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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE Wellington Rodrigues da Silva Centro de Referência em Educação a Distância INSTITUTO FEDERAL Mato Grosso do Sul Cread Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul Reitoria Elaine Borges Monteiro Cassiano Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distân- cia (Cread) Direção do Cread Marcio Jose Rodrigues Amorim Coordenação de Educação a Distância Andre Kioshi da Silva Nakamura Coordenação de Recursos Didáticos Mario Angelo Werdemberg dos Santos Projeto Gráfico e Diagramação Viviane Naomi Kay dos Reis Diretoria Executiva da Reitoria (Diret) Direção da Diret Fernando Silveira Alves Revisão de Texto Emerson Ribeiro da Silva do Nascimento Elaboração do Conteúdo Wellington Rodrigues da Silva INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE Wellington Rodrigues da Silva IFMS 2020 SILVA, Wellington Rodrigues da. In- trodução à Contabilidade. Welling- ton Rodrigues da Silva. Campo Gran- de: IFMS, 2020. 38 p. Introdução à Contabilidade 5 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Indicação de Ícones Atenção! DicaFique de Olho Guarde Bem Isto Link Leitura Complementar Vídeo/Áudio Para Refletir... Download Você Sabia? Saiba Mais Subseções de Estudo Revisando... GlossárioObjetivos de Aprendizagem Exercícios de Fixação Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 6 Introdução à Contabilidade Introdução à Contabilidade 7 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Sumário Apresentação da Unidade Curricular ..................................................... 9 Currículo do Professor.............................................................................. 11 Palavras do Professor ............................................................................... 11 Seção 1 - Conceitos Introdutórios ........................................................... 13 1.1 Pessoas e interessados nas Informações Contábeis ......................................... 13 1.2 Finalidade de uso da informação contábil .......................................................... 14 Seção 2 - Estática patrimonial e o Balanço Patrimonial ....................... 17 2.1 Ativo ......................................................................................................................... 19 2.2 Passivo ..................................................................................................................... 19 2.3 Patrimônio Líquido (PL) ......................................................................................... 19 Seção 3 - Demonstração do Fluxo de Caixa............................................ 21 3.1 Conceitos Básicos ................................................................................................... 21 3.2 Método Direto ......................................................................................................... 22 3.3 Estrutura do Fluxo de Caixa Direto ...................................................................... 22 3.4 Exemplo ................................................................................................................... 23 Seção 4 - Margem de Contribuição e Ponto de Equilíbrio .................... 25 4.1 Margem de Contribuição ....................................................................................... 25 4.2 Ponto de Equilíbrio ................................................................................................. 27 4.3 Fórmulas .................................................................................................................. 29 4.4 Exemplo ................................................................................................................... 29 Seção 5 - Contabilidade de Custos .......................................................... 31 5.1 Breve introdução à Contabilidade de Custos ..................................................... 31 5.2 Objetivos da Contabilidade de Custos ................................................................. 32 5.3 Gasto, Desembolso, Investimento, Custo, Despesa e Perda ............................ 32 Referências ................................................................................................ 35 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 8 Introdução à Contabilidade Introdução à Contabilidade 9 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Apresentação da Unidade Curricular Prezado estudante, antes de começar nossos estudos sobre Introdu-ção à Contabilidade, gostaria de pontuar como o livro está estrutu-rado para facilitar a sua compreensão e aprendizado desse tema. Começaremos nossos estudos fazendo uma breve introdução sobre al- guns conceitos. Em seguida, explicaremos a estática patrimonial e o Ba- lanço Patrimonial. Depois, falaremos sobre a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). Posteriormente, estudaremos Margem de Contribuição e Ponto de Equilíbrio. Por fim, faremos uma breve introdução sobre a Contabilidade de Custos. Professor Me. Wellington Rodrigues da Silva Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 10 Introdução à Contabilidade Introdução à Contabilidade 11 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Palavras do Professor Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa) Na vida as únicas relações que importam são as relações de amor . (Inspirado em John Nash, 1994 na cerimônia de recebimento do Prêmio Nobel de Economia) “Não há como pensar em uma sociedade desenvolvida sem que as pessoas pensem coletivamente, sem que elas tenham consciência coletiva de seus atos.” (Wellington Rodrigues da Silva) Currículo do Professor Wellington Rodrigues da Silva Mestre em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Trainee e Auditor pela Ernst & Young (EY). Administrador na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Professor do Ins- tituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS), no Campus Dourados. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0343392938332790 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 12 Introdução à Contabilidade Introdução à Contabilidade 13 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Seção 1 - Conceitos Introdutórios A Contabilidade, assim como a Administração e a Economia, é uma ciência social aplicada. Dentre as principais preocupações da Contabilidade, podemos destacar: captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, fi- nanceiras e econômicas de qualquer ente. Esses entes podem ser pes- soas físicas, entidades de finalidades não lucrativas, empresa, pessoa de Direito Público (Estado, Município, União, Autarquia etc). Observe que o campo de atuação da Contabilidade é bem amplo (IUDÍCI- BUS et al., 2010). 1.1 Pessoas e interessados nas Informações Contábeis Um dos grupos de interesse nas informações contábeis são os sócios, acionistas e proprietários. Esse grupo se interessa, primordialmente, pela rentabilidade e pela segurança dos seus investimentos, sendo que, muitas vezes, esse grupo se mantém afastado da direção das empresas, Objetivos de Aprendizagem • Conhecer os conceitos básicos da contabilidade. • Entender a importância na área da gestão. Subseções de Estudo 1.1 Pessoas e interessados nas informações Contábeis 1.2 Finalidade do uso da informação contábil Nesta seção, será apresentada uma breve introdução sobreos conceitos básicos da Contabilidade e sua importância na área da gestão. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 14 Introdução à Contabilidade com isso, necessitam de informações resumidas que deem respostas claras e concisas a suas perguntas (IUDÍCIBUS et al., 2010). Outro grupo de interesse são os administradores, diretores e exe- cutivos. São essas pessoas os responsáveis pela tomada de decisão nas instituições que trabalham. Os bancos e os emprestadores de dinheiro também se interessam pelas informações contábeis, eles buscam saber sobre a rentabilidade e a segurança de retorno dos seus investimentos (IUDÍCIBUS et al., 2010). Adivinhe qual outro grupo se interessa pelas informações contá- beis... O governo! O governo tem interesse duplo nas informações contábeis. Primeiramente, usa essas informações para cobrar impos- tos; em segundo lugar, podem-se fazer análises globais ou setoriais de nossa economia, podendo fornecer bases para análises econômicas. Por último, as pessoas físicas. A Contabilidade também ajuda no con- trole dos patrimônios individuais, sendo que pode ajudar no controle, ordem e equilíbrio de seus orçamentos domésticos (IUDÍCIBUS et al., 2010). 1.2 Finalidade de uso da informação contábil As informações podem ser usadas para planejamento, controle e auxílio nos processos decisórios (IUDÍCIBUS et al., 2010). O plane- jamento é um processo desenvolvido visando a alcançar determina- dos objetivos. O controle é o processo pela qual a administração verifica se a organização está agindo de acordo com os planos e políticas traçadas anteriormente (IUDÍCIBUS et al., 2010). Outra finalidade é o auxílio no processo decisório. Esse processo pode ser definido como o conjunto de ações que busca alcançar os objetivos desejados que foram definidos pelo planejamento (IUDÍCI- BUS et al., 2010). Introdução à Contabilidade 15 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Revisando... Nesta aula, vimos uma breve introdução sobre os conceitos ini- ciais da Contabilidade, as pessoas e os interessados na infor- mação contábil e a finalidade da informação contábil. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 16 Introdução à Contabilidade Introdução à Contabilidade 17 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Seção 2 - Estática patrimonial e o Balanço Patrimonial Vamos começar falando do Princípio da Entidade que, basicamen- te, é a separação entre o patrimônio da empresa e o patrimônio dos proprietários. Ou seja, separação entre a empresa e os proprietários. É provável que você conheça alguém que confunde o patrimônio dele com o da empresa, ou o caixa da empresa com seu caixa pessoal, ou que usa o caixa da empresa para pagar contas pessoais. É necessário separar as coisas para que se tenha clareza da situação patrimonial e financeira da empresa. Uma das mais importantes demonstrações financeiras e contábil é o Balanço Patrimonial (BP). Por meio dele, conseguimos apurar a situação patrimonial e financeira de uma entidade em um determina- do momento, de acordo com certas regras. O BP mostra os ativos, os passivos e o Patrimônio Líquido (PL) da entidade (IUDÍCIBUS et Objetivos de Aprendizagem • Conhecer o Balanço Patrimonial (BP). • Conhecer os elementos que compõem o BP. Subseções de Estudo 2.1 Ativo 2.2 Passivo 2.3 Patrimônio Líquido (PL) Nesta seção, será apresentada, brevemente, a importância do Princípio da Entidade, o Balanço Patrimonia (BP), sua estrutura e seus elementos constitutivos. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 18 Introdução à Contabilidade al., 2010). O BP mostra uma “imagem” da situação patrimonial da empresa em um determinado momento. Vamos colocar um modelo de BP bem simples: Tabela 1.1 Empresa AB – Balanço Patrimonial (BP) em 31 -12-2019 Ativo R$ Passivo e Patrimônio Líquido (PL) R$ Caixa 10.000 Contas a Pagar 20.000 Bancos 20.000 Fornecedores 50.000 Contas a receber 10.000 Total do Passivo 70.000 Clientes 20.000 Patrimônio Líquido (PL) R$ Estoques 10.000 Capital 60.000 Terrenos 50.000 Lucros Acumulados 20.000 Veículos 30.000 Total do PL 80.000 Total 150.000 Total do Passivo + PL 150.000 Como você pode observar, o total dos dois lados é igual, ou seja, ativo é igual ao passivo mais PL (Ativo = Passivo + PL), essa equação é conhecida como equação fundamental do patrimônio. Agora vamos colocar um exemplo de BP para as suas finanças pessoais: Tabela 1.2 Alice – Balanço Patrimonial em 31-12-2019 Ativo R$ Passivo e Patrimônio Líquido (PL) R$ Conta-Corrente 10.000 Saldo do cartão de crédito 5.000 Conta Poupança 20.000 Contas diversas 30.000 Fundos de Investimentos de renda fixa 25.000 Contas médicas 5.000 Fundo de Investimento em ações 30.000 Empréstimo pessoal 50.000 Fundo de Investimento Imobiliário 40.000 Financiamento do carro 70.000 Móveis 50.000 Financiamento da casa 200.000 Automóveis 70.000 Total do Passivo 360.000 Imóveis 200.000 PL 85.000 Total dos bens Pessoais 445.000 Total do Passivo + PL 445.000 Introdução à Contabilidade 19 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Como podem observar, no BP acima, podemos usar o BP para a nossa vida pessoal e ter uma imagem da nossa situação patrimonial em determinado momento. 2.1 Ativo Os ativos, de forma simples, representam os bens e diretos da en- tidade. Todos os elementos que compõem o Ativo, por convenção, ficam no lado esquerdo do BP (IUDÍCIBUS et al., 2010). 2.2 Passivo O Passivo, basicamente, são as obrigações a pagar, ou seja, o quan- to a empresa deve a terceiros. Todos os elementos do passivo estão do lado direito do BP (IUDÍCIBUS et al., 2010). 2.3 Patrimônio Líquido (PL) O PL é a diferença entre o valor do Ativo e do Passivo. Como no BP acima (150.000-70.000 = R$ 80.000). O PL pode ser derivado do investimento dos sócios e dos lucros (IUDÍCIBUS et al., 2010). Revisando... Nesta aula, vimos uma breve introdução sobre: • Balanço Patrimonial (BP). • Ativo. • Passivo. • Patrimônio Líquido (PL). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 20 Introdução à Contabilidade Introdução à Contabilidade 21 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Seção 3 - Demonstração do Fluxo de Caixa 3.1 Conceitos Básicos Há grandes movimentações de caixa que não correspondem a re- ceitas e despesas, como o dinheiro emprestado, pagamentos de dívi- das, venda de ativos usados etc. (IUDÍCIBUS et al., 2010). Nesse sentido, a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), geral- mente, vem apresentada com três grandes subdivisões: fluxo de caixa das atividades operacionais, das atividades de investimento e das ativi- dades de financiamento (IUDÍCIBUS et al., 2010). Fluxo de caixa operacional (FCO): “É o fluxo de caixa que ela gera a partir de suas operações regulares – produção e venda de bens e ser- viços” (GITMAN, 2010, p. 102). Objetivos de Aprendizagem • Entender o que é um fluxo de caixa e sua estrutura por meio do método direto. • Entender a noção básica de uma projeção de vendas. Subseções de Estudo 3.1 Conceitos Básicos 3.2 Método Direto 3.3 Estrutura do Fluxo de Caixa Direto 3.4 Exemplo Nesta seção, serão apresentados conceitos e exemplos sobre: fluxo de caixa e projeção de vendas, Fluxo de Caixa pelo Método Direto, Estru- tura do Fluxo de Caixa Direto, exemplo de um fluxo de caixa e de uma projeção de vendas. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 22 Introdução à Contabilidade Orçamento de caixa (projeção de caixa): “É uma demonstração das entradas e saídas de caixa previstas da empresa. Serve para estimar as necessidades de caixa no curto prazo, dando especial atenção ao pla- nejamento de superávits e déficits de caixa (GITMAN, 2010, p. 108). Mas qual a importância do planejamentode um fluxo de caixa, seja na vida pessoal ou para uma empresa? O planejamento do fluxo de caixa permite que nós tenhamos mais clareza das entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo e, com isso, seja possível visualizar se a empresa, ou a pessoa, vai ter proble- mas financeiros ou sobras de caixa em determinado momento. Um exemplo é nossa vida pessoal. Você quer viajar no final do ano, mas não planejou seu fluxo de caixa, chega ao final do ano e percebe que não tem caixa para isso. Se você tivesse se planejado, já visualizaria quanto precisaria de ter economizado para sobrar caixa para a viagem de final de ano. Com isso, eu deixo a seguinte pergunta: Você tem planejado o seu fluxo de caixa? 3.2 Método Direto Falaremos do Método Direto. Nesse método, o fluxo de caixa é muito utilizado como instrumento de trabalho. É uma forma de se es- truturar a DFC, na qual são registradas as entradas e saídas de dinhei- ro (recursos) da empresa. Sua organização pode ser diária, semanal, ou mensal, dependendo da necessidade e escolha de quem elabora e faz seu uso (REIS, 2019). 3.3 Estrutura do Fluxo de Caixa Direto Nessa metodologia, é preciso demonstrar de onde vem e para onde vai cada recurso. Para isso, utilizam-se os registros de entradas e saídas do caixa e dos equivalentes de caixa. Então, em geral, ele é composto por (REIS, 2019): • Saldo inicial de caixa; • Recebimentos; • Pagamentos; • Saldo operacional de caixa; • Saldo final de caixa. Introdução à Contabilidade 23 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread 3.4 Exemplo Segue abaixo um exemplo de uma pequena projeção de vendas e de um fluxo de caixa: Tabela 3.1 Período janeiro fevereiro março abril maio junho Projeção de Vendas em R$ 10.000,00 15.000,00 25.000,00 22.000,00 27.000,00 17.000,00 Vendas a vista (20%) 2.000,00 3.000,00 5.000,00 4.400,00 5.400,00 3.400,00 30 dias (50%) 0,00 5.000,00 7.500,00 12.500,00 11.000,00 13.500,00 60 dias (30%) 0,00 0,00 3.000,00 4.500,00 7.500,00 6.600,00 Total dos Recebimentos 2.000,00 8.000,00 15.500,00 21.400,00 23.900,00 23.500,00 Tabela 3.2 Fluxo de Caixa Período janeiro fevereiro março abril maio junho Saldo Inicial de Caixa 1.000,00 0,00 -2.000,00 -6.500,00 -100,00 10.800,00 Recebimentos 2.000,00 8.000,00 15.500,00 21.400,00 23.900,00 23.500,00 Pagamentos 3.000,00 10.000,00 20.000,00 15.000,00 13.000,00 23.000,00 Saldo operacional de Caixa -1.000,00 -2.000,00 -4.500,00 6.400,00 10.900,00 500,00 Saldo final de Caixa 0,00 -2.000,00 -6.500,00 -100,00 10.800,00 11.300,00 Revisando... Nesta aula, vimos uma introdução sobre: • Conceitos básicos sobre fluxo de caixa e orçamento de caixa; • Método Direto do fluxo de caixa; • Estrutura do Fluxo de Caixa Direto; • Exemplo de uma pequena projeção de vendas e de um fluxo de caixa. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 24 Introdução à Contabilidade Introdução à Contabilidade 25 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Seção 4 - Margem de Contribuição e Ponto de Equilíbrio 4.1 Margem de Contribuição A margem de contribuição é calculada pela diferença entre a recei- ta e os custos variáveis. Dessa forma, podemos afirmar que ela é a dife- rença entre o preço de venda do produto e/ou serviço e suas despesas variáveis (NAKAMURA; LOPES, 2019). Ela é a relação entre custo, volume e lucro (CVL) (SANTOS et al., 2019). Antes de continuarmos a fala da margem de contribuição, é im- portante entender alguns conceitos básicos. A primeira coisa que precisa ser entendida é a diferença entre custos e despesas. Já parou para pensar que custos e despesas de uma empresa não são exatamente a mesma coisa? Pode soar um pouco estranho a princípio, mas a Contabilidade separa custos e despesas. Objetivos de Aprendizagem • Entender o que é Margem de Contribuição. • Entender o que é Ponto de Equilíbrio (Ponto de Equilíbrio Opera- cional) e como fazer seu cálculo. Subseções de Estudo 4.1 Margem de Contribuição 4.2 Ponto de Equilíbrio 4.3 Fórmulas 4.4 Exemplo Nesta seção, será apresentado conceitos e exemplos sobre: Margem de Contribuição e Ponto de Equilíbrio Operacional. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 26 Introdução à Contabilidade Os custos estão ligados diretamente à atividade-fim da empresa (matéria-prima, as mercadorias compradas para revenda e os salários dos trabalhadores de uma linha de produção) (DICIONÁRIO FI- NANCEIRO, 2020). As despesas estão ligadas aos gastos administrativos e os gastos re- lacionados com a atividade de venda do produto, podemos citar as comissões dos vendedores, a publicidade e os salários dos funcionários de escritório (DICIONÁRIO FINANCEIRO, 2020). Outro conceito importante é o preço de venda que, basicamente, é o preço que a empresa vende seu produto e/ou serviço. O preço de venda é uma parte importante no processo de venda de um produto, pois, por meio desse processo, a empresa poderá ter sucesso ou prejuízo com seus produtos e serviços. Para se estabele- cer o preço de venda do produto, é importante calcular os custos da compra ou produção e, paralelamente a isso, pesquisar o valor que os consumidores estão dispostos a pagar pelo mesmo; além de pesquisar o preço dos concorrentes (CONTA AZUL, 2019). Dito isso, vamos à fórmula de cálculo da margem de contribuição (TÓFOLI, 2012 apud (NAKAMURA; LOPES, 2019): MC = P – CV – DV Na qual: MC = margem de contribuição P = preço de venda do produto CV = custo variável do produto DV = despesa variável incorrida pela venda do produto Ainda segundo o autor, há a margem de contribuição total (MCT), que considera, em sua fórmula, os mesmos valores da unitária, porém, expressos em valores totais, da seguinte forma: MCT = R – CV – DV Introdução à Contabilidade 27 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Na qual: MCT = margem de contribuição total R = receita total CV = custo variável total DV = despesa variável Com base no exposto, segue um exemplo: Tabela 4.1 Produtos Bolos Salgados Doces Preço Unitário de Venda em R$ 15,00 5,00 4,00 Custos Variáveis Unitário em R$ 9,00 2,00 2,00 Margem de Contribuição em R$ 6,00 3,00 2,00 Observem que a Margem de Contribuição é o que sobra pra con- tribuir para a cobertura dos demais custos (como os custos fixos) e, posteriormente, para apurar se a empresa terá lucro ou prejuízo. 4.2 Ponto de Equilíbrio Vamos apresentar alguns conceitos iniciais. Ponto de Equilíbrio Operacional: “É o nível de vendas necessá- rio para cobrir todos os custos operacionais. Nesse ponto, o lucro an- tes dos juros e imposto de renda (LAJIR) é R$ 0 (zero)” (GITMAN, 2010, p. 469). Deve-se classificar o Custo da Mercadoria Vendida (CMV), os cus- tos fixos e os custos variáveis (GITMAN, 2010). Vou apresentar a você, de forma simplificada, uma Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). De forma simples, podemos dizer que a DRE apresenta o confronto entre as receitas, os custos e as des- pesas. Com isso, ela apura o resultado da empresa em um determi- nado período, ou seja, se a empresa obteve lucro ou prejuízo naquele período. Para fins legais, usa-se o princípio contábil do Regime de Competência (não vamos nos aprofundar sobre esse regime). Lucro Operacional (ENDEAVOR, 2017) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 28 Introdução à Contabilidade Lucro operacional = Lucro Bruto – Despesas Operacionais + Recei- tas Operacionais Mas, para que você entenda como chegamos nesse cálculo final, vale relembrar a sua estrutura até o cálculo propriamente dito: • Receita Operacional Bruta • (-) Deduções da Receita Bruta • Devoluções de Vendas • Descontos sobre Vendas • Impostos diretos sobre Vendas (ICMS, PIS/ COFINS, ISS) • (=) Receita Operacional Líquida • (-) Custos da Mercadoria Vendida ou Serviços Prestados • (=) Lucro Operacional Bruto • (-) Despesas Operacionais• Despesas Comerciais • Despesas Administrativas • Despesas Operacionais • (+) Receitas Operacionais • (=) Lucro operacional Líquido Os custos fixos geralmente são em função do tempo (reais por período), e não do volume de vendas (aluguel, por exemplo) (GIT- MAN, 2010). Os custos variáveis geralmente variam diretamente com a venda em função do volume (reais por unidade), mas não do tempo (custos de transporte, por exemplo) (GITMAN, 2010). Quando os custos fixos são variáveis e os variáveis são fixos? Unita- riamente. Vamos pensar um pouco. Você paga aluguel de R$ 1.000,00. Se você morar sozinho o custo será de R$ 1.000,00, se alguém for morar com você e dividir por duas pessoas o custo será de R$ 500,00, se três pessoas forem morar com você e vocês dividirem por quatro pessoas o custo unitário será de R$ 250,00. Observem que o custo total do aluguel não muda (é um custo Introdução à Contabilidade 29 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread fixo), mas, à medida que você divide com mais pessoas, ele diminui unitariamente, ou seja, unitariamente, ele pode mudar. Agora vamos pensar no caso do custo variável. Uma passagem (ida e volta) que você compra para um funcionário fazer treinamento cus- ta R$ 100,00. Se dois forem fazer treinamento, serão duas passagens (ida e volta) que custarão R$ 200,00. Observe que o custo unitário não muda, será R$ 100,00 (ida e volta), porém, o custo total aumenta de acordo com a quantidade de passagens compradas, ou seja, unita- riamente, o valor das passagens é o mesmo, entretanto, o valor total muda de acordo com a quantidade. Unitariamente, ele é fixo, mas muda de acordo com a quantidade demandada. 4.3 Fórmulas Seguem as fórmulas (GITMAN, 2010). P = preço unitário de venda Q = quantidade de unidades vendidas CF = custo operacional fixo por período CV = custo operacional variável por unidade LAJIR = (P x Q) - CF - (CV x Q) LAJIR = Q x (P - CV) - CF Q = CF/(P - CV) RV = Receita de Vendas CV% = Custos operacionais variáveis totais como porcentagem do total de vendas RV = CF/(1 – CV%) 4.4 Exemplo Segue, abaixo, um exemplo do cálculo do Ponto de Equilíbrio Operacional (GITMAN, 2010). Vamos pensar que você tenha uma empresa que vende bolos. Os Custos Operacionais Fixos são de R$ 2.500,00 (aluguel, dentre outros). Você vende seus bolos por R$ 10,00 (cada um). Você gasta R$ 5,00 para produzir cada unidade de bolo. Seguem os dados abaixo: • Custos Operacionais Fixos = R$ 2.500 • Preço Unitário de Venda = R$ 10,00 • Custo Operacional Variável Unitário R$ 5,00 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 30 Introdução à Contabilidade • Q = CF/(P - CV) • Q = 2.500/(10 - 5) • Q = 2.500/5 • Q = 500 unidades • RV = CF/(1 – CV%) • RV = 2.500/(1 – 0,5) • RV = 2.500/0,5 • RV = R$ 5.000 O que a fórmula mostra é que você terá de vender, no mínimo, 500 unidades de bolo para cobrir os seus custos fixos, ou seja, se ven- der menos que 500 unidades, que gera R$ 5.000,00 em receita de vendas, você não irá faturar nem para cobrir os custos fixos da empre- sa de vocês, o que vai gerar um prejuízo operacional. Se vender mais de 500 unidades (mais de R$ 5.000,00) você terá lucro operacional. Com a venda das 500 unidades (R$ 5.000,00), você não terá nem lucro e nem prejuízo operacional, ficará no “zero a zero”. Só para você conhecer, além das despesas operacionais, a empresa pode ter despesas financeiras (como o pagamento de empréstimos), mas não entraremos nessa discussão aqui. Revisando... Nesta aula, vimos uma introdução sobre: • Margem de Contribuição. • Ponto de Equilíbrio. Introdução à Contabilidade 31 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Seção 5 - Contabilidade de Custos 5.1 Breve introdução à Contabilidade de Custos A Contabilidade Financeira é a parte do sistema contábil voltada para prover informações aos usuários externos, razão pela qual é dire- cionada por princípios e normas de contabilidade, e utiliza o método das partidas dobradas para o registro de suas operações (SANTOS, 2018). A Contabilidade Gerencial mensura e relata informações fi- nanceiras e demais informações que ajudam os gestores a atingir metas organizacionais e preocupa-se às informações para os usuários inter- nos da entidade (SANTOS, 2018). A Contabilidade de Custos fornece informações para a Contabi- lidade Financeira e Gerencial (SANTOS, 2018). Quando mensura e avalia os custos de acordo com as Normas de Contabilidade, ela é usada para cumprir o objetivo da Contabilidade Financeira, porém, quando usada internamente por meio do fornecimento de informa- Objetivos de Aprendizagem • Entender os objetivos da Contabilidade de Custos. • Entender o que é gasto, desembolso, investimento, custo, despe- sa e perda Subseções de Estudo 5.1 Breve introdução à Contabilidade de Custos 5.2 Objetivos da Contabilidade de Custos 5.3 Gasto, Desembolso, Investimento, Custo, Despesa e Perda Nesta seção, serão apresentados conceitos sobre: Contabilidade de Custos, Objetivos da Contabilidade de Custos, gasto, desembolso, inves- timento, custo, despesa e perda. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 32 Introdução à Contabilidade ções de custos sobre produtos, clientes, serviços, projetos, processos, atividades e outros, atende os objetivos de custeio para a Contabili- dade Gerencial, exercendo papel no processo de tomada de decisão (SANTOS, 2018). Como podemos ver pelo exposto acima, a Contabilidade Finan- ceira preocupa-se com a apresentação de informações aos usuários ex- ternos, já a Gerencial preocupa-se com a apresentação de informações aos usuários internos para tomada de decisão. 5.2 Objetivos da Contabilidade de Custos Podemos destacar três objetivos da Contabilidade de Custos (LIMA, 2014): • Determinação dos Lucros; • Tomada de Decisões; • Controle Operacional. Os objetivos da Contabilidade de Custos não é apenas registrar e interpretar eventos do passado, mas projetar e simular situações futu- ras, visando à tomada de decisões no presente (SANTOS, 2018). Por meio dela, é possível operacionalizar os controles da organização no presente, e planejar o seu futuro (SANTOS, 2018). Ela pode ser usada para mudanças no desempenho organizacional (SANTOS, 2018). 5.3 Gasto, Desembolso, Investimento, Custo, Despesa e Perda Gasto: compra de um produto ou serviço qualquer, gerando de- sembolso financeiro para a entidade. Exemplo: compra de matérias -primas, gastos com mão de obra, etc. (MARTINS, 2003). Desembolso: pagamento que resulta da aquisição de bens e/ou serviços. Pode ocorrer antes, durante ou após o que foi comprado, portanto defasada ou não do momento do gasto (MARTINS, 2003). Investimento: são os gastos para a aquisição de bens e serviços. Re- presenta a aplicação de recursos em ativos. Busca-se empregar recursos com a finalidade de obtenção, direta ou indiretamente, de um lucro imediato ou futuro (SANTOS, 2018). Introdução à Contabilidade 33 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Custo: são os gastos com bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços (MARTINS, 2003). Como já dito, está ligado diretamente à atividade-fim da empresa. Despesa: bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas (MARTINS, 2003). Como já dito, estão ligadas aos gastos administrativos e aos gastos relacionados com a ati- vidade de venda do produto. Perda: são os bens ou serviços consumidos de forma anormal e in- voluntária. Não se pode confundir com a despesa e nem com o custo, pela característica de anormalidade e involuntariedade; não é um sa- crifício feito com o propósito de obtenção de receitas. Exemplo: gasto com mão de obra durante uma greve, perdas com incêndios, estoques obsoletos etc. (MARTINS, 2003). Podemos fazer uma breve reflexão das possíveis perdas que as empresas tiveram por conta da pandemiaCovid-19, pois é uma situação de anormalidade até então. Não vou me alongar mais nesse tema, porém, há muito a ser estu- dado sobre a Contabilidade de Custos. Quem tiver interesse pode ler um livro específico sobre a matéria. Revisando... Nesta aula, vimos uma introdução sobre: • Contabilidade de Custos. • Objetivos da Contabilidade de Custos. • Gasto, Desembolso, Investimento, Custo, Despesa e Perda. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS 34 Introdução à Contabilidade Introdução à Contabilidade 35 Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância - Cread Referências AUXILIUM, C. U. C. S., de Ciências Contábeis, C., NAKAMURA, A. K., & LOPES, D. C. J. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO: ES- TUDO DE CASO NOS DEPARTAMENTOS DO SUPERMER- CADO CASTILHO. DICIONÁRIO FINANCEIRO. Qual a diferença entre cus- to e despesa? Disponível em: https://www.dicionariofinanceiro. com/custo-e-despesa/#:~:text=Custos%20e%20despesas%20s%- C3%A3o%20pagamentos,atividade%2Dfim%20de%20uma%20 empresa. Acessado em 18 de agosto de 2020. DOS SANTOS, T. R. et al. Precificação e a relação com a margem de contribuição nas decisões gerenciais: um estudo de caso. Revista Brasileira de Administração Científica, v. 10, n. 1, p. 89-100, 2019. ENDEAVOR. Lucro operacional: o que é e como calcular? Dispo- nível em: https://endeavor.org.br/uncategorized/lucro-operacional/. Acessado em 18 de julho de 2020. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12.ed. São Paulo: Pearson, 2010. IUDÍCIBUS, S. D. Contabilidade introdutória. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2010. LIMA, E. B. Contabilidade de custos. Rio de Janeiro: Conselho Re- gional de Contabilidade do Rio de Janeiro, 2014. MARTINS, E. et al. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2003. 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