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Política externa no Segundo Reinado 8 Ano

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Política externa no Segundo Reinado
As relações diplomáticas entre o Brasil e a Inglaterra não primavam pela excelência desde 1831, ano em que o Brasil prometera abolir a escravidão paulatinamente, em troca do reconhecimento de nossa independência.
Com o sucesso da lavoura cafeeira, o tráfico de escravos desenvolveu-se ainda mais.
O interesse britânico era que houvesse aumento da massa salarial com a abolição da escravidão e, consequentemente, a ampliação de seu mercado consumidor.
Questão Christie (1861-1865)
As relações diplomáticas entre os dois países se tornaram mais tensas a partir de 1844, quando o governo promulgou a Tarifa Alves Branco, que implantou o protecionismo alfandegário, prejudicando os interesses econômicos ingleses.
Como represália, a Inglaterra decretou a lei Bill Aberdeen, em 1845, que estabeleceu o direito de a Inglaterra fiscalizar o Atlântico para apreender navios negreiros, inclusive em águas territoriais brasileiras.
Exigiu, ainda o pagamento dos empréstimos que estavam atrasados.
Nesse contexto extremamente delicado, ocorreu a chamada Questão Christie, que consistiu em dois episódios:
O sumiço da carga
Em 1861, o vanio mercante britânico “Príncipe de Gales” naufragou próximo ao litoral gaúcho e a carga desapareceu na praia. O embaixador inglês William Christie exigiu uma vultuosa indenização (3.200 libras) pela carga desaparecida.
2) A prisão
Enquanto isso, três marinheiros ingleses, à paisana, foram presos por embriaguez e desordem no Rio de Janeiro.
O embaixador exigiu a imediata libertação dos ingleses e, tomando o caso como uma ofensa grave à Inglaterra, exigiu a retratação pública do Brasil e a punição aos policiais cariocas envolvidos na prisão dos britânicos alcoolizados.
Diante do absurdo das exigências e do desrespeito à soberania nacional, o governo brasileiro se recusou a atender as condições impostas pelo embaixador inglês.
Em represália, Christie ordenou que a Marinha britânica apreendesse alguns navios brasileiros atracados na Baía de Guanabara.
A atitude ofensiva do embaixador gerou violentos protestos da população e do imperador D. Pedro II.
O desenrolar da questão
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As ruas do Rio de Janeiro foram tomadas pela população, que, indignada, exigia a devolução dos navios apreendidos.
O caso foi levado para arbitramento internacional e o rei Leopoldo I, da Bélgica, tio da rainha inglesa Vitória, foi escolhido como árbitro. Nesse interim, o Brasil indenizou a Inglaterra pela carga desaparecida. 
No julgamento, o rei Leopoldo I determinou a inocência do governo brasileiro e exigiu que a Inglaterra devolvesse a indenização e pedisse desculpas ao Brasil.
A Inglaterra não cumpriu as exigências, e as relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas.
O caso só chegou ao fim em 1865, quando, durante a Guerra do Paraguai, a Inglaterra pediu desculpas ao Império do Brasil.
Questão Crhistie- D. Pedro rompeu relações com a Inglaterra
Embaixador inglês William Crhistie
Desde o período colonial, a região da Bacia do Prata foi alvo de disputas entre Portugal e Espanha, ambos interessados na navegação e nas riquezas minerais a que esses rios davam acesso.
Depois de muitos litígios e desencontros, os dois países formalizaram o Tratado de Madri, em 1750, que estipulava as fronteiras entre as suas colônias. Em 1801, o Tratado de Badajós ratificou (validou) aquelas decisões.
Campanhas do Prata
Após as emancipações políticas no século XIX, os interesses pela navegação na região passaram a ser disputados entre as jovens nações.
O Brasil necessitava garantir a livre navegação pelo Prata para atingir o Centro-Oeste e ainda havia o temor de que os países platinos – Uruguai, Paraguai e Argentina – formassem uma única nação, colocando, dessa forma, em perigo a presença brasileira na região.
A grande rivalidade era entre o Brasil e a Argentina, que disputavam o controle sobre o Uruguai até que, de repente, surgiu um terceiro pretendente: o Paraguai, interessado em atingir o Atlântico. 
Nesse contexto, ocorreram vários conflitos envolvendo esses países, que formam atualmente o Cone Sul da América do Sul.
A antiga Província Cisplatina tornou-se independente em 1828, com o nome de República Oriental do Uruguai, e passou a ser uma espécie de “estado-tampão”, funcionando como amortecedor dos conflitos entre Brasil e Argentina.
Após a independência, formaram-se dois partidos políticos que disputavam o poder: os blancos, em sua maioria latifundiários, pró-Argentina, e os colorados, comerciantes de Montevidéu, pró-Brasil.
Guerra contra Oribe e Rosas (1851 e 1852)
Em 1851, ocorreu a primeira intervenção na região platina. Oribe, líder dos blancos, ao assumir a presidência do Uruguai, procurou estabelecer alianças com Rosas, da Argentina. A pretensão de Rosas era anexar o Uruguai para recompor o antigo Vice-Reinado do Prata, sob a hegemonia argentina.
Contra essa aliança, levantou-se o Brasil, apoiando Rivera, do partido colorado, e o governo passou a acusar o Uruguai de invadir as fronteiras e atacar as fazendas gaúchas.
Manuel Oribe- líder dos blancos
Juan Manuel de Rosas
Fructuoso Riviera- líder do Partido Colorado no Uruguai
A intervenção militar brasileira contra Oribe provocou a entrada de Rosas. Aproveitando o momento, o general Urquiza comandou as províncias de Corrientes e Entre-Rios contra Rosas.
Após a derrota de Oribe, o Brasil apoiou
Urquiza para derrotar Rosas (1852).
Justo José de Urquiza
Os conflitos internos no Uruguai prosseguiram e os blancos retornaram ao poder com Aguirre. O Brasil, então, resolveu intervir novamente, apoiando os colorados e Venâncio Flores.
Aguirre obteve apoio de Solano López do Paraguai, que pretendia anexar a região para ter acesso ao oceano Atlântico.
A esquadra brasileira, sob o comando de Tamandaré, bloqueou o litoral uruguaio, enquanto Mena Barreto atacava por terra. 
Guerra contra Aguirre
Aguirre renunciou e Flores, com o apoio brasileiro, tornou-se presidente do Uruguai.
O Paraguai rompeu relações diplomáticas com o Brasil. 
Atanásio Aguirre- líder dos blancos
Venâncio Flores- presidente do Uruguai
O Brasil defendia a livre navegação e tentava manter a hegemonia sobre a região; a Argentina, governada pelos portenhos, habitantes de Buenos Aires, tentava unificar o país sob sua hegemonia, ao mesmo tempo em que sonhava incorporar os antigos territórios do Vice-Reinado do Prata sob sua influência; o Paraguai, governado por ditadores, tinha em Solano López um governante que ambicionava formar o Grande Paraguai.
A Guerra do Paraguai (1865-1870)
Solano López- presidente do Paraguai
Com acesso ao Atlântico, sairia da dependência dos rios e do porto de Buenos Aires, por onde realizava seu comércio exterior; e finalmente, o Uruguai, estado-tampão formado em 1828, era invariavelmente influenciado pela Argentina ou pelo Brasil.
Esse cenário tenso chegou ao seu limite quando em 1864, o Brasil bloqueou o porto de Montevidéu e parte do litoral uruguaio para garantir a posse de Flores e intimidar os blancos que haviam praticado violências contra os brasileiros residentes no Uruguai.
Em 10 de novembro de 1864, o Paraguai aprisionou o vapor brasileiro “Marquês de Olinda”, que subia o rio Paraguai rumo ao Mato Grosso. 
O pretexto da guerra
Em dezembro de 1864, as tropas de López invadiram com sucesso o Mato Grosso e, quatro meses mais tarde, em abril de 1865, a Argentina foi invadida: López atacou a província de Corrientes; em junho, ele chegou ao Rio Grande do Sul. 
Argentina, Brasil e Uruguai formalizaram o tratado da Tríplice Aliança contra o Paraguai, com vistas a garantir a livre navegação no Prata e resolver os problemas de fronteiras.
A Guerra
Em junho de 1865, a esquadra brasileira, comandada pelo almirante Barroso derrotou a esquadra paraguaia na Batalha Naval do Riachuelo, impedindo seu avanço para o estuário (entrada larga de um rio)do rio da Prata e, isolouo contingente paraguaio que havia invadido o Rio Grande do Sul.
Cercado, o comandante paraguaio, coronel Estigarribia, rendeu-se às tropas imperiais em setembro de 1865.
Batalha Naval do Riachuelo
Em maio de 1866, ocorreu a maior batalha campal da história da América do Sul: a Batalha de Tuiuti. Por quatro sangrentas horas, os dois exércitos se enfrentaram, deixando um saldo de mil soldados mortos e três mil feridos, entre os aliados, e seis mil mortos e sete mil feridos, no exército paraguaio.
Em Curupayti e Laguna, as tropas brasileiras comandadas pelo coronel Camisão, ao tentarem expulsar os paraguaios de Mato Grosso, foram cercadas e obrigadas a se retirar sob constantes e violentos ataques.
Batalha de Tuiuti
Em 1866, Caxias assumiu o comando das forças brasileiras, reorganizou as tropas e deu início à Marcha de Flanco, isto é, ultrapassou a fortaleza de Humaitá pelo leste. Essa fortaleza ficava em uma curva do rio e bloqueava a passagem fluvial, impedindo as operações aliadas.
Em 1867, uma violenta epidemia de cólera desabou sobre as tropas de ambos os lados.
Estima-se que cerca de quatro mil soldados brasileiros foram vitimados pela doença. Além da cólera, havia outras epidemias, como a malária.
Em 1868, Caxias substituiu Mitre, da Argentina, e assumiu o comando-geral das Forças Aliadas.
Caxias tomou o Forte de Humaitá e impôs uma sucessão de derrotas aos paraguaios nas “dezembradas”.
No cerco em Lomas Valentinas, Solano López conseguiu escapar.
Em meio as “dezembradas”, López prevendo a ocupação de Assunção, ordenou o abandono da cidade e, assim, em 1869, Caxias entrou na cidade. Em março, o imperador aceitou a demissão de Caxias do cargo de Comandante em chefe, por motivo de saúde, e concedeu-lhe o único título de duque do Império: duque de Caxias. O genro do imperador, conde d’Eu, foi nomeado o novo comandante.
Em 1º de março de 1870, o conde d’Eu conseguiu alcançar López, em Cerro Corá, pondo fim à Campanha da Cordilheira, Na batalha de Cerro Corá, López foi morto pelo soldado “Chico Diabo”. Terminava a Guerra do Paraguai.
Duque de Caxias
Conde d’Eu
Tanto o Paraguai quanto os aliados imaginaram que a vitória total seria imediata. Entretanto, ela acabou se revelando no mais sangrento conflito sul-americano que se estendeu até 1870. 
Trouxe à tona que o interior brasileiro era carente de estradas e, muitas vezes, completamente desconhecido. Ocorria de as tropas se perderem nos chamados sertões, por ausência de mapas.A carência dos meios de comunicação tornava a sustentação das tropas militares muito demorada.
Consequências da Guerra do Paraguai
Os soldados lutavam contra os inimigos, contra a fome, contra o frio, contra a falta de atendimento médico e contra a falta de munição.
Apesar de a historiografia tradicional não tratar da participação feminina, ela foi constante nas frentes de combate.
Essas mulheres que cuidavam dos feridos, dos animais e da comida eram conhecidas entre os soldados apenas pelo primeiro nome ou pelo apelido.
Do lado paraguaio, a presença feminina também era constante.
Ao final da guerra, o Paraguai, derrotado, teve seu Estado desmantelado, a agricultura e a pequena indústria desapareceram e a população foi drasticamente reduzida.
No caso brasileiro, a guerra possibilitou o fortalecimento da identidade nacional e o surgimento de um patriotismo bastante acentuado.
A província gaúcha foi a que mais enviou combatentes para o Paraguai: cerca de 34 mil soldados.
O fervor patriótico foi decisivo para a vitória, mas ele exigiu um preço muito alto: a economia imperial ficou fortemente abalada diante dos gastos militares, o que obrigou o país a contrair um grande endividamento com os banqueiros ingleses.
Durante a guerra, muitos negros e mulatos combateram e morreram por uma pátria que não os reconhecia como cidadãos.
O Exército passou a ser a instituição mais poderosa do país, consciente de sua importância e influenciado por ideias republicanas.
A Guarda Nacional, formada pela aristocracia rural, acabou sendo superada pelo Exército e passou para plano secundário no aspecto militar.

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