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Regras Fundamentais da PsicanaliseRegras Fundamentais da Psicanalise Depois de ter experimentado e concluído pela limitação da hipnose e do método catártico, Freud modificou o método e criou o que veio a ser a regra 8 fundamental da psicanálise: a associação livre: “Método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea” (Laplanche- Pontalis, 2001, p. 38). Freud propôs que a paciente permanecesse acordada e que ela se deitasse em um divã enquanto o ele/psicanalista se posicionava em uma poltrona atrás do divã, evitando o contato visual da paciente com ele. Essa técnica permitia que a paciente conscientemente expressasse através das associações das palavras verbalizadas sem censura, restrições ou julgamentos, driblando assim as resistências impostas pela censura da consciência. Através da associação – livre de censuras e julgamentos – seria possível ter acesso aos caminhos para o inconsciente. No texto escrito no ano de 1912, Sobre o Início do Tratamento, Freud escreve: O material com que se inicia o tratamento é, em geral, indiferente – a história de vida do paciente, ou a história de sua doença, ou suas lembranças da infância. Mas, em todos os casos, deve-se deixar que o paciente fale e ele deve ser livre para escolher em que ponto começará. Dessa maneira dizemos-lhe: ‘Antes que eu possa lhe dizer algo, tenho que saber muita coisa sobre você; por obséquio, conte-me o que sabe a respeito de si próprio. (Freud, 1912/1986, p. 176-177) No texto Fragmentos da análise de um caso de histeria, ao se referir ao caso Dora, atendida por Freud em 1900 e publicado em 1905, Freud conta ter se utilizado do método da associação livre: Regras Fundamentais da PsicanaliseRegras Fundamentais da Psicanalise Freud percebeu que tão importante quanto escutar os pacientes era saber o que dizer a eles e quando fazer isso. Desde os Estudos, a técnica psicanalítica sofreu uma revolução oradical. Naquela época o trabalho [de análise] partia dos sintomas e visava a esclarecê-los um após outro. Desde então, abandonei esta técnica por achá-la totalmente inadequada para lidar com a estrutura fina da neurose... Apesar dessa aparente desvantagem, a nova técnica é muito superior à antiga, e é incontestavelmente a única possível (Freud, 1905/1986, p. 23) Página 02Página 02 Desta forma, foi ficando cada vez mais aprimorado o papel do paciente e o papel do psicanalista nas sessões: “Ao paciente cabe comunicar tudo o que lhe ocorre, sem deixar de revelar algo que lhe pareça insignificante, vergonhoso ou doloroso, enquanto ao analista cabe escutar o paciente sem o privilégio, a priori, de qualquer elemento de seu discurso” (Macedo; Falcão, 2005, p. 4). Na construção da teoria psicanalítica, foi fazendo cada vez mais sentido refletir sobre o papel do analista e, assim como a associação livre é a regra fundamental para o paciente, a atenção flutuante é a regra fundamental para o psicanalista. ATENÇÃO FLUTUANTE: Segundo Freud, modo como o analista deve escutar o analisando: não deve privilegiar a priori qualquer elemento do discurso dele, o que implica que deixe funcionar o mais livremente possível a sua própria atividade inconsciente e suspenda as motivações que dirigem habitualmente a atenção. Essa recomendação técnica constitui o correspondente da regra da associação livre proposta ao analisando. (Laplanche-Pontalis, 2001, p. 40) Deste modo, só será possível o método psicanalítico se estiverem presentes: Associação livre (paciente); Atenção flutuante (psicanalista). Ao longo dos estudos sobre os casos clínicos de Freud, há um fato curioso que foi a situação em que a Sr.ª Emmy estava sendo atendida por Freud e ele ficava fazendo perguntas frequentes até que ela disse que ele deveria ficar quieto! Até este momento, Freud costumava interromper os pacientes pedindo mais explicações ou perguntando coisas que as faziam parar de lembrar do que estavam dizendo para atender às demandas de Freud. Esse caso levou Freud a perceber a importância da fala sem interrupções como processo de tratamento bem como a importância da atenção flutuante. A Sr.ª Emmy ensinou Freud a escutar (Anderson, 2000). Esse conceito não foi dado naquela época, mas a prática já começou a se caracterizar por meio dessas experiências clínicas. Regras Fundamentais da PsicanaliseRegras Fundamentais da Psicanalise Deve-se deixar que o paciente fale, e ele deve ser livre para escolher em que ponto começará: Associação Livre Página 03Página 03 1889 a 1891 – a paciente sra. Emmy, tratada com método catártico (hipnose, narração de experiências traumáticas, eliminação mediante sugestão), ensinou Freud a escutar ASSOCIAÇÃO LIVRE = PACIENTE ATENÇÃO FLUTUANTE = PSICANALISTA “Ao paciente cabe comunicar tudo o que lhe ocorre, sem deixar de revelar algo que lhe pareça insignificante, vergonhoso ou doloroso, enquanto ao analista cabe escutar o paciente sem o privilégio, a priori, de qualquer elemento de seu discurso” (Macedo; Falcão, 2005, p. 4) História de vida, história de sua doença, lembranças da infância, sonho... Analista: “Antes que eu possa lhe dizer algo, tenho que saber muita coisa sobre você; conte-me o que sabe a respeito de si próprio.” (Freud, 1912) Da hipnose e catarse à psicanálise: o percurso 1905 – Fragmentos da análise de um caso de histeria (Caso Dora) – 1ª vez em que usou plenamente a Associação livre 1912 – Sobre o início do tratamento – delimitação conceitual 1889 a 1891 – a paciente sra. Emmy, tratada com método catártico (hipnose, narração de experiências traumáticas, eliminação mediante sugestão), ensinou Freud a escutar Atenção flutuante Segundo Freud, este é modo como o analista deve escutar o analisando: não deve privilegiar a priori qualquer elemento do discurso dele, o que implica que deixe funcionar o mais livremente possível a sua própria atividade inconsciente e suspenda as motivações que dirigem habitualmente a atenção. Essa recomendação técnica constitui o correspondente da regra da associação livre proposta ao analisando (Laplanche-Pontalis, 2001, p. 40)
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