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1 09 ET Caracterização dos resíduos

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Tecnologia de Tratamento de 
Resíduos 
Cristina Aparecida Vilas Bôas de Sales 
Oliveira 
Cristiano Alves de Carvalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
3 
 
 
1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS 
Apresentação 
A gestão dos Resíduos Sólidos tem por objetivo solucionar a grave problemática 
relacionada ao tema desde a sua produção, coleta, tratamento e disposição final. É o 
desafio da sociedade contemporânea minimizar os resíduos produzidos, diminuir a 
exploração dos recursos naturais e aplicar o tratamento adequado. Neste Bloco vamos 
entender a problemática da geração de resíduos no Brasil. Verificaremos os principais 
conceitos envolvendo os resíduos sólidos, como as definições, classificação e 
caracterização dos resíduos, além dos aspectos legais como a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos (PNRS). Ao final deste bloco, você deverá ser capaz de discutir sobre 
os problemas relacionados aos Resíduos Sólidos, fazer uma análise crítica sobre a 
PNRS, bem como diferenciar e entender os principais conceitos relacionados ao tema. 
1.1 Problemática da geração de resíduos 
O Brasil possui uma área de 8.514.876,599 km2 sendo o 5º maior país em extensão 
territorial do mundo, com uma população que supera a marca de 200 milhões de 
habitantes de acordo com relatório do IBGE de 2020 (IBGE, 2020). A quantidade de 
resíduos produzidos é diretamente proporcional ao crescimento populacional, 
resultante do processo de urbanização, do padrão de qualidade de vida voltado ao 
consumismo, e do aumento do poder de compra da população. 
De acordo com o relatório da ABELPRE (2019), entre 2017 e 2018 houve um acréscimo 
de 1% na produção de resíduos no Brasil o que significa em números absolutos 
aproximadamente 217 mil toneladas. A produção média de resíduos por habitante no 
Brasil está em torno de 1 kg/hab.dia. O questionamento que se faz acerca dessa 
realidade é o que fazer com este número expressivo de resíduos produzidos 
diariamente, encontrar uma forma de reaproveitarmos estes materiais nos processos 
produtivos e como descartá-los sem ocasionar grandes impactos ambientais. Um dos 
grandes desafios do mundo moderno é destinar adequadamente os resíduos sólidos 
produzidos nos processos industriais, nas residências, da limpeza urbana, dos 
estabelecimentos comerciais e hospitalares, entre outros. 
, 
 
 
4 
 
No Estado de São Paulo são produzidas cerca de 40 mil toneladas diárias de resíduos 
sólidos domiciliares. A falta de tratamento ou a disposição final precária desses 
resíduos podem causar problemas sanitários, ambientais e sociais, tais como a 
disseminação de doenças, a contaminação do solo e das águas subterrâneas e 
superficiais, a poluição do ar pelo gás metano e o favorecimento da presença de 
catadores. 
O atual cenário de desenvolvimento econômico e da sociedade de consumo 
demonstram uma exploração acelerada dos recursos naturais e, portanto, uma 
alteração do equilíbrio ecológico. Estudos apontam que o descarte inadequado de 
resíduos é um grande problema de poluição ambiental uma vez que pode contaminar 
o solo e os recursos hídricos além de aumentar a emissão de gases e material 
particulado à atmosfera (Santaella, 2014). 
A utilização de aterros sanitários para destinação dos resíduos é uma técnica muito 
antiga e menos dispendiosa, sendo muito praticada em vários países incluindo o Brasil, 
que ainda conta com um número expressivo de lixões e aterros controlados. Embora 
seja uma tecnologia estabelecida na Política Nacional de Resíduos Sólidos para a 
disposição final de resíduos, há uma grande preocupação devido aos passivos 
ambientais inerentes do processo, como por exemplo a produção de lixiviados e 
emissão de metano para a atmosfera além da utilização de grandes áreas por longos 
períodos. Um aterro sanitário é um reservatório de resíduos, construído e implantado 
sob condições estruturais e operacionais que visam minimizar os impactos 
relacionados a contaminação do solo, dos recursos hídricos e da atmosfera, porém os 
riscos potenciais são inerentes as atividades. (Lima, 2012). 
O processo de decomposição da matéria orgânica nos aterros sanitários produz um 
liquido de cor marrom denominado chorume que pode contaminar o solo e as águas 
subterrâneas e superficiais, gera um gás composto basicamente por metano (CH4) que 
tem um potencial de aquecimento global superior ao dióxido de carbono (CO2) 
contribuindo de forma significativa com as mudanças climáticas, além dos locais de 
disposição de resíduos serem fontes de atração de vetores e agentes transmissores de 
doenças (Gouvêa, 2012). 
, 
 
 
5 
 
Uma alternativa ao aterro sanitário, muito utilizada principalmente em países 
desenvolvidos, é a incineração que também apresenta aspectos negativos. O processo 
requer condições específicas para o tratamento dos resíduos, como por exemplo o 
teor de umidade e suas características são aspectos limitantes a utilização dos 
incineradores. Este processo consiste num tratamento térmico a alta temperatura, que 
acarreta na formação de substâncias tóxicas como as dioxinas e furanos, devido a 
presença de elementos precursores de sua formação, por exemplo o cloro presente 
nos plásticos. (Lima, 2012, Lora, 2013). Este tipo de tecnologia é recomendado ao 
tratamento de resíduos industriais e de serviços de saúde devido a periculosidade que 
os mesmos apresentam. 
No Brasil a maior porcentagem de contribuição dos resíduos é a matéria orgânica, e 
para tanto tem se disponível a compostagem, que tem por objetivo a produção de um 
composto fertilizante a partir da decomposição aeróbia da fração orgânica dos 
resíduos. Este processo requer o controle das condições ambientais para obtenção de 
um produto de qualidade e garantir a eficiência do processo. Este processo requer a 
instalação de um sistema de drenagem de percolados produzidos nas leiras de 
decomposição e encaminhamento ao tratamento (Barros, 2012). 
Para que as tecnologias descritas acima atinjam o seu objetivo principal é necessário 
que seja implantado um programa de coleta seletiva que consiste na separação de 
materiais em função da sua composição e características direto da fonte geradora. 
Este programa visa destinar os resíduos para o reaproveitamento e a reciclagem, de 
forma que possa ser utilizado na cadeia produtiva poupando os recursos naturais. As 
vantagens da reciclagem são inúmeras como, por exemplo, a preservação de recursos 
naturais; a geração de emprego e renda aos catadores de recicláveis e conscientização 
da população para a preservação do meio ambiente. De acordo com CEMPRE (2018), o 
Brasil possui mais de 700 municípios que implantaram um programa de coleta seletiva, 
entretanto o custo do beneficiamento dos recicláveis é considerado superior ao custo 
de matéria-prima primária inviabilizando o processo. 
 
, 
 
 
6 
 
1.2 Resíduos Sólidos: Definição, Classificação e Características 
1.2.1 – Definição 
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas-ABNT, em sua NBR 10004/2004, 
resíduos sólidos podem ser definidos como os materiais nos estados sólido e 
semissólidos, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, 
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Incluem-se nesta categoria os lodos 
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e 
instalações de controle de poluição, líquidos cujas características se tornem inviáveis 
de lançamento na rede pública de esgotos ou recursos hídricos, ou aqueles materiais 
que requerem soluções técnica e economicamente inviável diante das tecnologias 
atualmente disponíveis (ABNT, 2004). 
A política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) promulgada pela Lei 12305/2010 e 
regulamentada pelo Decreto 7.004/2010 define resíduos como todo material ou 
substância resultante de atividades antrópicas, podendo estar nos estados sólido ou 
semissólido, gasoso ou líquido cujas características inviabilizemo seu lançamento na 
rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou que exijam, para isso, soluções 
técnicas para adequá-las ao lançamento ou disposição final ambiental adequada. 
(Brasil, 2010 a; Brasil, 2010b). 
A Lei 12305/2010 estabelece uma diferença entre resíduos e rejeitos. Os rejeitos são 
os materiais que sobram dos resíduos sólidos após o seu reaproveitamento ou 
reciclagem. Na PNRS a definição de rejeitos é dada por qualquer resíduo que após 
esgotadas todas as possibilidades economicamente viáveis de reaproveitamento, 
tratamento e recuperação, não oferece nenhuma possibilidade de utilização, restando 
apenas a disposição final ambientalmente adequada em aterros, observando as 
normas operacionais específicas para o descarte (Brasil, 2010a). 
Conhecer os diferentes tipos de resíduos, as características e a classificação são 
essenciais para o adequado gerenciamento, que serão importantes nas etapas de 
acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final. O conhecimento 
sobre as origens, características e periculosidade dos resíduos auxilia nas tomadas de 
decisão por parte dos responsáveis pelo correto encaminhamento dos mesmos. 
(Mambeli Barros, 2012). 
, 
 
 
7 
 
A seguir serão apresentadas as classificações baseadas na origem e periculosidade, as 
características físicas, químicas e biológicas para efeitos de manejo, tratamento e a 
disposição final ambientalmente adequadas. 
1.2.2 Classificação em relação a origem e periculosidade 
Os resíduos, devido as suas características, podem ser classificados em função da sua 
origem e periculosidade conforme estabelecido nas normas NBR 10004 da ABNT e a 
Lei 12305/2010 conforme exemplificado na Tabela 1.1 (ABNT, 2004; Brasil, 2010a) 
Tabela 1.1. Classificação dos resíduos de acordo com as legislações vigentes 
 
Classificação Tipos 
Le
i 1
23
05
/2
0
10
 –
 
P
o
lít
ic
a 
N
ac
io
n
al
 d
e 
R
es
íd
u
o
s 
Só
lid
o
s 
Quanto à 
origem: 
a) resíduos domiciliares: Originários de atividades domésticas 
(sobras de alimentos, garrafas de vidro, plásticos, embalagens, 
papel higiênico, fraldas, descartáveis, entre outros resíduos 
tóxicos como pilhas, baterias, solventes, inseticidas, etc.). 
b) resíduos de limpeza urbana: resíduos de varrição, limpeza de 
logradouros e vias públicas (folhas, galhos de árvores, terra, 
areia). 
c) resíduos sólidos urbanos: contempla os resíduos domiciliares e 
de limpeza urbana. 
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de 
serviços: Gerados nessas atividades, com exceção dos resíduos 
domiciliares, de limpeza urbana, serviços de saúde, construção 
civil, transporte. Contemplam os materiais de escritório, papel, 
papelão, plástico, embalagens em geral. 
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: 
contemplam os lodos das Estações de tratamento de água e 
esgoto. 
f) resíduos industriais: Gerados nos processos produtivos e 
instalações industriais. Sujeitos a implementação de plano de 
gerenciamento de resíduos devido à importância desta categoria 
de resíduos. 
g) resíduos de serviços de saúde: Gerados nos serviços de saúde 
(hospitais, clinicas, unidades de saúde). Sujeitos a implementação 
de plano de gerenciamento de resíduos devido à importância 
desta categoria de resíduos. 
h) resíduos da construção civil: Gerados nas construções, 
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, 
incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos 
para obras civis (contemplam os tijolos, concretos, madeira, 
cerâmica, tintas e solventes, solos, argamassa, entre outros. Esta 
classe de resíduos recebe uma classificação específica conforme 
Resolução Conama nº307/2002) - Sujeitos a implementação de 
plano de gerenciamento de resíduos devido à importância desta 
categoria de resíduos 
, 
 
 
8 
 
i) resíduos agrossilvopastoris: Gerados nas atividades 
agropecuárias e silviculturais (Contemplam resíduos perigosos 
como embalagens de fertilizantes químicos e pesticidas). Estão 
sujeitos a implementação de plano de gerenciamento de resíduos 
devido à importância desta categoria de resíduos 
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, 
aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e 
passagens de fronteira. Estão sujeitos a atendimento de medidas 
sanitárias pelo risco de transmissão de doenças e disseminação 
de pragas. 
k) resíduos de mineração. São gerados na atividade de pesquisa, 
extração ou beneficiamento de minérios. Para esta classe de 
resíduos há normas específicas para remoção de poluentes como 
bário, sulfetos, arsênios, óleos e graxas, chumbo, cádmio, 
cianetos entre outros. 
Quanto à 
periculosid
ade: 
a) resíduos perigosos: Aqueles que, em razão de suas 
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, 
toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e 
mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou 
à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma 
técnica. 
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea 
“a”. 
N
B
R
 1
0.
00
4
 d
a 
A
B
N
T
 
Quanto 
aos Riscos 
Potenciais 
CLASSE I - PERIGOSOS: São resíduos que apresentam 
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, 
toxicidade ou patogenicidade, com possibilidade de acarretar 
riscos à saúde pública 
CLASSE II – NÃO PERIGOSOS: São subdivididos em duas classes: 
 
 Resíduos Classe II A- Não inertes = passíveis de apresentar 
características de combustibilidade, biodegradabilidade ou 
solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde 
ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas 
classificações de resíduos Classe I –Perigosos – ou Classe II 
B – Inertes. 
 Resíduos Classe II B- Inertes = são resíduos que, ao serem 
amostrados conforme NBR 10007 e submetidos a um 
contato estático ou dinâmico com água destilada ou 
deionizada, a temperatura ambiente, conforme teste de 
solubilização segundo a norma NBR 10.006, não 
apresentou nenhuma alteração de seus constituintes a 
concentrações superiores aos padrões de potabilidade da 
água, exceto aos padrões relacionados ao aspecto, cor, 
turbidez e sabor conforme estabelecido na NBR 10.004. 
Quanto a 
Natureza 
Lixo doméstico ou residencial 
Lixo comercial 
, 
 
 
9 
 
ou Origem Lixo público 
Lixo domiciliar especial: Entulho de obras, Pilhas e baterias, 
Lâmpadas fluorescentes, Pneus. 
Lixo de fontes especiais: Lixo industrial, Lixo radioativo, Lixo de 
portos, aeroportos e terminais rodoferroviários, lixo agrícola, 
resíduos de serviços de saúde. 
1.2.3 Características dos resíduos 
Os resíduos sólidos possuem características física, químicas e biológicas distintas entre 
si e seu prévio conhecimento contribui para o correto gerenciamento dos mesmos. 
Algumas dessas caraterísticas são influenciadas por aspectos como número de 
habitantes por município, poder aquisitivo, escolaridade e hábitos da população 
residente bem como as condições climáticas (CEMPRE, 2018). 
Os parâmetros de geração consistem na taxa de geração por habitante (taxa per 
capita) bem como o nível de abrangência de atendimento dos serviços públicos. A 
composição gravimétrica do resíduo é obtida pela determinação do porcentual de seus 
componentes como vidro, plástico, papel, metais, matéria orgânica, entre outros. 
1.2.3.1 Características Físicas 
As características físicas são importantes para o correto gerenciamento de resíduos, o 
dimensionamento das unidades envolvidas no processo, as possibilidades de 
reciclagem e tratamento mais adequadas além da disposição final. A seguir são 
apresentadas algumas das características físicas mais relevantes. 
Composição Gravimétrica 
Característica que aponta as porcentagens das frações do lixo como por exemplo 
papel, papelão, plástico matéria orgânica, metal, vidro, dentre outros. A caracterização 
por frações apresenta o potencial econômico dos resíduos devido as possibilidadesde 
aproveitamento de materiais e avalia o melhor método para tratamento como, por 
exemplo, a compostagem ou incineração. 
 
, 
 
 
10 
 
Para a caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos, a CETESB (1990) 
recomenda o método do quarteamento que consiste em uma mistura em que a 
amostra bruta é dividida em quatro partes iguais, denominadas de quartis. Dessas 
quatro divisões, soma-se o conteúdo de dois quartis opostos entre si formando 
novamente uma amostra, que será submetida a um novo processo de quarteamento 
até que se obtenha uma amostra de volume desejável para a caracterização 
gravimétrica ou físico química. Para a coleta das amostras devem ser contempladas as 
diferentes áreas da cidade (regiões residenciais e comerciais, de bairros nobres e com 
menos recursos) e também dias diferentes da semana (épocas de festas) (Barros, 
2012). 
As características dos resíduos variam em função da geração per capita, do grau de 
desenvolvimento social e econômico. Verifica-se também uma diferença entre a 
composição gravimétrica de alguns países como mostra na Tabela 1.2 (HABITZREUTER, 
2008, Maciel (2009), (CEMPRE, 2018). 
Tabela 1.2. Composição gravimétrica de RSU em diferentes países 
Países 
Mat. 
orgânica 
Papel, 
papelão. 
Plástico Metais Vidros Outros 
Estados Unidos 29 35,6 7,3 8,9 8,4 10,8 
Japão 22,2 31,1 15,5 6,4 13,8 11 
Reino Unido 23,4 33,9 4,2 7,1 14,4 17 
Itália 42,1 22,3 7,2 3 7,1 18,3 
Austrália 23,6 39,1 9,9 6,6 10,1 10,7 
Coreia do Sul (Seul) 22,3 16,2 9,6 4,1 10,6 37,2 
Áustria (Viena) 23,3 33,6 7 3,7 10,4 22 
França (Paris) 16,3 40,9 8,4 3,2 9,4 21,8 
Brasil (São Paulo) 64,4 14,4 12 3,2 1,1 4,9 
México 54,4 20 3,8 3,2 8,2 10,4 
Índia 78 2 0 0,1 0,2 19,7 
 
 
, 
 
 
11 
 
 Geração per capita 
Esta propriedade mensura a quantidade diária de resíduos produzidos pela população 
em um período específico. Geralmente refere-se à quantidade de lixo efetivamente 
coletada pelos serviços públicos de limpeza urbana e a parte da população atendida. 
Este parâmetro é extremamente importante para o dimensionamento da frota de 
veículos coletores, das instalações e equipamentos necessários ao sistema de 
gerenciamento dos resíduos. Conforme mencionado anteriormente, o padrão de 
consumo da população influencia na contribuição per capita (Barros, 2012). Observa-
se também uma diferença na geração per capita entre as distintas regiões do Brasil, 
notando inclusive valores distintos entre bairros de uma mesma cidade. No Brasil a 
contribuição per capita varia entre 0,4 a 1,0 kg/hab.dia (Abelpre, 2019). 
De acordo com o CEMPRE (2018) uma estimativa da quantidade de resíduos produzida 
pela população atual e futura pode ser determinada a partir das equações a seguir: 
 Geração de RSU atual: A x B x C0 (kg/dia); 
 Previsão de geração de RSU futura: [A x (1 + D)n] x [B x (1 + E)n] x Ct (kg/dia). 
Onde: 
A – População atual; 
B – Geração per capita de lixo (kg/hab.dia); 
C0 – Nível de atendimento atual dos serviços de coleta de lixo (%); 
D – Taxa de crescimento populacional (%); 
E – Taxa de incremento da geração per capita de lixo (%); 
Ct –Parcela de atendimento dos serviços de coleta após n anos (%); 
n –Tempo considerado em anos. 
 
, 
 
 
12 
 
 Peso específico aparente 
É uma propriedade dada pela relação entre o peso do resíduo (kg) não compactado (in 
natura, sem compactação) e o volume ocupado (m3) cuja unidade é dada por kg/m3 
conforme apresenta a equação abaixo: 
Peso Específico (kg/m3) = Peso da Amostra (kg)/Volume do recipiente(m3) 
A partir deste parâmetro é possível determinar a capacidade volumétrica dos veículos 
de coleta de resíduos, transporte e no dimensionamento de unidades de disposição 
final ambiental adequada (aterros sanitários), (Mambeli Barros, 2012). Quando não for 
possível determinar o peso específico dos resíduos pode se utilizar os valores de 
230kg/m3 para resíduos domiciliares, de 280kg/m3 para resíduos de serviços de saúde 
e de 1.300kg/m3 para entulhos (Monteiro, 2001). 
 Teor de Umidade 
Parâmetro que representa a quantidade de água contida na massa de resíduos sendo 
mensurada a partir da relação entre o peso da amostra úmida (in natura) (a) em kg e o 
peso da amostra após um processo de secagem (b) em kg conforme apresentado na 
equação abaixo: 
Umidade (%) = [(a-b)/a]*100 
Esta característica é essencial para o correto dimensionamento dos equipamentos de 
coleta, influencia no poder calorífico dos resíduos quando do aproveitamento 
energético dos mesmos, na densidade e ainda na velocidade de decomposição da 
fração biodegradável. Este parâmetro varia de acordo com a composição gravimétrica 
dos resíduos bem como com a estação do ano, índice pluviométrico. Em média, o teor 
de umidade dos resíduos varia entre 30 a 40% (Barros, 2012). 
 
 
 
, 
 
 
13 
 
 Grau de compressividade 
Este parâmetro indica o grau de compactação ou redução de volume de uma 
determinada massa de resíduos ao ser compactada. De acordo com Monteiro (2001), 
ao ser submetida à pressão equivalente a 4kg/cm2, o volume de resíduos pode ser 
reduzido em torno de um terço a um quarto do volume inicial. É importante 
determinar este parâmetro para fins de dimensionamento da capacidade volumétrica 
dos veículos de coleta e transporte de resíduos e da capacidade do aterro sanitário. 
1.2.3.2 Características Químicas 
 Poder Calorífico: 
Segundo Nogueira & Lora (2003), o poder calorífico de um material corresponde ao 
conteúdo de energia térmica liberada durante as reações químicas de combustão 
completa para uma unidade de massa ou volume. A unidade representativa deste 
parâmetro pode ser expressa em kJ/kg, kJ/m³, kcal/m³ ou kcal/kg. 
A fração de matéria orgânica dos resíduos no Brasil varia em torno de 60% conferindo 
a este, portanto, um bom potencial energético. De acordo com Lora (2008), o Poder 
Calorífico Inferior (PCI) médio do resíduo domiciliar é de 1.300 kcal/kg (5,44 MJ/kg). 
Deve -se ressaltar que o Poder calorífico varia muito em função das características dos 
resíduos, por exemplos resíduos com alto teor de plástico apresentam alto poder 
calorífico se comparado a resíduos com maior predominância de matéria orgânica. 
(Barros, 2013). É um parâmetro essencial no dimensionamento de equipamentos 
como incineradores pois quanto maior o poder calorífico, maior será a energia liberada 
no reator para geração de energia, quando se pretende o aproveitamento energético 
dos resíduos (CEMPRE, 2018, Barros, 2012). 
 Composição química 
Refere-se aos teores de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, 
fósforo, resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras. Resíduos orgânicos 
apresentam maiores teores de C, H, N, S, O. Este parâmetro indica a tecnologia de 
tratamento de resíduos mais adequada, especialmente se o objetivo for a 
compostagem, incineração ou mesmo a disposição final ambiental adequada (aterros) 
(Barros, 2012). 
, 
 
 
14 
 
 Relação C/N 
O parâmetro carbono/nitrogênio indica o grau de decomposição da matéria orgânica 
de resíduos quando submetidos a tratamento e ou disposição final. Em geral, essa 
relação encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1. (Barros 2013, CEMPRE, 2018). De 
acordo com Barros (2012) uma alta relação C/N está diretamente relacionada a maior 
degradabilidade dos resíduos. Este parâmetro é essencial para o controle da 
decomposição de resíduos através de tratamento biológico, como por exemplo a 
compostagem. 
 Potencial hidrogeniônico (pH) 
Os resíduos apresentam um teor de acidez e alcalinidade que varia em função da sua 
composição química. Este parâmetro é denominado potencial hidrogeniônico (pH) que 
indica o teor de acidez ou alcalinidade dos resíduos que varia entre 5 a 7. 
Este parâmetro é extremamente importante para o processo de digestão dos resíduos 
uma vez que variações inibem ou aceleram o processo de decomposição da massa de 
resíduosquando dispostos em aterros sanitários ou em processos de tratamento, 
como a compostagem por exemplo. 
1.2.3.3 Características Biológicas 
As características biológicas dos resíduos estão relacionadas aos tipos de 
microrganismos e de agentes patogênicos presentes. Devido à presença e ao 
metabolismo dos microrganismos, é possível traçar as tecnologias de tratamento e 
disposição final ambientalmente adequada, uma vez que estes organismos 
desempenharão um papel importante nas fases de decomposição dos resíduos. Os 
tipos microrganismos presentes nos resíduos podem favorecer a decomposição 
aeróbia (presença de oxigênio) ou anaeróbia (ausência de oxigênio) e, portanto, 
influencia a tecnologia de tratamento e disposição final mais adequada (Mambeli 
Barros, 2012; Monteiro, 2001). 
, 
 
 
15 
 
A caracterização biológica dos microrganismos presentes nos resíduos é essencial para 
o caso de haver a necessidade de aplicar inibidores de cheiro em veículos de coleta 
e/ou para acelerar ou retardar a decomposição da matéria orgânica presente no lixo. 
1.3 Política Nacional de Resíduos Sólidos 
A Lei 12.305, de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos que 
passou a contar com instrumentos jurídicos para a gestão de resíduos no Brasil. Esta 
política integra a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/81), a Política Nacional 
de Educação Ambiental (Lei 9.795/99) complementando a de Saneamento Básico (Lei 
11.445/07) (Brasil, 2010 a). 
A PNRS, em seu primeiro artigo, dispõe sobre princípios, objetivos e instrumentos 
estabelecendo diretrizes para o gerenciamento dos resíduos sólidos, delega 
responsabilidades aos geradores ao poder público e a sociedade bem como designa 
instrumentos econômicos voltados ao setor. A PNRS torna todos os envolvidos no 
processo como responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos e, portanto, da gestão dos 
resíduos. Esta lei trata de todos os tipos de resíduos com exceção dos rejeitos 
radioativos que possui uma legislação específica (Lei nº 10.308/ 2001) (Brasil, 2020). 
A PNRS estabelece os princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão de 
resíduos sólidos conforme apresentado na 1.3. 
Tabela 1.3. Designações da Política Nacional de Resíduos Sólidos 
Parâmetros Significado Principais exemplos 
Princípios 
Ideias básicas 
da Lei 
A prevenção e a precaução, 
A visão sistêmica que considere as variáveis ambiental, 
social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde 
pública 
Poluidor-pagador e o protetor-recebedor 
Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos 
produtos; 
Reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e 
reciclável como um bem econômico e de valor social, 
geração de emprego e renda e promoção de inclusão 
social; 
, 
 
 
16 
 
Objetivos 
O que se visa 
alcançar com 
esta lei 
Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental 
Não geração, redução, reutilização, reciclagem e 
tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição 
final ambientalmente adequada dos rejeitos 
Adoção de padrões sustentáveis de produção e 
consumo de bens e serviços 
Utilização de tecnologias limpas 
Gestão integrada de resíduos sólidos 
Incentivo à indústria da reciclagem 
Instrumentos 
Procedimentos 
a serem 
utilizados para 
se alcançar os 
objetivos 
pretendidos 
Planos de resíduos sólidos 
Coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras 
ferramentas relacionadas à implementação da 
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos 
produtos 
Educação ambiental; 
Cooperação técnica e financeira entre os setores 
público e privado para o desenvolvimento de pesquisas 
de novos produtos, métodos, processos e tecnologias 
de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de 
resíduos e disposição final ambientalmente adequada 
de rejeitos; 
Pesquisa científica e tecnológica 
Diretrizes 
Trata-se da 
linha de 
trabalho a ser 
seguida 
Na gestão de resíduos deve ser seguida uma ordem de 
prioridade: não geração, redução, reutilização, 
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e 
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. 
Cabe ao Distrito Federal e dos Municípios a gestão dos 
resíduos sólidos 
Fonte: (Brasil, 2020) 
Compete ao poder público local o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos em 
seus municípios, sendo este o responsável pela elaboração do Plano Municipal de 
Gestão Integrada. O poder público local é o responsável por contratar os serviços de 
coleta, transporte, tratamento e disposição final. A população possui a 
responsabilidade de acondicionar adequadamente os resíduos para o bom 
funcionamento do sistema de coleta. 
 
 
, 
 
 
17 
 
De acordo com a Lei 12.305/2010 a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida 
do produto (que se refere às etapas de desenvolvimento do produto, da obtenção de 
insumos e matérias-primas, o processo produtivo, o consumo final bem como a 
disposição final) é um conjunto de atribuições a todos os envolvidos no processo, 
desde fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores 
finais até aos prestadores de serviços públicos de limpeza urbana, para reduzir a 
quantidade de resíduos e rejeitos produzidos de forma a minimizar os impactos a 
saúde pública e ao meio ambiente. 
A responsabilidade compartilhada é uma espécie de responsabilidade solidária, que 
tem por objetivo central garantir maior efetividade na proteção ambiental tornando 
todos responsáveis pela gestão dos resíduos, promovendo a redução dos resíduos 
gerados através do reaproveitamento e reciclagem; o estímulo para o 
desenvolvimento de produtos e processos derivados de materiais recicláveis; e o 
estímulo a boas práticas de sustentabilidade. 
Dentre os instrumentos previstos na PNRS, a logística reversa caracteriza-se por um 
conjunto de ações e procedimentos destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos 
resíduos sólidos ao setor empresarial após o consumo. Estes resíduos devem ser 
reaproveitados no próprio ciclo produtivo ou como matérias primas em outros ciclos, 
ou ainda quando não for possível sua utilização deve ser encaminhada a destinação 
final ambientalmente adequada. 
A Lei prevê que haja investimento no desenvolvimento de produtos aptos a reciclagem 
e reaproveitamento com menor geração de resíduos e o devido recolhimento dos 
resíduos remanescentes após o uso para reutilização e ou a destinação final 
ambientalmente adequada. 
A grande maioria dos resíduos encontrados no meio ambiente advém do setor de 
embalagens e a PNRS estabelece que estas devem ser fabricadas com materiais que 
propiciem a reutilização ou a reciclagem, que possuam volume e peso 
correspondentes às dimensões necessárias para a proteção do produto, porém de 
forma a minimizar a quantidade de resíduos. 
, 
 
 
18 
 
De forma a garantir os objetivos previstos na Lei 12305/2010 os fabricantes, 
importadores, distribuidores e comerciantes de embalagens e produtos considerados 
perigosos ou tóxicos conforme listados abaixo ficam obrigados a implementar um 
sistema de logística reversa, independente do serviço público de limpeza urbana. 
 Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, outros produtos considerados 
perigosos; 
 Pilhas e baterias; 
 Pneus; 
 Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
 Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
 Produtos eletroeletrônicos e seus componentes. 
A logística reversa pode ser implementada em parceria com cooperativas de catadores 
de materiais recicláveis e, desde que apresente viabilidade econômica, pode se 
estender a outros tipos de embalagens como, por exemplo, vidro, metal e plástico 
(Brasil, 2010 a). 
De acordo com Santos (2017) inúmeros são os benefícios da logística reversa, 
principalmente aqueles voltados à proteção ao meio ambiente, devido a redução da 
extração de recursos naturais, diminuição de resíduos com a reutilização e reciclagem 
deprodutos; redução do consumo de água e energia nos processos de fabricação de 
insumos primários, melhoria da imagem da empresa perante o mercado acarretando 
em marketing verde, observa-se um aumento nos lucros da empresa, pois a prática de 
reutilização de resíduos (matéria-prima) promove a redução de custos de compra de 
insumos. 
A Fonte: Adaptado de Soares, 2016 
Figura 1.1 apresenta um esquema do sistema de logística reversa e responsabilidade 
compartilhada, conforme previsto na PNRS. 
, 
 
 
19 
 
 
Fonte: Adaptado de Soares, 2016 
Figura 1.1. Logística reversa e responsabilidade compartilhada 
Segundo Oliveira (2013) a coleta seletiva e a reciclagem são instrumentos previstos na 
PNRS que são essenciais para a implantação da responsabilidade compartilhada pelo 
ciclo de vida dos produtos e a promoção da inclusão social. A coleta seletiva é definida 
como a coleta de resíduos previamente separados de acordo com sua composição 
gravimétrica e destinados ao reaproveitamento e reciclagem. Vale ressaltar a 
importância estratégica da coleta seletiva para atender os princípios da 
sustentabilidade através de programas de educação ambiental, da geração de trabalho 
e renda à população menos favorecida. 
A reciclagem é um processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a 
alteração de suas propriedades física, química ou biológica, de forma a transformá-los 
em insumos para novos produtos ou no mesmo ciclo produtivo original. A reutilização, 
ao contrário da reciclagem, trata do aproveitamento dos resíduos sem sua 
transformação. 
 
 
, 
 
 
20 
 
A coleta seletiva e a reciclagem contribuem para a proteção do meio ambiente devido 
a redução do consumo de energia e água dos processos produtivos, redução da 
extração de recursos naturais, aumento da vida útil dos aterros, promove a redução do 
desperdício, reduz os recursos financeiros destinados a limpeza urbana, proporciona 
benefícios econômicos às indústrias que aproveitam materiais primas recicláveis mais 
baratas, além de ter uma apelo social significativo com a geração de emprego e renda 
pela comercialização dos recicláveis. 
A PNRS prevê que os resíduos sejam submetidos a tratamento para redução de volume 
e periculosidade. O tratamento de RSU consiste de uma série de procedimentos 
físicos, químicos e biológicos de forma a reduzir a carga poluidora, reduzir os impactos 
sanitários negativos além de promover o beneficiamento econômico do resíduo. No 
Brasil, a prática utilizada com os resíduos é a disposição em aterros sanitários, 
enquanto em países desenvolvidos tiveram um avanço tecnológico significativo que 
proporcionou o aproveitamento energético de matérias primas na cadeira produtiva e 
inúmeros ganhos ambientais. A Tabela 1.4 apresenta as principais tecnologias de 
tratamento disponíveis para a destinação adequada de resíduos sólidos (Jucá, 2014). 
Tabela 1.4. Tecnologias de Tratamento de Resíduos 
Tecnologia de 
Tratamento Processo Evolução Produtos Inovação 
Triagem Físico 
Coleta Seletiva, 
Tratamento 
Mecânico - 
Biológico 
Matéria-
Prima para 
reciclagem 
e energia 
Recuperação dos 
resíduos - Energia 
Derivada dos 
Resíduos (Waste to 
Energy- WTE) 
Tratamento 
biológicos 
Biológico 
Biodigestores 
Anaeróbios, 
Compostagem 
Composto 
orgânico e 
Energia 
Agricultura e Energia 
derivada dos 
resíduos (Waste to 
Energy) 
Incineração 
Físico-
Química 
Tratamento 
Térmico 
Vapor e 
Energia 
Elétrica 
Energia Derivadas 
dos Resíduos (Waste 
to Energy) 
Aterros 
Sanitários 
Físico, 
Químico e 
Biológico 
Reator Anaeróbio, 
Tratamento da 
Matéria Orgânica 
Biogás 
(Energia) e 
lixiviado 
Energia Derivadas 
dos Resíduos (Waste 
to Energy) e 
Fertilizantes 
, 
 
 
21 
 
A PNRS conceitua destinação final ambientalmente adequada como aquela que inclui a 
reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento 
energético ou outras destinações como, por exemplo, a disposição final desde que 
atendam aos requisitos legais para evitar riscos à saúde pública e ao meio ambiente. 
Ao serem esgotadas as possibilidades de reutilização, reciclagem e tratamento, a lei 
estabelece que os resíduos, agora categorizados como rejeitos, devam ser dispostos de 
forma ambientalmente correta, através do que conceitua como disposição final 
ambientalmente adequada. Esta disposição trata da distribuição ordenada de rejeitos 
em aterros sanitários, observando as normas operacionais específicas de forma a 
evitar danos à saúde pública e ao meio ambiente. 
Para atender os objetivos propostos na lei, a PNRS estabelece alguns instrumentos 
econômicos como, por exemplo, a instituição de linhas de financiamento para 
empresas que visam a prevenção e redução da geração e resíduos, aquelas destinadas 
ao desenvolvimento de produtos que gerem menor impacto ambiental, às iniciativas 
de implantação de infraestrutura destinada a associação de catadores de recicláveis e 
a coleta seletiva e logística reversa, os planos de gerenciamento de resíduos (Brasil, 
2010a). 
A Lei 12.305/2010 estabelece a elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos 
Sólidos aos geradores de resíduos de Serviços Públicos de Saneamento Básico, 
Resíduos Industriais, de Serviços de Saúde e de Mineração, aos estabelecimentos 
comerciais que produzam resíduos perigosos ou de grande volume como é o caso dos 
resíduos da Construção Civil e, por fim, os resíduos derivados dos serviços de 
transporte e do segmento agrosilvopastoris (Becker, 2013). 
, 
 
 
22 
 
De acordo com a PNRS um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos deve 
descrever o empreendimento ou atividade; apresentar um diagnóstico dos resíduos 
sólidos gerados informando a origem, o volume e a caracterização dos mesmos; e 
incluir os passivos ambientais relacionados ao desempenho das atividades. O plano 
deve contemplar ainda os envolvidos no processo apontando os responsáveis pelas 
etapas do gerenciamento; os procedimentos operacionais; apresentar a identificação 
das soluções compartilhadas com outros geradores se for o caso; descrever as ações 
preventivas e corretivas em casos de emergências; as metas previstas para redução da 
geração de resíduos; e as ações relacionadas a responsabilidade compartilhada pelo 
ciclo de vida dos produtos. O plano de Gerenciamento de resíduos sólidos constitui 
item obrigatório da documentação necessária para obtenção das licenças ambientais 
do empreendimento (Brasil, 2010 a, Becker, 2013). 
Conclusão 
Neste bloco você aprendeu os principais conceitos envolvendo a temática resíduos 
sólidos, a problemática envolvendo o descarte inadequado, o quanto o desperdício 
promove a geração descontrolada de resíduos e como impactam o meio ambiente. 
Foram apresentadas as principais características físicas, químicas e biológicas e a 
classificação dos resíduos quanto a origem e periculosidade. Por fim foram abordados 
os principais aspectos da Política Nacional dos Resíduos Sólidos que vem estabelecer 
as diretrizes. 
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