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População mundial – distribuição e dinâmica demográfica A população mundial é composta por quase 8 bilhões de pessoas, distribuídas desigualmente pelo território mundial. As áreas de reduzida população normalmente possuem algum aspecto natural que torna as tornam menos habitadas: desertos, geleiras, etc. Por mais que não se possa afirmar que a ocupação é impossível nessas áreas – devido ao avanço tecnológico, a ocupação demográfica continua se manifestado em menor escala nessas regiões. Quanto às áreas densamente ocupadas, as áreas com maior taxa de ocupação são áreas historicamente rurais (Indonésia, Índia, Vale do Rio Nilo, China, etc.). Portanto, no passado – quando a dependência de condições naturais era determinante para a ocupação, a ocupação territorial se deu em bases agrícolas, por causa de condições de solo fértil e disponibilidade de água. Temos, historicamente, grande concentração populacional em áreas de vantagem natural, com predomínio da agricultura de jardinagem (que tende a concentrar mais as pessoas, em contraposição à agricultura extensiva, que é mais dispersa). É inegável que no final do século XVIII muda essa configuração, com ocupações territoriais em novas regiões, sobretudo nas Américas. A explicação para a má distribuição populacional, entretanto, combina elementos naturais e humanos. Os elementos naturais se apresentam como obstáculos à ocupação, e na antiguidade, foram fatores de atração para ocupação. Os elementos econômicos e industriais são os fatores de atração para ocupação na atualidade. OBS: é importante destacar que, embora com o modelo de industrialização pós fordista os centros industriais se desloquem das metrópoles para as cidades médias, as metrópoles não deixam de crescer! Elas apenas crescem menos do que outras regiões. Esse deslocamento industrial transfigura o trabalho nas metrópoles: observa-se um processo de terciarização (um aumento do setor de serviços). Fala-se em reconversão produtiva das metrópoles. LER PÁG. 142 DO RELATÓRIO DE POPULAÇÃO 2021 (pag. 132 no relatório de 2022) Em 2022, os países mais pobres da África Subsaariana (África Ocidental e Central) possuem os maiores níveis de crescimento populacional do mundo – a despeito das altas taxas de mortalidade. Atualmente, a população mundial cresce a uma taxa de 1% (menor que em 2021, de 1,1%) – em um ritmo menor do que o observado no século passado. As regiões mais desenvolvidas têm as menores taxas de crescimento: 0,1% (menor que a de 0,3% registrada em 2021). Entre os países que mais encolhem no mundo, se destacam os países da Europa Oriental (Leste Europeu), que combinam baixas taxas de fecundidade e emigração. Notadamente, quem dá as cartas para o momento demográfico vivido pelos países é o processo de urbanização. África do Sul e Marrocos são dois países africanos com baixas taxas de crescimento demográfico – o que eles têm em comum, estando em duas pontas opostas do continente? O desenvolvimento urbano. Outro exemplo interessante é o de países do Golfo Pérsico, como Omã e Bahrein; embora as taxas de fecundidade não sejam tão altas nesses países, eles apresentam forte crescimento populacional. Isso porque, embora não haja um crescimento vegetativo (taxa de natalidade – taxa de mortalidade), há uma forte corrente migratória para essa região – sobretudo por conta do petróleo. Japão, Itália e Coreia do Sul são exemplos de países com forte encolhimento populacional. Os números para o Brasil são de um crescimento populacional de 0,6% (era 0,8% em 2021), e de uma taxa de fecundidade de 1,7 (mesma de 2021) – menor que a taxa de reposição da população (o que significa que a base da pirâmide etária brasileira está se estreitando). Glossário: ✓ Densidade demográfica: é a média de habitantes por quilômetro quadrado (divisão do número total de habitantes por determinada área). O Brasil é o quinto maior país do mundo tanto em extensão quanto em número de habitantes, mas apresenta baixa densidade demográfica e irregularidade na concentração populacional. Não há relação direta entre país populoso e alta densidade demográfica; normalmente, as maiores densidades demográficas estão em países com pequena extensão e pequena população, como é o caso dos Países Baixos. ✓ Crescimento natural/vegetativo: é o cálculo que envolve o número de pessoas que nascem e morrem em um país (taxa de natalidade – taxa de mortalidade) ✓ Crescimento populacional: razão de duas variáveis – o crescimento natural ou vegetativo (taxa de natalidade – taxa de mortalidade) e o saldo de imigração (chegada de pessoas) e emigração (saída de pessoas) ✓ Taxa de natalidade: nascimentos para cada mil habitantes por ano ✓ Taxa de mortalidade: óbitos por mil habitantes por ano ✓ Taxa de fecundidade ou fertilidade: número médio de filhos por mulher em idade fértil (14 a 49 anos) ✓ Taxa de reposição populacional: 2,1 filhos por mulher (essa taxa projeta a manutenção da população) ✓ Expectativa de vida: o quanto se espera viver ao nascer em determinadas áreas ✓ Mortalidade infantil: morte dos nascidos vivos até completar 1 ano Na maior parte da história da humanidade a população cresceu muito pouco – a partir dos séculos XIX e XX, o crescimento populacional se elevou consideravelmente. Entretanto, após a explosão demográfica desse período, o mundo voltou a crescer em ritmo menor. O primeiro bilhão de habitantes foi atingido em 1800. Levou 130 anos para alcançar o segundo (1930), três décadas para o terceiro (1960), quatorze anos para o quarto (1974), treze para o quinto (1987), doze para o sexto (1999) e mais doze para o sétimo bilhão, em 2011. Modelo de transição demográfica de Thompson A ideia básica é que os países se deslocam de uma situação de baixo crescimento populacional (fase 1) devido à alta mortalidade, para uma outra situação de baixo crescimento populacional (fase 4), mas dessa vez devido a baixas taxas de natalidade. O crescimento populacional divide-se em quatro etapas: a primeira fase é a do crescimento baixo, em que taxas de natalidade e mortalidade são altas; a segunda é aquela em que ocorre um surto de crescimento, uma vez que a natalidade se manteve alta e a mortalidade caiu; a terceira é o momento em que a taxa de mortalidade se mantém estável ou em queda e a taxa de natalidade cai, o que ocasiona um crescimento demográfico em ritmo mais lento e em menor quantidade, o caso brasileiro agora; por fim, a quarta etapa, na qual se atinge crescimento natural negativo ou mínimo para a reposição populacional. Hoje em dia, nenhum país se encontra na fase 1 – como visto anteriormente, mesmo os países mais pobres, como os países da África Subsaariana, estão na fase de alto crescimento populacional. Nas fases 2 e 3, está a explosão demográfica. A queda das taxas de mortalidade e natalidade não são concomitantes – a queda da taxa de mortalidade acontece primeiro – causando o boom demográfico. Isso acontece porque a queda da taxa de mortalidade acontece por mudanças técnicas (tratamento de água e esgoto, por exemplo). As taxas de natalidade são mais relacionadas a motivos culturais (mudanças no papel da mulher na sociedade, por exemplo), religiosos e econômicos (a melhora na qualidade de vida e na renda tendem a reduzir a taxa de natalidade), e esses tendem a demorar um pouco mais para se alterarem. A queda da natalidade envolve tanto questões técnicas (como a difusão de métodos anticoncepcionais), como outros elementos como mudanças culturais, custos de vida e da criação de filhos, etc. A África é hoje uma região que se encontra na fase 2 – isso significa que, no futuro, esse boom demográfico tende a se exaurir, e assim como as demais regiões, o crescimento populacional tende a se estabilizar. Vários fatores influenciam a decisão de ter filhos: um importante fator é o machismo. O Japão e a Itália representam esse caso: embora sejam países muito machistas, o nível de desenvolvimento social desses países se difere de outros– também machistas, mas que em que a mulher não possui certas premissas – como a escolha de não ter filhos. Dessa forma, Japão e Itália exemplificam casos em que as mulheres decidem não ter filhos, pois sabem que os ônus da criação cairão inteiramente sobre elas (devido à sociedade machista, etc). Isso é uma das explicações possíveis para o fato das políticas natalistas do Japão não terem alcançado os níveis desejados. Interessante ressaltar que a crise econômica não é fator predominante para a redução do crescimento demográfico – lembre-se que os países mais pobres são os que tem maior crescimento populacional na atualidade. A transição demográfica é um fator estrutural que explica melhor a redução do crescimento populacional do que um fator conjuntural como uma crise econômica (não quer dizer que a crise não afete as decisões de reprodução, mas isso não é determinante). Além disso, a queda da população não causa retração imediata no mercado consumidor interno se forem observadas elevações nos padrões de consumo. Evolução da pirâmide etária no Japão A figura mostra uma evolução típica da transição demográfica. A pirâmide etária japonesa da década de 50, com uma base larga e o topo estreito – representando uma população jovem, com taxa de fecundidade alta e expectativa de vida ainda não tão alta. Com o passar do tempo, a pirâmide etária “engorda”, com o topo começando a se alargar mais do que a base.