Buscar

As 4 Regras Técnicas legadas por Freud

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Regras técnicas legadas por freud
Regra fundamental; regra da abstinência; regra da atenção flutuante; regra da neutralidade
Bibliografia:
Uma re-visão das “regras técnicas” recomendadas por Freud. In: Manual de Técnica Psicanalítica. David Zimerman. Artmed, 2004.
· É bastante curioso que Freud não tenha dedicado muitos textos ao estudo da técnica. Isso é observado quando comparamos com a quantidade de textos teóricos.
· Apesar disso, Freud nos deixou contribuições muito importantes sobre o manejo clínico, principalmente em alguns de seus textos do período de 1912 a 1915.
· Entre essas contribuições estão as famosas “regras técnicas” recomendadas por Freud. O fato de serem geralmente conhecidas por “regras” demonstra o caráter pedagógico que Freud adotava ao falar delas. São regras mínimas, ou condições básicas de um trabalho psicanalítico.
· São 4 as principais regras legadas por Freud: 
· 1) a regra fundamental, também conhecida como associação livre; 
· 2) atenção flutuante 
· 3) a abstinência; 
· 4) neutralidade.
· A primeira pergunta que poderíamos fazer, nesse ponto é a seguinte: as regras técnicas legadas por Freud ainda são válidas hoje em dia?
· A rigor, sim. E isso nos leva a outra pergunta: o que mudou nas regras técnicas legadas por Freud? 
Regra Fundamental
· Como o próprio nome diz, essa é a principal regra da clínica psicanalítica. Também conhecida como Associação Livre. Mas por que Freud a achava tão importante?
· Nos primórdios da psicanálise, Freud descobriu que as pacientes histéricas possuem ideias e pensamentos inconscientes, e que esses conteúdos mentais inconscientes eram responsáveis pela geração de sintomas.
· A primeira forma utilizada por Freud para acessar os conteúdos mentais inconscientes era a hipnose. O método preferido de Freud era o método catártico de Breuer.
· Mas a hipnose tinha algumas desvantagens. 
· nem todos pacientes podiam ser hipnotizados; 
· as recaídas eram muito frequentes; 
· Freud não aprendia nada sobre o mecanismo da doença.
· A finalidade da hipnose era reintegrar no conjunto de representações as ideias que estavam apartadas da consciência e descarregar o afeto. Mas como a hipnose era muito falha, Freud resolveu tentar de outra forma.
· Em vez de hipnotizar o paciente, fazia-o deitar e, depois de pressionar sua testa, pedia que falasse tudo que lhe viesse à mente. Freud achava que seus pacientes poderiam acessar as ideias inconscientes sem a hipnose.
· Nascia, assim, a técnica da associação livre. Com o tempo, e com a descoberta da resistência, Freud abandonou a pressão na testa do paciente. Mas a associação livre se transformou na “regra fundamental” da psicanálise.
· Freud descobriu, com a técnica da associação livre, que os próprios pacientes resistiam a se lembrar dos conteúdos inconscientes. Mas se, por um lado, as resistências impedem o sujeito de acessar o inconsciente, por outro, este se manifesta, via deslocamento, em outros conjuntos de representações. Ao associar livremente o paciente traía e revelava, por meio do deslocamento, seu inconsciente.
· Quanto maior a quantidade de ideias que o paciente trazia ao analista, maior a chance de Freud chegar ao inconsciente, que jazia soterrado sob essas ideias. Era preciso garimpar e achar o “ouro puro da psicanálise”.
· Freud insistia ativamente na ideia de que o paciente deveria lhe contar “tudo que lhe passasse pela cabeça”. Era “fundamental” que fosse assim.
· Tudo teria que ser dito, Freud orientava seus pacientes a contar algo ainda que: 
· 1) ache desagradável; 
· 2) ache tolo ou ridículo; 
· 3) pense não ser importante; 
· 4) tenha vergonha.
· A regra fundamental era informada ao paciente no início do tratamento e o analista esperava que ele a cumprisse, ainda que não totalmente.
· Na realidade o paciente teria que concordar, meio que prometer que seguiria a regra.
· A ideia por trás da regra fundamental é a de que o inconsciente gera derivados, por meio do processo de deslocamento. Freud iria, assim, chegando aos poucos ao material inconsciente.
· De início, toda coleta de informações era realizada por meio da associação livre. Com o tempo, o próprio Freud foi incrementando esse quadro, dando também importância:
· aos sonhos, 
· aos atos falhos 
· e à transferência. 
Contudo, Freud nunca diminui sua fé na associação livre.
· Todo psicanalista espera que seu paciente associe livremente, e muitos informam ainda hoje seus pacientes da importância da regra fundamental.
· A regra fundamental continua válida?
· Sim, a associação livre ainda é a regra fundamental da clínica psicanalítica.
· Hoje em dia, ainda dizemos ao paciente que ele pode falar sobre o que bem entender, sem se preocupar se o conteúdo parece ou não ser importante. Mas não colocamos mais isso como uma regra que ele tem que seguir. Podemos acrescentar, por exemplo, que ele tem o direito de ficar quieto, se assim desejar.
· Além disso, o avanço na compreensão das comunicações não verbais desviou um pouco o foco da fala. Questões como:
· os silêncios, 
· as somatizações, 
· a entonação vocal, 
· a linguagem corporal e gestual, 
· os actings (faltas, atrasos), 
· os sentimentos contratransferenciais evocados no analista.
· Além disso, não devemos confiar demais na associação livre. Ela pode, por exemplo, estar sendo muito mais “livre” do que “associativa”. Para que a regra fundamental funcione, nada pode estar direcionando a fala, mas nem sempre é isso que está ocorrendo. Às vezes, a fala, que pode parecer livre, pode estar destinada a evitações de um assunto e a direcionar o analista, enviando-o para longe daquilo que de fato deveria estar sendo trabalhado.
· Ou a associação pode ser muito bonita e racional, mas não ter significado algum para o paciente. 
· Mas, levando em conta o determinismo psíquico, continua sendo verdade que o paciente pode falar o que quiser, e que nenhum conteúdo deve ser descartado por parecer desinteressante.
Regra da Atenção Flutuante
· A atenção flutuante é a contrapartida da associação livre.
· A atenção flutuante é uma escuta leve. Ao mesmo tempo em que você está prestando atenção ao discurso racional do paciente, você está aberto para ser “invadido” por uma ideia, por uma associação, por um caminho diferente.
· Você deixa que seu inconsciente trabalhe junto com sua parte consciente.
· O contrário disso seria atenção muito dirigida, focada em um ponto só.
· Isso pode inclusive dar origem a uma curiosidade invasiva.
· O analista também pode utilizar seus pensamentos, imagens e suas próprias associações, como fazendo de sua atenção flutuante e consequentemente da sessão.
A regra da Abstinência 
· Essa regra está ligada ao nível de envolvimento que o analista tem com o paciente.
· A regra da abstinência foi criada por Freud em seu texto “observações sobre o amor transferencial”, de 1915. Na época, prevaleciam na clínica psicanalítica as pacientes histéricas, que com certa frequência desenvolviam um estado de paixão pelo analista.
· Na época, Freud estava muito preocupado com a reputação da psicanálise e sua imagem de ciência ética. Tinha medo que o envolvimento de analistas com pacientes pudesse dar o que falar aos detratores da psicanálise.
· Foi devido a esse tipo de preocupação que Freud decidiu estipular alguns limites.
· O analista deve se abster de fazer qualquer outra coisa que não seja interpretar. O analista deve evitar qualquer tipo de gratificação sexual ou social. Seu único vínculo com o paciente seria o analítico.
· A abstinência diz respeito a manter um certo distanciamento, que seja apenas suficiente para preservar o vínculo analítico.
· Muitos analistas levaram essa advertência de Freud ao extremo dando a analistas frios e às vezes sádicos.
· Esse perfil do analista frio e distante mudou recentemente. É claro que o setting precisa ser protegido. Mas o analista não precisa perder sua espontaneidade.
· Existia uma época que os analistas não se permitiam sequer:
· Sorrir
· se emocionar.
· Não respondiam perguntas pessoais, mesmo as mais inócuas.
· Receber simples presentes.
São atitudesfóbicas.
· Às vezes evitava-se cumprimentar na rua.
· Isso mudou. O analista pode cumprimentar o paciente com um beijo no rosto ou responder algumas perguntas pessoais. Pode claro, recusar responder se quiser. E me todos os casos deve-se buscar os motivos das perguntas, qual sua relação com os conteúdos da consulta.
· O analista deve evitar, naturalmente, falar muito de si mesmo.
· Deve-se evitar, por exemplo, contratar o paciente para serviços fora do consultório.
· Muitos analistas tratam a curiosidade do paciente como patológica, como se ele não pudesse fazer nenhuma pergunta pessoal ao analista. Existe um aspecto saudável na curiosidade. Cada caso tem que ser analisado isoladamente.
· Diante de uma curiosidade saudável seria desastroso o analista ignora a pergunta ou dar uma interpretação forçada.
· Numa certa época, os encontros sociais eram praticamente proibidos. É claro que é precisamente certa discrição, e que alguns encontros e eventos sociais podem ser evitados, mas no passado isso atingiu níveis fóbicos.
· O mesmo acontecia em relação a presentes, que nunca eram aceitos. Aceitar um presente era simplesmente proibido. Mas às vezes o presente significava um gesto de gratidão. Presentes que simbolizam gratidão são geralmente simbólicos, de baixo valor material.
A regra da Neutralidade
· Em suas recomendações aos psicanalistas que exercem a psicanálise, Freud diz que “o psicanalista deve ser opaco aos seus pacientes e, como um espelho, não lhes mostrar nada, exceto o que lhe é mostrado”.
· A neutralidade diz respeito à imparcialidade, ou seja, o analista deve aceitar seu paciente pelo que ele é.
· Mas isso não significa ser indiferente.
· Esse conceito deve ser entendido no que diz respeito aos desejos de analista, suas crenças e opiniões pessoais.
· Não cabe ao analista preferir este ou aquele caminho para seu paciente. Seu papel é incentivar seu paciente a ir atrás de seus sonhos (do paciente).
· A mais alta moralidade é a aceitação do outro como alguém diferente. Os valores do paciente e suas opiniões devem ser respeitados.
· O analista não toma partido. Ele está do lado da verdade.
· É evidente que a neutralidade absoluta é um mito. O analista deixa transparecer alguns de seus valores por aquilo que ele escolhe interpretar, pela forma como se veste, pelas características de sua sal.
· A neutralidade não significa não ter seus valores e características, mas não querer que o paciente seja igual, ou julgá-lo por ser diferente.

Continue navegando

Outros materiais