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Introdução às Vacinas

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Introduçã� à� Vacina�
Definiçõe�:
Vacina: preparação
biológica que estimula
imunidade contra uma
doença.
As vacinas funcionam
mimetizando o agente
causador de uma
doença estimulando o
sistema imune a montar uma defesa contra eles.
Método mais barato e eficaz para prevenção de
doenças provocadas por microrganismos.
Responsável pelo controle de diversas doenças
infecciosas com histórico devastador.
Maior responsável pela redução da mortalidade
e crescimento populacional no mundo.
Varíol�:
Evidências clínicas de varíola na tumba de
Ramsés V morto em 1145 AC. Há registros
médicos sobre varíola na Índia e China, da
mesma época.
Infecção com Variola major (mais grave) e V.
menor.
A partir da idade média a varíola se estabeleceu
na Europa, com epidemias periódicas. No séc.
XVIII matava 400 mil europeus por ano.
Foi introduzida às Américas no século XVI e
ajudou a dizimar as populações nativas.
No século 20, matou >300 milhões de pessoas.
A variolação reduzia o risco de desenvolvimento
de formas graves de varíola, mas nunca foi uma
técnica segura.
Se a preparação do inoculo não fosse bem
executada, provocava a doença.
A mortalidade por varíola em populações
infectados com V. minor era em torno de 2%.
Quando usada feridas de doentes por V. major
era de 30%.
Chineses secavam ao sol cascas das feridas de
varíola e sopravam na narina com auxilio de um
bambu.
Na Europa, Lady Montagu (esposa do
embaixador britânico na Turquia), teve varíola
leve e havia perdido um irmão com a doença. Na
Turquia inoculou seu filho e na volta à Inglaterra
a filha.
Após uma resistência inicial a prática se
espalhou pelo continente, popularizada pela
adesão da aristocracia e da realeza.
As técnicas diferiam:
➔ Algodão com pó de crostas ou pus inserido
no nariz, vestirroupasíntimas dedoentes
➔ Incrustar crostas emarranhões
➔ Picar a pele com agulhas contaminadas
➔ Fazer um corte na pele e colocar um fio
infectado ou uma gota de pus
Durante uma epidemia de varíola em 1774,
Benjamin Jesty inoculou pústulas de vaccínia na
mulher e dois filhos. Todos sobreviveram.
Edward Jenner investigou a crença:
trabalhadores infectados pela vaccínia com
pústulas semelhantes às dos animais, não eram
infectados com a varíola.
Em 14 de maio de 1796 Jenner retirou pus de
uma bol ha causada por va ccínia da mão de uma
mulher e inoculou e m ambos os bra ços de
James Phipps, que desenvolve u uma infecção l
ocal leve. A pós 2 meses, Jenner i noculou varíola
no me nino. Nenhum sinal de infecção ocorreu,
o James foi imune a varíola.
Jenner testou a hipótese em 23 indivíduos e em
1798 publicou o trabalho “Um Inquérito sobre as
causas e os efeitos da vacina da Varíola”.
Grupos religiosos a lertavam pa ra o risco da
degeneraçã o da ra ça huma na pela conta
minação com materia l bovino: a vacalização ou
minotaurização.
Mas, em 1799, criou o primeiro instituto pa ra
vacinas em Londres e, em 1802, fundava-se a
Royal Jennerian Society for the Extermination of
the Small-pox.
Varíola humana foi erradicada por vacinação no
dia 9 de dezembro de 1979. É a primeira e única
doença humana a ser erradicada.
Há apenas duas reservas de varíola no mundo:
Centers for Disease Control and Prevention
(CDC) – EUA e State Research Center of Virology
and Biotechnology (VECTOR) em Koltsovo,
Russia.
Sécul� 16-19
Surtos de doenças transmissíveis matavam
milhões de pessoas.
Coqueluche: 16 mi novos casos/ano, 61 mil
mortes
Febre amarela: séc. XVI e XVII Américas, 1793
Philadelphia (10% população faleceu).
Chegou no Brasil 1822 com escravos, ultimo
surto 2016 – 3000 casos e 264 mortes.
Rubéola: 1740 Alemanha, pandêmica 1962 - >12
mi casos, 11 mil abortos e 20 mil casos síndrome
da rubéola congênita.
Sarampo: emergiu 500 AD, 1855-2005 matou
>200 mi.
Cólera: originou na Índia, 1817 Pandemia por
várias décadas. No final do séc. XIX matou >1
milhão de russos (Tchaikovsky).
Louis Pasteur
Estabeleceu por comprovação experimental a
teoria dos germes, baseada em observações
prévias de Girolamo Fracastoro, Agostino Bassi
(1835), e Lazzaro Spallanzani.
Contribuiu para química, desenvolveu a
pasteurização, desenvolveu vacinas contra
cólera aviária, antraz e raiva.
Propôs o uso da palavra VACINA em homenagem
a Jenner.
1879 - Charles Chamberland: Pasteurella
multocida inativada a pós cultivo, que a pós
inocula da em galinhas as protegeu contra
inoculação de uma cultura virulenta.
1881 - O mesmo fenômeno foi observado com o
antraz. Diferencial: produção de bactérias
atenuados ‘artificialmente’, sem a necessidade de
um outro organismo com a doença atenuada.
1885 - Vacina contra raiva de Pasteur (Emile
Roux): tecido nervoso de coelhos infecta dos
(secado por 5-10 dias) utilizado para inocular um
garoto mordido por cão raivoso.
Oswaldo Cruz
Médico (1892), estagiou no Instituto Pasteur e
resolveu a epidemia de peste bubônica em
Santos empregando soro.
Para a produçã o do soro, o governo fundou em
1900 o Instituto Soroterápico Brasileiro.
“Limpou” o Rio de Janeiro.
Dirigiu a campanha de erradicação da febre
amarela em Belém do Pará e estudou as
condições sanitárias do vale do rio Amazonas.
Em 1904, Oswaldo Cruz convenceu o governo a
instaurar a lei que tor na obrigatória a vacinação
contra a varíola. Com o auxílio da polícia a
brigada de vacinação tem permissão para entrar
na casa das pessoas e vaciná-las á força.
BCG
Bacilo Calmette-Guérin – BCG
Depois que Robert Koch diferenciou Mycoba
cterium bovis de M. tuberculosis, o caminho
para proteção contra tuberculose parecia óbvia:
varíola/vaccínia. Mas o M. bovis é tão virulento
quanto o M. tuberculosis.
Calmette e Guérin observaram que subculturas
de M. bovis em meio glicerina-bile-batata
atenuava sua virulência.
Após 230 passagens durante 13 anos obtiveram
uma cepa atenuada que foi testada em humanos,
protegendo contra tuberculose.
Nos primeiros anos o BCG não foi facilmente
aceita, principalmente por um problema na
segurança da vacina.
A partir da II Guerra Mundial foi adotada pela
Liga das Nações e utilizada globalmente.
BCG é eficaz contra menin gite causad a por TB,
mas a proteç ão contra a TB pulmonar varia
bastante (14-80%).
EUA e Holanda nunca adotaram a vacinação de
rotina. Preferem um diagnóstico eficiente (PPD).
OMS estima que 1,7 milhão de mortes por TB a
cada ano.
Febr� amarel� � tríplic�
bacterian�:
1936� criação da cepa 17D da febre amarela
(flavivírus), originada por passagens de cérebro
de ratos e embriões de galinha. No ano seguinte
a vacina é testada no Brasil.
1942� Vacina DPT ou tríplice bacteriana contra
difteria (Corynebacterium diphteriae),
coqueluche (Bordetella pertussis) e tétano
(Clostridium tettani) – a primeira a imunizar
contra mais de um microrganismo.
Poliomielit�
Pólio era um grande problema de saúde pública
na primeira metade do século XX.
Após tentativas frustradas (segurança e demora
na comercialização) de desenvolvimento de
vacina por diversos pesquisadores, Jonas Salk
anunciou a obtenção de uma vacina contra pólio.
Vacina de Salk:
A vacina de Salk era 3 variantes de vírus
cultivados em células Vero e inativada por
formalina. Via intramuscular.
Em 1954, Thomas Francis liderou o famoso
"Julgamento de Campo de Salk", que foi o maior
estudo de campo realizado para testar a eficácia
da vacina contra a poliomielite.
Começou com 4.000 crianças numa escola
elementar. 3 grupos: 440 mil crianças receberam
uma ou mais doses da vacina; 210 mil receberam
placebo; 1,2 milhão de crianças não receberam
inoculação, servindo como controle.
60–70% de proteção contra o PV1;
>90% contra PV2 e PV3;
94% contra o desenvolvimento de polio bulbar
USA: 35 mil casos em 1954 para 5600 em 1957
Vacina de Sabin:
Albert Sabin desenv olveu e testou entre 1955 e
1961 uma vacina com os 3 tipos de pólio vírus
vivos atenuados por alta passagem para uso oral.
Uma dose da O PV protege 50% e após 3 doses a
proteção é >95%.
A imunidade no trato gastrointestinal é maior
que a induzida por IPV. OPV é mais barata, de
fácil administraçã o mas não é indicada para
imunocomprometidos e gestantes.
Campanha�d� Vacinaçã�:
1980� Brasil cria as campanhas de vacinação (dias
nacionais de vacinação – iniciativa copiada no
mundo todo) contra a poliomielite que faz com
que os casos caiamde 1290 para 125.
1986� Criado o Zé Gotinha.
Poliomielite: campanha para erradicação
iniciada em 1988. Ultimo caso de pólio no Brasil
em 1989.
2014 OMS declarou uma emergência de saúde
pública de interesse internacional deviso de
surtos extraordinários em Ásia, África e Oriente
Médio.
Plano de fim de jogo (Endgame Plan) OMS
(2013-2018):
✓Afeganistão e Paquistão endêmicos para
poliomielite;
✓ Transmissão do vírus selvagem é no menor
nível da história;
✓ Erradicação em 2019 com custo adicional de
US$1500 milhões;
✓ Vacina oral trivalente retirada entre abril e
maio de 2016 e introdução da vacina oral
bivalente
Objetivos da Vacinação:
● Ambicioso: Erradicar as doenças infecciosas
● Real: Proteger indivíduos contra determinada
infecção; Bloquear a transmissão; Prevenção
dos sintomas e sinais;
Imunidade de rebanho: Vacinação protege não
apenas o indivíduo, mas toda a comunidade.
Desvantagens: Dependência da vacinação em
massa; Vulnerabilidade de grupos não
imunizados; Variabilidade do patógeno.
�p� d� Vacin�:
Convencionais: Vivas, replicantes ou atenuadas;
Inativadas ou mortas; Subunidade; Toxóide.
Recombinantes: Subunidade recombinante;
DNA; Vetorizada; mRNA
Vacinas Vivas:
● Sofrem atenuação da virulência,
normalmente por alta passagem em cultura
celular, ovos embrionados ou animais;
● Resposta imune potente, se melhante à
infecção. Resposta duradoura. Fáceis
administração.
● Baixo custo.
● Mutações se cundárias podem reverter
virulência.
● Perigosa em imunocomprometidos.
● Precisam permanecer vivas até a inoculação.
● Tuberculose (BCG), Varíola (vaccínia),
Poliomielite (Sabin), Sarampo, Rubéola,
Caxumba, Febre amarela
Vacinas mortas
● Microrganismo é crescido e morto
(bacterinas), Normalmente por formaldeído
ou calor.
● São seguras, pois organismo morto não
reverte virulência. Estáveis, facilita
transporte. São baratas.
● Poliomielite (Salk), raiva, coqueluche, febre
tifoide, leptospirose e cólera.
Vacina de subunidade
● Composta por uma porção isolada do
microrganismo; Proteína, carboidrato ou
estrutura isolada.
● São as mais seguras, pois o microrganismo
não está na vacina. Ideal para gestantes e
imunocomprometidos.
● Exigem multiplas doses e adjuvantes.
● É de difícil produção e custo elevado.
● Meningite (vacina conjugada Haemophilus
influenzae tipo B) Pneumonia por
Pneumococco e Meningococo.
Toxóides
● Toxina inativada, normalmente por
formaldeído ou calor.
● Mesmo princípio das vacinas de subunidade.
● São seguras e estáveis. Normalmente são
bastante eficazes na proteção contra a toxina
nativa.
● Exigem múltiplas doses e adjuvantes.
● Tétano, Difteria, Botulismo e Cólera.
Vacinas recombinantes disponíveis:
Para humanos: Hepatite B, HPV e MenB
Para animais: Raiva, Leucemia felina (canarypox
virus), Doença de Marek e Doença de Newcastle
(herpes vírus de peru), Cinomose, Leishmaniose.
Imunogenicidade: Pode induzir uma resposta
humoral ou celular. Todos os immunogens são
antigênicas. Capacidade do antígeno de induzir
uma resposta imune adaptativa.
Antigenicidade: Pode interagir especificamente
com um anticorpo. Mas nem todos os antígenos
são imunogênicos. Capacidade do antígeno de
ser reconhecido pelo sistema imunológico.

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