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Tanatologia Médico-Legal Parte da medicina legal que estuda a morte e o morto. Morte circulatória (CFM) – parada definitiva da atividade do coração Morte encefálica (CFM)- parada total e irreversível das atividades encefálicas CASO CLÍNICO: FDT, 30 anos, vítima de TCE por instrumento contundente. Chegou ao PS instável, entrou em PCR, realizada RCP dentro dos padrões do ACLS, retorna a ritmo sinusal, encaminhado à UTI para cuidados pós PCR. Não recobra consciência num período >24 horas. Acionado protocolo de diagnóstico de morte encefálica. Causa conhecida de ME - tempo de obs 1. Fatores de confusão - identificar e tratar 1. Metabólicos 2. Temperatura 3. Drogas 4. Hemodinâmica 2. Dois exames clínicos 1. ECG 2. Reflexos supraespinhais 1. Dor 2. R. pupilar 3. R. córneo palpebral 4. R. óculo cefálico*** 5. R. vestíbulo coclear 6. R. tosse 3. Teste de apneia 4. Exames complementares 1. Arteriografia cerebral 2. Doppler transcraniano 3. Cintilografia cerebral 4. EEG 5. Angiotomografia CRITÉRIOS ATUAIS PARA DIAGNÓSTICO DE MORTE Conselho Federal de Medicina Resolução CFM n°2.173/2017 Art. 1º: Os procedimentos para determinação de morte encefálica (ME) devem ser iniciados em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo, ausência de reatividade supraespinhal e apneia persistente, e que atendam a todos os seguintes pré- requisitos: - Presença de lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e capaz de causar morte encefálica; - Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico de morte encefálica; - Tratamento e observação em hospital pelo período mínimo de seis horas. - Temperatura corporal (esofagiana, vesical ou retal) superior a 35°C, saturação arterial de oxigênio acima de 94% e pressão arterial sistólica maior ou igual a 100 mmHg ou pressão arterial média maior ou igual a 65mmHg para adultos Art. 2º: É obrigatória a realização mínima dos seguintes procedimentos para determinação da morte encefálica: - Dois exames clínicos que confirmem coma não perceptivo e ausência de função do tronco encefálico; - Teste de apneia que confirme ausência de movimentos respiratórios após estimulação máxima dos centros respiratórios; - Exame complementar que comprove ausência de atividade encefálica. Art. 3º: O exame clínico deve demonstrar de forma inequívoca a existência das seguintes condições: - Coma não perceptivo; - Ausência de reatividade supraespinal manifestada pela ausência dos reflexos fotomotor, córneo-palpebral, oculocefálico, vestíbulo-calórico e de tosse Art. 4º: O teste de apneia deverá ser realizado uma única vez por um dos médicos responsáveis pelo exame clínico e deverá comprovar ausência de movimentos respiratórios na presença de hipercapnia Teste de apnéia • Ventilação por 10-20 min com O2 a 100% • Colhe-se gasometria arterial (pO2= 100%) • Desconecta-se ventilador com cateter traqueal com O2 a 6 l/min • Espera-se por 10 min e colhe-se nova gasometria • Teste positivo= pCO2 maior que 55mmHg Art. 5º: O exame complementar deve comprovar de forma inequívoca uma das condições: - Ausência de perfusão sanguínea encefálica - Ausência de atividade metabólica encefálica - Ausência de atividade elétrica encefálica. Exames complementares: • Eletroencefalograma • Angiografia cerebral • Doppler transcraniano • Cintilografia, SPECT Cerebral Art. 6º: Na presença de alterações morfológicas ou orgânicas, congênitas ou adquiridas, que impossibilitam a avaliação bilateral dos reflexos fotomotor, córneo- palpebral, oculocefálico ou vestíbulo-calórico, sendo possível o exame em um dos lados e constatada ausência de reflexos do lado sem alterações morfológicas, orgânicas, congênitas ou adquiridas, dar- se-á prosseguimento às demais etapas para determinação de morte encefálica. Art. 7º: As conclusões do exame clínico e o resultado do exame complementar deverão ser registrados pelos médicos examinadores no Termo de Declaração de Morte Encefálica e no prontuário do paciente ao final de cada etapa. Art. 8º: O médico assistente do paciente ou seu substituto deverá esclarecer aos familiares do paciente sobre o processo de diagnóstico de ME e os resultados de cada etapa, registrando no prontuário do paciente essas comunicações. Art. 9º Os médicos que determinaram o diagnóstico de ME ou médicos assistentes ou seus substitutos deverão preencher a declaração de óbito definindo como data e hora da morte aquela que corresponde ao momento da conclusão do último procedimento para determinação da ME. Art. 10º A direção técnica do hospital onde ocorrerá a determinação de ME deverá indicar os médicos especificamente capacitados para realização dos exames clínicos e complementares. Art. 11º Na realização dos procedimentos para determinação de ME deverá ser utilizada a metodologia e as orientações especificadas no anexo I (manual de procedimentos para determinação da morte encefálica), no anexo II (termo de declaração de morte encefálica) e no anexo III (capacitação para determinação em morte encefálica) elaborados e atualizados quando necessários pelo conselho federal de medicina. DIREITOS SOBRE O CADÁVER Direitos do indivíduo • Mesmo direito sobre seu próprio corpo • Pode doar seu corpo para fins didáticos e terapêuticos • Pode exigir necropsia, mas não pode impedi-la em mortes violentas ou suspeitas Direitos da família • A prioridade é dada àqueles a quem a lei assegura a hierarquia de sucessão • A família pode negar a doação de órgãos • A família não pode doar o cadáver para uma instituição de ensino se esta não era a vontade do morto • A necropsia clínica ou científica só poderá ser realizada com consentimento da família • Na mortes violentas, as necropsias só poderão ser realizadas após 6 horas de verificado o óbito* Direitos da sociedade: Progresso científico e na determinação da causa jurídica de morte LEI DOS TRANSPLANTES O transplante é gratuito. Só poderá ser realizado por equipes autorizadas pelo SUS. Na retirada post mortem, o diagnóstico de morte encefálica deve ser constatada por dois médicos diferentes não participantes da equipe de transplante. Todas as pessoas são consideradas doadoras, a não ser que tenham se manifestado, em vida, contrárias a doação. A pessoa pode doar órgãos e tecidos in vivo. É obrigatório notificar o diagnóstico de morte encefálica às centrais de captação e distribuição de órgãos NECROPSIAS CLÍNICAS - Não há regulamentação - Necessita do consentimento da família - Hospitais necessitam de um termo de permissão dos familiares para realização de necropsia Indicações: • Casos sem diagnóstico • Enfermidades raras • Mortes sem explicação • Mortes perinatais ou infantis precoces • Óbitos de origem obstétrica UTILIZAÇÃO DE CADÁVERES NO ENSINO E NA PESQUISA MÉDICA - Pessoa que manifestar vontade em vida - Cadáver não reclamado em trinta dias - A instituição receptora deverá manter dados de identificação do cadáver - Se a morte for de causa violenta ou suspeita não poderá ser doada às instituições de ensino DESTINO DO CADÁVER - Inumação simples: Deve ocorrer entre 24 a 36 horas; Não poderá ocorrer sem certidão de registro de lugar de óbito - Inumação com necropsia - Imersão - Cremação: Manifestação em vida, após necropsia ou competente autorização. Casos de epidemia ou calamidade pública - Peças anatômicas ou partes de cadáver: Não é necessário preenchimento de atestado de óbito; Melhor destino é a incineração. Partes de cadáver - se permite identificação do corpo deve-se expedir o atestado de óbito Declaração de óbito Definição da causa mortis (interesse médico-sanitário). A Resolução CFM nº1.779/2005, em seu Artigo 1º, determina: “ o preenchimento dos dados constantes da DO é da responsabilidade do médico que atestou a morte.” - ato médico Rosa: quem emitiu Amarela: cartórioBranca: Sec. saúde Atestado de Óbito: Deve-se colocar os CID-10. Só podem atestar o óbito: médico assistente, médico substituto, IML ou SVO. Não se pode atestar o óbito por caridade, questão humanitária ou amizade. Não se pode atestar o óbito sem examinar pessoalmente o corpo. Evitar termos como: parada cardíaca, falência de múltiplos órgãos, insuficiência cardio-respiratória. É vedado cobrar remuneração pelo fornecimento do atestado médico. Caso clínico: Paciente diabético não insulino dependente, deu entrada no pronto-socorro às 10:00 com história de vômitos sanguinolentos desde 6:00 da manhã. Desde 8:00 com tonturas e desmaios. Ao exame físico, descorado +++/4+, e PA de 0 mmHg. A família conta que paciente é etilista há 10 anos e que dois anos atrás esteve internado com hematêmese , sendo diagnosticado cirrose hepática e varizes de esôfago após exame endoscópico. Às 12:00 de hoje, apresentou parada cardiorrespiratória e teve o óbito verificado pelo médico plantonista, após o insucesso das manobras de reanimação. Caso Clínico II: Mulher de 27 anos, atendida na emergência às 22h com quadro de queda da pressão arterial, hemoglobina de 7 g/l, volume globular de 28%, dor à palpação de abdome, distensão abdominal e macicez de decúbito. Às 23h, foi encaminhada para laparotomia e recebeu 2 unidades de concentrado de hemácias. Na cirurgia, sofreu parada cardíaca. Durante a laparotomia, constatou-se quadro de gravidez ectópica rota. Caso Clínico III: SNC, 68 anos, portadora de hipertensão arterial sistêmica há 20 anos. Chega ao PA apresentando queixa de dispneia rapidamente progressiva. Evolui com dor no peito de forte intensidade seguida de insuficiência respiratória e PCR. Realizadas manobras de ressuscitação, sem sucesso. Solicito avaliação. o Comoriência: se duas ou mais pessoas morrem na mesma ocasião, não se podendo provar quem faleceu primeiro o Primoriência: quando há condições de provar que uma pessoa morreu antes da outra SERVIÇO DE VERIFICAÇÃO DE ÓBITO (SVO) Identificação da causa da morte em pessoas com morte natural sem assistência médica. Registrar e estimar estatisticamente os tipos de morte natural (com antecedentes patológicos). Responsabilidade das secretarias estaduais e municipais. Podem realizar convênios com Universidades CAUSAS JURÍDICAS DE MORTES Objetivo primordial – definir causa jurídica de morte: homicídio, suicídio ou acidente Aspectos auxiliares no diagnóstico diferencial: • Mecanismo de morte • Lesões externas: lesões de defesa e lesões por luta • Lesões do agressor • Sede dos ferimentos • Direção da ferida • Distância do tiro • Número dos ferimentos • Exame do indiciado • Exame das manchas de sangue • Mudança do local da vítima • Arma usada • Perfil psicológico da vítima EXAME DO LOCAL DE MORTE Deve ser realizado pelo perito em criminalística. “Lugar do legista é o necrotério” Função do legista: • Identificação do morto • Causa mortis • Descrição das lesões • Determinação do tempo de morte • Solicitação de exames subsidiários • Determinação da ação causadora do dano
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