes características (gerais): diâmetro menor que o do projétil; apresenta orla de enxugo, equimótica e de escoriação; e bordas invertidas (viradas para dentro). Vale ressaltar, todavia, que, a depender da distância dos disparos, as características das lesões podem variar. Errado. Por fim, vale ressaltar que o formato de ferimentos em tiros a distância varia de acordo com a inclinação do disparo. Se as orlas são concêntricas, estarão em sentido perpendicular ao do disparo, possuindo a mesma espessura em todos os quadrantes. Se as orlas são excên- tricas, estarão dispostas em sentido oblíquo, em que a ferida é arredondada ou ligeiramente oblíqua, sendo mais escoriado do lado de maior atrito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra Disparos de curta distância (queima roupa): Nos disparos desse tipo, o alvo se encontra dentro dos limites do alcance do cone de dispersão ou cone de explosão, isso é, de 10 a 50cm (em revólveres e pistolas). Usualmente, se for de até 10cm é considerado tiro à queima roupa (França, 2017). Também implicam na ocorrência de zonas de enxugo, equimose e escoriação, mas possuem os seguintes efeitos secundários: 1. Orla ou zona de esfumaçamento/ tisnado É área em que a fuligem se deposita e circunscreve a ferida deentrada; pode ser removida com a lavagem do local (não há impregnação tecidual). Também é denominada de “zona de falsa tatuagem”. 2. Orla ou zona de tatuagem Ocorre uma impregnação na pele por grânulos de pólvora ou resíduos sólidos da queima e de maior alcance que a fumaça. Atravessam a epiderme e se incrustam na derme, e na maioria dos casos só se removem com cirurgia plástica. É mais ou menos arredondado nos tiros perpendiculares, ou em forma crescente nos oblíquos. 3. Orla ou zona de queimadura/ chamuscamento Ou zona de chama. Surge nos tiros à queima roupa, além das demais orlas apresentadas. Caracteriza-se pela queimadura da pele ou dos pelos. A pele se apresenta apergaminhada, tonalidade vermelho-escura, em geral, ou de acordo com a cor da pólvora. 009. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SP/2014) Leia atentamente as definições a se- guir, acerca de lesões por agentes perfurocontundentes, e relacione-as por letras e números aos seus nomes. a) Ferimento por projétil de arma de fogo que se deve ao arrancamento da epiderme devido ao movimento rotatório do projétil que entra na superfície corporal. b) Sinal deixado pela passagem do projétil nos tecidos corporais, concêntrico, decorrente do atrito e contusão do projétil, que também deixa nos tecidos por onde passa suas impurezas de superfície. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra c) Área de impregnação por grãos de pólvora incombustos que se fixam ao redor do ferimento de entrada de projétil, em tiros de curta distância. d) Área de depósito de fuligem que circunscreve a ferida de entrada, removível com a lavagem do local, portanto, sem impregnação tecidual. e) Área ao redor do orifício de entrada, caracterizada pela queimadura da pele ou pelos, decor- rente da alta energia térmica dos projéteis de arma de fogo, característica de disparos a curta distância ou à queima-roupa. 1. Orla de esfumaçamento. 2. Halo de enxugo. 3. Zona de chamuscamento. 4. Orla de escoriação ou contusão. 5. Halo de tatuagem. A associação correta entre a definição e o elemento de uma ferida de entrada de projétil de arma de fogo é vista, em ordem alfabética e corretamente, na alternativa: a) A – 5; B – 1; C – 4; D – 2; E – 3. b) A – 3; B – 4; C – 1; D – 5; E – 2. c) A – 4; B – 2; C – 5; D – 1; E – 3. d) A – 2; B – 5; C – 3; D – 1; E – 4. e) A – 4; B – 3; C – 2; D – 5; E – 1. A alternativa “c” relaciona corretamente as espécies de lesões produzidas por agentes perfuro- contundentes com seus respectivos conceitos. Letra c. Disparos com tiro encostado/apoiado: Em caso de tiro encostado, tanto os efeitos primários como os secundários dos compo- nentes da munição irão penetrar nos tecidos. Se atingir estruturas ósseas, a lesão correspon- dente terá forma irregular, denteada ou com entralhes (estrelada). Pode apresentar os sinais a seguir (Ferreira, 2020): SINAIS Disparo Encostado Sinal de Hoffman “Boca de mina” ou “câmara/cratera de mina”. Localiza-se entre a pele e o osso, causado pela forte expansão dos gases da queima da pólvora que, por atingir o osso e retornar bruscamente, causa a ruptura do epitélio. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra SINAIS Disparo Encostado Sinal de Benassi/Benassi-Cueli Em tiros no crânio ou escápulas, pode- se identificar halo fuliginoso na lâmina externa do osso relativo ao orifício de entrada. Sinal de Puppe-Werkgaertner Caracteriza-se pelo desenho da boca e da massa da mira do cano por ação contundente ou pelo seu aquecimento. Rosa de tiro de Cevidalli Ocorre nos disparos múltiplos e o diâmetro possui relação com a distância do tiro e a entrada dos balins (em grupo mais ou menos circular). Sinal de Schusskanol Caracteriza-se pelo esfumaçamento das paredes do conduto causado pelo projetil entre as lâmina internas e externas de um osso chato. Sinal de Richter Presença de fragmentos próximos ao orifício de passagem. Sinal de Tovo e Lattes Presença de pele no interior do corpo. Sinal de calcado (funil) de Bonnet Impressão do relevo ou desenho das vestes nos disparos à queima roupa (tiros encostados/apoiados. Identifica- se, ainda, pela incidência do projétil, apresentando a formatação de um cone. Sinal do rasgão crucial de Nerio Rojas As roupas se rasgam nos tiros a curta distância em formato de cruz. Sinal de escarapela No local onde houve o tiro à queima roupa, produz-se dois anéis concêntricos de esfumaçamento intercalados por um halo claro. O PULO DO GATO Os sinais listados anteriormente sempre caem em provas de concursos. O mais recorrente é o sinal de Puppe-Werkgaertner (ou só Werkgaertner). Por isso, recomenda-se o aprendizado ou mesmo memorização desse sinal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra 010. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2018) Um homem de cinquenta anos de idade assassinou a tiros a esposa de trinta e oito anos de idade, na manhã de uma quarta-feira. De acordo com a polícia, o homem chegou à casa do casal em uma motocicleta, chamou a mulher ao portão e, quando ela saiu de casa, atirou nela com uma arma de fogo, ma- tando-a imediatamente. Em seguida, ele se matou no mesmo local, com um disparo da arma encostada na própria têmpora. Considerando a situação hipotética apresentada e os diversos aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir. Ao realizar a necropsia no cadáver masculino, espera-se que sejam verificados sinal de Benas- si, sinal do funil de Bonnet e câmara de mina de Hoffmann. Entende-se por “sinal de Benassi (Benassi-Cueli)” o que ocorre nos tiros encostados/apoiados, como os dados no crânio ou nas escápulas, nos quais geralmente é encontrado um halo fu- liginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício de entrada. O sinal de Bonnet ocorre também nos tiros encostados/apoiados, nos ossos díploe (normalmente encontrado no crânio – trata-se de uma camada esponjosa) em que a incidência do projétil apresenta uma formata- ção de um cone. Por fim, o sinal de câmara ou boca de mina de Hoffman em tiros encostados/ apoiados localiza-se entre a pele e o osso e decorre da expansão dos gases oriundos da quei- ma da pólvora, gerando ruptura do tecido, sendo normalmente de forma estrelada. Certo. 1.4.1.2. Lesões de Saída Com projétil único: Normalmente, possuem bordas reviradas para fora, maior sangramento e forma irregular. Não apresentam: orla de escoriação ou halo de enxugo, presença de elementos químicos de- correntes da decomposição da pólvora. Com projétil desfragmentado/múltiplo: Nessa hipótese, pode ocorrer variação a depender da repercussão ou não em anteparos ósseos, causando desfragmentação do projétil e, consequentemente, causar múltiplas saídas. 1.4.2. Lesões e Mortes Produzidas por Armas de Fogo de Alta Energia São projéteis de alta energia os que alcançam velocidade inicial de deslocamento acima de600m/s (metros por segundo), sendo, portanto, supersônicos – acima da velocidade do som, que é de 340m/s. É o caso, em geral, dos fuzis. Essa informação é importante porque quanto maior a velocidade, maiores serão os danos (além de, é claro, outros aspectos, como a massa, calibre e tipo de projétil utilizado, se expansível ou não). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra Os principais aspectos que diferenciam as lesões de projéteis de arma de fogo comuns para as de alta energia são: • a cavitação – nos projéteis de baixa energia, seus efeitos serão percebidos mais sutil- mente; • as lesões de entrada e de saída – nos projéteis de alta energia, as lesões serão mais pronunciadas, especialmente nas de saída; isso é, formarão grandes cavidades perma- nentes. Segundo Ferreira (2020), a principal diferença entre os dois tipos de munição (comum e de alta energia) se dá, além do calibre, pela energia cinética que podem transmitir (e, consequen- temente, na capacidade do dano). A partir dessa informação e dos danos causados, pode-se verificar o tipo de armamento, direção do disparo, identidade do atirador, número de disparos, distância do tiro, reação vital e tempo de sobrevivência e causa jurídica da morte. As lesões de entrada quando não houver anteparo ósseo ou rígido (colete balísticos, por exemplo) serão ovalares, conforme o ângulo de penetração do projétil; bordas talhadas a pi- que, com ou sem orla de escoriação, apresentando comumente microlacerações em torno de 1mm. Tendem, ainda, a ter orifício de entrada de diâmetro menor que o do PAF, algo que, a depender do aumento da velocidade do projétil, pode implicar aumento também do orifício. Já no caso de existir anteparo ósseo ou rígido, por gerar uma instabilidade no projétil, pro- duz a ampliação da ferida de entrada, causando, inclusive, dificuldade na diferenciação entre as lesões de entrada e de saída. Nesse contexto, tem-se o fenômeno da cavitação, em que, devido às ondas de pressão causados pela energia cinética do projétil, podem gerar um deslocamento, temporário ou per- manente, de uma cavidade ao atingir os tecidos, produzindo ou não lesões de saída. Por isso, diz-se que a cavitação pode ser: a) temporária – a cavidade gerada é ampla e fugaz, pois dura por um curto período de tempo; b) permanente – ocorrerá quando os resultados da cavidade temporária cessarem e permanecerem os danos produzidos (França, 2017). Fonte: https://cbc.org.br/wp-content/uploads/2019/10/WhatsApp-Image-2019-10-05-at-12.12.08.jpeg O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra As lesões de saída em projéteis de arma de fogo de alta energia serão determinadas: a) com base no tamanho trajeto; b) na velocidade; e c) na estabilidade do projétil. No caso, os projéteis tendem a transfixar o segmento do corpo atingido, percorrendo todos os tecidos disponíveis. Diferente se dá quando há fragmentação ou deformação do projétil, seja porque ele pró- prio se partiu ou porque se chocou com algum anteparo rígido (como um osso), caso em que a lesão de saída será maior e múltipla (até pela fragmentação, que gera maior cavidade temporária). 2. Lesões e Mortes por Ação térMiCA, por Ação eLétriCA, por BAropAtiA e por Ação QuíMiCA Consideram-se energias de ordem física aquelas que modificam o estado físico do corpo ou parte de, consequentemente, causam lesões orgânicas ou a morte da vítima (Douglas; Gre- co, 2019). Podem se constituir em: • temperatura; • pressão atmosférica; • eletricidade; • radioatividade; • luz e som. 2.1. Lesões e Mortes por Ação térMiCA Ocorrem quando têm por causa o calor ou o frio, de modo difuso ou direto. Quando pelo calor, classificam-se em: • Termonose: o calor atua de maneira difusa (indireta), como nos casos de insolação e de intermação. Pode ser: − Insolação: decorre do excesso de calor ambiental em local aberto, contribuindo para sua ocorrência os raios solares, ausência de renovação do ar e a fadiga; − Intermação: forma de exaustão térmica ou prostração térmica, ocorre pelo excesso de calor ambiental em lugares confinados, pouco abertos e sem ventilação; − Câimbras: contrações espasmódicas e muito dolorosas da musculatura esquelética das pernas (Ferreira, 2020); − Miliária: ◦ cristalina ou sudâmina – dá-se pela obstrução superficial da epiderme, sem infla- mações; ◦ rubra ou brotoeja – afeta a camada intermediária da epiderme, em que o suor fica retido e infiltra o espaço intracelular, causando inflamação pela irritação. • Queimaduras: forma em que o calor atua de modo direto (não se incluindo as decorren- tes de ação elétrica). Normalmente, a morte de queimados se dá pela perda hidroele- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra trolítica nas primeiras horas, com possível choque hipovolêmico ou neurogênico. Em seguida, insuficiência respiratória pela inalação de gases tóxicos. Nos primeiros dias, pode se suceder a insuficiência renal (o chamado “pulmão de choque”) e, por fim, infec- ção generalizada; − Queimaduras podem ser de: ◦ primeiro grau – ou eritema/sinal de Christinson, em que a epiderme é lesionada, mas pode se regenerar. Envolve vermelhidão, pele quente, seca e ardida; ◦ segundo grau – flictenas ou sinal de Chambert, atinge-se a derme superficial e pro- funda, podendo formar bolhas; ◦ terceiro grau – escaras, em que os planos subcutâneos são atingidos, bem como músculos, ossos, deixando sequelas. Decorrem da circulação deficiente no local; ◦ quarto grau – carbonização, que podem ser local ou generalizadas e ainda propor- cionar proteção elétrica e térmica. No contexto das queimaduras de quarto grau, fala-se nos sinais de Devergie (ou sinal do saltimbanco/posição do boxeador, que é post mortem e se dá pela retração dos tecidos em razão da carbonização) e de Montalti (intra vitam, representado pela fuligem na mucosa da árvore respiratória, embora seja possível a carbonização posterior da vítima). Com relação às lesões provocadas pelo frio na forma difusa, tem-se a hipotermia, em que se dá a diminuição da temperatura corporal abaixo de 35ºC (nesse caso, será leve se baixar até 32º; se até 28º, moderada; e grave se abaixo de 28ºC). Pode apresentar sinais como (Ferreira, 2020): a) úlcera de Wischnewski, consistente em infiltrações hemorrágicas na mucosa gástrica; b) sangue em tonalidade menos escura e baixo índice de coagulação; c) rigidez cadavérica precoce, intensa e demorada; d) espuma sanguinolenta nas vias respiratórias. Chama-se geladura as lesões provocadas pelo frio de forma direta. Podem ser causadas por gelo seco (gás carbônico sólido) ou objetos metálicos em condições de baixa temperatura. Da mesma forma que com as lesões por queimaduras, as geladuras se dividem em graus: • primeiro grau, ou eritema/vasoconstricção periférica; • segundo grau, ou flictenas; • terceiro grau, ou necrose/grangrena.2.2. Lesões e Mortes por Ação eLétriCA De ordem física, e com possibilidade de origem natural ou industrial, verificam-se lesões e mortes por ações elétricas quando há a exposição a uma corrente elétrica em que, pelo fator Joule, a energia elétrica é convertida em calor. Na hipótese natural (ou cósmica/atmosférica), O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra as vítimas sofrem pela eletricidade propriamente dita, como pela onda de choque do ar e da luminosidade intensa, além das contusões por terem sido arremessadas. Conforme Genival França (2017), quando atinge lentamente o ser humano, denomina-se fulminação (eletrofulminação). Se provoca lesões corporais, chama-se fulguração (ou eletro- fulguração). Há, ainda, o sinal de Lichtemberg que, especificamente causado pela eletricidade, apresenta aspecto arboriforme ou de samambaia na pele, precisamente nos vasos sanguíneos. As decorrentes de eletricidade industrial (ou eletroplessão) normalmente envolvem aciden- tes, cuja intensidade das lesões dependerá da voltagem, do tempo de exposição e da proximi- dade dos órgãos nobres, como o cérebro, coração, fígado, pulmão e rins. Denomina-se sinal de Jellinek a lesão de entrada produzida por alguns tipos de correntes elétricas 011. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2018) A respeito de identificação médico-legal, de aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por ação elétrica, de mo- dificadores da capacidade civil e de imputabilidade penal, julgue o item que se segue. O termo eletroplessão é utilizado para se referir a lesões produzidas por eletricidade industrial, enquanto o termo fulguração é empregado para se referir a lesões produzidas por eletricida- de natural. No tocante às lesões e morte por ação elétrica, temos eletricidade natural (cósmica) e ele- tricidade industrial (eletroplessão). A eletricidade industrial ou eletroplessão se destaca pela apresentação da marca elétrica de Jellinek, sinal específico de uma lesão provocada por eletri- cidade industrial. Trata-se de uma marca elétrica, no caso, uma forma especial de queimadura, de aspecto circular, elíptica ou em roseta, que pode ou não existir. Certo. 2.3. Lesões e Mortes por BAropAtiAs Envolve, basicamente, a ação pela diferença de pressão atmosférica, seja por diminuição ou por aumento. Três leis explicam o fenômeno: BAROPATIAS Leis 1. Lei de Boyle-Mariotte Sob temperatura constante, o volume ocupado por uma massa de gás é inversamente proporcional à pressão suportada. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra BAROPATIAS Leis 2. Lei de Henry A concentração de um gás dissolvido em uma massa líquida é diretamente proporcional à pressão exercida pela fase gasosa da mistura líquido-gás. 3. Lei de Dalton A pressão exercida por uma mistura gasosa é igual à soma das pressões parciais de cada componente da mistura. Nos casos de diminuição da pressão atmosférica, utiliza-se as nomenclaturas como “mal da montanha”, “doença das montanhas” ou “mal dos aviadores”, que, em sua forma crônica, chama-se “doença de Monge”. Pelas leis mencionadas anteriormente, o aumento da pressão atmosférica provoca satu- ração de fases no organismo, causando patologia de compressão (por oxigênio, nitrogênio ou gás carbônico). Podem ocorrer, ainda, patologias de descompressão (doença de descom- pressão ou “DD”), especialmente entre mergulhadores, como hipótese de incidência da Lei de Henry. Para esses casos de aumento da pressão, denomina-se “mal dos mergulhadores” ou “mal dos caixões”. Ferreira (2020), ao citar Hygino Hercules, apresenta a hipótese do mergulhador que sobe rápido à superfície e não elimina o ar em excesso, causando uma hiperdistensão alveolar e rompendo de suas paredes, sendo também denominado “barotrauma”. Em verdade, o barotrauma pode ocorrer em várias partes do corpo, como ouvidos, pul- mões, seios da face, e surge normalmente em descidas, mas efetivamente quando o corpo é submetido a ambientes com diferentes pressões. 2.4. Lesões e Mortes por Ação QuíMiCA Trata-se de ações que, em contato interno ou externo com o organismo, são capazes de causar danos à vida ou à saúde, como as substâncias cáusticas (que produzem lesões visce- rais ou cutâneas denominadas vitriolagem) e os venenos (Croce; Croce Jr., 2012). De atuação externa, as substâncias cáusticas provocam lesões tegumentares mais ou me- nos graves. São os casos dos ácidos (ácido sulfúrico ou óleo de vitríolo, que empresta o nome à vitriolagem; ácido azótico ou nítrico; ácido clorídrico, crômico, água de cobre, entre tantos outros), que podem resultar em efeitos coagulantes ou efeito liquefaciente. A gravidade da lesão varia conforme a quantidade, a concentração e a natureza do cáustico (França, 2017). De atuação interna, os venenos são de difícil definição porque até alimentos e medicamen- tos são capazes, em determinadas situações, ser prejudiciais, especialmente a depender da O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 78www.grancursosonline.com.br Lesões e Mortes. Asfixias NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL Fernando Terra dosagem, da resistência individual, da maneira de ministração e do veículo utilizado. Venenos são definidos como qualquer substância que, administrada e introduzida pelas mais diversas vias no organismo, ainda que homeopaticamente, danifica a vida ou a saúde (França, 2017). CLASSIFICAÇÃO DOS VENENOS 1. Quanto ao estado físico Líquidos, sólidos e gasosos. 2. Quanto à origem Animal, vegetal, mineral e sintético. 3. Quanto às funções químicas Funções orgânicas: óxidos, ácidos, bases e sais; Funções inorgânicas: hidrocarbonetos, álcoois, acetonas e aldeídos, ácidos orgânicos, ésteres, aminas, aminoácidos, carboidratos e alcaloides. 4. Quanto ao uso Doméstico, agrícola, industrial, medicinal, cosmético e venenos propriamente ditos. Entende-se por envenenamento o conjunto de elementos caracterizadores da morte vio- lenta ou do dano à saúde decorrentes da ação de substâncias específicas de forma acidental, criminosa ou voluntária. Aspecto interessante no tema do envenenamento diz respeito à síndrome do body packer, também chamada de “mula” ou “correio”, e consiste no transporte, por pessoas, drogas ilícitas no interior do organismo (estômago e intestino) com a finalidade de contrabando. Caracteriza- -se por graves efeitos à vida e à saúde ocasionados pelo rompimento das bolsas ou capsulas contendo a droga no interior do organismo e, consequentemente, há uma invasão maciça da droga na corrente sanguínea. Difere da síndrome do body pusher, pela qual o indivíduo transporta pequenas quantidade de drogas nos orifícios naturais (ânus e vagina). 2.5. Lesões e Mortes por expLosivos França (2017) classifica essas espécies de lesões e mortes, também denominadas blast injury, como o conjunto de manifestações violentas decorrentes da expansão gasosa de uma explosão potente, seguida de uma onda de pressão ou de choque. A explosão é
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