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Prévia do material em texto

2023
2ª Edição
Fundamentos da Vida 
ProFissional
Prof.ª Fabiane Brião Vaz
Copyright © UNIASSELVI 2023
Elaboração:
Prof.ª Fabiane Brião Vaz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
III
aPresentação
Este livro de estudos foi elaborado com o intuito de apresentar os 
fundamentos da Ciência Política, sociologia e filosofia ao acadêmico. Serão 
desenvolvidas ideias centrais de cada uma dessas ciências, colocando o 
aluno em contato com tais matérias de tamanha importância para o bom 
desenvolvimento social.
Na primeira unidade, demonstraremos os fundamentos históricos 
da Ciência Política, dando início ao desenvolvimento do pensamento acerca 
desta importante disciplina. Discutiremos questões que abordam desde uma 
introdução básica e estruturação da ideia de pensamento político até uma 
breve explanação sobre o sistema de partidos políticos que vigora no sistema 
eleitoral brasileiro nos dias atuais. Também identificaremos conceitos como 
“governo”, “Teoria Geral do Estado” “Constituição” e “democracia”.
Na segunda unidade, destacaremos a importância do estudo da 
sociologia, os objetos e objetivos desta. Conheceremos os principais elementos 
da Ciência da Sociologia, as ideias principais em destaque ao longo da história, 
o contexto histórico dos pensamentos sociológicos e a ideia central de cidadania 
e movimento sociais. A explicação acontecerá com a elaboração de tópicos 
para que se obtenha conhecimento. Ainda, analisaremos as ideias centrais dos 
principais pensadores, além do reconhecimento sobre os conceitos de ação e 
relação social, cidadania, direitos humanos e movimentos sociais.
Na terceira e última unidade, destacaremos o estudo do pensamento 
filosófico através da identificação dos objetos e objetivos da filosofia, a 
introdução do aluno no processo de filosofar, a constatação das ideias 
principais da filosofia que obtiveram destaque ao longo da história e a 
percepção do contexto histórico dos pensamentos filosóficos, sobretudo na 
contemporaneidade. Assim, elaboramos tópicos direcionados à compreensão 
das características do pensamento filosófico e do processo de filosofar, 
compreendendo o papel da filosofia no mundo moderno.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA ............................. 1
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA POLÍTICA ............. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONCEITO DE CIÊNCIA POLÍTICA .............................................................................................. 4
3 CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA POLÍTICA ................................................................... 5
4 PRINCIPAIS TEORIAS POLÍTICAS ................................................................................................ 6
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 15
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 16
TÓPICO 2 – CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO .......................................... 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 SOCIEDADE E ESTADO .................................................................................................................... 18
3 O ESTADO DE DIREITO .................................................................................................................... 21
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 25
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 28
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 29
TÓPICO 3 – GOVERNO, CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA .................................................... 31
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31
2 CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA ................................................................................................ 31
3 O PODER CONSTITUINTE ............................................................................................................... 33
4 FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO .......................................................................................... 35
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 37
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 40
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 41
TÓPICO 4 – PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL.......................................................................... 43
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43
2 SISTEMA ELEITORAL ........................................................................................................................ 43
3 PARTIDOS POLÍTICOS E SISTEMAS PARTIDÁRIOS .............................................................. 45
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 47
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 48
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 50
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................51
UNIDADE 2 – CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA ........................................ 53
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA ........................ 55
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA............................................................................... 55
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 58
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 61
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62
sumário
VIII
TÓPICO 2 – ESTRUTURA DO CONHECIMENTO EM SOCIOLOGIA. ..................................63
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................63
2 O SENSO COMUM ............................................................................................................................63
3 A HISTORICIDADE ..........................................................................................................................65
4 COMUNIDADE ..................................................................................................................................65
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................69
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................72
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................74
TÓPICO 3 – PRINCIPAIS PENSADORES DA SOCIOLOGIA....................................................75
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................75
2 AUGUSTO COMTE ...........................................................................................................................75
3 ÉMILE DURKHEIM ...........................................................................................................................76
4 MAX WEBER .......................................................................................................................................78
5 KARL MARX .......................................................................................................................................79
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................81
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................85
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................86
TÓPICO 4 – CONCEITO DE AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL.........................................................87
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................87
2 DOMINAÇÃO E PODER ..................................................................................................................87
3 SOCIEDADE E INDIVÍDUO ...........................................................................................................88
4 AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL ...........................................................................................................88
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................91
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................93
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................94
TÓPICO 5 – CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS ................95
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................95
2 CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS .......................................................................................95
3 MOVIMENTOS SOCIAIS ................................................................................................................99
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................101
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................104
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................105
UNIDADE 3 – CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA ...........................................107
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA ...........................109
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109
2 COMPREENSÃO DA FILOSOFIA .................................................................................................109
3 CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................................................111
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................116
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................117
TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO ....................................119
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119
2 PENSADORES ....................................................................................................................................119
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................124
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127
IX
TÓPICO 3 – O PROCESSO DE FILOSOFAR ...................................................................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 O CONCEITO DE FILOSOFAR .......................................................................................................129
3 IMMANUEL KANT E O PROCESSO DE FILOSOFAR .............................................................131
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................134
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................137
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................138
TÓPICO 4 – A FILOSOFIA NO MUNDO MODERNO .................................................................1391 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................139
2 A FILOSOFIA MODERNA ...............................................................................................................139
3 O PAPEL DA FILOSOFIA NA CONTEMPORANEIDADE .......................................................141
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................145
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................146
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................147
X
1
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• destacar a importância do estudo do tema Ciência Política;
• identificar as diferenciações sobre os conceitos de Ciência, Política e 
Ciência Política;
• demonstrar ao aluno o pensamento da Ciência Política e Teoria Geral do 
Estado;
• constatar as ideias principais das teorias políticas em destaque ao longo da 
história;
• perceber o contexto histórico dos pensamentos políticos, sobretudo na 
contemporaneidade;
• caracterizar o sistema de partidos políticos adotado no Brasil.
UNIDADE 1
CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA 
CIÊNCIA POLÍTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em quatro tópicos. Em cada um deles, você 
encontrará dicas, textos complementares, observações e atividades que darão 
uma maior compreensão dos temas a serem abordados.
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA 
 CIÊNCIA POLÍTICA
TÓPICO 2 – CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO
TÓPICO 3 – GOVERNO, CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA
TÓPICO 4 – PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA 
POLÍTICA
1 INTRODUÇÃO
Falar sobre política nunca foi tarefa simples. São inúmeras as teorias 
políticas criadas ao longo da história que, na maioria das vezes, se divergem em 
seus conteúdos. Contudo, ainda assim, todas essas teorias foram e ainda são de 
grande importância para o caminhar da sociedade.
Temos, ao longo da história, diferentes pensadores que trouxeram reflexões 
de organização e gestão de sociedade. Ao serem colocadas em prática, garantiram 
que os seres humanos se desenvolvessem em determinado espaço geográfico, 
relacionando-se pacificamente uns com os outros, para o desenvolvimento tanto 
pessoal quanto grupal.
Falar e pensar sobre política são pontos essenciais. Seu estudo pode 
despontar um novo mundo, traçar novos horizontes. A sociedade está em constante 
evolução e conta com o crescimento pessoal dos homens e do pensamento político, 
buscando a melhor vivência interpessoal entre seus membros. 
Infelizmente, em nosso contexto social, o termo política tem sido visto 
como algo sombrio, um condutor de negatividade. Deve-se ao atual panorama 
de corrupção em que o Brasil se encontra. Assim, é importante não só falar, mas 
entender a Ciência Política. 
Quanto mais cidadãos entenderem do que se trata e a importância desta, 
mais livre e pacífica será nossa sociedade. A política é boa desde que exercitada 
com responsabilidade social. 
Assim, no primeiro tópico da Unidade 1, desvendaremos os conceitos de 
filósofos e cientistas políticos que mais obtiveram destaque ao longo da história. 
A descoberta pode ter ocorrido por terem alcançado êxito na aplicação prática de 
suas teorias ao longo do globo ou também por terem criado conceitos importantes.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
4
DICAS
Para aprimorar conhecimentos, o Portal do Governo está disponibilizando vários 
livros sobre a Ciência Política gratuitamente. São livros de Karl Marx, Friedrich Engels, Jean-
Jacques Rousseau, dentre outros filósofos mestres na arte da Filosofia Política. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 26 jul. 2018. Basta colocar “Ciência Política” 
no campo “categoria” e o site lança uma lista com 107 livros importantes sobre o tema.
2 CONCEITO DE CIÊNCIA POLÍTICA
O conceito de ciência pode ser definido como um conjunto de conhecimentos 
obtidos ou produzidos, que foram acumulados ao longo da história. Temos como 
exemplo as Ciências Sociais, campo que trabalha com resultados de observação. 
Devemos observar as relações humanas e retirar padrões que servirão de 
dados para aplicação futura de ideias de ordenamento social. Então, entendemos 
que a Ciência Política é uma disciplina das Ciências Sociais.
Esses conjuntos de conhecimentos, quando elevados ao nível de ciência, 
transformam-se em ideias dotadas de universalidade e objetividade. Assim, 
permitem a difusão com metodologias, teorias e palavreados próprios, a fim de 
que sejam compreendidos pelo maior número possível da população.
Já o termo “Política” vem do grego politikos, que significa a arte ou a ciência 
de governar. Assim, tudo que é pertinente à coletividade, à gestão de sociedade, 
à prática governamental ou aos modelos de Estado está relacionado à política. O 
conceito política, então, pode ser definido como a arte de organizar, de gerir os 
povos. É o conhecimento que está atento aos acontecimentos que dizem respeito 
ao Estado. 
É a política que desenvolve objetivos de desenvolvimento para que 
determinados programas e ações governamentais sejam executados. Ela traça as 
metas e condiciona as maneiras de efetivação da governança. 
Em poucas palavras, podemos dizer que a política é um princípio 
doutrinário que dá forma à estrutura constitucional de um Estado. É a ciência de 
bem governar um povo, constituindo um Estado. 
Para começarmos a falar sobre Ciência Política, é importante lembrar 
que ela estará sempre profundamente ligada à história, ao direito, à filosofia e à 
sociologia. Ciência Política é o estudo da política, das estruturas e dos processos 
de governo.
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA POLÍTICA
5
A Ciência Política lato sensu objetiva estudar os acontecimentos das 
instituições e das ideias políticas, tanto em sentido teórico através das doutrinas, 
quanto em sentido prático na arte de bem governar. Sempre devemos levar em 
consideração os acontecimentos sociais do passado, o quadro social do presente 
e, ainda, as possibilidades das relações futuras.
De acordo com o que vimos até agora, podemos concluir que a Ciência 
Política tem como objeto a sociedade política organizada, bem como, de maneira 
indireta, o Estado. Ainda, contempla as outras ciências relacionadas ao homem, 
como a Sociologia, História, Economia, Filosofia, Geografia, Direito e afins.
Ainda, por ora, é importante fixarmos que a Ciência Política tem como 
objetivo avaliar, posicionar e expor os problemas e as instituições existentes na 
sociedade contemporânea. Ainda, utiliza as Ciências Jurídicas através do Direito 
Constitucional.
O princípio doutrinário da política, quando visto de maneira científica, 
ou seja, como a ciência do estudo da política, dedica-se aos sistemas políticos, às 
organizações e aos processos políticos. 
Dentre os cernes de atenção dos cientistas políticos, podemos ressaltar 
empresas subsidiárias de serviços públicos, sindicatos, igrejas e tipos de 
organizações dotados de estruturas e procedimentos.
3 CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA POLÍTICA
O estudo da política surgiu na Grécia antiga, quando Aristóteles se dedicou 
a compreender e a definir as diferentes formas de governo. Ele determinou três 
maneiras de governo e suas respectivas formas degeneradas. São elas:
• Monarquia: representando o governo de um só (monarca).
• Aristocracia: representando o governo de vários (famílias).
• Democracia: representando o governo de todos (povo).
• Tirania: a maneiradegenerada/corrupta de exercer a monarquia.
• Oligarquia: a maneira degenerada/corrupta de exercer a aristocracia.
• Demagogia: a maneira degenerada/corrupta de exercer a democracia. 
Desde que Aristóteles surgiu com essa denominação, a política ingressou na 
pauta dos assuntos sociais importantes para o bom andamento das comunidades, 
recebendo ampla atenção tanto dos homens, quanto das respectivas populações.
 Aristóteles mostrou que a política está presente em todas as relações 
humanas. Determinar esses seis tipos de relação governante/povo fez com que 
ele ganhasse especial atenção para as análises políticas tanto de sua época quanto 
posteriores ao seu tempo. 
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
6
Contudo, foi só mais tarde que a Ciência Política conseguiu aglomerar 
filosofia moral, filosofia política, política econômica e história em suas outras 
matérias. A partir dessa aglomeração, a Ciência Política foi capaz de arranjar exames 
contemporâneos e futuros sobre o Estado, administração pública e suas funções. 
A Ciência Política surgiu no decorrer do século XIX. Este ficou marcado na 
história como o século de aparecimento não só da Ciência Política, mas das Ciências 
Humanas no geral, como a Sociologia, Antropologia e História. Foi nessa época que 
surgiu algo diferente da filosofia política praticada pelos gregos antigos.
A Ciência Política apareceu como disciplina e instituição em meados do 
século XIX, período em que avançou como “Ciência do Estado” principalmente 
na Alemanha, Itália e França. 
O termo que hoje é aplicado ao ensinamento e ao exercício da política, 
além de envolver definições e exames dos aparelhos e procedimentos políticos, 
foi lapidado pelo professor de História na Universidade Johns Hopkins 
(EUA), Herbert Baxter Adamn, no ano de 1880.
Nota-se que a criação da Ciência Política aconteceu em um determinado 
momento histórico em que o desenvolvimento científico começava a progredir no 
continente europeu. Assim, a disciplina acompanhou o surgimento de todas as 
demais matérias das Ciências Sociais.
 Ainda, arquitetou-se nos alicerces do empirismo científico. De maneira 
geral, seus diagnósticos estão fundamentados nos mesmos métodos empregados 
pelas outras áreas que se empenham à pesquisa social, estando baseada em 
documentos históricos, registros oficiais, produção de pesquisa por questionário, 
análises estatísticas, estudos de caso e na construção de modelos.
4 PRINCIPAIS TEORIAS POLÍTICAS
Mesmo sendo uma disciplina em níveis históricos e recente, a Ciência 
Política possui raízes profundas na história do conhecimento humano. Os 
primeiros pensadores que cultivaram o estudo da política remontam à Grécia 
antiga, como Platão e Aristóteles.
Ainda na Índia, há mais ou menos 2.500 anos, já havia a reflexão sobre a 
Filosofia Política. Suas apreciações dos contextos políticos da realidade de sua época 
serviram como alicerce de edificação da disciplina da maneira como a encontramos. 
Avançando alguns anos, entre os séculos XIV e XVIII, diferentes 
pensadores colaboraram para o campo do conhecimento político. Dentre os de 
maior destaque, estão: Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Karl 
Marx e Friedrich Engels.
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA POLÍTICA
7
Como visto no plano de ensino desta unidade, estudaremos um pouco 
sobre os principais pensamentos da Ciência Política. Assim, seguimos nos 
próximos parágrafos com a exposição das ideias dos cinco autores citados no 
parágrafo anterior.
Thomas Hobbes (1588–1679) teve suas ideias sobre governo e 
política publicadas ao longo dos anos em que esteve em atividade. Contudo, 
esses pensamentos só foram expostos de maneira terminante em sua obra 
intitulada Leviatã, no ano de 1651.
Hobbes não poupou esforços para embasar sua filosofia política em cima 
de uma ideia. Procurava uma tese que permitisse explicar o poder absoluto que 
os soberanos detinham. Junto com Maquiavel (1469–1527), as ideias de Hobbes 
fazem parte de um grupo que podemos denominar de realismo político.
O pensamento hobbesiano ficou conhecido por, de acordo com sua base 
realista, possuir tendências extremistas. Hobbes parte do princípio de que todos 
os seres humanos são maus por natureza. 
Assim, podemos compreender que, no chamado estado de natureza, sempre 
existirão conflitos entre os seres humanos que ali coabitam. Todos os indivíduos 
são possuidores do chamado direito natural, sendo ele um direito que não necessita 
da criação de um Estado para existir. Temos como direito natural o direito à vida.
Logo, podemos concluir que toda situação de estado de natureza será 
carregada de conflitos entre os homens. Seria um cenário de guerra e cada um 
dos indivíduos se encontraria em constante luta contra todos os outros. 
Se eu tenho o direito à vida, então, eu preciso me alimentar para continuar 
a viver. Como já vimos no estado de natureza, o Estado ainda não foi criado. Logo, 
não possuo garantias de acesso aos alimentos necessários para a manutenção 
da minha vida. Assim, terei que ir em busca de alimentos de alguma maneira e 
fazendo o que achar necessário para defender este que é meu único direito. 
Ocorre que no estado de natureza não existem regras, pois não há quem 
as dite ou as regule. Assim, pouco importa se, ao conseguir um alimento, eu o 
retire de outro cidadão. É essa atitude que devemos tomar, uma vez que o ser 
humano, em sua visão, é ruim por natureza. 
O homem livre, no estado de natureza, não se preocuparia em racionar 
ou dividir o alimento encontrado e apenas o comeria, sem se preocupar com seus 
semelhantes coabitantes daquele determinado espaço geográfico. Em casos mais 
drásticos, ao encontrar algum outro indivíduo de posse de um alimento que julgue 
necessário para sua vida, haveria agressão e, em determinadas situações, homicídio.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
8
IMPORTANT
E
No estado de natureza anterior à criação do Estado (governo, organização 
política), além de não existirem regras, não existe também a figura da propriedade privada. 
Não há delimitações, não há divisões, gestão, governança etc.
É justamente por essa visão “negativa” sobre a natureza do homem que 
um governo absolutista e autoritário é o melhor que a sociedade pode conseguir. 
Deve existir a criação de um Estado absolutista, sendo a força exercida pelo 
Estado. De maneira centralizada, seria a única forma de controle desse lado 
“ruim” do ser humano.
Hobbes faz parte, junto com John Locke (1632–1704) e Jean-Jacques 
Rousseau (1712–1778), do trio de filósofos políticos denominados como 
contratualistas. Esse nome se deve pelo fato de que esses pensadores enxergaram 
a criação do Estado como um contrato social entre os indivíduos.
O contrato social corresponde ao momento em que as pessoas transferem 
os seus direitos naturais ao Estado. Na ideia hobbesiana, o indivíduo passa a não 
ter mais direito, uma vez que o Estado criado deve ser absolutista. 
Hobbes trabalha a ideia de soberania do Estado. Essa soberania deve ser 
absoluta. Se houver alguma voz concorrente à voz do Estado, estaríamos retornando 
para o estado de natureza, no qual não existem regras a serem seguidas. 
A única maneira de os indivíduos adquirirem algum tipo de segurança é 
saindo do estado de natureza e transferindo seus direitos para que o Estado os 
resguarde com garantias de ordem social. Para finalizar o pensamento hobbesiano, 
vejamos os quatro objetivos da criação do Estado idealizados:
1 garantir a segurança dos homens;
2 proporcionar a liberdade social dos indivíduos;
3 harmonizar a igualdade entre os cidadãos; 
4 adequar a educação pública e a propriedade material ou privada.
 
Dos quatro objetivos, apenas o primeiro é tido como obrigatório. A 
prioridade do Estado deve ser acabar com a sensação de insegurança que o 
estado de natureza proporciona. Assim, o Estado foi criado para impedir que os 
indivíduos vivam marcados por sentimentos como incerteza e medo.Como já visto anteriormente, três pensadores formam o trio dos chamados 
contratualistas: Jean-Jacques Rousseau (1712–1778), Thomas Hobbes (1588–1679) e 
John Locke (1632–1704).
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA POLÍTICA
9
John Locke, além de contratualista, foi considerado também como o pai 
do liberalismo. Era visto como um pensador ponderado, não acreditava que o 
homem era de fato um ser ruim por natureza. Os principais fundamentos do 
Estado Civil, em linha cronológica, são:
1 o livre consentimento entre os indivíduos através do contrato social;
2 o livre consentimento da comunidade para formar o governo;
3 a proteção dos direitos de propriedade pelo governo;
4 o controle do Executivo pelo Legislativo;
5 o controle do governo pela sociedade.
Locke tem como principais obras dois grandes tratados sobre política, 
que se tornaram clássicos na ampliação das ideias políticas da modernidade. No 
primeiro, intitulado Primeiro Tratado sobre o Governo Civil, ele elabora sua crítica 
à tradição de sua época, que assegurava aos reis direitos que eram tidos como 
divinos. 
Se pensarmos que o poder do Estado era idealizado na figura dos reis e 
advém de um pacto social entre os individuas, fica clara a conclusão de Locke 
para formalizar sua crítica. Afinal, o poder dos reis seria proveniente do pacto 
social, e não de uma autorização sobrenatural. Na outra obra de destaque, 
intitulada Segundo Tratado sobre o Governo Civil, Locke apresenta sua teoria do 
Estado liberal e da propriedade privada. 
No contrato social, os membros da comunidade delegam poderes para um 
governante e este tem por obrigação garantir os direitos individuais já existentes 
no estado natural, além de assegurar o direito à propriedade. 
No estado de direito natural não existe apenas o direito à vida, mas 
também o direito à liberdade e à propriedade privada. Os indivíduos criam o 
Estado apenas para este assegurar os direitos já preexistentes no estado de 
natureza.
Para encerrar as ideias sobre o contrato social, passemos a estudar Jean-
Jacques Rousseau (1712–1778). O autor é conhecido por sua obra chamada Do 
Contrato Social, do ano de 1762.
O que diferencia Rousseau de seus colegas contratualistas é o fato de ele 
defender uma visão mais positiva do ser humano. O homem é um ser bom por 
natureza. Os homens sozinhos, em um estado de natureza, eram seres livres e felizes.
Os indivíduos são “bons selvagens”, são seres que vivem em harmonia 
com o seu meio natural. O homem natural é o homem justo. O desequilíbrio do 
homem não é originário, mas derivado e de ordem social, ou seja, o homem nasce 
bom, mas a sociedade o corrompe.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
10
Assim, a soberania após o contrato social pertence ao povo. O povo 
livremente transfere o exercício de sua soberania para o Estado. Essas ideias 
democráticas serviram de inspiração para os líderes da Revolução Francesa.
Na ideia hobbesiana, o homem mau por natureza sairia em busca de seu 
alimento e passando por cima de tudo e de todos para consegui-lo. Nas ideias 
de Rousseau, o homem livre e feliz, sozinho em seu estado de natureza, apenas 
conseguiria comidas que não prejudicassem aquele ambiente. 
Ocorre que esses bons selvagens enxergariam a necessidade de retirada 
do alimento de alguns para poderem dar mais aos outros, por exemplo. Para 
o pensador, a sociedade implanta no homem maus sentimentos, como os de 
ambição, comparação etc.
IMPORTANT
E
Imagine uma linha. No primeiro extremo temos o nome de Hobbes (o homem 
é mau por natureza), no meio temos Locke (o equilíbrio das ideias, o homem é ponderado) 
e, por último, Rousseau no outro extremo da linha (o homem é bom por natureza).
Para finalizar o presente tópico, passamos a expor, de maneira conjunta, as 
ideias de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895). Em Trier, capital 
da província alemã de Reno, no dia 5 de maio de 1818, nasce Karl Marx, apenas 
dois anos antes de Friedrich Engels, que nasceu em Barmen, Alemanha, em 28 de 
novembro de 1820.
Por insistência da família, Engels abandonou a escola para trabalhar. 
Assim, notamos a condição de miséria dos trabalhadores fabris nos negócios 
particulares. A condição despertou interesse para seguir sozinho nos estudos de 
filosofia, religião, literatura e política.
Em 1842, Engels se mudou para a Inglaterra, lugar onde, na época, já se 
especulava muito sobre as condições dos trabalhadores. Escreveu sobre em A 
Situação das Classes Trabalhadoras na Inglaterra, publicado em 1845. 
Dessa forma, adotou uma reprimenda ao sistema capitalista e estabeleceu 
ligações com Karl Marx, com quem se encontrou em Paris, no ano de 1844, após 
anos de correspondência. Juntos escreveram obras que se tornaram referências 
para o, posteriormente denominado, socialismo materialista.
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA POLÍTICA
11
O Manifesto Comunista, de autoria de ambos, em 1848, e O Capital, de 
autoria de Karl Marx, em 1867, verteram suas ideias ao desenvolvimento teórico 
e prático de vários subtipos de socialismo, comunismo e alguns relacionados ao 
anarquismo. 
Com a morte de Karl Marx em 1883, Friedrich Engels se responsabilizou a 
escrever a continuação do segundo volume de O Capital e redigir inteiramente o 
terceiro. Para que seja possível entender Engels, é necessário precisar a doutrina e 
a atividade de Marx no desenvolvimento do movimento operário.
Juntos anunciaram o socialismo como um estágio final do processo 
antropológico e sociológico, com poderes estatais em segundo plano e beneficiando 
paridade entre os indivíduos. Tudo norteado por teorias como a “mais-valia”. 
Mais-valia foi o termo desenvolvido por Marx para se referir à exploração 
da mão de obra dos trabalhadores. O processo de troca da mão de obra por 
salário era uma maneira de exploração dos assalariados. Os empresários estavam 
gerando lucro em favor da exploração do corpo e mente de outros cidadãos. É 
dele a famosa ideia: “se a classe operária tudo produz, a ela tudo pertence”.
O fenômeno da mais-valia, em poucas palavras, seria a expropriação pelos 
donos das fábricas do valor do trabalho de seus empregados. Para Marx e Engels, 
esse tipo de injustiça seria o suficiente para inviabilizar o capitalismo, sendo o 
socialismo a única maneira de respeitar todos os cidadãos.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
12
REVISITANDO MONTESQUIEU: UMA ANÁLISE CONTEMPORÂNEA 
DA TEORIA DA SEPARAÇÃO DE PODERES
Alan Ricardo Fogliarini Lisboa
A teoria da Separação dos Poderes, desenvolvida por Montesquieu, 
prevê a autonomia dos Poderes como um pressuposto de validade para o 
Estado Democrático. A ideia de que o poder deve ser controlado pelo próprio 
poder pressupõe que as atitudes dos atores envolvidos no palco de decisões 
sejam interligadas. Deve haver uma clara divisão nas competências e uma 
interdependência, que garantam uma gestão compartilhada e homogênea.
Assim, as ações do Executivo, Legislativo e do Judiciário devem ser, em 
tese, autônomas e complementares. O obstáculo à atuação legítima de qualquer 
um dos entes deve pressupor um abuso de seu poder institucional.
Entretanto, a atual conjuntura brasileira desenha um quadro diferente. A 
utilização indiscriminada de Medidas Provisórias pelo Executivo, a instalação de 
CPI’s pelo Legislativo e a utilização de Ações Diretas de Inconstitucionalidade por 
Omissão (ADIN) pelo Judiciário, por exemplo, apontam para uma interferência 
mútua nos círculos de poder dos atores estatais.
Cabe ressaltar que nenhuma das atividades é ilegal ou inédita. Todas têm 
amparo legal e são instrumentos previstos na atuação do Estado. O que desperta 
interesse no momento é que a utilização delas vem crescendo nos últimos 10 
anos, às vezes como forma de acelerar o processo de gestão, ou como maneira de 
obstacularização do processo decisório.
O escopo do presente trabalho é questionar não a natureza do processo, mas 
seu objetivo. Afinal, a utilizaçãodemasiada desses métodos é a personificação de 
uma atitude despótica de conquista do poder pelas facções ideológicas (partidos 
políticos) ou uma readequação da teoria do Check and Balances como uma resposta 
dos demais poderes para a concentração de força no Executivo?
Caso a primeira opção se confirme, qual o papel do Judiciário nessa 
contenda, uma vez que sua natureza deve ser percebida como apolítica e, portanto, 
não inscrita na relação de disputa apresentada? Cabe a ele ser o mediador do 
conflito entre as demais facções notadamente políticas, consubstanciando-se tão 
somente como “la bouche de la loi” ou representa-se como ator ativo no palco do 
domínio do poder?
O presente trabalho pretende a questão crucial da divisão do poder no 
interior do Estado. Entretanto, não guarda o intuito de exaurir a discussão, uma 
vez que a relação encontrada é dinâmica e, portanto, avessa à conformação de 
qualquer teoria hegemônica.
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA CIÊNCIA POLÍTICA
13
Ao iniciar essa discussão, é preciso traçar as linhas gerais sobre o que 
seja e de onde venha a ideia de que o poder deve ser exercido de forma separada 
e complementar. Para alguns autores, inclusive, o poder político é indivisível e 
deriva do Estado e do Povo. 
O que aconteceria na realidade é a especialização das funções entre entes 
diversos que, conjuntamente, exercem o poder do Estado. Essa ideia, contudo, é 
rechaçada por aqueles que entendem que o foco do estudo não está nem na ideia 
funcionalista, nem na estruturalista (órgãos) do governo, e sim na sua capacidade 
de imperium.
Ao iniciar seu trabalho sobre as leis, Montesquieu divide os três estilos 
de governo em republicano, monárquico e despótico. A diferença entre eles é básica 
e inscrita no próprio senso comum: na república, todo povo ou, ao menos, parte 
dele, exerce diretamente o controle do Estado. A monarquia é representada por 
apenas uma figura, mas regrada por leis fixas e estabelecidas. Já o déspota ignora 
a instituição de normas e governa por seu próprio arbítrio.
Nessa análise inicial, o autor coloca força em um poder intermediário, de 
contenção, ou “repositório de leis”, como um poder mediador entre a vontade do 
governante e o povo. Tal fenômeno inclusive é o que impede a evolução de um 
poder centralizado (monarquia) para um sistema despótico. Além disso, sugere a 
existência de primazias ou princípios aos sistemas republicanos e monárquicos, 
a virtude e a honra. São esses elementos, portanto, também freios primários do 
poder constituído.
A proposta de limites ao poder de comandar e coagir o cidadão está assente 
na teoria de Montesquieu, mas possui raízes mais profundas. Platão e Aristóteles, 
na Grécia antiga, Tomás de Aquino e Marsílio de Pádua, na era medieval, e mais 
modernamente Bodin e Locke já se ocuparam do assunto, embora o primeiro e o 
último foram considerados verdadeiros precursores do aristocrata francês.
Contemporaneamente, a percepção foi trabalhada por Locke, ao desenhar 
uma separação entre os poderes. Para esse autor, existiriam o Executivo, 
responsável pela execução das leis, o Legislativo, expressão do povo para a 
criação de tais enunciados, e ainda outros dois, Confederativo e Discricionário.
Refinando o modelo, Montesquieu afirma claramente a necessidade de 
divisão dos poderes como forma de constituição do Estado Moderno: ”Há em 
cada Estado três espécies de poder: o poder legislativo, o poder executivo das 
coisas que dependem do direito das gentes, e o poder executivo daqueles que 
dependem do direito civil”.
O autor ainda compara monarquias moderadas da Europa. Existe uma 
fração do poder de governo na mão do povo (justiça) e com uma república sem 
separação, como a Itália da época. Na sua concepção, o último exemplo, apesar de 
dito democrático, é menos aberto do que as monarquias citadas, e o governo precisa 
“de meios tão violentos quanto os dos turcos”, com “um horrível despotismo”.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
14
Partindo dessa visão, o poder no Estado Moderno, e particularmente 
no Brasil, divide-se em Legislativo (expressão máxima do poder popular, cujos 
representantes efetivamente criam as leis e regras que serão dirigidas a todos); 
Executivo (órgão responsável pela execução das leis e direção central da nação, 
também escolhido pelo povo), e Judiciário (repositório da legislação, com função 
de intérprete e guardião das normas e princípios norteadores do EDD).
Mais moderno e aprofundado, o conceito dado por Canotilho pressupõe 
não apenas uma divisão horizontal, como a já definida, mas também uma 
separação vertical dos poderes, como o princípio básico do federalismo e a 
separação em União, Estados e Municípios.
Com efeito, a ideia de um perfeito equilíbrio entre o Poder Central e os 
periféricos está assentada na base da ideia de parlamento, como afirma Bobbio:
“O nascimento e desenvolvimento das instituições parlamentares 
dependem, portanto, de um delicado equilíbrio de forças entre o poder central e 
os poderes periféricos. O poder central goza de uma significativa preponderância. 
As instituições parlamentares vingam mal e dificilmente prosperam. Tampouco 
na situação oposta [...] existem condições para a consolidação dos Parlamentos: 
falta, na verdade, um estímulo que leve as várias forças do país a se unirem de 
forma duradoura”.
Baseado no estudo constitucional português, o autor trabalha a estruturação 
de Montesquieu em três esferas: plano funcional (legislativa, executiva e judiciária); 
plano institucional: existência de três órgãos constitucionais para cada uma das 
funções; plano sociocultural: articulação de cada poder com as estruturas sociais.
FONTE: LISBOA, Alan Ricardo Fogliarini. Revisitando Montesquieu: uma análise contemporânea da 
teoria da separação dos poderes. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XI, n. 52, p. 1-3, abr 2008. Disponível 
em: <http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2670&revista_
caderno=9>. Acesso em: 24 jul. 2018.
15
Neste tópico, você aprendeu que:
• O conceito de política pode ser definido como a arte de organizar, de gerir 
os povos. É o conhecimento que está atento aos acontecimentos que dizem 
respeito ao Estado.
• A Ciência Política é uma disciplina das Ciências Sociais, fazendo parte do 
conjunto de ciências que são obtidas pelo ser humano.
• A Ciência Política tem como objeto a sociedade política organizada, bem como, 
de maneira indireta, o Estado.
• A Ciência Política tem como objetivo avaliar, posicionar e expor os problemas 
e as instituições existentes na sociedade contemporânea.
• O estudo da política surgiu na Grécia antiga, quando Aristóteles se dedicou 
a compreender e a definir as diferentes formas de governo. Há três maneiras 
de governo e suas respectivas formas degeneradas. São elas, respectivamente: 
monarquia, aristocracia, democracia, tirania, oligarquia, demagogia.
• O pensamento hobbesiano ficou conhecido por, de acordo com sua base 
realista, possuir tendências extremistas. Todos os seres humanos são maus por 
natureza.
 
• Nas ideias de Locke, os principais fundamentos do Estado Civil, em linha 
cronológica, são: o livre consentimento entre os indivíduos para estabelecer 
a sociedade através do contrato social; o livre consentimento da comunidade 
para formar o governo; a proteção dos direitos de propriedade pelo governo; o 
controle do Executivo pelo Legislativo e o controle do governo pela sociedade.
• Rousseau enxerga os indivíduos como “bons selvagens”, como seres que vivem 
em harmonia com o seu meio natural. O homem natural é o homem justo. O 
desequilíbrio do homem não é originário, mas derivado e de ordem social, ou 
seja, o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.
• O fenômeno da mais-valia é a expropriação pelos donos das fábricas do valor 
do trabalho de seus empregados.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
1 Explique o que é a Ciência Política, exibindo quais são seus objetos de estudo, 
seusobjetivos e que meios ela utiliza para alcançá-los.
2 De acordo com o que você estudou, disserte sobre os autores contratualistas, 
enfatizando os principais pontos de divergência entre eles.
AUTOATIVIDADE
17
TÓPICO 2
CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Quando falamos sobre Ciência Política, logo temos em mente a matéria 
de Teoria Geral do Estado. Essas duas matérias andam juntas e algumas pessoas 
acreditam, inclusive, que tratam da mesma coisa, que seria mera distinção de 
nomes. Entretanto, vamos aprender aqui o que as diferencia e a importância do 
estudo de ambas.
Esses estudos andam juntos pelo simples fato de que se complementam. Como 
já vimos, a Ciência Política nos traz as reflexões e ideias dos grandes pensadores. É 
uma matéria do campo da sociologia que, intimamente, está ligada à filosofia.
Já a Teoria Geral do Estado é matéria do campo jurídico, são os estudos 
que aparecem cronologicamente em tempo posterior ao pensar dos cientistas 
políticos. É a aplicação dos resultados obtidos na Ciência Política. 
No tópico de Teoria Geral do Estado, por exemplo, iremos observar 
questões de modelos e formas de estados, soberania e sociedade. Esses são 
elementos que só são passíveis de estudos após concluirmos que o Estado já foi 
criado e aplicado de determinada maneira.
É possível conceituar Teoria Geral do Estado como a ciência que pesquisa 
e exibe os princípios basilares da sociedade política (Estado), sua composição, 
formas, modelos e evolução. Assim, ela conta com o que chamamos de Tríplice 
Aspecto da Teoria Geral do Estado, sendo eles o sociológico, político e jurídico.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
18
IMPORTANT
E
Ciência Política = considerações, pesquisa, crítica. Teoria Geral do Estado = 
resultado das considerações, aplicação.
2 SOCIEDADE E ESTADO
Passamos agora ao estudo dos elementos da Teoria Geral do Estado. 
Primeiramente, falaremos sobre sociedade, que pode ser conceituada como um 
grupo de indivíduos reunidos e organizados em determinado território geográfico 
com um objetivo em comum. 
Esse objetivo em comum a ser alcançado pela sociedade é o que 
denominamos como bem comum, sendo ele um bem que ultrapassa o bem 
pessoal único do indivíduo e contempla todos os cidadãos daquela sociedade. 
Notamos que o bem comum não é o “bem de todos” ou o “bem geral”. 
Os últimos seriam anuladores dos bens individuais. O bem comum é algo 
equilibrado entre o bem pessoal do indivíduo e o bem geral da sociedade. É 
quando todos os cidadãos abrem mão de alguma parte de algo pessoal em prol 
do bem maior de todos. 
Para melhor explicar, devemos imaginar um Estado que dispõe das 
melhores escolas possíveis em espaço físico e pesquisa científica, porém anula os 
direitos de liberdade de expressão de seus alunos. Assim, temos um exemplo de 
bem geral. Abdicou-se totalmente de um direito individual para obtê-lo. Logo, o 
bem não está em comunhão entre a sociedade e o cidadão.
Sobre a origem da sociedade, a teoria mais aceita é a da sociedade natural, 
que diz que a sociedade é fruto da própria natureza humana. Ainda, além dela, 
existe a teoria contratualista, que já vimos no tópico anterior, que diz que a 
sociedade é simples fruto de escolha entre os seres humanos que coabitavam 
determinado espaço geográfico e em determinada época. Dallari (1998) defende 
que, para um agrupamento humano ser considerado sociedade, são necessários 
alguns elementos:
• Finalidade social ou valor social: o homem necessita ter consciência de que 
precisa viver em sociedade e buscar fixar, como objetivo da vida social, um 
desígnio harmônico entre suas necessidades fundamentais e as coisas que 
julgar preciosas. Significa dizer que a finalidade social objetivada pelo homem 
é o bem comum.
TÓPICO 2 | CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO
19
• Manifestações de conjunto ordenadas (ordem social e ordem jurídica): para 
a persecução das finalidades buscadas pela sociedade, há a necessidade de que 
os membros se despontem por meio de ação conjunta constantemente efetuada. 
Para ocorrer, devemos atender a três requisitos:
• Reiteração: sabendo que a todo momento e que nos territórios aparecem 
novos fatores influenciadores para ideia de bem comum, é imprescindível que 
os membros da sociedade se manifestem em conjunto sempre que acharem 
necessário e visando à efetivação dos objetivos da sociedade. Além disso, é 
necessário que os atos cometidos de maneira isolada sejam conjugados e 
integrados dentro de todo harmônico.
• Ordem: as manifestações de conjunto são reproduzidas dentro de uma ordem, 
para que a sociedade possa atuar em função do bem comum. A ordem não 
exclui a vontade e a liberdade das pessoas, visto que todos os membros da 
sociedade participaram da criação das normas de comportamento social.
• Adequação: não se deve impedir a livre manifestação, o desenvolvimento 
das tendências da época e os anseios dos cidadãos. As ações conjuntas dos 
membros de uma sociedade consideram o bem comum.
• Poder social: para caracterizar poder, é importante ressaltar seus elementos: 
socialidade, o poder é um fenômeno social, jamais podendo ser explicado pela 
simples consideração de fatores individuais; bilateralidade, indicando que 
o poder é sempre a correlação de duas ou mais vontades, havendo uma que 
predomina.
Continuando os aprendizados do presente tópico, passamos a pensar o 
Estado. Estado é a organização de determinada sociedade e sob governo próprio 
e território determinado, com a finalidade de efetivar o bem comum. Para melhor 
entender as Teorias do Estado, é importante que vejamos um breve histórico da 
sua evolução:
• O Estado Oriental, Antigo ou Teocrático: ocorreu nas antigas civilizações no 
Oriente ou no Mediterrâneo. A família, a religião, o Estado e a organização 
econômica eram um só conjunto. Não se diferenciava o pensamento político da 
religião, da moral, da filosofia ou de outras doutrinas econômicas. O Estado não 
possuía subcategorias divisórias, territoriais ou de funções. Foi determinado 
como Estado Teocrático devido à grande influência que a religiosidade 
tinha na época. Tanto a autoridade dos governantes quanto as normas de 
comportamento individuais e coletivas eram a expressão da vontade de um 
poder divino. 
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
20
• O Estado Grego: a característica fundamental é a cidade-estado, a polis, cujo ideal 
era a autossuficiência. Existia a classe política, composta pela elite, com intensa 
participação nas decisões de caráter público do Estado. Quando citado como 
governo democrático, significava que uma parte restrita da população, ou seja, os 
cidadãos, participava das decisões políticas. Além destes, habitavam a cidade os 
Metecos (estrangeiros) e os escravos, que não participavam do poder político. 
• O Estado Romano: a família era a base da organização desse Estado. Eram 
dados, aos descendentes dos fundadores do Estado, privilégios especiais. 
O povo, que representava uma pequena parte da população, participava 
diretamente do governo, que era exercido pelo Magistrado. Com o passar do 
tempo, novas categorias sociais apareceram e foram adquirindo e ampliando 
direitos. Com a ideia do surgimento do Império, Roma tentou integrar os povos 
conquistados e manter um sólido núcleo de poder político a fim de assegurar o 
desenvolvimento da Cidade de Roma.
• O Estado Medieval: existia um poder superior exercido pelo Imperador e uma 
ilimitada multiplicidade de poderes menores e sem hierarquia definida. Ainda, 
várias ordens jurídicas (norma imperial, eclesiástica, monarquias inferiores, 
direito comunal desenvolvido, ordenações dos feudos e as regras estabelecidas 
no fim da Idade Média pelas corporações de ofício) e instabilidade social, política 
e econômica, que geraram uma intensa necessidade de ordem e autoridade. 
• O Estado Moderno: a soberania, a territorialidade e o povo são as características 
do Estado Moderno. Foram originadasda necessidade de unidade e da busca 
de um único governo soberano dentro do território delimitado. São três os 
elementos que constituem o Estado:
• Povo: corresponde à população do Estado. É o grupo de indivíduos em uma 
ordem estatal determinada. Um conjunto de indivíduos sob o mesmo regime 
de normas, possuidor de direitos e deveres. Distingue-se de nação, que é 
uma entidade moral. São pessoas que possuem um sentimento de união por 
serem de origem comum, por possuírem interesses ou ideias em comum. Esse 
sentimento complexo é o que definimos como patriotismo.
• Território: é materialmente formado pela terra firme, incluindo o subsolo e 
as águas internas (rios, lagos e mares internos), pelo mar territorial, pela 
plataforma continental e pelo espaço aéreo.
• Governo: é o conjunto das funções necessárias para a manutenção da ordem 
jurídica e da administração pública. Governo confunde-se, muitas vezes, 
com soberania. Alguns autores citam, como quarto elemento constitutivo do 
Estado, a soberania. Para os demais, no entanto, a soberania integra o terceiro 
elemento. O governo pressupõe a soberania. Se o governo não é independente e 
soberano, não existe o Estado perfeito. O Canadá, Austrália e África do Sul, por 
exemplo, não são Estados perfeitos, porque seus governos são subordinados 
ao governo britânico.
TÓPICO 2 | CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO
21
As funções do Estado são todas as ações necessárias à execução do bem 
comum. Função legislativa é aquela exercida pelo Poder Legislativo, que tem a 
função de elaborar leis. Função executiva é exercida pelo Poder Executivo, tem 
como função administrar o Estado e pretende contemplar a melhor maneira de 
concluir seus objetivos (exemplos: nomeação de funcionários, criação de cargos, 
execução de serviços públicos, arrecadação de impostos). Por último, a função 
judiciária, que é exercida pelo Poder Judiciário e tem a função de interpretar e 
aplicar a lei.
O Estado, ao longo do tempo, foi se caracterizando de diferentes formas. 
Quando falamos em forma, estamos nos referindo à formação material do Estado, 
sua estrutura. São as variações existentes na combinação dos três elementos 
morfológicos do Estado: povo, território e governo. São formas de Estado:
• Estado simples ou unitário: existe apenas um poder soberano. O governo possui 
completa jurisdição nacional e não existem divisões internas. Ex.: França.
• Estado composto: união de dois ou mais Estados, que representam duas 
esferas distintas de poder governamental e que obedecem a um regime jurídico 
especial. É uma pluralidade de Estados perante o direito público interno, mas 
no exterior se projeta como uma unidade. São tipos importantes de Estados 
Compostos:
• Confederação: Estados independentes se juntam para fins de defesa externa 
e paz interna. Na união confederativa, os Estados Confederados não sofrem 
qualquer restrição à soberania interna, nem perdem a personalidade jurídica 
de direito público internacional. Ex.: Estados Unidos da América do Norte e 
Alemanha, que são hoje federados, mostrando a tendência de as confederações 
evoluírem para federação ou se dissolverem.
• Federação: Estado formado pela união de vários Estados, que perdem a 
soberania em favor do poder central da União Federal, que possui soberania 
e personalidade jurídica de Direito Público Internacional. Exemplo: Brasil, 
Estados Unidos da América do Norte, México.
3 O ESTADO DE DIREITO
O Estado de Direito é configurado como o sistema institucional. O 
governo e o indivíduo, por exemplo, devem se submeter em respeito às normas 
e direitos fundamentais. Dessa forma, desenvolve-se regulado e autorizado pela 
ordem jurídica a fim de oferecer mecanismos para proteger os cidadãos de ações 
abusivas do Estado. O propósito é carregar em si superioridade em relação à 
autoridade pública.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
22
Apresenta-se como oposição ao uso arbitrário de poder, não só como uma 
concepção tradicional de ordem jurídica, mas também como um conjunto dos 
direitos fundamentais. Deve ser considerado como uma forma de limitação de 
autoridade em torno das liberdades públicas, democracia e papel do Estado.
Ao contrário das monarquias absolutistas de direito divino, ditaduras 
e regimes, o Estado de Direito se apresenta ora liberal, ora social e, por fim, 
democrático.
IMPORTANT
E
O arbítrio do Estado monárquico pode ser exemplificado pelo Rei Luiz XIV da 
França, apelidado de “Rei Sol”, símbolo do poder pessoal com sua famosa frase: "O estado 
sou eu” (l´État cést moi").
O Estado liberal de direito surge como a expressão jurídica da democracia 
liberal após a Revolução Francesa de 1789 e encerrando o absolutismo da monarquia. 
É guiado pela burguesia revolucionária, cujo lema era "Liberdade, Igualdade 
e Fraternidade". Liberdade individual, igualdade jurídica e fraternidade com os 
camponeses. Os capitalistas ansiavam por autonomia dos monarcas e nobres.
As principais características foram a não intervenção do Estado na 
economia, validade do princípio da igualdade formal, implementação da Teoria 
da Divisão dos Poderes de Montesquieu, supremacia da Constituição como 
norma limitadora do poder governamental e garantia de direitos individuais 
fundamentais. Foram denominados os "direitos de primeira geração". A 
especialização de funções age em conjunto com o constitucionalismo, no que diz 
respeito à delimitação do poder do Estado Moderno.
Com Montesquieu e seu O Espírito das Leis (1748) houve, a princípio, a 
percepção de uma divisão de tarefas para melhorar o desempenho burocrático 
do Estado. A ação não foi impulsionada como forma de estratégia para reduzir a 
influência direta da autoridade estatal.
IMPORTANT
E
O poder do Estado é uno e indivisível. A função do poder se divide em três: 
legislativa, judicial e a executiva. A teoria da "Separação dos Poderes" pressupõe a separação 
ou divisão das funções ou competências do Estado.
TÓPICO 2 | CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO
23
O princípio da igualdade formal buscava a sujeição de todos perante a lei, 
acabando com qualquer discriminação. Todas as leis teriam conteúdo geral.
A partir da menor intervenção do Estado na economia, surge a ideia de 
“Estado mínimo”, em defesa da ordem natural e econômica. É utilizada atualmente 
com o Estado neoliberal, que busca proporcionar a condução da economia aos 
capitalistas em ascensão através da prática de autorregulação do mercado.
Na doutrina liberal, direitos reconhecidos fundamentais são considerados 
constitucionalmente e, portanto, invioláveis. Compreendem as liberdades 
clássicas, tais como liberdade, propriedade, vida e segurança, denominados 
também de direitos subjetivos materiais ou substantivos. O Estado social de 
direito, em face ao absenteísmo do modelo clássico do liberalismo, cria conteúdo 
social com a pretensão de agregar a busca do bem-estar social ao capitalismo. 
A revolução russa de 1917 ocorre devido à exploração dos trabalhadores 
e cria preocupação com a possível disseminação de seus ideais e valores. Como 
dispositivo de defesa, surge o Estado social. Dessa demanda, surgiu o modelo de 
welfare state neocapitalista após a Segunda Guerra Mundial.
Políticos passam a aceitar o intervencionismo estatal pensando nos 
desfavorecidos. A intenção é criar uma fórmula para que o bem-estar e o 
desenvolvimento social passem a nortear as ações do ente público, sem haver 
a renegação dos valores e conquistas do liberalismo burguês e resguardando os 
valores, levando em conta as condições do presente.
Para completar o objetivo, a igualdade formal teve que ser substituída pela 
igualdade material, que procurava obter desenvolvimento e justiça social. Assim, 
são necessários o crescimento e a elevação do nível cultural e mudança social.
Foram ampliados os direitos subjetivos materiais, criando os chamados 
"direitos de segunda geração", compromissando o governante a proporcionar, 
dentre outros, o direito a educação, saúde e trabalho,lazer e moradia. A lei passa 
a ser, cada vez mais, específica e com destinação concreta, ao invés de abstrata e 
de ordem geral. Dessa forma, atendendo mais a critérios circunstanciais.
A principal diferença, então, para a concepção clássica do liberalismo 
é que, além dos limites, são acrescentadas obrigações positivas, mantendo o 
respeito aos direitos individuais. O Estado democrático de direito surge com a 
necessidade de acolher, confiavelmente, os desejos de democracia.
Como uma garantia para não compactuação com regimes incompatíveis 
com a democracia, são instituídos os "direitos de terceira geração" na esfera 
do respeito e conteúdo fraternal. São compreendidos por direitos coletivos, 
dentre outros, o respeito ao meio ambiente, paz, autodeterminação dos povos e 
moralidade administrativa.
O Estado passa a ter uma condição aprimorada do conteúdo social e de 
existência, transpondo a postura de proporcionar uma vida digna e contemplando, 
simbolicamente, a proteção da participação pública na ordem de implantação do 
planejamento social.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
24
Bonavides (2000) cita os "direitos de quarta geração" quando explica que 
a globalização política, na esfera da normatividade jurídica, introduz os direitos 
de quarta geração, que correspondem à derradeira fase de institucionalização do 
Estado social.
Ao se apropriar do propósito democrático, o Estado de Direito tem como 
escopo a igualdade. A lei se torna mecanismo de mudança e solidariedade das 
pessoas, não mais ligada obrigatoriamente à sanção ou à promoção. A participação 
social não se limita mais a formar as instituições representativas.
FIGURA 1 – MODELOS DE ESTADOS E SUA ESTRUTURAÇÃO
Estado Liberal 
de Direito
ReestruturaçãoAdaptação
EducaçãoPromoçãoSanção
ComunidadeGrupoIndivíduo
Lei é a ordem geral 
e abstrata; não 
impedimento
Lei é instrumento 
de ação concreta do 
Estado
Lei é instrumento 
de transformação e 
solidariedade
Transformação 
do status quoPrestações positivas
Limitação da ação 
estadual
IgualdadeQuestão SocialConteúdo jurídico do liberalismo
Estado Democrático 
de Direito
Estado Social de 
Direito
Estado de DireitoEstado legal
Estado LiberalEstado Absolutista
Estado Moderno
FONTE: O autor 
TÓPICO 2 | CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO
25
LEITURA COMPLEMENTAR
NOTAS SOBRE O ESTADO MODERNO E A SEPARAÇÃO DE PODERES
Nelson Nogueira Saldanha
O Estado: stato, état, Stata, Estado, state etc. Um termo extremamente 
conhecido e de trânsito livre no vocabulário do homem comum, bem como no 
dos especialistas, e que entrou nesse vocabulário durante os séculos modernos, 
especialmente com a alusão de Maquiavel aos stati, no início de O Príncipe. 
O Estado é visto como fenômeno universal (quase um “universal da 
cultura”), no sentido de estrutura de poder dominante para determinado povo. 
A ideia, presente em tantos autores, segundo a qual não teria havido Estado na 
Idade Média (Ocidental), é confirmada pela dispersão do poder em diversos 
“centros”, submetidos afinal ao poder maior do Papado e da Igreja. Daí que certos 
professores, como Hermann Heller e Ernst Forsthoft, tenham identificado a teoria 
do Estado como algo referido ao Estado moderno.
Este é, de resto, um tema de interesse permanente para os estudiosos: o 
Estado como ordem política e como ordem jurídica. A ordem, no Estado, como 
fundamento de seu surgimento histórico e de seu conforto social e também como 
organização de normas e de competências decisórias. 
Uma duplicidade que pode trazer inquietação para o tratadista, e que 
se apresenta ao observador como referência permanente, seja nas teocracias do 
Oriente Antigo, seja nas democracias dos séculos XX e XXI (SALDANHA, 2003). 
Como se sabe, um dos modos de aludir ao problema, inclusive por parte 
de pensadores ou de observadores mais descomprometidos, tem sido o de 
entender a divisão do poder, sua participação, como um processo jurídico, ao 
menos latentemente jurídico. 
Outro problema, porém, que aí permanece, é que a colocação de uma 
estrutura jurídica no poder implica um poder de decisão realmente suficiente. 
Divide et impera sempre foi mais estratégia política do que preceito jurídico. 
Contudo, a Idade Média nos legou uma imagem clara do direito como algo 
provido de validade peculiar: o jus como referência necessária para a medida dos 
atos de poder. Fica dito “medida”, em verdade, aludindo a um dos sentidos de 
nomos: para Schmitt, medida espacial, ligada ao “assentamento” e à “ordenação” 
(SCHMITT, 1979).
 
O Estado Moderno herdou a ambígua imagem da conexão entre o direito 
e o poder. Destarte, o dito absoluto aproveitaria, de acesso de frases romanas, do 
dito lex est quod ad princeps placuit, como o Estado dito constitucional citaria salus 
populí summa lex esto. 
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
26
É curioso que, em relação à permanência da ligação entre o Estado e o 
direito, a sucessão de fases (ou tipos históricos) daquele não corresponde às 
formas históricas deste. É raro falar em um “direito liberal” e outro social, salvo 
em um sentido diferente. Aliás, a discrepância já seria uma base para a tese da 
identificação entre direito e Estado ser recusada. 
Nos tempos ditos modernos, a história dos homens de carne e osso 
está cada vez mais ligada à presença do Estado: poder, poderes, legislação, 
terminologia, problemas tributários, problemas de ética política, tudo realçado 
pelo olho implacável da imprensa. 
Mac Ilwain considera correlatos os termos jurisdictio (de Bracton) e politicum 
(de Fortescue). O paralelo, que no fundo remete à complementaridade entre o 
político e o jurídico, situa o problema em termos que em verdade permanecem. 
Será o caso de ser acrescentada uma referência ao excelente estudo de Hermann 
Heller, contido em seus Escritos Políticos (1984).
Vale insistir sobre o paralelo entre o advento do Estado constitucional, 
que é o “liberal” encarado sob prisma específico, e a formação da própria ciência 
jurídica contemporânea. Ao mencionar o famoso debate Thibaut–Savigny sobre a 
codificação, citamos a frase de Koshaker (em seu livro Europa und das roemischen 
Rechts), conforme a qual a chamada ciência do direito seria historicamente um 
produto made in Germany. 
Temperemos a frase: os alemães, sobretudo com a Pandectística, criaram 
uma ciência do direito e os franceses criaram outra, produto cartesiano da Escola 
da Exegese. Há uma convergência do espírito do Ocidente para um modelo que 
se tornaria, de certo modo, universal. 
Para o referente ao socialismo, ou aos socialismos, valerá lembrar as 
dificuldades doutrinárias provenientes da crença na extinção do Estado. Marx 
e Engels tentaram abolir toda conotação utópica dentro da ideia do Estado 
socialista, conotação retomada no século XX inclusive por Ernst Bloch com seu 
“Princípio Esperança” (BLOCH, 1959). 
A utopia prosseguiu, dispersa e diminuída, no meio dos debates sobre 
justiça social e coisas afins. Com efeito, a força do pensamento utópico sempre foi 
grande e desde a antiguidade se formulam utopias, inclusive a de Hipódramo e 
a de Platão. 
Com as utopias do Renascimento aquele pensamento ressurgiu vigoroso 
e dentro do Romantismo (ou no período que o antecipa) as utopias se formulam 
de modo muito característico e quase sempre – vale acentuar – como propostas 
urbanísticas. Vale acentuar também que eram propostas as de Bentham, de Owen, de 
Saint-Simon, de Fourier e outros, que previam comunidades não muito numerosas. 
TÓPICO 2 | CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO
27
Urbanismo: o arquétipo cidade, desafio e fascínio para os habitantes da 
floresta e os do deserto, desde os inícios. O arquétipo cidade vinculando à imagem 
do próprio Estado, muitas vezes confundindo-se no espaço com as duas coisas, 
ambas se ligando à ideia milenar do reino e do poder real e com suas projeções: 
a segurança, a justiça, os contornos da vida. Para evocar novamente a frase de 
Weber, o“monopólio do uso legítimo da violência”.
 
Quero retomar, embora sem alongar-me, para a observação ali feita, que 
distingue em Il príncipe um “historiador pragmático” e na Republique de Bodin 
um jurista sistemático, apontado no Leviathan como um filósofo com ponderável 
veia metafísica e com uma visão do homem um tanto negativa. 
Diria que a época era de revisões filosóficas, e que a antropologia política 
de Hobbes traduziu um realismo profundo (realismo também em Maquiavel, 
mas com outro sentido). Quanto a Bodin, com efeito, foi homem de preocupações 
metodológicas, apto para a visão estrutural do fenômeno do Estado (mencionado 
como “republica”). Interessante também o amplo estudo de Pocock (1975). 
O livro de Meinecke, publicado em 1924, Die Idee der Staatsraeson in der 
neueren Geschichte, marcado por um certo europocentrismo, ficou de qualquer 
sorte, pela força de seu texto, como o grande chamamento ao tema.
FONTE: NOGUEIRA SALDANHA, Nelson. Notas sobre o Estado Moderno e a separação de 
poderes. Duc in Altum, Recife, v. 3, n. 4, p. 193-198, jul. 2008. Disponível em: <http://faculdadedamas.
edu.br/revistafd/index.php/cihjur/article/view/131/122>. Acesso em: 9 jul. 2018.
28
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Teoria Geral do Estado é matéria do campo jurídico, são os estudos que 
aparecem cronologicamente em tempo posterior ao pensar dos cientistas 
políticos. É a aplicação dos resultados obtidos na Ciência Política.
• Sociedade é um grupo de indivíduos reunidos e organizados em determinado 
território geográfico e com um objetivo em comum. 
• Para um agrupamento humano ser considerado sociedade, é necessário: 
finalidade ou valor social, manifestações de conjunto ordenadas e poder social.
• Povo é um conjunto de indivíduos sob o mesmo regime de normas, possuidor 
de direitos e deveres.
• Território é a base geográfica onde um Estado exerce seu poder coercitivo nos 
seus cidadãos. É materialmente formado pela terra firme.
• Governo é o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica 
e da administração pública.
• Soberania é o poder de se organizar juridicamente e de fazer valer, dentro do 
seu território, a universalidade de suas normas.
• Confederação são estados independentes e que se juntam para fins de defesa 
externa e paz interna.
• Federação: Estado formado pela união de vários Estados, que perdem a 
soberania em favor do poder central da União Federal.
29
1 O Estado Moderno divide suas funções em três aspectos. As funções de 
administrar o Estado e visar aos seus objetivos concretos dizem respeito à 
função exercida pelo poder:
a) Estatal.
b) Judiciário.
c) Executivo.
d) Legislativo.
2 O tríplice aspecto da Teoria Geral do Estado abrange os aspectos:
a) Sociológico, Político e Jurídico.
b) Sociológico, Político e Filosófico.
c) Sociológico, Filosófico e Jurídico.
d) Político, Jurídico e Filosófico.
AUTOATIVIDADE
30
31
TÓPICO 3
GOVERNO, CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, serão desenvolvidas apreciações sobre as ideias de governo, 
Constituição e democracia. A conceituação desses adventos institucionais é de 
grande importância no estudo da Ciência Política, uma vez que são parte central 
para o entendimento e persecução dos objetivos.
Assim, será levantado um breve histórico sobre a criação da Constituição 
em nosso país. Ainda, discutiremos as ideias do poder constituinte e as formas e 
sistemas de governo previstos ao longo da história. 
2 CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA
Com a proclamação da Constituição da República Federativa do Brasil, 
em 1988, é instituído o Estado Democrático de Direito proveniente do movimento 
constitucionalista vindo no segundo pós-guerra. 
A busca em estabelecer uma sociedade livre, justa e solidária, relacionando-
se com diferentes culturas, etnias e a pluralidade de ideias, procura assegurar a 
presença do povo. Concebe a soberania popular como garantia geral dos direitos 
fundamentais da pessoa humana. Além de um puro instrumento de governo, a 
Constituição emerge como um plano de normas sociais, fundamentos de uma 
sociedade. Segundo Streck e De Morais (2014, p. 81):
Não compreende somente um “estatuto jurídico e político”, mas 
um “plano global normativo” da sociedade e, por isso mesmo, do 
Estado brasileiro. Daí ser ela a Constituição do Brasil, e não apenas a 
Constituição da República Federativa do Brasil. 
Dessa forma, a gestão assegura a participação das pessoas na política 
nacional e também procura todas as maneiras possíveis para garantir a 
manutenção e totalidade dos direitos essenciais da pessoa humana.
32
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
Agrega-se às noções que pertencem a três formas de governo que foram 
estudadas: liberal, social e democrático. Modera os poderes do Estado, propicia 
atenção aos direitos individuais e sociais e recusa todo regime de governo 
autoritário, estimulando a atuação dos cidadãos.
Com o desenvolvimento dos costumes, estabelecidos pela ordem jurídica e 
proclamados por cada uma das novas sustentações estatais, é feita uma escala com 
as “gerações de direitos”. A leitura não somente deve englobar aspectos literais. 
Deve levar em consideração, também, o significado histórico, sistemático e 
os motivos pelos quais ela existe. O objetivo precisa ser o de alcançar o que propôs 
o legislador, de forma que não se direcione a um fim descabido ou antiquado.
Sendo assim, o poder público deve agir de forma dirigida e precaver as 
necessidades ao estabelecer, de antemão, políticas que consolidam os direitos 
humanos, protegendo os direitos de minorias étnicas, raciais, religiosas e sexuais.
Para que seja iniciada uma busca pela equiparação, é necessário um 
aumento anterior na participação democrática, pois a desigualdade exige um 
sistema não participativo para que se mantenha sua condição. 
A mudança de consciência da população e a mitigação de desigualdades 
sociais e econômicas culminam na igualdade necessária para manutenção de um 
sistema participativo. Dessa forma, há um aumento no engajamento e é criada a 
legitimação na tomada de decisões. 
Além da declaração de direitos do liberalismo clássico e da garantia do 
Estado social, surge a necessidade de concretização. Então, após a etapa dos 
direitos individuais do Estado liberal (fase Declaratória dos Direitos) e dos 
direitos sociais do Estado social (fase Garantidora dos Direitos), é chegada a fase 
dos direitos fraternais. O Estado democrático de direito (fase Concretista dos 
Direitos) amplia o conceito social e adota uma postura proativa. 
Assim, o objetivo é tornar a sociedade um meio pelo qual as distâncias 
sejam encurtadas e que haja respeito em relação a raça, cor, sexo, idioma, religião, 
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, 
nascimento, ou qualquer outra condição.
Para ilustrar essa reforma social, analisamos a aplicação e interpretação 
da norma jurídica em conformidade com a Constituição de 1988 e podemos 
representar, resumidamente, os postulados do Princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana com o fluxograma a seguir:
TÓPICO 3 | GOVERNO, CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA
33
FIGURA 2 – DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direito Sociais Genéricos
(art.6°, CF/88 - plano do ter - Igualdade Material)
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Estado Democrático de Direito Brasileiro 
(art.1°, III, CF/88)
Direitos Fraternais
(art. 4°, I e IV, CF/88 - plano do respeitar - Fraternidade).
Concretização dos Direitos Individuais
(art.5°, CF/88 - plano do ser - Liberdade)
FONTE: O autor
Objetivando que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana seja 
instaurado em nossa composição, necessitamos que tais normas tenham 
eficácia social, e não basta somente o vigor das denominadas "leis dirigentes ou 
programáticas". 
Essa eficácia social se dá conforme comprometimento direto de todo o 
corpo social e dos juristas por meio da verificação dos ensinamentos da moral, 
respeito, honestidade e fraternidade.3 O PODER CONSTITUINTE
A Constituição é a lei fundamental de um determinado Estado, lei esta 
que emana do poder soberano desse Estado. No caso dos países democráticos, 
esse poder soberano é o povo. O poder constituinte é um dos cargos desse poder 
de soberania, é o poder de instituir, reconstituir ou modificar a ordem jurídica 
vigente no Estado. Para exercer as funções citadas, o poder soberano, o povo 
utiliza representantes eleitos, denominados de Assembleia Constituinte.
A Assembleia Constituinte é caracterizada pela capacidade que a 
sociedade tem de traçar os princípios pelos quais deseja nortear a vida de seus 
cidadãos. Afinal, é justo que os cidadãos possam determinar os preceitos que irão 
fundamentar a ordem jurídica de seu Estado. Eles possuem o poder soberano.
34
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
IMPORTANT
E
O Direito caminha atrás da sociedade, que está em constante mudança. Logo, 
é importante que a soberania nacional esteja sempre atenta para adequar os princípios 
basilares da ordem jurídica à vida dos cidadãos.
Falamos anteriormente sobre as três funções do Estado. Então, é importante 
fixar que a Assembleia Constituinte se difere das assembleias legislativas. Ocorre 
que a primeira é transitória e possui poder ilimitado. Uma vez em atividade, ela 
exerce o poder soberano em sua plenitude. Já as assembleias legislativas são fixas 
e essenciais em sua função para a manutenção do Estado.
 A Assembleia Constituinte será reunida em casos com a necessidade de 
criar, restabelecer ou reformar a ordem jurídica e/ou política de determinada 
sociedade civil. Como já vimos, a assembleia tem caráter transitório, ou seja, 
uma vez cumprida a sua função, após promulgação e publicação de novo teor da 
Constituição, a assembleia se dissolverá.
Contudo, quem são os representantes do povo na Assembleia Constituinte? 
Nos Estados democráticos, como já vimos, o povo é titular do poder constituinte. 
Os titulares desse poder são os cidadãos possuidores de legitimidade, que se 
expressam de maneira direta ou representativa, por meio do sufrágio universal. 
O poder constituinte pode ser classificado em originário ou derivado:
• Poder constituinte originário: é caracterizado por ser inicial (concebe uma nova 
Constituição), ilimitado (não é limitado pela ordem jurídica anterior à formação), 
autônomo (não precisa respeitar limites de direito positivo anterior) e incondicionado 
(não precisa seguir formas prefixadas para manifestar suas pretensões). 
A criação de uma Constituição inteiramente nova, que anulará a 
Constituição anterior, instituindo uma nova ordem jurídica para a sociedade, 
será sempre obra do poder constituinte originário.
• Poder constituinte derivado: é caracterizado por ser derivado (busca sua força 
no poder constituinte originário), subordinado (encontra limitações em normas 
tanto expressas quanto implícitas no texto constitucional anterior) e condicionado 
(ao praticar sua função, deve seguir as regras da Constituição vigente).
As mudanças possíveis em uma Constituição vigente, que ampara 
novas indigências da população, sem necessidade de recorrer a caminhos 
revolucionários ou ao poder constituinte originário, serão sempre obra do poder 
constituinte derivado. O poder constituinte derivado pode aparecer de maneira 
reformadora ou decorrente. 
TÓPICO 3 | GOVERNO, CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA
35
Quando reformador, é exercido por órgãos de caráter representativos. No 
Brasil, é o Congresso Nacional. Essa reforma só é possível para as constituições 
escritas através de um processo legislativo solene. Cabe aqui fixar o Art. 60, 
parágrafo 4º da Constituição Brasileira (BRASIL, 2000):
Art. 60, § 4º C.F Não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais.
Na sua forma decorrente, o poder constituído derivado incide na 
capacidade de auto-organização que os estados membros possuem através da 
autonomia política e administrativa concebida. Esse poder ocorre por meio 
das constituições estaduais, sempre respeitando as regras estabelecidas na 
Constituição Federal.
4 FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO
São formas de governo a maneira como o poder de um Estado se organiza 
e exerce suas funções. As formas determinam a situação jurídica e social dos 
cidadãos em relação às autoridades de seu país. Dentre as formas de governo, 
vamos estudar monarquia e república.
Na monarquia, o governo é representado por apenas um indivíduo, que 
ocupa o seu cargo em caráter vitalício, cargo este que está sujeito à sucessão 
hereditária. O governante deve governar em prol do bem geral.
Algumas características são fundamentais para se estabelecer um 
governo monárquico: vitaliciedade (o monarca governa enquanto viver), 
hereditariedade (a escolha do monarca ocorre por linha sucessória) e 
irresponsabilidade (o monarca governa sem necessidade de responsabilidade 
política, não deve explicações ao povo).
Diferentemente da monarquia, que concentra o governo em uma única 
autoridade, na República temos um governo que remete à coletividade. O 
exercício da soberania e o poder pertencem ao povo. Os representantes são vários 
e eleitos pelo povo para exercerem um mandato previamente fixado.
As características diferenciadoras da república também são três: 
temporariedade (os mandatos das autoridades de governo possuem prazo 
predeterminado), eletividade (os governantes são eleitos pelo povo, não existe 
sucessão hereditária) e responsabilidade (os governantes devem explicações ao 
povo). É a forma de governo brasileira.
36
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
Diferentemente das formas de governo, que dizem respeito à organização 
do poder do Estado, denominamos como sistemas de governo a organização 
política e social. Sistema de governo diz respeito à organização dos poderes 
Executivo e Legislativo. Sobre sistemas de governo, vejamos parlamentarismo e 
presidencialismo:
No parlamentarismo, existe um chefe de Estado representando sem 
responsabilidade política (rei ou presidente da república) e um chefe de governo 
(primeiro-ministro) que é de fato o governante do Estado.
O Parlamento, normalmente, é dividido em duas Casas (ou Câmaras), 
sendo elas as chamadas Câmara Alta (membros escolhidos por via indireta, com 
poderes limitados) e Câmara Baixa (membros resultantes do sufrágio universal, 
exercem controle de governo).
No Brasil, o sistema de governo é o presidencialismo. Um sistema caracterizado 
pela separação de poderes, fator que favorece a especialização do exercício de 
governo. Nesse sistema, a administração se concentra na figura do presidente da 
República, que exerce a função de Chefe de Estado e de Chefe de Governo.
TÓPICO 3 | GOVERNO, CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA
37
LEITURA COMPLEMENTAR
DEMOCRACIA, CONSTITUIÇÃO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: 
NOTAS DE REFLEXÃO CRÍTICA NO ÂMBITO DO DIREITO 
CONSTITUCIONAL BRASILEIRO
 
Ruy Samuel Espíndola
A teoria da constituição, basicamente, tem relacionado democracia 
e constituição em duas importantes perspectivas: a primeira, colocando a 
democracia como princípio legitimador da constituição; noutra, abordando a 
democracia como princípio jurídico integrante da constituição, ou seja, como 
princípio constitucional encartado na ordem jurídica.
Devemos avaliar, pela primeira perspectiva, se a feitura do texto 
constitucional, o processo constituinte e o texto como resultado desse processo são 
ou não democráticos ou se correspondem a níveis de democraticidade esperáveis 
segundo as circunstâncias de cada jogo político armado pelas comunidades 
organizadas em Estados.
Pela segunda, devemos compreender as consequências normativas, 
teóricas e dogmáticas ao termos a democracia como norma jurídica ordenadora da 
vida do Estado, da sociedade e dos cidadãos. São questionadas as consequências 
práticas da democraciacomo princípio constitucional, informando a 
compreensão, produção e aplicação do direito positivo como princípio normativo 
heterodeterminante da ordem jurídica globalmente considerada. 
Exemplo de norma constitucional com tal conteúdo se deduz da cabeça 
do Art. 1º de nossa Constituição da República, sendo que, ao longo do texto, 
encontraremos os subprincípios e regras densificadoras do princípio democrático 
(e. g., preâmbulo, arts. 1º, V; 5º, VIII; 7º, XI, última parte; 10; 11; 14; 17; 23, I; 27; 29, 
I; 34, VII, letra "a"; 45; 46; 47; 58, § 1º; 77; 81; 90, II; 96, I, letra "a", primeira parte; 
103; 127, caput; 206, II, III, primeira parte e VI).
Na esteira da última perspectiva, a teoria do direito público também se ocupa 
com a democracia e com seus enraizamentos constitucionais. A juspublicística 
se preocupa em reconhecer na democracia um princípio reconstrutor do direito 
público, um princípio em torno do qual se encabeçam e se estruturam todas as 
normas atinentes ao grande ramo do direito positivo. Essas perspectivas teóricas 
oferecem interessantes aportes à análise de nossa lei fundamental.
Todavia, outra é a nossa perspectiva neste trabalho, pois queremos 
demonstrar que, apartados da ideia de constituição e da juridicidade superior 
dos princípios constitucionais, o conceito de democracia e a sua práxis são 
incompletos e inseguros. Nossa tese parte da premissa de que a realizabilidade 
da democracia tem como exigências necessárias a efetividade da constituição, o 
respeito à constituição e o acato da força normativa de suas regras e princípios.
38
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
Assim, queremos desenvolver as seguintes questões: qual a relação 
necessária entre princípios constitucionais, constituição e democracia? Qual 
a possível resultante de uma problematização desses conceitos em face de 
problemas colocados pela realidade institucional? E o que essas ideias têm a ver 
com a proteção da cidadania e da dignidade da pessoa humana através de uma 
postura que preze a força normativa da constituição?
Melhor dizendo, como a incompreensão, a irrealização desses conceitos 
no plano da vida, frustrando a força normativa da constituição, podem fragilizar 
a defesa dos direitos e interesses das pessoas humanas em face das realidades 
arredias às normativas principiológicas e regrísticas da ordem constitucional?
A tomada de rumo implica que passemos a discorrer sobre os conceitos que 
compõem o título de nosso trabalho, ou seja, analisaremos a ideia de democracia, 
constituição e princípios constitucionais.
Por necessidade de bom método didático, comecemos pela ideia de 
democracia - de democracia contemporânea. Dela enfatizaremos o aspecto que 
mais nos interessa para os fins deste trabalho.
A ideia de democracia não é mais tomada somente como a regra da 
maioria, o governo do maior número. Uma tal ideia, levada a extremos, poderia 
fazer com que uma maioria circunstancial revogasse a própria regra da maioria e 
colocasse o poder decisório na mão de um único homem, ou de um restritíssimo 
grupo de homens. 
A história é repleta de tais exemplos, sendo desnecessário aqui retomá-
los. Todavia, a proposta esdrúxula da constituinte, tão bem combatida por Paulo 
Bonavides, consiste em exemplo vivo e atual do problema.
Uma concepção mais dilatada, que entende a regra da maioria como 
um elemento importante do conceito de democracia, mas não preponderante, 
advoga a tese de que, para um adequado conceito de democracia, é necessário 
um mínimo de regras institucionalizadas, que estabeleçam quem está autorizado 
a tomar decisões coletivas e com quais procedimentos. 
É a ideia de democracia como um mínimo de regras do jogo político para o 
exercício do poder. Essa é a concepção profligada por Norberto Bobbio. Todavia, 
entende esse mesmo autor que só essa ideia ainda não é capaz de fomentar uma 
tendencial convivência democrática.
Hoje se firma, no pensamento político, a ideia de que a democracia 
pressupõe a crença, a convivência e os costumes sociais e políticos perspectivados 
sob o apanágio e a inspiração de valores. A democracia orientada segundo 
diretivas axiológicas e normativas. A democracia como um conjunto de ideias, de 
ideais, de princípios (éticos, políticos e jurídicos) ordena a vida do povo e os fins 
da ação pública do Estado.
TÓPICO 3 | GOVERNO, CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA
39
É a democracia fundada na ideia do consenso estabelecido não só pela 
confluência do número de decisores, mas também pela eleição e autovinculação 
do consenso em torno do razoável.
Essa ideia do razoável fundando o consenso instituinte da democracia 
contempla a ideia da democracia justa, da democracia edificada e vivida sob a 
égide dos direitos humanos, cujo fundamento seria a igualdade absoluta de todos 
os homens.
Assim, para este trabalho, importa afirmar que a democracia, ou o seu 
aspecto que aqui mais deve grassar, é o de que ela representa uma convivência 
comunitária fundada à luz dos direitos humanos e na perspectiva de assegurá-
los, com real eficácia a todos os homens em suas dignidades de pessoas humanas. 
Democracia constitucional que, para a consecução desses fins, serve-se dos 
princípios jurídicos assentados nas constituições, dos princípios constitucionais 
integrantes da ordem jurídica.
FONTE: ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Democracia, constituição e princípios constitucionais: notas de 
reflexão crítica no âmbito do direito constitucional brasileiro. Resenha eleitoral, Santa Catarina, v. 
9, n. 2, p. 18-28, jul. 2002. Disponível em: <http://www.tre-sc.jus.br/site/resenha-eleitoral/revista-
tecnica/edicoes-impressas/integra/2012/06/democracia-constituicao-e-principios-constitucionais-
notas-de-reflexao-critica-no-ambito-do-direito-constitucional-brasileiro/indexc692.html?no_
cache=1&cHash=b7bf79b129bc42f148fe4b5e477aa8bf>. Acesso em: 9 jul. 2018.
40
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O poder constituinte é o poder de instituir, reconstituir ou modificar a ordem 
jurídica vigente no Estado.
• A Assembleia Constituinte se caracteriza pela capacidade que a sociedade tem 
de traçar os princípios pelos quais deseja nortear a vida de seus cidadãos.
• A Assembleia Constituinte se difere das assembleias legislativas.
• É forma de governo a maneira como o poder de um Estado se organiza e exerce 
suas funções.
• Na monarquia, o governo é representado por apenas um indivíduo que ocupa o 
seu cargo em caráter vitalício, cargo este que está sujeito à sucessão hereditária.
• Na república, temos um governo que remete à coletividade. O exercício da 
soberania e o poder pertencem ao povo.
• Diferentemente das formas de governo, que dizem respeito à organização 
do poder do Estado, denominamos como sistemas de governo a organização 
política e social do Estado.
• No Parlamentarismo, existe um chefe de Estado representando o Estado 
sem responsabilidade política (rei ou presidente da república) e um chefe de 
governo (primeiro-ministro) que é de fato o governante do Estado.
• Aqui no Brasil, o sistema de governo é o Presidencialismo. Neste sistema, a 
administração se concentra na figura do Presidente da República, que exerce 
tanto a função de Chefe de Estado quanto de Chefe de Governo.
41
1 Elabore um fluxograma com as principais diferenças entre os sistemas e 
formas de governo.
2 Ao estudar o presente tópico, podemos entender o porquê da necessidade 
da democracia em um Estado regrado constitucionalmente. Explique 
quais elementos foram fundamentais para o aumento no engajamento da 
população em busca de um sistema democrático.
AUTOATIVIDADE
42
43
TÓPICO 4
PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos uma introdução básica sobre como se deu a 
organização do sistema de partidos políticos e como ele se encontra estruturado 
hoje em nosso país. Assim, serão levantados conceitos importantes dentro do 
sistema eleitoral, como o de voto. Ainda, também identificaremos a diferença 
entreos partidos políticos e como eles se enquadram dentro dos diferentes tipos 
de sistemas partidários. 
2 SISTEMA ELEITORAL
O voto público está hoje completamente rejeitado. É um sistema tido 
como antidemocrático, porque possibilita intimidação, corrupção, exploração 
econômica e tudo que conduz à desmoralização da democracia representativa.
O voto secreto proporciona mais liberdade ao eleitor, suspende o medo de 
violências, pressões, reduz as possibilidades de corrupção e permite uma apuração 
confiável da verdade eleitoral, legitimando e assegurando o regime democrático.
Votar é tido como um direito, além de ser um ato de exercício da soberania 
nacional. Algumas correntes doutrinárias interpretam o sufrágio como função 
social. O sufrágio, como direito, deve ser universal; como função social, tende a 
ser restrito e qualitativo. 
É encarado como direito individual e, também, como função social. O 
caráter de função social resulta da obrigatoriedade do voto. O método atual 
utilizado pelo Sistema Eleitoral no Brasil é determinado pela Constituição de 
1988, além de ser regulado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
São já estipulados pela Constituição três sistemas eleitorais distintos, que 
são detalhados no Código Eleitoral: eleições proporcionais para a Câmara dos 
Deputados, eleições majoritárias com um ou dois eleitos para o Senado Federal e 
eleições majoritárias em dois turnos para presidente e demais chefes do Executivo 
nas outras esferas. Os votos distritais e proporcionais são as duas formas de 
governo comumente encontradas nas democracias ocidentais modernas.
44
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
O voto distrital funciona com sistema majoritário. A representação 
procura assegurar a eleição de quem obtiver a maior quantidade de votos de 
representantes distritais. Não é possível votar em um candidato de outro distrito. 
Vence o candidato com maioria, não importando a porcentagem. Um município é 
dividido em distritos e cada partido pode lançar apenas um representante. Vence 
aquele que tiver mais votos válidos.
O sistema proporcional, usado para a eleição dos cargos de deputado 
federal, deputado estadual e vereador, considera os votos por legendas. O sistema 
significa mais para partidos e coligações do que para os candidatos. 
De acordo com o número de votos válidos, é feita uma divisão pelo 
número de cadeiras e o resultado, denominado “quociente eleitoral”, indicará 
quantos votos serão necessários para a ocupação da vaga. Sem o quociente, o 
partido não terá direito a nenhuma cadeira.
Feita a conta, são conferidos quantos votos cada partido obteve, dividindo-
se a quantidade de votos obtidos pelo quociente. A partir do resultado, é obtido o 
número de cadeiras que o partido terá direito no parlamento. Para Presidente da 
República, governador e prefeito, as eleições acontecem de quatro em quatro anos.
No caso do Senado, as eleições também acontecem de quatro em quatro 
anos, porém são 81 vagas (três para cada Estado e mais três para o Distrito Federal). 
A cada eleição, a Casa renova, alternadamente, um terço e dois terços do total. 
Quando dois senadores são eleitos para cada Estado, é utilizado o 
sistema de escrutínio (apuração de votos) majoritário plurinominal. Nesse caso, 
os eleitores votam nos dois candidatos de sua preferência e os dois com maior 
votação são eleitos.
IMPORTANT
E
A função do Poder Executivo é a de executar as leis e administrar o Estado. Já o 
Poder Legislativo cuida da elaboração das leis e da fiscalização contábil e política do Poder 
Executivo. Por sua vez, o Poder Judiciário aplica a lei ao caso concreto nos casos de conflito.
No Brasil, desde a Constituição de 1988, é definido que o sistema eleitoral 
brasileiro para cargos de chefia do Poder Executivo funciona com o sistema 
majoritário, ou seja, com maioria absoluta. Para vencer, o candidato deve ter mais 
de 50% dos votos válidos, ou seja, descontados os votos em branco e os votos nulos. 
TÓPICO 4 | PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL
45
IMPORTANT
E
Não é verdade a afirmação de que a eleição seria anulada caso existissem mais 
de 50% dos votos nulos ou brancos. Esses votos não atuariam no resultado das eleições.
Caso o primeiro colocado consiga somar mais do que todos os demais 
candidatos juntos, ele será eleito. Caso contrário, será necessário que seja 
realizado um segundo turno, que contará apenas com os dois primeiros 
colocados. Então, certamente com maioria simples de votos, um deles atingirá 
mais da metade dos eleitores.
 
Notamos que não importa a porcentagem dos votos nulos ou em branco para 
que o candidato seja eleito, uma vez que tais votos são excluídos da contagem. Nos 
casos de cidades com menos de 200 mil eleitores, vence o candidato com maioria 
simples, ou seja, maior número de votos válidos em apenas um turno de eleição.
3 PARTIDOS POLÍTICOS E SISTEMAS PARTIDÁRIOS
Em um sistema democrático, algumas questões podem se tornar 
problemáticas se pensarmos nos anseios e vontades dos cidadãos. Cada indivíduo 
possui preferências sobre seu tipo de pessoa e ideologia.
Com as diferentes ideias sobre o representante ideal para cada cidadão, 
são formados grupos de indivíduos que pensam da mesma maneira e, assim, 
entram em disputa com os grupos de ideais divergentes.
Denominamos de partidos políticos as alianças de cidadãos unidos por 
determinada ideologia política. São agrupados de maneira organizada por meio 
de instituições políticas possuidoras de personalidade jurídica de direito privado. 
O sistema partidário de um Estado pode ser classificado em relação ao número de 
partidos existentes dentro dele, podendo esse sistema ser: 
• De partido único: existe apenas um partido no Estado. Os debates políticos 
acontecem dentro do partido. O partido único segue princípios rigorosos e 
inflexíveis e só existem discussões em relação aos aspectos secundários. 
• Bipartidário: dois grandes partidos se alternam na governança do Estado. 
Todavia, não estão excluídos da existência os partidos que permanecerem 
pouco expressivos. Exemplos: Inglaterra e os Estados Unidos da América.
46
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
• Pluripartidário: vários partidos igualmente capacitados para poderem 
conquistar mandatos para seus candidatos. Esse sistema aumenta a 
intensidade das divergências de opiniões, resultando em uma impossibilidade 
de coexistência e acarretando na criação de cada vez mais partidos. O cerne 
das ideias partidárias é dividido entre o econômico, o social e o religioso. Em 
relação às maneiras de atuação dos partidos, estas podem ser:
• Partidos nacionais: possuem adeptos em número abundante em todo o 
território do Estado. São partidos de grande expressão nacional. 
• Partidos regionais: o campo de atuação se limita a determinada região do 
Estado. Tanto os líderes quanto os eleitores desses partidos se sentem agradados 
com a conquista do poder político nessa determinada região.
• Partidos locais: são os de âmbito municipal. Norteiam sua atuação por 
interesses locais e cobiçam a aquisição do poder político municipal. 
O agrupamento em partido faz prevalecer, no Estado, a vontade social 
preponderante. É importante ressaltar que os partidos políticos, algumas vezes, se 
transformam em instrumentos para a conquista do poder, perdendo o real significado 
do princípio de sua criação. Hoje em dia, a atuação dos seus membros, por vezes, não 
se enquadra honestamente com os ideais enunciados no programa partidário. 
TÓPICO 4 | PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL
47
LEITURA COMPLEMENTAR 1
RESPONSABILIDADE ELEITORAL
Damiana Torres 
Frederico Alvim
O Direito Eleitoral pode ser entendido como uma ciência do Direito que se 
dedica ao estudo das normas e dos procedimentos que organizam e disciplinam 
o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo que se estabeleça a 
precisa equação entre a vontade do povo e a atividade governamental.
Falar em Direito Eleitoral nos leva, automaticamente, a falar em democraciaque se baseia no povo. Há a responsabilidade da população de contribuir para a 
vida política do país de forma digna e a responsabilidade dos governantes de 
conduzirem o país de maneira íntegra.
 A responsabilidade do ato de governar e, inclusive, de ser governado, 
envolve razão, ética, honestidade, moralidade, probidade e inúmeras outras 
características, as quais também integram o que se entende por responsabilidade 
eleitoral que, por sua vez, envolve deveres, regras, sanções e restrições atinentes 
ao Direito Eleitoral.
Ao analisar criticamente a responsabilidade eleitoral, é possível dizer que 
ela se interessa muito mais pela mácula do pleito do que pela penalização dos 
sujeitos que, ocasionalmente, possam violá-lo.
Por meio da responsabilidade, é possível imputar, para determinada 
pessoa, um dever jurídico, cuja consequência é a sanção. Logo, responsabilidade 
eleitoral é aquela que decorre de atos considerados ilícitos e sujeitos a sanções 
como multa e até inelegibilidade e cassação (de registro, de diploma ou de 
mandato) daquele que agiu com irresponsabilidade eleitoral.
Afinal, é possível dizer que, por meio da responsabilidade eleitoral, não 
só o eleitor garante o seu direito de ser tratado com respeito, mas toda a Justiça 
Eleitoral se beneficia, já que agir responsavelmente é dever de todos, sejam juízes, 
cidadãos, políticos, candidatos, servidores ou partidos políticos. 
Ninguém foge dos deveres de ser transparente nas ações de gestão e 
prestação de contas, de participar de forma honrosa da política, de ser responsável 
pelos atos praticados, de tomar decisões justas e de zelar pelo regime democrático.
FONTE: TORRES, Damiana; ALVIM, Frederico. Responsabilidade eleitoral. Brasília: TSE, 2017. 
Disponível em: <http://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/
artigos/revista-eletronica-eje-n.-1-ano-3>. Acesso em: 17 jul. 2018.
48
UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Frederico Alvim
O surgimento dos partidos políticos é um fenômeno social paulatino cuja 
concepção pode ser identificada a partir dos séculos XVII e XVIII. Adota-se aqui 
a noção de partido em sentido amplo, tal como a assumida por Georges Burdeau. 
As agremiações partidárias existem desde que os homens, pela primeira vez, 
concordaram a respeito de alguma finalidade com projeção social e dos meios 
necessários para alcançá-la. 
Por esse critério, seria possível vislumbrar o princípio do fenômeno 
partidário nas atividades de tories (conservadores) e whigs (liberais) por ocasião 
da Revolução Gloriosa, na Inglaterra, 1688; de federalistas e republicanos, nos 
Estados Unidos pós-independência ou, ainda, de jacobinos e girondinos, no levante 
revolucionário francês.
Em análise mais rigorosa, porém, o fortalecimento e a expansão da 
atividade partidária somente ocorreram em meados do século XIX, quando os 
grupos políticos evoluíram para a adoção de formas e estruturas mais estáveis, 
definidas e profissionalizadas. Tal evolução foi impulsionada pela Revolução 
Industrial, cujos reflexos produziram no operariado “o sentimento e a necessidade 
de organizar-se enquanto classe, com o objetivo de combater a burguesia”.
Deriva daí a conclusão de que, até o século XIX, não existiam, propriamente, 
partidos, mas apenas grupos políticos ou facções. O aparecimento dos partidos, 
em noção apurada, identifica-se, portanto, com o momento em que a atuação 
partidária superou o modelo de atuação ocasional e precária, parlamentar ou 
eletiva. Era preciso assumir uma forma de mobilização política institucionalizada, 
burocraticamente estruturada e duradoura. Segundo Farias Neto (2011, p. 178):
A princípio, os partidos foram organizações puramente eleitorais, cuja 
função essencial consistia em assegurar o êxito de seus candidatos. 
Nesse contexto, a eleição era o fim e o partido era o meio. Depois, o 
partido desenvolveu funções próprias como organização capacitada 
para a ação direta e sistemática sobre a atividade política, colocando a 
eleição em serviço da propaganda partidária.
A situação hoje é inversa: as eleições é que se prestam a garantir o crescimento 
das agremiações, de sorte que “o partido ficou sendo o fim, e a eleição ficou sendo o 
meio”. Entretanto, durante largo período, as agremiações partidárias sobreviveram 
sem que houvesse um tratamento jurídico que as regulasse. 
LEITURA COMPLEMENTAR 2
TÓPICO 4 | PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL
49
Eduardo Sánchez explica que, para a época, sua constituição e suas atividades 
pertenciam à esfera privada. Ainda, não tinham relação alguma com as instituições 
estatais. Superada tal fase, seguiu-se um estágio conturbado, caracterizado por uma 
legislação de propósitos restritivos, com a imposição de condições específicas para 
o funcionamento dos partidos. Existiam, em vários casos, proibições explícitas, 
geralmente dirigidas às agremiações de orientação marxista.
A última etapa do evolucionismo partidário, portanto, viria com o seu 
reconhecimento institucional, ocorrido após o término da Segunda Guerra 
Mundial. Na visão de Karl Lowenstein, quando já não se podia ignorar por 
mais tempo a importância das agremiações partidárias na vida democrática 
constitucional, o tabu se rompeu, e a temática partidária afinal surgiu nos textos 
das mais diversas constituições.
Hoje, os partidos políticos aparecem como elementos indispensáveis 
à sobrevivência dos regimes democráticos modernos. Como pregava Darcy 
Azambuja, os defeitos dos partidos são, em verdade, defeitos dos homens. 
Devemos seguir corrigindo-os, para que, em marcos saudáveis, possamos mantê-
los. Apesar de suas falhas, não há como negar que os partidos políticos constituem 
peças fundamentais na mecânica da democracia.
FONTE: ALVIM, Frederico. A evolução histórica dos partidos políticos. Brasília: TSE, 2017. Disponível 
em: <http://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/artigos/revista-
eletronica-eje-n.-6-ano-3/a-evolucao-historica-dos-partidos-politicos>. Acesso em: 17 jul. 2018.
50
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Denominamos de partidos políticos as alianças de cidadãos unidos por 
determinada ideologia política. São agrupados de maneira organizada por 
meio de instituições políticas possuidoras de personalidade jurídica de direito 
privado.
• O sistema partidário de um Estado pode ser classificado no que diz respeito ao 
número de partidos existentes dentro dele, podendo esse sistema ser: partido 
único, bipartidário ou pluripartidário.
• Em relação às maneiras de atuação dos partidos, estes podem ser: partidos 
nacionais, regionais ou locais.
51
AUTOATIVIDADE
1 De que maneira podemos conceituar os denominados partidos políticos?
2 Explique o porquê de atualmente os partidos políticos estarem se tornando, 
muitas vezes, meros instrumentos de poder.
52
53
UNIDADE 2
CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA 
SOCIOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• destacar a importância do estudo da sociologia;
• identificar os objetos e objetivos da sociologia;
• introduzir os principais elementos da Ciência da Sociologia;
• constatar as ideias principais da sociologia em destaque ao longo da 
história;
• perceber o contexto histórico dos pensamentos sociológicos, sobretudo na 
contemporaneidade;
• caracterizar a ideia central de cidadania e movimentos sociais.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos e, no final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o ajudarão a ampliar os conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 2 – ESTRUTURA DO CONHECIMENTO EM SOCIOLOGIA
TÓPICO 3 – PRINCIPAIS PENSADORES DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 4 – CONCEITO DE AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL
TÓPICO 5 – CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS
54
55
TÓPICO 1
INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃONeste tópico, você será apresentado à Ciência da Sociologia. O estudo terá 
início com a elaboração do contexto histórico desta tão importante disciplina para 
o bom entendimento e funcionamento da nossa sociedade. 
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA
O conceito de sociologia começou a ser moldado na época em que se 
iniciava a Revolução Francesa, no fim do século XVIII. Esta revolução e a revolução 
burguesa da Inglaterra no século XVII ajudaram a desenvolver o modelo de 
produção capitalista no mundo ocidental, dando apresto ao processo liberal.
Em seguida, o capitalismo se solidificou no mundo moderno, asseverando 
as suas condições de produção e reprodução. Pode-se afirmar, então, que a 
sociologia teve sua origem no colo da modernidade. Ela é consequência do mundo 
moderno. Ianni (1988) elucida que o mundo moderno depende da sociologia para 
ser desvendado. Sem ela, o mundo seria mais confuso, incógnito, desconhecido.
A sociologia é a ciência da sociedade. Busca compreender as características 
da sociedade capitalista, sistema econômico, político e social que vigora desde 
sua criação em meados do século XIX. Como ciência, a sociologia nasceu durante 
o percurso de criação do Estado Liberal. O capitalismo se encontrava em fase de 
adequação como a nova forma de organização da sociedade.
A nova forma de organização social teve como pilar as, também novas, 
relações de trabalho. Todas as novidades fizeram com que os pensadores da 
época virassem olhares para o dinamismo das relações sociais. Passaram então a 
criar teorias que explicassem tais dinâmicas diante de diferentes posicionamentos 
políticos e sociais.
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
56
A sociologia vem, desde então, procurando elucidar as composições e 
procedimentos políticos, econômicos, sociais e culturais da coletividade. Está 
ligada com todas as vertentes de relações sociais, procurando entender desde 
os mecanismos de produção e coordenação até os mecanismos de autoridade, 
controle e poder social.
Os mecanismos estão sob o olhar da sociologia, sejam eles institucionalizados 
ou não, uma vez que os tipos de interações sociais citados sempre resultam em 
algum grau de exploração ou igualdade, elementos que também fazem parte dos 
estudos sociológicos.
No seu contexto histórico, a sociologia é apresentada como uma ciência 
em construção. O fato facilita a compreensão de que a sociologia não está ilesa a 
entrar em contradições, uma vez que o próprio sistema capitalista inúmeras vezes 
se coloca em posições contraditórias.
É preciso lembrar que as relações interpessoais entre os membros de 
uma comunidade se desenvolvem de maneiras altamente complexas, desde suas 
formas de coordenação até o desempenho de seus meios de diálogo.
A sociedade globalizada, da maneira que se coloca nos dias de hoje, 
adquiriu tal enredamento que se apresenta através de incontáveis facetas. Assim, 
tem se tornado cada vez mais difícil estudar a Ciência da Sociologia, uma vez que 
a problemática social atingiu níveis de dinamismo e complexidade inundados de 
linhas tênues e paradoxos constantemente em andamento.
Tudo faz com que os estudos sociológicos se posicionem em constante 
risco a conclusões simplificadas, necessitando de grande agilidade e eficiência 
de seus cientistas para poderem desvendar todas as ligações da coletividade 
contemporânea. 
É necessário compreender as modificações sociais, culturais, ecológicas, 
políticas e econômicas pelas quais o mundo está passando. As modificações 
impedem que se fundamentem explicações simplificadas ou parciais. 
O objetivo da Ciência da Sociologia não pode se apropriar da verdade. 
Todavia, os fatores não podem ser elementos influenciadores para a intimidação 
de cientistas, mas elementos desafiadores para seus estudos, com cunho 
motivacional.
A sociologia não aparece com intuito de solucionar os males ou os 
problemas de comunicação dos cidadãos. Ela surge como ciência e objetivando 
desvendar as relações sociais, fornecendo diferentes visões sobre a sociedade. A 
contribuição de seus estudos está na reflexão e compreensão sobre os caminhos 
da coletividade.
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA
57
O objeto de trabalho de um analista social é, considerando as relações 
de classe com seus interesses e lutas, expor de maneira elucidativa como se dão 
e o porquê de elementos como a coordenação de um determinado Estado, os 
matizes de sua sociedade civil, a concentração de poder dentro de seu território 
e as modulações da exclusão social. Também deve estar atento aos fenômenos 
mundiais, como a globalização, capitalismo, neoliberalismo etc.
A construção da metodologia e a elaboração de elucidações para os fatos 
sociais são ocupações de um sociólogo. Dizem respeito às revelações extremamente 
imprescindíveis e essenciais para a percepção crítica da vida em sociedade. 
É importante que os sociólogos exponham as percepções que são 
adquiridas através de um trabalho científico pela Ciência da Sociologia. Assim, a 
sociedade tem melhor visibilidade e compreensão de seus próprios atos, podendo 
optar por mudanças e evoluções em suas relações e formas de organização.
Assim como as distintas ciências sociais e históricas, a sociologia ambiciona 
a elaboração de alternativas para novos conhecimentos da realidade social. É 
através dela que os cidadãos podem repensar suas práticas sociais e políticas e, 
assim, facultam modificá-las ou não.
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
58
LEITURA COMPLEMENTAR
A PROIBIÇÃO DE INCESTO EM LÉVI-STRAUSS
Josefina Pimenta Lobato
A proibição do incesto é sem dúvida um fenômeno universal. Não há 
sociedade alguma em que não haja uma norma que interdite o casamento entre 
pessoas situadas em um determinado grau de parentesco. 
As pretensas exceções à condenação unânime ao incesto e ao casamento 
de irmãos nas famílias reais do Egito antigo, do Império Inca ou do Havaí não 
devem ser tomadas como um indício da inexistência da noção de incesto e de 
sua proibição, por exemplo, mas apenas da adoção de uma forma diversa de 
classificar as relações que se enquadram na categoria.
 
A constatação de que as relações incestuosas têm sido consideradas, nas 
mais diferentes épocas e lugares, como intrinsecamente perniciosas e condenáveis, 
não significa a universalidade de sua observância. Psicanalistas, sacerdotes, 
médicos e educadores sabem muito bem que as transgressões à proibição do 
incesto são uma realidade bem mais frequente do que geralmente se imagina.
Em busca das razões pelas quais o incesto tem sido tão veemente e 
extensivamente condenado, os cientistas sociais têm sugerido as mais diversas 
explicações. A proposta de Lévi-Strauss, a de que a proibição do incesto é 
universalmente imposta a fim de estabelecer a "troca de mulheres entre homens", 
condição indispensável à instituição do matrimônio, da família, do parentesco 
e da própria vida social, causou um grande impacto no contexto da reflexão 
antropológica, além de ter uma repercussão expressiva em outras áreas do saber. 
Antes de abordar as argumentações propostas por Lévi-Strauss, que são de 
difícil compreensão e aceitação devido à originalidade e estranheza, farei algumas 
ressalvas e críticas para duas outras explicações relativas à universalidade da 
proibição do incesto, facilmente acatadas pela maior parte das pessoas.
Uma das explicações mais comuns quanto à universalidade da proibição 
do incesto segue uma crença muito difundida entre nós, a de que o incesto foi 
proibido a fim de proteger a espécie humana das consequências genéticas nefastas 
do casamento entre parentes próximos. 
A fragilidade da explicação, aparentemente sólida e inquestionável, deve-
se ao fato de ela não levar em conta um fator inegável: o de que é sobre as relações 
de parentesco, e não sobre as relações de consanguinidade que a proibição do 
incesto se constitui. A prevalência dos laços de parentesco nos de consanguinidade 
aparece claramente em sociedadescujo sistema de parentesco é unilinear. 
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA
59
Com efeito, em tais sociedades, a relação tida como incestuosa atinge 
certos parentes, como os primos paralelos (filhos de irmãos do mesmo sexo) que, 
do ponto de vista da consanguinidade, são idênticos aos primos cruzados (filhos 
de irmãos de sexo diferente). 
Em tal relacionamento não há nenhuma interdição, uma vez que, de 
acordo com o sistema unilinear, eles não são parentes entre si, já que cada um 
deles pertence a um grupo de parentesco diferente.
 
Uma outra explicação se fundamenta na ideia de que haveria um horror 
natural ao incesto devido a fatores genéticos ou a tendências psíquicas ligadas 
“ao papel negativo dos hábitos cotidianos sobre a excitabilidade erótica”. Como 
contestação, basta considerar que, se houvesse um horror natural ao incesto e à 
falta de desejo de praticá-lo, não seria preciso proibi-lo, pois só se proíbe aquilo 
que se deseja. 
Ainda, as constantes violações da proibição são uma prova suplementar 
de que não há nenhum horror instintivo ao tipo de relação. É preciso observar 
também que se o incesto é interdito socialmente é porque ele ameaça, de alguma 
forma, a ordem social.
 
Após ter demonstrado que as razões apresentadas pelos dois tipos de 
explicação não se fundamentam em argumentações sólidas, Lévi-Strauss muda 
totalmente a forma de abordar a questão. Por um lado, ele se recusa a enfocar a 
proibição do incesto em termos biológicos ou psíquicos, pois o que realmente importa, 
no seu entender, são as razões que fazem do incesto algo socialmente inconcebível: 
Nada existe na irmã, na mãe, nem na filha que as desqualifique 
enquanto tais. O incesto é socialmente absurdo antes de ser moralmente 
condenável (LÉVI-STRAUSS, 1976, p. 526).
Por outro, ele abandona qualquer espécie de explicação substantiva ligada 
à existência ou não de alguma coisa intrínseca às pessoas, cuja relação é dita 
como incestuosa, que justifique a proibição do casamento entre elas. Adota uma 
abordagem estruturalista, na qual o fator explicativo encontra-se não nos termos, 
mas nas relações entre eles.
Sob o novo ângulo eminentemente estrutural, o que se deve levar em conta 
é, antes de tudo, a posição ocupada pelas pessoas, cujo casamento é classificado 
como incestuoso em um determinado sistema de parentesco. 
A questão central da razão de ser da proibição do incesto consiste assim, 
antes de tudo, em saber por que as pessoas, que estão na posição de pai e irmão, 
não podem reivindicar como esposa aquela que está na posição de filha ou irmã.
 
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
60
Uma primeira resposta é que o objetivo primeiro da interdição do incesto 
é: imobilizar as mulheres no seio da família, a fim de que a divisão delas ou 
a competição por elas seja feita no grupo e sob o controle do grupo, e não em 
regime privado.
 
A proibição do incesto obriga-os a estabelecerem uma série de normas 
através das quais se possa determinar a forma pela qual será feita a distribuição 
das mulheres, que estão imobilizadas no seio do grupo familiar. 
A necessidade de se regular a distribuição das mulheres e não a dos 
homens decorre do fato de as mulheres, como esposas, constituírem um valor 
essencial à vida do grupo “tanto do ponto de vista biológico quanto do ponto de 
vista social”.
A obrigação por parte dos homens, que se situam na posição de paternidade 
e de fraternidade, de darem suas filhas e irmãs em casamento a outros homens, 
que estão submetidos ao mesmo tipo de situação, constitui, assim, a finalidade 
última da proibição do incesto, o ponto central onde se revela a verdadeira 
natureza da regra aparentemente negativa:
A proibição do incesto é menos uma regra que proíbe casar-se com a 
mãe, a irmã ou a filha do que uma regra que obriga a dar a outrem a 
mãe, a irmã e a filha. É a regra do dom por excelência (LÉVI-STRAUSS, 
1976, p. 522). 
Como ocorre com toda dádiva, a dádiva matrimonial cria naqueles que a 
recebem a obrigação de retribuir e assim sucessivamente. Através da constituição do 
circuito ininterrupto de dádivas recíprocas, a proibição do incesto estabelece a troca 
de mulheres como base inelutável de qualquer espécie de instituição matrimonial.
FONTE: LOBATO, Josefina Pimenta. A proibição de incesto em Lévi-Strauss. Revista Oficina, Belo 
Horizonte, ano 6, n. 9, p.14-20, jun. 1999. 
61
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que: 
• O conceito de sociologia começou a ser moldado no fim do século XVIII.
• A sociologia teve sua origem no colo da modernidade. Ela é consequência do 
mundo moderno.
• A sociologia é a ciência da sociedade.
• Busca compreender as características da sociedade capitalista, sistema 
econômico, político e social.
• Como ciência, a sociologia nasceu durante o percurso de criação do Estado 
Liberal.
• Teve como pilar as, também novas, relações de trabalho.
• A sociologia procura elucidar as composições e procedimentos políticos, 
econômicos, sociais e culturais da coletividade.
• No seu contexto histórico, a sociologia se apresenta como uma ciência em 
construção.
• É necessário compreender as modificações sociais, culturais, ecológicas, 
políticas e econômicas que o mundo está passando.
• O objetivo da Ciência da Sociologia não pode se apropriar da verdade.
• A sociologia surge como ciência e objetivando desvendar as relações sociais, 
fornecendo diferentes visões sobre a sociedade.
• A construção da metodologia e a elaboração de elucidações para os fatos sociais 
são ocupações de um sociólogo.
• Assim como as distintas ciências sociais e históricas, a sociologia ambiciona a 
elaboração de alternativas para novos conhecimentos da realidade social.
62
AUTOATIVIDADE
1 Explique o que é a Ciência da Sociologia, exibindo quais são seus objetos de 
estudo e seus objetivos.
2 De acordo com o que você estudou, disserte sobre a importância do olhar 
sociológico dentro de uma sociedade.
63
TÓPICO 2
ESTRUTURA DO CONHECIMENTO EM SOCIOLOGIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você encontrará a estruturação do conhecimento na 
Ciência da Sociologia. Será analisada a ideia central deste estudo, conceituando 
elementos importantes para sua organização, como historicidade, senso comum 
e comunidade.
2 O SENSO COMUM
Ao falarmos de sociologia, é importante observarmos os elementos 
principais acerca do conceito dessa ciência social tão dinâmica. Ao pensarmos os 
seus elementos separadamente, torna-se mais fácil a compreensão da estrutura 
que dá base à sociologia como um todo.
O primeiro elemento a ser observado deve ser o senso comum. Cabe aqui 
começarmos destacando os pontos que diferenciam um conhecimento de senso 
comum de um conhecimento científico. 
Quando falamos em senso comum, estamos falando em um conhecimento 
fundamentado nos experimentos habituais dos cidadãos. São as certezas 
cotidianas, oriundas da experiência de vida de cada um.
Determinado tipo de sabedoria se difere do conhecimento científico, uma 
vez que o segundo é elaborado através de uma preparação metódica rigorosa. O 
senso comum pode tanto se fundamentar em experiências individualizadas de 
cada pessoa, como em experiências compartilhadas por todos ou pela maioria 
dos membros de uma determinada sociedade. Para aprender a tomar banho, 
usar roupas e outras práticas simples do cotidiano, ninguém precisou realizar 
algum tipo de investigação científica. Bastou a experiência de vida, além das 
recomendações e advertências dos mais velhos etc. 
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
64
Já quando falamos em conhecimentos sobre física, por exemplo, números 
como a velocidade da luz, o tempo de duração que cada planeta leva para completar 
a volta em torno do Sol etc., estamos lidando com conhecimentos científicos. 
Ninguém aprendeu tais números apenas vivendo a vida cotidianamente.
Pode-se afirmar que o senso comum é o modo de conhecimento extraído 
de maneira não organizada, sem estudoprévio. O conhecimento científico é a 
extração de experiências tentadas propositalmente e de maneira estudada, com a 
finalidade de obter algum resultado determinado.
 
O senso comum se refere à simples noção pública, é um código cultural 
hegemônico dentro da comunidade. É o código de conduta da vida coletiva e 
individual para a vida naquele território. São opiniões concretas, passadas de 
cidadão para cidadão em formato de sugestões, conselhos, advertências etc.
Pode-se também nomeá-lo como princípios. São princípios de 
comportamento moral que acabam por se tornar normativos quando se acham 
estruturados na tradição e costumes de uma sociedade em questão.
O senso comum é legitimado através da vivência das pessoas. Os cidadãos 
desenvolvem práticas sociais e, por meio destas, defendem sua maneira de vida 
ou, ainda, percebendo uma má vivência, propõem novas práticas sociais.
Pode-se afirmar então que, de maneira generalizada, o senso comum é um 
saber sem precisão, pois é adquirido sem critérios e exercido sem exatidão. Ainda 
assim, é um dos elementos para a compreensão plena dos fatos sociais.
Importante destacar que o conhecimento de senso comum também possui 
um papel importante na evolução social, uma vez que é um elemento de fácil 
acesso para as massas populacionais excluídas socialmente e, assim, norteia as 
ações dessa parte da comunidade.
É justamente a parcela populacional mencionada que se encontra distante 
do acesso ao conhecimento científico. Logo, pauta suas práticas sociais apenas no 
senso comum que foi transferido por meio dos costumes de seu meio.
É possível citar muitos exemplos de situações dentro de uma comunidade 
que, ao se transformarem em episódios sociais não resolvidos, não serão apenas 
estudados pelos cientistas sociais, mas também vivenciados, percebidos e 
compreendidos pela massa social excluída.
Como exemplo de tal tipo de fenômeno social, temos problemas como 
desemprego, mortalidade infantil, marginalização, tráfico de drogas, tráfico de 
armas, direitos trabalhistas, situação penitenciária, dentre inúmeros outros.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO CONHECIMENTO EM SOCIOLOGIA
65
3 A HISTORICIDADE
Como já vimos, existem alguns elementos para a construção do pensamento 
em sociologia, além do senso comum. Um elemento igualmente importante e 
necessário para tal construção, o que chamamos de historicidade.
Para compreendermos os fenômenos estudados na Ciência da Sociologia, 
é essencial a observação da historicidade dos fatos sociais a serem estudados. É 
imprescindível que os cientistas sociais tenham em consideração a historicidade 
do objeto de seu estudo.
Caso contrário, estarão perdendo o ponto central da ciência social e 
deixando de analisar quais movimentações sociais fizeram o fato social em 
questão se tornar atualmente tão relevante a ponto de chamar atenção dos 
cientistas sociais para que produzissem pesquisas sobre ele. Lembremos que toda 
pesquisa científica traz a necessidade de fundamentação/justificativa/relevância 
para que seja elaborada.
Para que se obtenha a historicidade de determinado fato social, é 
fundamental que o cientista observe as relações que existem entre os componentes 
do processo de criação do fato, sua historicidade. É preciso que se descubra a 
relação entre os sujeitos do fato e o todo que integra seu processo.
São partes integrantes de um processo, além dos sujeitos e o problema 
detectado, o lugar e o tempo em que tal fenômeno ocorreu. Resumindo, os 
fenômenos sociais são, antes de tudo, eventos históricos. São a consequência de 
processos históricos.
Assim, os fatos sociais, para serem estudados como processos, precisam 
ser compreendidos historicamente. É necessário que se leve em consideração 
o que ocorria na determinada comunidade na época em que o fato social em 
questão teve início. Importante ressaltar que quando falamos em historicidade, 
estamos abrangendo também o presente. Na historicidade, temos o encontro das 
questões do passado com o presente. 
Ao analisarmos os históricos de um fato, desde sua criação até o momento 
presente, adquirimos compreensão dos porquês de tal fato social, além de 
obtermos também perspectivas para possíveis mudanças sociais necessárias.
4 COMUNIDADE
O último elemento a ser visto neste tópico é a comunidade, um componente 
de imprescindível relevância para o estudo da sociologia como ciência a partir do 
século XIX. A comunidade apresenta aspectos sociais diversificados ao longo da 
história, sendo sempre objeto de estudo dos cientistas sociais.
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
66
Em suma, podemos afirmar que a comunidade é formada por diferentes 
grupos sociais que se encontram ligados por laço afetuoso. A afetividade entre 
os cidadãos de uma comunidade ocorre, primeiramente, pelo fato de que se 
encontram próximos fisicamente uns dos outros, dividem o mesmo território.
IMPORTANT
E
Para reconhecer, através da perspectiva sociológica, uma comunidade, é 
preciso então que se identifique um território geográfico com limites determinados em 
sua extensão e um contato social básico entre os indivíduos ali coabitantes (este último 
podendo ser caracterizado simplesmente pela proximidade física).
Ainda, a fim de reconhecimento do conceito de comunidade, é possível 
identificar, respectivamente:
• Nitidez: no que se refere aos próprios limites territoriais já mencionados. As 
comunidades são detentoras de espaço geográfico delimitado.
• Pequenez: a comunidade é um todo formado por vários núcleos de menores 
dimensões. Aqui pode-se reconhecer um ou mais grupos formadores da 
comunidade.
• Homogeneidade: no que se refere ao conjunto de atividades praticadas pela 
comunidade. Percebe-se as atividades exercidas por grupos de mesma faixa 
de idade, gênero, dentre outras características que comumente proporcionam 
proximidade entre os cidadãos.
• Relações pessoais: por último, os grupos unidos por relações pessoais de 
vínculos emocionais. São as relações de caráter afetivo emocionalmente, podem 
ou não aparecer em conjunto com as relações do item anterior, homogeneidade.
Na visão de Weber (1997), comunidade só é existente quando o fundamento 
do já referido laço afetivo é encontrado na ação dos indivíduos. Não é suficiente 
que a ação seja nem de todos e nem de cada um dos indivíduos. 
A ação destes deve ser impulsionada pelo sentimento de desenvolver um 
todo, um sentimento de comunidade. Deve partir dos laços afetivos e agindo em 
prol de um bem comum (não o bem de todos e nem o bem de cada um, mas o bem 
para o crescimento enquanto comunidade).
Ainda, comunidade é uma definição extensa e que compreende diversos 
eventos heterogêneos. Contudo, a comunidade tem como fundamento de suas 
ações os laços afetivos, emotivos e habituais. A maioria das relações sociais 
participa tanto da comunidade como da sociedade.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO CONHECIMENTO EM SOCIOLOGIA
67
IMPORTANT
E
São exemplos de comunidade: família, vizinhança, uma aldeia agropecuária 
e todos os grupos ligados pelas características vistas anteriormente, não devendo ser 
confundida com sociedade (conceitos que vimos na Unidade 1 deste livro).
Os indivíduos que formam uma comunidade vão ter suas ações pautadas 
por vontades semelhantes. A proximidade física e a cultural fazem com que 
busquem as mesmas coisas. Trabalham com fins de alcançar um bem que é 
comum a todos. Os participantes de uma comunidade possuem um alto grau 
de intimidade entre eles. Determinada intimidade é oriunda do contato social 
primário que é exercido.
 
Para ficar mais fácil, fixamos que família é o exemplo principal de 
comunidade: um agrupamento humano, de contato social primário, possuidores 
de um grau proeminente de intimidade.
Ainda, cabe questionar como fica a questão das comunidades em um país 
de território tão vasto e integrado por uma diversidade significante de culturas e 
costumes como o nosso país, Brasil.
Como exemplo de comunidades culturalmente muito diferentes no Brasil, 
podemoscitar as principais, sendo elas as comunidades indígenas, as populações 
ribeirinhas, quilombolas, povos de terreiro e ciganos. 
A partir da diversificação cultural e estrutural de comunidades, as leis 
brasileiras são elaboradas para poderem abranger a todos, trazendo uma visão um 
pouco diferenciada do conceito de comunidade e de acordo com sua realidade. 
As comunidades primitivas brasileiras se organizam de maneira diferenciada da 
sociedade geral e de acordo com os seguintes elementos:
• Formas próprias: de organização social; de uso do território tradicional; de uso 
de recursos naturais.
• Reprodução cultural acontece de modo: social; ancestral; religioso; econômico.
Dentro das comunidades, os indivíduos praticam rigorosamente 
as tradições, sendo elas responsáveis por qualquer método de conseguir 
conhecimento.
 
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
68
Outro questionamento válido é sobre a questão da situação das 
comunidades em um mundo complexo e globalizado em que vivemos hoje. É 
movimento comum entre os indivíduos a resistência ao processo de globalização. 
Ocorre que as organizações comunitárias possibilitam a sensação de pertencer a 
algo e a proximidade afetiva é algo que o ser humano busca naturalmente.
A identidade cultural é um sentimento importante ao ser humano. Assim, 
a resistência à globalização acontece de maneira ferrenha por parte de alguns, 
uma vez que determinado sistema político e econômico tem como ideia central 
uma espécie de padronização cultural. 
O fundamento de organização comunitária implica que, através de um 
processo de concentração social, os cidadãos participem de aglomerações urbanas 
em grupos protetores de seus interesses em comum. A sensação de fazer parte de 
um grupo e a identificação cultural dão base para as organizações comunitárias.
O processo de globalização trouxe consigo um avanço industrial e 
tecnológico que desencadeou a formação de comunidades urbanas diferenciadas. 
Tribos urbanas foram elaboradas nos grandes centros, especialmente nas áreas 
periféricas. Como exemplos das comunidades podemos citar os rappers, os 
surfistas, os punks, dentre outros.
Ainda, outro advento da sociedade moderna é o que se distingue como 
comunidades virtuais, não podendo ser enquadradas adequadamente no termo 
comunidade. Tais grupos, formados exclusivamente pelo contato virtual, exercem 
o processo inverso no elemento afetivo da comunidade.
As relações não acontecem por contato primário, mas virtualmente. Não 
são relações que podemos chamar de pessoais. Exemplo de comunidades virtuais 
são Facebook, Twitter, o antigo Orkut, dentre outros.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO CONHECIMENTO EM SOCIOLOGIA
69
LEITURA COMPLEMENTAR
COMUNIDADE, GLOBALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO: UM ENSAIO 
SOBRE A DESCONVERSÃO DO SOCIAL
Pablo de Marinis
Cabe agora considerar outros processos que operam de baixo e de dentro 
do espaço do estado-nacional social e que estão ligados a uma reinvenção da 
comunidade, atualmente em curso. A reinvenção da comunidade dá-se por meio 
de um duplo jogo, em que se observará outra vez que não se trata de pensar o 
Estado como uma mera vítima passiva de fenômenos que não pode comandar. 
Ainda, a globalização não é somente um processo inelutável perante o 
qual os Estados têm necessariamente que se dobrar. Também nos processos de 
reinvenção da comunidade podem ocorrer situações similares.
 
Nelas, o Estado pode, por um lado, ser um agente ativo na invenção, 
constituição ou promoção de comunidades e, em outros casos, deve responder a 
iniciativas e a demandas de caráter comunitário. 
Em qualquer dos casos, continua sempre estando presente um esforço 
de economização de meios de governo por parte do Estado, porém não só com 
a finalidade de retirar-se e desobrigar-se das incumbências que até então eram 
inerentes, mas para governar mais e melhor. Assim, têm lugar iniciativas de 
um Estado adelgaçado, que constroem comunidades como objeto específico de 
algumas políticas de governo. 
O Estado estimula a prudência dos atores (O’MALLEY, 1996), convoca o 
ativismo e a participação. Ainda, estimula a assunção de crescentes e diversificadas 
responsabilidades por parte das comunidades na criação, definição e gestão de 
seus próprios destinos e condições de existência.
 
Tudo ocorre sem apelar à linguagem da cidadania social que impregnou 
durante décadas o discurso estatal. A interpelação acontece diretamente nas 
comunidades que passam a ser concebidas como as modalidades predominantes 
de agregação de sujeitos. As novas tecnologias de governo neoliberais tendem a 
governar através da comunidade (ROSE, 1966).
 
Assim, o apelo à participação dos governados se inscreve com maiúsculas 
nesses programas. Ainda, há outra direção no processo e é justamente a que 
procede de baixo. Neste caso, são indivíduos, agrupamentos, famílias, “tribos” 
(MAFFESOLI, 1990) que constroem suas identidades particulares, recortadas 
e específicas na base de atributos mais ou menos identificáveis e vinculadas, 
por exemplo, à crença religiosa, à etnia, à orientação sexual, à idade, a alguma 
forma de consumo cultural, à ocupação ou à profissão, à condição de gênero, à 
disparidade, à condição de sobrevivente ou de familiar de vítima de violações aos 
direitos humanos, à inserção em uma localidade etc. 
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
70
As comunidades organizam suas ocupações vitais, manifestando uma 
renovada ênfase nos contextos micromorais de suas experiências. Em síntese, o 
jogo é duplo e revela importantes transformações nas práticas de governo.
O Estado já não apela, pois não mais se dirige ampla e ostensivamente ao 
conjunto da sociedade, ou seja, ao conjunto de cidadãos de uma nação politicamente 
regulada por ele (como aconteceu até a época do Estado de Bem-Estar), mas dirige-
se diretamente a algumas comunidades especificamente recortadas. 
Promove e fortalece a participação em tarefas de governo. Do outro lado, 
as comunidades se (auto) ativam para moldar seus perfis identitários e articulam 
suas demandas para autoridades de diversos tipos.
 
Assim, novas identidades emergem, ou velhas identidades são fortemente 
ressignificadas: o vizinho deste ou daquele bairro ou cidade; o consumidor de 
tais ou quais bens ou serviços; o usuário de algum programa de política pública. 
Mesmo quando pode continuar sendo invocada, ressente-se a histórica figura 
do cidadão. Em alguns casos, cai-se ou se é arremessado, simplesmente, em 
determinada comunidade, sem demasiadas opções de escolha ou resistência.
 
Em outros casos, a adesão à comunidade provoca operações complexas e 
construtoras de identificação dos que são como todos. Quando o contexto social 
mais amplo se torna crescentemente frio, distante, hostil, a comunidade converte-
se na forma mais adequada de estar chez soi, um lugar no qual nunca somos 
estranhos uns para os outros (BAUMAN, 2003).
 
No seio das comunidades se manifesta uma espécie de reaquecimento dos 
vínculos, porém de um tipo fundado no recolhimento da própria territorialidade 
comunitária, sem referências a totalidades mais amplas. 
Retomando os argumentos do segundo item deste trabalho, é possível 
afirmar a boa saúde da comunidade. A temerosa suposição dos sociólogos clássicos, 
de que a Gesellschaft pudesse terminar acabando com todos os contextos cálidos 
de interação próxima, não foi verificada na realidade. A comunidade continua 
gozando, de fato, de boa saúde.
 
Tem sentido continuar usando o termo comunidade quando se manifesta 
tal diversidade empírica de comunidades realmente existentes, ou seja, quando 
comunidade parece ser o nome que se pode dar para qualquer tipo de agrupamento 
humano? Continua sendo utilidade recorrer ao conceito sociológico que, de 
Tönnies em diante, experimentou tal reviravolta semântica? Tais perguntas não 
serão abordadas neste artigo, porém tratamos de sublinhar a extraordinária 
persistência da comunidade (ou do desejo ou da necessidade da comunidade) nodiscurso contemporâneo.
 Não há praticamente nenhuma forma de ação coletiva que, em algum 
momento, não recorra à fórmula de marca comunitária para recrutar novos 
membros e definir seus planos de ação, desde coletivos de trabalhadores 
desempregados que reivindicam assistência do Estado até vizinhos de classe 
média que exigem proteção policial. 
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO CONHECIMENTO EM SOCIOLOGIA
71
Não existe quase nenhum programa estatal que prescinda do uso de um 
vocabulário ou de um jargão de marca comunitarista para a definição de seus 
targets de governo, desde a prevenção comunitária do delito até a atenção à 
diversidade das diferentes comunidades educativas.
 
Se o termo vai continuar sendo utilizado, será necessário especificar 
de qual comunidade se trata. Hoje, como ontem, continua sendo inerente aos 
membros de uma comunidade essa sensação de mais ou menos juntos e de avanço 
(ou retrocesso) em caminhos comuns de ação.
 
Em qualquer caso, é preciso estabelecer precisões sobre as enormes 
diferenças que podem se vislumbrar entre as velhas comunidades pré-modernas 
e as da contemporaneidade, próprias de uma época decididamente pós-social. 
As velhas comunidades eram de inscrição compulsiva. Ao contrário, as 
novas comunidades estão marcadas por uma espécie de vontade de escolha e 
têm um cheiro a liberdade, a ação proativa ou reativa diante das contingências de 
um mundo cujos riscos devem ser assumidos individualmente ou no marco de 
comunidades próximas. 
Em segundo lugar, a temporalidade. As velhas comunidades se 
enraizavam em um passado ancestral e eram consideradas, em princípio, eternas. 
Contudo, as comunidades do presente se caracterizam por sua não permanência, 
por sua evanescência, por serem apenas até novo aviso, até que satisfaçam as 
necessidades pelas quais surgiram.
Em terceiro lugar, o território. A velha comunidade era a comunidade 
do território. Muitas das comunidades atuais estão (ou são) desterritorializadas, 
não requerem a copresença, podendo ser, inclusive, virtuais. Em quarto lugar, 
a velha comunidade era o reino do Uno e somente se podia pertencer a ela. Em 
troca, as novas comunidades são plurais: os indivíduos podem aderir a muitas 
delas ao mesmo tempo, podem entrar e sair, porque assim desejam ou porque 
são expulsos.
Os indivíduos desenvolvem e encenam apenas parte do que são e cada 
uma das partes pressupõe uma pluralidade de requisitos normativos. Para 
concluir as comparações: as velhas comunidades constituíam uma totalidade 
orgânica. Aliás, tratavam-se de um todo sem maiores divisões interiores.
 
As novas comunidades estabelecem um arquipélago de partes sem todo, 
sem borda exterior, sem continente. A sociedade, como realidade e como conceito, 
parece perder a capacidade de construir esse todo.
FONTE: DE MARINIS, Pablo. Comunidade, globalização e educação: um ensaio sobre a 
desconversão do social. Pro-Posições, v. 19, n. 3, p. 19-45, set. 2008. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/pp/v19n3/v19n3a03.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2018.
72
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Quando falamos em senso comum, estamos falando em um conhecimento 
fundamentado nos experimentos habituais dos cidadãos. São as certezas 
cotidianas, oriundas da experiência de vida de cada um.
• Podemos afirmar que o senso comum é o modo de conhecimento extraído de 
maneira não organizada, sem estudo prévio. 
• O conhecimento científico é a extração de experiências tentadas propositalmente 
de maneira estudada. Ainda, tem a finalidade de obter algum resultado 
determinado.
• Podemos também chamar o senso comum de princípios. São princípios de 
comportamento moral que se tornam normativos quando são estruturados na 
tradição e nos costumes de uma sociedade em questão.
• O senso comum é legitimado através da vivência das pessoas. Os cidadãos 
desenvolvem práticas sociais e, por meio destas, defendem sua maneira de 
vida. Ainda, percebendo uma má vivência, propõem novas práticas sociais.
• Para compreendermos os fenômenos estudados, é essencial a observação da 
historicidade dos fatos sociais a serem estudados.
• Para que seja obtida a historicidade de determinado fato social, é fundamental 
que o cientista observe as relações que existem entre os componentes do 
processo de criação do fato, sua historicidade.
• São partes integrantes de um processo, além dos sujeitos e o problema 
detectado, o lugar e o tempo em que tal fenômeno ocorreu.
• Comunidade é formada por diferentes grupos sociais que são ligados por laço 
afetivo.
• Os indivíduos que formam uma comunidade vão ter suas ações pautadas 
por vontades semelhantes. A proximidade física e a cultural fazem buscar as 
mesmas coisas. Trabalham para um bem que é comum a todos.
73
• Como exemplo de comunidades culturalmente muito diferentes no Brasil, 
podemos citar as principais, sendo elas as comunidades indígenas, as 
populações ribeirinhas, quilombolas, povos de terreiro e ciganos. 
• A sensação de fazer parte de um grupo e a identificação cultural dão base para 
as organizações comunitárias.
• O processo de globalização trouxe consigo um avanço industrial e tecnológico 
que desencadeou a formação de comunidades urbanas diferenciadas.
74
AUTOATIVIDADE
1 Conceitue comunidade e sociedade, destacando os principais pontos que 
diferem uma da outra.
2 Explique de que maneira o fenômeno da globalização interfere nas 
organizações comunitárias.
75
TÓPICO 3
PRINCIPAIS PENSADORES DA SOCIOLOGIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, serão destacados alguns dos principais autores da sociologia 
e abordaremos, de maneira básica, os pontos centrais das suas teorias. São eles: 
Augusto Comte, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
2 AUGUSTO COMTE
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (Montpellier, 1798-Paris, 
1857) foi um filósofo francês. Ele deu origem ao termo sociologia. Comte 
concentrou seu trabalho profundamente na criação de uma filosofia positiva.
 
 O termo sociologia foi criado a partir da organização do curso de Filosofia 
Positiva em 1839, no qual Comte pretendia fazer uma síntese da produção 
científica, ou seja, procurar saber tudo o que havia se acumulado no que diz 
respeito aos conhecimentos e métodos científicos utilizados na matemática, física 
e biologia para, então, descobrir se era possível aproveitá-los na ciência social.
Considerado positivista, acreditava na supremacia científica e como ela 
poderia explicar todos os fenômenos independentemente de explicações da 
religião. Buscava na ciência respostas que pudessem ser usadas no preparo do 
ordenamento social.
Observava a sociedade em meio ao caos e à desordem e fazia previsões 
de um futuro em que a ordem científica e o meio industrial se tornassem mais 
atuantes. O sistema feudal, antes firmado pela agricultura e hierarquia, se 
transformara em um sistema capitalista, baseado em indústria e comércio. 
O objetivo da positividade era promover um reordenamento disciplinar 
da sociedade através da compreensão das novas questões sociais que foram 
criadas. A partir dos estudos dos fenômenos sociais do passado, seria possível 
compreender o presente e prever o futuro da sociedade.
76
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
Com a inevitabilidade da implantação do sistema capitalista, imprescindível 
para o desenvolvimento da sociedade, ocorreria também a obsolescência da 
teologia como única forma de esclarecer o mundo. Impasses formados no processo 
deveriam ser solucionados para que não se tornassem empecilhos ao progresso 
cultural. Assim, Auguste Comte iniciou a sociologia, um estudo a ser continuado 
com o propósito de atingir um patamar de primazia e função.
Comte não chegou a viabilizar a sua aplicação. Seu trabalho apenas iniciou 
uma discussão que deveria ser continuada, a fim de que a sociologia alcançasse 
um estágio de maturidade e aplicabilidade.
3 ÉMILE DURKHEIM
Dando sequência e buscando fazer da sociologia uma ciência de visão 
positiva, aparece o sociólogofrancês Émile Durkheim (1858-1917), cujo principal 
objetivo foi dar à sociologia credibilidade científica. 
Assim, o estudo adquiriu um caráter mais técnico, definindo como e o que 
desejava alcançar. Com seus procedimentos particulares deixou, então, a posição 
conceitual para atingir o patamar científico. Durkheim entendia os obstáculos 
sociais da época, apesar de viver em um momento de otimismo, cercado de 
inovações tecnológicas, como a eletricidade e os carros. 
Criou, então, procedimentos de análise e verificação que tinham o objetivo 
de capacitar o estudo. No entanto, na sociologia, não é fácil representar um 
acontecimento social em ambiente controlado a fim de obter um resultado único, 
como se faz em um laboratório, por exemplo. Apesar disso, determinados episódios 
poderiam ser objetos de observação, como o suicídio, a família, a escola e as leis.
Sugeriu diretrizes para distinguir o tipo de fenômeno para ser assunto 
da sociologia, intitulando fatos sociais, que podem ser separados por suas 
características:
• Coletivo ou geral: significa que o fenômeno é comum a todos os membros de 
um grupo. 
• Exterior ao indivíduo: ele acontece independentemente da vontade individual.
• Coercitivo: os indivíduos são “obrigados” a seguir o comportamento 
estabelecido pelo grupo. 
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS PENSADORES DA SOCIOLOGIA
77
IMPORTANT
E
Vem do estudo de Durkheim o conhecido termo “consciência coletiva”, que, 
de acordo com ele, é o conjunto de crenças e sentimentos comuns para a média dos 
membros de uma mesma sociedade.
A humanidade está em constante evolução, o que pode ser caracterizado 
pelo aumento dos papéis sociais ou funções. Acredita que existem sociedades 
que se estabelecem sob o modelo de solidariedade chamado mecânica e outras 
sociedades com um modelo de solidariedade orgânica.
As sociedades estabelecidas sob o modo de solidariedade mecânica seriam 
aquelas nas quais existiriam poucos papéis sociais. Todos os membros viveriam 
de maneira parecida e, normalmente, ligados por crenças e sentimentos comuns, 
o que ele chama de consciência coletiva. 
Ações próprias seriam reparadas pelos demais, como em comunidades 
indígenas, em que pessoas convivem e trabalham indistintamente, unidas por 
suas crenças e valores. Se uma pessoa passasse a atuar por conta própria, não 
seria difícil notar e identificar prontamente quem estaria “subvertendo” o modo 
de vida local. 
Outros exemplos são os mutirões para colheita em regiões agrárias 
para reconstrução de áreas devastadas por desastres naturais ou, até mesmo, 
participação em campanhas para coleta de alimentos. 
As sociedades de solidariedade orgânica, mais comuns no mundo 
moderno, oferecem muitos papéis sociais, tendo em vista as inúmeras atividades 
que podem existir nas cidades. Ainda mesmo com uma grande separação 
e quantidade de funções, o sociólogo acreditava que todas elas deveriam 
funcionar em conjunto e cooperativamente e, exatamente por esse motivo, 
foram denominadas de orgânica. Diminui-se, entretanto, o grau de controle da 
sociedade sobre cada pessoa. 
78
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
4 MAX WEBER
Maximillian Carl Emil Weber foi um proeminente sociólogo que deu início 
à sua carreira em 1882. Nascido na cidade de Erfurt, Alemanha, no ano de 1864. 
Foi na Faculdade de Direito da Universidade de Heidelberg que acompanhou 
aulas de economia política, história e teologia. Em seguida, em 1889, tornou-se, 
na Universidade de Berlim, doutor em Direito. 
É tido como um dos clássicos da sociologia e buscou a possibilidade 
da interpretação da sociedade partindo não dos fatos sociais já consolidados e 
das suas características externas, mas sugeriu começar pelo indivíduo que nela 
vive, ou melhor, pela verificação das “intenções”, “motivações”, “valores” e 
“expectativas” que orientam as ações do indivíduo na sociedade. 
Seus estudos recaíram nas questões teóricas e metodológicas para o 
desdobramento de estudos históricos e sociológicos no que diz respeito ao 
princípio da civilização ocidental e seu lugar na história. Suas mais importantes 
obras são lidas até a atualidade. Dialogou com Marx e Durkheim e criou um novo 
entendimento para a sociologia.
A sociologia seria capaz de criar procedimentos de investigação que 
possibilitariam analisar qual conjunto de motivações, valores e expectativas 
comuns estaria orientando a ação dos indivíduos envolvidos no fenômeno 
que se quer compreender. Deveria ser possível realizar previsões levando em 
consideração o que, na ocasião dada, seria o conjunto de valores, motivações, 
intenções e expectativas compartilhados pelo grupo de foco. 
IMPORTANT
E
Max Weber foi um dos conselheiros da Alemanha no estabelecimento do 
"Tratado de Versalhes" (1919), bem como um dos responsáveis por redigir a "Constituição de 
Weimar". Inclusive, foi criador do "Artigo 48", que foi usado por Adolf Hitler para estabelecer 
seus poderes ditatoriais.
A chamada Sociologia Compreensiva nos auxilia a entender o mundo 
social de acordo com as ações dos indivíduos envolvidos. O indivíduo é a 
unidade fundamental neste estudo, pois se manifesta levando em consideração 
um sentido. Realidades como o Estado fazem apenas referências ao curso de ação 
e possibilitado uma ação social de indivíduos.
Assim, em grupos ou instituições concebidos pelo pensamento cotidiano 
ou pelo pensamento jurídico, as ações individuais guiam o coletivo e o coletivo 
(na qualidade de uma comissão) guia as ações.
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS PENSADORES DA SOCIOLOGIA
79
O método compreensivo é, então, a forma proposta por Weber para 
a pesquisa. É uma interpretação do passado, além das suas repercussões na 
sociedade contemporânea. Assim, podemos compreender a ação social da 
humanidade através de conduta individual.
O método se constitui do entendimento do sentido que as ações de 
um indivíduo compreendem, além da concepção superficial. Se, por exemplo, 
uma pessoa dá para outra um pedaço de papel, não importa para o sociólogo. 
Apenas é válido quando sabemos que a primeira pessoa deu o papel para a outra 
pretendendo que assim quitasse uma dívida (dinheiro ou cheque). É uma ação 
carregada de sentido.
 
Quando um pedaço de papel tem uma função, como a de ser uma forma 
de intermediar o comércio e pagamentos, passa a ter profundas definições sociais 
e pode, também, ser reconhecido por um grupo ainda maior.
O uso de métodos das ciências naturais, como a observação, comparação e 
estatística, por exemplo, não pode ser suficiente para a sociologia na assimilação 
de sentido das ações sociais. 
A pesquisa histórica se torna importante para a observação das sociedades, 
pois ela permite a análise de distinções sociais que podem ser usadas como 
indícios do método compreensivo. Interpretamos o passado para contemplar 
reflexos de traços dele nas sociedades contemporâneas.
5 KARL MARX
O alemão Karl Marx (1818-1883), filósofo e economista, foi um dos 
responsáveis por proporcionar uma discussão crítica sobre a sociedade capitalista 
que começava a ser estabelecida em sua época. Ainda, Marx conseguiu observar 
os problemas sociais derivados dessa organização política e econômica. 
 
 Nas sociedades de tipo capitalista, a forma principal de conflito ocorria 
entre suas duas classes sociais fundamentais: a burguesia e o proletariado. A partir 
da atividade comercial, a burguesia passou a ter a posse dos meios de produção, 
enriqueceu e também passou a fazer parte daqueles que controlavam o governo.
 
A influência serviu para que fossem criadas leis para a defesa da propriedade 
privada, condição imprescindível para sua sobrevivência. Em desvantagem, a classe 
dos proletários, sem os meios de produção, permanece como parte fundamental no 
enriquecimento da burguesia, pois oferecia força de trabalho para as fábricas, que 
eram as novas unidades de produção do mundo moderno. 
O objetivo de Marx era estudar com atenção a classe desfavorecida. Tinha 
a intenção de ajudar na mudança da sua condiçãode alienação, pois alienado é o 
indivíduo que não tem controle sobre o seu próprio trabalho no que diz respeito 
ao tempo e ao que é produzido.
80
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
 No capitalismo, o tempo do trabalhador e o produto do trabalho 
pertencem à burguesia, bem como parte da riqueza que é criada através do 
trabalho. O sistema capitalista tem como propósito a ampliação e a acumulação 
de riquezas e dos meios de produção.
O indivíduo deveria ser capaz de transformar a sociedade e sua história, mas 
nem sempre ele faz como deseja, pois as heranças da estrutura social o impedem. 
Não é apenas o homem que faz a história da sociedade, mas o inverso também 
acontece, com a sociedade construindo o homem em uma relação recíproca. 
A sociedade está inserida em condições que determinarão até que ponto 
o homem pode construir a sua história e, através da lógica, é possível crer que 
a classe dominante tem maiores chances de fazer sua história como deseja, pois 
tem o poder econômico e político, enquanto a classe proletária está desprovida de 
meios para tal transformação.
 
A possibilidade para modificar a situação seria somente por intermédio 
de uma revolução, pois assim a classe trabalhadora poderia assumir o controle 
dos meios de produção e tomar o poder político e econômico da burguesia.
A classe trabalhadora deveria, então, se organizar politicamente com 
consciência de sua condição e transformar a sociedade capitalista em socialista 
por intermédio da revolução. O socialismo prega que a propriedade coletiva deve 
tomar o lugar da propriedade privada.
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS PENSADORES DA SOCIOLOGIA
81
LEITURA COMPLEMENTAR
A SOCIOLOGIA FUNCIONALISTA NOS ESTADOS 
ORGANIZACIONAIS: FOCO EM DURKHEIM
Augusto Cabral
Embora homens como Sócrates, preocupado com a definição de conceitos 
na busca pela essência das coisas, e Platão, com seu empenho em mostrar o caminho 
a ser seguido para ir da doxa (opinião) à episteme (ciência), tenham buscado um 
saber mais rigoroso, o conhecimento científico é relativamente recente. 
Somente ao procurar o seu próprio caminho é que a ciência se desvincula 
da filosofia e passa a determinar objetos específicos a serem apreendidos e 
controlados pelo método. No lugar de uma ciência surgem, gradativamente, 
ciências particulares, com campos mais ou menos delimitados de pesquisa. O 
avanço ocorreu a partir do século XVII e tem a revolução galileana como um dos 
seus marcos.
Ao defender a substituição do modelo ptolomaico do mundo (o 
geocentrismo) pelo modelo copernicano (o heliocentrismo), Galileu provocou 
uma revolução não apenas científica, mas também política e epistemológica. 
Retirando a Terra do centro do universo, a nova visão quebrava hierarquias, 
democratizava espaços e transformava visões de mundo. 
De seu papel contemplativo, a ciência, em sintonia com o então emergente 
novo modo de produção capitalista, vai se libertando da teologia para assumir 
um papel ativo como técnica e tecnologia de conhecimento e dominação das 
forças da natureza. 
Na nova ordem burguesa, a ciência se solidifica, colocando o racionalismo 
no lugar da fé e do dogmatismo; a técnica, a observação e a experimentação no 
lugar da contemplação e, sobretudo, o antropocentrismo no lugar do teocentrismo 
dominante na Idade Média. 
Em parte, é também de Galileu a herança da "matematização" da ciência 
como forma de se atingir uma linguagem rigorosa, precisa e capaz de evitar 
ambiguidades. Para Galileu, o caminho científico é constituído do encontro da 
matemática com a experimentação. As transformações ocorridas podem ser 
resumidas em quatro aspectos básicos (ARANHA; MARTINS, 1993):
• A secularização da consciência: o abandono da dimensão religiosa do saber 
medieval através da separação entre razão e fé, entre verdades científicas e 
verdades reveladas.
• A descentralização do cosmos: o deslocamento não apenas do lugar da Terra 
no universo, mas do lugar do homem no universo.
82
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
• A geometrização do espaço: o fim da mistificação do lugar, da "sacralização" 
do espaço, que se torna homogêneo, quantificável e mensurável.
• Mecanicismo: o equacionamento da natureza e do homem com a máquina e 
com um conjunto de mecanismos regidos por leis, resultando na exclusão da 
ciência de considerações éticas, morais e filosóficas.
O poder demonstrado pelas ciências naturais na descrição, previsão 
e explicação de fenômenos resultou na convicção de que também as questões 
sociais e humanas poderiam ser estudadas sob a nova ótica científica, positivista e 
mecanicista. Foi então, a partir do século XVIII, que as ciências sociais começaram 
a constituir um campo coeso e sistemático. Para o estudo da sociedade, era 
necessário buscar a adaptação dos métodos de pesquisa do mundo natural. 
Os primeiros enfoques enfatizavam a formulação e o teste de hipóteses 
para explicação e predição de fenômenos e também o uso de experimentos 
controlados e de técnicas estatísticas para a determinação de correlações entre 
fenômenos. 
Ainda bastante comum atualmente entre os cientistas sociais com 
orientações e objetivos semelhantes aos dos cientistas naturais, determinado 
padrão de investigação é, genericamente, conhecido como naturalismo ou 
positivismo, e no campo das ciências humanas há Durkheim como um dos 
maiores expoentes.
Estabelecendo a tirania da observação objetiva dos fatos, o positivismo 
fixou para as ciências, inclusive as humanas, além da sociologia, critérios 
metodológicos rígidos. É no rastro das amarras que Durkheim desenvolveu o seu 
método sociológico. 
Rejeitando interpretações inspiradas na psicologia ou na biologia, ele 
concentrou seu foco de atenção, por vezes de forma exagerada, nos determinantes 
socioestruturais dos problemas humanos. Como Aranha e Martins (1993, p. 188) 
observam, "a preocupação em tornar o sujeito das ciências humanas um objeto 
semelhante ao das ciências da natureza marcou com cores fortes a primeira 
tendência metodológica”.
Embora a supremacia dos enfoques positivistas mais ortodoxos seja mais 
branda na atualidade, ela continua se impondo. Em parte, por se verem presos aos 
rigores do positivismo, os cientistas sociais têm lutado para poderem construir 
suas explicações em um sólido alicerce de dados fatuais. 
Segundo Scott (1990, p. 54), "o 'status' dos dados disponíveis deve, 
portanto, submeter-se a um rigoroso exame de controle de qualidade", uma vez 
que a qualidade da evidência disponível para análise constitui a base da pesquisa 
científica. Ainda de acordo com Scott (1990), um conjunto de critérios relativamente 
simples pode ser utilizado para avaliar a qualidade, independentemente do tipo 
de evidência com que se lida:
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS PENSADORES DA SOCIOLOGIA
83
• Autenticidade: a evidência é genuína e de origem inquestionável?
• Credibilidade: a evidência é livre de erros e distorções?
• Representatividade: a evidência é típica de sua categoria e, se não for, a 
extensão de sua atipicidade é conhecida?
• Significado: a evidência é clara e compreensível?
Mais do que uma lista de tarefas a ser checada, os critérios de avaliação 
são incorporados ao saber do pesquisador experiente, tendendo, portanto, a 
serem utilizados de forma sutil, não rígida. Os critérios são interdependentes. A 
aplicação de um pretende invocar as conclusões que derivam da aplicação dos 
demais.
O significado interpretativo dos resultados apresentados pelo pesquisador 
é, na verdade, um julgamento inicial e provisório que deve ser revisto na medida 
em que novas descobertas o levam a reavaliar suas evidências (SCOTT, 1990). De 
qualquer maneira, o cientista social deve estar atento para uma questão: facts are 
not raw perceptions but are theoretically constructed observations (SCOTT, 1990).
Ao longo das últimas décadas, a palavra positivismo tem assumido 
diferentes conotações e tem sido utilizada não apenas de forma exaustiva, mas 
também, por vezes, de modo inadequado.Segundo Giddens (1997, p. 167), 
"'positivismo' tornou-se antes uma expressão ofensiva do que um termo técnico 
de filosofia". Confirmando a constatação, Burrell e Morgan (1994) argumentam 
que a palavra positivismo, mais do que um conceito descritivo útil, tornou-se um 
epíteto derrogatório. 
A abrangência do termo torna difícil precisar tanto suas fronteiras quanto 
o seu alvo, confundindo as áreas de exclusão e inclusão. Como um guarda-
chuva, o positivismo pode, conforme argumenta Domingues (1998), recobrir o 
empirismo inglês e o Iluminismo francês do início da modernidade, passando 
pelo materialismo naturalista do século XIX até o empirismo lógico e a filosofia 
analítica do século XX.
Embora alguns dos elementos do paradigma funcionalista remetam ao 
pensamento político e social dos gregos antigos, a determinação do seu ponto de 
origem é difícil. Por conveniência, a sua análise frequentemente começa com o 
trabalho de Comte, genericamente visto como o pai da sociologia. 
Tido como o sociólogo da unidade humana e social, o filósofo francês 
Auguste Comte via o conhecimento e a sociedade como estando em um processo 
evolucionário, cujo estágio "inicial" seria o teológico ou fictício; "intermediário" 
sendo o metafísico ou abstrato e, o "final", o científico ou positivo. 
As etapas foram formuladas em sua obra Curso de filosofia positiva (1830-42), 
constituindo a chamada "Lei dos três estágios", segundo a qual o conhecimento e 
a sociedade evoluem em uma direção bem definida. 
84
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
No primeiro estágio, os fenômenos são explicados em relação à vontade 
dos deuses e às realidades transcendentes. No segundo, recorremos a conceitos 
mais abstratos, referentes a processos universais, como "natureza". Ainda, no 
terceiro, o conhecimento se baseia na descrição dos fenômenos e na descoberta 
das leis objetivas. 
A função da sociologia seria, então, compreender o necessário, 
indispensável e inevitável curso da história, de forma a promover a realização 
de uma nova ordem social. Para Comte, a racionalidade estava em ascendência, 
fundamentando a base de uma ordem social bem regulada. O enfoque positivista 
estruturaria o destino da humanidade, guiando-a para o tipo de sociedade ideal.
FONTE: CABRAL, Augusto. A Sociologia Funcionalista nos estudos organizacionais: foco em 
Durkheim. EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 1-1, jul. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512004000200002>. Acesso em: 2 ago. 2018.
85
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Augusto Comte deu origem ao termo sociologia.
• Comte partia da supremacia científica e da forma como ela poderia explicar 
todos os fenômenos independentemente de explicações da religião, como 
normalmente era feito naquele tempo.
 
• Comte buscava na ciência respostas que pudessem ser usadas no preparo do 
ordenamento social.
• O objetivo da positividade era promover um reordenamento disciplinar da 
sociedade através da compreensão das novas questões sociais que foram 
criadas.
• Auguste Comte iniciou a sociologia, um estudo a ser continuado com o 
propósito de atingir um patamar de primazia e função.
• Há Émile Durkheim, cujo principal objetivo foi dar à sociologia credibilidade 
científica.
• Durkheim entendia os obstáculos sociais da época, apesar de viver em um 
momento de otimismo, cercado de inovações tecnológicas, como a eletricidade 
e os carros.
 
• As sociedades estabelecidas sob o modo de solidariedade mecânica seriam 
aquelas nas quais existiriam poucos papéis sociais.
• As sociedades de solidariedade orgânica, mais comuns ao mundo moderno, 
oferecem muitos papéis sociais, tendo em vista as inúmeras atividades que 
podem existir nas cidades.
• Weber buscou a possibilidade da interpretação da sociedade partindo não dos 
fatos sociais já consolidados e das suas características externas, mas começou 
pelo indivíduo que nela vive.
• Nas sociedades de tipo capitalista, a forma principal de conflito ocorria entre 
suas duas classes sociais fundamentais: a burguesia e o proletariado.
• O objetivo de Marx era estudar com atenção a classe desfavorecida. Tinha a 
intenção de ajudar na mudança da sua condição de alienação.
86
1 Elabore um fluxograma com os principais pensadores estudados neste 
tópico e suas ideias centrais.
2 Explique como a época em que Karl Marx viveu influenciou em suas análises 
sociológicas.
AUTOATIVIDADE
87
TÓPICO 4
CONCEITO DE AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você será introduzido em pontos principais para a 
compreensão dos estudos da sociologia: os conceitos de ação e relação social. 
Assim, observará a organização de ideias que envolvem dominação e poder e 
sociedade e indivíduo.
2 DOMINAÇÃO E PODER
É um conceito criado para que possamos entender a origem da dominação 
e do poder na sociedade. Segundo Weber (2014, p. 392):
O Estado e as associações políticas que o precederam historicamente 
são uma relação de DOMINAÇÃO de seres humanos sobre seres 
humanos, apoiada no instrumento da violência legítima. Os 
homens dominados precisam se submeter, portanto, à autoridade 
continuamente reivindicada por aqueles que estão dominando no 
momento.
Weber (2014) entende que a dominação tem um papel decisivo nas 
relações de mando, ou seja, na definição de quem subjuga e de quem executa 
o que fora decidido. O sociólogo entende que a dominação determina um caso 
especial de poder. Poder, para Weber (1997, p. 10), significa “a possibilidade de 
impor a própria vontade sobre a conduta alheia e dentro de uma relação social”.
A dominação é observada nas mais variadas formas. Weber (1997) aponta 
dois tipos diferentes de dominação: a dominação mediante interesses, que se 
manifesta especialmente em situações de monopólio (de bens econômicos, bens 
culturais e poder político) e a dominação mediante a autoridade, que ocorre 
quando existe poder de mando e dever de obediência. As duas formas podem se 
converter ou até mesmo se combinar.
88
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
A dominação e o exercício do poder necessitam encontrar, entre os 
dominados, legitimidade. Assim, são determinados três tipos de dominação 
legítima: legal, tradicional e carismática.
• Legal: a dominação legal é o tipo mais autêntico. Ela está representada pela 
burocracia. As leis devem ser obedecidas. Mesmo quem ordena está sujeito à 
lei. A dominação legal, portanto, corresponde à estrutura moderna do Estado.
• Tradicional: tem como modelo mais comum a dominação patriarcal, visto que 
há um senhor que ordena e um conjunto de pessoas que o segue. As pessoas 
que obedecem são classificadas de acordo com o contexto histórico, súditos, 
servidores etc.
• Carismática: acontece pela devoção afetiva em relação à pessoa que domina 
e seus dotes, supostamente sobrenaturais. O tipo que manda é o líder e o que 
obedece é o apóstolo. A obediência acontece por suas qualidades, sem nenhuma 
relação com a tradição, seja ela qual for, ou com a lei.
3 SOCIEDADE E INDIVÍDUO
A sociologia busca compreender a ação e interpretá-la. Assim, os 
indivíduos decidem por uma ação específica por quais motivos?
A sociedade determinada não é algo exterior e superior aos indivíduos. 
Ela se forma pelo composto de ações de indivíduos se relacionando. Para Weber 
(1997), não existe oposição entre indivíduo e sociedade. As normas sociais só 
se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de 
motivação. A categorização determinada por Weber considera a divisão em 
relação aos fins e valores, que são compreendidos no desenvolvimento da ação.
4 AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL
O conceito de ação social é baseado na sociologia de Max Weber, 
considerado o criador da Sociologia Compreensiva, que tem como objetivo o 
estudo do sentido das ações sociais.
De acordo com Weber (1997), o conceito de ação social só existe quando 
está orientado pela ação dos outros. Um indivíduo que praticauma ação 
solitariamente não está desempenhando uma ação social. Só é considerada ação 
social quando uma pessoa a realiza com um motivo anteriormente determinado.
A ação social racional motivada por fins é quando a ação é especificamente 
racional. Define-se um objetivo concreto e este é, então, racionalmente avaliado e 
perseguido. Há a escolha das melhores condições para se realizar um fim.
TÓPICO 4 | CONCEITO DE AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL
89
 Na ação social racional motivada por valores, o importante não é o fim ou 
o resultado em si, mas o meio. É resolvido pela consciência do valor ou conduta 
(ética, estética, fé religiosa, política ou de qualquer outra forma) particular do 
sujeito. A atitude objetiva, prioritariamente, a manutenção da própria honra, seja 
ela qual for.
A ação social afetiva é a conduta orientada por sentimentos motivadores, 
estado de humor ou consciência do autor: euforia, desejo, vingança, ciúmes, 
esperança, devoção, inveja, amor, medo etc. Determinada por um reflexo emocional.
Ainda, há a ação social tradicional, que é reproduzida a partir de geração 
para geração e com forte apelo à tradição, hábitos e costumes. Prática associada à 
tradição, sem necessitar de um fim, valor ou decorrências emocionais. Sujeita-se 
apenas a condicionamentos, frutos de costumes.
FIGURA 1 – CARACTERIZAÇÃO DA AÇÃO SOCIAL
Conduta 
específica 
baseada 
nos méritos 
de valores 
pessoais
Satisfação das 
necessidades 
criadas por 
um estado 
emocional
Prática 
tradicional-
mente 
enraizada nos 
costumes
Racionalmente 
avaliado e 
perseguido
Hábitos e 
costumes
Afeto e 
condições 
emocionais
Consciência, 
valor e conduta
Condições para 
alcançar o fim
TradicionalAfetiva
Racional 
motivada por 
valores
Racional 
motivada por 
fins
Caracterização 
da ação social
FONTE: O autor 
90
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
As relações sociais dizem respeito a ações de diversas pessoas, dotadas de 
sentidos mutuamente relacionados. Assim, a conduta é orientada para sentidos 
compartilhados por todos. Diferentemente da ação social, a relação ocorre pela 
atuação coletiva. Esta detém informações pertinentes que podem servir de estudo 
para uma observação probabilística da forma como serão sucedidas as demais 
atitudes sociais. 
A relação social é, então, uma conduta de um grupo reciprocamente 
orientada e que tem conteúdo significativo. Baseia-se na probabilidade de que 
todos agirão socialmente de uma maneira. 
Uma forma determinada de conduta social pode desenvolver, em 
algum momento, um caráter de rede partilhado pelos diversos agentes em uma 
sociedade qualquer. 
TÓPICO 4 | CONCEITO DE AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL
91
LEITURA COMPLEMENTAR
AÇÃO SOCIAL E PARTICIPAÇÃO NO CONTEXTO DA CRECHE
Ângela Maria Scalabrin Coutinho
A vida pulsante das crianças não pode ficar do lado de fora da instituição, 
pois é o seu espaço de vida, de relações. Ao estruturarmos propostas nas quais 
as crianças vivem por inteiro o espaço e as suas possibilidades na interação com 
outras crianças e com os adultos nas instituições de educação infantil, damos 
grandes passos em relação aos outros referenciais no imaginário social das 
crianças.
 
Ao documentarmos as experiências das crianças, estudá-las e torná-las 
públicas, avançamos na compreensão de quem são esses atores sociais. Não 
podemos manter a concepção de criança e de infância que predominava há 20 
anos, pois as infâncias se renovam, as estruturas sociais que as conformam se 
alteram com uma velocidade surpreendente. 
A ressignificação do conceito de infância é colocada a partir da 
necessidade de romper com as formas de participação decorativas, que enunciam 
que a participação é constitutiva das práticas sociais. Entretanto, o que é uma 
participação decorativa? É aquela na qual geralmente são empregadas formas de 
envolvimento por meio da consulta, por exemplo. 
O sujeito pode emitir a sua opinião desde que não fuja do que foi 
perguntado, opte por uma das opções dadas e se posicione a favor ou contra 
sem questionar a lógica do que é proposto. Todos os dias determinado tipo de 
participação é vivenciado nas instituições de educação infantil quando damos 
opções fechadas de escolha para as crianças, como: querem essa história ou a 
outra? Querem desenhar ou brincar no parque?
Permitir a participação é, sobretudo, ter um espaço rico em oportunidades, 
repensar os tempos a partir da observação dos seus ritmos, criar canais para 
legitimação da voz das crianças e não só ouvi-las, mas possibilitar que a sua voz 
tenha implicações na alteração da realidade. Se assumirmos o desafio de efetivar 
o direito à participação, temos que compreender que o direito é concernente a 
adultos e crianças. 
A instituição de educação infantil é um espaço relativo às crianças. 
Portanto, é interessante conhecer o ponto de vista das crianças sobre as coisas 
da vida, pois as propostas se voltam para elas. Como indicam as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009), a criança é o 
centro do planejamento pedagógico. 
92
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
Temos que criar estratégias próprias para as características desses atores. 
Assim, se trabalhamos com bebês, com crianças menores de três anos, sendo que 
a fala não é a principal forma de comunicação, temos que capturar os saberes, 
os pensamentos e as ações das crianças utilizando instrumentos que auxiliem 
o nosso olhar, tais como o vídeo, a fotografia e registro escrito. Com as crianças 
maiores, essas estratégias também são importantes, mas já podemos contar, de 
forma mais substancial, com a sua fala, com a sua opinião verbal. 
Temos que estar atentos nas suas relações mais sutis, nas trocas de 
olhares, nos combinados entre elas, nas suas escolhas quando têm liberdade para 
fazê-las. Ao avançarmos, visualizamos a possibilidade de constituirmos uma 
participação protagônica. De acordo com Cussiánovish (2005), o protagonismo é 
uma cultura que recupera a centralidade do ser humano, sua condição societal, 
sua educabilidade, sua constituição de alteridade substantiva. 
O protagonismo é, sobretudo, uma conquista, é algo que admite 
processos e um desenvolvimento fruto de relações sociais, de poder, de encontros 
e desencontros. Poderíamos dizer que não nascemos protagonistas, mas 
aprendemos a ser cotidianamente. 
Alejandro Cussiánovish sugere que podemos falar de uma participação 
protagônica para indicar que um critério ou parâmetro central deve ser 
expressão, desenvolvimento e aprofundamento da experiência coletiva e pessoal 
(CUSSIÁNOVISH, 2005). 
A instituição de educação infantil é um lugar privilegiado para o exercício 
da participação de modo protagônico, contudo ela é parte do processo de 
globalização que devora nossas sociedades. Somos educados para cumprir as 
determinações, não pensar muito sobre elas, nos acomodarmos. 
Para exercitar a participação das crianças, teremos que problematizar a 
condição, teorizar sobre a organização do nosso cotidiano, pensar sobre os tempos 
e espaço da fala, da escuta, das relações. E o que significa falar em participação 
partilhada? 
Podemos definir que a professora é protagonista do seu processo de 
formação e da estruturação da prática pedagógica: ela é autora das propostas que 
são protagonizadas pelas crianças. Entretanto, as crianças também atuam para além 
do que é proposto pelas professoras. Então, o protagonismo adulto é revelado no seu 
olhar, no ouvir, na sua capacidade de acolhimento das inventividades das crianças. 
O protagonismo das crianças é efetivado quando elas têm a possibilidade 
de participação por via da sua escuta, observação, da estruturação de tempo, 
espaço e propostas que considerem suas singularidades. Determinados princípios 
e escolhas metodológicas permitem que as crianças sejam atores sociais e 
vivenciem o exercício da participação.
 
FONTE: COUTINHO, Ângela Maria Scalabrin. Ação social e participação no contexto da 
creche. Educativa, Goiânia,v. 16, n. 2, p. 217-228, jul. 2013. Disponível em: <http://file:///C:/Users/
usuario/Downloads/3111-9250-1-PB.pdf>. Acesso em: 4 ago. 2018.
93
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• A dominação tem um papel decisivo nas relações de mando, ou seja, na 
definição de quem subjuga e de quem executa o que fora decidido.
• Dominação e o exercício do poder necessitam encontrar, entre os dominados, 
legitimidade.
• A sociologia busca compreender a ação e interpretá-la.
 
• Só é considerada social a ação quando uma pessoa a realiza com um motivo 
anteriormente determinado.
• A ação social tradicional é reproduzida a partir de geração para geração e com 
forte apelo à tradição, hábitos e costumes.
• Diferentemente da ação social, a relação ocorre pela atuação coletiva. Esta detém 
informações pertinentes que podem servir de estudo para uma observação 
probabilística da forma como serão sucedidas as demais atitudes sociais. 
• Uma forma determinada de conduta social pode desenvolver, em algum 
momento, um caráter de rede partilhado pelos diversos agentes em uma 
sociedade qualquer. 
94
1 Identifique de que maneira os indivíduos de uma sociedade estão ligados 
aos conceitos de dominação e poder em suas ações.
2 Diferencie, em poucas palavras, ação e relação social.
AUTOATIVIDADE
95
TÓPICO 5
CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Para encerrar esta unidade, adentraremos em algumas questões mais 
específicas e contemporâneas, como os conceitos de cidadania, direitos humanos e 
movimentos sociais e como eles se encontram organizados dentro da sociedade atual. 
2 CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS
Cidadania é uma palavra oriunda de cidadão, do latim civitas. Na Roma 
antiga, cidade significava uma comunidade organizada politicamente e o aglomerado 
de cidadãos que nela vivia era chamado civitate. Na época, para ser considerado 
cidadão, era necessário que a pessoa estivesse incorporada à vida na cidade.
A ideia de cidadania, historicamente, acompanha a noção de privilégio, 
uma vez que os direitos de cidadania eram distribuídos apenas para classes e 
grupos sociais específicos. A ideia foi sofrendo mudanças no decorrer do tempo, 
tanto pelas alterações nos modelos econômicos, políticos ou sociais, quanto 
pelas conquistas adquiridas pela parcela marginalizada da sociedade através 
das pressões de demandas exigidas. Em outras palavras, podemos afirmar que 
cidadão, hoje em dia, é todo indivíduo que se encontra no gozo de seus direitos 
civis e políticos dentro de um Estado.
Assim, nem sempre todos tiveram o direito de desempenhar sua 
cidadania. Na Grécia antiga, os homens gregos, adultos e proprietários de terras 
eram vistos como capazes na decisão do rumo da cidade. Eram excluídos da 
cidadania grega as mulheres, os jovens, os pobres, os estrangeiros e os escravos. 
Tal fato é denominado de cidadania restrita.
96
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
Na Roma antiga, existiam restrições em relação ao exercício da cidadania. 
Somente aqueles que eram prestigiados com títulos de nobreza é que condensavam 
direitos, tais como a propriedade de terra e o uso do poder político. Já os 
chamados plebeus, classe marginalizada, necessitavam gerar distúrbio contra o 
poder constituído para o acesso a alguns direitos. Existem:
• Cidadania plena: capacidade legal de responder pelos seus próprios atos 
diante das autoridades públicas.
• Cidadania restrita: apenas os considerados nobres, proprietários de terra têm 
acesso ao uso do poder político.
Ocorre que, na atualidade, já possuímos muitos direitos que atingem a 
todos os indivíduos. Tais direitos estão garantidos desde a Constituição Federal 
até leis e tratados internacionais. Contudo, ainda há um frequente e manifesto 
descumprimento referente à parcela marginalizada da sociedade.
Assim, é necessário estudar e expor fatos sociais referentes à cidadania e 
direitos humanos. A ideia é que cada vez mais indivíduos tenham acesso e gozo 
efetivo dos direitos através da prática de suas cidadanias.
Em suma, podemos conceituar cidadania como sendo o agrupamento das 
liberdades políticas, econômicas e sociais que já são respaldadas pela legislação ou 
não. Quando o cidadão exerce sua cidadania, ele está tornando tais direitos efetivos.
Cabe lembrar que é de indispensável importância o zelo pelos direitos 
humanos por parte de todos os cidadãos, uma vez que são direitos dirigidos 
especificamente a todos nós pelo simples fato de sermos humanos. Todos 
merecem o efetivo gozo de suas liberdades individuais e, para isso, é importante 
que se preze, também, a individualidade das liberdades alheias.
IMPORTANT
E
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada na assembleia 
francesa, em 1789, indica no título dois tipos de direitos: os do homem e os do cidadão. 
Contudo, não ficam esclarecidas as diferenças entre eles. Não existe uma significação 
jurídica rígida para cada um dos termos.
Seguem alguns conceitos simplificados para o entendimento das 
nomenclaturas sobre os direitos abrangidos pelos tratados e leis de direitos 
humanos:
TÓPICO 5 | CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS
97
• Direitos do cidadão: são direitos conferidos ao cidadão tanto pela sociedade 
quanto pelo Estado. Podemos encontrar desde a proteção do Estado ao 
indivíduo até o direito de liberdade de ir e vir do cidadão, de participação nos 
atos da vida social etc.
• Direitos de cidadania: aparecem sempre anexos aos direitos políticos. São 
direitos consequências da nacionalidade do indivíduo.
• Direitos individuais: o diferencial é que sempre estarão assegurados pela 
Constituição Federal. São dirigidos a todos os indivíduos e dizem respeito 
à dignidade da pessoa humana. São direitos como liberdade, segurança, 
propriedade etc.
• Direitos políticos: dizem respeito aos direitos de participação na governança 
do país. Podem acontecer tanto de maneira direta quanto indireta. O cidadão 
exerce determinado direito ao efetuar seus direitos de votar, ser votado, 
desempenhar cargos e funções públicas etc.
• Direitos naturais: são inatos à natureza humana. Seguem a ideia da existência 
de uma ordem natural das relações humanas. São direitos morais de sociedade. 
São caracterizados pela universalidade e imutabilidade, como direito à vida e à 
reprodução.
• Direito positivo: são os direitos criados pelo ser humano quando já viventes 
em sociedade. São direitos coercitivos e designados pelo Estado aos cidadãos.
• Direito de propriedade: é o direito dado ao cidadão de usar, dispor e gozar 
dos seus bens.
• Direito de natureza (ecológicos): é baseado nos preceitos reguladores das 
relações entre o homem com o meio ambiente e as possíveis consequências que 
tais relações causam.
• Autodeterminação: o cidadão pode determinar seu próprio destino, o direito de 
orientar sua conduta pessoal. Pode ser relativo também a grupos sociais, povos 
e nações. Escolhem seu destino político, elegendo seus próprios governantes, 
por exemplo.
Cabe analisarmos um pouco a Declaração Universal dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, como já dito anteriormente, elaborada no ano de 1789, 
época em que ocorria a Revolução Francesa. 
Tal revolução possuía como lema central liberdade, igualdade e 
fraternidade e em oposição ao antigo regime vigente, no qual os direitos dos 
cidadãos constituíam uma prerrogativa de apenas algumas classes sociais 
determinadas.
98
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão foi 
elaborada com intuito de ser a nova Constituição Francesa. Trouxe consigo uma 
máxima que até hoje é utilizada na maioria dos Estados: todos são iguais perante 
a lei. Ainda, serviu de base para a concepção da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos.
Juntamente com a Revolução Francesa, a Revolução Inglesa também foi 
importante para o provimento das bases para o surgimento da cidadania dentro 
das sociedades contemporâneas. As revoluções almejavamjustamente direitos 
individuais, liberdade e igualdade entre os cidadãos. 
No século XVIII, na Inglaterra, ocorreu um crescimento significativo e 
gradativo na efetivação da cidadania. Através das revoltas surgiram os direitos 
civis. Posteriormente, no século XIX, os direitos políticos e, então, no século XX, 
os direitos sociais. Vejamos as diferenças e o porquê da necessidade da criação de 
cada um desses direitos:
• Direitos civis: pertinentes à liberdade individual e às relações de trabalho.
• Direitos políticos: trabalhadores adquirem direito de participação no exercício 
do poder político.
• Direitos sociais: construção de políticas sociais universais garantindo a todos 
os trabalhadores o acesso à distribuição da riqueza originária do país.
A cidadania vai além de direitos e deveres dos cidadãos. Não é apenas 
possuir os direitos civis, políticos e sociais, mas ter consciência desses direitos para 
poder tanto exercê-los quanto exigi-los corretamente. Para finalizar este subtópico, 
vejamos sobre as ideias de liberdade e igualdade em seu contexto histórico:
• Final do século XVIII e XIX  Sociedade europeia  Capitalismo industrial.
• Revoltas do Proletariado: Classes sociais  Burguesia e Proletariado  
Desigualdades sociais.
• Início da elaboração dos direitos de cidadania: Ideias dos teóricos no final 
do século XVII e XIX  Ao propor a igualdade de todos perante a lei  As 
pessoas eram diferentes  Direitos iguais para os desiguais  Leis feitas por 
quem dominava a sociedade.
• A relutância do status quo em efetivar os novos direitos: Igualdade total 
Ameaça aos privilégios sociais da burguesia.
TÓPICO 5 | CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS
99
3 MOVIMENTOS SOCIAIS
É comum que vejamos diferentes organizações coletivas demandando por 
meio das mais diversificadas maneiras de reivindicação, ações ou coisas. São os 
chamados movimentos sociais.
Como exemplo, podemos mencionar o Movimento dos Trabalhadores 
Rurais Sem Terra (MST), o Fórum Social Mundial (FSM), o movimento hippie, 
movimento feminista, o movimento estudantil, o movimento dos sem-teto, 
o movimento pela “Tradição, Família e Propriedade” (TFP), os movimentos 
anticapitalistas, dentre outros. 
É extensa e em constante crescimento a lista de movimentos sociais 
existentes nos dias atuais. Os movimentos sociais são importantes, uma vez que 
possuem um importante significado social e político.
É possível verificarmos diferentes atributos unânimes que transpassam por 
todos eles. Um dos atributos, por exemplo, é a atuação dos movimentos. Escrevem 
o desenvolvimento de sua história com intuito de mudanças significativas para o 
fato social passível de demanda por mudanças.
Os indivíduos, quando se organizam de maneira coletiva e procurando 
determinado objetivo em comum, acabam se tornando sujeitos históricos. Assim, 
não é necessária a efetivação de certezas sobre o futuro do movimento social 
em questão para que os cidadãos possam lutar por suas demandas com fins de 
inclusão, transformação ou exclusão de algum direito.
Ocorre que, no modelo da nossa sociedade, as políticas públicas são 
elaboradas para que possam ser modificadas dentro do nosso ordenamento 
vigente. O fenômeno ocorre quando um cidadão sozinho não detém um elevado 
poder de modificação social. Então, organiza-se com seus iguais para conseguir as 
mudanças necessárias no ordenamento. A movimentação entre indivíduos é de 
suma importância para a sociedade em que vivemos, pois conseguimos evoluir 
enquanto sociedade e não ficamos estabilizados no tempo. 
A Revolução Cubana é um exemplo de manifestação social que ultrapassa 
a tentativa de melhora e almeja uma modificação social drástica da sociedade. A 
citada revolução aparece como uma manifestação antagônica ao regime ditatorial 
presente no país até então e acaba por resultar em um governo socialista. 
100
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
Incontáveis exemplos poderiam ser citados a fim de demonstrar o 
ser humano como sujeito histórico. No Brasil, com o início da movimentação 
social dos agrupamentos negros, um número significativo de prerrogativas foi 
alcançado. Temos como exemplo as políticas afirmativas.
Assim, quando uma pessoa assevera frases como “a sociedade é desta 
ou daquela forma” e que “não adianta tentar interferir”, ela está reportando 
uma ideia que, na realidade, de maneira nua e crua, contempla os interesses 
das pessoas formadoras dos grupos ou classes sociais privilegiadas nas relações 
sociais já existentes.
IMPORTANT
E
Os movimentos sociais estão presentes ao longo de toda História para 
demonstrar exatamente o contrário: quando os cidadãos se agrupam coletivamente de 
maneira organizada, muito da composição social pode ser modificada.
TÓPICO 5 | CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS
101
LEITURA COMPLEMENTAR
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
Maria da Glória Gohn
É preciso demarcar nosso entendimento sobre o que são movimentos 
sociais. Nós os encaramos como ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e 
cultural que viabilizam formas distintas de a população se organizar e expressar 
suas demandas (GOHN, 2008). 
Na ação concreta, as formas adotam diferentes estratégias que variam 
da simples denúncia, passando pela pressão direta (mobilizações, marchas, 
concentrações, passeatas, distúrbios à ordem constituída, atos de desobediência 
civil, negociações etc.) até as pressões indiretas.
 
Na atualidade, os principais movimentos sociais atuam por meio de redes 
sociais, locais, regionais, nacionais e internacionais ou transnacionais e utilizam 
os novos meios de comunicação e informação, como a internet. Exercitam o que 
Habermas denominou de o agir comunicativo. A criação e o desenvolvimento 
de novos saberes, na atualidade, são também produtos dessa comunicabilidade.
Na realidade histórica, os movimentos sempre existiram, e cremos que 
sempre existirão. Representam forças sociais organizadas, aglutinam as pessoas 
como campo de atividades e experimentação social, e essas atividades são fontes 
geradoras de criatividade e inovações socioculturais.
 
Concordamos com antigas análises de Touraine. Afirmava que os 
movimentos são o coração, o pulsar da sociedade. Expressam energias de 
resistência ao velho que oprime ou de construção do novo que liberta. Energias 
sociais antes dispersas são canalizadas e potencializadas por meio de suas práticas 
em "fazeres propositivos".
Os movimentos realizam diagnósticos sobre a realidade social, constroem 
propostas. Atuando em redes, constroem ações coletivas que agem como 
resistência à exclusão e lutam pela inclusão social.
 
Tanto os movimentos sociais dos anos 1980 como os atuais têm construído 
representações simbólicas afirmativas por meio de discursos e práticas. Criam 
identidades para grupos antes dispersos e desorganizados, como bem acentuou 
Melucci (1996). Projetam, em seus participantes, sentimentos de pertencimento 
social. Aqueles que eram excluídos passam a se sentir incluídos em algum tipo de 
ação de um grupo ativo.
102
UNIDADE 2 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA
Entretanto, o que diferencia um movimento social de uma organização 
não governamental? O que caracteriza um movimento social? Definições já 
clássicas sobre os movimentos sociais citam como suas características básicas o 
seguinte: possuem identidade, têm opositor e articulam ou se fundamentam em 
um projeto de vida e de sociedade.
 
Historicamente, apresentam conjuntos de demandas e práticas de pressão/
mobilização; têm certa continuidade e permanência. Não são só reativos e movidos 
apenas pelas necessidades (fome ou qualquer forma de opressão). Podem surgir 
e se desenvolver também a partir de uma reflexão sobre sua própria experiência.
 
Na atualidade, apresentam um ideário civilizatório que coloca como 
horizonte a construção de uma sociedade democrática. Hoje em dia, suas ações 
são pela sustentabilidade, e não apenas pelo autodesenvolvimento.
 
Lutam contraa exclusão, por novas culturas políticas de inclusão. 
Lutam pelo reconhecimento da diversidade cultural. Questões como a diferença 
e a multiculturalidade têm sido incorporadas para a construção da própria 
identidade dos movimentos. Há uma ressignificação dos ideais clássicos de 
igualdade, fraternidade e liberdade.
 
A igualdade é ressignificada com a tematização da justiça social; a 
fraternidade se retraduz em solidariedade; a liberdade se associa ao princípio 
da autonomia, da constituição do sujeito não individual, mas a autonomia de 
inserção na sociedade, de inclusão social, de autodeterminação com soberania.
 
Finalmente, os movimentos sociais tematizam e redefinem a esfera 
pública, realizam parcerias com outras entidades da sociedade civil e política, 
têm grande poder de controle social e constroem modelos de inovações sociais.
No Brasil e em vários outros países da América Latina, no fim da década 
de 1970 e parte dos anos 1980, ficaram famosos os movimentos sociais populares 
articulados por grupos de oposição aos regimes militares, especialmente pelos 
movimentos de base cristãos, sob a inspiração da Teologia da Libertação.
 
No fim dos anos 1980 e ao longo dos anos 1990, o cenário sociopolítico se 
transformou de maneira radical. Inicialmente, houve declínio das manifestações 
de rua, que conferiam visibilidade aos movimentos populares nas cidades. Alguns 
analistas diagnosticaram que eles estavam em crise, porque haviam perdido seu 
alvo e inimigo principal: os regimes militares. 
Em realidade, as causas da desmobilização são várias. O fato inegável é que 
os movimentos sociais dos anos 1970/1980, no Brasil, contribuíram decisivamente, 
via demandas e pressões organizadas, para a conquista de vários direitos sociais, 
que foram inscritos em leis na nova Constituição Federal de 1988.
TÓPICO 5 | CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS
103
A partir de 1990, ocorreu o surgimento de outras formas de organização 
popular, mais institucionalizadas - como os Fóruns Nacionais de Luta pela 
Moradia, pela Reforma Urbana, o Fórum Nacional de Participação Popular 
etc. Os fóruns estabeleceram a prática de encontros nacionais em larga escala, 
gerando grandes diagnósticos dos problemas sociais, assim como definindo 
metas e objetivos estratégicos.
 
Emergiram várias iniciativas de parceria entre a sociedade civil organizada 
e o poder público e impulsionadas por políticas estatais, tais como a experiência 
do Orçamento Participativo, a política de Renda Mínima, Bolsa Escola etc. Todos 
atuam em questões que dizem respeito à participação dos cidadãos na gestão dos 
negócios públicos.
 
A criação de uma Central dos Movimentos Populares foi outro fato 
marcante nos anos 1990, no plano organizativo. Estruturou vários movimentos 
populares em nível nacional, tal como a luta pela moradia, assim como buscou 
uma articulação e criou colaborações entre diferentes tipos de movimentos 
sociais, populares e não populares.
Ética na Política, um movimento do início dos anos 1990, teve grande 
importância histórica, porque contribuiu decisivamente para a deposição, via 
processo democrático, de um presidente da República por atos de corrupção, fato 
até então inédito no país. Na época, contribuiu também para o ressurgimento do 
movimento dos estudantes com novo perfil de atuação, os "caras-pintadas".
À medida que as políticas neoliberais avançaram, outros movimentos 
sociais foram surgindo: contra as reformas estatais, a Ação da Cidadania contra a 
Fome, movimentos de desempregados, ações de aposentados ou pensionistas do 
sistema previdenciário. As lutas de algumas categorias profissionais emergiram 
no contexto de crescimento da economia informal. No setor de transportes 
urbanos, por exemplo, apareceram os transportes alternativos ("perueiros"); no 
sistema de transportes de cargas pesadas nas estradas, os "caminhoneiros". 
FONTE: GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira 
de Educação, Rio de Janeiro, v. 16, n. 47, p. 1-1, ago. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782011000200005>. Acesso em: 6 ago. 2018.
104
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:
• A ideia de cidadania, historicamente, acompanha a noção de privilégio, uma 
vez que os direitos de cidadania eram distribuídos apenas para classes e grupos 
sociais específicos.
• Cidadão, hoje em dia, é todo indivíduo que se encontra no gozo de seus direitos 
civis e políticos dentro de um Estado.
• Em suma, podemos conceituar cidadania como sendo o agrupamento das 
liberdades políticas, econômicas e sociais que já se encontram respaldadas pela 
legislação ou não.
• Os movimentos sociais são muito importantes, uma vez que possuem um 
importante significado social e político.
• Os movimentos sociais escrevem o desenvolvimento de sua história e trazem 
mudanças significativas para o fato social passível de demanda por mudanças.
• Movimentações grupalmente organizadas entre cidadãos com o intuito de 
modificação de alguma prática social são o que chamamos de movimentos sociais.
105
1 Explique de que maneira os Direitos Humanos influenciam, direta e 
indiretamente, na conquista dos direitos de cidadania.
2 Cite dois motivos pelos quais os movimentos sociais são importantes dentro 
dos estudos de sociologia.
AUTOATIVIDADE
106
107
UNIDADE 3
CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA 
FILOSOFIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• destacar a importância do estudo da filosofia;
 • identificar os objetos e objetivos da filosofia;
• refletir sobre o processo de filosofar;
• constatar as ideias principais da filosofia em destaque ao longo da história;
• perceber o contexto histórico dos pensamentos filosóficos, sobretudo na 
contemporaneidade.
Esta unidade está organizada em quatro tópicos. Em cada um deles, você 
encontrará dicas, textos complementares, observações e atividades que darão 
uma maior compreensão dos temas a serem abordados.
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA
TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
TÓPICO 3 – O PROCESSO DE FILOSOFAR
TÓPICO 4 – A FILOSOFIA NO MUNDO MODERNO
108
109
TÓPICO 1
INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, o aluno será direcionado para um breve conhecimento sobre 
a Ciência da Filosofia. Ainda, iniciará uma análise acerca do contexto histórico no 
que diz respeito à evolução do pensamento filosófico. Assim, o estudo terá início 
com a elaboração do contexto histórico desta tão importante disciplina para o 
bom entendimento e funcionamento da nossa sociedade.
 
Tudo será disponibilizado através de um lacônico olhar em aspectos 
que vão desde a etimologia da palavra filosofia e seu desenvolvimento até 
uma simplificada reflexão acerca da necessidade histórica da sociedade para a 
elaboração do pensamento filosófico.
Por fim, será vista a importância do período socrático ou antropológico. 
Foi um período que transformou a direção dos estudos da filosofia. Esta saiu da 
metafísica para investigar questões humanas como a ética e a política.
2 COMPREENSÃO DA FILOSOFIA
A palavra "filosofia" deriva de philosophia, palavra de origem grega e 
composta por duas outras: philo vem de philia e quer dizer companheirismo, 
amizade; sophia vem de sophos, sendo sábio ou sabedoria. Philosophia, então, 
significaria amizade pela sabedoria. 
É atribuída ao filósofo grego Pitágoras de Samos. Na perspectiva grega, é 
uma atividade que busca levar o saber para o filósofo, que, por sua vez, é quem 
tem o amor pela sabedoria. 
Pitágoras teria confirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos 
deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. 
Pode significar tanto um conjunto de conhecimentos, como também a disposição 
para uma vida feliz, pois sophos era o sábio que sabia viver e praticava o bem. 
UNIDADE 3 | CONCEITOSE FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
110
A filosofia antiga surge com a substituição do saber mítico e possui um 
conteúdo preciso ao nascer: a cosmologia. Cosmos significa mundo ordenado 
e organizado, e logia, que vem da palavra logos, significa pensamento racional, 
discurso racional, conhecimento.
A nova organização social e política foi fundamental para dar lugar à 
racionalidade humana. As reflexões dos filósofos e as discussões que ocorriam 
ocasionaram a criação da democracia.
A capacidade grega foi a causadora do progresso das diversas áreas do 
conhecimento, com as artes, a literatura, a música e a própria filosofia. A filosofia 
ocidental foi uma nova forma de pensar e teve seu início na Grécia antiga, mais 
precisamente nas colônias gregas da Ásia Menor, que formavam uma região 
chamada Jônia, na cidade de Mileto, no início do século VI a.C. 
A região grega, antigamente, não era um estado com o governo 
centralizado. Tratava-se de uma região que, por suas características históricas e 
geográficas, acolhia povos diferentes, com costumes e crenças, unidos por uma 
mesma língua. Ainda, gregos conseguiram dar origem a uma comunidade única 
que impulsionou o grande salto da ciência na Idade Antiga.
A história do povo grego pode ser dividida em algumas épocas iniciadas 
por sua formação. Houve a união das civilizações Cretense e Micênica no período 
que ficou denominado período pré-homérico (séculos XX a XII a.C.). Termina com 
a invasão dórica que, por sua vez, provocou a primeira diáspora grega, quando os 
dórios ocuparam áreas litorâneas do mar Egeu na forma de pequenos núcleos rurais.
Assim, há o início do período homérico (séculos XII a VIII a.C.), dada 
a relevância das obras do grande poeta Homero. Através da Ilíada e Odisseia, 
podemos saber mais como foi determinado momento.
Os pequenos núcleos rurais deram origem aos genos, que, liderados por 
um pater, eram formados por pessoas que consideravam ser de uma mesma 
descendência. Respondiam a um líder, porém, a terra era de todos.
IMPORTANT
E
Os dórios eram uma organização social da Grécia Antiga, durante o período 
homérico. Eram uma espécie de clã ou grandes famílias.
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA
111
A produção de alimentos se tornou um problema devido ao grande 
crescimento populacional, pois havia poucas áreas férteis. Diversos genos se 
fragmentaram, aconteceram disputas pelas terras e deram início à distribuição 
desigual de propriedades privadas. O momento conturbado deixou muitas 
pessoas marginalizadas. 
Muitos gregos tiveram que buscar terras férteis para a agricultura e, então, 
navegaram para ocupar parte da região europeia banhada pelo Mar Mediterrâneo, 
principalmente no sul da Península Itálica e na região da Sicília. 
Ainda, na região do Mar Negro, fundando colônias em todos os territórios. 
A busca de novas terras foi a segunda diáspora grega. Na época, houve a adaptação 
do alfabeto fenício e o ressurgimento da escrita. 
A Ilíada e a Odisseia parecem falar sobre o surgimento e a formação do 
povo grego. Podem ser notados vários aspectos da cultura e as diversas formas 
de relacionamento social da época. Ainda, houve grande influência das várias 
gerações que tiveram o herói belo e bom, o chamado Aquiles, como um ideal de 
caráter a ser perseguido.
IMPORTANT
E
A Ilíada de Homero é a narrativa mais famosa dos feitos de Aquiles na Guerra 
de Troia. Sua mãe havia profetizado que ele poderia escolher entre dois destinos: lutar em 
Troia, de forma a alcançar a glória, ou permanecer em sua terra natal e ter uma vida sem 
notoriedade. 
Aquiles preferiu a glória e morreu atingido por uma flecha envenenada no calcanhar, seu 
único ponto fraco. A expressão “calcanhar de Aquiles” é utilizada até hoje para indicar o 
ponto fraco de alguém. Na biologia, o tendão de Aquiles (tendão de calcâneo) conecta os 
músculos da panturrilha aos ossos do calcanhar. É o mais resistente e o mais suscetível do 
nosso corpo.
3 CONTEXTO HISTÓRICO
Antes da filosofia, eram estudados os mitos, suas origens, desenvolvimento 
e significado. Existiam várias formas para compreendermos o surgimento de 
todas as coisas.
O mito surge a partir da explicação da origem e da forma das coisas, suas 
funções e finalidade, os poderes do divino na natureza e os homens. Não busca 
causas em relações sobrenaturais, mas em relações naturais. 
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
112
Tem o objetivo de transmitir algo sem pensar muito, de modo a colocá-
lo em dúvida. Trata de informar e dar sentido à existência de quem crê, mas 
principalmente cria socialização e uma comunidade que forma o grupo. O mito é 
não só alguma coisa forte, mas é exatamente a narrativa que diz o que é comum 
para o grupo. 
Para que o mito sobreviva, é necessário o sacrifício que ordena nossa visão 
de mundo. Em várias sociedades, o sacrifício de vidas humanas mantinha as 
relações com a divindade, com o objetivo de aplacar a ira do supremo. A repetição 
do sacrifício dá origem ao ritual, que é o mito tornado ação. Com a repetição do 
ritual, nasce a religião.
IMPORTANT
E
Os hebreus, de acordo com o Velho Testamento, ofereciam como sacrifício um 
bode.  Outro bode, o expiatório, ouvia os pecados do povo de Israel e, posteriormente, era 
solto na natureza, para levar o pecado para longe.  Matar um bode para se livrar dos pecados 
virou um hábito religioso e assim surgiu a expressão “bode expiatório”.
Após a segunda diáspora, começa o período arcaico (séculos VIII a VI 
a.C.), com a colonização que colocou os gregos por toda a área costeira da bacia 
do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro. Assim, as trocas de mercadorias por todo 
o Mediterrâneo iniciam, dando uma nova vida ao comércio. Então, aparece a 
moeda como uma forma de promover os acordos comerciais.
Ocorreram a formação e o desenvolvimento das pólis, conhecidas como 
cidades-estado, que foram governadas por conselhos de proprietários de terras, 
dando início aos regimes oligárquicos. 
No lugar mais alto de cada cidade eram erguidas as chamadas acrópoles. 
Estavam acomodados os principais templos, fortificações militares e a residência 
das famílias mais aristocráticas. Do outro lado, na parte baixa, a paisagem 
urbana era definida pela existência do mercado e, nas suas adjacências, viviam os 
comerciantes, artesãos e demais trabalhadores. 
As cidades eram, afinal, grandes centros comerciais e núcleos urbanos 
responsáveis pelas decisões políticas e trânsito de mercadorias. Desenvolviam 
leis, justiça e estabeleciam a divindade a ser cultuada. As cidades-estado mais 
importantes do período arcaico foram: Atenas, Esparta, Tebas e Corinto.
Com um número muito maior de pólis, diversas delas assumem o papel 
de importantes centros comerciais e portos estratégicos para a navegação. A mais 
importante atividade econômica deixou de ser a agricultura e o comércio passa a 
ser a principal razão de progresso econômico. 
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA
113
IMPORTANT
E
No período, também houve o surgimento dos Jogos Olímpicos, que, além de 
reunirem competidores de diversas partes, marcavam um momento de trégua para todos 
os embates em curso.
Tal desenvolvimento econômico propiciou progressos significativos na 
qualidade de vida da população. Ocorreram estabilidade política e econômica 
determinantes para haver prosperidade e o nascimento da filosofia. Importantes 
atividades tiveram, no momento, a oportunidade ideal para o desenvolvimento, 
como as navegações, a moeda, o calendário, a escrita alfabética e a política.
Com a política, há uma ruptura no modo de perceber a organização social. 
A pólis passa a ser um lugar onde as pessoas decidem o próprio destino e não 
mais os deuses. O governo dos homens só foi possível porque eles eram livres 
para criarem suas próprias leis a partir do debate público. A atividade política foi 
essencial para que se iniciasse a manifestação da filosofia através do diálogo, do 
debate e do questionamento.
O período pré-socráticorepresenta, como o próprio nome já diz, o período 
dos primeiros filósofos gregos que vieram antes de Sócrates. A filosofia foi 
utilizada para explicar a origem do mundo e de tudo em sua volta. Questionava a 
origem e as transformações que aconteciam com a natureza e com o ser humano 
com o passar do tempo.
Destaque para o filósofo Tales de Mileto, importante pensador, filósofo 
e matemático. É considerado o pioneiro da filosofia ocidental. Suas ideias 
ampliaram os horizontes teóricos da astronomia, filosofia e matemática. 
Perseguia respostas racionais para os fenômenos da natureza e para 
as razões da existência. Acreditava que a água era a essência de tudo, sendo o 
principal elemento da natureza e o princípio único que explicava todas as coisas.
O período socrático ou antropológico muda a direção do estudo da 
filosofia, que sai da metafísica para investigar questões humanas como a ética e a 
política. Ainda, há destaque para o desenvolvimento da democracia, que concede 
o direito de igualdade ao habitante das cidades gregas, concedendo inclusive a 
faculdade legal de tomar parte no governo e, se necessário, sugerir mudanças na 
educação grega.
Foi um momento de grande desenvolvimento cultural e científico. O 
sistema democrático era propício para o pensamento e, então, surgiram os sofistas 
e o grande pensador Sócrates.
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
114
LEITURA COMPLEMENTAR
A FILOSOFIA E SEU ENSINO: REFLEXÕES A PARTIR DA
 PERSPECTIVA MERLEAU-PONTYANA SOBRE FILOSOFIA 
E HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Patrícia Del Nero Velasco 
Rafael Calvalcanti Braga
As relações entre filosofia e história não são consenso. Descartes e 
Nietzsche estão entre os autores que não compreendem o estudo da história 
como relevante para a filosofia. Para o primeiro, estudar a história da filosofia 
é se dedicar somente a uma espécie de conhecimento erudito que não possui 
nenhum caráter científico. Segundo Descartes, o conhecimento verdadeiro é uno 
e é apresentado ao pensador de maneira clara e distinta. 
A diversidade dos sistemas filosóficos é prova de que nenhum deles possui 
a verdade. Se algum possuísse, não existiriam empecilhos para que seu sistema 
fosse imposto de modo inquestionável. Ter ciência de um objeto corresponde 
a reconstruir este último pelo entendimento e, portanto, não significa conhecê-
lo historicamente. Deve-se, pois, rejeitar a história da filosofia como fonte de 
conhecimento verdadeiro.
Nietzsche, por sua vez, sustenta que o homem passou a procurar a verdade 
e a cultuá-la, apegando-se à razão, à consciência, à religião, ao instinto social e à 
história. Para o autor, o intelecto serve à vida, não conduzindo para além desta. 
Não há como pensar o conhecimento desvinculado da vida. 
O homem histórico, nas palavras nietzschianas, olha o passado na 
tentativa de entender o presente e desejar o futuro com mais intensidade. Não 
se questiona se a vida precisa do serviço da história. A história não poderia ser 
objeto da filosofia. 
A história erudita do passado nunca foi a ocupação de um filósofo 
verdadeiro, nem na Índia nem na Grécia; e um professor de filosofia, se 
se ocupa com trabalhos desta espécie, tem de aceitar que se diga dele, no 
melhor dos casos: é um competente filólogo, antiquário, conhecedor de 
línguas, historiador – mas nunca: é um filósofo (NIETZSCHE, 1983, p. 81). 
Para Nietzsche, filosofia e história da filosofia não se confundem. O estudo 
da história não passa de mera erudição, não sendo tarefa filosófica.
A relevância filosófica da história da filosofia é formulada primeiramente 
nas "Lições sobre a História da Filosofia", de Hegel. Cada sistema de pensamento 
é visto como responsável pelo surgimento de outros sistemas e entendido como 
parte de um processo evolutivo imprescindível à finalidade da filosofia. 
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA
115
Os sistemas filosóficos são momentos necessários para o desenvolvimento 
da própria filosofia. Esta seria, para o autor, um todo orgânico, um grande sistema 
que se aprimora em suas partes e, com o tempo, atingirá seu fim. 
O estudo do passado sempre dirá algo ao presente. Desde então, o 
curso da história não apresenta o devir de coisas estrangeiras, mas 
o devir de nossa filosofia. O estudo da história da filosofia é agora 
indiscernível do estudo da filosofia. A história da filosofia é, ela 
mesma, filosófica (MOURA, 1988, p. 156).
A ideia hegeliana de uma história da filosofia que não se limita à doxografia 
foi desenvolvida por historiadores estruturalistas, os quais, no entanto, rejeitaram a 
proposta de um devir filosófico. Buscaram, em alguma medida, conciliar o caráter 
filosófico da filosofia com o pretendido caráter científico da mesma filosofia.
O estudo da história da filosofia tem interesse para a filosofia. A história, 
bem compreendida, é sempre uma história sapientiae, que mostra o passado como 
contemporâneo ao presente. A história da filosofia pode ser tanto ciência rigorosa 
quanto disciplina filosófica e o estruturalismo pretende ser um método ao mesmo 
tempo científico e filosófico (MOURA, 1988).
Manter relações não exteriores, mas essenciais, passa a ser crucial para 
a filosofia se firmar como pensamento original (evitando a história stultitiae). 
Contudo, se o terreno intelectual pró-hegeliano não cumpre a exigência de 
cientificidade na história da filosofia, como garantir a cientificidade? 
O historicismo passa a ser a fonte histórica e filosófica do estruturalismo. 
Na ótica da história, há uma sucessão de doutrinas explicáveis por causas. Na 
ótica do ceticismo filosófico, as filosofias são objetos da história e nenhuma tem o 
privilégio de ser considerada como detentora da verdade.
Cada sistema é irredutível. Postas sob a perspectiva temporal, as doutrinas 
cedem lugar para uma história preocupada com a reconstituição autêntica. Por 
conseguinte, o estruturalismo pretendeu solucionar a ambiguidade fundamental 
do homem moderno na escolha entre o passado conhecido como presente 
(destituindo o caráter ativo do filósofo) e o passado distanciado do presente 
(destituindo o apoio da história). 
O filósofo reconhece a história da filosofia como ponto de apoio e é, 
ao mesmo tempo, autor. O valor filosófico da história da filosofia reside na 
consideração do conhecimento racional como definido pelo sistemático. O sistema 
como expressão da racionalidade em geral é a garantia de uma história sapientiae.
Não se pretende, neste artigo, esgotar as posições filosóficas sobre as 
relações entre filosofia e história da filosofia. Introduzido o tema, será apresentada 
a perspectiva de Merleau-Ponty, a partir da qual se objetiva extrair subsídios para 
fundamentar, na parte final deste texto, as relações entre a filosofia e seu ensino.
FONTE: VELASCO, Patrícia Del Nero; BRAGA, Rafael Calvalcanti. A filosofia e seu ensino: reflexões 
a partir da perspectiva Merleau-Pontyana sobre filosofia e história da filosofia.  Kriterion, Belo 
Horizonte, v. 55, n. 130, p. 1-1, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0100-512X2014000200011>. Acesso em: 10 ago. 2018.
116
Neste tópico, você aprendeu que:
• A filosofia antiga surge com a substituição do saber mítico e possui um 
conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia.
• Antes da filosofia, eram estudados os mitos, suas origens, desenvolvimento 
e significado. Existiam várias formas para compreendermos o surgimento de 
todas as coisas.
• O mito surge a partir da explicação da origem e da forma das coisas, suas 
funções e finalidade, os poderes do divino na natureza e os homens. Não busca 
causas em relações sobrenaturais, mas em relações naturais. 
• O mito tem o objetivo de transmitir algo sem pensar muito, de modo a colocá-
lo em dúvida.
• Com a política, há uma ruptura no modo de perceber a organização social. 
• A pólis passa a ser um lugar onde as pessoas decidem o próprio destino e não 
mais os deuses.
• O período socrático ou antropológico muda a direçãodo estudo da filosofia, 
que sai da metafísica para investigar questões humanas como a ética e a política.
RESUMO DO TÓPICO 1
117
1 Explique o conceito de mito com suas próprias palavras.
2 Explique qual foi a principal consequência da saída do mundo dos 
conhecimentos filosóficos do mundo da metafísica.
AUTOATIVIDADE
118
119
TÓPICO 2
CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No presente tópico, o aluno será apresentado para as questões acerca do 
desenvolvimento do conhecimento filosófico. Esta parte do estudo é de extrema 
importância. O motivo de o conhecimento filosófico ter se desenvolvido e 
evoluído possibilitou que a sociedade evoluísse também. 
Encontraremos noções da importância da filosofia para o desenvolvimento 
pessoal e social dos seres humanos. Isso ocorrerá ao elaborarmos uma 
linha histórica da vida e obra dos três principais autores e filósofos gregos. 
Acompanharemos, de maneira básica, o raciocínio lógico dos três.
Assim, visualizaremos uma linha histórica desde Sócrates, passando por 
Platão e chegando, por fim, ao pensamento filosófico de Aristóteles. Entendendo 
as diferentes épocas e situações, o aluno será capaz de identificar as motivações 
do conhecimento filosófico, adquirindo noção sobre a importância da evolução 
dessa ciência humana que até hoje se faz tão importante.
2 PENSADORES
Os sofistas defendiam uma educação cujo objetivo máximo seria a 
formação de um cidadão pleno, preparado para atuar no crescimento da cidade. 
Com a proposta, o jovem deveria ser preparado para a retórica, ou seja, para falar 
bem, pensar e manifestar suas qualidades artísticas. 
Vendiam suas habilidades de oratória para os cidadãos. Defendiam 
a opinião de quem interessasse e adotavam a ideia de que a verdade nasce do 
consenso entre os homens. Para Sócrates, os sofistas não eram, de fato, filósofos. 
Não amavam a sabedoria e não respeitavam a verdade, pois defendiam qualquer 
ideia que fosse vantajosa. 
120
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
Sócrates acreditava que os sofistas haviam falhado. Eles orientavam a 
pessoa ambiciosa para o triunfo político, mas a oratória e o raciocínio perspicaz 
não instruíam um homem na arte de viver. A verdade está ligada ao bem moral 
do ser humano. Preocupava-se com a perfeição do caráter de cada pessoa e com 
a conquista da excelência moral.
Platão revelou a figura de Sócrates como sendo uma pessoa que andava 
pelas ruas e praças de Atenas, perguntando para cada um sobre ideias e valores 
que os gregos acreditavam e julgavam conhecer. Ele não deixou textos ou outros 
documentos. 
Assim, só podemos conhecer as ideias de Sócrates através de relatos 
dos seus discípulos. O filósofo reflete sobre o homem e busca entender o 
funcionamento do universo dentro de uma concepção científica. Não era a favor 
da democracia grega praticada em Atenas e achava que as cidades deveriam ser 
governadas pelos sábios.
A filosofia socrática esteve relacionada com o autoconhecimento e 
desenvolvida pelos diálogos críticos (a ironia e a maiêutica). Criou um método 
de investigação do conhecimento através da maiêutica, “técnica de trazer a luz”. 
Por meio de sucessivas questões, chegávamos na verdade. 
A maiêutica se originou do termo grego maieutike, que quer dizer "arte 
de partejar". A expressão foi usada em associação ao trabalho das parteiras, 
profissão da mãe de Sócrates. O objetivo do seu método era o "parto intelectual" 
dos indivíduos.
Para uma verdade ser perseguida, o homem deveria antes se analisar e 
reconhecer sua própria ignorância. Sua discussão, então, parte desse princípio e busca 
levar tal reconhecimento por meio da maiêutica, que era um método de investigação 
interrogativo, o primeiro passo do seu método a fim de encontrar a verdade. 
Com perguntas provocativas e aparentemente simples, ele utilizava a 
ironia de que nada sabia para que emitissem opiniões como se fossem verdades 
definitivas. Assim, questionava, fazendo o indivíduo duvidar de assuntos 
que julgava conhecer e revelando que, na realidade, eram temas associados a 
preconceitos ou valores sociais. Por fim, era necessário obrigá-los a confessar a 
própria ignorância. 
As pessoas passavam a refletir sobre a questão, abandonando conceitos 
predefinidos e “parindo” novas ideias. Sócrates pensava que o conhecimento presente 
no espírito humano precisava apenas da orientação do mestre para se manifestar.
Existiam verdades universais, válidas para toda a humanidade em 
qualquer espaço e tempo. Contudo, para que fosse possível encontrá-las, era 
preciso antes refletir sobre elas e descobrir suas razões. 
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
121
Acredita-se que, no Oráculo da cidade de Delfos, o deus Apolo declarou 
que Sócrates era o homem mais sábio de Atenas. Sócrates costumava dizer “Só sei 
que nada sei”, frase que se tornou síntese de seu pensamento. Concluiu que era 
sábio porque era o único que sabia que nada sabia.
IMPORTANT
E
IMPORTANT
E
Os gregos acreditavam que a Suprema Sacerdotisa, intitulada de Pítia, entrava 
em estado de transe e era capaz de dar respostas e fazer previsões sobre o futuro. Pítia era, 
para eles, a porta-voz do Deus Sol, Apolo. Este, através dela, supostamente transmitia as 
vontades de seu pai, Zeus. Na época, as Pítias eram dotadas de enorme influência e, com o 
aval do Oráculo, diversas guerras aconteceram e deixaram de acontecer.
A cicuta é um gênero de plantas muito venenosas. O veneno produzido passou 
a ser conhecido como veneno de Sócrates.
Sócrates também fez vários inimigos e terminou sendo acusado de ateísmo 
e corrompimento dos jovens gregos. Com objetivo de afastá-lo, foi julgado e 
condenado ao exílio, mas, em sua teimosia, preferiu a morte, ingerindo cicuta. 
Determinados eventos são contados por Platão em suas obras.
Platão foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Criador de uma 
escola que ficou conhecida como Academia de Atenas, é um dos mais importantes 
e conhecidos filósofos gregos, estudado até a atualidade. 
Empenhava-se em transmitir uma profunda fé na razão e foi 
importantíssimo para a história da filosofia, tido como responsável por termos 
acesso ao pensamento de diversos filósofos da Grécia antiga. 
As ideias formavam o foco do conhecimento intelectual e os sábios, portanto, 
teriam a função de entender o mundo da realidade e separá-lo das aparências. 
Influenciou profundamente a filosofia ocidental com seu método de diálogo, que 
valorizava o debate e conversação como formas de alcançar o conhecimento.
Discorre sobre política grega, ética, atividades das cidades, cidadania e 
questões sobre a imortalidade da alma. Mencionava que a sociedade ideal deve 
ser dividida em três classes, separando as pessoas por sua capacidade intelectual. 
122
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
Com a primeira categoria ligada às necessidades do corpo, haveria a 
produção e a distribuição de gêneros entre lavradores, artífices e comerciantes. 
A segunda categoria deveria se preocupar com a defesa, representada pelos 
soldados. A terceira categoria, superior e mais capacitada para se servir da razão, 
é a composta pelos intelectuais, que detêm o poder político. Os governantes 
deveriam ser escolhidos entre os filósofos.
Na mesma obra, divulga o mito da caverna. Fala sobre pessoas no interior 
de uma caverna que estão, desde a infância, acorrentadas no pescoço e nos pés. Não 
podem ver a saída, apenas sombras de pessoas que estão do lado de fora sendo 
projetadas por uma fogueira, de forma que fiquem distorcidas, grandes e estranhas.
Os indivíduos acreditam que seria a única coisa que existe, pois não 
entendem nada de luz e sombra. Também não fazem nenhuma ideia do que pode 
haver do lado de fora da caverna. 
A partir do momento em que um deles consegue se soltar das correntes, 
o questionamento o leva para o exterior. A luz o ofusca e, a princípio, o assusta, 
para depois revelar um mundo brilhante, colorido e bonito. 
As sombrasse revelam como uma imitação ruim do que é o verdadeiro 
mundo. Com felicidade, ele volta à caverna para contar aos seus colegas o que 
viu. Contudo, não consegue convencê-los e, em decorrência, matam-no.
 A alegoria da caverna é, então, a representação dos seres humanos antes 
do contato com a filosofia e sua ascensão em relação ao novo patamar perceptivo. 
Desde a infância, o sujeito se torna prisioneiro e suas correntes são os hábitos, 
preconceitos, costumes e práticas que foram adquiridas ao longo da vida. 
As sombras são a forma limitada e distorcida com a qual podem enxergar 
o mundo através da ignorância. A caverna é o domínio da opinião. O homem 
se liberta com ajuda da filosofia para, enfim, alcançar a luz, que é a verdade do 
mundo das ideias.
Platão analisa a questão através do dualismo da teoria das formas. Por 
trás da realidade concreta, existe outra abstrata. Há dois mundos:
• Mundo das formas ou ideias: trazido pela alma e desde o seu nascimento um 
conhecimento prévio, que possibilita a identificação do objeto. Comumente 
denominado como conhecimento inato. São as ideias ou formas que residem 
no mundo inteligível, fora do tempo e do espaço. É o tipo mais elevado e 
fundamental de realidade. Mesmo não possuindo existência física, as formas 
são substanciais e imutáveis. Os objetos do mundo regular organizam suas 
estruturas conforme as ideias ou formas primordiais.
• Mundo concreto e sensível: é disponível pelos sentidos. Tudo o que 
conhecemos pelo olfato, paladar, audição, visão e tato. A opinião, constituída 
das percepções, tem uma “falsa consciência” de si mesma, considerando-se 
correta. Tudo está mudando e sujeito ao erro.
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
123
A abordagem de que o verdadeiro conhecimento é alcançado pela razão 
em vez dos sentidos é o alicerce do racionalismo. É necessário um processo mental 
e lógico para que se alcance uma conclusão realista. Importante também para o 
avanço da racionalização da fé cristã, principalmente através de sua influência a 
partir do filósofo e teólogo Agostinho.
 A diferença primordial é que os sofistas legitimam as opiniões e as 
percepções sensoriais e trabalham com elas para produzir argumentos de 
persuasão, enquanto Sócrates e Platão acreditam que as opiniões e as percepções 
sensoriais, ou imagens das coisas, são fonte de erro que nunca atingirão a verdade 
plena da realidade.
Outro grande sábio da época foi Aristóteles, nascido em uma colônia de 
origem jônica, na Macedônia, Grécia. Era filho do médico do rei e teve muito contato 
com ciências naturais. Desenvolveu os estudos de Platão e Sócrates. Foi para Atenas 
estudar na Academia de Platão e logo se tornou seu discípulo preferido.
Desenvolveu a lógica dedutiva clássica como método para alcançar o 
conhecimento científico. A sistematização e os meios devem ser desenvolvidos 
para chegarmos ao conhecimento pretendido, indo sempre dos conceitos gerais 
para os específicos. 
O trabalho de Aristóteles é pautado como uma refutação ao seu mestre. 
Poderíamos obter o conhecimento no próprio mundo em que vivemos. Platão, 
por exemplo, era a favor da existência do mundo das ideias e do mundo sensível.
Após a morte de seu mestre, Aristóteles se considerava seu substituto 
natural na direção da Academia, mas foi recusado e substituído por um ateniense 
de origem. Decidiu, então, fundar sua própria escola, chamada Liceu, onde 
recebia todo o público.
Considerado muito importante em várias áreas, Aristóteles se destacou na 
lógica. Alcançou a lógica dedutiva, que estudava quais relações entre proposições 
são conduzidas a conclusões válidas e quais, por outro lado, resultam em 
argumentos inválidos. É um raciocínio mediado que fornece o conhecimento de 
uma coisa a partir de outras coisas e sempre buscando a causa.
 
Na biologia, ensinou ao mundo como observar e classificar os seres vivos. 
Classificou e estudou muitas espécies. Inclusive, foi o pioneiro no estudo de 
peixes e os separando dos mamíferos marinhos. É considerado o fundador da 
disciplina. Muitos também o veem como um grande mestre de ética, metafísica, 
química, ótica, física, psicologia e retórica.
Com a morte do rei da Macedônia, Alexandre Magno, aluno de Aristóteles, 
uma onda de ódio tomou conta dos atenienses e o filósofo, que era seu amigo, 
teve que fugir para não ser preso. Triste com a ingratidão dos atenienses, pôs fim 
em sua vida da mesma forma que Sócrates, se envenenando com cicuta.
124
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
LEITURA COMPLEMENTAR
A NATUREZA DO FILÓSOFO
Emilia Maria Mendonça de Morais
Se, na tradição pré-socrática, a concepção de phýsis aparece tanto associada 
à superação do mito e à intervenção divina quanto à afirmação de um princípio 
material ou imanente ao cosmos, quando transposta para A República e à definição 
do filósofo, a noção ressurgirá vinculada à psykhé. 
Apesar da concepção tripartite da alma, apresentada por Sócrates no livro 
IV do diálogo, a natureza do filósofo não se subordina a nada que seja orgânico 
ou fisiológico.
 
Desprendida da materialidade, conforma-se ao pensamento e permanece 
atada ao divino, cujo apelo integra verdade e justiça. Divina seria, então, a própria 
filosofia: o maior benefício que os deuses concederam à raça dos mortais, segundo 
o Timeu; assim como o método que a define, a dialética, fora um presente dos 
deuses aos humanos, segundo o Filebo.
 
Falar da natureza do filósofo, por conseguinte, pressupõe abordar 
a natureza da mesma filosofia. No caso de um filósofo grego antigo e, mais 
particularmente, de Platão, filosofia e vida estão muito imbricadas, sobretudo se 
levarmos em conta o registro do testemunho socrático.
A primeira imagem delineada do filósofo nos escritos de Platão é a do 
próprio personagem Sócrates, visando sempre a uma sabedoria que se descola do 
solo do prestígio público. 
Desde os primeiros passos da Apologia, o personagem do filósofo chama a 
atenção para a sua fala estranha nos tribunais antes mesmo de discorrer sobre a 
sua vida, desvinculada das ocupações políticas e dos interesses.
 
Reencontramos as ressonâncias do estranhamento no Górgias e no Teeteto. 
No diálogo com Polo, Sócrates relembra que provocou risos por sua inabilidade 
quando fora convocado a exercer na Assembleia as funções da pritania.
 
No Teeteto, Sócrates retoma o tema da excentricidade dos mais sábios. Evoca 
a anedota sobre Tales, tão desligado que, ao caminhar, fora incapaz de enxergar um 
poço na sua frente. Indiretamente, refere-se também a si mesmo quando discorre 
sobre a inaptidão prática dos filósofos, sempre provocando a chacota, ora de 
incultas jovens trácias, ora dos seus mais ou menos próximos concidadãos.
Durante o seu processo, Sócrates reconhecera seus vínculos diretos com 
Apolo, o deus que levou ele a fazer da filosofia um exercício aberto e público. 
Desde então, o exame de si mesmo passou a ter seu lado reverso e complementar: 
o exame dos pretensos sábios da pólis.
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
125
 Os mesmos vínculos são reafirmados no Fédon, pois o filósofo, 
identificando a filosofia, teria até mesmo composto uma melodia ao deus oracular, 
o qual, rememorando o canto divinatório dos cisnes na iminência da morte, se 
reconhecera consagrado.
Em paralelo ao deus explicitamente designado, evoca o signo do divino 
(daimónion), seja através da voz (phoné), que guia o filósofo porquanto o retém, 
seja através do Eros mediador que, a partir do desejo de um só corpo, rege a sua 
progressiva ascensão do sensível até a contemplação da beleza como forma inteligível. 
No Banquete, o discurso atribuído ao Alcebíades associa o próprio Sócrates 
ao percurso ascético que Diotima expusera para atar o elo amoroso ao elã extático 
proporcionado por Eros. No relato mítico do Fedro, o filósofo é representado como 
um humano possuído pelo divino e, no Timeu, a intelecção da qual participam os 
deuses (noû dè theoús) é também atribuída a alguns poucosdentre os humanos.
 
O Sofista, diálogo tardio, ainda pode ser lembrado como um dos vários 
exemplos de que, para Platão, em uma vida pautada pela filosofia, não se 
firmariam rupturas, nem sequer distâncias intransponíveis entre a práxis e 
a theoría orientada. 
Reconstruindo os parâmetros teóricos da hipótese das formas inteligíveis, 
o diálogo começa com o elogio do filósofo e termina com o menosprezo do próprio 
sofista. Em seu prólogo, Teodoro afirma ser o Estrangeiro de Eléia um filósofo, 
não um deus, mas um ser divino, como seriam todos os filósofos.
 
Sócrates se mostra de acordo, mas adverte que o gênero divino não é fácil 
de definir. Este se reveste de múltiplas aparências entre os humanos. Embora os 
filósofos enxerguem as multidões e a vida dos homens das alturas, podem ser 
confundidos com políticos ou até mesmo sofistas.
 
Depois da longa discussão, da reconstrução da questão do ser a partir dos 
gêneros supremos e da noção de alteridade ontológica, o diálogo se encerra com 
a sentença que reduz a sofística para uma mera arte imitativa. Esta, ao fomentar 
contradições no terreno das opiniões, apenas produz simulacros e ilusões. Seus 
porta-vozes pertenceriam a uma raça apenas humana, de nenhum modo divina.
Platão aborda tanto a natureza do filósofo quanto a atividade filosófica 
por proposições afirmativas, mas também por justaposições que se constroem 
através de negativas. 
No alvo das negações, invariavelmente, estão os sofistas e a sofística. 
É assim no Protágoras, no Górgias, no Fedro, na República, no Teeteto e no 
próprio Sofista. A distinção talvez mais marcante e recorrente: a vida e o pensar 
do filósofo concernem ao divino e a prática dos sofistas diz respeito apenas ao 
humano, ou melhor, ao mundano.
FONTE: DE MORAIS, Emilia Maria Mendonça. A natureza do filósofo. Kriterion, Belo Horizonte, v. 151, 
n. 122, p. 1-1, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
512X2010000200009>. Acesso em: 11 ago. 2018.
126
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para Sócrates, os sofistas não eram, de fato, filósofos, tendo em vista que não 
amavam a sabedoria e não respeitavam a verdade, pois defendiam qualquer 
ideia que fosse vantajosa. 
• Sócrates reflete sobre o homem e busca entender o funcionamento do universo 
dentro de uma concepção científica.
• Não era a favor da democracia grega praticada em Atenas. As cidades deveriam 
ser governadas pelos sábios.
• A filosofia socrática esteve relacionada com o autoconhecimento (“conhece-te 
a ti mesmo”).
• Platão foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Criador de uma escola 
que ficou conhecida como Academia de Atenas.
• Alegava que as ideias formavam o foco do conhecimento intelectual e os sábios, 
portanto, teriam a função de entender o mundo da realidade e separá-lo das 
aparências.
• A alegoria da caverna é a representação dos seres humanos antes do contato 
com a filosofia e sua ascensão em um novo patamar perceptivo. 
• O trabalho de Aristóteles é pautado como uma refutação ao seu mestre. 
Aristóteles dizia que poderíamos obter o conhecimento no próprio mundo em 
que vivemos. Platão, por exemplo, era a favor da existência do mundo das 
ideias e do mundo sensível.
RESUMO DO TÓPICO 2
127
AUTOATIVIDADE
1 Qual a principal diferença entre os sofistas e Sócrates?
2 Explique de que maneira a história de Sócrates influenciou na obra de seu 
discípulo Platão.
128
129
TÓPICO 3
O PROCESSO DE FILOSOFAR
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No presente tópico, o aluno será apresentado a uma questão um pouco 
mais aprofundada. É dedicado ao conceito daquilo que chamamos de filosofar.
O ensinamento da filosofia traz inúmeras possibilidades. Uma das 
questões importantes que pairam em torno dessas probabilidades diz respeito à 
questão: o ensino deve se ocupar da compreensão da filosofia ou do entendimento 
sobre o processo de filosofar?
Para desvendar essas questões, serão estudados os conhecimentos 
elaborados pelo filósofo Immanuel Kant em relação ao processo de filosofar. O 
filósofo se dedicou a esclarecer o desenvolvimento das estruturas de fixação e 
compreensão da realidade, que proporciona ao ser humano a sensação de estar 
inserido dentro do universo.
2 O CONCEITO DE FILOSOFAR
O ensinamento da filosofia traz inúmeras possibilidades. O ensino deve 
se ocupar da compreensão da filosofia ou do entendimento sobre a prática do 
processo de filosofar?
São imprescindíveis a tarefa de filosofar e o aprendizado sobre filosofia 
para aqueles que possuem interesse na disciplina. Assim, o aprendizado de 
ambos é possível através de quais procedimentos e ferramentas?
As questões levantadas manifestam uma maneira de ser pensada a 
realização da filosofia. A questão central que assola os estudantes da filosofia é 
justamente a questão sobre o que seria precisamente a filosofia. 
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
130
Temos então que as possíveis respostas das questões estão diretamente 
ligadas à linha de pensamento filosófico, acompanhando seu longo caminho 
histórico, sua construção e desenvolvimento.
Fundamentalmente, podemos afirmar que filosofar é exercitar as 
interrogações, é o indagar sobre o sentido das coisas, a busca dos porquês dos 
seres humanos e do planeta. A filosofia é construída e desenvolvida na dúvida. É 
a busca das verdades além do que a realidade aparenta ser, além do óbvio.
Os filósofos são pessoas que estavam inquietas com a aparente realidade 
das coisas. Pessoas que alcançavam um olhar diferenciado a respeito daquilo que 
viam, ainda que olhassem para as mesmas coisas que os outros. Filósofos buscavam 
enxergar além, obtendo a compreensão de particularidades sobre o mundo.
Através do exercício do olhar diferenciado, os filósofos buscavam 
encontrar respostas que julgavam coerentes para os problemas aparentemente 
sem fundamentos. Seria muito simples apenas olhar os problemas de convivência 
social, reconhecê-los e seguir em frente sem questioná-los. Os filósofos dispunham 
de sua energia e tempo para tentar solucionar tais problemas, começando por 
entender o porquê dos conflitos acontecerem.
Assim, é imprescindível que o pensamento filosófico seja, acima de tudo, 
um pensamento crítico. A filosofia deve seguir caminhos opostos aos das verdades 
dogmáticas. Deve elevar o pensamento para longe das visões reducionistas sobre 
o homem e o mundo.
Para fins de disciplina da filosofia, é importante que ela se ofereça como 
um agrupamento de ideias organizadas e portadora de determinada rigidez 
terminológica e acadêmica. Ocorre que o diferencial do conhecimento filosófico é 
justamente o seu criticismo. Ele não se apega com uma única filosofia.
É permitido falarmos em filosofias e não “da filosofia”, como um único 
monopólio da realidade. O conhecimento filosófico acredita na existência de 
diferentes visões da realidade. São tais visões que proporcionam para a filosofia 
um conhecimento fundamentado na história do pensamento.
Assim, o conhecimento filosófico é instituído através do seu específico 
método de construção histórica. É o resultado metódico, organizado e rígido 
de uma sequência de princípios ideológicos elaborados para a conservação, 
crescimento ou modificação de concepções vigentes em algum momento da 
história da filosofia.
Podemos concluir que filosofar é o ato de estar aberto para questionar, 
é a busca por indagações e com o objetivo de produzir reflexões sobre ideias e 
princípios que aparentavam ser imutáveis.
TÓPICO 3 | O PROCESSO DE FILOSOFAR
131
O ato de filosofar é, especialmente, pensar de modo crítico. É um 
pensamento desamarrado e autônomo e que se baseia em princípios racionais 
elaborados no decorrer da história do pensamento humano, expostos nos textos 
da própria filosofia. Ainda, na realidade contemporânea que cerca o agente do ato 
de filosofar, pois, nas relações humanas, temos a origem das questões filosóficas.
3 IMMANUEL KANT E O PROCESSO DE FILOSOFAR
Immanuel Kant (1724–1804), filósofoalemão, é fundador da chamada 
Filosofia Crítica. Kant consagrou suas ideias na história da filosofia e ao concentrar 
sua carreira na determinação conceitual referente ao debate sobre a natureza do 
conhecimento humano.
O filósofo se dedicou a esclarecer as maneiras de desenvolvimento das 
estruturas de fixação. Ainda, há a compreensão da realidade e que proporciona a 
sensação de estar inserido dentro do Universo.
Assim, Kant se tornou um dos principais expoentes da filosofia moderna. 
Tratou de demandas que englobavam desde a natureza do espaço e do tempo até 
as questões de moralidade humana. 
O reconhecimento de Kant aconteceu, especialmente, pelo fato de que 
suas ideias possibilitavam uma conexão entre a ideia do racionalismo, que tem 
em Descartes seu principal expoente, e do empirismo, da maneira apresentada 
por Hume. Kant conseguiu trabalhar as questões sobre a razão humana sem 
deixar de considerar a importância das experiências no processo de obtenção do 
conhecimento.
Após a breve apresentação, passaremos a avaliar a parte da obra de Kant 
que nos concerne para o desenvolvimento de nossa noção de filosofia. O filósofo 
merece lugar de destaque neste livro, pois tomou posição importante no que diz 
respeito à questão do ensino da filosofia e do pensar filosófico.
Ainda que tenhamos apenas uma base principiante, a partir daqui 
teremos condições de analisar as questões que se referem ao pensamento crítico, 
à autonomia do pensar e aos reflexos no ensinamento da filosofia ou no filosofar.
Já sabemos que a compreensão do pensamento de determinado 
sistema filosófico ocorre através da obtenção do conhecimento da história de 
tal pensamento. Podemos afirmar que, quando compreendemos conceitos da 
filosofia, não estamos automaticamente compreendendo como desenvolver o 
processo do ato de filosofar.
Kant ficou reconhecido por sua frase “não se ensina filosofia, mas a 
filosofar”. Fez com que o ensino da filosofia se voltasse não para os conceitos 
filosóficos, mas para a atitude filosófica, para o raciocínio crítico.
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
132
Contudo, como fazer para que o aluno estudioso da filosofia desenvolva 
autonomia de pensamento e aprenda a filosofar? A resposta é mais difícil do que 
realmente parece.
Primeiramente, cabe ao professor não restringir suas aulas a apresentações 
de conteúdo já solidificado. Ao expor o conteúdo, deve instigar o diálogo consigo 
mesmo por meio de indagações adequadas. Kant chama de método “erotético”.
O método erotético ocorre por meio de procedimentos de diálogo e 
catequese. Ocorre que o professor deve direcionar suas perguntas para a razão do 
estudante ou, ainda, meramente para a memória do último. Se o mestre pretende 
questionar a razão do seu aluno, deve fazer através de um diálogo. Os dois devem 
proferir questionamentos em uma espécie de troca. Cada um dirige questões e 
também as recebe.
O professor deve elaborar perguntas oportunas de maneira a sugerir um 
norte para a linha de raciocínio de seu estudante. Deve levantar casos e demonstrar 
que está ciente de que ocorre predisposição do aluno em se sentir instigado para 
seguir nos questionamentos.
Assim, o estudioso da filosofia compreende sua própria capacidade de 
raciocinar, reagindo às indagações do mestre. O método de ensino filosófico proposto 
por Kant, a princípio, pode ser equiparado ao método socrático da maiêutica. 
No método socrático, o professor realiza a elaboração da verdade por 
meio de perguntas e questionamentos oportunos. O próprio professor igualmente 
amplia seu conhecimento.
O destaque deve estar voltado para a atitude filosófica. Só é possível aprender 
a filosofar e, por sua vez, aprender filosofia apenas em um sentido histórico. 
IMPORTANT
E
No aprendizado da filosofia, o professor utiliza o método erotético para elaborar 
perguntas e respostas, auxiliando os alunos a conquistarem a autonomia no ato de filosofar.
É preciso aprender a filosofar e tomar cuidado para não superestimar a 
história da filosofia e não desvalorizá-la. Do ponto de vista kantiano, o método 
erotético deve ser reconhecido com o intuito de ajudar o aprendiz a pensar por 
si mesmo. Ainda, possui dois movimentos principais: as características do que se 
entende por filosofia e o que torna alguém filósofo ou praticante da filosofia. 
TÓPICO 3 | O PROCESSO DE FILOSOFAR
133
IMPORTANT
E
Mesmo que a filosofia não seja ensinada, ela deve ser entendida dogmaticamente 
como um conhecimento racional.
Na lógica, a filosofia faz parte dos conhecimentos racionais que se opõem 
aos conhecimentos históricos. Há a existência de dois princípios: sensibilidade e 
entendimento. 
O entendimento concretiza a organização das reproduções elaboradoras 
do conhecimento, que produzem a consciência de um ser unificado, metafísico. 
Já a sensibilidade evidencia que o conhecimento é derivado do empirismo. É 
diferente dos princípios do entendimento que derivam do racional. 
Ao aprendermos filosofia, estamos tratando de todos os sistemas 
filosóficos e, em relação à história da filosofia, da história do uso da razão. Assim, 
é possível observar que o ato de filosofar acontece com o objeto da razão, ou seja, 
com a história da filosofia. 
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
134
LEITURA COMPLEMENTAR
APRENDER A FILOSOFAR OU APRENDER A FILOSOFIA: KANT 
OU HEGEL?
Cesar Augusto Ramos
Com efeito, o professor deve mostrar para o aluno que a forma assistemática 
e meramente opinativa de fazer filosofia leva a um relativismo estéril das ideias 
ou a uma presunção no conhecimento, propiciando a atitude não rigorosa e 
simplista de que cada um pode produzir a sua própria filosofia.
 
O procedimento autoriza o professor a adotar uma postura esotérica, 
enigmática, obscura e, muitas vezes, pedante? Ainda que a filosofia hegeliana 
possa sugerir tal atitude, o próprio Hegel recomenda uma outra conduta 
pedagógica. De uma forma mais precisa, a filosofia alcança a aptidão para ser 
aprendida apenas quando ela se torna clara, comunicável e capaz de se converter 
em um bem comum.
O conteúdo filosófico já trabalhado e que constitui o acervo de pensamentos 
da produção filosófica deve ser aprendido pelo estudante. “O mestre o possui, ele 
o pensa primeiro, os alunos pesam-no em seguida”. Cabe ao professor possuir 
determinado “tesouro” e transmiti-lo aos alunos que se identificam. 
Refazer o caminho de uma filosofia originariamente elaborada em nada 
diminui a autonomia e a criatividade do aprendiz, pois ele está reconstruindo no 
seu próprio espírito os momentos fundamentais do filosofar. Quanto ao último 
aspecto, o aspecto da coercividade da educação, é preciso observar que tanto 
Kant como Hegel ressaltam a ação disciplinadora do educador.
 
Sobre o assunto, Hegel afirma que “o direito dos pais sobre o arbítrio dos 
filhos tem por finalidade mantê-los disciplinados e educá-los. O fim das punições 
não é a justiça como tal, mas de natureza moral: consiste em intimidar uma 
liberdade ainda prisioneira da natureza e em elevar a consciência e a vontade 
deles (filhos) para a universalidade” (HEGEL, 1995, p. 174). 
A obediência apenas confirma a necessidade da identificação produzida 
fora da família, no âmbito da escola. Para Hegel, o caráter identificador da ação 
pedagógica que a escola produz tem um papel fundamental. 
A educação escolar ajuda a formar uma personalidade que se eleva 
para a esfera da universalidade concreta da cidadania. A escola deve oferecer 
ao educando situações pedagógicas de um reconhecimento não excludente. Ele 
educa o seu espírito e está apto a integrar as instâncias éticas que representam a 
sua verdadeira natureza. O trabalho e a disciplina devem prevalecer.
TÓPICO 3 | O PROCESSO DE FILOSOFAR
135
 O educador deve oferecer ao educando a força fecunda do negativo, 
propiciada por relações de alteridade que, no fundo, são mecanismos de coação 
legitimados pela ideia daquilo que é superior. A escola, ao efetivar o momento 
dialéticoda negatividade educacional, se apresenta como o outro do educando.
 
Os conteúdos escolares e acadêmicos representam para ele a sua própria 
essência “ex-posta”. É possível mediante os processos de reconhecimento, os 
quais permitem a absoluta inserção do educando no seu outro segundo, sendo 
um paradigma de uma intersubjetividade afirmativa e não excludente.
 
O método pedagógico por excelência consiste, então, em ocupar o 
educando “de alguma coisa de não imediato, de estranho, de alguma coisa que 
pertence à lembrança, à memória e ao pensamento” (HEGEL, 1996, p. 321). 
Como exemplo do reconhecimento, Hegel sugere o estudo da cultura antiga 
como instrumento pedagógico que oferece um mundo “estranho e diferente”, 
uma alteridade na qual o educando deve mergulhar e ter a oportunidade de 
“deixar seu próprio elemento e habitar, com Robinson, uma ilha longínqua”. 
É no estudo das línguas e da cultura antiga (grego e latim) que devemos 
nos “impregnar do seu ar, de suas representações, de seus costumes e, mesmo 
se quisermos, de seus erros, assim como de seus preconceitos”, acostumando o 
homem neste que foi o “paraíso do espírito humano”. Determinado procedimento 
pedagógico de estranhamento do educando espelha a sua própria natureza. 
Antecipa e prepara o próprio processo de inserção do indivíduo na vida ética 
superior do Estado.
 
Ele reconhece pelo trabalho e pela disciplina a sua própria identidade, 
superando a imediatidade (em si) da sua condição. A forma social e política da vida 
ética (Sittlichkeit) constitui a verdadeira razão de ser do educando. São formas de 
uma sociabilidade representada pela expressão sintética da Fenomenologia: “um 
eu que é um nós e um nós que é um eu”.
 
A inserção do indivíduo na universalidade é propiciada pelo trabalho 
da cultura (Bildung) que se perpetua como sua “segunda natureza”. O objetivo 
último é a integração pacífica e voluntariosa do indivíduo como bom cidadão na 
esfera da vida ética e política. 
A consciência da segunda natureza é o resultado do trabalho da educação 
e da cultura. Constitui a própria essência do indivíduo que ele reconhece como 
sua e que está presente no aspecto objetivo da liberdade e nas instituições éticas 
e políticas da Sittlichkeit.
 
O escopo de uma educação coerciva consiste em reconciliar o educando 
com as formas de uma vida superior. O desejo do melhor não pode ser deduzido 
de um ideal de perfectibilidade e muito menos estar presente na consciência e no 
querer do educando. 
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
136
O princípio coator da pedagogia hegeliana faz dela, na verdade, um 
procedimento conservador, no sentido de que ela está voltada para o adulto, mais 
precisamente para o cidadão integrado na realidade efetiva do Estado.
 
A instância superior da Sitlichkeit fornece o paradigma último à educação. 
A ação disciplinadora do educador antecipa as formas superiores de integração 
do indivíduo na instância, mediante mecanismos pedagógicos de introjeção na 
consciência e na ação do educando do propósito da boa cidadania. São mecanismos 
formadores diretivos, mas nunca repressivos, e repercutirão de forma decisiva na 
formação do caráter do futuro cidadão.
 
A alternativa hegeliana para o problema, já antecipada por Rousseau e 
aprofundada por Kant, consiste em mostrar que o esquema da autorreferencialidade 
comporta a obediência a um outro que deve ser o próprio sujeito e permite uma 
dimensão compatível da liberdade com a coerção implícita na norma. 
Se a liberdade tem o lado autorreferencial, a questão do vazio entre 
a liberdade do sujeito e as normas sociais e legais não é resolvida pelo caráter 
normativo no campo das ações políticas e sociais reguladas pelo direito. 
Determinado caráter revela apenas uma liberdade reciprocamente 
limitada pelos arbítrios. Para Hegel, obedecemos a nós mesmos e, na dimensão 
ética e política abrangente da Sittlichkeit, às normas legais e políticas.
 
A liberdade, apesar de se apresentar na face de uma subjetividade 
autorreferencial, se efetiva pela face objetiva das instâncias da vida social 
mediadas pela categoria do mútuo reconhecimento. A autorreferencialidade 
da norma adquire, com Hegel, um estatuto normativo social e intersubjetivo. 
Esta deixa de ser endógena e cuja força objetiva não decorre simplesmente da 
universalização da identidade racional de sujeitos autorreferentes. 
A proposta hegeliana procura compatibilizar a liberdade na sua dupla face: 
como direito da subjetividade (autorrealização) e, ao mesmo tempo, como direito 
da objetividade das instituições sociais e políticas. Define, assim, a obediência 
ainda na perspectiva da adesão voluntária à norma, mas mediada pela categoria 
intersubjetiva do reconhecimento.
 
FONTE: RAMOS, Cesar Augusto. Aprender a filosofar ou aprender a filosofia: Kant ou Hegel? Trans/
Forma/Ação, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 197-217, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
trans/v30n2/a13v30n2.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018.
137
Neste tópico, você aprendeu que:
• Fundamentalmente, podemos afirmar que filosofar é exercitar as interrogações, 
é o indagar sobre o sentido das coisas, a busca dos porquês dos seres humanos 
e do planeta. A filosofia é construída e desenvolvida na dúvida.
• A filosofia é a busca das verdades além do que a realidade aparenta ser, além 
do óbvio.
• Filósofos buscavam enxergar além, obtendo a compreensão de particularidades 
sobre o mundo que os demais não alcançavam.
• Os filósofos dispunham de sua energia e de tempo para tentar solucionar os 
problemas, começando por entender o porquê desses conflitos acontecerem.
• A filosofia deve seguir caminhos opostos aos das verdades dogmáticas, 
procurando elevar o pensamento para longe das visões reducionistas sobre o 
homem e o mundo.
• Para fins de disciplina da filosofia, é importante que ela se ofereça como 
um agrupamento de ideias organizadas portador de determinada rigidez 
terminológica e acadêmica.
• É permitido falarmos em filosofias e não “da filosofia” como um único 
monopólio da realidade.
• O ato de filosofar é, especialmente, pensar de modo crítico. Um pensamento 
desamarrado e autônomo.
• Kant conseguiu trabalhar as questões sobre a razão humana e sem deixar 
de considerar a importância das experiências no processo de obtenção do 
conhecimento.
• Kant ficou reconhecido por sua frase “não se ensina filosofia, mas a filosofar”. 
Fez com que o ensino da filosofia se voltasse não para os conceitos filosóficos, 
mas para a atitude filosófica, para o raciocínio crítico.
• O método erotético ocorre por meio de procedimentos de diálogo e catequese.
RESUMO DO TÓPICO 3
138
AUTOATIVIDADE
1 Explique quais as diferenças cruciais entre o estudo da filosofia e o processo 
de filosofar.
2 Explique de que maneira Immanuel Kant obteve destaque em sua obra no 
campo filosófico.
139
TÓPICO 4
A FILOSOFIA NO MUNDO MODERNO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Neste último tópico, o aluno será, por fim, introduzido no mundo da 
filosofia moderna. Esta parte final do aprendizado deve ser reconhecida como 
imprescindível para a absorção de tudo o que foi visto até o presente momento.
Devemos entender que a filosofia é uma disciplina eternamente atual. 
Primeiramente, será vista a ideia central da chamada filosofia moderna e que teve 
início no século XV, juntamente com o nascimento da Idade Moderna.
A partir disso, o aluno enfrentará o conceito de filosofia na 
contemporaneidade. O que se compreende com certeza é que a filosofia se conserva 
sendo um conhecimento acerca do entendimento da racionalidade humana. A 
disciplina norteia e influencia várias outras áreas de conhecimento.
2 A FILOSOFIA MODERNA
Sentimos como se a filosofia fosse algo antigo, anterior a nós mesmos e que 
ficou no passado. Devemos entender que, na verdade, a filosofia é uma disciplina 
eternamente atual.
A filosofia está presente quando pensamos, agimos, enxergamos ou 
sentimos. Enquanto agimos, estamos em constante análise do passadoou, ainda, 
prospectando um futuro.
O principal objeto da filosofia é o ser humano. Ainda assim, especialmente 
nos dias atuais, o estudo filosófico sofre preconceitos em relação à utilidade e aos 
objetivos. Estes ocorrem devido ao fato de não ser uma ciência exata ou técnica, 
como a maioria das demais áreas de conhecimento.
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
140
O conhecimento filosófico tem por finalidade justamente alimentar o 
pensamento, instigar uma posição questionadora nos cidadãos. O intuito é 
proporcionar a vontade de conhecer a si próprio, refletir sobre seu papel dentro 
do universo.
Se um indivíduo, hoje, resolve pensar filosoficamente sua vida, ele terá 
que modificar sua rotina, pois os conceitos iriam ser modificados. Ocorre que o 
medo do novo é natural ao homem. Somos seres de hábitos, acomodados e ficamos 
acostumados com os problemas sociais e econômicos que nos cercam diariamente. 
Assim, não resta ânimo para enquadrar a filosofia em nossa vida. Contudo, 
é preciso resgatar o hábito de filosofar, de pensar nossas ações, questioná-las. A 
filosofia expande a mente da sociedade, faz com que avance, evolua.
A filosofia moderna teve início no século XV, juntamente com o nascimento 
da Idade Moderna. Essa era permanece até o século XVIII, com a chegada da 
Idade Contemporânea.
Fundada nos métodos de experimento, a filosofia moderna aparece para 
questionar os valores pertinentes aos seres humanos e também a relação deles 
com a natureza.
O grande ponto de mudança pode ser traduzido nas figuras do 
racionalismo e do empirismo. O primeiro está associado com a razão humana e o 
segundo está baseado na experiência.
A nova fase da história abrange diversas descobertas científicas desde os 
campos da astronomia, ciências naturais até matemática e física. Foi abrindo lugar 
para o pensamento antropocêntrico, que enxerga o homem no centro do mundo.
De tal modo, o período foi caracterizado pela conflagração do pensamento 
filosófico e científico. Deixou de lado as fundamentações religiosas da época 
medieval e abriu passagem para novos métodos de investigação científica.
 No período, a filosofia desempenhou um papel centralizador na história, 
pois ofereceu uma posição mais ativa do ser humano na sociedade, como um 
ser pensante e, consequentemente, um cidadão com maior liberdade de escolha. 
Inúmeras modificações aconteceram no pensamento europeu da época:
• passagem do feudalismo para o capitalismo;
• surgimento da burguesia;
• formação dos estados nacionais modernos;
• absolutismo;
• mercantilismo;
• reforma protestante;
TÓPICO 4 | A FILOSOFIA NO MUNDO MODERNO
141
• grandes navegações;
• invenção da imprensa;
• descoberta do novo mundo;
• início do movimento renascentista.
Assim, as características centrais da filosofia moderna estão pautadas nos 
seguintes conceitos:
• antropocentrismo e humanismo;
• cientificismo;
• valorização da natureza;
• racionalismo (razão);
• empirismo (experiências);
• liberdade e idealismo;
• renascimento e iluminismo;
• filosofia laica (não religiosa).
3 O PAPEL DA FILOSOFIA NA CONTEMPORANEIDADE
O papel da filosofia na sociedade contemporânea é um dos temas mais 
discutidos por entusiastas da área. Desvendar qual a afinidade da filosofia com 
o mundo contemporâneo é questão pautada por vários escritores da atualidade.
A filosofia se conserva sendo uma área de conhecimento acerca do 
entendimento da racionalidade humana. A disciplina norteia e influencia várias 
outras áreas de conhecimento.
Ainda, continua sendo confortante e acolhedora para aqueles que 
possuem intenção de buscar autoconhecimento. A relação da filosofia com o 
mundo contemporâneo ainda permanece nos seguintes termos:
• nas demandas em prol de igualdade e justiça social; 
• na batalha por uma democracia praticável e de fácil acesso para todos;
• na busca constante pela verdade, por um sistema de ideias empáticas e 
inclusivas, que represente a realidade sem utopias;
• nas indagações acerca de nossas origens e onde pretendemos chegar como 
sociedade global. É uma temeridade estimulada pela filosofia e é um dos 
pontos principais na ligação da filosofia com o mundo contemporâneo;
• nos incentivos dados para o desenvolvimento da ciência. Esta precisa de 
questionamentos críticos para continuar a viver. 
O que deve ser levado em consideração é o seguinte questionamento: 
a filosofia deve seguir apenas como disciplina dentro do contexto acadêmico 
ou deve ser colocada ao alcance de todos os cidadãos? Como fazer para que a 
filosofia construa uma sociedade de indivíduos questionadores por completo e 
positivando princípios de evolução social? Pense a respeito!
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
142
LEITURA COMPLEMENTAR
O ENSINO DA FILOSOFIA NO LIMIAR DA CONTEMPORANEIDADE: 
O QUE FAZ O FILÓSOFO QUANDO SEU OFÍCIO É SER 
PROFESSOR DE FILOSOFIA?
Rodrigo Pelloso Gelamo
A rejeição (que poderíamos entender como uma recusa ou declínio da 
filosofia), especialmente nos cursos universitários que não visam à formação 
de filósofos, parece resultar de uma série de problemas que ainda não foram 
resolvidos e perfazem desde propostas curriculares mal elaboradas até uma 
posição que tem por objetivo a exaltação do conhecimento tecnológico. 
Outro motivo pode ser o apressamento da formação atual, convertida 
em mera qualificação profissional, especialmente nas instituições privadas de 
ensino superior. Nestas há redução não só do tempo de formação, mas também 
da qualidade e da intensidade da formação.
 
A quantidade de disciplinas tem sido, também, alvo da mesma política 
educacional, sendo retiradas dos currículos aquelas que são consideradas menos 
importantes no processo da qualificação profissional. 
O que é hoje valorizado na sociedade normalizada e no espaço educacional 
não é mais o desenvolvimento do pensamento, mas a transmissão de uma série 
de conteúdos que, supostamente, dão condições para a integração do estudante 
no quadro do progresso tecnológico e proporcionam a sua entrada no mercado 
de trabalho.
Quando a filosofia participa do processo formativo, ela tem dificuldades 
em encontrar seu lugar e em se reconhecer em um espaço onde é desvinculada de 
si mesma. Ainda, a pouca carga horária reservada dificulta a possibilidade de um 
desenvolvimento consistente do pensamento filosófico. 
O tempo disponibilizado para a apreensão dos conteúdos filosóficos 
e para a consolidação de um tipo de reflexão almejado pela filosofia é ínfimo. 
Ao dificultar a apropriação intelectual dos conteúdos pelos alunos, a negação 
de um modo de temporalidade necessário à formação do pensamento filosófico 
impede a constituição de uma reflexão crítica, equivocadamente esperada sob 
essas condições.
 
O ensino da filosofia muitas vezes se restringe a uma transmissão de 
conteúdos cujo objetivo é fazer com que o aluno acumule o máximo de informações 
possíveis no pouco tempo reservado. 
TÓPICO 4 | A FILOSOFIA NO MUNDO MODERNO
143
Assim, aquilo que seria fundamental para a consolidação do processo 
formativo seria algo quase impossível de acontecer e por se fundamentar, muitas 
vezes, em um modo superficial de articulação entre as perspectivas dos filósofos 
apresentadas pelo professor acerca de um determinado tema e os conteúdos tidos 
como necessários no ensino da filosofia.
 
Cria-se, então, uma imagem distorcida do pensamento filosófico e do 
filosofar, transmitindo ao aluno não muito mais do que “fórmulas filosóficas” que 
passam a se constituir em modelos a serem aplicados na resolução de qualquer 
questão. As “fórmulas filosóficas” se apresentam como modelos para pensarmos 
criticamente as situações com as quais o aluno se depara.
 
O ensino da filosofia que se pratica nesses lugares privilegia a transmissão 
do conhecimento produzido no contexto da história da filosofia. Alunos e 
professores são avaliados por aquilo que conseguiram acumular de conhecimento 
a partir do seu enquadramento nos saberes estabelecidos. 
A lógica doensino encaminha a relação ensinar/aprender para uma 
função: ensinar é transmitir as verdadeiras representações sobre aquilo que os 
filósofos disseram e aprender é compreender aquilo que foi explicado. Ainda, é 
preciso fazer uma correlação entre a explicação do professor e o que se encontra 
nas obras filosóficas para, posteriormente, repetir de modo claro e distinto aquilo 
que se aprendeu.
O professor de filosofia, muitas vezes pressionado pelas situações 
adversas, torna-se refém da mesma lógica da explicação ao acreditar que a única 
saída para se ensinar minimamente a filosofia é a transmissão, ou seja, explicar ao 
aluno aquilo que conhece da filosofia. Existe implícita a crença de que aquele que 
explica é o detentor dos conhecimentos filosóficos necessários. 
Com determinado tipo de “ensino”, estar-se-ia privilegiando a transmissão 
de um tipo de conhecimento que, pretendendo-se filosófico, é marcado por um 
“saber técnico” e cujo objetivo é ensinar a reconhecer a forma e o conteúdo de um 
determinado pensamento.
 
No ato de “aprender”, a relação entre o aluno e o texto filosófico ocorre 
mediante um processo de mediação da aprendizagem que reside na explicação 
apresentada pelo professor como a forma legítima de captar a verdadeira 
significação das ideias que constituem o texto.
 
A explicação se tornou um meio de “formar filosoficamente” os alunos: 
explica-se a história da filosofia, os sistemas filosóficos, o que é ser crítico em 
relação a eles e ao mundo. Enfim, explica-se o que é pensar filosoficamente. 
Assim, ensinar a filosofia, muitas vezes, restringe-se a uma explicação, oferecida 
pelo professor, do pensamento filosófico e de sua história.
 
UNIDADE 3 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA
144
O papel do professor de filosofia passou a ser o de um explicador do modo 
como os filósofos produziram determinado pensamento, das suas filiações teóricas, 
de seus vínculos com aqueles que o antecederam, dos pontos problemáticos que 
pretendiam resolver e do modo como responderam aos problemas. 
Segundo Rancière, a lógica da explicação foi ganhando espaço por estar 
amparada pelo argumento de que os professores conscientes têm como “grande 
tarefa” transmitir seus conhecimentos aos alunos. A lógica traz como objetivo 
conduzir os alunos e elevá-los para a condição de conhecedores.
Assim, o professor teria como função ser o mediador entre o filósofo (texto 
filosófico) e o aluno, objetivando romper a barreira que, supostamente, existe 
entre aquilo que o aluno leu nos livros de filosofia e as falhas na compreensão 
que ele possa ter tido em sua leitura. O papel do professor, no contexto, é garantir 
que se compreenda aquilo que supostamente é necessário. 
FONTE: GELAMO, Rodrigo Pelloso. O ensino da filosofia no limiar da contemporaneidade: o 
que faz o filósofo quando seu ofício é ser professor de filosofia? 1. ed. São Paulo: UNESP, 2009. 
Disponível em: <http://books.scielo.org/id/hd5d8/pdf/gelamo-9788598605951.pdf>. Acesso em: 
16 ago. 2018.
145
Neste tópico, você aprendeu que:
• A filosofia está presente quando pensamos, tomamos ações, enxergamos ou 
sentimos em nossas vidas.
• O principal objeto da filosofia é o ser humano.
• Nos dias atuais, o estudo filosófico sofre preconceitos em relação à utilidade e 
aos objetivos.
• O conhecimento filosófico tem por finalidade alimentar o pensamento, instigar 
uma posição questionadora nos cidadãos.
• É preciso resgatar o hábito de filosofar, de pensar nossas ações, questioná-las. 
A filosofia expande a mente da sociedade, faz com que avance, evolua.
• O que se denomina como filosofia moderna teve início no século XV, juntamente 
com o nascimento da Idade Moderna.
• Fundada nos métodos de experimento, a filosofia moderna aparece para 
questionar os valores pertinentes aos seres humanos e também a relação deles 
com a natureza.
• A filosofia continua sendo confortante e acolhedora para aqueles que possuem 
intenção de autoconhecimento.
RESUMO DO TÓPICO 4
146
AUTOATIVIDADE
1 Cite três características da filosofia moderna e explique.
2 Qual o papel dos filósofos no mundo contemporâneo?
147
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Vida e obra. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia – uma defesa das regras do jogo. 2. 
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política I. 
Brasília: Editora UNB, 1998.
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2000.
BRANDÃO, Lucas. A herança de Karl Marx e Friedrich Engels. 2017. 
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marx-e-friedrich-engels/>. Acesso em: 9 jul. 2018.
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2000.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 5. ed. São Paulo: Editora Ática, 1995.
______. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2010.
______. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2018.
DALARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. 2. ed. São 
Paulo: Saraiva, 1998.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins 
Fontes, 1995.
FILHO, Cyro de B. Rezende; NETO, Isnard de A. Câmara. A evolução do 
conceito de cidadania. 2001. Disponível em <http://site.unitau.br/scripts/prppg/
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