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Instituto de Matemática - UFRJ Cálculo 1 - Semipresencial Aula 12 – Máximos e mı́nimos Este material foi produzido no âmbito do projeto “Elaboração de material para disciplinas na modalidade semi-presencial”, do Departamento de Matemática do IM/UFRJ. Equipe: Coordenação: Paulo Amorim Participantes: Bruno Telch, Rafael Lobosco, Leonardo Damasceno Considere uma função real f cujo gráfico é descrito na imagem abaixo. c1 c2 f(x) c3 Note que, no intervalo representado, a função f assume o seu menor valor em c3 e que, em c2 , a função f assume o seu maior valor. Definição. Seja f : D ⊆ R→ R uma função real e c ∈ D. Dizemos que f(c) é um valor máximo absoluto (respectivamente, valor mı́nimo absoluto) (ou global) de f em D se f(c) ≥ f(x) para todo x ∈ D (respectivamente, f(c) ≤ f(x) para todo x ∈ D). Neste caso, dizemos que c é um ponto de máximo absoluto (respectivamente, ponto de mı́nimo absoluto) (ou global). Costuma-se chamar valores extremos de f os valores máximos e mı́nimos globais de f . Agora note na figura anterior que, se restringirmos f para valores “próximos” de c1, o ponto c1 passará a ser um ponto onde f atinge um valor mı́nimo. Definição. Dizemos que um número f(c), com c no domı́nio de f é um valor máximo local (respectivamente, valor mı́nimo local) se f(c) ≥ f(x) (respectivamente, f(c) ≤ f(x)) quando x “está próximo” de c. Observação. Neste caso, dizemos que uma propriedade é verdadeira próximo a c se essa propriedade é verdadeira em algum intervalo aberto que contém c. Segue da definição acima que todo valor máximo (respectivamente, mı́nimo) global é também local. 1 de 7 Cálculo 1 - Semipresencial Aula 12 – Máximos e mı́nimos (continuação) Exemplo. Ache os valores máximos e mı́nimos (locais e globais) de a) f(x) = x2, com x ∈ R. Como x2 ≥ 0 para todo x ∈ R, segue que 0 = f(0) é um valor mı́nimo absoluto global. Por outro lado, f não possui nenhum máximo local pois f é decrescente em (−∞, 0], isto é, f(x) ≥ f(y) sempre que x ≤ y, onde x, y ≤ 0, e crescente em [0,∞), isto é, f(x) ≤ f(y) sempre que x ≤ y, onde x, y ≥ 0. -4 -2 0 2 4 6 8 -3 -2 -1 0 1 2 3 f(x) = x2 x b) f(x) = cos x, x ∈ R. Como −1 ≤ cosx ≤ 1 para todo x ∈ R, segue que, se n for um número inteiro par, então f(nπ) (que é igual a 1) é um valor máximo absoluto global e f(nπ) = −1, com n um número inteiro ı́mpar, é um valor mı́nimo absoluto global. Esses são os únicos máximos e mı́nimos locais. -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 -6 -4 -2 0 2 4 6 f(x) = cos x x Note que uma função pode ter vários pontos onde o máximo global é atingido, pois nesses pontos o valor da função apenas tem de ser maior ou igual que nos outros todos, e não estritamente maior. 2 de 7 Cálculo 1 - Semipresencial Aula 12 – Máximos e mı́nimos (continuação) Note que nem todas as funções possuem valores máximos ou mı́nimos locais ou globais. Por exemplo, f(x) = x3, com x ∈ R, não possui nem valores máximos nem valores mı́nimos locais ou globais. -10 -5 0 5 10 -3 -2 -1 0 1 2 3 f(x) = x3 x Como garantir a existência de tais valores? O resultado a seguir nos garante que para certas funções é sempre posśıvel obter máximos e mı́nimos globais. Teorema (Teorema dos Valores Extremos – TVE). Se f for qualquer função real cont́ınua em um intervalo fechado e limitado [a, b] então existem pelo menos dois números c e d pertencentes ao intervalo [a, b] tais que f assume um valor máximo global f(c) e um valor mı́nimo global f(d). f(d) f(c) a = d c b x f(x) No exemplo ilustrado acima, vemos que f(x) atinge o seu valor máximo global em c e que atinge o seu mı́nimo global em a. O fato de um desses pontos ser um dos extremos do intervalo é coincidência; isso pode acontecer, ou não. Além disso, f pode atingir seus extremos globais em mais do que um ponto. Por exemplo, no gráfico seguinte todos os extremos estão no interior do intervalo [a, b], e f tem dois pontos de mı́nimo global, d1 e 3 de 7 Cálculo 1 - Semipresencial Aula 12 – Máximos e mı́nimos (continuação) d2. Ainda, vemos que as extremidades a e b do intervalo são pontos de máximo local da função, mas não global. f(c) a d1 c d2 b x f(x) Note que o TVE nos garante a existência de valores extremos. Porém, ele não nos dá um método para encontrá-los. Além disso, se retirarmos uma das hipóteses do Teorema (por exemplo, se f não for cont́ınua ou se o domı́nio não for um intervalo limitado e fechado) é posśıvel encontrar funções que não satisfazem a conclusão do teorema: a c b x Neste exemplo, f tem máximo global mas não tem mı́nimo global em [a, b]. O que falha é que f não é cont́ınua em todo o intervalo [a, b]. f(x) a b Aqui, f não tem máximo global, mas tem mı́nimo global em [a, b]. O que fa- lha é que f não está definida em todo o intervalo fechado [a, b]. Observe os gráficos das funções que ilustram o TVE. O que acontece com a reta tangente ao gráfico dessas funções nos pontos de máximo e mı́nimo locais? Aparentemente, quando 4 de 7 Cálculo 1 - Semipresencial Aula 12 – Máximos e mı́nimos (continuação) esse ponto não é uma das extremidades do intervalo, a tangente parece horizontal. Lembre que a inclinação da reta tangente num ponto é precisamente o valor da derivada nesse ponto. Será que esse comportamento sempre acontece para tais pontos? O Teorema de Fermat nos dá a resposta que, para certos casos, esse comportamento sempre acontece, ligando o fato de um ponto ser máximo ou mı́nimo com a derivada da função nesse ponto. Teorema (Fermat). Se f tiver um máximo ou mı́nimo local em c e se f ′(c) existir, então f ′(c) = 0. Observação. Este teorema não afirma nada se a função assumir um máximo ou um mı́nimo nas extremidades do intervalo. De fato, nesse caso, a função não é derivável de certeza (pois apenas pode, na melhor das hipóteses, ter derivada lateral nesse ponto), e portanto o teorema não se aplica. Demonstração. Para fixar as ideias, faremos apenas o caso em que c é um máximo local de f . Como c é um máximo local de f , para h > 0 suficientemente pequeno temos f(c) ≥ f(c+ h). Portanto, f(c) ≥ f(c+ h) =⇒ f(c+ h)− f(c) ≤ 0 =⇒ f(c+ h)− f(c) h ≤ 0 h = 0 =⇒ lim h→0+ f(c+ h)− f(c) h ≤ lim h→0+ 0 = 0. Como f ′(c) existe, lim h→0+ f(c+ h)− f(c) h = lim h→0 f(c+ h)− f(c) h = f ′(c) e, portanto, f ′(c) ≤ 0. Do mesmo modo, como c é um máximo local de f , para h < 0 suficientemente pequeno f(c) ≥ f(c+ h). Portanto, f(c) ≥ f(c+ h) =⇒ f(c+ h)− f(c) ≤ 0 =⇒ f(c+ h)− f(c) h ≥ 0 h = 0, pois h < 0 =⇒ lim h→0− f(c+ h)− f(c) h ≥ lim h→0− 0 = 0. Como f ′(c) existe, lim h→0− f(c+ h)− f(c) h = lim h→0 f(c+ h)− f(c) h = f ′(c) e, portanto, f ′(c) ≥ 0. Logo, f ′(c) = 0 como queŕıamos demonstrar. 5 de 7 Cálculo 1 - Semipresencial Aula 12 – Máximos e mı́nimos (continuação) Observação. O Teorema de Fermat nos diz que se f(c) for um valor máximo (ou mı́nimo) local e se f ′(c) existir, f ′(c) será igual a 0. Entretanto, se f ′(x0) = 0 para algum número x0 no domı́nio de f , não podemos afirmar que f(x0) é um valor máximo (ou mı́nimo) local. Exemplo. Considere a função f(x) = x3, com x ∈ R. Sabemos que f ′(x) = 3x2 para todo x ∈ R e que f ′(x) = 0 se, e somente se, x = 0, mas 0 não é um máximo ou mı́nimo local de x3 pois esta função não admite máximos ou mı́nimos locais (nem globais). Existem funções que não satisfazem as hipóteses do Teorema de Fermat mas satisfazem a sua conclusão, isto é, podem existir máximos ou mı́nimos locais em valores cuja derivada não existe. Exemplo. Considere a função f(x) = |x|, com x ∈ R. Sabemos que f ′(0) não existe, porém 0 é um ponto de mı́nimo local de f pois f(x) = |x| ≥ 0 = f(0) para todo x ∈ R. -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 -3 -2 -1 0 1 2 3 f(x) = |x| x Definição. Dizemos que um número c no domı́nio de f é um ponto cŕıtico de f se f ′(c) não existeou f ′(c) = 0. Exemplo. Calcule os pontos cŕıticos da função f(x) = 2x3 − 6x2 − 9, x ∈ R. Como a derivada de um polinômio existe para todos os valores do seu domı́nio, os únicos pontos cŕıticos de f são os pontos x ∈ R tais que f ′(x) = 0, isto é, 0 = f ′(x) = 2 · 3x2 − 6 · 2x = 6x2 − 12x =⇒ 6x (x− 2) = 0 =⇒ x = 0 ou x = 2 . Portanto, os únicos pontos cŕıticos de f são 0 e 2. 6 de 7 Cálculo 1 - Semipresencial Aula 12 – Máximos e mı́nimos (continuação) Exemplo. Calcule os pontos cŕıticos da função f(x) = x3/5(4− x), x ∈ R. Como f ′(x) = ( x3/5 )′ · (4− x) + x3/5 · (4− x)′ = 3 5 x3/5−1 (4− x) + x3/5 · (−1) = 3(4− x) 5x2/5 − x3/5 = 12− 3x− 5x3/5+2/5 5x2/5 = 12− 8x 5x2/5 , x é um ponto cŕıtico de f se, e somente se, f ′(x) não existir, isto é, x2/5 = 0 =⇒ x = 0 ou se f ′(x) = 0 e x 6= 0, isto é, 12− 8x = 0 =⇒ x = 3 2 . Portanto, os únicos pontos cŕıticos de f são 0 e 3 2 . 7 de 7
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