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Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – Laboratório de Simulação Realística 7º Semestre Crise epiléptica é a ocorrência de sinais e sintomas transitórios causados por atividade neuronal anormal, excessiva ou síncrona no cérebro. Alguns conceitos são relevantes no contexto de urgência e emergência e são abordados a seguir: • Crise Provocada Tem fator causal identificável, que pode ser uma condição clínica ou sistêmica. Uma vez removida ou tratada essa causa, o paciente não apresentará risco significativo de novas crises. • Crise sintomática aguda É a crise gerada por uma lesão neurológica aguda, que ocorre nos primeiros 7 dias de instalação da afecção. Pode ser atribuída a uma patologia de instalação essencialmente aguda (como hematoma subdural ou acidente vascular cerebral) ou durante um período de atividade de doença em curso (p. ex., vasculite de sistema nervoso central, neuroinfecções). • Crise sintomática remota Crise gerada a partir de uma lesão cerebral antiga, sequelar, que leva à ocorrência de uma crise epiléptica tardiamente (classicamente, considera-se após 7 dias da lesão). Risco de recorrência é alto e, portanto, ele se enquadrará no diagnóstico de epilepsia, conforme será discutido adiante. • Epilepsia • Abordagem ao paciente com a primeira crise epiléptica - ANAMNESE Os principais objetivos durante a anamnese são: - Levantar suspeita acerca de possíveis diagnósticos diferenciais - Identificar possíveis doenças clínicas e/ou neurológicas agudas que possam ser implicadas na etiologia do evento. - Reconhecer dados de história que sugiram uma possível síndrome epiléptica. - Qual o primeiro sinal ou sintoma? (paciente ou perguntar para testemunha) - Qual a sequência de eventos durante a crise? - Quanto tempo durou a crise? - Ficou confuso ou sonolento após o término da crise? Em quanto tempo voltou ao normal? Houve afasia durante ou após a crise? AFASIA: Distúrbio de linguagem que afeta a capacidade de comunicação da pessoa. - Quais condições em que ocorreu/eventos precipitantes? Em vigília ou durante o sono? Durante atividades físicas ou esforço? Teve privação de sono na noite anterior? Uso de álcool e/ou outras substâncias? Abstinência? Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – Laboratório de Simulação Realística 7º Semestre Ambiente com estimulação luminosa intermitente? Durante refeição ou alguma outra atividade específica? Houve cefaleia súbita associada? Trauma craniano imediatamente antes do evento? Usou nova medicação por algum motivo médico ou houve alteração de dose de remédios em uso? - Crises anteriores - Antecedentes patológicos: crises febris na infância, complicação perinatal, trauma craniano ou AVC prévio e doenças sistêmicas associadas (neoplasias, imunodeficiências, doenças autoimunes) - História familiar de crises e/ou de epilepsia também deve ser questionada - EXAMES COMPLEMENTARES Exames de neuroimagem fazem parte da investigação de toda primeira crise epiléptica. A tomografia computadorizada (TC) do crânio é o exame mais acessível, de rápida execução e deve ser realizado em todos os pacientes. O uso de contraste é recomendado, quando não houver contraindicações. Alguns dados clínicos devem ser observados, pois fazem aumentar a suspeição de uma lesão cerebral aguda. Eletroencefalograma (EEG) é um exame que avalia a atividade elétrica cerebral e por isso faz parte da avaliação de uma primeira crise epiléptica A punção lombar para coleta do LCR deve sempre ser considerada na investigação de um paciente com primeira crise, sendo obrigatória se houver suspeita de infecção de SNC, neoplasia e em pacientes com imunossupressão (HIV, transplantados, doença autoimune). - ABORDAGEM INICIAL Frequentemente, o paciente chega após o término da crise, podendo estar ainda confuso ou totalmente recuperado. Se o paciente chega ainda em crise, medidas de suporte de vida, com monitorização de sinais vitais, aferição da glicemia capilar, avaliação de vias aéreas e estabelecimento de acesso periférico estão indicados. Além disso, durante o atendimento inicial, a coleta de sangue para iniciar investigação laboratorial já será realizada. Quando o paciente chega ainda em crise, deve ser instituído tratamento de urgência. A medicação indicada para abortar uma crise em curso será um benzodiazepínico. As recomendações para uso no Brasil são: Diazepam intravenoso (IV): dose inicial de 10 mg para adultos, 0,15 a 0,2 mg/kg/dose para crianças ou pacientes com menor peso; podendo ser repetida dose adicional se necessário (até duas vezes); Midazolam intramuscular (IM): dose inicial de 10 mg se > 40 kg; reduzir para 5 mg se peso entre 13 e 40 kg; não há recomendação para repetição. Preferencialmente, administração do benzodiazepínico deve ser feita já pela equipe de resgate em ambiente pré-hospitalar, o que reduz a chance de complicações. ATENÇÃO! USO DA FENITOÍNA: Não deve ser iniciada de rotina para qualquer paciente com uma primeira crise. Sua indicação é para pacientes com crises recorrentes ou que não apresentaram recuperação do nível de consciência após uma crise (suspeita de estado de mal epiléptico não convulsivo). Dose de ataque: 15 a 20 mg/kg de peso, diluídos em solução fisiológica e administrados em bomba de infusão a uma velocidade de 50 mg/min, com uso de filtro de linha.
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