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1 METROLOGIA AULA 5 Prof. Carlos Eduardo Costa Prof. Emerson da Silva Seixas 2 CONVERSA INICIAL Nesta etapa, apresentaremos, principalmente por meio de ilustrações, alguns dos principais instrumentos utilizados por meio da metrologia científica, industrial e legal, que são as três grandes áreas da metrologia. Em princípio, faremos uma descrição sobre a evolução dos instrumentos. Na sequência, mostraremos a utilização dos instrumentos considerados básicos em função das áreas de aplicação. Em seguida, apresentaremos os instrumentos considerados especiais de medição. Além disso, relembraremos a impossibilidade da montagem de conjuntos, equipamentos e máquinas, por meio da aplicação dos ajustes e tolerâncias, sem o prévio conhecimento dos instrumentos de medição devidamente calibrados. Por fim, convidamos a todos a se dedicar ao princípio de medidas obtidas por meio de partes do corpo humano, utilizadas como métodos de medição, aos instrumentos atualmente empregados e tendências para estes. TEMA 1 – ORIGENS E EVOLUÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO Entre as muitas responsabilidades do engenheiro ou supervisor técnico da produção como gestor é assegurar a manutenção em alto nível da qualidade, além das metas de produtividade pré-estabelecidas por meio do cumprimento do tempo de ciclo da produção. Para a efetivação do fato, torna-se de fundamental importância o estudo e a aplicação de instrumentos de medição adequados. Ao longo dos vários estágios da Revolução Industrial, observa-se a importância da metrologia e a consequente necessidade da evolução dos instrumentos empregados para a obtenção de valores de alta confiabilidade. Isso é ainda mais relevante considerando que o sucesso econômico dos países industrializados está intrinsecamente relacionado à sua capacidade de manufatura e comércio de produtos e serviços que atendam aos padrões de qualidade globalizada. Diante do fato, a evolução dos instrumentos relacionados à metrologia é cada vez mais vital para os fabricantes, fornecedores de peças e produtos, uma vez que é direito do consumidor o acesso segurado à qualidade citada anteriormente, bem como a reposição sem prejuízos caso falhas ocorram 3 prematuramente. Tal situação também já foi tratada, sendo conhecida como recall. Logo, os instrumentos de medição foram uma das primeiras ferramentas idealizadas pelo ser humano, tendo em vista necessidades de montagem em suas invenções, bem como na justiça durante as permutas. Diante das muitas necessidades, durante a sociedade primitiva, evidenciou-se a priori medidas referenciadas ao corpo humano. Porém, é imprescindível salientar que tais medidas eram referenciadas nas medidas do rei, razão que, por si só, já era razão de discórdia. A princípio foram estabelecidas as seguintes medidas: a jarda (medida do ombro à ponta do dedo); a polegada (espessura do dedão); o palmo (medido entre o dedão e dedo menor com a mão aberta); o pé; e o passo. Na sequência, a conversão de unidade mais usada na Antiguidade, principalmente pelos egípcios, era o côvado, distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio. Equivalência: Porém, é sabido que existem notórias diferenças entre o corpo humano. Portanto, convencionou-se para a atualidade: Crédito: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. Já por volta de 5.000 anos antes de Cristo, preocupados com a equidade, relacionada ao comércio de grãos, surgiu um dos primeiros instrumentos de medição de que se tem notícia: a balança, inventada pelos egípcios. Tal invenção foi de grande relevância, sabido que a economia da época era baseada na agricultura, sendo os impostos cobrados com base no peso. Como inicialmente tratado, com a evolução dos seres humanos, novas medidas foram se tornando necessárias e novos instrumentos de metrológicos, foram e têm sido inventados, visando suprir as necessidades vigentes, a serem tratados posteriormente. 1 côvado 7 palmos 28 dedos 1 côvado 52,3 centímetros 4 A medição pode ser considerada como o processo de determinar experimentalmente um valor para uma característica que possa ser atribuída a um objeto ou evento, por meio de comparações, realizado por meio da captação de valores, utilizando-se de instrumentos de leitura direta e indireta. Atualmente, tanto os instrumentos e os consequentes resultados metrológicos são fundamentais para o desenvolvimento humano nas ciências naturais, tecnologia, economia, engenharia, ciências sociais, entre outras. De modo simplista, o instrumento de leitura direta indica que o resultado é obtido pelo operador diretamente sobre a escala constante no instrumento. Já o instrumento de leitura indireta requer maior destreza do operador, uma vez que normalmente requer a aplicação de cálculos. Ambos os casos serão detalhados adiante, sendo também apresentados exemplos de cada instrumento. 1.1 Instrumentos de medição e metrologia Todos os instrumentos de medição visam reproduzir de modo mais fiel possível valores indicativos relacionados ao objeto ou sistema medido. Tanto os instrumentos como os sistemas de medição podem ser classificados por diferentes modos. Na sequência, no Quadro 1, apresentamos o de maior destaque pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro e Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Quadro 1 – Tipo de medição/instrumento e definição Tipo de medição/ instrumento Definição Medição direta É usado um instrumento de medição que compara a variável a ser medida com um determinado padrão. Nesse tipo de medição, dois objetos que têm a mesma característica são comparados. Por exemplo: o comprimento de um objeto é calculado comparando-o com o comprimento definido em um caliper; a frequência de um objeto é medida com a frequência de um estroboscópio. Medição indireta A medição desejada é obtida calculando uma ou mais grandezas diferentes, que foram obtidas por medição direta. Isso ocorre porque as medidas entre as variáveis nem sempre podem ser calculadas diretamente, seja por seu tamanho, natureza ou outros fatores. Por exemplo: conhecer a aceleração da gravidade. Medição reproduzível O mesmo resultado é sempre obtido se as comparações podem ser feitas entre a mesma variável e o dispositivo de medição usado. Por exemplo: se o mesmo diâmetro de uma peça for medido várias vezes, os resultados serão sempre os mesmos. Fonte: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. 5 1.2 Instrumentos de medição e precisão dos resultados Diversos fatores influenciam o resultado de uma medição. Os conhecimentos destes e as tomadas de precauções resultam em melhores resultados, ou seja, no aumento na confiabilidade dos resultados. No Quadro 2 a seguir, descrevemos algumas das precauções para a validação do que foi citado anteriormente. Quadro 2 – Aumento na confiabilidade dos resultados Recomendação Como realizar Use sempre o instrumento correto para o tipo de medição e certifique-se de que estão em boas condições. Reduza os erros que podem ocorrer durante o manuseio do instrumento de medição, bem como erros sistemáticos. Repita quantas vezes medição possível e média dos resultados obtidos. Reduza todas as causas do ambiente externo que podem afetar a medição. Fonte: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. A crescente necessidade da obtenção de resultados assegurados é um dos pilares fundamentais para que a ciência metrologia trabalhe por melhores métodos, em busca de instrumentos e métodos que possibilitem a obtenção mais precisa de diversas grandezas, estabelecendo unidades e critérios aceitos universalmente. Conforme já tratado neste estudo, ressalta-se que é por meio do instrumento de medição que se torna possível a verificação do resultado direto, ou por cálculos (no caso da leituraindireta). Para os dois casos, o resultado medição é o termo usado para definir o processo de determinar experimentalmente um valor para uma característica que possa ser atribuída a um objeto ou evento, possibilitando assim que sejam realizadas comparações tecnicamente confiáveis. 1.3 Classificação básica dos instrumentos de medição Os instrumentos de medição são distintos, classificados conforme as funções a que se prestam. No Quadro 3, apresentamos as classes de instrumentos, bem como aplicações a estes destinados de acordo com o que medem. 6 Quadro 3 – Parâmetro medido e instrumentos de medição Parâmetro a medir Instrumento de medição Para medir o comprimento Escala, paquímetro, micrômetro Para medir o tempo Relógio, cronômetro Para medir o peso Balança, dinamômetro Para medir a temperatura Termômetro, pirômetro Para medir a corrente elétrica Amperímetro, multímetro Fonte: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. No caso deste estudo, será dado especial atenção aos instrumentos de medição linear. 1.4 Ambiente adequado para instrumentos No Quadro 4, apresentamos valores de referência para um ambiente metrológico de acordo com o Inmetro e a ABNT. Quadro 4 – Temperatura e umidade de laboratório metrológico Item Valor Temperatura 20 Umidade Fonte: com base em Inmetro, 2012. Na Figura 1 a seguir, ilustramos a vista principal de um Laboratório multifuncional. Figura 1 – Vista principal do laboratório metrológico Crédito: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. 7 Na Figura 2 a seguir, apresentamos um painel de instrumentos considerados básicos de metrologia. Acima deste, encontra-se o aparelho de ar- condicionado, destinado à manutenção da temperatura adequada para um ambiente metrológico, incluindo a calibração, a manutenção e seu uso. Figura 2 – Painel de instrumentos de um laboratório metrológico Crédito: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. TEMA 2 – INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DE USO MAIS UTILIZADOS NO AMBIENTE INDUSTRIAL A intercambialidade (método que possibilita a substituição de peças sem a necessidade de ajustes) é o benefício maior proporcionado pela metrologia. Tal situação se torna possível em decorrência da padronização de sistemas, que incluem a definição de normas a serem adotadas, chegando mesmo à determinação de instrumentos a serem utilizados, assim como à sua periodicidade de calibração. No Brasil, as principais organizações responsáveis pela atualização e manutenção das normas e procedimentos relacionados à metrologia e instrumentos de medição são a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e 8 o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro). Conforme já tratado neste estudo, duas são as unidades atualmente reconhecidas e aplicadas no Brasil, as quais estão de acordo com as organizações anteriormente citadas, sendo o sistema métrico e sistema inglês. Nesse caso, ambas têm como unidade-base o metro e a polegada. Normalmente, em especial nas áreas de engenharias, os instrumentos mais utilizados apresentam as duas possibilidades. Caso o instrumento não tenha tal recurso, a conversão da unidade deverá ser realizada conforme já tratado anteriormente. De acordo com os recursos disponíveis no instrumento, a leitura é realizada diretamente sobre a escala nele exposta (no caso dos instrumentos analógicos) ou em seu display (no caso dos instrumentos digitais) após a escolha da unidade pretendida. 2.1 Instrumentos mais utilizados no controle dimensional A escolha de um instrumento de medição é realizada, considerando de modo criterioso, a expectativa dos resultados pré-dimensionados e esperados, além do grau de complexidade geométrica da peça. Na sequência, apresentamos os instrumentos que fazem parte do grupo de mais utilizados, especialmente na indústria da manufatura. Na Figura 3 a seguir, ilustramos a utilização de paquímetro digital, mostrando a medição do comprimento de uma peça. São detalhes imprescindíveis: • a forma de segurar o instrumento e a peça; e • a visão perpendicular do operador em relação à leitura, de modo a mitigar o erro de paralaxe (erro de leitura em razão de desvios visuais durante a leitura da medida). 9 Figura 3 – Paquímetro digital Crédito: Zoran Orcik/Shutterstock. 2.2 Paquímetro Na Figura 4 a seguir, ilustramos o paquímetro, também conhecido como paquímetro universal ou paquímetro quadrimensional. Indiscutivelmente, esse instrumento está entre os mais utilizados pela tecnologia, que envolve a manufatura de peças (antes, durante e após a usinagem, soldagem, conformação e mesmo na manufatura aditiva), assim como durante operações de manutenção (para verificar, por exemplo, desgastes e folgas excessivas). Também é muito utilizado na sala de projetos, para materialização dimensional, e medidas de elementos a serem projetados. São precauções básicas sobre o paquímetro: • deve ser manuseado com delicadeza, mantendo-o em ambiente limpo e organizado; • o objeto a ser medido deve ser postado adequadamente, de modo a evitar pressão sobre o instrumento; • quando o paquímetro está fechado, os zeros da escala principal devem coincidir com o zero do nônio; • deve ser guardado em local adequado (caixa ou painel); 10 • deve-se evitar postar qualquer objeto sobre o instrumento; e • jamais utilizar o instrumento como riscador. No Quadro 5 a seguir, dispomos algumas observações quanto à identificação do paquímetro pelo nome. Quadro 5 – Identificação do paquímetro Paquímetro Razão do nome Universal Universalidade de aplicações, (em comprimento, diâmetro, espessura). Quadrimensional Utilização base para quatro aplicações (medida externa, interna, profundidade e de ressaltos). Fonte: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. O paquímetro é um instrumento de leitura descontínua para medidas, normalmente utilizado para pequenas peças. Porém, existem instrumentos de até 1.000 mm. É caracterizado por apresentar uma escala especial, conhecida como nônio ou vernier, que se move ao longo da escala principal e que possibilita a leitura precisa de frações da menor divisão dessa escala. O paquímetro universal (Figura 3) é um tipo familiar de escala milimetrada de 150 mm. Ele apresenta duas bases, sendo uma fixa e solidária com a escala principal e outra móvel, na qual se encontra o vernier. Quando o paquímetro está fechado, o zero do vernier coincide com o zero da escala. Quando se desloca o cursor, a distância entre as bases (o comprimento a ser medido) é a indicada pelo zero do vernier na escala principal. As bases apresentam encostos em que se apoia o objeto a ser medido (medidas externas). Normalmente, os paquímetros, como o apresentado na Figura 3, apresentam também duas orelhas, uma fixa e outra móvel, para medir diâmetros internos, e uma haste para medir profundidade de cavidades. O nônio ou vernier (pronuncia-se “verniê”) é um dispositivo tecnológico que aumenta a sensibilidade de uma escala, por subdividir a menor divisão dela. Ele consiste em uma escala móvel que desliza paralelamente à escala do instrumento (escala principal). Quanto à aplicação do vernier, por exemplo, na Figura 4 a seguir, se o nônio tem 20 espaços entre as linhas verticais e a menor divisão da escala 11 principal do instrumento é o milímetro, então ele dividirá por 20 o milímetro, obtendo um 20 avos de milímetro, que é a menor divisão da escala principal. Figura 4 – Paquímetro quadrimensional Crédito: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. Por meio da Figura 5 a seguir, podemos observar em (a) o paquímetro analógico e em (b) paquímetro digital. É importante salientar que os valores indicados por cada instrumento também são válidos para a mediçãointerna (obtida por meio das orelhas fixa e móvel), a profundidade, (por meio da haste de profundidade) e a medida do ressalto (por meio do encosto atrás do instrumento). Tais valores são possíveis por se tratar de um paquímetro quadrimensional. Figura 5 – Paquímetro analógico e digital Créditos: Tumbartsev/Shutterstock; Rito Succeed/Shutterstock. Além do paquímetro universal, até então tratado, existem diversos outros tipos de paquímetros, direcionados a situações também diversas, conforme ilustrado na Figura 6 a seguir. Em (a), está o paquímetro quadrimensional digital; em (b); o paquímetro universal com relógio; em (c), o paquímetro de profundidade; e em (d), o paquímetro com bicos alongados para medições internas. 12 Figura 6 – Outros tipos de paquímetros Créditos: Vladimir Zhupanenko/Shutterstock; KPixMining/Shutterstock; PhotoDiod/Shutterstock; Zabolotskikh Sergey/Shutterstock. 2.3 Micrômetro Na Figura 7 a seguir, ilustramos um dos tipos de micrômetro externo. Esse é o instrumento que, em conjunto com o paquímetro universal, é o mais utilizado na indústria metalmecânica. Figura 7 – Micrômetro externo 0-25 mm Crédito: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. 13 Os micrômetros são instrumentos de alta sensibilidade, constituídos basicamente de um parafuso micrométrico capaz de mover-se em um corpo cilíndrico ao longo do próprio eixo. No caso do micrômetro ilustrado na Figura 7 anterior, o passo do parafuso é 0,5 mm, o que significa que, em cada volta completa, o parafuso avança ou recua de 0,5 mm em extensão (linearmente). Para medir as voltas completas do parafuso, há uma escala fixa no corpo cilíndrico e paralela ao eixo do parafuso que é dividida a cada 0,5 mm, com os traços da divisão alternando-se acima e abaixo da linha central. Solidário ao parafuso, há um tambor circular dividido em 50 partes. Como a cada volta o parafuso avança 0,5 mm, a cada divisão do tambor o parafuso avança 0,01 mm. Dessa forma, o micrômetro possibilita estimar milésimos de milímetro (micros), e o algarismo duvidoso é lido entre as divisões do tambor. Leituras com micrômetro são, portanto, do tipo 4,352 mm; 12,400 mm; 5,4328 cm. São precauções quanto ao uso do micrômetro: • deve ser manuseado com delicadeza, mantendo-o em ambiente limpo; • o objeto a ser medido deve ser postado entre suas mandíbulas usando- se apenas o parafuso de fricção ou catraca existente na extremidade do tambor; • quando o micrômetro está fechado, o zero do tambor em um instrumento calibrado deve coincidir com o zero da escala fixa; • deve ser guardado em local adequado (caixa ou painel); • deve-se evitar postar qualquer objeto sobre o instrumento; e • deve-se evitar choques térmicos e mecânicos, de modo a preservar sua calibração. Considerando o paquímetro universal e o micrômetro externo como dois dos principiais instrumentos de medição, cabe salientar também as principais diferenças técnicas entre eles. • Paquímetro: apresenta uma precisão menor do que o micrometro, sendo sua dada por p = 1/n, em que n é o número de divisões do nônio. Com esse instrumento, consegue-se fazer medições com rapidez em peças cujo grau de precisão seja de até 0,02 mm ou 1/128 de polegada. 14 • Micrômetro: tem circunferência de rosca (tambor) dividida em 50 partes iguais, possibilitando leituras de 0,01 mm. Assim como no caso dos paquímetros, também são vários os tipos de micrômetros, estando alguns dos modelos ilustrados na Figura 8 a seguir. Salientamos que estes são escolhidos de acordo com a necessidade de leitura, (geometria da peça). Em (a), temos o micrômetro digital; em (b), o micrômetro de disco; em (c), o micrômetro interno ou imicro; e em (d), o micrômetro tipo paquímetro. Figura 8 – Alguns tipos de micrômetros Créditos: Travel mania/Shutterstock; Fouad A. Saad/Shutterstock; Kimtaro/Shutterstock; Freedom Life/Shutterstock. 2.4 Relógios: comparador e apalpador Na Figura 9 a seguir, ilustramos aplicações do relógio comparador. Em (a), o relógio comparador está disposto para uso por meio de um traçador de altura; em (b), ele é usado para verificação de ressalto (comprimento) de uma rosca. 15 Figura 9 – Aplicações do relógio comparador Créditos: Travel mania/Shutterstock; Rito Succeed/Shutterstock. Na Figura 10 a seguir, ilustramos o relógio apalpador, que é usado para alinhamento, centragem, controle dimensional de peças, controle de excentricidades e para a medição de formas geométricas de superfícies. O seu uso depende de algum suporte para exercer sua função na aplicação do controle dimensional. Figura 10 – Relógio apalpador Crédito: Pixel B/Shutterstock. 16 2.4 Comparador de diâmetro interno Na Figura 11 a seguir, ilustramos o comparador de diâmetro interno, que se encontra em situação de repouso, devidamente armazenado. O comparador de medida interna também é conhecido tecnicamente como súbito. Fazem parte desse sistema de medição o relógio comparador, a haste longitudinal, e, na extremidade oposta, o elemento responsável pelo acoplamento da ponta de contato, que ao tocar o diâmetro interno da peça promove a movimentação dos ponteiros do relógio, mostrando os valores. O comparador de diâmetro interno tem a função de medir por comparação diâmetros internos em diferentes profundidades, fazendo a verificação de circunferências. Concluindo, por meio desse instrumento faz-se a verificação de ovalização e cilindricidade ou conicidade por meio de sua ponta de contato, que transmite o movimento ao relógio comparador. Figura 11 – Comparador de medida interna: súbito Crédito: Dovzhykov Andriy/Shutterstock. https://www.shutterstock.com/g/DovzhykovAndriy 17 2.5 Rugosímetro (rugosidade) Tão importante quanto a dimensão linear de uma peça é a sua característica superficial. Também é importante salientar que o acabamento superficial (a rugosidade) e a complexidade geométrica estão relacionados à aplicação da peça e ao seu custo de fabricação. A rugosidade ou textura primária é formada por sulcos ou marcas deixadas pela ferramenta que atuou sobre a superfície da peça e se encontra superposta ao perfil de ondulação. Na Figura 12 a seguir, em (a), parte de uma turbina peça totalmente usinada, e em (b), eixo virabrequim, peça com partes usinadas por meio de retificação e partes em estado de bruto. O rugosímetro é o instrumento utilizado para verificar a rugosidade superficial de uma peça. Duas são as classes de rugosímetros, os de contato mecânico e os ópticos. Na fábrica, o de contato é o mais utilizado. A verificação se dá por meio de uma agulha que percorre a superfície verificada, da qual são captados sinais, sendo estes convertidos em valores analógicos ou digitais, indicando o grau de rugosidade da superfície. Figura 12 – Rugosímetro (rugosidade) (a) parte de uma turbina (b) eixo virabrequim Créditos: Andrey Armyagov/Shutterstock; Nordroden/Adobestock. É notório que superfícies mais ásperas geralmente se desgastam mais rápido do que superfícies de menor rugosidade. Além disso, são normalmente mais susceptíveis à corrosão e rachaduras, em contrapartida, podem ajudar na adesão. Desse modo, é muito importante, principalmente para a maioria das superfícies envolvidas no contato deslizante. Além disso, as razões para medir a rugosidade podem variar. Ela pode influenciar a qualidade do deslizamento, a 18 resistência ao desgaste, a resistência à corrosão, a vedação e até mesmo a aparência estética de um componente. TEMA 3 – OUTROS INSTRUMENTOS ELEMENTARES NA INDÚSTRIA 3.1 Calibradores A melhoria contínua faz parte do dia a dia de qualquer empresa, independentemente se sua atividade resulta em produto ou prestação de serviço. Uma das formas mais rápidas de se verificara qualidade de uma peça, aprovando-a ou não, com base em suas dimensões, se faz por meio do calibrador. Na Figura 13 a seguir, (a) e (b) apresentam respectivamente calibradores e externos e interno. No caso de (a), a faixa em vermelho denota o lado não passa, enquanto que o lado de comprimento maior indica o lado passa. Essas características denominam o calibrador de passa – não passa (P/NP). O calibrador interno ou de anel caracteriza-se por possibilitar a passagem ou não do elemento verificado, estando este dentro da tolerância estabelecida pelo anel. Figura 13 – Calibradores externos e interno Créditos: Rinku Dua/Shutterstock; Rito Succeed/Shutterstock. 3.2 Medição e transferência de ângulos Na Figura 14 a seguir, apresentamos o goniômetro. Em (a), está o goniômetro universal; e em (b), o goniômetro com lupa. Esse instrumento de medição de ângulo também é chamado de transferidor. Porém, cabe ressaltar que o instrumento utilizado para transferir ângulo é a suta (que, com o apoio do 19 goniômetro, possibilita a fixação do valor do ângulo, transferindo-o para a peça desejada). Figura 14 – Goniômetro Créditos: Cristian Storto/Shutterstock; Fouad A. Saad/Shutterstock. Na Figura 15 a seguir, em (a) ilustramos a aplicação de um goniômetro digital para a conferência de um lote de peças fabricadas pelo processo de conformação, e em (b) exemplificamos alguns ângulos. Figura 15 – Aplicação de um goniômetro e exemplificação de alguns ângulos Créditos: ZhakYaroslav/Shutterstock; Attaphong/Shutterstock. TEMA 4 – ADEQUAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO A escolha adequada do instrumento e de acessórios são fundamentais para a obtenção dos resultados mensurados. Também é importante salientar que o grau de complexidade da geometria da peça, dimensões e volume de peças a verificar influenciam a escolha. Na Figura 16 a seguir, ilustramos uma máquina de medir por coordenadas, também chamada de Tridimensional e MMC. Seu nome é resultado da possibilidade de se medir em três dimensões. Outra grande 20 vantagem refere-se a possibilidades de cálculos e aos muitos pontos adquiridos durante a medição. Em contrapartida, esse sistema envolve alto custo inicial, além da exigência de mão de obra qualificada. Figura 16 – Máquina de medir por coordenadas: tridimensional/MMC Créditos: Matveev Aleksandr/Shutterstock; Safakcakir/Shutterstock. 4.1 Projetor de perfil O projeto de perfil é um instrumento de medição óptica. Por meio de lâmpadas e espelhos especiais, o sistema de iluminação de alta intensidade produz imagens nítidas da peça, resultando em medições de grande exatidão, bem como em geometrias complexas e de pequenas dimensões, como o conjunto apresentado na Figura 17 a seguir (interior de um relógio). 21 Figura 17 – Interior de um relógio Crédito: RobinStrower/Shutterstock. Na sequência, na Figura 18 a seguir ilustramos o equipamento e, ao lado, seus elementos internos. Figura 18 – Projetor de perfil Créditos: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. Por meio do projetor de perfil, é possível verificar a imagem da peça de três maneiras, conforme disposto no Quadro 6 a seguir. 22 Quadro 6 – Identificação das projeções Nome (Projeção) Ilustração Diascópica O feixe de luz é concentrado por uma lente (condensador) e desviado por um espelho plano, iluminando por baixo a peça posicionada sobre a mesa de medição. Episcópica O feixe de luz é concentrado pelo condensador, incidindo em um espelho parcial (refletor) em um ângulo de 45º. A luz é refletida para baixo, iluminando toda a superfície da peça. A peça reflete a luz incidente que passa pelo refletor, sendo desviada até um anteparo (tela). Mista A imagem da peça é projetada mostrando o contorno e detalhes da superfície. Fonte: Carlos Eduardo Costa/Emerson da Silva Seixas. Outro instrumento óptico de medição é o microscópio. Nesse caso, semelhante ao projetor de perfil, a medição pode ser direta e por deslocamento. No caso da medição direta, utiliza-se um padrão, também chamado de máscara, sendo a peça sobreposta a essa imagem. No caso da medição por deslocamento, este é resultado de deslocamentos da mesa ou da peça pelos eixos x, y e z, promovendo o foco. Independentemente do sistema utilizado na medição, de acordo com o Inmetro (2012), duas condições que podem influenciar os resultados, sendo estes apresentados no Quadro 7 a seguir. Quadro 7 – Condições de resultados Condição Definição De repetibilidade de medição Condição de medição num conjunto de condições, as quais incluem o mesmo procedimento de medição, os mesmos operadores, o mesmo sistema de medição, as mesmas condições de operação e o mesmo local, assim como medições repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares durante um curto período. De reprodutibilidade de medição Condição de medição num conjunto de condições, as quais incluem diferentes locais, diferentes operadores, diferentes sistemas de medição e medições repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares. Fonte: elaborado com base em Inmetro, 2012. Ainda relacionado à escolha do instrumento de medição, no Quadro 8 a seguir, mostramos situações que devem ser observadas quanto à sua definição. 23 Quadro 8 – Situações observadas quanto a escolha do instrumento de medição Item Definição Valor nominal Valor arredondado ou aproximado de uma grandeza característica de um instrumento de medição, ou de um sistema de medição o qual serve de guia para sua utilização apropriada. Resolução Menor variação da grandeza medida, o que causa uma variação perceptível na indicação correspondente. Estabilidade do instrumento de medição Propriedade de um instrumento de medição segundo a qual este mantém suas propriedades metrológicas constantes ao longo do tempo. Incerteza de medição Componente da incerteza de medição proveniente do instrumento de medição ou do sistema de medição utilizado. Fonte: elaborado com base em Inmetro, 2012. TEMA 5 – DISPOSITIVOS APLICADOS À METROLOGIA Além dos instrumentos citados até então, muitos outros considerados especiais, bem como outros específicos existem e são desenvolvidos de acordo com as crescentes necessidades. Juntamente com esses instrumentos, de acordo com geometria da peça, dimensões, tolerâncias, e mesmo com o material, muitas vezes faz-se necessária a utilização de dispositivos, às vezes para suportar a peça, e em outros casos, para dar sustentação ao instrumento. Para as duas situações, tais dispositivos visam garantir ao operador condições sólidas que cooperem para a obtenção de valores relacionados à unidade e tolerâncias de acordo com a expectativa de projeto. Em concordância com as citações anteriores, de acordo com o Inmetro (2012), instrumento de medição é um dispositivo utilizado para realizar medições, individualmente ou associado a um ou mais dispositivos suplementares. Na sequência, por meio de ilustrações, vamos apresentar alguns dispositivos normalmente utilizados para a efetivação de medições. O principal elemento considerado suplementar, ou complementar aos sistemas de medição, é a base de referência, pois é com base nessa referência que todas as medidas são verificadas. Na Figura 19 a seguir, ilustramos o relógio comparador como instrumento de medição propriamente dito. Nesse caso, uma peça de grande dimensão precisa ser devidamente centralizada para o torneamento em uma máquina convencional. Para o desenvolvimento da ação de medição, são utilizados como 24 elementos complementares ao sistema. Sobre o carro transversal do torno, encontra-se a base magnética (com comandos liga e desliga), que possibilita sua fixação. Sobre a base magnética, verifica-se uma haste vertical e, transversal a esta, outra haste. Ambas as hastes são polidas de modo a possibilitardeslocamentos suaves e com sistemas de fixação em pontos de acordo com a necessidade da medição. Figura 19 – Dispositivos para fixação Crédito: Red ivory/Shutterstock. FINALIZANDO Por mais preciso que sejam os instrumentos e apurado o sistema de medição, o resultado metrológico ainda pode conter erros, como o sistemático, que ocorre da mesma forma toda vez que determinada medição é feita em razão a uma falha no instrumento de medição ou a um erro no método usado, e o aleatório, que ocorre inevitavelmente em razão de mudanças no ambiente físico em que a medição é feita ou falhas no operador. 25 REFERÊNCIAS INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA – INMETRO. Vocabulário Internacional de Metrologia – VIM: conceitos fundamentais e gerais e termos associados. Duque de Caxias, 2012. 94 p.
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