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02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 1/18 Segurança do trabalho Técnicas de investigação: tipos e características Em uma situação de acidente, o abalo emocional, dos colegas de trabalho que presenciaram o fato, dos que souberam do ocorrido e até mesmo da população, emerge pelo simples fato de sermos seres humanos e criarmos vínculos sociais e afetivos, mesmo que não exista contato direto com a vítima. A partir disso, é necessário pensar em uma abordagem da vítima, dos funcionários e das testemunhas da ocorrência, de forma empática, acolhedora, humanista, pois estas pessoas estão em sofrimento e reviverão os fatos por meio das abordagens da investigação do acidente. O entrevistador deve ter o cuidado de não exigir do entrevistado mais do que ele pode oferecer no momento da entrevista. Porém, pode manter uma porta aberta para que ele retorne, caso se lembre de algo importante que pode ter sido bloqueado em virtude do seu estado emocional. Há situações em que o trauma psicológico é tão intenso que a vítima ou testemunha precisa de atendimento médico para voltar ao estado psíquico normal. Por este motivo, ao identificar que estas pessoas não estão em boas condições psíquicas, forneça auxílio. Utilize uma fala tranquila, de forma a confortar os envolvidos, pedindo que respirem devagar, e oriente para que pensem em coisas que tragam sensação de segurança, desta forma, a ansiedade pode diminuir. Caso esta abordagem não traga muitos resultados, o mais adequado é encaminhar a vítima ou testemunha para o atendimento especializado, pois, mesmo que não haja trauma físico, pode ocorrer abalo psicológico. Acompanhe o podcast ou clique em para acessar o conteúdo transcrito. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 2/18 0:000:00 / 1:47/ 1:47 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 3/18 Transcrição Para conduzir a entrevista, é importante o suporte de um questionário sem estruturado. Ele representa uma ferramenta de coleta de informações, composta po questionamentos direcionados à vítima. Este tipo de instrumento não possui um estrutura rígida, ou seja, possibilita ao entrevistador a inclusão de mais questões durant a entrevista, de forma que ele possa adaptar os questionamentos, sempre qu necessário. Esta estrutura flexível de entrevista permite que o entrevistador se lembre da questões que devem ser feitas à vitima e às testemunhas, sem deixar de valoriza informações que são trazidas pelos entrevistados, agregando mais informações para processo de análise. As perguntas do questionário fornecerão uma riqueza de informações apenas s forem formuladas como perguntas abertas. Este tipo de questionamento exige um resposta mais elaborada do entrevistado, não podendo ser respondida apenas com sim ou não. Um exemplo de pergunta aberta que pode compor o questionário é a seguinte relate para mim de que forma você estava usando a ferramenta no momento d acidente. Para responder esta questão o funcionário terá que informar os gestos, a posiçã do corpo, os movimentos, entre outras ações desempenhadas com a ferramenta n momento do acidente. Se o funcionário concluir a fala e não trouxer todas a informações que o entrevistador precisava, é possível continuar a indagar sobre mesmo assunto, com perguntas diferentes, as quais auxiliem a vítima ou testemunha trazer respostas. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 4/18 Existirão situações em que o profissional fará primeiro a coleta de dados do local, porque a vítima está sendo atendida. Outras vezes a vítima fará a entrevista primeiro. Por exemplo, em um acidente em que um trabalhador procura atendimento devido a uma queda, primeiramente deve-se entrevistar o acidentado, para entender onde ocorreu a queda e assim coletar dados na cena. É necessário também efetuar uma análise documental de informações relevantes para investigação. Vamos imaginar que está sendo investigado um acidente que ocorreu durante uma atividade de trabalho em altura. Neste caso, deve-se buscar analisar informações como: A partir do momento em que a coleta de informações, por meio de entrevista, for concluída, a coleta de dados da cena deve ser feita, caso não tenha sido realizada ainda. Não existe uma obrigatoriedade de realizar primeiro a coleta de informações da cena e depois a entrevista com a vítima e testemunhas. Porém, não é permitido pular nenhuma das etapas do processo. Caso o entrevistador fique por muito tempo questionando sobre o mesmo assunt e perceba um desconforto da vítima em responder, é necessário focar em outro aspect do acidente, diminuindo as sensações desagradáveis na vítima, até que se possa volta ao assunto não concluído. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 5/18 Na análise de dados, as informações coletadas serão reunidas, observando cada detalhe que aparecer nas imagens de vídeo e fotografia, relatadas pelas testemunhas e apontada pela vítima, para que sejam construídas as hipóteses das falhas que geraram o acidente. Nesta etapa, são utilizadas ferramentas que auxiliam a identificar as causas do acidente, como: 5 porquês e diagrama de Ishikawa. Ambas as ferramentas serão apresentadas a seguir. Após realizar a análise da documentação e das outras informações coletadas, teremos o diagnóstico das causas do acidente. A partir dele, são realizadas ações para prevenir que outros acidentes ocorram. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 6/18 Ferramenta dos 5 porquês A ferramenta dos 5 porquês surgiu em meados da década de 70, no Japão. Sendo desenvolvida por Taiichi Ono, na busca pela qualidade plena dos processos de trabalhos da Toyota. O método consiste em perguntar cinco vezes o porquê de um problema, para se encontrar a sua verdadeira causa. Entretanto, nada impede que mais ou menos do que cinco perguntas possam ser realizadas, pois, o número 5 vem da observação de Taiichi de que esse número é suficiente para se chegar a causa-raiz de um problema. Segundo este método o primeiro dos porquês deve ser construído a partir do próprio problema, ou seja, deve-se responder o porquê do problema estar acontecendo. O segundo porquê é construído utilizando o anterior, questionando o porquê de a afirmação anterior ser verdadeira. Assim, sucessivamente, até que não se possa perguntar mais e que se saiba o motivo da ocorrência de determinado problema, a partir do acesso às respostas. A resposta do último porquê poderá ser a causa raiz do acidente ocorrido. Portanto, o plano de ação corretivo deve ser realizado com base nessa causa. Caso você conclua a quinta resposta ou a última resposta possível e ainda assim não consiga encontrar uma forma de aplicar um plano de ação, três situações podem ser verificadas: 1. Em algum momento nos porquês anteriores, a investigação “perdeu o rumo” e chegou ao fato imediato, e não necessariamente à causa raiz do acidente. 2. Somente 5 porquês não foram suficientes. Talvez você precise utilizar mais porquês até chegar à causa raiz do acidente. 3. Você pode ter encontrado uma situação em que o método não foi capaz de revelar uma causa raiz. Outro ponto a ser ressaltado é que um plano de ação voltado apenas para fornecimento de EPIs e treinamentos geralmente é o indicado pela maioria dos profissionais. Contudo, devem-se observar criticamente a investigação e a causa raiz do problema. Normalmente, somente essas duas ações não o resolvem, e sim “disfarçam” a existência dele. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 7/18 Abaixo segue um exemplo dessa abordagem na análise de um acidente. Acidente ocorrido ao limpar o telhado Em uma empresa, Augusto foi designado para limpar os telhados de um armazém agrícola. Para realizar o trabalho, foram fornecidos um cinto de segurança tipo paraquedista e orientações para que, durante a execução dos serviços, o cinto de segurança ficasse sempre preso em um ponto de ancoragem, para que, em caso de queda, o trabalhadorficasse suspenso e preso pelo cinto de segurança. Não existia, por parte da empresa, um procedimento operacional para execução das atividades em altura, assim como não acontecia a prática de liberação de permissão de trabalho em altura ou de elaboração de análise preliminar de risco (APR). Ademais, os pontos de ancoragem não eram projetados por profissional legalmente habilitado, conforme exigido pela NR-35. O empregador entendia que fornecer o EPI e o treinamento de NR-35 para o trabalhador era suficiente. Durante a execução do serviço, Augusto, em algumas partes do telhado, não tinha onde prender o cinto. Porém, para conseguir realizar o serviço ao qual tinha sido designado, o trabalhador seguiu normalmente limpando o telhado, prendendo o cinto em pontos de ancoragem que entendia que poderia evitar a própria queda, como tubulações que passavam próximo às calhas do telhado. Em determinado momento, o trabalhador estava com o cinto preso em ponto de ancoragem improvisado e pisou em uma telha frágil, a qual se quebrou, e o ponto de ancoragem improvisado se rompeu, fazendo Augusto cair de uma altura de 7 m e fraturar as duas pernas. Aplicando a metodologia dos 5 porquês Por que o trabalhador fraturou as duas pernas? 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 8/18 Porque, quando o trabalhador pisou em uma telha que se quebrou, o ponto de ancoragem improvisado se rompeu. Por que o ponto de ancoragem improvisado se rompeu? Porque o ponto de ancoragem era uma tubulação e não havia naquela parte do telhado um ponto de ancoragem seguro para o trabalhador prender os talabartes do cinto de segurança. Por que não havia naquela região do telhado um ponto de ancoragem seguro para prender o cinto de segurança? Porque não tinham sido previstos todos os pontos que o trabalhador necessitaria para transitar no telhado durante a execução da atividade. Por que não havia previsão de como o trabalho seria executado na limpeza dos telhados? Porque não havia na empresa um procedimento de trabalho detalhado para a elaboração da atividade de limpeza dos telhados. Por que não havia um procedimento de execução de limpeza de telhados? Porque a empresa não havia se adequado ao que é exigido na NR-35, como criação de procedimento para trabalho em altura, emissão de permissão de trabalho, execução de APR e dimensionamento de pontos de ancoragem elaborados por profissional legalmente habilitado. A empresa apenas fornecia EPI e treinamento. Vale ressaltar que para cada causa referente a um porquê respondido, deve haver evidências que provem que a resposta é verdadeira. Portanto, precisam ser analisadas. Além disso, este método pode ser usado de forma independente ou como parte de outro método de análise de acidentes. Para que uma investigação de acidentes/incidentes seja completa, muitos fatores devem ser identificados, recolhidos e analisados. Para isso, é possível recorrer há diversas ferramentas existentes. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 9/18 Quando as investigações de acidentes são realizadas de forma adequadas, elas ajudam na correção de práticas e situações inseguras, as quais podem originar acidentes/incidentes. Além disso, as boas práticas, relacionadas à segurança, baseiam- se em práticas justas e não em encontrar culpados, por exemplo; o objetivo é indicar a necessidade de treinamento para os funcionários, adoção de equipamentos de proteção coletiva, entre outros. Diagrama de Ishikawa O diagrama de Ishikawa foi desenvolvido em 1943 por Kaoru Ishikawa, na cidade de Tóquio, e também é conhecido como diagrama de causa e efeito ou espinha de peixe, devido ao formato caraterístico que apresenta. Originalmente, tal diagrama foi proposto para a área da qualidade, mas uma versão para investigar acidentes e incidentes foi criada ao longo dos anos, a exemplo de outras ferramentas da qualidade que são usadas na segurança do trabalho com a devida adaptação. As causas que contribuíram para o acidente são agrupadas em seis grupos ou aspectos: ambiente, equipamento/máquina, material, método, organização e pessoa. Com as causas agrupadas nos respectivos grupos, podem-se utilizar os 5 porquês para analisar cada uma delas. Os aspectos levam em consideração os seguintes pontos: Clique ou toque para visualizar o conteúdo. Ambiente Aspectos relacionados ao ambiente de trabalho ou à instalação/empresa são levados em consideração e envolvem, por exemplo, presença de ruído, trabalho em locais de difícil acesso, presença de umidade, calor excessivo. Equipamento/máquina Avalia-se, durante o processo de trabalho, se máquinas ou equipamentos sofreram uma alteração ou apresentaram problemas que contribuíram para a ocorrência de acidentes. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 10/18 Material São considerados tanto os equipamentos de proteção utilizados pelo trabalhador quanto as substâncias empregadas na atividade. Método Estão ligadas ao método as questões de procedimentos de trabalho e de condução da atividade. São analisados ordens de serviço de segurança, procedimentos escritos e outros pontos relacionados às práticas de trabalho. Organização São avaliados pontos como falhas no mecanismo de comunicação da empresa, ordens conflitantes, ausência de supervisão e outros aspectos relacionados à gestão da empresa. Pessoa É avaliado se algum aspecto humano pode ter contribuído para o acidente, como falta de conhecimento, capacidade física, atitudes abaixo do padrão de segurança. Eventualmente, um diagrama de causa e efeito pode apresentar alguma mudança no número ou na definição de aspectos, de modo a facilitar a análise pela empresa. Independentemente das diferenças, precisa estar claro o que cada aspecto engloba. A representação do diagrama inicia pelo evento que gerou o acidente ou o incidente ou ainda pelo resultado do acidente. À esquerda dessa informação, é desenhada uma seta que representa o eixo. Em direção ao eixo, são desenhadas outras setas que representam cada aspecto analisado. As causas que têm relação com cada aspecto são agrupadas seguindo o mesmo sistema de representação. Um exemplo de diagrama, considerando os aspectos discutidos, é apresentado a seguir. Na prática 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 11/18 Considere um trabalhador que sofreu um acidente durante a manutenção de um sistema de proteção fixa de determinada máquina. O trabalhador caiu, com diferença de nível, entre duas plataformas de acesso às máquinas. Em uma análise preliminar, foi possível determinar algumas situações que contribuíram para o acidente: O trabalhador se desequilibrou no momento em que movimentava uma peça do sistema de proteção fixa (aspecto “método”). A atividade era desenvolvida próxima ao vão (aspecto “ambiente”). Não havia nenhum sistema de proteção contra quedas nas proximidades do vão (aspecto “ambiente”). O trabalhador não tinha experiência na atividade (aspecto “pessoa”). O trabalhador não utilizava luvas antiderrapantes para executar a atividade (aspecto “material”). Com base nos dados citados, pode-se construir um esboço do diagrama de Ishikawa: (objetos/figura1.png) Figura 1 – Esboço do diagrama de Ishikawa https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-10253513-dt-content-rid-286509960_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC05/conteudos/materiais/11_tecnicas/objetos/figura1.png https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-10253513-dt-content-rid-286509960_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC05/conteudos/materiais/11_tecnicas/objetos/figura1.png https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-10253513-dt-content-rid-286509960_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC05/conteudos/materiais/11_tecnicas/objetos/figura1.png 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 12/18 Conhecendo cada uma das causas que contribuíram para o acidente, é aplicada a técnica dos 5 porquês, visando a definir os fatos geradores de cada situação. A técnica pode serobservada na tabela abaixo. Considere que as respostas são oriundas da investigação e que elas avançaram até o ponto no qual o levantamento de dados permitiu. A causa imediata “Atividade desenvolvida próximo ao vão entre duas máquinas” não possui uma causa raiz associada, pois a atividade seria executada nesse local de qualquer modo. Nesse caso, o diagrama pode apresentar apenas a causa imediata. Isso não impede que novas análises sejam conduzidas para determinar se alguma modificação possa ser conduzida a fim de impedir uma atividade nessa proximidade. A causa imediata “Inexistência de uma proteção fixa contra quedas no vão”, após a aplicação dos porquês não revelou uma causa raiz. Essa é uma situação ilustrativa que pode ocorrer na prática, eventualmente a falta de dados pode impedir a determinação de uma causa raiz. A coleta de novos dados poderia apontar outra resposta a essa pergunta, a fim de conduzir ou revelar a causa raiz, quando possível. Mesmo que a causa raiz não tenha sido encontrada é possível prever alguma ação relacionada. A causa imediata “Trabalhador não utilizava luva (EPI) com característica antiderrapante” levou a uma causa raiz relacionada a falha de comunicação. Nesse caso, é possível apontar ações diretas sobre a causa raiz de modo que evite problemas ligados a ela futuramente. As causas imediatas “Desequilíbrio do trabalhador ao retirar proteção fixa da máquina para manutenção” e “Trabalhador sem experiência nas rotinas de manutenção” têm como causa raiz problemas na condução da análise de risco. Com base nos dados da tabela, pode-se construir a versão final do diagrama de Ishikawa (figura 2) e definir quais são as ações necessárias para evitar novas ocorrências em um próximo passo. No próximo exemplo, não há causas relacionadas a equipamentos/máquinas ou organização diretamente evidenciadas na análise preliminar. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 13/18 (objetos/figura2.png) Figura 2 – Diagrama de Ishikawa final Com base nas causas raízes identificadas podemos propor algumas ações: Causa raiz: Falha no processo de comunicação de alteração de documentos. Ação corretiva: 1. Criar um procedimento de comunicação para alteração de processos e documentos com indicação de quem deve ser comunicado da alteração. 2. Estabelecer um controle de documentos considerando, no mínimo, controle de versão, distribuição e retenção de versões antigas. Causa raiz: A análise de risco não contemplou todas as situações relevantes ou não identificou todas as necessidades. Ação corretiva: 1. Revisar a análise de risco aplicada a essa atividade. https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-10253513-dt-content-rid-286509960_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC05/conteudos/materiais/11_tecnicas/objetos/figura2.png https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-10253513-dt-content-rid-286509960_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC05/conteudos/materiais/11_tecnicas/objetos/figura2.png https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-10253513-dt-content-rid-286509960_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC05/conteudos/materiais/11_tecnicas/objetos/figura2.png 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 14/18 2. Estruturar e manter um cronograma de revisão das análises de risco vigentes na empresa. 3. Incluir os responsáveis pela elaboração da análise de risco em um curso de qualificação nessa ferramenta. As ações no quadro acima são apenas exemplos. Outras ações poderiam ser inclusas como aquelas relacionadas a proteção da área de manutenção, ao estudo de viabilidade de inserção de um equipamento de içamento para retirar a peça, entre outras; levando em conta, também, a hierarquia de controles na previstas nas normas regulamentadoras. A análise de um acidente deve ser realizada de forma a seguir uma metodologia. Essa metodologia envolve alguns passos básicos, como entrevistas e coleta de informações em campo, assim como consulta a documentos e registros relacionados às atividades envolvidas nos acidentes. Após a coleta de dados, o acidente pode ser analisado com alguma ferramenta de análise – entre elas, a combinação do diagrama de Ishikawa com a técnica dos 5 porquês. Para exercitar a aplicação conjunta do diagrama de Ishikawa e da técnica dos 5 porquês, analise o acidente descrito a seguir. Antes, tenha como base as situações predefinidas na análise e utilize os 5 porquês para completá-la. Lembre-se de que, em uma análise de acidentes, não devem ser feitas suposições, somente a descrição fornecida. O acidente a ser descrito é um acidente real ocorrido no estado do Rio Grande do Sul. O texto é uma adaptação da descrição do acidente disponível no livro Análise de Acidentes do Trabalho Fatais no Rio Grande do Sul, publicado pela então Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 15/18 Desafio Acidente de trabalho fatal durante operação de betoneira O acidente ocorreu em 2006, 12 dias após a admissão do trabalhador que faleceu, em uma obra de construção civil de uma casa térrea em loteamento. A causa imediata da morte foi eletroplessão e bloqueio mecânico das vias respiratórias, após o choque elétrico. No momento da inspeção, foram encontradas sete pessoas trabalhando no local e também o senhor B, que relatou ter assistido ao acidente. Conta o senhor B que, no dia do acidente, a betoneira encontrava-se posicionada na pista de rolamento da rua, encostada ao meio-fio da calçada, e que a betoneira estava colocada em contato com água corrente [1], pois existia uma ruptura de um cano de esgoto, acima, na rua, e esta água escorria pelo meio-fio, bem no local onde a máquina se encontrava. O falecido estava trabalhando de servente, e a tarefa dele consistia em alimentar a betoneira de areia, cimento, brita e água, além de remover o concreto pronto, levando-o aos outros trabalhadores. Como a betoneira estava em contato com água corrente, o trabalhador molhava os pés para operar a máquina e, nestas condições, trabalhou a manhã inteira. Além disso, em vez de EPI, o trabalhador usava tênis [2], pois não haviam sido fornecidas botinas. O trabalho transcorria normalmente, até que, em determinado instante, a vítima foi girar a roda lateral, que abaixa a boca da betoneira, e recebeu o choque elétrico, ficando parada no lugar, em pé. O senhor B ainda descreve que o colega de trabalho, senhor C, que trabalhava com o falecido, aproximou-se deste e o tocou, também recebendo um choque. O senhor C, então, desligou a energia elétrica no botão da betoneira, e o senhor A tombou ao solo, caindo de barriga para cima, na calçada, em frente ao equipamento. Nessa hora, a betoneira terminou de virar a caçamba e derramou concreto fresco sobre o trabalhador. O concreto fresco [3] tapou a boca e o nariz, mas não chegou aos olhos. Em seguida, os colegas vieram acudir. Tiraram o que puderam do concreto, mas ainda ficou um pouco na boca, fazendo com que o falecido respirasse com dificuldade. Havia, no local, um veículo de propriedade da empresa contratada, que não foi 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 16/18 disponibilizado para fazer a remoção do acidentado. Não havia nenhuma orientação formal aos trabalhadores sobre que procedimentos deveriam ser adotados em caso de acidente [4]. A empresa não mantinha nenhuma rotina de instrução para os funcionários sobre esse ponto e julgava não ser adequado devido à alta rotatividade dos funcionários. O trabalhador ficou alguns minutos esperando remoção, até que uma senhora enfermeira (vizinha) informou que a respiração estava piorando. Nesse momento, um senhor ofereceu a sua caminhonete para fazer a locomoção. Na caminhonete, foram o acidentado e mais quatro pessoas. No caminho, encontraram-se com a viatura do SAMU, próximo da saída do loteamento, para onde o acidentado foi transferido e onde foram prestados os primeiros socorros. Ainda, segundo os trabalhadores,a betoneira estava em mau estado de funcionamento [5]. Apresentava improvisações, como remendos malfeitos, além de botões de acionamento em mau estado, tomada de energia irregular. Não havia plugue, e a energia elétrica era tirada diretamente do poste de luz, por meio de um “gato” [6], que consistia em prender as pontas desencapadas dos fios de alimentação da betoneira diretamente nos fios superiores do poste de luz, por meio de ganchos improvisados ou do próprio fio da betoneira, desencapado e dobrado. Além disso, a betoneira não estava aterrada eletricamente e continha partes elétricas expostas em contato com a carcaça metálica [7]. Os trabalhadores informaram que o “gato” era feito por ordem da construtora, para não ter de pagar a conta de energia elétrica. Considere os seguintes fatores, conforme trechos numerados no texto: [1] Presença de água no local de operação da betoneira [2] Uso de calçado inadequado para a atividade [3] Concreto fresco [4] Ausência de clareza quanto a procedimentos em caso de acidentes [5] Equipamento em más condições de funcionamento [6] Ligação elétrica realizada diretamente na rede de distribuição [7] Betoneira com a carcaça energizada eletricamente 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 17/18 Com base nas informações do exemplo, siga os seguintes passos: 1. Identifique a causa da morte do trabalhador (“efeito”). 2. Separe os fatores listados conforme os seis aspectos apresentados (ambiente, equipamento/máquina, material, método, organização e pessoa) (“causa”). 3. Aplique a técnica dos 5 porquês em cada uma das causas do item anterior. Quando não for possível avançar em um dos fatores, vá para o próximo. 4. Organize a digrama de Ishikawa e preencha-o. Feedback A análise, por meio do diagrama de Ishikawa para o acidente, apresenta a seguinte estrutura: Figura 3 – Resposta do exercício (diagrama de Ishikawa) Para construir o diagrama, partiu-se dos sete fatores descritos na atividade e aplicou-se a técnica dos 5 porquês para analisar cada um dos fatores, com base na descrição do acidente. O resultado é apresentado a seguir com a aplicação de dois 02/10/2023, 14:19 Versão para impressão about:blank 18/18 porquês: Tabela 2 – Aplicação das técnicas Você pode ter encontrado alguma variação durante a sua análise. Caso julgue que esse desvio é significativo ou que há pontos que não estão claros, entre em contato com o tutor.
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