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APOSTILA-DE-SILVESTRES

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1 
 
 
 
APOSTILA 
CLÍNICA E MANEJO 
DE 
ANIMAIS SILVESTRES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
Aula 1 – Introdução a clinica de animais silvestres..............................................3 
Aula 2 – Medicina da conservação.......................................................................4 
Aula 3 – Criação e criadouros...............................................................................5 
Aula 4 – Captura e contenção física de animais silvestres....................................8 
Aula 5 – Particularidades na anestesia de animais silvestres..............................12 
Aula 6 – Clínica de Primatas...............................................................................15 
Aula 7 – Clínica de Canídeos..............................................................................18 
Aula 8 – Clínica de Felídeos...............................................................................20 
Aula 9 – Clínica de Roedores..............................................................................22 
Aula 10 – Clínica de Lagomorfos.......................................................................36 
Aula 11 – Clínica de Aves...................................................................................31 
Aula 12 – Clínica de Répteis...............................................................................38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
CLÍNICA E MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES 
AULA 1: INTRODUÇÃO À CLÍNICA DE ANIMAIS SILVESTRES 
INTRODUÇÃO 
O Brasil abriga 20% de todas as espécies descritas na Terra, sendo o país com a maior biodiversidade (variabilidade 
de organismos vivos de todo o planeta), além de possuir um extenso território e ampla costa marinha. Possui o maior 
sistema fluvial (rios e mares) e uma marcante diversidade geográfica e climática. 
 
BIODIVERSIDADE 
- Promove um equilíbrio entre as espécies e ecossistemas, além de agregar um valor 
cultura, econômico e social (turismo, principalmente) 
- Serve também como base para o setor agrícola, pecuário, pesqueiro e florestal 
- Fornece uma fonte de alimentos, remédios e produtos industriais 
- Proporciona também a utilização da fauna silvestre para manter e desenvolver criações, 
bem como obtenção de proteína de alta qualidade (criações de capivaras, jacarés e 
avestruzes para comercialização da carne) 
- A biodiversidade também gera rendimento de patentes e tecnologias (como no caso do veneno de jararaca, que a 
partir dele, desenvolveu-se medicamento para hipertensão, gerando lucro bilionário á empresa) 
 
TERMINOLOGIA 
Animais Silvestres: sinônimo de selvagem, são todos animais que vivem e se reproduzem sem a necessidade de 
criação humana 
 fauna silvestre nativa: trata-se de espécies, nativas ou migratórias, aquáticas ou terrestres, que todo ou parte 
do seu ciclo de vida, ocorre em território ou águas brasileiras. 
- ex.: arara-azul, mico-leão-dourado, tucanos, papagaio, tartaruga-marinha. 
 fauna silvestre exótica: trata-se de espécies, que não possuem seu ciclo natural no Brasil, mas presentes aqui 
devido introdução humana. 
- ex.: leão, zebra, elefante, urso, ferret, cacatua. 
Animais domésticos: animais de processo evolutivo lento, que tornaram-se dependentes da criação humana 
-ex.: cão, gato, coelho, cavalos, porcos, bovinos, porquinho-da-índia. 
 
CONSERVAÇÃO AMBIENTAL 
Conservação ambiental trata-se de estabilizar um ecossistema, sem intervenção urbana, para possibilitar que os 
animais de vida selvagem sejam preservados. Ela pode ser feita de duas formas: 
In situ: local de origem dos animais é preservado, e estes vivem à campo, com número pequeno de pessoas 
envolvidas e animais permanecem a longo prazo 
Ex situ: fora do local de origem, como zoológicos, hospitais veterinários, Centros de Triagem de Animais Silvestres 
(CETAS) e Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), onde os animais ficam em contato próximo aos 
seres humanos, e permanecem em curto prazo 
 
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR MÉDICOS VETERINÁRIOS 
Os médicos veterinários que atuam na área de silvestres, tem ampla escolha no mercado de trabalho (zoológicos, 
ONGs, clínicas especializadas, parques e unidades de conservação, órgãos públicos, centros de pesquisa, 
universidades, empresas de consultoria). 
- Dentro das atividades desenvolvidas estão: atendimento a animais legalizados, controle de doenças infecciosas, 
criação de recintos, laudos e relatórios técnicos, reabilitação, educação e conscientização 
- Medicina marinha: uma área com poucas pessoas atuando, e que necessita de profissionais, pelo alto número de 
encalhes de animais marinhos, e baixa taxa de reabilitação e sobrevivência 
4 
 
TOXICOLOGIA AMBIENTAL 
- Os animais silvestres são bioindicadores da qualidade do meio ambiente (em ambientes com poluição, há aumento 
da homeostase do ecossistema e de seus habitantes) 
- Acidentes industriais e ambientais, e consequências da poluição promovem esta toxicologia no ambiente, afetando 
o habitat de diversos animais silvestres 
 
AULA 2: MEDICINA DA CONSERVAÇÃO 
CONSERVAÇÃO versus EXTINSÃO 
No Brasil, dentro de toda população de vertebrados (entre 8900 espécies), cerca de 1173 estão ameaçadas de 
extinção. Por isso, diversas ONGs e Instituições atuam para conservar a biodiversidade da fauna brasileira. 
- ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade): trabalha na melhoria da conservação das 
espécies através da avaliação do risco de extinção, identificação da perda da biodiversidade e implementação de 
planos de ação. 
 
ESTADO DE CONSERVAÇÃO 
Os animais são classificados em categorias, de acordo com critérios que são analisados (declínio da população, 
tamanho da população, distribuição da população, área geográfica ocupada e grau de fragmentação desta população). 
- Categorias: 
 EX (após a morte do último indivíduo) 
 EW (população apenas em áreas de cativeiro) 
 CR (extremo risco de extinção à curto prazo) 
 EN (alto risco de extinção à curto prazo) 
 VU (alto risco de extinção à médio prazo) 
 NT (sem risco de ameaça, mas pode vir a ser ameaçada, caso não haja conservação necessária) 
 LC (sem possibilidade de ser extinto atualmente) 
 
- Mutum-do-Nordeste: espécie considerada extinta da natureza (EW), sendo encontrada somente em áreas de 
preservação ambiental 
- Tamanduá-Bandeira: espécie que se encontra ameaçada de extinção, na categoria vulnerável (VU) 
 
Conservação visa atingir a saúde ecológica, que é a união da saúde animal, saúde humana, saúde vegetal e ambiental. 
 
PRINCIPAIS GRUPOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES NO 
BRASIL 
WORLD WILDLIFE FUND (WWF) 
- Maior rede independente do mundo, que busca a conservação de espécies 
- Presente em diversos países, inclusive no Brasil, atuando nos principais biomas 
nacionais (Amazônia, pantanal, Mata Atlântica, Cerrado) 
 
FUNDAÇÃO PARQUE ZOOLÓGICO SÃO PAULO (FPZSP) 
- Atua há 50 anos em práticas de reprodução ex-situ (mantém a continuação de espécies) 
- Promove também um plano de preservação da fauna silvestre no estado de São Paulo 
 
PROJETO ARARA-AZUL 
- Atua em pesquisas, manejo e conservação das araras azuis desde 1990 
- Promove monitoramento dos animais, seus ninhos, ovos e filhotes 
5 
 
- As sedes do projeto recebem turistas, e a partir da cobrança de entradas, arrecada-se fundos 
para o projeto 
 
PROJETO TAMAR 
- Projeto atuante desde 1980 na conservação de tartarugas marinhas 
- Atua em vários estados, na região litoral do Brasil 
- Trabalham com cinco espécies de tartarugas-marinhas (todas ameaçadas de extinção) 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VETERINÁRIOS DE ANIMAIS SELVAGENS 
(ABRAVAS) 
- Associação civil de interesse público 
- Não possui fins lucrativos 
- Promove congressos e encontros relacionados com a área 
 
AULA 3: CRIAÇÃO E CRIADOUROS 
CRIATÓRIOS E ESTABELECIMENTOSQUE CRIAM E COMERCIALIZAM ANIMAIS SILVESTRES 
JARDIM ZOOLÓGICO 
- Empreendimento autorizado pelo IBAMA, de pessoa física ou jurídica, constituído de coleção de animais silvestres 
mantidos vivos em cativeiro ou em semiliberdade e expostos à visitação pública 
- Finalidades: atender as finalidades científicas, conservacionistas, educativas e socioculturais 
- Local: deve apresentar segurança aos animais, tratadores e ao público visitante. Barreira física (árvores e plantas), 
abrigos e ninhos, sistema contra fugas, sistemas de comedouros e bebedouros, resfriamento e aquecimento se a 
espécie demandar. 
- Mantenedor: geralmente o local se sustenta através da venda de ingressos para visitas 
 
CRIADOURO CONSERVACIONISTA 
- Todo empreendimento autorizado pelo IBAMA, pessoa física ou jurídica, vinculado a Planos de Manejos 
reconhecidos, coordenados ou autorizados pelo órgão ambiental competente 
- Finalidades: criar, recriar, reproduzir e manter espécimes da fauna silvestre nativa em cativeiro para fins de realizar 
e subsidiar programas de conservação 
- Local: deve apresentar segurança aos animais e trabalhadores. Barreira física (árvores e plantas), abrigos e ninhos, 
sistema contra fugas, sistemas de comedouros e bebedouros, resfriamento e aquecimento se a espécie demandar. 
- Mantenedor: através de doações e campanhas públicas 
 
CRIADOURO DE PESQUISAS 
- Todo empreendimento autorizado pelo IBAMA, somente de pessoa jurídica, vinculada à instituição de pesquisa ou 
de ensino e pesquisas oficiais 
- Finalidades: criar, recriar, reproduzir e manter espécimes da fauna silvestre em cativeiro para fins de realizar e 
subsidiar pesquisas científicas, ensino e extensão 
- Local: deve apresentar segurança aos animais e trabalhadores. Barreira física (árvores e plantas), abrigos e ninhos, 
sistema contra fugas, sistemas de comedouros e bebedouros, resfriamento e aquecimento se a espécie demandar. 
- Mantenedor: através de doações e campanhas públicas 
 
CRIADOURO COMERCIAL 
- Todo empreendimento autorizado pelo Ibama, de pessoa física ou jurídica, para fins comerciais 
- Finalidades: criar, recriar, terminar, reproduzir e manter espécimes da fauna silvestre em cativeiro para fins de 
alienação de espécimes, partes, produtos e subprodutos 
6 
 
- Local: deve apresentar segurança aos animais e trabalhadores. Barreira física (árvores e plantas), abrigos e ninhos, 
sistema contra fugas, sistemas de comedouros e bebedouros, resfriamento e aquecimento se a espécie demandar. 
- Mantenedor: capital gira em torno da comercialização 
 
MANTENEDOR DE FAUNA SILVESTRE 
- Todo empreendimento autorizado pelo Ibama, de pessoa física ou jurídica, para fins de criação e manutenção dos 
animais silvestres alojados 
- Finalidades: criar e manter espécimes da fauna silvestre em cativeiro, sendo proibida a reprodução (abriga animais 
que não podem retornar ao habitat, e os que foram apreendidos e mau-tratados) 
- Local: mais próximo possível do habitat natural dos animais 
- Mantenedor: mantidos por pessoas físicas ou jurídicas 
 
CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES (CETAS) 
- Todo empreendimento autorizado pelo IBAMA, somente de pessoa jurídica, para avaliações dos animais 
- Finalidades: receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais silvestres 
provenientes da ação da fiscalização, resgates ou entrega voluntária de particulares 
- Local: infraestrutura competente para realização das avaliações e triagens 
- Mantenedor: próprio IBAMA ou instituições (zoológicos, empresas, fundações, secretarias) 
 
CENTRO DE REABILITAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES (CRAS) 
- Todo empreendimento autorizado pelo IBAMA, somente de pessoa jurídica, para promover reabilitação dos 
animais silvestres 
- Finalidades: receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, criar, recriar, reproduzir, manter e reabilitar 
espécies, visando programas de reintrodução ao habitat 
- Local: infraestrutura competente para realização de medidas de reabilitação 
- Mantenedor: próprio IBAMA ou instituições 
 
ESTABELECIMENTO COMERCIAL DE FAUNA SILVESTRE 
- Todo empreendimento autorizado pelo IBAMA, de pessoa jurídica, visando a venda de animais vivos 
- Finalidades: alienar animais vivos, partes, produtos e subprodutos da fauna silvestre, procedentes de criadouros 
comerciais credenciados pelo IBAMA 
- Local: mais próximo possível do habitat natural dos animais (evitando estresse) 
- Mantenedor: capital próprio, através da comercialização 
 
ABATEDOURO E FRIGORÍFICO DE FAUNA SILVESTRE 
- Empreendimento autorizado pelo IBAMA, somente de pessoa jurídica, com fins de comercialização de produtos 
- Finalidades: abater animais, beneficiar e alienar partes, produtos e subprodutos da fauna silvestre 
- Local: deve cumprir regras específicas, respeitando a inspeção e higiene do abate 
- Mantenedor: capital próprio, através da comercialização 
 
PLANTEL 
Constituído por todos os animais do local (matrizes, reprodutores, ovos, filhotes, larvas), que são procedentes de: 
 criadores, criadouros, mantenedores, zoológicos, estabelecimentos comerciais e importadores autorizados 
 centros de triagem do IBAMA ou conveniados 
 depósitos efetuados pelo IBAMA 
 de forma particular (necessitando de documento que indique a procedência do animal) 
7 
 
- A identificação destes animais é realizada através de marcação, e caso venham a óbito, é 
necessário comunicar o IBAMA, enviando-se a marcação do mesmo, junto ao laudo de 
necropsia 
- Métodos de marcação do plantel: microchip, telemetria (marcação remota), anilhas 
(plásticas ou metálicas), anéis e brincos 
 
- Eutanásia de animais silvestres: realizar contenção química (MPA) e anestésicos gerais (bartitúricos são mais 
utilizados), para procedência do método de eutanásia escolhido. Em casos que não é possível a contenção do animal, 
permite-se métodos alternativos (arma de fogo, pistola de ar, arpão ou decaptação) 
 
QUARENTENA 
Período em que o animal permanece em edificação dotada de equipamentos e barreiras artificiais ou naturais e de 
pessoal treinado em medidas de biossegurança, com finalidade de adotar medidas de profilaxia e terapêutica, que 
visam isolar e limitar a liberdade de movimento dos animais silvestres que foram expostos e podem ser possíveis 
portadores ou veiculadores de agentes patogênicos, ou são suspeitos de terem entrado em contato com doenças 
infectocontagiosas. 
- Quarentenário: deve ser distante da área de exposição, com funcionários exclusivos neste setor (evitar disseminar 
os patógenos que podem estar presentes neste local) 
Protocolos de quarentena: 
 répteis e anfíbios : 30 dias de isolamento, promovendo exames (coproparasitológico, hemograma e 
bioquímico) 
- vermifugar caso o resultado do coproparasitológico demonstrar vermes (e fazer novamente o exame) 
- prolongar quarentena caso o primeiro tratamento não seja efetivo, ou haja alterações sistêmicas no animal e 
se algum contactante veio a óbito recentemente 
- se atentar a doenças específicas (como a criptosporidiose) 
 aves: 30 a 45 dias, promovendo exames (coproparasitológico semanal, hemograma e bioquímico) 
- vermifugar caso o resultado do coproparasitológico demonstrar vermes (e fazer novamente o exame) 
- se atentar a doenças específicas das classes de aves 
- identificação, sexagem e aparação das penas neste período 
 mamíferos : 30 a 60 dias, promovendo exames (coproparasitológico, hemograma e bioquímico) 
- vermifugar caso o resultado do coproparasitológico demonstrar vermes (e fazer novamente o exame) 
- se atentar a doenças específicas (como FIV, FeLV, toxoplasmose em felídeos, e tuberculose em primatas) 
- promover vacinações nas espécies (raiva, cinomose, panleucopenia, rinotraqueíte), avaliação dentária e se 
atentar para possíveis zoonoses 
 
MEDIDAS DE BIOSSEGURIDADE EM JARDIM ZOOLÓGICO 
- Medidas sanitárias: limpeza e desinfecção de cozinha, comedouros ebebedouros 
- Medidas antiparasitárias: controle de ectoparasitas, endoparasitas e doenças infecciosas (vassoura-de-fogo) 
- Medidas antissépticas: esterilização de materiais cirúrgicos e instrumentos de rotina (como sondas) 
- Medidas alimentares: manter qualidade e higiene nos alimentos oferecidos 
- Medidas preventivas: evitar entrada de animais sinantrópicos (como morcegos, escorpiões, ratos e pombos), e de 
possíveis vetores de doenças (aves, insetos) 
 
 
 
 
 
 
8 
 
AULA 4: CAPTURA E CONTENÇÃO FÍSICA DE ANIMAIS SILVESTRES 
A contenção na clínica de silvestres é sempre um desafio, por se lidar com uma ampla espécie e classe de animais, 
cada um com suas particularidades. Deve-se saber se a espécie é peçonhenta ou não peçonhenta, como é o mecanismo 
de defesa da espécie (mordida, arranhaduras, botes) e como é a biologia da espécie durante a contenção (se estressa 
facilmente durante a contenção). 
- Motivos para contenção: captura, quarentena, transporte, realização de exames preventivos, tratamentos e vacinação 
 vacinação: geralmente é realizada na quarentena 
- Avaliar condições psíquicas e físicas (geralmente, os animais são providenciados de resgates) e condições ambientais 
 alguns animais podem vir à óbito somente pelo processo de captura 
 condições ambientais: em temperaturas amenas, é melhor realizado (fim da tarde, ou inicio da manhã) 
 melhor local para captura: deve ser um local amplo, que permite o contentor fugir caso o animal ataque, e já 
estipular possíveis pontos de fuga, além de ser um local que diminua as 
chances de fuga do animal, permitindo que este possa atacar outras pessoas 
- Durante o momento da captura, é necessário ter em mão os equipamentos 
 
ESTRESSE POR CAPTURA 
Um dos problemas mais importantes durante a contenção. O estresse (ruptura da homeostase) é causado por mudanças 
no ambiente (drásticas, repentinas ou gradativas), como a captura. Existem 3 fases do estresse: 
o Fase de Alarme: predominância do sistema nervoso simpático (todos tem esta fase) 
o Fase de Resistência ou Adaptação: alguns podem evoluir para esta fase (recuperam-se do estímulo estressante) 
o Fase de Exaustão ou Recuperação: alguns podem evoluir para esta fase (estresse gera efeitos adversos) 
- A intensidade e duração do estresse, irá indicar o grau de resposta do organismo do animal 
 espécies mais agressivas, terão intensidade de estresse maior 
- Fase de alerta: fase aguda durante o momento da contenção, gerando uma resposta de “Luta ou Fuga”, gerada pelo 
sistema nervoso simpático frente a uma situação de estresse, que prepara o organismo do animal (para que ele lute ou 
venha a fugir frente a uma ameaça). Os neurotransmissores que predominam nesta fase são a noradrenalina e 
adrenalina. A transmissão desses neurotransmissores gera diversas mudanças no organismo: 
 cronotropismo positivo (aumento da frequência cardíaca) seguido de aumento da pressão arterial 
 midríase (aumento da pupila, para que o animal enxergue melhor), broncodilatação (para promover um 
aumento da capacidade respiratória), hiperglicemia (musculatura demanda de mais energia, promovendo 
glicogenólise muscular, que é a quebra do glicogênio) e aumento da taxa de metabolismo basal 
 isto gera um desvio sanguíneo para a musculatura estriada esquelética, promovendo o fenômeno de “bomba 
muscular” (alta concentração de sangue no músculo) 
- Cervídeos: espécies mais estressantes durante a captura 
- Alta temperatura, baixa umidade, deficiência de vitamina E e selênio acentuam o estresse por captura 
- Problemas iniciais: traumatismos devido a resistência à captura (hematomas, contusões, fraturas, lacerações) 
- Em algumas situações, pode ocorrer o óbito, podendo ser super-agudo (antes de se realizar a captura propriamente 
dita), agudo (no momento da captura) ou tardio (após alguns dias, devido consequências do estresse) 
Miopatia de captura (ou miopatia de esforço): uma das causas de óbito tardio nos animais 
- ocorre quando o animal está se preparando para a resposta de luta ou fuga, mas acaba sendo capturado antes. Isto 
gera uma brusca interrupção na “bomba muscular”, diminuindo o oxigênio da musculatura. Porém, devido à intensa 
glicogenólise anaeróbica muscular que está ocorrendo, há intensa formação de ácido lático, promovendo uma acidose 
metabólica, e hipóxia muscular. A acidose, associada ao calor gerado, gera uma necrose muscular, promovendo morte 
dos miócitos, liberando mioglobina, potássio (presentes dentro das células musculares), que junto a uma 
vasoconstrição periférica, irá resultar em nefrotoxicidade. 
 mioglobinúria: mioglobina é extremamente tóxica aos néfrons, gerando necrose destas estruturas, além do 
animal apresentar urina “cor de Coca-Cola” 
9 
 
 potássio: exerce em grande concentração uma nefrotoxicidade (insuficiência renal aguda) e cardiotoxicidade 
(fibrilação ventricular e insuficiência cardíaca aguda) 
- sinais clínicos: dor e rigidez muscular (acúmulo de ácido lático), incordenação e paresia (sinais neurológicos), 
oligúria, mioglobinúria (sinais renais), depressão, coma e morte (sinais progressivos) 
- diagnóstico: anamnese (se o animal passou por algum tipo de captura ultimamente, e se foi estressante), exames 
clínicos e laboratoriais (sinais de insuficiência renal e acidose metabólica) e achados de necropsia 
- prognóstico: reservado a ruim 
- profilaxia: medidas menos estressantes na captura (horários mais frescos com equipe treinada) 
- tratamento: controle da hipoperfusão (fluidoterapia), podendo suplementar vitamina E e selênio 
 
EQUIPAMENTOS PARA CONTENÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES 
MÃOS NUAS 
- Primeira ferramenta a ser utilizada (principalmente em aves e répteis de pequeno porte) 
- Demanda sensibilidade e delicadeza durante o procedimento 
- Há o risco de lesões nos animais (principalmente devido a pressão exercida) e infecções (devido o grau de exposição 
do manipulador com o animal) 
 
EPIs (EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL) 
- Roupas e calçados resistentes e fechados, de coloração neutra (que não estimulem o animal) 
- Principais itens: óculos e máscaras de proteção (protege contra peçonhas, armas anestésicas e pólvora, caso 
utilizados), luvas, botas e protetores de perna 
 
EQUIPAMENTOS COLETIVOS 
- Cordas e nós de mão: realizados principalmente em crocodilianos, onde se amarram os membros pélvicos e 
torácicos, porém sem laçar o animal (figura 1) 
- Focinheira ou mordaça: podem ser de materiais específicos ou adaptadas (figura 2) 
- Puçás, passaguás e coadores: de diferentes formatos e diâmetros, escolhendo-se de acordo com as espécies 
(utilizados principalmente em pequenos primatas, felídeos, caninos, procionídeos e aves) (figura 3) 
- Redes de espera (armadilhas): armadas para animais velozes (principalmente para cervídeos), com intenção de 
conter todo o corpo do animal, para posterior contenção química (figura 4) 
- Rede de arremesse: redes são arremessadas em curta distância, com auxílio de um sistema de detonação 
- Sistema Netgun: sistema de propulsão de longa distância, que são desarmados com rifle, de forma aérea ou terrestre 
(figura 5) 
 
 
 
 
 
- Cambões: utilizado corretamente e com cuidado (passando na região cervical, e incluir um dos membros torácicos, 
para diminuir a chance de enforcamento) 
 cambão tipo Ketch-all pole: possui um sistema de travamento e desarme rápido 
- Tubos: utilizados para serpentes 
- Pinças: lagartos e serpentes (também utilizada em pequenos mamíferos) 
 laço de Lutz: tipo de pinça, que se fecha no final como um gancho, utilizado para serpentes 
Fig 1: cordas Fig 2: focinheira 
(adaptada) 
Fig 3: puçá 
(passaguá) 
Fig 4: rede de 
espera 
Fig 5: sistema 
netgun 
10 
 
- cuidado: não elevar a serpente sem dar apoio ao resto do corpo do animal, pois isto pode promover uma 
luxação na articulação atlantoccipital, levando o animal a óbito 
- Ganchos: utilizado para manejo de ratitas (como avestruzes),porém podem dar chutes e coices 
 capuz: após a contenção com o gancho (diminui o estresse, pois são animais que se estressam pela visão) 
- Zarabatanas, dardos e bastão aplicador: utilizados para contenção química 
- Projetores remotos: pouco utilizados (rifles com objetivo de contenção química) 
- Currais de contenção: maior planejamento e custo (leva um animal de um lugar para outro, através da abertura e 
fechamento de portas, mas necessita de contenção posterior) 
- Armadilhas, caixas e gaiolas do tipo prensa: vários tipos, com tamanho dependendo da espécie 
 
TRANSPORTE DE ANIMAIS SILVESTRES 
Crocodilianos: pode ser feita por amarração do animal (pequenas distâncias) ou em caixas próprias (longas distâncias) 
Quelônios: caixas com ou sem água (depende se for tartaruga terrestre ou marinha) 
Serpentes: caixas de madeira com cadeado, ou caixa transparente com furos (ideal) 
Aves: caixas de madeiras, pequenas (para não se debaterem), escuras e forradas (para não se machucarem) 
Mamíferos: depende do porte do animal (para pequenos mamíferos, pode-se utilizar caixas de transporte de cães e 
gatos, ou ainda caixas de madeiras com furos) 
 
PARTICULARIDADES DA CONTENÇÃO 
SERPENTES 
Ideal ser realizado com pessoal treinado e em equipe. A contenção será diferente em espécies 
peçonhentas das não peçonhentas. Vários instrumentos podem ser utilizados: 
 ganchos (serpentes pesadas ou pouco ágeis) 
 pinça de longo alcance (serpentes agitadas) 
 tubos (ideal ser transparente, para enxergar a serpente dentro, com circunferência e 
comprimento proporcional ao tamanho do animal, sendo que espera-se que entre até 
1/3 ou 1/2 do corpo do animal no interior, e segura o restante do corpo de fora, com a mão junto ao tubo) 
- tubo não pode ser muito largo (animal consegue retornar, podendo atacar) 
- Carregar com duas mãos: uma no corpo do animal, e outra na cabeça, evitando que ocorra luxação 
répteis possuem somente um côndilo occipital, diferente dos mamíferos que possuem dois côndilos – com isso, pode 
desenvolver luxação mais facilmente nesta articulação 
- Técnicas de contenção manual: preferível que sejam realizadas somente nas espécies não peçonhentas 
 técnica com dois dedos (serpente com boca fechada): nunca utilizada em espécie 
peçonhenta (as presas ultrapassam a região da mandíbula, e quando fecham a boca, 
podem alcançar o dedo do manipulador) 
 com dois ou três dedos (serpente com boca aberta): segura-se na região cervical (não 
mantém os dedos pertos da presa, podendo ser utilizada em espécies peçonhentas) 
 
LAGARTOS 
Várias espécies de lagartos, que varia de tamanho. Geralmente são pouco agressivas, mas podem causar lesões. 
- Utilizar luvas de couro (evitar lesões por arranhaduras e mordeduras) 
 toalhas e canos podem ser utilizados caso não haja luva de coura 
- Não segurar pela cabeça (possuem somente um côndilo, predispondo a luxações 
vertebrais), nem pela cauda (possuem o mecanismo de defesa, chamado de autotomia, 
que é a liberação da cauda do corpo, facilitando a fuga) 
- Segurar com as duas mãos, uma com os membros torácicos para trás, lateralmente ao 
corpo, e outra segurando os membros torácicos 
11 
 
- Estimulação do nervo vago por digito-pressão: os répteis possuem um plexo vagal, e este nervo passa no fundo do 
olho destes animais. Ao realizar uma leve pressão dos dois olhos ao mesmo tempo, faz com que o animal entre em 
uma depressão geral (bradicardia, bradipneia e central), levando o animal a ficar imobilizado. 
 realizar somente em procedimentos rápidos (se realizado muitas vezes, leva a depressão grave e óbito) 
- Animais grandes (crocodilianos): realizar o uso do cambão, e utilizar focinheira e cobrir os olhos 
 
AVES 
Também varia de acordo com a espécie das aves. Deve ser feita em lugar fechado e climatizado (são 
animais suscetíveis ao estresse térmico). Possuem o diafragma não funcional (utilizam o músculo 
intercostal para respiração, não sendo interessante manusear estes animais na região torácica, pois 
pode atrapalhar a respiração). 
- Psitacídeos e aves de rapina são mais agressivas (atacam com bico e garras) 
- Captura repentina: realizada com os dedos entre a cabeça e com a outra mão, fixar os membros 
pélvicos 
 espécies pequenas, podem ser contidas somente com uma das mãos 
 
MAMÍFEROS 
Grande variedade de espécies, com diversos tamanhos. 
- Xenarthas (tamanduás, preguiças, tatus): cuidado com arranhaduras, 
por serem espécies com garras longas 
pode-se usar fitas nas garras, para proteção 
segura-se o animal com o dorso voltado para o corpo do manuseador, e 
ventre para o ambiente 
- Primatas: promovem mordidas e socos (grandes primatas, realizar 
contenção química) 
- Grandes mamíferos: contenção física pouco usada (geralmente 
contenção química) 
- Roedores e lagomorfos: cuidado com mordidas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
AULA 5: PARTICULARIDADES NA ANESTESIA DE ANIMAIS SILVESTRES 
ANESTESIA 
Faz-se necessário promover a contenção química dos animais silvestres por duas razões principais: 
 imobilização para permitir o exame físico 
 procedimentos cirúrgicos (perda de consciência, analgesia, relaxamento muscular) 
 
AVES 
Sistema Cardiovascular 
- Coração: composto por 4 câmaras, que separam o sangue arterial do venoso. 
 possuem artérias mais rígidas, o que mantém a pressão arterial maior (maior preocupação 
em hemorragias) 
Sistema Portal-Renal 
Anestesias dissociativas são mais utilizadas por via intramuscular. As aves, assim como os répteis, 
recebem o sangue venoso dos membros pélvicos. Este sangue passa pelo sistema porta renal, onde 
há válvulas que se abrem ou fecham. A importância é que não é aconselhável injeção de agentes 
anestésicos nas áreas cujo sangue é recolhido pelo sistema porta-renal, já que muito deste seria 
excretado pelos rins antes de atingir o coração evitando a sua difusão sistêmica 
 músculo peitoral: mais indicado para aplicar os anestésicos 
Sistema Respiratório 
Componentes ventilatórios: são as vias aéreas de condução (laringe, traqueia, siringe, brônquios primários e 
secundários), sacos aéreos, ossos pneumáticos, esqueleto torácico e músculos da respiração 
 sacos aéreos: responsáveis pela inspiração do O2 
 nas aves, a inspiração e expiração são processos ativos 
Componentes de troca gasosa: brônquios terciários (parabrônquios) e capilares aéreos 
 aves não possuem alvéolos (diminuindo a resistência da entrada do ar) 
 a troca gasosa ocorre de forma contínua (inspiração e expiração) 
 os sacos aéreos promovem a complacência (expansão) 
 fluxo sanguíneo é oposto ao fluxo do ar (troca gasosa mais rápida) 
Temperatura 
- São animais endotérmicos (mantém a temperatura interna): 39 a 42º C 
- Possuem baixa resistência a altas e baixas temperaturas 
Considerações anestésicas: exame físico inicialmente na gaiola (avaliar FR, estado físico, das penas, para evitar pegar 
o animal e estressá-lo) para posteriormente, conter fisicamente o animal (para avaliar a FC) 
- Jejum: aves com menos de 100 g ou aves gramíferas, possuem metabolismo muito rápido (por isso comem a todo o 
momento), não sendo necessário promover jejum para estas. Aves de até 300 g, indicar jejum de 3 a 4 horas. Aves de 
300 g a 1 kg, indicar até 6 horas de jejum. Aves de rapina (falcão, gavião), indicar 12 a 24 horas de jejum. 
 aves de vida livre: quando não se sabe se o animal comeu, realizar palpação do inglúvio e se houver alimento, 
retirar, para não haver aspiração nos sacos aéreos 
- Contenção física: segurar patas e pescoço (para proteger o manuseador) e asas (para proteção da ave) 
 não envolver o tórax com as mãos 
Anestesia: 
MPA: opióide (butorfanol) – muitas vezes a MPA está associada já na dissociativa 
 somente com MPA, animal não fica parado 
Dissociativa: cetamina + benzodiazepínicos (midazolam, diazepam) ou α-2 agonistas (xilazina, detomidina) 
 α-2 agonistas:efeitos adversos (bradicardia, depressão central, respiratória) 
TIVA (anestesia total intravenosa): propofol (necessita de canular veia ou se fazer intraóssea) 
Faz com que as aves entrem, 
troquem, aprofundem e recuperem-
se muito rápido nos planos da 
anestesia inalatória 
13 
 
 cuidado com propofol, pois pode promover dispneia 
 canulação: mais realizada na veia ulnar, metatarsiana ou jugular 
 intubação: fácil, pois possuem os anéis traquais completos 
Inalatória: isofluorano é o mais utilizado (rápida indução e recuperação) 
Monitoramento: avaliar frequência respiratória, capnografia (pressão de CO2), oximetria de pulso (concentração de 
O2), frequência cardíaca, pressão arterial e temperatura 
 
RÉPTEIS 
Sistema Cardiovascular 
- O coração dos répteis possui 3 câmaras. Ocorre uma leve mistura entre sangue arterial e venoso 
 shunts: promovem desvios da circulação para um local desejado (como durante a 
digestão, desviando para o trato gastrointestinal) 
 crocodilianos e répteis semi-aquáticos: conseguem ficar debaixo d’água, pois há 
desvio pelos shunts da pequena circulação (pulmonar) 
Sistema Portal-Renal: 
Exatamente como ocorre nas aves. 
 membro torácico: mais indicado para aplicação de anestésicos 
Sistema Respiratório 
- Não possuem diafragma, assim como as aves. 
- Menor superfície de troca gasosa (metabolismo muito menor) e menor taxa de consumo de O2 
- Maioria dos répteis irá entrar apneia quando anestesiados (entubar o animal) 
- Quelônios e lagartos possuem dois pulmões funcionais, porém as serpentes possuem um pulmão menos 
vascularizado, que irá funcionar como saco aéreo (atrai o ar na inspiração) 
 em quelônios, há a desvantagem de não poder se ver os movimentos respiratórios 
Temperatura: 
- São ectotérmicos (não controlam sua própria temperatura sem auxilio do ambiente) 
- Temperatura ótima preferida: temperatura onde a fisiologia do animal funciona sem alteração (cada um tem a sua) 
- Normalmente, a temperatura ideal encontra-se entre os 20 a 38º C 
Considerações anestésicas: 
Contenção física: 
 Quelônios: não dificuldade na contenção (ideal é que não permaneça com a cabeça para baixo ou inferior ao 
corpo por longo tempo, além de evitar rotação brusca) 
 Lagartos: pode-se utilizar a toalha ou a técnica de reflexo vagal (digitopressão dos globos oculares) 
 Serpentes: possuem um único côndilo occipital, podendo luxar em casos que o corpo permanece solto, 
pesando na cabeça do animal 
- Jejum: espécies herbívoras, estipular jejum de curta duração. Já os não-herbívoros possuem uma digestão muito 
longa. Para quelônios e pequenos lagartos, pode-se estipular jejum de até 18 horas, enquanto para grandes lagartos 
carnívoros e serpentes, de 72 a 96 horas. 
 
Anestesia: 
MPA: benzodiazepínicos (sedam bem serpentes), α-2 agonistas (sedação razoável, além de promover efeitos adversos) 
 acepromazina: demora para recuperação (promove queda de temperatura) e não há antagonista 
 Analgesia: complicada nos répteis, pois não demonstram dor como os outros animais 
 morfina: mais utilizada, quando animal demonstra reflexo de retirada 
 AINEs: utilizados no controle de dor crônica (cetoprofeno, carprofeno, meloxicam) 
Anestésicos locais: pouco utilizados 
TIVA: propofol (necessário canular ou feito intracarapaçal em quelônios) 
14 
 
Dissociativa: cetamina + midazolam, telazol 
Inalatória: isofluorano, sevofluorano 
 intubação: como as aves, possuem os anéis traqueais completos 
Monitoramento: quelônios e lagartos começam o relaxamento muscular no meio do corpo para as extremidades. 
Serpentes relaxam craniocaudal, e se recuperam caudocranial. 
 teste de reposicionamento: colocar a serpente de cabeça para baixo. Se ela retornar, é porque se recuperou 
 serpentes e alguns lagartos mantém o reflexo corneal e tônus cloacal 
 ausência de resposta a todo e qualquer estímulo indica produtividade do plano anestésico (cuidado!) 
 
PEQUENOS MAMÍFEROS 
ANATOMIA E FISIOLOGIA 
- Possuem metabolismo muito rápido (se alimentam demais) – necessitam de alta taxa de O2 
- Realizam maior troca gasosa (mais alvéolos de menor diâmetro) 
 aprofundam na anestesia mais rápido do que cães e gatos 
- Difícil acesso às vias aéreas (dificuldade durante a intubação) 
- Roedores se alimentam mais a noite, logo, os procedimentos cirúrgicos são melhores 
durante o dia (evita que ocorra dor pós-cirúrgica na noite, pela monitoração durante a 
tarde) 
- Coelhos são mais ativos durante o amanhecer e anoitecer 
- Animais monogástricos, com estreito ângulo na curvatura menor do estômago (impede que eles vomitem) 
- Jejum: normalmente, de 2 a 4 horas, se necessário 
- Exame físico: realizar o possível com o animal na gaiola, e o que não for, realizar contenção 
Considerações anestésicas: 
Contenção Física: 
 coelhos: possuem a coluna vertebral frágil (predispõe luxações e fraturas de vértebras lombares) – ideal é 
realizar a contenção na prega do pescoço junto a um apoio ventral 
 camundongo: na prega da pele e da cauda 
 porquinho-da-índia: segurar o corpo e manter a cabeça firme 
Não pendurar os animais pela cauda 
Via de administração: subcutânea é ideal, porém não para a anestesia. Na aplicação de anestésicos, faz-se 
intramuscular (na dissociativa) ou intravenosa 
 
Anestesia: 
MPA: tranquilizantes, benzodiazepínicos, opióides, α-2 agonistas 
Bloqueios: infiltrativos, epidural (coelhos) 
TIVA, Dissociativa e Inalatória também podem ser alternativas de uso 
 intubação: mais difícil de realizar nestas espécies (necessita de equipamento específico) 
Monitoração: compressão da cauda e da orelha em roedores, monitorar os parâmetros vitais, glicemia e temperatura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
AULA 6: CLÍNICA DE PRIMATAS 
CLASSIFICAÇÃO 
- Primatas do novo mundo (ocidente): sagui, macaco-prego, macaco-aranha, 
bugio e muriqui 
 espécies encontradas no Brasil (nativas) 
 primatas platirrinos: focinhos mais curtos, e narinas laterais 
- Primatas do velho mundo (oriente): babuíno, mandril, chimpanzé e orangotango 
 espécies não nativas do Brasil (exóticos) 
 primatas catarrinos: focinhos longos, narina para baixo 
 
PRIMATAS PLATIRRINOS (NOVO MUNDO) 
Ampla distribuição geográfica, com diferentes padrões de coloração. São classificados em 5 famílias. 
- Mamíferos placentários, de hábito arborícola (vivem em árvores) 
- Fêmeas apresentam duas mamas torácicas (raramente excedem o número de dois filhotes por parto) 
- Possuem maior volume cerebral, visão estereoscópica (parecida com a humana), e possuem ótima habilidade com o 
uso das mãos e pés, além de terem a cauda prêensil (cauda funciona como um membro extra) e garras que ajudam na 
escalada nas árvores 
- Braquiação: movimentos de se pendurarem com os braços nas árvores 
Calitriquídeos: espécies que possuem ornamentos na cabeça (tufos, jubas, cristas, bigodes) – estão 
nesta classe os saguis 
- reprodução: andam em grupos familiares formados por uma fêmea reprodutora dominante, com 
um ou mais machos. Pode haver outras fêmeas no grupo, porém estas não serão reprodutoras, 
sendo conhecidas como subordinadas, e entram em anestro. A fêmea dominante possui elevada 
concentração de progesterona. 
- gestação: dura cerca de 125 a 240 dias, e em geral dão cria a gêmeos, uni ou bivitelinos. Os 
filhotes permanecem com as mães somente até 2 semanas (período de amamentação). 
Cebídeos e atelídeos: macaco-prego, macaco-aranha, bugios 
- reprodução: andam em grupos maiores, onde quem exerce a dominância é um casal somente. 
Estes animais entram em sazonalidade alimentar (algumas estações do ano se alimentam bem 
menos), e as fêmeas podem permanecer em anestro por 2 a 3 anos. 
- filhotes: as mães possuem mais cuidado e contato com a cria, permanecendo com os filhotes até que estes 
amadureçam e entrem na vida adulta 
 
NUTRIÇÃO 
- Problema principal com os animais criados em cativeiro. As espécies possuem hábitos alimentaresdiferentes entre si 
(proteína, carboidrato, carnívoros, insetívoros, folívoros e frugívoros). Porém, quando criados em cativeiro, a principal 
fonte de alimentação torna-se a ração, sendo necessário suplementar com outros alimentos, de acordo com o hábito 
alimentar da espécie. 
 frutas: animais frugívoros, quando suplementados com frutas, começam a trocar a ração por frutas, o que pode 
acarretar problemas de obesidade e diabetes nestes animais 
 
COLHEITA DE MATERIAL BIOLÓGICO 
- Animais diabéticos: por ser necessário fazer coletas frequentes, estes animais são treinados para o procedimento, e 
adestrados a tal ponto que ofereçam o braço para o cuidador ou veterinário colher o sangue 
- Animais de vida livre: necessária contenção física ou química (anestesia geral) 
 coleta: ideal é que seja realizada no plexo arteriovenoso inguinal (perto da artéria femoral) 
 
16 
 
CIRURGIAS 
- Prática pouco comum nestes animais, sendo mais promovida em casos de brigas por acasalamento, atropelamentos 
ou cirurgias reprodutoras. 
o cesárea: devido distocia apresentada durante o parto 
o vasectomia: feita para controle populacional (não se realiza a orquiectomia, para que o macho não perca a 
característica de dominância, promovida pela testosterona) 
- técnica: retirada da cauda do epidídimo (epididimectomia) ou secção dos ductos deferentes 
- Tratamento periodontal: promovido em casos de cáries ou ainda doença periodontal 
- Cicatrização destas espécies é rápidas, porém requerem troca diária de curativos (devido estes dois fatores, 
preconiza-se a realização de suturas intradérmicas) 
- Pós-operatório: ATB (penicilinas), AINEs (flunixim-meglumine), analgesia (tramadol) e em casos de automutilação 
que lesiona a cicatriz cirúrgica, utilizar fenotiazínicos (como clorpromazina, acepromazina) ou benzodiazepínicos 
(diazepam ou midazolam) 
 
INSTALAÇÕES 
- Devem promover proteção contra ruídos externos e desconfortáveis aos animais 
- Possibilitar a exposição de luz solar matutina (para que haja formação de vitamina D) 
- Se possível, evitar variações bruscas de temperatura e umidade, impedir contato com fezes, urina e restos de alimento 
- O local deve ter espaço suficiente para que o animal realize atividades físicas e expresse seu comportamento 
biológico (arborização para os animais arborícolas, galhos e cordas para que realizam braquiação, poleiros horizontais 
para saguis, que são espécies corredoras) 
- Animais mais agressivos, deve-se fazer cambiamento, que é um local de isolamento destes animais, para que seja 
possível realizar limpeza do local e alimentação destes animais 
 
DOENÇAS 
Trabalha-se com animais silvestres mais com profilaxia do que com tratamento. Exames periódicos são importantes 
para verificação das principais doenças dos primatas 
Doenças virais: 
Herpesvirose: Herpesvírus simples tipo 1 ou tipo 2 
 considerada uma antropozoonose (animal adquire do humano) 
 no primata, age de forma mais importante (alta morbidade e letalidade) 
 sinais clínicos: lesões ulcerativas orais ou genitais, erupções vesiculares ao redor dos lábios, podendo 
desenvolver lesões mais graves, como necrose da cavidade oral, conjuntivite, e ainda sinais neurológicos 
(anorexia, hiperestesia, incordenação, fraqueza e óbito) – filhotes tem sinais mais graves 
 profilaxia: evitar contato muito próximo com o ser humano (transmissão pela saliva) 
 tratamento: aciclovir 
Raiva: Rhabdovirus (vírus neurotrópico) 
 considerada uma zoonose (primatas são acometidos de forma menos frequente) 
 sinais clínicos: encefalomielite aguda e fatal 
 profilaxia: pode-se fazer vacinação antirrábica (durante o período de quarentena), porém não se sabe se a 
resposta vacinal desenvolvida é suficiente para proteção do animal 
Febre amarela: Flavivirus 
 primatas são considerados hospedeiros vertebrados deste vírus (participam do ciclo silvestre) 
 mosquitos silvestres são hospedeiros invertebrados (participam do ciclo silvestre) 
 Aedes aegypti: também é um hospedeiro invertebrado, porém do ciclo urbano 
 zoonose de letalidade elevada e evolução rápida (principalmente em bugios, 
saguis e macaco-aranha) 
 outros primatas podem desenvolver somente a forma subclínica da doença 
17 
 
- Ciclo silvestre: somente fazem parte os primatas e mosquitos silvestres 
os humanos são infectados neste ciclo somente quando adentram as matas, e não são vacinados 
- Ciclo urbano: Aedes aegypti infecta o ser humano (considerado erradicado este ciclo) 
 sinais clínicos: síndrome febre (durante a viremia), insuficiência hepática aguda (levando a icterícia), CID 
(diminuição da síntese de proteínas e fatores de coagulação), além de lesões em tecidos específicos (coração e 
rins), choque e óbito 
 profilaxia: vacinação (primatas e humanos) – maior problema são os primatas de vida livre que não são 
vacinados 
Doenças bacterianas: 
- Klebsiella (promove pneumonias, de difícil controle), Campylobacter, Shigella e Salmonella (promove diarreia) 
 salmonelose: antropozoonose (devido contaminação humana nos alimentos de animais em cativeiro) 
- Tuberculose (Mycobacterium): zoonose e antropozoonose de ampla importância 
 primatas, quando chegam na quarentena, recebem um controle bem rigoroso contra 
tuberculose, onde se realiza o teste de tuberculinização (injeta-se o extrato, chamado 
de tuberculina, na região palpebral superior, aguardando se há reações locais, de 24 a 
48 horas – as reações podem variar desde de eritema a edema) 
- animais positivos: isolados e tratados (se não responder, é eutanasiado) 
 doença de caráter insidioso, granulomatosa, de processo inflamatório crônico e debilitante 
Doenças fúngicas: 
- Dermatofitoses (diversos agentes fúngicos) – poucos relatos 
 tratamento: anfotericina B 
Doenças parasitárias: 
- Toxoplasmose: adquire a partir de alimentos contaminados com oocistos de Toxoplasma gondii 
 pneumonia, hepatite e encefalite 
- Tripanossomíase: cursa com miocardite em primatas 
- Acanthocephala: promove inflamação e necrose intestinal 
 hospedeiro: baratas (realizar o controle destes insetos) 
Vermifugação e coproparasitológico: realizado pelo menos 1 vez ao ano 
Antiparasitários: albendazol ou praziquantel (em casos de coproparasitológico positivo) 
Problemas dentários: principalmente em animais de cativeiro (devido a alimentação rica em carboidratos) 
- Saguis e Mico-leão-dourado: são mais suscetíveis (jovens principalmente) 
- Gengivites, cáries, fraturas e ausência de dentes, retração gengival e exposição de dentina 
- Tratamento odontológico para resolução 
Doenças neoplásicas: pouco frequentes (principalmente em animais idosos em cativeiro, que tem perspectiva de vida 
maior) – são mais frequentes no trato gastrointestinal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
AULA 7: CLÍNICA DE CANÍDEOS SILVESTRES 
INTRODUÇÃO 
As espécies de canídeos silvestres mais conhecidas no Brasil são: Cachorro-do-mato, Cachorro-vinagre, Lobo-guará e 
a Raposa-do-campo. 
 cachorro-vinagre e lobo-guará: há algum tempo atrás eram espécies endêmicas, mas atualmente tornaram-se 
espécies ameaçadas em extinção 
 
BIOLOGIA 
- Dentição: adaptada ao tipo de dentição (carnívoros possuem os caninos bem desenvolvidos) 
 caninos adaptados para a apreensão do alimento 
 molares e pré-molares são responsáveis por rasgar o alimento 
 
Cachorro-do-mato 
Canídeo de médio porte (pesam de 4,5 a 8,5 kg), coloração acinzentada. Encontrado em todo território nacional 
- Vivem e caçam aos pares, e possuem hábito de caça noturno 
Lobo-guará 
Considerado o maior canídeo brasileiro (pesam de 20 a 30 kg), tem coloração avermelhada e membros enegrecidos. 
Encontrado em todo o território nacional, mas principalmente no cerrado. 
- Vivem sozinhos ou aos pares, e possuem hábito de caça noturno 
Raposa-do-campo 
Menor canídeo brasileiro (pesam de 2,5 a 4 kg), tem coloração cinza e face mais amarelada. Considerada ainda 
endêmicano Brasil, encontrada em maior parte no cerrado e pantanal 
- Vivem sozinhos, aos pares ou em grupos, e possuem hábito de caça noturno 
 
 
 
DIETA E NUTRIÇÃO 
- São onívoros, se alimentando tanto de proteína animal quanto proteína vegetal (exceto o cachorro-vinagre que possui 
maior parte de sua dieta por proteína animal) 
- Lobo-guará: 60% da sua dieta é de proteína vegetal, e 40% são de proteína animal 
- Cachorro-do-mato: também possui dieta predominante de proteína vegetal 
- Alimentam-se de insetos, peixes, frutas, anfíbios, mamíferos e aves 
- Em cativeiro, recebem ração canina, associada com frutas e vegetais 
 ração: promove cristalúria (cristais na urina), que em excesso, leva a formação de cálculos 
- Filhotes: recebem leite ou sucedâneo, até chegar a idade jovem, onde começam a receber ração na dieta 
- Espécies que ingerem maior quantidade de proteína animal, pode-se oferecer roedores, aves vivas e insetos 
 pouco realizado, devido as medidas de bem-estar da presa 
 
DIAGNÓSTICO 
- Contenção química: realizada devido à agressividade destas espécies, não bastando somente a contenção física 
 realizada com uso da zarabatana e anestésico 
- Exame clínico: semelhante ao dos cães domésticos (mudando somente os valores de referência) 
lobo-guará cachorro-do-mato raposa-do-campo cachorro-vinagre 
19 
 
- Pode-se fazer hemograma, bioquímico ou sorológico através da coleta de amostras 
- Coleta de sangue: veia jugular ou cefálica (como nos cães) 
 
CIRURGIA 
- Procedimentos ortopédicos: devido atropelamentos e traumas 
 osteossíntese (em casos de trauma) ou confecção de talas ortopédicas 
 
DOENÇAS 
Principais preocupações são as zoonoses e as transmissíveis de canídeos para caninos domésticos. 
Destruição dos habitats naturais, faz com que os animais venham ao ambiente urbano, fazendo com que tenham 
contato com caninos, e resultando, muitas vezes, em transmissão de doenças. 
Cinomose: Morbilivirus (doença contagiosa, que afeta frequentemente animais jovens) 
 altamente contagiosa, tendo transmissão por aerossóis, contato direto ou fômites 
 acomete animais jovens, mas também adultos e idosos 
 sinais clínicos: respiratório, gastrointestinais e neurológicos 
- hiperqueratose dos coxins: assim como ocorre na dos cães domésticos, ocorre nos canídeos 
 tratamento de suporte (fluidoterapia, manejo nutricional, antibióticos nos sinais respiratórios, e 
anticonvulsivantes em caso de sinais neurológicos) 
Parvovirose: Parvovírus canino (acomete principalmente os filhotes) 
 transmissão por via oral (contaminação fecal), geralmente adquirida por contato com cão doméstico 
 sinais clínicos: diarreia, gastroenterites sanguinolenta ou mucosa (desidratação) 
 tratamento de suporte (fluidoterapia, antibioticoterapia, isolamento dos animais acometidos) 
 Raiva: Lyssavirus (mais importante doença dos canídeos silvestres, pois estes não possuem vacinação como é 
realizada nos cães domésticos) 
 transmissão direta entre as espécies (geralmente por mordedura de morcegos, ou outros animais) 
 maior incidência no nordeste (devido maior aglomerado de cachorro-do-mato nesta região) 
Leishmaniose Visceral: Leishmania chagasi (infantum) 
 transmitida pelo mosquito-palha (Lutzomia longipalpis) 
 canídeos silvestres podem ser reservatórios de leishmaniose 
 independente de apresentares sinais clínicos ou não, são considerados reservatórios 
 sinais clínicos: mesmos apresentados pelo cão (dermatopatias, onicogrifose, anorexia, hepatopatia) 
 doença de notificação obrigatória em animais silvestres 
 recomendação: eutanásia, quando diagnosticado 
Sarna sarcóptica: Sarcoptes scabiei (hábito de escavação de túneis) – zoonose 
 dermatite parasitária (escabiose): prurido, eritema, processo inflamatório dermatológico, alopecias 
generalizadas, hiperqueratose 
 diagnóstico: raspado de pele 
 tratamento: selamectina ou ivermectina, ou banho de amitraz (difícil de fazer, devido a agressividade) 
 
MEDICINA PREVENTIVA 
- Quarentena: chegada de um animal novo, num período de 30 dias 
 realiza-se coleta de materiais biológicos (hemograma, bioquímico, coproparasitológico, urinário) 
 coleiras a base de deltametrina em áreas endêmicas para leishmaniose 
 vacinações: de preferências as monovalentes com de vírus inativado – Cinomose, Parvovirose e Raiva 
 recomenda-se realizar coproparasitológico e vermifugação em casos positivos 
 
 
20 
 
AULA 8: CLÍNICA DE FELÍDEOS SILVESTRES 
INTRODUÇÃO 
Distribuição geográfica praticamente mundial. Alguns ameaçados de extinção. 
- Brasil: agrega os felídeos neotropicais (presentes em toda América), e existem 3 gêneros: 
 Panthera (onça-pintada) 
 Puma (suçuarana e gato-mourisco) 
 Leopardus (jaguatirica, gato-do-mato, gato-maracujá) 
 
BIOLOGIA 
Jaguatirica: espécie muito agressiva, de porte médio (7 a 16 kg) e pelagem curta 
- De hábito noturno, vivem solitárias, e são escaladoras 
- Vivem em média 21 anos 
Suçuarana ou Onça-parda: segunda maior espécie do Brasil (53 a 72 kg), coloração acinzentada 
- De hábito noturno e diurno, vivem solitárias 
- Preferem lugares escuros, e também são escaladoras 
Onça-pintada: maior felídeo das Américas (57 a 100 kg) 
- Também possui uma variante da espécie de coloração enegrecida (onça-preta) 
- Vivem em média 20 anos 
- De hábito noturno, vivem solitárias, são nadadoras e mergulhadoras 
- Possuem hábito mais terrestre (não escala muito) 
Outras espécies: gato-mourisco, gato-palheiro, gato-do-mato 
 
 
NUTRIÇÃO 
- São predominantemente carnívoros (diversos animais na sua dieta) 
- Em cativeiro, eles possuem baixa aceitação de ração doméstica, sendo necessário oferecer proteína animai (carne 
bovina, pescoço cru e pintinhos vivos) 
 ingestão de carne crua: ocasionalmente, a carne pode estar contaminada com Toxoplasma 
- Recinto em cativeiro, deve haver capim, para que ingiram e provoquem a êmese regurgitação de pelos 
 
INSTALAÇÕES 
Grandes recintos para abrigar as espécies (dependendo da espécie, há 
um tamanho mínimo) 
- Normalmente, estes animais vivem em pares em cativeiro 
- Enriquecimento ambiental: piscinas (hábito aquático), árvores 
(hábito de escalada) 
- Fêmeas prenhes são isoladas, para diminuição do estresse 
- Filhotes nascidos em cativeiro, devem passar por separação 
gradativa da mãe 
- Cambiamento: realizado para alimentação, nas fêmeas prenhes e nos filhotes após separação das mães 
 
jaguatirica suçuarana onça-pintada 
21 
 
ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL 
- Comportamento estereotipado: estresse, faz com que animal desenvolva este comportamento (automutilação, andar 
em círculos, lambeduras constantes, sucção da cauda, arrancar pelos) 
 está relacionado a falta de enriquecimento ambiental, animais em recintos pequenos ou que vivem sozinhos 
- No momento da alimentação, pode-se fazer o enriquecimento ambiental: esconder alimento durante a refeição; 
oferecer picolés de carne (animal permanece mais tempo se alimentando); trilhas de carne; alimentos pendurados ou 
embrulhados, oferecendo trabalho ao animal 
- Caixas, balanços, redes, que promovam distração ao animal, diminuindo o seu estresse 
 
DIAGNÓSTICO 
- Contenção química (devido a agressividade), para inspeção geral e coleta de material 
inspeção das garras: animais em recintos não possuem desgaste das garras, podendo desenvolver pododermatites por 
crescimento excessivo das garras 
- Coleta de sangue: veia jugular, cefálica ou safena 
- Anil na carne: animal defeca com coloração do anil, identificando as fezes do animal que se quer coletar as fezes 
 
CIRURGIAS 
Pouco realizadas, por possuírem um pós-operatório difícil e deiscência de pontos. 
- Osteossínteses: em animais atropelados ou fraturados 
- Nodulectomias e tratamentos odontológicos: em felídeos em cativeiro 
 odontologia: exposição traumática da polpa, doença periodontal, cárie, abrasão dental (devido estresse, onde 
os animais mordem algum objeto, gerandodesgaste) – promove-se exodontia (extração do dente), periodontia 
(tratamento periodontal) e endodontia (como formação de canais dentários) 
 
DOENÇAS INFECCIOSAS 
Rinotraqueíte: Herpesvírus felino tipo 1 
 infecção respiratória (rinite), conjuntivite, úlceras orais, pneumonia 
PIF: Coronavirose 
Panleucopenia: vírus da panleucopenia felina 
 comum em situações de surtos 
 vômitos, diarreia 
Vírus da Leucemia Felina(FelV) e Vírus da imunodeficiência Felina (FIV) 
Outras doenças: Cinomose, Raiva, Hemoparasitoses 
 
DOENÇAS PARASITÁRIAS 
Endoparasitoses (toxoplasmose, giardíase): tratamento a base de antiparasitários (ivermectina, praziquantel) 
 
MEDICINA PREVENTIVA 
- Quarentena: período em que serão realizados os exames e vacinações (calicivirus, rinotraqueite, panleucopenia e 
raiva) e controle parasitário dos animais (coproparasitológico e vermifugação dos positivos) 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
AULA 9: CLÍNICA DE ROEDORES 
INTRODUÇÃO 
São considerados pets exóticos (não são oriundos do nosso território nacional). 
- Domesticados, fáceis de criar, dóceis, pelagem característica 
- Principais espécies domesticadas: camundongos, hamsters, chinchilas, porquinhos-da-índia, ratos 
- Originalmente são animais de laboratório 
 
BIOLOGIA 
- Caracterizados por possuírem dois pares de dentes incisivos afiados, com grande capacidade reprodutiva e gestação 
curta (muitos filhotes) 
- Têm o hábito de coprofagia (comportamento normal, pois possuem dificuldade na absorção intestinal da vitamina B, 
e para que possam absorvê-la de forma natural, comem as fezes, que é onde a vitamina B é excretada) 
vitamina B: possui papel importante na digestibilidade 
Existem dois grupos principais: 
- Grupo Myomorpha (com duas famílias): 
o Família Muridae: camundongo, rato e ratazana 
o Família Cricetidae: hamster-sírio, gerbilo, hamster-chinês 
- Grupo Hystricomorpha (com uma família) 
o Família Cavidae: porquinho-da-índia e chinchila 
 
 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA 
- Possuem crânio alongado 
- Lágrimas possuem porfirinas, conferindo uma coloração marrom avermelhada (excesso desta coloração pode ser 
devido alguma situação de estresse) 
- Possuem abertura restrita da boca (dificulta a avaliação da cavidade oral) 
- Dentição: possuem os incisivos, pré-molares e molares (não possuem dentes descíduos) 
 incisivos maxilares: medem de ⅓ a ¼ dos incisivos mandibulares 
 diastema: área entre incisivos e pré-molares que não há dentição, onde há pregas mucosas, que facilitam a 
armazenagem do alimento nesta região, e que deglutam o alimento sem mastigar 
 dentição classificada em duas formas: elodontes (dentes de crescimento contínuo do dente) 
 elodontes hipsodontes: hábito de crescimento contínuo rápido 
 chinchila e porquinho-da-índia possuem todos os dentes com esta característica 
 incisivos das outras espécies possuem esta caractersística 
 elodontes braquiodontes: hábito de crescimento mais lento 
 pré-molares e molares possuem esta característica 
 hamsters e camundongos apresentam os incisivos mandibulares móveis 
 bolsa jugal: local de armazenagem do alimento por longos períodos de tempo 
 
NUTRIÇÃO 
- Porquinhos-da-índia: possuem deficiência de vitamina C, necessitando de suplementação diária 
chinchila hamster camundongo porquinho-da-índia gerbilo 
23 
 
 quando há criação mista com coelho, eles podem não ser suplementados suficiente 
 suplementação: por via oral, por água de beber, ou ainda por alimentos ricos em vitamina C 
- Hamster e gerbilos: são herbívoros, mas ingerem vitamina animal ocasionalmente 
 quando os animais são criados, não há ingestão dessa proteína animal 
 ração específica para a espécie pode suprir esta necessidade 
- Ratos: herbívoros preferenciais, mas também podem ser alimentados com proteína animal 
- Porquinhos-da-índia e chinchilas: totalmente herbívoros 
 possuem o ceco funcional, que promove digestão das fibras por fermentação 
 ideal que tenham até 35% da dieta composta de fibras (alfafa, feno, verduras frescas) 
 necessitam das fibras para que ocorra desgaste da dentição (devido o crescimento contínuo) 
 longos jejuns podem gerar convulsão e automutilação 
 caso não haja ingestão necessária de fibras, há aumento do pH, fazendo bactérias da microbiota aumentar, 
gerando enteropatias e diarreia 
- Água: animais que possuem dieta com mais concentração de sementes e ração, necessitam de mais água, enquanto os 
animais que se alimentam com fibras, ingerem menos água 
 camundongos: não se alimentam se não houver água 
 hamster: não ingerem muita água (espécie desértica) 
Animais debilitados: necessitam de 1,5 a 3 vezes a quantidade superior da oferecida normalmente 
 fluidoterapia e dieta pastosa (ração peletizada moída junto com vegetais) 
 filhotes: sucedâneo de leite 
 porquinhos-da-índia e chinchilas: podem apresentar baixa motilidade intestinal quando debilitados, podendo 
se administrar medicamentos pró-cinéticos, que aumentam a motilidade intestinal (cisaprida e 
metoclopramida) 
 probióticos: oferecer para reposição da flora (principalmente para os de ceco funcional, e animal que está 
recebendo antibiótico) 
 
INSTALAÇÕES E MANEJOS 
- Gaiolas e caixas de vidro que ofereçam conforto, abrigo, com ventilação e seja possível a alimentação do animal 
 caixas de vidro são menos indicados, por se manter um ambiente fechado (problemas 
respiratórios por menor ventilação e inspiração de amônia da urina) 
- Muito contato com fezes e urina, pode gerar pododermatites (limpeza diária) 
- Túneis e labirintos para diminuição do estresse destes animais 
- São animais sensíveis a hipertermia, podendo vir a óbito (ratos e camundongos não possuem 
glândulas sudoríparas) – temperatura ideal é de 18 a 26º C 
- Água: deve ser trocada diariamente (se persistir muito tempo a água, pode haver proliferação de bactérias) 
 ideal: bebedouros e comedouros de cerâmica ou inox (resiste ao hábito de roer) 
 bebedouros por gotejamento, podem deixar o ambiente muito úmido 
- Cama: mais utilizado de serragem e maravalha (porém desaconselhados, pois animal pode ingerir, além de 
contribuírem para reprodução de patógenos) 
 indicado: jornais, papéis toalha 
- Brinquedos que estimulem as atividades físicas (tubos, rodas) – principalmente chinchilas, que são mais ativas 
 
HISTÓRICO E EXAME FÍSICO 
- Avaliar o manejo do animal (dieta, instalação, ambiente, limpeza, contactantes) 
- Inspeção: avaliar os pelos, comportamento do animal, postura, aspecto de fezes e urina, e pesar o animal 
- Exame do pelo: presença de alopecia (ligado ao estresse e automutilação em chinchilas), presença de ectoparasitas 
24 
 
- Avaliar os olhos, orelhas, narinas e cavidade oral com auxílio do otoscópio (amplia visualização) e palpar a 
mandíbula, para identificar a presença de assimetrias (comum em alterações odontológicas) 
- Avaliação de mucosas (coloração, secreções), palpação de linfonodos e abdômen 
- Temperatura: possível em espécies maiores (porquinho-da-índia e chinchilas) 
- Auscultação é difícil devido o tamanho dos animais (necessita de estetoscópio neonatal) 
 chinchilas e porquinhos-da-índia: realizar auscultação abdominal (normal de 1 a 2 movimentos por minuto) 
 
COLHEITA DE MATERIAL 
Bastante limitada, também devido o tamanhos destes animais 
- Coleta: principalmente pelas veias laterais da cauda (para visualizar facilmente, fazer tricotomia, e aquecer 
digitalmente, ou fazer pressão na base da cauda) 
 veia femoral (ratos, gerbilos e hamsters) e jugular (chinchilas, porquinhos-da-índia, gerbilos e hamsters) 
também podem ser utilizadas para coleta de amostras 
 
CIRURGIAS 
- Mais comuns são as cirurgias do sistema reprodutivo (OSH, orquiectomia para controle populacional, cesarianas em 
distocias e mastectomias em fêmeas com nódulos). 
- Cistotomias em presença de urolitíases (devido consumo de fibras ricas em cálcio) 
- Amputação de cauda (principalmenteem chinchilas, por serem predispostas a sofrerem avulsão de cauda) 
- Enucleação em problemas oftálmicos graves (prolapso de globo ocular devido manuseio errôneo) 
- Cirurgia de prolapso de reto (ocorre como sequela de doenças intestinais que aumentam a motilidade) 
 pode ser reduzido ou amputado (em casos de necrose intensa) 
 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS E FLUIDOTERAPIA 
- Via oral: mais fácil de realizar em chinchilas 
- Via subcutânea: mais utilizada 
- Via intramuscular: pouco utilizada, por suportar pequenos volumes, além de promover necrose dependendo do 
medicamento administrado (sulfas, trimetropinas) 
- Via intravenosa: nas veias safena e cefálica (acesso para contenção química) 
- Via intraperitoneal: mais utilizado em animais de laboratório (risco de rompimento de vísceras) 
- Via intraóssea: menos utilizada (fêmur ou crista da tíbia) 
 
FLUIDOTERAPIA 
- Reposição: feita baseada na desidratação do animal (para cada 1% de desidratação, faz-se 10 ml/kg) 
 pode-se fracionar, quando atinge-se o limite possível de aplicação pela via de administração escolhida 
 
DOENÇAS DE PELE 
Mais frequentes em roedores. Cursam com alopecia, estando relacionadas a erro de manejo. 
- Atopias (hamsters, ratos), alopecias simétricas (doenças endócrinas em porquinhos), alopecias inespecíficas 
(hamsters), automutilação (comportamental em chinchilas), mutações genéticas (camundongos e hamsters) 
- Ectoparasitoses: sarnas (notoédrica e demodécica), piolhos e pulgas 
 tratamento: ivermectina ou amitraz tópico (com gaze, passando no dorso) 
- Bacterinas: abscessos, linfadenites e pododermatites (associadas a erro de manejo) 
 tratamento: antibioticoterapia sistêmica (amicacina, ampicilina, enrofloxacina, metronidazol, 
sulfa+trimetropim) e em casos de linfadenite, promover procedimento cirúrgico, AINE (meloxicam) 
- Fúngicas: dermatofitoses (diagnosticados pela lâmpada de Wood ou cultura fúngica de pelos) 
 tratamento: itraconazol 
25 
 
- Neoplásicas: melanoma, neoplasia da glândula ventral (glândula próxima a cicatriz umbilical), entre outras. 
- Leishmaniose tegumentar: causada pela Leishmania enrietti, acometendo especialmente os porquinhos-da-índia, 
levando a formação de nódulos e úlceras 
 
DOENÇAS DO TRATO GASTROINTESTINAL 
- Síndrome da doença dentária progressiva adquirida: ocorre quando não há o fornecimento adequado de fibras para o 
desgaste dentário, podendo fazer desenvolver pontas e pontes dentárias, má-oclusão da dentição superior e inferior 
 pontas e pontes: atrito na mucosa oral, levando lesões ulcerativas e formação de abscesso, e doença 
periodontal (por acúmulo de alimento) 
 sinais clínicos: salivação, hiporexia, perda de peso, bruxismo (ranger dos dentes) 
 diagnóstico: avaliação oral (com otoscópio) ou radiografia 
 tratamento: alteração da dieta (oferecer fibra para desgaste natural de dentição) e se necessário, promover o 
desgaste manual com animal anestesiado, antibioticoterapia e AINE (em casos de abscessos) 
 
DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 
Bastante frequentes, estando relacionadas a problemas de manejo e instalações (ventilação, clima, superpopulação, 
falta de limpeza do ambiente, excesso de amônia) 
- Bactérias: em situações de estresse, as bactérias da microbiota respiratória tornam-se oportunistas 
- Alergias: geralmente ao alimento ou pela composição da cama 
 tratamento: nebulização com corticoide (dexametasona) 
- Dermatite nasal: ocorre em gerbilos (secreção nasal) 
- Oxigenoterapia (se necessário) e tratamento com nebulização e antibiótico (enrofloxacina ou sulfa+trimetropim) 
 
DOENÇAS MUSCULO-ESQUELÉTICAS 
- Principalmente as fraturas (quando animais se lesionam em brinquedos) – lesões de coluna são mais difíceis de tratar 
 possuem cicatrização óssea muito boa (não necessitam de procedimento cirúrgico) – talas e pensos (porém 
podem roer estes materiais) 
 chinchilas: cicatrização óssea é deficiente (dependendo da fratura, deve-se realizar osteossíntese) 
 
DOENÇAS OCULARES 
- Sialodacrioadenite: provocada por um vírus que inflama e obstrução do ducto nasolacrimal, causando epífora no 
animal (lacrimejamento excessivo) 
- Conjuntivite: inflamação da conjuntiva ocular (bacteriana, ou devido reação a amônia) 
 sinais clínicos: blefarite (inflamação da pálpebra), hifema (acúmulo de sangue na região ocular) 
 tratamento: pomada tópica a base de tetraciclina 
- Úlcera de córnea: associadas a conjuntivite não tratada ou contactantes 
- Catarata 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
AULA 10: CLÍNICA DE LAGOMORFOS 
INTRODUÇÃO 
- São animais de distribuição mundial (exceto Oceania e Antártida) 
- Animais utilizados na indústria alimentícia, na caça e no comércio de pele e como pets 
- São animais inteligentes, de fácil treinamento 
 
BIOLOGIA, ANATOMIA E FISIOLOGIA 
Tatipi (Sylvilagus brasiliensis) 
- presente desde o México até a Argentina 
- pesa entre 1 e 1,5 kg, tem orelhas curtas, coloração que vai do cinza-claro ao marrom 
- membros pélvicos curtos, comprimento do corpo entre 21 e 47 cm 
- o macho geralmente menor que a fêmea 
Lebre (pertencem aos gêneros Lepus, Caprolagus e Pronolagus) 
- existem aproximadamente 32 espécies, que foram introduzidas em diversas partes, exceto Antártida 
- pesam entre 2 e 5 kg, e ao sinal de perigo correm e se escondem nas tocas 
- as lebres correm grandes distâncias,têm hábitos crepusculares e noturnos, e são boas nadadoras 
- têm orelhas grandes e crânio longo 
Coelho doméstico (Oryctolagus cuniculus) 
- teve seus ancestrais provenientes do oeste da Europa e nordeste da África (mais de 50 raças) 
- apresentam a pele fina, coberta por pelos de diferentes densidades (cuidado durante a contenção) 
- não possuem coxim plantar e palmar 
- orelhas são grandes e desempenham função importante no controle térmico corpóreo, graças à vasodilatação e 
vasoconstrição periférica da mesma (não se deve conter o animal pelas orelhas) 
- campo visual lateral é de 190° (por ser presa, torna possível a percepção de potenciais predadores) e têm um ponto 
cego na frente do focinho 
- possuem dois cornos uterinos e duas cérvices 
- possuem baixa absorção de cálcio sérico, sendo este diretamente proporcional ao obtido pela dieta 
 
RAÇAS DE COELHOS 
 
 
 
 
Mistos 
Lionhead Nova Zelândia Azul de Viena Hotot 
Holandês Minilop Rex 
27 
 
DENTIÇÃO 
- Possuem os dentes incisivos, pré-molares e os molares 
- Sua dentição é do tipo heterodonte e elodonte (os dentes têm crescimento contínuo), 
e arradicular (não possuem a raiz verdadeira) 
- Possuem o diastema, que é um espaço entre os incisivos e os pré-molares 
- Incisivos: 4 incisivos maxilares e 2 incisivos mandibulares 
 
SISTEMA GASTROINTESTINAL 
- Produzem fezes e cecótrofos (alimentos processados no ceco a partir da celulose) 
- A microbiota cecal, formada por Bacteroides sp., estreptococos, colibacilos, Clostridium perfringens, protozoários 
ciliados e Cyniclomydes guttulatulus, é responsável pela fermentação da ingesta 
- Cecotrofagia (ingestão dos cecótrofos) é necessária, pois são ricos em nutrientes essenciais ácido fólico, vitaminas C, 
B e K e aminoácidos, e os cecótrofos são produzidos na porção final do intestino grosso, onde há baixa absorção 
intestinal, sendo necessário reintroduzir estes compostos na dieta (através da cecotrofagia) 
- Portanto, lagomorfos realizam cecotrofagia e não coprofagia 
 
REPRODUÇÃO 
- Gestação de 30 a 33 dias, e de parto é rápido e silencioso 
- Problemas mais frequentes em criações de lagomorfos são canibalismo, hipotermia e trauma, causados 
geralmente por manipulação inadvertida dos filhotes por pessoas 
 caso o filhote se afaste do ninho, a mãe não o resgata (podendo vir a morrer pela tríade neonatal 
– hipotermia, hipoglicemia e desidratação) 
- Caso seja necessário manipulação do ninho ou dos filhotes, o odor do manipulador deve ser mascarado 
com o odor da cama dos animais (passar a cama nos filhotes) evitar manipulação dos filhotes até os 21 dias de amamentação 
- Após 21 dias de amamentação, os filhotes iniciam a ingestão de alimento sólido (momento crítico, 
quando distúrbios gastroentéricos podem ocorrer) 
- Entre 6 e 8 semanas os filhotes tornam-se independentes 
 
NUTRIÇÃO 
- Estritamente herbívoros (verduras e fenos são os alimentos principais) 
- Ração comercial não pode ser o único alimento, pois diminui o desgaste dentário (associar com feno) 
- Verduras verdes escuras, por possuírem alta concentração de cálcio, podem predispor a formação de cálculos 
- Cenouras e frutas devem ser oferecidos somente como petiscos (frutose em excesso pode causar disbiose) 
 
INSTALAÇÕES 
- Sistemas externos: animais são mantidos em espaços abertos e com pouco controle sobre a umidade e temperatura 
ambiente, devendo ter área sombreada e fresca, para amenizar nos dias quentes e abrigo contra chuvas 
 piso deve ser de terra gramada para que os animais façam suas tocas em galerias 
 as paredes ou telas devem ser aprofundadas no solo, pois como são animais construtores de galerias, podem 
facilmente cavar túneis sob a área cercada e fugir 
- Sistemas internos: animais são mantidos em ambiente controlado, entre 15 e 24°C, aproximadamente, 
 é ideal que o animal passe um tempo solto, pois deve receber cerca de 12 horas de luz por dia e se exercitar 
 também podem ser utilizadas caixas plásticas grandes e gaiolas com piso telado 
COLHEITA DE SANGUE 
- Procedimento igual ao dos cães (veia jugular ou cefálica) 
- A aplicação de medicamentos e fluidos é realizada pela artéria central ou veia marginal da orelha 
28 
 
FLUIDOTERAPIA 
- Mais utilizada pelas vias subcutânea e intravenosa (pela veia ou artéria da orelha) 
- A desidratação provoca redução da motilidade e alteração da microbiota, gerando compactação intestinal 
- A dose de manutenção é 80 a 100 mℓ/kg/dia 
 
DISBIOSE 
- Desequilíbrio da microbiota intestinal, sendo geralmente causado devido o uso de antibiótico pela 
via oral, que alteram a população bacteriana, gerando diarreia, ou fezes úmidas a pastosas 
- Tratamento: oferecer probióticos 
- Prevenção: antibioticoterapia por outras via parenteral (SC, IM, IV) 
 
CIRURGIAS MAIS REALIZADAS EM LAGOMORFOS 
- Castrações para controle populacional (OSH e orquiectomia) 
- Exodontia: realizada em casos de processos inflamatórios crônicos, onde o tratamento conservativo é ineficaz 
- Remoção de neoplasias cutâneas (em animais mais idosos) 
- Cistotomias (para a remoção de cálculos urinários) 
- Osteossínteses (em casos de traumas ósseos) 
 
ULCERAÇÃO GÁSTRICA 
- Mais comuns nas regiões fúndicas e pilóricas, sendo que a prevalência aumenta com a idade 
- A etiologia provável é estresse e colapso hipovolêmico (menor perfusão da mucosa gástrica) 
- Sinais clínicos: anorexia, bruxismo, relutância em se movimentar, mucosas pálidas, dispneia, melena e choque, 
abdômen agudo e sepse (em úlceras perfuradas) 
- Diagnóstico: radiografia, ultrassonografia e endoscopia do trato digestório alto 
- Tratamento: deve ser profilático e sintomático e inclui protetores de mucosa gástrica, fluidoterapia, analgesia, 
antibioticoterapia e suporte nutricional 
 protocolo mais usado: ranitidina (protetor de mucosa) + ranitidina (tratamento da úlcera) + sulfa ou 
enrofloxacina (ATB - prevenir contra peritonite e sepse) 
 
ESTASE GASTROINTESTINAL E ILEUS 
- Segunda doença clínica de maior prevalência na clínica médica de coelhos (atrás somente de má-oclusão dentária) 
- Presença de pelos e material alimentar impactado no estômago pode ser uma das causas 
- Porém, a causa mais comum é obstrução mecânica (seja pela desidratação, compactação da ingesta, presença de 
corpo estranho, lesão infiltrativa 
- Outra causa é por falha na propulsão do conteúdo (anormalidades na inervação mioentérica ou por falha na 
contratilidade da musculatura lisa gástrica) 
- Sinais clínicos: hiporexia ou anorexia, diminuição no tamanho das fezes, perda de peso, depressão, desidratação, 
morte (muitas vezes animal já chega em estado de desidratação extrema) 
- Diagnóstico: presuntivo (sinais clínicos), palpação abdominal (massa firme de fezes pequenas e desidratadas), 
auscultação (diminuição ou aumento de ruídos intestinais) e diagnóstico por imagem como raio-x, ultrassonografia e 
endoscopia (fecham o diagnóstico) 
- Tratamento: aquecer e hidratar o paciente em hipotermia, pró-cinéticos para induzir o esvaziamento gástrico 
(metoclopramida), estimulante de apetite (ciproeptadina), ATB (sulfa ou enrofloxacina) e suporte nutricional 
 
MIXOMATOSE 
- Causada por um Mixomavirus, a mixomatose é endêmica em lagomorfos, sendo que a transmissão 
ocorre principalmente por insetos hematófagos (pulgas, moscas) ou ainda por fômites 
- Em surtos graves, a taxa de mortalidade pode chegar a 100% 
29 
 
- Sinais clínicos: edema periocular, na base da orelha ou em regiões genitais, blefaroconjuntivite (inflamação da 
pálpebra e conjuntiva ocular), hiporexia progressiva até anorexia (devido a dor pelos nódulos), gerando morte 
- Diagnóstico: sinais clínicos, ELISA e PCR 
- Tratamento: tratamento de suporte + ATB ou eutanásia (não há tratamento específico) 
 
ABSCESSOS 
- Processo inflamatório circunscrito por cápsula 
- O pús dos coelhos é altamente espesso, o que dificulta a drenagem 
- Fatores predisponentes: odontopatias, subnutrição, ventilação inadequada, condições sanitárias insatisfatórias e 
feridas traumáticas 
- Locais de apresentação: cabeça, face, extremidades, articulações 
- Diagnóstico: sinais clínicos, citologia aspirativa e exames de imagem (abscesso interno) 
- Tratamento: antibiótico sistêmico, curetagem do abscesso, com lavagem do local com antibiótico impregnado de 
resina acrílica no local da curetagem (resina permite maior aderência do ATB). Também pode-se realizar 
marsupialização do abscesso (exteriorizar a cavidade do abscesso para tratamento e evitar recidiva). Em estágios 
avançados, amputação ou remoção cirúrgica. 
 
PODODERMATITE ULCERATIVA 
- Áreas de pele ulceradas e infectadas, geralmente localizadas na face ventral das regiões társicas e metatársicas, 
ocasionalmente também em região metacarpiana, sendo elas ulceradas e dolorosas 
- Agentes bacterianos envolvidos podem ser Pasteurella multocida e Staphylococccus aureus 
- Fatores predisponentes: obesidade, piso inadequado, trauma constante, nutrição inadequada, falta de higiene, feridas 
cutâneas e recintos pequenos 
- Sinais clínicos: dor, hiporexia, anorexia, hipotricose ou alopecia focal, claudicação, hiperqueratose epitelial, 
septicemia, podendo evoluir para morte 
- Tratamento: retirar a causa base e antibioticoterapia 
 
SÍFILIS DO COELHO 
- Também conhecida como espiroquetose venérea, treponematose ou vent disease, é uma doença sexualmente 
transmissível (DST) causada pela espiroqueta Treponema cuniculi 
- Também ocorre a transmissão da mãe aos filhotes 
- Sinais clínicos: lesões crostosas nas junções mucocutâneas do nariz, lábios, pálpebras e genitália 
- Diagnóstico: sinais clínicos e biópsia 
 diagnóstico diferencial: sarna 
- Tratamento: penicilina benzatina (1 aplicação por semana, repetindo 3 vezes) 
 
ECTOPARASITAS 
- As principais são as sarnas (Psoroptes cuniculi, Sarcoptes scabei, Notoedres cati) 
- As lesões podem ser visíveis a olho nu ou somente pelo raspado de pele 
- Sinais clínicos: lesões seborreicas, geralmente em pescoço e dorso, e também crostas e inflamação nas orelhas, 
associadas a prurido 
- Diagnóstico diferencial: sífilis 
- Tratamento: Ivermectina, selamectina, imidacloprida 10%, moxidectina 10% (até negativar o raspado de pele) 
 
CORONAVIROSE E ROTAVIROSE 
- Rotavírus: geralmente assintomática, mas pode causar sinais clínicos em pacientes sob estresse e com infecção 
secundária. Em filhotes, pode gerar morte por desidratação 
30 
 
- Coronavírus: acomete mais frequentemente coelhos jovens, e o sinal clínico principal

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