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Monografia -Muerelocona, Esmeraldo Rosário (2022)


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Esmeraldo Rosário Muerelocona 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Actuação dos Líderes Comunitários no Processo de Acesso à Terra e na Gestão de 
Conflitos de Terra na Cidade de Lichinga: Particularidades e os Desafios na Gestão 
Territorial 
(Licenciatura em Ensino de Geografia Com Habilitação em Turismo) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Rovuma 
 Extensão de Niassa 
2023 
Esmeraldo Rosário Muerelocona 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Actuação dos Líderes Comunitários no Processo de Acesso à Terra e na Gestão de 
Conflitos de Terra na Cidade de Lichinga: Particularidades e os Desafios na Gestão 
Territorial 
 (Licenciatura em Ensino de Geografia Com Habilitação em Turismo) 
 
 
 
Monografia Científica apresentada ao 
Departamento de Geociências, Extensão de 
Niassa, para a obtenção do Grau Académico de 
Licenciatura em Ensino de Geografia com 
Habilitações em Turismo. 
Supervisor: 
Professor Doutor Júlio Ambrósio Masquete 
 
 
 
Universidade Rovuma 
 Extensão de Niassa 
2023 
Índice 
Declaração ................................................................................................................................. iv 
Dedicatória.................................................................................................................................. v 
Agradecimentos ......................................................................................................................... vi 
Resumo ..................................................................................................................................... vii 
Lista de Símbolos e Abreviaturas ............................................................................................ viii 
Lista de Figuras e Gráficos ........................................................................................................ ix 
Lista de Quadros ......................................................................................................................... x 
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................ 11 
CAPÍTULO II: REFERENCIAL TEÓRICO E CONCEPTUAL ............................................ 14 
2.1. Conceitos: Acesso á Terra e Conflitos de Terra ............................................................ 14 
2.1.1. Acesso á Terra ........................................................................................................... 14 
2.1.2. Conflitos de Terra ...................................................................................................... 16 
2.1.2.1. Causas e Tipologias de Conflitos de Terra............................................................. 17 
2.2. Actuação dos Líderes Comunitários no Acesso á Terra ................................................ 19 
2.3. Os Líderes Comunitários e a Gestão dos Conflitos de Terra ........................................ 20 
2.3.1. O Papel dos Líderes Comunitários na Gestão dos Conflitos de Terra ....................... 21 
CAPÍTULO III: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ........................................ 22 
3.1. Localização, caracterização e superfície ....................................................................... 22 
3.2. Limites da Cidade e Divisão Administrativa ................................................................. 22 
3.5. Aspectos Físico-geográficos .......................................................................................... 24 
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ........................... 26 
4.1. O Papel dos Líderes Comunitários no Processo de Acesso à Terra .............................. 26 
4.2. As Atribuições dos Líderes Comunitários no Processo de Gestão de Conflitos de Terra
 …………………………………………………………………………………………31 
4.3. As Particularidades na Actuação dos Líderes Comunitários Enquanto Actores no 
Acesso à Terra e na Gestão de Conflitos de Terra ................................................................... 36 
5. Conclusões ........................................................................................................................ 38 
6. Referencias Bibliográficas ................................................................................................ 39 
Apêndices ................................................................................................................................. 41 
Anexos ...................................................................................................................................... 47 
 
 
iv 
 
 
Declaração 
 
 
 
 
 
 
Declaro por minha honra que esta monografia é original. Que a mesma é fruto da 
minha investigação estando indicadas ao longo do trabalho e nas referências as fontes de 
informação por mim utilizadas para a sua elaboração. Declaro ainda que o presente trabalho 
nunca foi apresentado anteriormente, na íntegra ou parcialmente, para a obtenção de qualquer 
grau académico. 
 
 
 
Lichinga, Junho de 2023 
 
______________________________________ 
(Esmeraldo Rosário Muerelocona) 
v 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus queridos pais: Rosário Muerelocona e Rita Singano. 
 
 
vi 
 
 
Agradecimentos 
Agradeço em primeiro lugar a Deus por me conceder a graça de vida, saúde e força 
para a realização do presente trabalho. Para ele vai o meu muito obrigado de todo coração. 
Ao Professor Doutor Júlio Ambrósio Masquete, na qualidade de Supervisor pelo 
incansável apoio que me concedeu durante a realização do presente trabalho de modo que se 
tornasse uma realidade e aos demais docentes do Departamento de Geociências, que durante 
os quatro anos me mostraram caminhos a trilhar. 
Aos meus pais Rosário Muerelocona e Rita Singano pelo apoio material e espiritual 
que me concederam durante os meus estudos, a eles meu muitíssimo obrigado. Agradeço 
também a minha amada irmã Natalina Rosário, os meus queridos irmãos e Primos, Danilo, 
Messias, Sildia, Jacinta, Belzito, Imak, Josefina, Adelina, Zinho, Alberto, Nércio, Anjo e 
Arlete, a tia Laurinda Agostnho e Victória Singano e, a todos os meus sobrinhos. 
A todos meus amigos, que de forma directa e indirecta ajudaram para a redacção do 
presente trabalho. O meu agradecimento estende-se também a toda turma de Licenciatura em 
Ensino de Geografia que ingressou no ano de 2019, pelo apoio e amizade que me 
proporcionaram durante essa longa caminhada. 
Por último agradeço à todos participantes que directa ou indirectamente ajudaram de 
forma que a presente monografia se tornasse uma realidade. Os participantes que fizeram 
parte do presente trabalho são: os líderes comunitários e alguns residentes dos bairros 
Chiulugo e Mitava, ao Conselho Municipal da Cidade de Lichinga, à todos estes vai meu 
muito obrigado. 
vii 
 
 
Resumo 
 
 A pesquisa procura compreender as particularidades existentes na actuação dos líderes 
comunitários nos processos de acesso à terra e na gestão de conflitos de terra enquanto factores 
condicionantes da gestão do território. A pesquisa é de natureza qualitativa. O líder comunitário é 
aquele agente que busca soluções junto aos governos para os problemas do bairro em que actua. É ele 
que conhece de perto os problemas da comunidade e tem essa preocupação de cobrar providências 
perante a ausência do poder público, pois é a ele a quem os moradores se reportam. Nestes termos, 
procurou-se olhar para as atribuições dadas aos LCs para compreender a sua actuação na questão do 
acesso à terra e como os conflitos de terra tem sido resolvidos poe eles. As formas de acesso á terra em 
Moçambique são de acordo com o plasmado na Lei de Terra (19/97 de 1 de Outubro). Para a pesquisa, 
optou-se pela observação directa, pesquisa documental e bibliográfica e as entrevista semi-
estruturadas. As percepções sobre a participação dos líderescomunitários no acesso e na gestão de 
conflitos de terras ilustram quão importantes são estas instituições na gestão destes diferendos, pois 
são as primeiras instituições contactadas pela comunidade no geral quando assiste-se conflitos de 
terras. Existe uma tendência evidente que indica que os líderes comunitários muitas vezes participam 
nos momentos de tomada de decisão em relação ao acesso e na procura de soluções de conflitos de 
terra que dizem respeito suas áreas de jurisdição. 
 
Palavras-chave: Actuação dos líderes; Acesso a terra; Conflitos de terra; Gestão territorial. 
viii 
 
 
Lista de Símbolos e Abreviaturas 
 
LCs - Líderes Comunitários 
ONGs - Organizações Não Governamentais 
LT - Lei de Terra 
R: - Resposta 
CMCL - Conselho Municipal da Cidade de Lichinga 
IOT - Instrumento de Ordenamento Territorial 
DUAT - Direito de Uso e Aproveitamento de Terra 
ACs - Autoridades Comunitárias 
BM - Bairro Mitava 
BC - Bairro Chiulugo 
PCMCL - Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Lichinga. 
 
 
ix 
 
 
 Lista de Figuras e Gráficos 
 
Fig. 1. Divisão Político-administrativo da cidade de Lichinga……………………………….23 
Gráfico 1. Perfil dos entrevistados…………………………………………...……….……....26 
 
x 
 
 
Lista de Quadros 
 
Quadro 1. Querendo uma parcela de terra, a quem se pode recorrer……………….….……27 
 
Quadro 2. A participação dos atores no processo de acesso a terra…………….…….……..28 
 
Quadro 3. As funções/atribuições dos actores no processo de aquisição de parcela de terra 
para fim habitacional. ……………………………………………………………...…………28 
 
Quadro 4. Problemas relacionados com a segurança pela posse de terra……………...…......29 
 
Quadro 5. O que os actores têm feito para garantir a segurança pela posse de terra...…....….30 
 
Quadro 6. Existência de conflitos pela ocupação de parcelas de terra, causas e os 
envolvidos………………………………………………………………………………….....31 
. 
Quadro 7. Os atores envolvidos na resolução dos conflitos de terra.…………...…..……….31 
 
Quadro 8. As atribuições dos atores neste processo de resolução………….………………...32 
 
Quadro 9. Na resolução do conflito de terra, quem tem o poder de decisão final……………33 
 
Quadro 10. O cumprimento das decisões tomadas………………..…………...……….…….34 
 
11 
 
 
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 
A compreensão da actuação dos Líderes Comunitários no acesso á terra e na gestão de 
conflitos de terra, constituem uma matéria de suma importância para a melhor gestão do 
território. Em Moçambique após a independência a cedência de terras a agentes externos era 
uma tarefa assumida pelas autoridades comunitárias no quadro da gestão dos aspectos de 
terras nas comunidades. A sua intervenção neste aspecto ganhava maior expressão, porque o 
pedido de cedência de terras, formalmente, deveria contar com o parecer dos Líderes 
Comunitários (Katiavala, 2006 apud Chigarisso, 2013). Ainda o autor defende que o 
testemunho dos LCs no processo de acesso á terra, em muitos casos, tenha sido objecto de 
questionamento por parte das populações locais, porque, muita das vezes, envolviam-se em 
negociações com empresários ou outros agentes externos sem o consentimento destas, 
gerando situações de conflitos de terra que acabavam por pôr em causa a sua credibilidade 
junto das comunidades. 
Para Katiavala (2006) actualmente em Moçambique, o papel das autoridades 
comunitárias são vistas em três diversas áreas de actuação tais como no plano executivo, no 
nível legislativo e na vertente judicial. Portanto para o autor, no plano executivo, as funções 
das autoridades comunitárias estão relacionadas com a gestão geral das comunidades, 
negociação e estabelecimento de ligações com agentes externos (Instituições do Estado, 
ONGs), gestão de terras, incentivo à produção agrícola e controlo da população. A nível 
legislativo, as lideranças comunitárias são responsáveis pelo estabelecimento de normas 
sociais, pela definição dos limites do território que ocupam as comunidades sob sua jurisdição 
e, também, pelo estabelecimento de regras de utilização de recursos comunitários como a 
terra, a água e a floresta (Katiavala, 2006). No que diz respeito as áreas de actuação, por fim 
Katiavala (2006) indica a vertente judicial que se baseia na acção dos líderes comunitários 
que está fundamentalmente direccionada para a administração da justiça, intervindo desta 
forma em processos de acesso, resolução de conflitos ligados a terra e na observância do 
cumprimento das normas sociais pelos membros das comunidades. 
As três áreas que Katiavala apresenta estão duma forma resumindo os papéis centrais 
que os líderes comunitários desempenham dentro de uma comunidade mesmo com a 
crescente tentativa de modernização destas instituições sociais, estas instituições continuam 
desempenhando papéis cruciais para a manutenção da ordem social e harmonia dentro da 
comunidade apesar de coexistirem conflitos dentro da mesma. 
 
12 
 
 
O estudo é de extrema importância científica, pois a geografia é uma ciência que 
permite observar, localizar, caracterizar e analisar os fenómenos no espaço, contudo sua 
importância é relevante no estudo e compreensão dos elementos da gestão territorial, uma vez 
que a gestão do território permite organizar o espaço urbano, de maneira que satisfaça as 
necessidades da população e mantem a cidade ou o território em bom funcionamento 
permitindo assim o seu desenvolvimento. Neste contexto torna-se necessário compreender a 
actuação dos líderes comunitários no acesso á terra e na gestão de conflitos de terra, 
elementos esses condicionantes da gestão do território. 
Por outro lado a gestão do território corresponde, na maior parte dos casos à vontade 
de corrigir os desequilíbrios de um espaço nacional ou regional e constitui um dos principais 
campos de intervenção da Geografia. A cidade de Lichinga faz parte de um meio urbano que 
esta a passar por constantes modificações por isso torna-se importante o conhecimento dos 
diversos elementos que actuam na modelagem do mesmo. A dinâmica do crescimento da 
cidade de Lichinga requer a realização da gestão do território com base na actuação dos 
líderes comunitários buscando ordenar e gerir os espaços e identificar as áreas passiveis da 
sua intervenção. A compreensão das particularidades existentes na actuação dos LCs no 
acesso e na gestão dos conflitos de terra visa orientar a tomada de decisões numa 
administração pública garantindo o desenvolvimento do próprio município. 
Entende-se assim que, o Líder Comunitário é um dos actores que actua tanto no 
processo de acesso à terra bem como na gestão dos conflitos de terra, aspectos esses 
relevantes para compreender as suas particularidades. Diante disto, coloca-se a seguinte 
pergunta de pesquisa: Que particularidades existem na actuação dos líderes comunitários 
nos processos de acesso à terra e na gestão de conflitos de terra entendidas como 
componentes da gestão territorial? 
A pesquisa tem como objectivo geral compreender as particularidades existentes na 
actuação dos líderes comunitários nos processos de acesso à terra e na gestão de conflitos de 
terra enquanto factores condicionantes da gestão de território. E tem como os seus 
específicos: Descrever o papel dos líderes comunitários no processo de acesso à terra; 
Levantar as atribuições dos líderes comunitários no processo de gestão de conflitos de terra; 
Identificar as particularidades na actuação dos líderes comunitários enquanto actores no 
acesso à terra e na gestão de conflitos de terra. 
13 
 
 
A pesquisa é de natureza qualitativa pois, procura dar conta dos significados, motivos, 
atitudes, crenças, percepções, representações e valores que se expressam na linguagem 
comum e na vida quotidiana. Para a pesquisa, optou-se pela observação directa, pesquisa 
documental e bibliográfica e as entrevista semi-estruturadas. Estas técnicas foram de maior 
importância na pesquisa, ao permitir fazer o levantamentode dados através da presença do 
pesquisador no grupo social e na região estudada, o que permitiu também ver de perto a forma 
como as ACs actuam no processo de acesso a terra e em conflitos de terra, isto por sua vez, 
permitiu efectuar uma confrontação em relação ao que os autores dizem e com o que 
realmente acontece na prática. 
O trabalho está estruturado em quatro capítulos. O primeiro é relativo a introdução, 
onde estão patentes: a contextualização, a problemática, a pergunta de partida, a justificativa, 
os objectivos geral, específicos e a metodologia da pesquisa. O segundo capítulo é relativo ao 
referencial teórico e conceptual, que integra a revisão da literatura e a teoria de base. O 
terceiro capítulo é dedicado a caracterização da área de estudo em que estão patentes a 
localização e caracterização da superfície da área em estudo, limites e divisão administrativa, 
aspectos demográficos, económicos, culturais e físico-geográficos da área em estudo. O 
quarto e último capítulo é refente a apresentação e discussão de resultados, onde foram 
apresentados e discutidos os dados recolhidos no campo, neste capítulo também é relativo a 
apresentação das conclusões da pesquisa. 
14 
 
 
CAPÍTULO II: REFERENCIAL TEÓRICO E CONCEPTUAL 
Neste capítulo é apresentada a revisão da literatura sobre a matéria em estudo. Neste 
sentido, a literatura sobre o tema, apresenta-se em diversas perspectivas, sem deixar de lado o 
foco principal do estudo. 
2.1. Conceitos: Acesso á Terra e Conflito de Terra 
2.1.1. Acesso á Terra 
Acesso a terra é um processo pelo qual um individuo adquire certa parcela de terra. 
Que pode ser por ocupação ou por via de autorização. Negrão (2004) entende por sistema de 
uso da terra o conjunto de normas, regras e disposições legais, escritas ou não, que 
determinam as formas de acesso e uso e aproveitamento da terra, o controlo sobre os produtos 
nela existentes ou dela derivados, e a transmissão de direitos sobre as áreas determinadas. Por 
regra este conjunto de disposições é objecto de legislação avulsa, que vai sendo emitida à 
medida que o legislativo sente que há necessidade para tal. A questão da propriedade da terra 
bem como as normas relativas ao uso sustentável dos recursos também, por regra, são 
definidas ao nível da Constituição da República, e servem de orientação para a publicação da 
legislação avulsa e para o exercício dos vários sistemas de direitos costumeiros. Por razão de 
facilidade de expressão, normalmente, use-se a expressão acesso à terra subentende-se o 
conjunto de normas, regras e disposições legais que constituem o sistema de uso da terra 
(Negrão, 2004). 
Parafraseando Negrão (2004) embora a terra na República de Moçambique seja 
propriedade do Estado, este não tem o papel de adjudicador exclusivo da terra. A LT [Lei nº 
19/97] prevê que a transmissão dos direitos de uso e aproveitamento, consequentemente o 
acesso à terra, possa ser feita por quatro vias distintas (i) por alocação directa do Estado em 
resposta a solicitação explícita e aprovação do respectivo plano de exploração; (ii) por 
alocação no âmbito dos sistemas de direitos costumeiros; (iii) pela simples ocupação, 
individual ou colectiva, desde que seja de boa fé; (iv) e, indirectamente, através da 
transmissão de benfeitorias existentes na parcela, normalmente por forma onerosa i.e. via 
mercado, a qual, nas zonas urbanas, implica a transmissão automática dos direitos de uso e 
aproveitamento de toda a parcela. 
A prática de venda de terra é um evidente atropelo à constituição da República de 
Moçambique, Titulo IV, Capítulo II, artigo 109, n.º 2 e a LT, Capítulo II, artigo 3 que 
pressupõe que: A Terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida ou, por qualquer 
outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada. Sobre a questão da venda de terras, Carrilho 
15 
 
 
(1992), afirma que embora seja ilegal, é do domínio público que existe um activo mercado de 
terras, no qual se vendem, se alugam ou de outra forma não autorizada pela lei se transferem 
direitos de uso e aproveitamento da terra à margem do conhecimento formal do Estado. Na 
verdade, o direito de uso de terra tem sido tratado como direito de propriedade privada. 
Segundo estudos realizados pelo Cruzeiro do Sul – IIID e a recolha realizada por 
outras fontes apontam que em termos de controlo alocativo da terra, o Estado garante apenas 
15% da terra, ficando a maioria sobre o controlo alocativo dos sistemas costumeiros (20%) e 
no meio urbano o mercado cobre 65% (Manhicane, 2007). 
Acesso através do direito consuetudinário refere-se a garantia de acesso à terra para 
habitação e agricultura, que esta a cargo dos líderes comunitários. Ademo (2003), justifica 
este cenário como decorrente da nova conjuntura sobre a terra, argumentando ainda que, a 
atribuição pelos líderes comunitários e/ou chefes dos bairros foi cada vez mais se diluindo 
com a individualização da terra pelos moradores. E o acesso através da compra Norton (2003) 
apud Negrão (2010), afirmam que quando a procura por terra aumenta ainda mais, a tendência 
é tê-la como mercadoria que pode ser comprada e vendida, quer na forma de transferência de 
direitos de uso de propriedade quer das benfeitorias. Relativamente a concessão pelo 
Conselho Municipal Negrão (2010), defende que quando a terra é abundante a sua valorização 
é dada pelo seu significado simbólico, e a gestão é feita pelas instituições locais de acordo 
com as normas e costumes comummente aceites. 
Todavia, à medida que a procura aumenta, a percepção sobre o valor da terra altera-se, 
passando esta a ser tida como “recurso” que é preciso preservar e usar com normas e regras, 
muitas vezes de carácter legal, sob a responsabilidade do Estado. Neste âmbito, a LT (lei 
n.º19/97), no seu artigo 23 pressupõe que, compete aos Presidentes dos Conselhos Municipais 
e de Povoações e aos Administradores do Distrito, nos locais onde não existam órgãos 
municipais, autorizar pedidos de uso e aproveitamento de terra nas áreas cobertas por planos 
de urbanização e desde que tenham serviços públicos de cadastro. 
No território moçambicano, a terra é propriedade do Estado e o seu acesso é regulado 
pela Legislação de terras em vigor (Lei nº19/97 de 01 de Outubro, Decreto nº66/98 de 8 de 
Dezembro e Decreto nº 60/2006, de 26 de Dezembro). De acordo com o artigo 3 da LT, na 
República de Moçambique a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida, ou por 
qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada. Como meio universal de criação da 
riqueza e do bem-estar social, o uso e aproveitamento da terra é direito de todo povo 
16 
 
 
moçambicano. Na Lei de terras (Lei nº 19/97 de 1 de Outubro), estão previstas que as 
condições de uso e aproveitamento da terra são determinadas pelo Estado. 
 
2.1.2. Conflito de Terra 
Parafraseando Alfredo (2009),o conflito é entendido como uma situação de tensão e 
disputa claramente manifestadas pelas partes que reivindicam algo. Mas Ferreira et al 
(2001:511) definem conflito como “o processo de tomar consciência da divergência existente 
entre as partes, traduzida em algum grau de oposição ou incompatibilidade entre os 
objectivos das partes, ou da ameaça dos interesses de ambas as partes”. 
Segundo Vargas (2010:54) “o conflito é mais do que um desacordo, ou choque de 
interesses: é uma interferência deliberada sobre a tentativa da outra parte de atingir seus 
objectivos ”.Segundo Hodgson apud Martinelli (1998), a simples existência de diferentes 
grupos já cria um potencial latente de conflitos, em contrapartida, Martinelli (1998) defende 
que, um conflito, frequentemente surge como uma pequena diferença de opinião, podendo 
muitas vezes se agravar e tornar-se uma hostilidade que leve a um conflito destrutivo entre 
duas pessoas ou grupos. 
Valá (2003), define conflitos de terra como diferendos que se verificam motivados pela 
posse ou não de terra, ouainda pela tendência do seu alargamento. Amoretti e Carlet (2012), 
olham para os conflitos de terra como uma acção de resistência e enfrentamento pela posse ou 
uso da terra que envolve vários intervenientes, pequenos arrendatários, pequenos 
proprietários, ocupantes, sem terra dentre outros. Para Alfredo (2009), os conflitos de terra, 
devem ser vistas como uma situação que opõem duas ou mais pessoas que alegam ser 
possuidoras do direito sobre a terra, cuja solução deve ser entendido como uma situação de 
tensão e disputa claramente manifestadas pelas partes que reivindicam um direito sobre a 
terra. Para Felício e Fernandes (2007), um conflito de terra é um confronto entre classes 
sociais, entre modelos de desenvolvimento, por territórios, enfrentado a partir da conjugação 
de forças que disputam ideologias para convencerem ou derrotarem as forças opostas. 
Os intervenientes dos conflitos de terra muitas vezes são multifacetados, envolvendo 
os nativos, os conselhos municipais, e demais cidadãos com terras, em outros casos cidadãos 
com interesse em adquirir. 
 
17 
 
 
2.1.2.1. Causas e Tipologias de Conflitos de Terra 
Alfredo (2009) levanta alguns factores que constituem as causas dos conflitos de terra 
em Moçambique, agrupando-os em geográfico e económico. Factor geográfico: as zonas 
urbanas das grandes cidades capitais de Moçambique têm uma densidade populacional 
bastante elevada quando comparada com a maioria dos distritos do país. Daí que a pressão 
exercida sobre os recursos naturais seja de facto muito intensa, estando assim na origem de 
alguns conflitos sobre a posse de terra. O factor económico: Muitas vezes a grande procura de 
terra por agentes económicos de várias origens e com objectivos de realizar os seus 
investimentos constitui também factor de conflitos de terra. 
Em Dynamiques et enjeux des conflits fonciers, Chauveau e Mathieu (1998:245) 
propõem duas correntes de análise dos conflitos de terra e suas causas. A primeira corrente vê 
nos conflitos de terra fenómenos completamente negativos a resolver ou prevenir, o máximo 
possível, por meio de autoridades externas competentes, dotadas de meios próprios. Esta 
corrente tem em conta o papel dado à integração social, como elemento estruturante das 
sociedades, e considera a violência e injustiça, frequentemente presentes nos conflitos, fontes 
de desperdícios humanos e sociais. A desvantagem desta abordagem, consideram os autores, é 
de confiar a resolução dos conflitos de terra a actores externos ao local onde acontecem os 
conflitos (poderes públicos), correndo o risco de ser ineficaz por querer impor uma ordem 
social muito diferente das lógicas sociais locais e criar violência e injustiças de outra natureza, 
que podem enfraquecer as capacidades locais de resolução dos conflitos. 
Um conflito de terra pode ser iminente ou declarado. O conflito de terra é iminente 
quando envolve violência simbólica e é declarado quando a carga de violência simbólica ou 
física ultrapassa o considerado tolerável nas relações da vida social quotidiana, ou seja, 
quando passa da simples ameaça, presente nos momentos de interacção e negociação 
quotidiana, à acção. Assim, pode-se considerar um conflito de terra a disputa, simbólica ou 
física, pelo acesso e controlo deste recurso, que opõe diferentes interessados e utilizadores 
(Chauveau e Mathieu, 1998). 
De acordo com Chigarisso (2013), os tipos de conflitos de terras existentes são: venda 
das mesmas terras a diferentes indivíduos; conflitos de natureza intracomunitária; conflitos de 
natureza intra-familiar; conflitos de terras de caris extracomunitários; e conflito de terra 
interfamiliar. 
18 
 
 
Sobre a venda das mesmas terras a diferentes indivíduos, este tipo de conflitos de 
terras é um dos mais problemáticos porque vê-se o crescente materialismo económico das 
pessoas que se envolvem nestes tipos de problemas (Chigarisso, 2013). Os conflitos de 
natureza intracomunitária, Chigarisso (2013) em seu estudo sustenta que, este tipo de 
conflitos destacam-se principalmente as disputas pelos espaços com terras boas para a prática 
da agricultura, que têm a ver com os limites das machambas, assistindo-se frequentemente 
transposições dos limites de machambas e dos terrenos. Neste tipo de conflito existe a 
componente herança pois há aqueles herdeiros que cresceram nas cidades e pretendem 
regressar às terras dos seus familiares. Às vezes, não conhecem os verdadeiros limites das 
terras de seus familiares, vêm apenas por indicação de outros parentes ou familiares e ao 
demarcarem as terras de sua herança transpõem os limites, abrangendo casas e quintas, 
criando conflitos com a vizinhança. O problema de delimitação de fronteiras é um dos que 
tem causado muitos conflitos. 
Na sua obra intitulada "Tipologia dos conflitos sobre ocupação da terra em 
Moçambique", Uacitissa Mandamule (2016) escreve que os conflitos de terra de natureza 
intra-familiar são de índole intra-familiar, fazem parte desta natureza de conflitos as questões 
de herança, que têm as seguintes dimensões: a herança entre os filhos e sobrinhos e a herança 
entre os filhos da mesma família e mãe e mesmo entre filhos e tios. As novas gerações 
defendem a herança pelos filhos, enquanto razão de existência dos pais. O conflito intra-
familiar é aquele que acontece no seio da família nuclear ou alargada, envolvendo os 
binómios pais-filhos, maridos-esposas, sogros-noras/genros, etc., sempre que haja divergência 
de objectivos e interesses entre os mesmos (Gaspar, 2003). 
Para Uacitissa Mandamule (2016) os conflitos de terras extracomunitários consiste na 
relação entre proprietários privados e as comunidades locais, que vai desde as demarcações 
iniciais até definitivas e os procedimentos legais de obtenção de títulos de uso e 
aproveitamento das terras. As delimitações de terrenos, normalmente chocam com o sistema 
de produção das comunidades encontradas, o que cria grandes conflitos com as comunidades. 
Os Conflito de terra inter-familiar ocorre quando duas ou mais famílias entram em 
concorrência pelo acesso e posse de um mesmo espaço. Basicamente, estes conflitos 
relacionam-se com a não-observância dos limites e o desrespeito pelos marcos que separam as 
áreas de uma e outra família. Estes ocorrem com maior incidência nas regiões próximas das 
vias fluviais, visto que as condições naturais destas favorecem a prática da actividade 
19 
 
 
agrícola, principal fonte de rendimento e de subsistência das famílias no meio rural 
(Mandamule, 2016). 
2.2. Actuação dos Líderes Comunitários no Acesso á Terra 
Um dos atores sociais de destacável importância junto às comunidades locais são os 
líderes comunitários. Os LCs são tidos como um poder local e/ou poder exercido por pessoas 
influentes e com legitimidade para decidir sobre a vida da comunidade e dos recursos nelas 
existentes, no que concerne à sua forma de uso e aproveitamento (Uate, 2017). 
A Lei de Terras, no seu artigo primeiro, define a comunidade local (onde opera o poder 
da autoridade local) como: 
(...) agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa 
circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a 
salvaguarda de interesses comuns através da protecção de áreas 
habitacionais, áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio, 
florestas, sítios de importância cultural, pastagens, fontes de água e 
áreas de expansão (Moçambique, 1997). 
Ainda que instituídas e reconhecidas por Lei, Moçambique continua sendo palco de 
debates sobre o poder e papel das instituições políticas locais. De acordo com Lourenço 
(2007), continuam não estando claras, nas sociedades africanas no geral e, em particular, para 
Moçambique, a separação do que pertence ao domínio “tradicional” com o que então irá 
constituir o “moderno”, tampouco estes dois elementos estão, de fato, enquadrados numa 
realidade política. Tal fato, na opinião de Lourenço(2007), deu-se pela importância que 
outrora representaram para o governo colonial, quando chegaram a ser usados como 
intermediários administrativos do poder colonial junto às comunidades que tutelavam. 
Na verdade, Meneses (2009) diz que o reconhecimento das autoridades locais como 
sistema de administração indirecta foi legalizado na gestão colonial em Moçambique em 
1929, quando então passam a ser reconhecidos um régulo para cada território tradicional. 
Entretanto, a autora salienta que esse poder representou para o colono o caminho mais fácil de 
envolver os nativos nos objectivos da colónia. Afinal, o poder tradicional local foi usado pelo 
sistema colonial no controle de cobrança dos impostos dos indígenas, na garantia do 
recrutamento da força de trabalho e na resolução de conflitos das populações que tutelavam e, 
em certos casos, como acrescenta Lourenço (2007), os nativos se tornaram até mesmo agentes 
de policiamento local da estrutura colonial. 
Como foi referido anteriormente, em Moçambique, a terra é propriedade do Estado e, 
para a comunidade, representa uma dádiva Divina, pertencendo ao conjunto da comunidade. 
20 
 
 
Assim, cabe ao chefe dessa comunidade (neste caso o líder), portanto, a autoridade local, 
também designada autoridade tradicional, determinar as regras de sua posse, ocupação e uso 
por parte particular, sendo o critério determinante os princípios locais onde o acesso, uso e 
controle é regulado pelas suas próprias tradições. 
Transpondo o modelo tradicional de acesso e controle de terra para a família, o 
trabalho de Gengenbach (1998) sintetiza melhor a forma como ele ocorre. Segundo o autor, 
de um modo geral, quem detém o controle das terras é o regulado, quem arbitra sobre a 
colectividade. Este, por sua vez, divide a terra pelos grupos familiares residentes em seu 
povoado. Por grupo familiar, Gengenbach (1998, p. 10) refere-se ao “chefe do grupo, seus 
irmãos, os filhos (homens) casados (ligação agnática), a esposa ou as esposas do chefe do 
grupo e sua prole. O grupo familiar é composto de casas formadas por cada mulher casada e 
seus filhos”. 
Portanto, cabe ao chefe de cada grupo garantir que todos membros tenham acesso à 
terra suficiente para agricultura e residência. Para Alfredo (2009), o controle da terra opera-se, 
normalmente, junto às famílias e/ou indivíduos isolados, que podem, nomeadamente, fazer o 
repasse, aluguel ou empréstimo da terra. No entanto, a linhagem ou outra hierarquia da 
comunidade, no caso, o regulado ou a autoridade tradicional que também pode ser designada 
por líder comunitário pode ter o direito de aprovar ou não quando se trata do repasse dessa 
terra. Na verdade, ainda que se fale de controle de terra por parte do regulado, dos grupos 
familiares ou dos indivíduos, na prática, o fato de a terra em Moçambique ser da pertença do 
Estado, não se admite que particulares detenham de títulos de propriedade da terra. O que 
indivíduos pertencentes a uma comunidade podem obter, para lhes garantir a posse e, 
consequentemente, o controle da terra, é o direito de posse das mesmas. Segundo Alfredo 
(2009), a posse representa uma situação em que a pessoa que tem acesso à terra é capaz de 
fazer algum uso do recurso, podendo a posse representar um poder correspondente ao 
exercício do direito de propriedade ou situação na qual a pessoa terá o controle de alguma 
coisa. 
2.3. Os Líderes Comunitários e a Gestão dos Conflitos de Terra 
Em alguns casos com vista a gestão e resolução de conflitos de terra, os Conselhos 
Municipais tem pautado pela atribulação de terrenos, embargos e demolições. Neste processo 
observa-se muitas vezes falta de transparência e não cumprimentos dos procedimentos 
legalmente estabelecidos para o efeito. Enquanto noutros casos a resolução de conflitos é um 
21 
 
 
processo que é levado a cabo por três instâncias administrativas: Círculos dos Bairros, Postos 
Administrativos Municipais entre outros. 
Zandamela (2015) salienta que em certos casos pelo crescente registo de casos de 
conflitos de terra, existem zonas que possuem comissões eleitas pelos residentes que auxiliam 
os LCs no processo de reconhecimento dos proprietários de direito de uso de terra lesados 
para junto das instâncias administrativas de resolução de conflitos exercer pressão e auxílio no 
processo de resolução. Em casos de constrangimentos no processo de resolução dos conflitos, 
os casos são encaminhados para outra instância, este que por sua vez, em caso delimitações 
podem encaminha-los para as outas instâncias mais superiores de modo a que se possa 
resolver o conflito de forma justa possível (Zandamela, 2015). 
2.3.1. O Papel dos Líderes Comunitários na Gestão dos Conflitos de Terra 
Bloomfield e Reilly, Miall citado por Andrade (2014), afirmam que a resolução de 
conflitos enfatiza a intervenção de terceiros qualificados que procuram explorar o que são as 
raízes do problema e identificam soluções criativas para as partes em conflito. Em seu estudo 
Rachael Knight (2018) salienta que, em muitos casos, levar um caso ao tribunal apenas 
prolonga o conflito de terra, exige tempo e recursos valiosos e aprofunda as hostilidades. 
Além disso, os tribunais – e os procedimentos judiciais – podem ser parciais em favor das 
elites ou das pessoas com mais poder. Existem como mecanismos que o líder comunitário usa 
para a gestão dos conflitos de terra: realização de reuniões comunitárias; realização de 
trabalhos com outros líderes comunitários e a mediação. 
Na realização de reuniões comunitárias Knight (2018) sustenta que, o líder 
comunitário procura reunir todos os envolvidos em uma discórdia e criar uma discussão 
aberta pública. O objectivo é ouvir todos os lados e identificar as raízes do problema, os danos 
causados e todas as leis pertinentes. Enquanto a realização de trabalhos com outros líderes 
comunitários ajuda em situações em que as discussões e negociações internas não 
funcionarem, pode ser útil levar o conflito de terra a um nível mais alto. Os líderes respeitados 
podem usar sua autoridade para ajudar as partes a resolver os conflitos de terra difíceis 
(Rachael Knight, 2018). 
Segundo Knight (2018), a mediação é geralmente adequada se as negociações não 
estiverem indo adiante e as partes sentirem que precisam da assistência de alguém que não 
faça parte do litígio. A mediação pode ser necessária quando as pessoas estiverem ficando 
muito emotivas, dificultando um acordo. 
22 
 
 
CAPÍTULO III: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO 
Neste capítulo, apresenta-se a descrição da área de estudo como forma de situar, o 
espaço geográfico, a caracterização da área de Estudo, entre outros aspectos relevantes. 
3.1. Localização, caracterização e superfície 
3.2. Limites da Cidade e Divisão Administrativa 
O Município da Cidade de Lichinga, situa-se na região norte da República de 
Moçambique na Província do Niassa e é cidade capital da mesma, entre as coordenadas 13,18 
Latitude Sul e 34,14 longitude Leste, a uma altitude de 1.358 metros, Lichinga dista cerca de 
50 km da margem Leste do Lago Niassa em linha recta e, tem como limites: 
 A Norte – O rio Sambula e linha imaginária que separa da Localidade de Lussanhando; 
 A Oeste - O rio Muangata e linha imaginária que separa dos Postos Administrativos de 
Lione e Meponda; 
 A Sul e a Este – Uma linha imaginária que separa do Posto Administrativo de Mussa. 
 
De acordo com o PEU
1
 do Municipal da Cidade de Lichinga 2013/23, em termos 
político-administrativos, a Cidade de Lichinga é dividido em quatro (4) Postos 
Administrativos e um total de 19 bairros, nomeadamente: 
 Posto Administrativo Urbano de Sanjala: bairro Sanjala, Nzinge, Muchenga, 
Namacula, popular e Chiulugo; 
 Posto Administrativo Urbano de Chiuaula: bairro de Estação, Lucheringo e Cerâmica; 
 Posto Administrativo Urbano de Massenger: bairro de Massenger, Assumane e 
Sambula, Utumuile, Naluila; 
 PostoAdministrativo Urbano de Lulumile: bairro de Lulumile, Nomba, N´toto, 23 de 
Setembro e Mitava. 
De acordo com o RDML
2
, a sua posição geográfica é privilegiada sob ponto de 
vista económico, uma vez que dista a 50 km do Lago Niassa sendo a terminal da linha 
férrea (ramal do Corredor de desenvolvimento de Nacala) que a liga ao corredor de 
desenvolvimento o qual liga a República do Malawi. Aliado ao potencial em termos de 
possuir um Aeroporto com voos domésticos regulares. Complexos industriais e grande 
possuidor de terras férteis que faz de Lichinga um dos celeiros do País e com todos 
suportes para crescer economicamente. 
 
1
 Plano de Estrutura Urbana 
2
 Relatório de diagnóstico – Município de Lichinga 
23 
 
 
Por outro lado, a existência de boas condições naturais e agroclimáticas para a 
prática da agricultura em quase toda área municipal até ao distrito e a ligação da Cidade a 
rede nacional de energia eléctrica, faz também de Lichinga um Município com grande 
potencial de crescimento e desenvolvimento socioeconómico. 
Ocupando uma área com cerca de 290km² de superfície e com uma população 
global de 204720 habitantes segundo senso de 2017, a cidade de Lichinga está 
administrativamente dividida em 4 Postos Administrativos Urbanos e estruturados em 19 
bairros comunais. 
 
Fig. 1. Divisão político-administrativo da cidade de Lichinga. Fonte: Masquete, 2017. 
 
3.3. Aspectos demográficos 
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (2019), em 2017 a Autarquia de 
Lichinga possuía uma população com 204,720 habitantes. Sendo que a população em 2007 
era de 142,331 habitantes, tem se que no último decénio, aumentou a população da Autarquia 
com mais 62,389 habitantes, e um crescimento anual de 3.7%. Dados do INE (2019) indicam 
que a população da Autarquia de Lichinga tem ligeiramente mais mulheres (51%) do que 
homens (49%), é uma população maioritariamente jovem com 45% de habitantes com idades 
compreendidas entre 15-44 anos contra apenas 8.9% com idade superior a 45 anos. 
 
 
24 
 
 
3.4. Economia e Cultura 
A Influência económica é bastante reduzida comparada com outras capitais 
provinciais. É uma cidade dependente, sobretudo da cidade de Nampula, como terminal do 
Corredor de Nacala. Lichinga é uma cidade com características económicas eminentemente 
agrícolas. Possui pequenas indústrias de processamento primário de produtos agrícolas. A 
rede de infra-estruturas é ainda incipiente. E tem como principais actividades económicas: a 
agricultura (cultivo de milho, feijão, batata, criação de animais e hortícolas). Há cinco 
instituições bancárias, prática de turismo de infra-estruturas, existindo alguns 
estabelecimentos hoteleiros (Perfil do Conselho Municipal da Cidade de Lichinga, 2011). A 
sua população embora dentro de grandes diversidades étnico - culturais, com predomínio de 
Ayaos, Macuas, Nyanjas e outros grupos e professam as religiões muçulmana, católica e 
anglicana. 
3.5. Aspectos Físico-geográficos 
De acordo com Masquete (2017) devido à sua localização geográfica, na zona de 
Baixas Pressões Equatoriais, das células anticiclónicas tropicais e das frentes polares do 
Antárctico, o ritmo climático de Moçambique acompanha duas estações distintas: uma quente 
e chuvosa (de Outubro a Março) e a outra seca e fresca (de Abril a Setembro). Neste sentido e 
de maneira geral, Moçambique possui um clima quente e húmido, cujas variações zonais 
resultam da influência dos factores como a continentalidade, altitude, exposição e posição 
geográficas, no comportamento da precipitação e temperatura. 
Muchangos (1999) apud Masquete (2017), especificamente, grande parte do Norte de 
Moçambique regista temperaturas anuais superiores a 25ºC e somas pluviométricas superiores 
a 800 mm. Os valores máximos de pluviosidade registam-se nas zonas planálticas e 
montanhosas de Manica e Niassa, havendo de destacar a cidade de Lichinga, com mais de 
1000 mm e temperaturas médias inferiores a 18º C. A variação temporal da precipitação na 
cidade de Lichinga permite verificar que ao longo do ano registam- se 4 meses (Junho-
Setembro) em que os valores de precipitação são críticos para o desenvolvimento das culturas, 
constituindo um período onde as necessidades de irrigação se elevam. 
 
Segundo a interpretação da carta temática de solos a cidade de Lichinga é 
caracterizado pela predominância de solos argilosos vermelhos tóxicos, cobrem a maior parte 
da cidade de Lichinga, numa área de 212 km². São solos argilosos, castanho-avermelhado-
escuros, ocorrem em interflúvios e encostas superiores, sendo profundos, maior que 100 cm, 
apresentam uma drenagem boa. 
25 
 
 
A cidade de Lichinga possui uma morfologia característica de planalto, 
desenvolvendo-se na sua maioria no sentido Norte-Sul, com uma vasta superfície aplanada 
localizada na parte central, bem como se observam zonas de planícies interceptadas pelos 
principais cursos de água. Há ocorrência de declives escarpados, concentrando-se na sua 
maioria, na parte oriental, e a proliferação de blocos intrusivos resultantes de processos 
característicos da região. As altitudes variam de 980 m a 1520 metros. 
 
 
26 
 
 
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 
Neste capítulo fez-se a apresentação e a discussão dos resultados da pesquisa, a partir 
da realização de entrevistas semi-estruturadas dirigidas aos LCs, ao CMCL e aos membros da 
comunidade. Estas metodologias foram aplicadas de modo a compreender as particularidades 
existentes na actuação dos líderes comunitários nos processos de acesso à terra e na gestão de 
conflitos de terra enquanto factores condicionantes da gestão de território. Assim fez-se a 
apresentação das respostas obtidas pelos entrevistados sobre o assunto em causa, e de seguida 
fez-se a devida discussão dos dados ora apresentados. 
Os resultados apresentados a seguir dizem respeito a depoimentos de 25 entrevistados 
dos quais, 17 homens e 8 mulheres. Dos 17 homens, 2 régulos (1 de Mitava e 1 de Chiulugo), 
2 secretários de bairro (1 do bairro Chiulugo e outro de Mitava), 1 director da urbanização 
(representando o CMCL) e os restantes 12 são simples moradores dos bairros (6 de Mitava e 
outros 6 de Chiulugo). No estudo, dos entrevistados 75% representam os homens e os 
restantes 25% as mulheres. Como ilustrado no Gráfico a baixo. 
 
Gráfico 1. Perfil dos entrevistados. Fonte: Autor, 2023. 
 
 
4.1. O Papel dos Líderes Comunitários no Processo de Acesso à Terra 
Nesta secção procura-se entender o papel dos líderes comunitários no processo de 
acesso á terra na cidade de Lichinga, a partir da aplicação de entrevistas semi-estruturadas 
para os LCs, o CMCL e para os residentes dos bairros. 
 
 
75% 
25% 
Perfil dos Entrevistados 
Homens Mulheres
27 
 
 
Foi efectuada a seguinte questão aos entrevistados: Querendo uma parcela de terra, a 
quem se pode recorrer? 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1:Devem falar com o 
régulo da Zona. 
R2: o régulo. 
R3: fala com o régulo e ele 
encaminha a situação ao 
secretário para prosseguir 
com o processo. 
R4: qualquer autoridade do 
bairro. 
R1: Recorre-se a um pedido 
dirigido ao PCMCL para tal. 
R1: Tem que dirigir-se as 
estruturas dos bairros. 
R2: tem de falar com o 
régulo. 
R3: falas com o secretário 
do bairro ele é quem vai 
encaminhar a situação ao 
régulo. 
R4: o chefe de zona. 
Quadro 1. Querendo uma parcela de terra, a quem se pode recorrer. Fonte: Autor, 2023. 
 
De acordo com os depoimentos acima, pode-se perceber uma certa divergência de 
ideias com relação a quem deve-se recorrer querendo uma parcela de terra na cidade. A maior 
parte dos entrevistados afirmaram que deve-se recorrer ao Régulo representando as ACs para 
ter acesso a uma parcela de terra. Por sua vez o CMCL afirma categoricamente que deve-se 
recorrer ao Municípiopara tal. Diante desta situação, pode-se perceber que tanto os Líderes 
comunitários assim como o CMCL são as entidades a quem se pode recorrer querendo uma 
parcela de terra. 
A outra questão efectuada aos entrevistados foi: Como os actores têm participado no 
processo de acesso a terra? 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: Através de indicações 
dos melhores locais para 
habitar ou fazer machambas 
R2: perguntando a 
finalidade do terreno. 
R3: decidindo se pode ou 
R1: Tem participado através 
da elaboração de IOT 
R1: Eles dizem como as 
pessoas devem usar os 
terrenos que são dados 
R2:ti diz que tipo de 
construção deve fazer. 
R3: eles servem de 
28 
 
 
não ti atribuir o terreno. 
R4: fala onde deve construir 
e como construir. 
testemunhas. 
R4: cabe a eles decidirem se 
podem ou não aceitar o 
pedido. 
Quadro 2. A participação dos atores no processo de acesso a terra. Fonte: Autor, 2023. 
 
A partir das declarações apresentadas acima, pode-se perceber as formas em que os 
atores têm participado no processo de acesso a terra. Por um lado os mesmos têm estado 
presentes no momento de indicação e selecção das áreas que reúnem condições para habitação 
e para a prática da agricultura. E por outro lado, tem participado através da implementação e 
elaboração do instrumento de ordenamento territorial. Diante disto, podemos perceber que os 
atores têm um papel importante nos processos de acesso a terra na cidade, pois contribuem 
assim de forma activa no ordenamento do território, cabe a eles decidirem se podem ou não 
atribuir a parcela de terra desejada. 
Em relação a pergunta: Quais são as funções/atribuições dos actores no processo de 
aquisição de parcela de terra para fim habitacional? 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: Atribuímos os terrenos 
desocupados (quando não 
tem nenhuma casa) durante 
muitos anos, ou seja quando 
o dono demora construir. 
R2: fazemos apresentação do 
futuro morador do bairro. 
R3: pedimos para tratar a 
declaração de residência 
R4: só damos algumas 
regras de convivência do 
bairro. 
R1: o Município diz para a 
pessoa que quer a parcela, 
para tratar os documentos 
necessários para o efeito. 
R1: Fazer um pequeno 
questionamento a pessoa 
(onde vem, donde é, quer 
viver em quanto tempo, pede 
para mostrar qualquer tipo 
de documento de 
identificação), tudo isso para 
ter as informações básicas a 
pessoa. 
R2: pedem para tratar 
declaração de residência. 
R3: diz se o local dá pra 
fazer casa ou não. 
R4: aparece para 
testemunhar. 
29 
 
 
Quadro 3. As funções/atribuições dos actores no processo de aquisição de parcela de terra 
para fim habitacional. Fonte: Autor, 2023. 
 
Diante do acima exposto, pode-se perceber que existem regras em que os atores tem 
deixado e que devem ser seguidas (por ex. o tipo de casa a ser construída naquele local, etc.), 
então para tal existem certos parâmetros que os atores deixam ficar para o pretendente da 
parcela, os atores devem ter as informações suficientes de quem a pessoa é. Existem alguns 
documentos que a pessoa deve tratar e que através dos mesmos já se pode ter as informações 
básicas da pessoa que pretende a parcela. Então os atores trabalham de modo a que os que 
pretendem parcelas para erguer habitações estejam dentro da política do ordenamento 
territorial da cidade e que o tipo da edificação seja do conhecimento deles. 
Foi efectuada a seguinte questão aos entrevistados: Têm havido problemas 
relacionados com a segurança pela posse de terra? Sim ou não, justifique-se. 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: Sim. Muitas vezes já foi 
chamado para intervir neste 
tipo de problema. E muitas 
vezes surge através de falta 
de uma coisa que sirva de 
limite das parcelas. 
R2: sim, não saber onde 
termina o seu terreno tem 
criado isso. 
R3:sim. Mas não acontece 
com frequência. 
R4:sim. Aumentam os seus 
limites de terreno porque não 
tem nenhuma coisa que 
impede fazer isso. 
R1: Sim. Algumas pessoas 
fazem as suas casas mas não 
tem título de DUAT, 
consequentemente não sabe 
os seus reais limites e não 
tem nada que ele usa como 
elemento limitador entre uma 
e outra parcela. 
R1: Sim. Muitos de nós, 
nossos terrenos não tem 
nada que serve de limite do 
terreno, e muitas vezes 
surgem denúncias de lutas 
por causa de invasão dos 
terrenos. 
R2: dificilmente acontece, 
porque aqui não somos 
muitas pessoas. 
R3: sim. Lembro uma vez o 
régulo tinha que plantar uma 
bananeira no limite de duas 
parcelas porque sempre 
criava-se confusão. 
R4: sim. Pessoas deste 
bairro não respeitam os 
limites dos outros. 
30 
 
 
Quadro 4. Problemas relacionados com a segurança pela posse de terra. Fonte: Autor, 2023. 
 
De acordo com as respostas dos informantes tem havido sim problemas de segurança 
pela posse terra na cidade. Muitas vezes existem moradores à vários anos nos bairros mas que 
não fazem nenhuma ideia dos reais limites das suas parcelas, e isso consequentemente pode 
surgir certa insegurança dos mesmos. Alguns moradores têm se aproveitado desta situação e 
apoderam-se parcialmente, as vezes na sua totalidade dos terrenos alheios. E muitos casos 
desta natureza tem como a causa principal a falta de DUAT, onde aparecem os seus reais 
limites e que a pessoa já tem algo que lhe faça estar segura na sua parcela. 
Para a questão: O que os actores têm feito para garantir a segurança pela posse de 
terra? 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: Colocação de plantas 
nos limites para evitar que 
outros se aproveitem das 
parcelas dos vizinhos. 
R2: pedimos para colocarem 
casa no limite do terreno. 
R3: colocamos bananeiras, 
porque não seca facilmente. 
R4: optamos a aconselhar as 
pessoas para colocarem 
flores nos limites. 
R1: Têm colocado algumas 
barreiras feitas de blocos e 
ou cimentos, para limitar as 
parcelas de terra. Em alguns 
casos faz-se o plantio de 
bananeiras entre os limites 
das parcelas. 
R1: As vezes nos obrigam a 
colocar plantas nos limites, 
ou mesmo algum tipo 
barreiras. 
R2: nos pedem para colocar 
muro de vedação. 
R3: as bananeiras têm sido 
uma das formas comuns de 
garantia de segurança. 
R4: falam para fazer 
declaração e colocar 
qualquer coisa para servir de 
limite. 
Quadro 5. O que os actores têm feito para garantir a segurança pela posse de terra. Fonte: 
Autor, 2023. 
 
De cordo com os resultados apresentados pode-se perceber que em alguns casos tem-se 
colocados sinalizadores que ajudam a delimitar as parcelas. A maior parte dos casos, na 
cidade tem se colocado entre as parcelas de terra uma planta, que ajuda a limitar as mesmas. 
31 
 
 
De forma geral, mesmo sendo técnicas não muito eficazes, os atores tem feito algo de modo a 
que possam garantir a segurança pela posse das parcelas. 
4.2. As Atribuições dos Líderes Comunitários no Processo de Gestão de Conflitos de 
Terra 
Através da aplicação das entrevistas semi-estruturadas, procura-se entender a 
atribuição dada aos líderes comunitários como atores na gestão de conflitos de terra na cidade 
de Lichinga. 
Ao ser colocada a questão: Tem conhecimento da existência de conflitos pela 
ocupação de parcelas de terra? Se sim, quais tem sido as causas e os envolvidos nestes 
conflitos? 
 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: sim tenho conhecimento. 
As principais causas são a 
falta de documento do 
espaço e os que fazem parte 
destes conflitos tem sido os 
membros desta comunidade. 
R2: sim. Outros vivem sem 
fazer chegar a informação as 
autoridades do bairro. 
R3: muitas pessoas vivem a 
tantos anos, mas não 
conhecem os verdadeiros 
limites do seu terreno. E 
depois criam problemas com 
pessoas da zona. 
R1: Sim. A falta de título de 
DUAT das parcelas. Os 
envolvidos maioritariamente 
tem sido membros residentes 
nas mesmascomunidades. 
R1: sim. Isso acontece 
porque nós as pessoas não 
temos documentação dos 
nossos espaços. E isso acaba 
fazendo confusão dos limites 
e outros se aproveitam das 
espaços doutros. Muitas 
vezes são os membros destes 
bairros que lutam entre si. 
R2: muitos de nos vivemos 
escondidos no bairro, sem as 
lideranças locais saberem. 
Mais tarde começam a criar 
problemas, infelizmente com 
os membros da mesma 
comunidade. 
R3: sim existem. Por causa 
da falta de conhecimento 
real dos nossos limites. 
32 
 
 
Disputas saem entre os 
membros das mesmas 
comunidade. 
Quadro 6. Existência de conflitos pela ocupação de parcelas de terra, causas e os envolvidos. 
Fonte: Autor, 2023. 
 
Com os resultados acima expostos, entende-se que na cidade de Lichinga muitas vezes 
a causa dos conflitos de terra estão associados a falta de título de DUAT, mesmo com muitos 
anos a viver num determinado bairro, há necessidades de adquirir o título de DUAT. Nestes 
diferendos muitas das vezes as pessoas que fazem parte são membros da mesma comunidade, 
raramente existem envolvimento de membros de comunidades diferentes. 
Foi efectuada a seguinte questão para os entrevistados: Quais tem sido os atores 
envolvidos na resolução dos conflitos de terra? E como têm sido resolvidos esses conflitos? 
 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: Normalmente nas 
resoluções dos conflitos tem 
de estar as pessoas que estão 
em problema e todos que 
fazem parte das estruturas 
locais do bairro. Muitas 
vezes temos sentado no 
tribunal comunitário, e 
noutras vezes temos ido lá no 
local em problema e 
resolvemos o conflito 
conversando e aconselhando 
os dois. 
R2: quando se resolvem estes 
problemas de terra devem 
estar todos líderes da zona e 
as pessoas em problema. 
R1: o Município, o líder 
comunitário, as partes 
conflituantes e alguns 
membros da zona para 
servirem de testemunhas 
vivas. O Município tem 
resolvido estes diferendos 
com base na Lei de terra 
vigente em Moçambique. 
R1: As pessoas que estão a 
disputar, o régulo, secretário 
de bairro, chefe de zona, e 
outros que fazem parte das 
autoridades locais têm 
estado na resolução. Os 
líderes têm explicado as 
pessoas como deve-se viver 
em harmonia nas 
comunidades e dizem quais 
são as formas tradicionais de 
resolução do tipo de conflito 
e de seguida tem decidido o 
que fazer, tendo em conta as 
formas tradicionais de 
resolução vigente na zona. 
 
33 
 
 
Resolvemos em conversa e 
depois dê-mos a sentença. 
Quadro 7. Os atores envolvidos na resolução dos conflitos de terra. Fonte: Autor, 2023. 
 
Com os resultados apresentados pode-se entender que no momento da resolução dos 
conflitos de terra ficam presentes: os representantes da estrutura local (o regulo, o secretário 
de bairro, chefe de zona e todos que fazem parte da Liderança da zona), as partes envolvidas, 
as vezes representante do Conselho Municipal e alguns moradores do bairro para servirem de 
testemunhas. 
A resolução dos conflitos de terra, pode acontecer em um tribunal comunitário ou na 
parcela em discussão. Os LCs primeiro começam a explicar as pessoas presentes e aos 
conflituantes quais são as regras de convivência da zona, e de seguida ouvem as duas partes 
envolvidas, e dai dá-se o veredicto. Por sua vez o Município tem participando através do uso 
da legislação de Terra vigente em Moçambique. 
 
Foi efectuada a seguinte questão aos entrevistados: Quais são as atribuições dos atores 
neste processo de resolução? 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: O que têm-se feito no dia 
da resolução aqueles todos 
que participam tem sua 
tarefa naquele local. As 
estruturas tem o papel de 
mediador da resolução, 
depois de tudo eles tem dado 
as ordens para que as 
pessoas em problema se 
entendem ou procuram 
maneiras de se sair do 
problema. 
R2: nos estamos para dirigir 
a situação e determinar 
R1: Atribui-se o papel de 
orientador do conflito, 
fazendo com que a resolução 
saia mais justa possível. 
R1: Praticamente são eles 
que fazem o problema 
acabar através de 
demostrações de 
experiencias de vida também 
são eles que fazem com que o 
problema tenha um desfecho 
bom ou não. Normalmente 
eles ficam a frente de todo o 
caso para ser uma resolução 
ordeira. 
R2: os atores apenas são 
meros ouvintes e só depois 
eles determinam quem tem 
34 
 
 
quem tem razão. 
R3: nos somos considerados 
pessoas com experiencias e 
que conhecemos as nossas 
zonas e os seus moradores, 
então sabemos como resolver 
o problema. 
R4: por estarmos dotados de 
experiências sabemos como 
resolve-se assuntos ligados a 
terra, então somos chamados 
para por o fim o problema 
com base nas regras da zona 
de resolução. 
ou não a razão. 
R3: servem para decidir 
quem tem razão. 
Quadro 8. As atribuições dos atores neste processo de resolução. Fonte: Autor, 2023. 
 
De acordo com os depoimentos acima, cada actor tem a sua tarefa específica, enquanto 
os Líderes comunitários são os que procuram formas de resolução do problema, e que também 
os mesmos têm o papel de mediadores do problema, de modo a que reduzam a violência no 
seio das comunidades, concordando assim com o autor abaixo. 
 
O papel das ACs na resolução de conflitos de terra é percebido pelos residentes tendo 
em conta os seguintes aspectos: Redução da violência, acessibilidade e disponibilidade das 
autoridades, custos e soluções imediatas fornecidas pelas autoridades (Uate, 2017). 
Normalmente o CMCL intervém quando o conflito toma um outro rumo, ou seja, 
quando o problema é mais complicado de ser resolvido localmente (no bairro). Por sua vez o 
Município também fica a mediar o problema procurando melhores soluções com base nos 
mecanismos legais. 
Quando colocada a questão aos informantes: No processo da resolução do conflito de 
terra, quem tem o poder de decisão final? 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: O régulo da zona. R1:O Conselho Municipal da R1: Os régulos ou alguém 
35 
 
 
R2: os que fazem parte dos 
líderes da zona. 
R3: se não for o régulo, só 
deve ser alguém que foi 
indicado por ele, a decidir. 
Cidade de Lichinga é quem 
tem o poder final de decisão. 
que faça parte das 
autoridades locais indicado 
por ele. 
R2: o secretário do bairro ou 
mesmo o chefe de zona. 
Quadro 9. Na resolução do conflito de terra, quem tem o poder de decisão final. Fonte: 
Autor, 2023. 
 
No exposto acima dá a perceber que neste processo todo da resolução dos conflitos de 
terra quem detém o poder de decisão final são os LCs (que pode ser o régulo, ou mesmo 
alguém delegado por ele). Por outro lado quando o conflito é esta complicado de resolver, 
recorre-se ao CMCL para dar segmento o caso, nestes termos o Município é quem tem o 
poder de decisão. Assim quem detém o poder de decisão final são os LCs e o CMCL apenas. 
 
Outra questão efectuada para os entrevistados foi a seguinte: As decisões nesse 
encontro têm sido integralmente cumpridas pelas partes conflituantes? No caso negativo 
quais tem sido as acções de segmento tomadas pelas partes conflituantes? 
Respostas 
LCs CMCL Os residentes dos bairros 
R1: Sim. 
R2:Sim. 
R3:Sim 
 
R1: Nem sempre. R1: Sim. 
R2: Sim. 
R3:Sim. 
 
Quadro 10. O cumprimento das decisões tomadas. Fonte: Autor, 2023. 
 
De acordo com as respostas a maior parte dos informantes afirmam que sim, e outra 
parte diz não. Então existe uma ligeira diferença de posicionamentos. Com isso dá a perceber 
que quando são resolvidos os conflitos de terra na cidade de Lichinga a maior parte tem 
cumprido com o que foi determinado aquando da resolução. Em suma os resultados 
apresentados dão claramente a perceber que na cidade de Lichinga as decisões que são 
tomadas aquando da resolução dos conflitos de terra têm sido cumpridas não na sua totalidade 
mas, os resultados sãosatisfatórios. 
 
 
36 
 
 
4.3. As Particularidades na Actuação dos Líderes Comunitários Enquanto Actores no 
Acesso à Terra e na Gestão de Conflitos de Terra 
Nesta secção procura-se trazer o levantamento das particularidades que existem na 
actuação dos Líderes Comunitários, tendo em conta a sua actuação no acesso a terra e na 
gestão dos conflitos de terra. 
A actuação dos LCs é tida como desafiadora, uma vez que as mesmas figuras no 
momento de atribuição das parcelas intervêm como um dos elementos centrais mas, também 
no momento da resolução de algum tipo de conflito sobre a terra desta mesma zona por ele 
atribuída. Assim, por serem os mesmos actuando nestes dois processos há uma provável falta 
de justiça neste processo no momento da acção e ou resolução dos conflitos, mas também 
podem existir melhores formas de resolução uma vez que o actor é mesmo, pois ele 
certamente tem noção dos limites de cada membro da comunidade, não deixando de lado que 
ele participou no momento da atribuição da parcela. Na figura de um líder comunitário 
sabendo do seu poder que exerce dentro da comunidade em algum momento a resolução dos 
conflitos é de acordo com a sua vontade de modo a que não saia com uma reputação 
manchada, para tal em alguns casos mesmo sabendo quem realmente merece ganhar o caso 
ele acaba por influenciar o outro lado só para manter a sua imagem. 
O que acontece no processo de acesso a terra, muitas vezes a pessoa que quer a parcela 
é obrigado a aceitar os parâmetros dados pelos LCs, uma vez que depende deles para obter a 
parcela. Em casos de futuros conflitos haverá uma tendência não positiva de resolver o caso, 
de acordo com a maneira ou a forma que a pessoa teve acesso a parcela, ainda assim uma vez 
que foi a mesma figura a intervir neste processo, a resolução vai ser tendo em conta a pessoa e 
não as circunstâncias legais e ou tradicionais de resolução de conflitos de terra que devem ser 
devidamente seguidas, sob o risco da própria população acabar por não estar a favor da 
decisão. 
A fraca interacção entre os órgãos de governação local e o Estado (como o caso do 
CMCL) nos processos de acesso a terra e na resolução dos conflitos de terra fazem destes 
processos não legalmente aceites uma vez que em acções que envolveriam os dois apenas um 
faz sem o outro, e quando é assim dificilmente poderá notar-se avanços de modo a que sejam 
bem geridos os territórios. O líder comunitário no acesso a terra realiza actividades que 
normalmente seria outra entidade a fazer e por sua vez acaba por realizar duas actividades em 
simultâneo uma que lhe diz respeito e a outra que não. 
37 
 
 
As acções se fossem de forma plasmada na Lei, estes dois processos (o acesso e a 
gestão de conflitos de terra) seriam definitivamente justos e bem executados sem nenhum tipo 
de reclamação, pois a legislação tem todos os seus pontos revisados de modo que a gestão dos 
territórios seja bem feito e que ajude assim a promover o desenvolvimento dos respectivos 
territórios. 
38 
 
 
5. Conclusões 
Através da pesquisa pode-se concluir que as particularidades existentes na actuação 
dos líderes comunitários no processo de acesso à terra são: indicar e seleccionar os lugares 
que podem ser atribuídos as parcelas; fazer o levantamento das informações básicas da pessoa 
que pretende a parcela de terra; determinar se podem ou não atribuir a parcela e, por sua vez 
garantir a segurança pela posse da terra. E na gestão de conflitos de terra os LCs incentivam a 
aquisição de DUAT; eles são os atores principais da gestão dos conflitos de terra; são os que 
detém o poder de decisão final aquando da resolução dos conflitos. 
O papel dos líderes comunitários no processo de acesso à terra na cidade de Lichinga é 
fundamental uma vez que, deve-se recorrer a eles para ter acesso a parcela de terra, também 
os mesmos têm estado presentes no momento de indicação e selecção das áreas que reúnem 
melhores condições para habitação e para a prática da agricultura. Os LCs trabalham de modo 
a que os que pretendem parcelas para erguer habitações estejam dentro da política do 
ordenamento territorial da cidade e que o tipo da edificação seja do conhecimento deles. 
As atribuições dos líderes comunitários no processo de gestão de conflitos de terra 
fazem parte de uma realidade que não pode ser deixada de lado pois, a quando da resolução 
dos diferendos os LCs primeiro começam a explicar as pessoas presentes e aos conflituantes 
quais são as regras de convivência da zona, e de seguida ouvem as duas partes envolvidas, e 
dai dão o veredicto final. Assim os Líderes comunitários são os que procuram formas de 
resolução do problema, e que também os mesmos têm o papel de mediadores do problema, de 
modo a que reduzam a violência no seio das comunidades, consequentemente neste processo 
todo da resolução dos conflitos de terra quem detém o poder de decisão final são eles (os 
líderes comunitários). Na cidade de Lichinga as decisões que são tomadas pelas ACs aquando 
da resolução dos conflitos de terra têm sido cumpridas a 98%. 
 
 
39 
 
 
6. Referencias Bibliográficas 
 
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Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de 
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editores. 
Uate, A. J. (2017). Mecanismos e Papel das Autoridades Comunitárias na Resolução de 
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 Boletim da República. (2000). Decreto 15/2000 de 20 de Junho, I Série. n° 24. 
 
41 
 
 
 
 
 
Apêndices 
42 
 
 
Apêndice 1: Guião de Entrevistas 
GUIÃO DE ENTREVISTA PARA OS LÍDERES COMUNITÁRIOS 
 
 
Dados pessoais 
Nome:………………………………………………………………………………………… 
Sexo:………..;Idade:……; Nível de escolaridade:…………;Anos de trabalho como 
lider:............. 
 
Questões 
I. O PAPEL DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS NO ACESSO À TERRA 
1.1. Querendo uma parcela de terra, a quem posso recorrer? 
1.2. Como tem participado no processo de acesso a terra? 
1.3. Quais são as funções/atribuições do líder no processo de aquisição de parcela de terra 
para fim habitacional? 
1.4. E em que consiste ou qual é a atribuição do Município no processo de aquisição de 
parcela de terra para fim habitacional? 
1.5. Neste bairro tem havido problemas relacionados com a segurança pela posse de terra?sim 
ou não, justifique-se. 
1.6. O que o líder tem feito para garantir a segurança pela posse de terra doutros membros da 
comunidade de modo a que não sejam invadidos por novas ocupações? 
II. ATRIBUIÇÕES DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS NA GESTÃO DE CONFLITOS 
DE TERRA 
2.1. Tem havido conflitos pela ocupação de parcelas de terra na área que lidera? 
a) Se sim, Quais tem sido as causas dos conflitos pela ocupação de terra? 
2.1.1. Quais tem sido os envolvidos? 
2.2. Como têm sido resolvidos esses conflitos de terra? 
2.3. Quem são os intervenientes que participam na resolução? 
2.4. Quais são as atribuições do líder neste processo de resolução? 
2.5. Quem tem o poder de decisão final? 
2.6. As decisões nesse encontro têm sido integralmente cumpridas pelas partes conflituantes? 
no caso negativo quais tem sido as acções de seguimento tomadas pelas partes conflituantes? 
2.6. Pela sua experiência de trabalho como líder, quais são as sugestões que aponta para a 
redução dos conflitos pela ocupação de parcelas de terra? 
 
 
Fim! 
43 
 
 
GUIÃO DE ENTREVISTA PARA O CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DE 
LICHINGA 
 
 
Dados pessoais 
Nome:………………………………………………………………………………………… 
Sexo:…..;Idade:………;Profissão:………; Nível de escolaridade:……; Área de 
formação:.......... 
 
 
Questões 
 
I. O PAPEL DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS NO ACESSO À TERRA 
1.1. Querendo uma parcela de terra, a quem posso recorrer? 
1.2. Como o Município tem participado no processo de acesso a terra para fins habitacionais? 
1.3. Quais são as funções/atribuições do líder comunitário no processo de aquisição de parcela 
de terra para fim habitacional? 
1.4. E em que consiste ou qual é a atribuição do Município no processo de aquisição de 
parcela de terra para fim habitacional? 
1.5. Tem conhecimento da existência de problemas relacionados com a segurança pela posse 
de terra? se sim, qual é a causa? 
1.6. O que o Município tem feito para garantir a segurança pela posse de terra? 
1.7. O que o líder poderia fazer para garantir a segurança pela posse de terra doutros membros 
da comunidade de modo a que não sejam invadidos por novas ocupações? 
 
II. ATRIBUIÇÕES DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS NA GESTÃO DE CONFLITOS 
DE TERRA 
2.1. Tem conhecimento da existência de conflitos pela ocupação de parcelas de terra na 
cidade de Lichinga? 
a) Se sim, quais tem sido as causas dos conflitos pela ocupação de terra? 
b) Quais tem sido os envolvidos? 
2.2. Como têm sido resolvidos esses conflitos de terra? 
2.3. Quem são os intervenientes que participam na resolução? 
2.4. Quais são as atribuições do líder neste processo de resolução? 
2.5. Quem tem o poder de decisão final? 
2.6. Qual é o papel do Município na resolução de conflitos de terra? 
2.7. Pela sua experiência de trabalho, quais são as sugestões que aponta para a redução dos 
conflitos pela ocupação de parcelas de terra? 
 
Fim! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
GUIÃO DE ENTREVISTA PARA OS MEMBROS DA COMUNIDADE 
 
 
Dados pessoais 
Nome:………………………………………………………………………………………… 
Sexo:…...;Idade:………; Nível de escolaridade:..............; Tempo de Residência no 
bairro:............ 
Questões 
I. O PAPEL DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS NO ACESSO A TERRA 
1.1. Querendo uma parcela de terra, a quem posso recorrer? 
1.2. Pela sua experiência, qual é o papel do líder no processo de acesso a terra para fim 
habitacional? 
1.3. Tem conhecimento da existência de problemas relacionados com a segurança pela posse 
de terra? Se sim, qual é a causa? 
1.4. Tem conhecimento de algumas acções desenvolvidas pelo líder para garantir a segurança 
pela posse de terra? 
II. ATRIBUIÇÕES DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS NA GESTÃO DE CONFLITOS 
DE TERRA 
2.1. Quais tem sido as causas dos conflitos pela ocupação de terra? 
2.1.1. Qual foi a causa do conflito pela ocupação de terra em que esteve envolvido? 
2.2. Pedimos para indicar os atores envolvidos na resolução desse conflito? 
2.3.Como têm sido resolvidos esses conflitos de terra? 
2.4. Quais são as atribuições do líder comunitário neste processo de resolução? 
2.5. Pela sua experiência, quem tem o poder de decisão final? 
2.6. Pela sua experiência, Qual é o papel do Município na resolução de conflitos? 
2.7. Pela sua experiência, que sugestão aponta para a redução dos conflitos pela ocupação de 
parcelas de terra? 
Fim! 
 
Apêndice 2: Fotos com os líderes comunitários de Mitava. 
 
45 
 
 
Apêndice 3: Perfil dos entrevistados 
Lista dos entrevistados 
1. Artísio Leutério Jacinto Uane Magenge - Director da Urbanização do CMCL, 
Engenheiro de construção civil, de 40 anos de idade. Entrevistado no dia 26 de Abril 
de 2023. 
2. Wodala Selemane - De 62 anos de idade, Régulo de Chiulugo a 6 anos. Entrevistado 
no dia 27 de Abril se 2023. 
3. Saisse Alique - De 60 anos de idade, Régulo de Mitava a 10 anos. Entrevistado no dia 
30 de Abril de 2023. 
4. Saide Momade – de 54 anos de idade, Secretário do Bairro Mitava a 4 anos. 
Entrevistado no dia 30 de Abril de 2023. 
5. Ajoana Samite Aweto - De 51 anos de idade, Residente do Bairro Mitava a 51 anos. 
Entrevistada no dia 01 de Maio de 2023. 
6. Ajaba Hamza – de 29 anos de idade, Residente do Bairro Mitava a 10 anos. 
Entrevistado no dia 30 de Abril de 2023. 
7. Abdala Narito Asside - de 52 anos de idade, Residente do Bairro Chiulugo a 32 anos. 
Entrevistado no dia 29 de Abril de 2023. 
8. Cândida Machido - De 29 anos de idade, Residente do Bairro Chiulugo a 29 anos. 
Entrevistada no dia 27 de Abril de 2023. 
9. Aneninha