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295 Capítulo 9INSUFICIÊNCIA CARDÍACA O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u Diagnóstico: lembre-se dos critérios de Framingham, eles costumam ser cobrados em provas. u Saber as classificações segundo os sintomas (Classe Funcional da NYHA), progressão da doença (estágios da ACC/AHA), fração de ejeção e determinar a etiologia (isquêmica, hipertensiva, Chagas, entre outros). u Tratamento: saber quais drogas permitem a redução da mortalidade e quais reduzem apenas os sintomas, além das indicações, contraindicações e efeitos colaterais mais comuns dessas medicações. u IC descompensada: saber a classificação do perfil clínico-hemodinâmico e manejo para cada perfil. Nunca se esqueça de buscar e tratar a causa da descompensação. 1. DEFINIÇÃO A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clí- nica caracterizada pela incapacidade do coração de fornecer débito cardíaco (DC) suficiente para atender à demanda metabólica dos tecidos ou pela capacidade de fazê-lo à custa de elevação das pressões de enchimento. Como toda síndrome, a IC é diagnosticada por um conjunto de sinais e sintomas presentes em pacientes com fatores de risco, associado a exames complementares sugestivos da patologia. Portanto, não há nenhum exame que, isoladamente, defina o diagnóstico. Os sintomas apresentados por pacientes com IC são geralmente precedidos por alterações estruturais no miocárdio que causam disfunção sistólica e/ou diastólica. Além do miocárdio, outras estruturas cardíacas podem estar acometidas, como valvas, pericárdio, endocárdio e o sistema de condução elétrico (que leva a taqui ou bradiarritmias). 2. EPIDEMIOLOGIA Estima-se que mais de 23 milhões de pessoas no mundo sejam portadores de IC, e a prevalência da doença aumenta com idade (em maiores de 70 anos pode chegar a 10%). Dados do estudo BREATHE (Brazilian Registry of Acute Heart Failure)1 revelam que, dos pacientes internados por IC descompensada, a idade mediana foi de 64 anos, sendo 40% do sexo masculino. A mortalidade intra-hospitalar no Brasil é bastante elevada (12,6%). Pacientes com diagnóstico de IC têm, reconhecida- mente, mortalidade aumentada em relação à popu- lação geral; as estimativas são de que a sobrevida de pacientes com essa doença seja de 50% em 5 anos e de 10% em 10 anos. Em relação à etiologia, a IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr) é mais comum em homens com antecedente de isquemia coronária, enquanto a IC com fração de ejeção preservada (ICFEp) é mais importância/prevalência Ano_1_Clinica-4.indb 295Ano_1_Clinica-4.indb 295 03/11/2021 09:57:2703/11/2021 09:57:27 Insuficiência cardíaca Cardiologia 296 comum em mulheres idosas, com comorbidades como fibrilação atrial (FA), hipertensão arterial sis- têmica (HAS) e sobrepeso. O prognóstico da ICFEr é pior que a ICFEp, enquanto a IC com fração de ejeção levemente reduzida (ICFElr) é o grupo mais heterogêneo, com características e prognóstico que ficam no meio-termo entre os dois grandes grupos. DICA No Brasil, a principal etiologia de insuficiência cardíaca é a cardiopatia is- quêmica crônica. DIA A DIA MÉDICO O conhecimento da epidemiologia da IC é importante para investigação diagnóstica. Assim, ao deparar-se com um paciente com quadro clínico compatível com insuficiên- cia cardíaca, é mandatória a investigação etiológica. No Brasil, sempre considerar a possibilidade de etiologia isquêmica ou hipertensiva como causa subjacente. Em determinadas regiões do país, como a Bahia e o norte do Paraná, deve-se incluir a miocardiopatia chagásica como uma das causas a ser investigada. 3. FATORES DE RISCO O principal fator de risco no mundo é a doença isquêmica cardíaca, que se desenvolve em pacientes com HAS, diabetes mellitus (DM), dislipidemia, taba- gismo e história familiar de doença cardiovascular. A HAS é outra causa importante (a segunda no mundo), assim como consumo de álcool e exposição a drogas quimioterápicas cardiotóxicas (doxirrubi- cina, ciclofosfamida, trastuzumabe). No Brasil, outras etiologias que não são comuns em países desenvolvidos ainda estão presentes, como doença de Chagas e a valvopatia reumática. Entre as causas com componente genético, a car- diomiopatia dilatada (CMD) idiopática é a mais prevalente. 4. FISIOPATOLOGIA BASES DA MEDICINA Os ventrículos funcionam como uma bomba capaz de deslocar um determinado volume de sangue para a cir- culação. Enquanto o ventrículo direito (VD) impulsiona o sangue para a circulação pulmonar, o ventrículo esquerdo (VE) é responsável pela ejeção sanguínea para a circu- lação sistêmica. Ao analisar os determinantes no desempenho ventricular, três variáveis devem ser consideradas: a pré-carga, a pós- -carga e a contratilidade miocárdica. A pré-carga reflete o retorno venoso e o volume diastólico final, enquanto a pós-carga corresponde à força que se opõe à contra- ção cardíaca (resistência e impedância vascular perifé- rica), determinado pela resistência vascular periférica, complacência da aorta e a resistência da valva aórtica. A contratilidade miocárdica, por sua vez, é a força de contração cardíaca. Estudos marcantes de Frank e Starling estabeleceram a relação entre o volume diastólico final (uma medida da pré-carga) e o desempenho cardíaco. Assume-se, pela Lei de Frank-Starling, que o aumento do volume diastólico final permite o aumento da contratilidade cardíaca. Do ponto de vista celular, há o aumento do comprimento do sarcômero, gerando sobreposição entre os filamentos de actina e miosina, permitindo o aumento da força de contração miocárdica. Contudo, existe um ponto de inflexão desse mecanismo, e a sobrecarga volumétrica excedente leva à perda da capacidade contrátil compen- satória (Figura 1). Dá-se início, então, ao quadro clínico de insuficiência cardíaca. BASES DA MEDICINA Os principais sistemas neuro-hormonais envolvidos na resposta à IC são o sistema nervoso simpático, o sistema renina-angiotensina-aldosterona e o hormônio antidiurético. Outras substâncias vasoativas também são afetadas, incluindo a endotelina vasoconstrictora e os vasodilatadores peptídeo natriurético atrial, peptídeo natriurético cerebral (BNP) e óxido nítrico (NO). Em um primeiro momento, toda a modulação neuro-hormonal é responsável por uma resposta compensatória; porém, com o tempo, é deletéria aos miócitos, perpetuando a apoptose celular e a insuficiência cardíaca. Essas alterações hor- monais contribuem para disfunção sistólica e diastólica. Ano_1_Clinica-4.indb 296Ano_1_Clinica-4.indb 296 03/11/2021 09:57:2703/11/2021 09:57:27 Insuficiência cardíaca Cap . 9 297 Principais determinantes do volume sistólico: u Pré-carga: estiramento das fibras miocárdicas do VE no final da diástole, que tem relação dire- ta com o retorno venoso e o volume diastólico final – VDF (Figura 1). u A contratilidade miocárdica: força gerada pelo miocárdio para uma dada pré-carga (Figura 2). u Pós-carga: resistência durante a ejeção, determi- nada pelo volume ventricular, espessura da pa- rede e resistência vascular sistêmica (Figura 3). Qualquer elemento que prejudique um desses deter- minantes (como a isquemia miocárdica, que reduz contratilidade, ou a HAS, que aumenta a pós-carga) leva a uma redução no volume sistólico, o que leva à ativação de uma cascata neuro-hormonal de compensação: u Sistema nervoso simpático é ativado, levando ao aumento da frequência cardíaca, da contratilida- de e vasoconstrição periférica, que inicialmente aumenta o retorno venoso e a pré-carga. u O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e o hormônio antidiurético (ADH) levam à retenção de água e sódio, aumentando o volume circulan- te e, portanto, a pré-carga e o volume sistólico. Essa resposta compensatória no médio e longo prazo ocasiona diversas alterações patológicas (Figura 4): u Aumento significativo da resistência vascular periférica (pós-carga); u Hipervolemia; u Fibrose e remodelamento cardíaco, que pode ser(Tabela 1): u Concêntrico, por sobrecarga de pressão (como na HAS e estenose aórtica); u Excêntrico, por sobrecarga de volume (como na insuficiência aórtica e mitral). Por fim, isso gera um ciclo vicioso de disfunção sistólica e/ ou diastólica. Figura 1. Mecanismo de Frank-Starling. Como podemos observar no gráfico abaixo, existe uma faixa (em rosa-escuro) de distensão ideal das fibras, onde a tensão desenvolvida é máxima. Se a distensão for aumentando (aumento da pré-carga) ou diminuindo (redução da pré-carga) a partir desse ponto, ocorre diminuição da tensão e queda do desempenho ventricular. Fonte: Zipes et al2. Ano_1_Clinica-4.indb 297Ano_1_Clinica-4.indb 297 03/11/2021 09:57:2803/11/2021 09:57:28 Insuficiência cardíaca Cardiologia 298 Figura 2. Interferência da contratilidade no desempenho ventricular. No gráfico abaixo, observa-se que, para uma mesma pré-carga, o volume de ejeção será maior quanto maior o inotropismo. A curva do meio mostra o intropismo normal, a curva de cima o aumento do inotropismo e a de baixo uma redução. Fonte: Zipes et al2. Figura 3. Pós-carga. Observe o efeito da pós-carga sobre a ejeção. Quanto pior a contra- tilidade de ventrículo (mostrada por disfunções leves, moderadas e graves), mais pronunciada será a queda do volume ejetado de acordo com o aumento da pós-carga. Fonte: Zipes et al2. Figura 4. Fisiopatologia da IC. Fator causal / determinante (Isquemia ; HAS ; Chagas, entre outros) SRAA SNS ADH ↓ Débito Cardíaco (↑↑↑ pré-carga e/ou ↓ contra lidade e/ou ↑ pós-carga) Retenção de H2O e Na+ Vasoconstrição ↑ FC Vasoconstrição Retenção de H2O ++ + Aumento da Resistência Vascular Periférica Fibrose Miocárdica Remodelamento cardíaco SRAA (sistema renina-angiotensina-aldosterona), SNS (sistema nervoso simpático), ADH (hormônio antidiurético) Fonte: Acervo do autor. Ano_1_Clinica-4.indb 298Ano_1_Clinica-4.indb 298 03/11/2021 09:57:2903/11/2021 09:57:29 Insuficiência cardíaca Cap . 9 299 Tabela 1. Tipos de remodelamento cardíaco. Geometria do VE Tipo de sobrecarga Disposição dos miócitos Exemplo de etiologia Normal — — — Concêntrico Pressão Em paralelo Estenose aórtica HAS Excêntrico Volume Em série Insuficiência aórtica Insuficiência mitral Fonte: Adaptado de Gaash3. Exercite esse conhecimento na questão 1 no final do ca- pítulo. 5. QUADRO CLÍNICO Os sinais e sintomas estão relacionados ao baixo débito cardíaco e à congestão pulmonar ou sistê- mica (Tabela 2), aos esforços e ao repouso (em casos mais graves). Existem sinais (B3, estase jugular, refluxo hepatojugular) e sintomas (ortop- neia e dispneia paroxística noturna – DPN) mais específicos. DICA A ausculta de B4 está relacionada a déficit de relaxamento do VE (disfunção diastólica). Já a presença de terceira bulha cardíaca é sinal de disfunção sistólica de ventrículo esquerdo. No entanto, em pacientes crônicos, a presença de sinais clínicos de congestão pode estar reduzida ou ausente, por processos adaptativos e pela grande capacidade do sistema linfático em lidar com a con- gestão. Por esse motivo, a ausência de crepitações na ausculta cardíaca, em pacientes crônicos, não afasta o diagnóstico de IC. DICA Quando há líquido no interstício pul- monar, podem ocorrer sibilos, fenômeno conhecido como asma cardíaca. A respiração de Cheyne-Stokes é descrita como em “crescendo e decrescendo”. São movimentos cíclicos de apneia seguida por aumento progressivo na frequência respiratória e no volume corrente e logo após nova redução gradual e apneia. Tem relação com baixo fluxo sanguíneo que ocorre na IC e a demora no tempo do fluxo sanguíneo dos pulmões para o cérebro. Ano_1_Clinica-4.indb 299Ano_1_Clinica-4.indb 299 03/11/2021 09:57:3003/11/2021 09:57:30 Insuficiência cardíaca Cardiologia 300 Tabela 2. IC – sinais e sintomas. Sintomas típicos Sinais típicos Ortopneia Terceira bulha cardíaca (B3 – ritmo de galope) Dispneia paroxística noturna Refluxo hepatojugular Falta de ar/dispneia Pressão venosa jugular aumentada Intolerância ao exercício Ictus cordis desviado para esquerda Fadiga/cansaço Sintomas menos típicos Sinais menos típicos Tosse noturna Taquicardia Perda de apetite Crepitações pulmonares Palpitações Extremidades frias Ganho de peso Edema periférico Noctúria e oligúria Hepatomegalia e ascite Dor abdominal Respiração de Cheyne-Stokes Fonte: Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca1. DIA A DIA MÉDICO A presença de B3 também tem significado prognóstico, estando associada a um maior risco de progressão para IC sintomática naqueles com disfunção ventricular esquerda assintomática, além de um maior risco de hospitalização por IC. Exercite esse conhecimento na questão 2 no final do ca- pítulo. 6. DIAGNÓSTICO O diagnóstico, por se tratar de uma síndrome, é baseado no achado dos sinais e sintomas típicos em paciente com fatores de risco (por exemplo, pós-infarto), associado a exames complemen- tares que corroboram a hipótese diagnóstica, principalmente raio-X, eletrocardiograma e eco- cardiograma. Diversos critérios clínicos foram criados para ajudar no diagnóstico, dentre eles o mais consagrado é o critério de Framingham (Tabela 3). Os critérios maiores de Framingham podem ser lembrados pelo mnemônico ABDCEF: u A – Aumento da jugular: turgência jugular e re- fluxo hepatojugular. u B – B3. u C – Cardiomegalia. u D – Dispneia paroxística noturna (DPN) e ortopneia. u E – Edema Agudo de Pulmão (EAP) / Estertores pulmonares. u F – Furosemida: redução do peso (4,5 kg em 5 dias) com diurético. Ano_1_Clinica-4.indb 300Ano_1_Clinica-4.indb 300 03/11/2021 09:57:3003/11/2021 09:57:30 Insuficiência cardíaca Cap . 9 301 Num esforço para garantir uma definição em comum, diversas sociedades de cardiologia uni- ram-se para criar a primeira definição universal de IC4: u A IC é uma síndrome clínica determinada por sinais e sintomas (Tabela 3) causados por anor- malidades cardíacas estruturais ou funcionais e corroboradas por pelo menos um dos seguin- tes achados: W Valores elevados de peptídeos natriuréticos; W Evidência objetiva de congestão pulmonar ou sistêmica por exames de imagem (Raio-X, Ecocardiograma) ou medidas hemodinâmicas (como o cateter de artéria pulmonar) em re- pouso ou com esforço. Tabela 3. Critérios de Framingham para diagnóstico de IC. Critérios maiores Critérios menores Dispneia paroxística noturna Edema bilateral de tornozelos Turgência jugular patológica Tosse noturna Crepitações pulmonares Dispneia aos esforços Cardiomegalia (raio X de tórax) Hepatomegalia Edema agudo de pulmão Derrame pleural Terceira bulha (galope) Diminuição da capacidade funcional em um terço da máxima registrada previamente Aumento da pressão venosa central (> 16 cm H2O) Refluxo hepatojugular Perda de peso > 4,5 kg em 5 dias em resposta ao tratamento Para diagnóstico: dois critérios maiores ou um maior e dois menores que não possam ser atribuídos a outra patologia Fonte: Zipes et al2. DIA A DIA MÉDICO O diagnóstico da insuficiência cardíaca é essencialmente clínico, baseado nos critérios de Framinghan. Os exames complementares auxiliam na investigação etiológica e na classificação do tipo de IC. 6 .1 . DIAGNÓSTICO DA ICFEP No paciente com dispneia ou fadiga inexplicada, a avaliação da probabilidade pré-teste para insufi- ciência cardíaca (IC) deve ser efetuada com dados clínicos, eletrocardiográficos, ecocardiográfico e laboratoriais. Existem sistemas de escores para ava- liação dessa probabilidade em pacientes com FEVE preservada, como os escores H2FPEF (Tabela 4) e o HFA-PEFF. Idade avançada, fibrilação atrial e elevação de pep- tídeos natriuréticos são dados que aumentam sig- nificativamente a probabilidade pré-teste de ICFEp. Ano_1_Clinica-4.indb 301Ano_1_Clinica-4.indb 301 03/11/2021 09:57:3003/11/2021 09:57:30 Insuficiência cardíaca Cardiologia 302 Tabela 4. Escore H2FPEF para o diagnósticoda ICFEp. Variável clínica Características Pontos H2 Obesidade (Heavy) IMC > 30 Kg/m2 2 Hipertensão ≥ 2 anti-hipertensivos 1 F Fibrilação atrial Paroxística ou persistente 3 P Hipertensão Pulmonar PSAP > 35 mmHg 1 E Idoso (Elderly) Idade > 60 anos 1 F Pressão de enchimento (Filling Pressure) E/e´> 9 (ECO) 1 Escore ≤ 1 indica baixa probabilidade de IC, enquanto escore ≥ 6 indica alta probabilidade. Fonte: Marcondes-Braga et al4. 7. CLASSIFICAÇÃO Existem diversas classificações possíveis para IC, como a diferenciação entre baixo débito (maioria das etiologias) ou alto débito (que ocorre na tireoto- xicose, anemia, fístulas arteriovenosas e beribéri), predomínio de sintomas de IC direita (congestão sistêmica) ou esquerda (congestão pulmonar). As classificações mais usadas na prática clínica utilizam os seguintes critérios: u Gravidade dos sintomas (classificação funcional da New York Heart Association − NYHA/Tabela 5); u Tempo e progressão da doença (diferentes es- tágios da American Heart Association – AHA/ Tabela 6); u Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE/ Tabela 7). Os termos “IC sistólica” e “IC diastólica”, embora muito utilizados, são imprecisos, pois as disfunções sistólica e diastólica podem coexis- tir em um mesmo paciente. Por esse motivo, a classificação por FEVE é preferida atualmente. A IC com fração de ejeção melhorada (ICFEm) representa um grupo onde a FEVE basal estava reduzida e melhorou em uma segunda avaliação após tratamento adequado. Tabela 5. Classificação pela gravidade dos sintomas, segundo a New York Heart Association (NYHA). Classe Funcional Definição Descrição geral I Ausência de sintomas Assintomático (dispneia aos grandes esforços, como esperado para qualquer pessoa) II Sintomas com atividades habituais e limitação leve Dispneia aos moderados esforços III Sintomas com atividades menos intensas que habituais e limitação importante Dispneia aos pequenos esforços IV Sintomas com qualquer atividade e ao repouso Dispneia ao repouso Fonte: Yancy et al5. Ano_1_Clinica-4.indb 302Ano_1_Clinica-4.indb 302 03/11/2021 09:57:3003/11/2021 09:57:30 Insuficiência cardíaca Cap . 9 303 Tabela 6. Estágios da insuficiência cardíaca (IC), segundo a American College of Cardiology/American Heart Association (ACC/AHA) e adaptado pela Definição Universal da Insuficiência Cardíaca. Estágio Descrição Descrição A Sob risco de IC Fator de risco para IC, sem doença estrutural nem sintomas B Pré-IC Doença cardíaca estrutural, sem sintomas C IC Sintomas de IC, atuais ou pregressos D IC avançada Sintomas refratários ao tratamento clínico. Requer intervenção especializada Fonte: Bozkurt et al6. Tabela 7. Definição de insuficiência cardíaca de acordo com a fração de ejeção de ventrículo esquerdo. Classificação ICFEr ICFElr ICFEp ICFEm FEVE ≤ 40% 41 – 49% ≥ 50% Aumento ≥ 10 pontos e FEVE > 40% numa segunda medida, partindo de uma FEVE basal ≤ 40% ICFEr: IC com fração de ejeção reduzida; ICFElr: IC com fração de ejeção levemente reduzida; ICFEp: IC com fração de ejeção preservada; ICFEm: IC com fração de ejeção melhorada. Fonte: Bozkurt et al6. DIA A DIA MÉDICO A classificação dos sintomas de acordo com a classe funcional da NYHA permite uma melhor avaliação da gravidade do quadro clínico e do prognóstico. Além disso, é um parâmetro interessante para adequar a terapia e graduar a resposta terapêutica. Exercite esse conhecimento nas questões 3 e 4 no final do capítulo. 8. EXAMES COMPLEMENTARES Exames laboratoriais gerais estão indicados para avaliação de comorbidades e prognóstico (hemo- grama, perfil lipídico, função tireoidiana, hepática e renal). DICA Anemia, hiponatremia e insuficiên- cia renal e hepática são marcadores de pior prognóstico na IC. A avaliação de biomarcadores tornou-se ferramenta de grande valia para diagnóstico e prognóstico da IC. Tanto o BNP (peptídeo natriurético tipo B) quanto o NT-proBNP (fração N-terminal do BNP) são liberados na presença de distensão da parede do miocárdio ventricular e têm função oposta ao SRAA, causando vasodilatação e natriurese. Valo- res elevados aumentam a probabilidade de IC. Nos pacientes ambulatoriais em tratamento, quanto menores os valores do BNP/NT-proBNP, melhor o prognóstico (Tabela 8). Cuidados com o BNP/NT-proBNP: u Situações que elevam os peptídeos natriuréti- cos: idade avançada, doença renal crônica, SCA, TEP, Miocardite. u Situações que reduzem os peptídeos natriuré- ticos: obesidade. Ano_1_Clinica-4.indb 303Ano_1_Clinica-4.indb 303 03/11/2021 09:57:3003/11/2021 09:57:30 Insuficiência cardíaca Cardiologia 304 Tabela 8. Pontos de corte dos biomarcadores para diagnóstico de IC. Biomarcador IC improvável (pg/mL) IC possível (pg/mL) IC muito provável (pg/mL) Pacientes na emergência BNP < 100 100−400 > 400 NT-proBNP (valores variam com a idade) < 50 anos < 300 300−450 > 450 50 a 75 anos < 300 300−900 > 900 > 75 anos < 300 300−1800 > 1800 Pacientes ambulatoriais BNP < 35 ≥ 35 NT-proBNP < 125 ≥ 125 Fonte: Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca1. O eletrocardiograma (ECG) é um dos exames funda- mentais para o diagnóstico, e a presença de exame normal tem alto valor preditivo negativo para excluir a IC. Achados mais comuns são sobrecargas de câmaras esquerdas, onda Q patológica, bloqueio de ramo direito ou esquerdo (implica pior prognóstico), extrassístoles, bradicardia ou taquiarritmias. A radiografia de tórax (Figura 5) pode apresentar cardiomegalia (índice cardiotorácico > 0,5) e sinais de congestão pulmonar (cefalização de trama, linhas B de Kerley, congestão hilar, derrame pleural). Figura 5. Radiografia na IC – cardiomegalia, congestão hilar, cefalização de trama e linhas B de Kerley (linhas horizontais na periferia do parênquima). Fonte: Schubert7. O ecocardiograma é fundamental para diagnóstico e classificação da IC. Os achados mais importantes são quantificação da FEVE, tamanhos das câmaras cardíacas, avaliação das valvas, pericárdio e função diastólica. Alterações segmentares da contração sugerem etiologia isquêmica. Outros exames de imagem ficam reservados para situações específicas, como cintilografia (para avaliação de isquemia miocárdica) e ressonância nuclear magnética cardíaca (avaliar fibrose pelo realce tardio, presença de doenças de depósito no diagnóstico diferencial da etiologia da IC). O ecocardiograma é fundamental para o diagnós- tico e classificação da IC, sendo os achados mais importantes: u Quantificação da FEVE e da função diastólica; u Tamanhos das câmaras cardíacas; u Alterações segmentares da contração, que su- gerem etiologia isquêmica. O ultrassom (US) pulmonar é um exame rápido, que pode ser realizado à beira-leito e tem se mostrado mais sensível e específico para avaliação de congestão pulmonar que o exame físico e a radiografia de tórax. Os achados do US pulmonar no edema pulmonar são mais de três linhas B (linhas verticais, em rabo de cometa) por campo avaliado, que interrompem as linhas A (horizontais) presentes no parênquima normal e a presença de derrame pleural (Figura 6). Ano_1_Clinica-4.indb 304Ano_1_Clinica-4.indb 304 03/11/2021 09:57:3003/11/2021 09:57:30 Insuficiência cardíaca Cap . 9 305 Figura 6. US pulmonar na IC. Linhas A: linhas horizontais ocorrem no pulmão normal. Linhas B: linhas verticais (em rabo de cometa) ocorrem na congestão pulmonar. Linhas A Linhas B Fonte: Picano et al8. Exercite esse conhecimento na questão 5 no final do ca- pítulo. 9. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Qualquer patologia que cause dispneia entra no diagnóstico diferencial, com destaque para causas pulmonares, como TEP, DPOC e asma. No diagnós- tico diferencial de pacientes que se apresentam com dispneia agudamente manifesta, o uso dos biomarcadores (BNP/NT-proBNP) pode auxiliar nos casos duvidosos (quanto mais aumentados, maior a probabilidade de IC – vide Tabela 8). Cuidados devem ser tomados em pessoasque podem ter valores mais elevados que o esperado (idosos, pacientes com anemia e doença renal crônica) e nos obesos, que, em geral, apresentam elevações inferiores ao esperado para o quadro clínico. 10. TRATAMENTO O tratamento da IC começa pela prevenção em pacientes no estágio A (cessação de tabagismo, controle da HAS) e engloba medidas comporta- mentais e tratamento farmacológico específico a partir dos pacientes em estágio B (com disfunção ventricular assintomática). 10 .1 . TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 10 .1 .1 . Restrição de sódio A ingestão diária de sódio ainda não foi bem estabelecida na literatura, tendo em vista que dietas muito restritivas podem estar associadas à redução no consumo de calorias e desnutrição. É prudente recomendar que se evite consumo excessivo (> 7 g de sal por dia) em paciente com IC crônica. Ano_1_Clinica-4.indb 305Ano_1_Clinica-4.indb 305 03/11/2021 09:57:3103/11/2021 09:57:31 Insuficiência cardíaca Cardiologia 306 10 .1 .2 . Restrição hídrica Não há estudos randomizados que comprovaram redução de mortalidade e hospitalizações com a restrição hídrica para pacientes ambulatoriais com IC crônica. Pacientes que estejam descompensados e hipervolêmicos devem ser orientados a realizar restrição de 1000 a 1500 mL, a depender da gravi- dade do caso. 10 .1 .3 . Tabagismo e bebidas alcoólicas Todos os pacientes devem ser aconselhados a parar de fumar e reduzir ou cessar o consumo de álcool (principalmente aqueles com cardiomiopatia dilatada de etiologia alcoólica). 10 .1 .4 . Reabilitação cardiovascular Atividade física regular melhora a qualidade de vida e reduz internações. Devem ser associados exer- cícios aeróbicos e resistivos para grandes grupos musculares. 10 .1 .5 . Vacinação Está indicada a vacinação contra influenza (anual), pneumococo e covid-19. 10 .2 . TRATAMENTO FARMACOLÓGICO A terapia medicamentosa para redução de mortali- dade e morbidade (reinternações, melhora sintomá- tica) está bem estabelecida no grupo de pacientes com ICFEr e o benefício parece se estender para a ICFElr a partir de análises de subgrupos dos grandes estudos randomizados. O foco é o bloqueio neu- ro-hormonal (SRAA e sistema nervoso simpático), com destaque para terapia tripla: IECA ou BRA + betabloqueador + antagonista de mineralocorti- coide. Em pacientes que permanecem sintomáticos, deve-se considerar o uso do sacubitril/valsartana e dos inibidores do SGLT2. 10 .2 .1 . Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA) Os IECA têm benefício comprovado na redução de morbimortalidade dos pacientes com ICFEr e devem ser utilizados em todos os pacientes com FEVE < 40%, sejam sintomáticos (estágio C) ou assintomáticos (estágio B). Em caso de tosse seca (efeito colateral comum), devem ser substituídos por BRA, que apresentam benefícios semelhantes. Esses fármacos podem causar piora da função renal e hipercalemia; portanto, não devem ser utilizados em pacientes com ritmo de filtração glomerular (RFG) < 20 mL/min/1.73 m2 ou potássio > 5,5 mmol/L. DICA Não se deve utilizar a associação de IECA e BRA pelo aumento nos efeitos colaterais. 10 .2 .2 . Betabloqueadores Também são fármacos de primeira linha no trata- mento da ICFEr, com benefício de mortalidade e melhora dos sintomas, e devem ser utilizados em todos os pacientes com FEVE reduzida, mesmo que assintomáticos. As medicações com benefício comprovado por ensaios clínicos randomizados são carvedilol, biso- prolol e succinato de metoprolol (não confundir com o tartarato de metoprolol, que não teve eficácia comprovada). O nebivolol foi testado em pacientes idosos (> 70 anos) com benefício no desfecho combinado de morte e hospitalizações por IC. O tratamento deve ser iniciado com doses baixas, com aumento progressivo a cada duas semanas, mediante monitoração de bradicardia ou piora dos sintomas de IC. Caso haja acentuação dos sintomas, ajuste de diuréticos e vasodilatadores devem ser tentados antes de se considerar a redução da dose ou suspensão do betabloqueador. Ano_1_Clinica-4.indb 306Ano_1_Clinica-4.indb 306 03/11/2021 09:57:3103/11/2021 09:57:31 Insuficiência cardíaca Cap . 9 307 DICA Os betabloqueadores devem ser evitados em pacientes com bradiarritmias e usados com cautela em paciente com broncoespasmo (priorizar, nesse caso, car- diosseletivos, como bisoprolol). 10 .2 .3 . Antagonistas dos receptores de aldosterona As medicações dessa classe são espironolactona e eplerenona (que não está disponível no Brasil). Estão indicados em pacientes com ICFEr e sinto- máticos (estágio C e classe funcional II a IV) para redução de mortalidade e internações, associado ao tratamento padrão (IECA ou BRA e betabloqueador). Esses fármacos, assim como os IECA e BRA, estão contraindicados em caso de insuficiência renal (RFG < 20 mL/min/1.73 m2) e hipercalemia (potássio > 6.0 mmol/L). A espironolactona pode causar ginecomastia e, nesse caso, a dose deve ser reduzida ou a medica- ção suspensa. 10 .2 .4 . Inibidores da neprilisina e dos receptores da angiotensina (INRA) O sacubitril/valsartana inibe simultaneamente o SRAA e a neprilisina (enzima responsável pela degra- dação dos peptídeos natriuréticos). O estudo PARADIGM-HF avaliou os efeitos desse fármaco em comparação com o enalapril (IECA) em pacientes com ICFEr sintomáticos e houve benefícios de mortalidade e redução de internações. As diretrizes atuais4 recomendam seu uso em subs- tituição do IECA ou BRA, para disfunção de VE sin- tomática, já em uso de terapêutica otimizada com terapia tripla para reduzir morbidade e mortalidade. O IECA deve ser suspenso pelo menos 36 horas antes de iniciar o sacubitril/valsartana (pelo risco de angioedema), e o tratamento combinado com IECA ou BRA e sacubitril/valsartana está contraindicado. O efeito colateral mais comum dessa classe é a hipotensão, devem ser usados com cautela em pacientes com PAS < 100 mmHg. Como o BNP é degradado pela neprilisina, pacien- tes que usam sacubitril/valsartana terão sempre níveis elevadas desse peptídeo. Neste caso, deve- -se dosar o NT-proBNP, que não sofre influência dessa enzima. 10 .2 .5 . Inibidores do SGLT2 (iSGLT2) Inibidores de SGLT2 são drogas que causam natriu- rese e glicosúria, usados inicialmente para o trata- mento do diabetes. Dois grandes estudos randomizados(DAPA-HF e EMPEROR-Reduced) mostraram redução de desfe- chos cardiovasculares e progressão da disfunção renal em pacientes com ICFEr, mesmo em pacientes não diabéticos. Por isso, em pacientes com ICFEr sintomáticos diabéticos ou não já com dose máxima otimizada tolerada de betabloqueador, antagonista da aldoste- rona, iECA/BRA ou INRA, os iSGLT2 (dapagliflozina ou empagliflozina) estão indicados. Os efeitos colaterais mais comuns são infecções urinárias e hipotensão. 10 .2 .6 . Nitrato e hidralazina A associação de hidralazina e nitrato está indicada para ICFEr sintomática em classe funcional II-IV (NYHA) com contraindicação à IECA ou BRA (por insuficiência renal e/ou hipercalemia). Essa associação também pode ser utilizada em associação com IECA ou BRA em pacientes que estejam em terapia otimizada, com melhor grau de evidência para pacientes autodeclarados negros. O uso dessa associação é limitado devido à poso- logia inconveniente (3 vezes ao dia) e por efeitos colaterais frequentes, como hipotensão e cefaleia. 10 .2 .7 . Ivabradina A ivabradina inibe seletivamente a corrente If no tecido do nó sinoatrial, reduzindo a frequência car- díaca (FC). Está indicada para ICFEr sintomática, em paciente com terapêutica otimizada (isto é, maior dose de betabloqueador tolerada), em ritmo sinusal e FC ≥ 70 bpm, para redução de hospitalização, morte cardiovascular e morte por IC. Ano_1_Clinica-4.indb 307Ano_1_Clinica-4.indb 307 03/11/2021 09:57:3103/11/2021 09:57:31 Insuficiência cardíaca Cardiologia 308 DICADevido ao seu mecanismo de ação, a ivabradina está contraindicada em pa- cientes com fibrilação atrial e bradiarrit- mias. 10 .2 .8 . Digitálicos A digoxina está indicada para disfunção de VE sinto- mática, apesar de terapêutica otimizada com terapia tripla, para reduzir sintomas e hospitalizações. Cuidados devem ser tomados em paciente idosos e com insuficiência renal, pelo risco de intoxicação. O nível sérico da digoxina deve ser monitoriza nes- ses pacientes, com valores idealmente entre 0,5 a 0,8 ng/mL. DICA Digitálicos não estão associados ao aumento de sobrevida nos pacientes com IC. 10 .2 .9 . Diuréticos de alça e tiazídicos Diuréticos de alça, como furosemida, não demons- traram benefício na mortalidade dos pacientes com IC e devem ser utilizados para o controle de sintomas de congestão. Devido aos seus efei- tos colaterais (piora da função renal e distúrbios hidroeletrolíticos), devem ser usados na menor dose e menor tempo possível. A associação com diurético tiazídico (hidrocloro- tiazida e clortalidona) pode ajudar o controle dos sintomas de pacientes que utilizam doses elevadas de furosemida. A Tabela 9 e Fluxograma 1 trazem um resumo do tratamento da ICFEr. Lembrando que em pacientes com ICFEm (aqueles em que a FEVE normalizou com o tratamento) a terapia medicamentosa deve ser mantida por tempo indeterminado. Tabela 9. Tratamento da insuficiência cardíaca. Estágio A Estágio B Estágio C Estágio D Tratamento não farmacológico • Cessar tabagismo • Reduzir ou cessar o consumo de álcool • Estimular atividade física • Medidas do es- tágio A • Medidas do estágio A • Restrição hidrossalina • Medidas do estágio C Tratamento farmacológico • Controle/Tratamento dos fatores de risco: HAS, DM, DLP • IECA/ BRA • Betabloqueador • Antagonista da aldosterona • Considerar substituir IECA ou BRA por sacubitril/val- saratana • iSGLT2 • Hidralazina + nitrato • Digoxina • Ivabradina • Diuréticos • Tratamento clínico • Otimização como descri- to para o estágio C Prevenção de morte súbita — — • CDI* • CDI* Tratamento alternativo para casos refratários — — • Ressincronização ventricular • Assistência ventricular • Transplante cardíaco • Ressincronização ven- tricular • Assistência ventricular • Transplante cardíaco CDI: cardiodesfibrilador implantável Fonte: Adaptada do Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca1. Ano_1_Clinica-4.indb 308Ano_1_Clinica-4.indb 308 03/11/2021 09:57:3103/11/2021 09:57:31 Insuficiência cardíaca Cap . 9 309 Fluxograma 1. Tratamento da IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr). iECA/BRA Terapia adicional FEVE ≤ 35% Afrodescendentes FEVE ≤ 45% Fibrilação Atrial FEVE ≤ 35% Ritmo sinusal e FC ≥ 70 bpm Sim FEVE < 30 – 35% INRA* Betabloqueador INRA** Antagonista Mineralocor�coide iSGLT2 NYHA ≥ II Reavaliação em 3 a 6 meses Assintomá�co NYHA ≥ II NYHA III/IV Hidralazina + NItrato Ivabradina Digoxina FEVE ≤ 35% Sinusal + BRE TRC CDI Manter tratamento Di ur é� co s p ar a co nt ro le d a co ng es tã o Encaminhar para centro especializado (IC avançada) * No lugar do IECA/BRA. **Em substituição ao IECA/BRA. TRC: Terapia de ressincronização cardíaca. CDI: Cardiodesfibrilador implantável. Fonte: Marcondes-Braga et al4. Exercite esse conhecimento nas questões 6 e 7 no final do capítulo. 10 .2 .10 . IC com fração de ejeção preservada (ICFEp) Para esse grupo de pacientes, não existem evidên- cias de medicações que conseguiram reduzir a mor- talidade. O objetivo é o controle das comorbidades (HAS, FA, DM). Alguns estudos com espironolactona e BRA demonstraram redução de internações. Para pacientes diabéticos tipo II com história ou sob o risco de eventos cardiovasculares, o uso de inibi- dores do SGLT2 (que levam à glicosúria) demonstrou redução hospitalizações por IC e mortalidade. Exercite esse conhecimento na questão 8 no final do ca- pítulo. 10 .3 . TRATAMENTO COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS Embora o tratamento medicamentoso tenha resul- tados satisfatórios para uma grande parte dos pacientes, alguns portadores de IC podem necessitar de tratamentos adicionais para prevenção de morte súbita e/ou melhora sintomática. 10 .3 .1 . Cardiodesfibrilador implantável (CDI) A morte súbita é responsável por até 50% dos óbitos por IC e as arritmias ventriculares são as principais responsáveis por esse desfecho. O CDI está indicado nas seguintes situações: u Prevenção secundária: pacientes sobreviventes de parada cardiorrespiratória por fibrilação ventri- cular (FV) ou taquicardia ventricular (TV) e para aqueles que apresentaram TV sustentada com instabilidade hemodinâmica, sem causa reversí- vel (como isquemia). Ano_1_Clinica-4.indb 309Ano_1_Clinica-4.indb 309 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cardiologia 310 u Prevenção primária: pacientes sintomáticos (CF II a IV) com FEVE < 35% que estão com terapia medicamentosa otimizada e boa expectativa de vida (pelo menos mais de um ano). 10 .3 .2 . Terapia de ressincronização cardíaca (TRC) Pacientes com disfunção de VE e presença de blo- queio de ramo esquerdo (BRE) no ECG apresentam maior dissincronia na contração dos ventrículos (VD contrai antes do VE devido ao atraso de condução do estímulo), o que leva à redução do débito car- díaco. A TRC consiste no implante de dispositivo com eletrodos em ambos os ventrículos, gerando estimulação simultânea em VD e VE a cada ciclo cardíaco. A TRC está indicada em pacientes com IC sintomá- tica (CF II a IV), a despeito de terapias medicamen- tosas otimizadas, FEVE < 35%, em ritmo sinusal com BRE (maior benefício com duração do QRS > 150 ms). 10 .3 .3 . Abordagem da Insuficiência mitral secundária Muitos pacientes com cardiomiopatia dilatada apresentam insuficiência mitral (IM) secundária à dilatação do anel mitral, o que piora a hemodinâ- mica cardíaca. Em pacientes com ICFEr em terapia otimizada (incluindo medicamentos, TRC e revascularização quando indicada) o tratamento percutâneo da IM grave com dispotivo edge-to-edge (MitraClip®) pode beneficiar os pacientes com sintomas refratários ao tratamento convencional e após avaliação de equipe multidisciplinar (Heart Team). 10 .3 .4 . Dispositivos de assistência ventricular Pacientes com IC em estágio D (refratários ao tra- tamento clínico) podem necessitar de dispositivos de assistência ao VE para aumentar o débito car- díaco. Existem dispositivos de curta duração para pacientes internados com IC descompensada, como balão intra-aórtico de contrapulsação e oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), e outros de longa duração para uso ambulatorial em pacientes com IC crônica em espera de transplante (como Heartmate®), porém esses últimos ainda são pouco utilizados no Brasil por conta do custo elevado. DIA A DIA MÉDICO No dia a dia, o tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida deve priorizar as drogas modi- ficadoras de sobrevida. Conforme o fluxograma, uma vez que se estabelece a terapêutica tripla padrão e o paciente se mantém sintomático, novas terapias devem ser con- sideradas caso a caso. Pacientes com difícil controle de frequência cardíaca, por exemplo, podem beneficiar-se de medicações cronotrópicas negativas. Aqueles com bloqueios de ramo importante podem ser bons candidatos à terapia de ressincronização, por sua vez. DIA A DIA MÉDICO Nos últimos anos, estudos envolvendo o uso dos ISGLT2 em pacientes com insuficiência cardíaca, independente- mente de terem diabetes associado ou não, vêm demons- trando bons resultados, inclusive com redução de mor- talidade. Por esse motivo, a FDA – agência reguladora americana – incluiu a dapaglifozina como medicação a ser utilizada em pacientes com insuficiência cardíaca. Alguns especialistas advogam que essa classe de medi- cação será incorporada no hall de medicações essenciais nos pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida.DIA A DIA MÉDICO Nos pacientes com fração de ejeção preservada, o trata- mento consiste no controle de fatores de risco, além de sintomáticos, como diureticoterapia. Exercite esse conhecimento na questão 9 no final do ca- pítulo. Ano_1_Clinica-4.indb 310Ano_1_Clinica-4.indb 310 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cap . 9 311 10 .4 . TRANSPLANTE CARDÍACO O transplante cardíaco fica reservado para pacientes com IC em estágio D que estão em choque cardio- gênico e necessitam de suporte com medicações inotrópicas (como dobutamina), desde que não apresentem contraindicação (como outras doenças crônicas graves e hipertensão pulmonar grave). 11. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DESCOMPENSADA A avaliação e o tratamento dos pacientes que se apresentam com IC descompensada devem levar em consideração o perfil clínico-hemodinâmico (Figura 7), que é determinado pela presença de sinais de congestão (crepitações pulmonares, tur- gência jugular, hepatomegalia, ascite, edema de extremidades) e má perfusão (hipotensão, tontura, lentificação do enchimento capilar, oligúria, redução da pressão de pulso, ou seja, aproximação entre PAS e PAD). Além disso, sempre deve ser procurada e tratada a causa da descompensação (Tabela 10). Figura 7. Perfil clínico-hemodinâmico na IC descompensada e tratamento. A B (Quente e seco) L (Quente e úmido) C (Frio e seco) (Frio e úmido) Não Congestão Sim Má perfusão/ Não Sim Baixo débito Diuré�cos Inotrópicos Diuré�cos Vasodilatadores Compensado Volume (SF ou RL 250 ml) Fonte: Acervo do autor. Tabela 10. Causas de descompensação da IC. Má aderência ao tratamento farmacológico Taquicardias Dieta inadequada Bradicardias Síndrome coronariana aguda Emergência hipertensiva Tromboembolismo pulmonar Complicação mecânica do IAM (ruptura de cordoalha mitral, CIV, ruptura da parede livre do VE) Infecções Anemia Uso de álcool e drogas ilícitas Medicações (como AINH) IAM: infarto agudo do miocárdio, CIV: comunicação interventricular, VE: ventrículo esquerdo, AINH: anti-inflamatório não hormonal Fonte: Zipes et al2. Ano_1_Clinica-4.indb 311Ano_1_Clinica-4.indb 311 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cardiologia 312 11 .1 . PERFIL A (QUENTE E SECO) Pacientes em perfil A (sem sinais de congestão nem de baixo débito) não estão descompensados. Em geral, procuram o pronto-socorro por queixas não relacionadas à IC. Devem ser estimulados a manter o uso das medicações com impacto na mortalidade e seguimento ambulatorial. DICA Perfil A de Arabia: quente e seco, é o perfil de Alta, perfil Ambulatorial. 11 .2 . PERFIL B (QUENTE E ÚMIDO) Pacientes em perfil B estão congestos, com crepta- ções pulmonares, refluxo hepatojugular e estase de jugular a 45ºC, contudo sem sinais de baixo débito. Esse é o perfil mais comum de descompensação e, felizmente, com melhor prognóstico. O tratamento é baseado no uso de diuréticos de alça endovenosos como a furosemida, já que a absorção oral das medicações pode estar prejudicada pelo edema de alças intestinais. Em casos refratários a doses elevadas de furose- mida, podem-se associar diuréticos tiazídicos e poupadores de potássio (espironolactona). Nesses pacientes, a função renal e os eletrólitos devem ser monitorizados (risco de distúrbios hidroeletrolíticos), assim como o débito urinário e o peso diário, para guiar o tratamento nos pacientes que necessitam de internação. Além disso, vasodilatadores devem ser utilizados para redução da resistência vascular periférica e da pós-carga. Podem ser utilizados desde vasodi- latadores orais (nitratos, IECA ou BRA), para casos com congestão menos intensa, até vasodilatadores endovenosos (nitroglicerina e nitroprussiato), para os casos mais graves. Pacientes com congestão importante, hipoxemia e taquipneia se beneficiam do uso de ventilação com pressão positiva (CPAP ou BiPAP). Como os betabloqueadores são medicações com efeito inotrópico negativo (reduzem a contratilidade), seu uso durante a descompensação em perfil B deve seguir os seguintes princípios: u Em pacientes que já utilizam: devem ser mantidos ou a dose reduzida pela metade, mas não devem ser suspensos, pois são benéficos e a suspensão pode causar efeito rebote (taquicardia). u Em pacientes que não estão em uso: só devem ser introduzidos após a compensação, quando não houver mais sinais de congestão, preferen- cialmente antes da alta hospitalar. DICA Perfil B de Brasil: quente e úmido. Tratar com diuréticos e vasodilatadores. 11 .3 . PERFIL C (FRIO E ÚMIDO) Aqueles em perfil C estão congestos e com baixo débito, o que confere o pior prognóstico entre os perfis de descompensação. O tratamento deve incluir o uso de furosemida endovenosa e medicações com efeito inotrópico positivo, em que se destacam três categorias: u Agonistas beta-adrenérgicos: dobutamina, do- pamina; u Inibidores da fosfodiesterase: milrinona; u Sensibilizadores de cálcio: levosimendana. Dentre os inotrópicos, a dobutamina é a droga mais utilizada, pois não é contraindicada em pacientes hipotensos como as demais. Em pacientes com baixo débito, os betabloqueadores devem ter a dose reduzida pela metade naqueles que já utilizam e nunca podem ser introduzidos nos virgens de tratamento. Nos pacientes em choque cardiogênico franco (baixo débito com insuficiência de múltiplos órgãos), o betabloqueador deve ser suspenso. DICA Perfil C de Curitiba: frio e úmido. Tratar com diuréticos e inotrópicos. Ano_1_Clinica-4.indb 312Ano_1_Clinica-4.indb 312 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cap . 9 313 11 .4 . PERFIL L (FRIO E SECO) Pacientes com sinais de baixo débito e sem con- gestão estão hipovolêmicos, seja por causas patoló- gicas (diarreia e vômitos) ou iatrogênicas (excesso de diuréticos). Inicialmente, esses pacientes devem ser submeti- dos à prova volêmica com alíquotas de cristaloides (soro fisiológico 0,9% ou ringer lactato 250 mL) e reavaliações frequentes. Existem três respostas possíveis após a prova volêmica: 1. Melhora do baixo débito sem congestão (perfil A): paciente pode ter alta com redução da dose do diurético. 2. Melhora do baixo débito, mas evoluindo com congestão (perfil B): paciente deve receber diurético com parcimônia e vasodilatadores. 3. Sem melhora do baixo débito e evolução com congestão (perfil C): devem ser introduzidos diu- réticos com parcimônia e inotrópico. DICA Perfil L de Las Vegas: frio e seco. Fa- zer prova volêmica em pequenas alíquotas. DIA A DIA MÉDICO Na emergência, pacientes apresentam-se mais frequen- temente em descompensação clínica-hemodinâmica em perfil B ou C. Nem sempre é tão simples essa diferenciação apenas com dados clínicos. Na prática, é importante avaliar diversos fatores em conjunto: sinais, sintomas e achados laboratoriais. Sintomas de baixo débito que apontam para a descompensação perfil C incluem confusão mental, náuseas, vômitos, oligúria. Achados do exame físico são tempo de enchimento capilar prolongado, extremidades frias, pele pegajosa. Laboratorialmente, pacientes em baixo débito podem ter repercussões como a presença de hiperlactatemia, saturação venosa central baixa, piora de função renal, entre outras. DIA A DIA MÉDICO Ao atender um paciente com insuficiência cardíaca des- compensada, deve-se procurar ativamente o fator des- compensador. Frequentemente, a má adesão à terapia – medicamentosa e não medicamentosa – é o fator causal. Outras vezes, algum gatilho infeccioso é o responsável pela piora clínica. Por último, ao não se identificar a causa específica, devemos considerar a possibilidade de progressão de doença. Nesse momento, é necessária a avaliação especializada a fim de definir condutas adicio- nais ao paciente: implante de dispositivos de curta/longa permanência, transplante cardíaco ou paliação naqueles com contraindicação a outras terapias. Exercite esse conhecimentona questão 10 no final do ca- pítulo. Ano_1_Clinica-4.indb 313Ano_1_Clinica-4.indb 313 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cardiologia 314 Mapa mental. Resumo de insuficiência cardíaca ClassificaçãoDiagnóstico Exames IC descompensada Critérios de Framingham (ABCDEF) • BNP elevado • Cardiomegalia (Rx) • ECO com alteração estrutural / funcional Perfil clínicohemodinâmico CF NYHA I / II / III/ IV Perfil B: diurético e vasodilatador FEVE ICFEr / ICFElr / ICFEp / ICFEm Perfil A: alta, ambulatório Estágio ACC/AHA A / B / C / D Perfil C: diurético e inotrópico Etiologia Isquêmica / HAS / Chagas Perfil L: volume IC BB (Carvedilol, metoprolol, bisoprolol) Digoxina IECA /BRA Diuréticos Espironolactona Sacubitril/ Valsartana iSGLT2 Redução de mortalidade Reduzir sintomas Tratamento Ano_1_Clinica-4.indb 314Ano_1_Clinica-4.indb 314 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cap . 9 315 REFERÊNCIAS 1. Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca. Diretriz Brasileira de insuficiência cardíaca crônica e aguda. Arq Bras Cardiol. 2018; 111(3): 436-539. 2. Zipes DP, Libby P, Bonow RO, Mann DL, Tomaselli GF, Braunwald E. 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O tratamento farmacológico inicial visa: ⮦ elevar a pressão arterial para evitar a má perfu- são de órgãos vitais como rins e fígado. ⮧ reduzir a frequência cardíaca para diminuir o consumo de oxigênio no miocárdio. ⮨ promover broncodilatação para facilitar o aporte de oxigênio para circulação arterial. ⮩ reduzir a pré e a pós-carga para melhorar o de- sempenho do ventrículo esquerdo. Questão 2 (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO RIBEIRÃO PRETO, SP – 2020) Qual dos achados do exame físico é o menos es- pecífico para um paciente com insuficiência cardíaca congestiva descompensada? ⮦ B3. ⮧ crepitações pulmonares. ⮨ turgência jugular. ⮩ refluxo hepatojugular. Questão 3 (HOSPITAL REGIONAL ROSA PEDROSSIAN, MS – 2017) A clas- sificação funcional da insuficiência cardíaca é determinante para orientar a conduta e predizer o prognóstico de um paciente. Abaixo, estabeleça a correlação da Classificação Funcional da Insufi- ciência Cardíaca pela New York Heart Association com a apresentação clínica do paciente e, após isso, assinale a alternativa correta: I. Classe I. II. Classe II. III. Classe III. IV. Classe IV. ( ) Paciente de 68 anos, assintomático ao repouso, porém refere fadiga ao deslocar 20 metros, sendo necessário parar para “recuperar o fôlego”. ( ) Paciente de 58 anos, portadora de neoplasia de mama tratada com quimioterapia adjuvante com epirrubicina, que ficou com Fração de Eje- ção Ventricular Esquerda (FEVE) de 43% após término do tratamento quimioterápico, vai à con- sulta com queixa de palpitações inespecíficas desencadeadas a médios e grandes esforços. ( ) Paciente de 28 anos, tratado com quimioterapia neoadjuvante com doxorrubicina para sarcoma de partes moles em coxa esquerda há três anos, apresenta FEVE de 48%, porém ficou com miocardiopatia dilatadaBusca reavaliação assintomático. ( ) Paciente com 88 anos, portador de cardiopa- tia chagásica, apresenta diaforese, edema de membros inferiores e ortopneia há dois dias e sem melhora ao uso de diuréticos, vai ao pronto atendimento para auxílio clínico. ⮦ III – I – II – IV. ⮧ III – II – I – IV. Ano_1_Clinica-4.indb 316Ano_1_Clinica-4.indb 316 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cap . 9 317 ⮨ IV – II – I – III. ⮩ IV – I – II – III. ⮪ I – II – III – IV. Questão 4 (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO OESTE DO PARANÁ, PR – 2017) Homem, 69 anos, com história de dispneia pro- gressiva, atualmente com precordialgia e dispneia para atividades habituais (pequenos esforços). É hi- pertenso, diabético e tabagista. Ao exame físico: RCR, sem sopros, quarta bulha (B4) audível, PA = 120/80 mmHg, eupneico ao repouso e sem ruídos adventícios pulmonares, membros inferiores sem edema. ECG evidencia área eletricamente inativa em parede anteroseptal e ecocardiograma com alteração segmentar em parede anterior e função sistólica global reduzida (FE = 37%). Em relação à síndrome da insuficiência cardíaca, podemos ca- racterizá-la quanto à etiologia, classe funcional e estágio. Qual a alternativa correta? ⮦ provável etiologia isquêmica, classe funcional II e estágio B. ⮧ provável cardiomiopatia dilatada idiopática, clas- se funcional III e estágio C. ⮨ provável cardiomiopatia hipertensiva, classe funcional III e estágio B. ⮩ provável etiologia isquêmica, classe funcional III e estágio C. ⮪ provável cardiomiopatia chagásica, classe fun- cional II e estágio D. Questão 5 (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE PIRACICABA, SP – 2017) Os exames laboratoriais específicos ajudam na confirmação da insuficiência cardíaca, e a avalia- ção dos níveis do peptídeo natriurético tipo B (BNP) é um desses exames. Acerca dos fatores a serem considerados na interpretação dos níveis desse exame, leia as proposições abaixo: I. Eles são menores nos homens do que nas mulheres. II. São inversamente relacionados ao peso corporal. III. Diminuem com a idade. IV. Acima de 400 pg/mL é um valor preditivo nega- tivo elevado, excluindo o diagnóstico da insufi- ciência cardíaca. É correto o que seafirma em: ⮦ I, II, III e IV. ⮧ I e II, apenas. ⮨ III e IV, apenas. ⮩ I, II e III, apenas. ⮪ II e IV, apenas. Questão 6 (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE GOIÁS, GO – 2021) Qual a combinação de medicamentos reduz a mortali- dade na insuficiência cardíaca com fração de eje- ção reduzida? ⮦ Dapaglifozina, sacubitril / valsartana e digoxina. ⮧ Inibidor da ECA, espironolactona e betabloquea- dor. ⮨ Empaglifozina, betabloqueador e diurético. ⮩ Dapaglifozina, digital e nitrato. Questão 7 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, SP – 2019) São in- tervenções farmacológicas associadas a aumento da sobrevida dos pacientes, considerando o tra- tamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida: ⮦ carvedilol, enalapril e espironolactona. ⮧ atenolol, losartana e furosemida. ⮨ bisoprolol, enalapril e digoxina. ⮩ metoprolol, digoxina e furosemida. ⮪ atenolol, enalapril e espironolactona. Questão 8 (INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ES TADUAL, SP – 2021) Um paciente de 64 anos de idade, obeso, hipertenso, diabético, ex-tabagista (de cin- co maços/ano) e com fibrilação atrial crônica, faz uso de enalapril 10 mg (duas vezes ao dia), atenolol Ano_1_Clinica-4.indb 317Ano_1_Clinica-4.indb 317 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cardiologia 318 50 mg/dia, anlodipino 10 mg/dia, metformina 2 g/ dia e warfarina 5 mg/dia. Foi encaminhado para consulta ambulatorial, devido à queixa de dispneia progressiva, nos últimos meses, aos médios e aos pequenos esforços. Ao exame clínico, bulhas arrít- micas hipofonéticas em 2T, sem sopros, FC de 77 bpm, PA de 130 x 70 mmHg, sat. de O2 de 94% em ar ambiente e ausculta prejudicada devido a seu porte físico, mas com impressão inicial de MV+, bilateralmente, sem ruídos adventícios. Já realizou diversos exames para a investigação desse quadro, entre eles, ECG: ritmo de fibrilação atrial e sinais de hipertrofia ventricular esquerda; ECO: aumento de átrio esquerdo, hipertrofia de ventrículo esquerdo, FE 64% e PSAP 42; espirometria: distúrbio ventilatório restritivo leve; teste ergométrico: negativo para is- quemia – submáximo; e laboratoriais: hemograma, função renal, eletrólitos e BNP dentro da normalida- de. Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa que apresenta a conduta mais adequada. ⮦ aumentar a dose de atenolol para 100 mg. ⮧ substituir o atenolol por amiodarona. ⮨ prescrever nitrato. ⮩ iniciar furosemida. ⮪ iniciar formoterol + budesonida. Questão 9 (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA, PR – 2020) Paciente, 68 anos de idade, em tratamento de insuficiência cardíaca com fraco de ejeção reduzida, porém sem melhora clínica, apresenta ao ecocardiograma, FE 29%, hipertrofia excêntrica com hipocinesia difu- sa. No momento, sintomático, classe funcional III, perfil A, estádio C e ECG com BRE (QRS > 150 ms), sinusal e FC 60 bpm, em tratamento clínico otimi- zado há 6 meses com ramipril 10 mg, uma vez ao dia, carvedilol em dose plena, aldactone 25 mg/dia e furosemida 80 mg pela manhã. Seguindo a última Diretriz Brasileira de Manejo da Insuficiência Cardía- ca publicada, em 2018, assinale a alternativa correta. ⮦ O uso da ivabradina estaria indicado. O uso do sacubitril/valsartana nessa população não se mostrou eficaz, estando reservada para pacien- tes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção preservada. Inibidor da ECA, espironolactona e betabloqueador. ⮧ O uso do sacubitril valsartana nessa população não se mostrou eficaz estando reservada para a classe funcional IV, estádio D, perfil B. ⮨ Trocar IECA/BRA por sacubitril/valsartana, se não houver melhora, encaminhar para trans- plante cardíaco, pois a ressincronização está contraindicada, neste caso. ⮩ Trocar IECA/BRA por sacubitril/valsartana, se não houver melhora, poderia sugerir ressincronizador e até mesmo um cardiodesfibrilador devido ao elevado risco de morte súbita. ⮪ Trocar IECA/BRA por sacubitril/valsartana e en- caminhar para o centro de transplante cardíaco, pois a classe funcional III é uma contraindicacão à terapia de ressincronização e cardiodesfibrilador. Questão 10 (SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MACAÉ, RJ – 2018) Homem, 67 anos, portador de hipertensão, diabetes, infarto agudo do miocárdio três anos an- tes, com revascularização cirúrgica, há três meses apresenta edema de membros inferiores, com pio- ra evolutiva, atualmente acometendo raiz da coxa. Não consegue mais dormir na cama com a esposa, preferindo ficar na poltrona na sala de televisão. Re- lata aumento do volume abdominal e há três dias tem tosse seca. Refere muito cansaço para tomar banho e vestir as roupas. Tem dor lombar crônica e faz uso de AAS 500 mg/dia, apesar de o prescri- to pelo seu cardiologista ser 100 mg/dia. Há três semanas percebe redução da diurese. Ao exame, possui turgência jugular patológica, RCR 4T (B4) e (B3), sopro sistólico pancardíaco +++/+6, murmúrio vesicular abolido em ambas as bases, abdômen em batráquio com macicez móvel de decúbito, edema simétrico até a raiz de coxa, frio, com cacifo em membros inferiores. Marque a opção incorreta: ⮦ Paciente apresenta síndrome edemigêmica, já com achados sugestivos de anasarca. ⮧ Paciente apresenta insuficiência cardíaca con- gestiva com indicação de diuréticos, inibidores da enzima conversora angiotensina e betablo- queadores. Ano_1_Clinica-4.indb 318Ano_1_Clinica-4.indb 318 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cap . 9 319 ⮨ O quadro de insuficiência cardíaca pode ter sido descompensado por uma piora da função renal precipitada pelo uso de anti-inflamatório. ⮩ Pela classificação da New York Heart Association o paciente se encontra em classe III. ⮪ Diuréticos, inibidores da enzina angiotensina, bloqueadores do receptor da angiotensina e betabloqueadores atuam no remodelamento cardíaco, evitando a progressão da doença car- díaca em questão. Ano_1_Clinica-4.indb 319Ano_1_Clinica-4.indb 319 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cardiologia 320 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Comentário: Indivíduo em internação com quadro de insuficiência cardíaca que se apresenta taquicárdi- co, tendendo à hipotensão e padrão clínico de con- gestão, tanto pulmonar quanto de membros, sendo assim classificado como insuficiência cardíaca descompensada perfil B, onde o doente se mostra bem perfundido, porém congesto. Alternativa A: INCORRETA. Em quadros de IC descom- pensado perfil B é difícil a ocorrência de má per- fusão secundária a choque circulatório, não sendo o tratamento inicial com objetivo de elevar a PA. Alternativa B: INCORRETA. Paciente em taquicardia para compensar padrão de congestão; se contro- larmos a frequência cardíaca nesse momento de forma farmacológica podemos descompensar ain- da mais o paciente. Alternativa C: INCORRETA. A alteração do paciente está na circulação pulmonar e não na ventilação. Alternativa D: CORRETA. Em IC perfil B é comum e pre- conizada a utilização de diuréticos para promover diminuição da congestão (pré-carga) assim como o uso de vasodilatadores (diminuição da pós-car- ga) que visam facilitar o trabalho cardíaco e, para- doxalmente, podem até mesmo ter efeito positivo sobre a PA. ✔ resposta: ⮩ Questão 2 dificuldade: Comentário: Para responder a esta fácil questão bas- ta nos lembrarmos da semiologia e fisiopatologia da insuficiência cardíaca congestiva. Mas, antes, lembremos o mantra semiológico que diz: Os mais específicos sinais de ICC são turgência de jugulares e B3. Mas por quê? Daí entra a fisiopatologia. Se ti- vermos insuficiência cardíaca direita, a drenagem venosa para o átrio direito diminuirá, ocasionando estase venosa nos sistemas cava superior e inferior gerando, respectivamente, turgência jugular com cabeceira a 45 graus, que piorará a compressão manual do fígado (refluxo hepatojugular). Já a B3 se deve à disfunção diastólicaventricular esquerda, quando há colisão entre a coluna líquida do volume atrial com as paredes ventriculares e o volume sistó- lico residual. Logo, por exclusão, temos a alternativa B como a CORRETA, pois crepitações pulmonares indicam apenas preenchimento alveolar, achado presente em inúmeras pneumopatias. ✔ resposta: ⮧ Questão 3 dificuldade: Comentário: Essa questão é importante porque nos permite revisar e fixar os principais conceitos da classificação da insuficiência cardíaca. A questão pede a classificação da New York Heart Associa- tion (NYHA), que avalia a gravidade dos sintomas, baseando-se no grau de tolerância ao exercício e variando desde a ausência de sintomas (I) até a presença de sintomas, mesmo em repouso (IV). Na classe funcional II, o paciente tem limitação leve das atividades e sintomas apenas aos grandes esfor- ços, e na classe funcional III há grande limitação e sintomas aos pequenos esforços. Nessa questão, o primeiro paciente, portanto, é III (pequeno esforço), o segundo paciente é II (médios e grandes esfor- ços), o terceiro é I (assintomático) e o quarto é IV (aparentemente, sintomas em repouso). ✔ resposta: ⮧ Ano_1_Clinica-4.indb 320Ano_1_Clinica-4.indb 320 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cap . 9 321 Questão 4 dificuldade: Comentário: Essa questão nos permite revisar e fi- xar os principais conceitos da classificação da in- suficiência cardíaca (IC). Primeiro, vamos ao diag- nóstico: o enunciado descreve um paciente com clínica de insuficiência cardíaca – lembrando que nem sempre edema vai estar presente – e ainda nos mostra o ecocardiograma com baixa fração de ejeção (≤ 40%). OK, fechamos esse diagnóstico; agora vamos tentar pensar na etiologia mais prová- vel e classificar o paciente. Em relação à etiologia, o ECG e o ecocardiograma mostram alteração seg- mentar no coração, indicando etiologia isquêmica – provável infarto comprometendo a parede anterior que evoluiu com IC. Em relação às classificações, a primeira é a classificação por estágios, propos- ta pelas associações americanas de cardiologia, que enfatiza o desenvolvimento e a progressão da doença e vai de A a D, sendo A apenas a presença de fatores de risco para IC e D, a IC refratária ao tratamento clínico. A segunda é a classificação da New York Heart Association (NYHA) e avalia a gravidade dos sintomas, baseando-se no grau de tolerância ao exercício e variando desde a ausência de sintomas (I) até a presença de sintomas, mesmo em repouso (IV). Pois bem, então vamos analisar as alternativas e classificar nosso paciente. Alternativa A: INCORRETA. A classe funcional (NYHA) do paciente é III, pois ele apresenta dispneia aos pequenos esforços. Alternativa B: INCORRETA. Na cardiomiopatia dilata- da idiopática, veríamos um coração globalmente comprometido e não com alterações segmentares, como é o caso desse paciente. Alternativa C: INCORRETA. Na cardiomiopatia hiper- tensiva, normalmente vemos hipertrofia de ventrí- culo esquerdo, e não disfunção segmentar, como foi dito. Além disso, no estágio B o paciente tem apenas cardiopatia estrutural, sem sintomas de IC, o que não é o caso descrito no enunciado. Alternativa D: CORRETA. A classe funcional é III pela dispneia aos pequenos esforços, e o estágio é C pela presença de cardiopatia estrutural (alterações mostradas no eco) associada a sintomas de IC. Alternativa E: INCORRETA. Na cardiomiopatia chagási- ca, teríamos o coração globalmente comprometido. Na classe funcional II, o paciente tem sintomas apenas aos moderados esforços. O estágio D é a IC refratária ao tratamento clínico. ✔ resposta: ⮩ Questão 5 dificuldade: Comentário: Vamos analisar cada uma das afirma- tivas sobre o diagnóstico da insuficiência cardíaca (IC) e o papel no BNP nesse processo. O BNP é um hormônio natriurético liberado no coração, princi- palmente nos ventrículos. Assertiva I: VERDADEIRA. Valores normais de BNP ten- dem a ser menores em homens do que em mulheres. Assertiva II: VERDADEIRA. Obesidade está relaciona- da a níveis mais baixos de BNP. Assertiva III: FALSA. O BNP aumenta com a idade. Assertiva IV: FALSA. É justamente o contrário. Valo- res elevados, > 400 pg/mL, representam IC muito provável. ✔ resposta: ⮧ Questão 6 dificuldade: Comentário: Questão clássica das medicações que mudam mortalidade na ICFER. Lembre-se que além do tripé clássico (IECA ou BRA, BB e Espironolacto- na), mais recentemente temos o sacubitril/valsarta- na e os inibidores da SGLT2 (gliflozinas) no arsenal terapêutico. Lembre-se muito bem que diuréticos e digitálicos NÃO mudam mortalidade. ✔ resposta: ⮧ Questão 7 dificuldade: Comentário: Vamos falar das drogas que aumentam a sobrevida. Betabloqueador (succinato de meto- prolol, carvedilol, bisoprolol), é indicado para todos mesmo que assintomáticos e não devemos iniciar se paciente agudamente descompensado. IECA (me- lhor que o BRA II, pois não gera tosse como efeito colateral) é indicado para todos, mesmo quando assintomáticos e não devemos usar se K+ > 5,5, insuficiência renal, estenose bilateral da artéria re- nal. Antagonista da aldosterona (espironolactona) Ano_1_Clinica-4.indb 321Ano_1_Clinica-4.indb 321 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cardiologia 322 é indicado para aqueles com classificação de Fra- mingham II a IV (“sintomáticos em terapia padrão”) e não devemos utilizar se K+ > 5,5 ou insuficiência renal. Hidralazina + nitrato, os quais fazem a dimi- nuição da pré-carga e pós-carga e são indicados como alternativa à IECA e ao BRA II. BRA II (inibe a ação da angiotensina II) que são indicados para pa- cientes com intolerância à IECA (tosse ou angioede- ma), lembrando que pode ter aumento da tosse pelo aumento de bradicinina, além de ser uma potente substância vasodilatadora e não devemos usar se K+ > 5,5, Insuficiência Renal, estenose bilateral da artéria renal. Ivabradina, a qual possui ação de inibi- dor seletivo da corrente IF do nó sinoatrial, indicada para sintomáticos em terapia padrão com FC maior ou igual a 70bpm. E por fim, a valsartan (sacubitril), indicada para substituir o IECA nas classes II e III com aumento de BNP. ✔ resposta: ⮦ Questão 8 dificuldade: Comentário: Em pacientes obesos, os níveis de BNP podem se apresentar abaixo do esperado. Alternativa A: INCORRETA. O paciente em questão tem quadro clínico compatível com IC com fração de ejeção preservada (ICFEP): FEVE > 50% com sinais de disfunção diastólica (PSAP elevada + AE aumentado), presença de FA e obesidade. A PA e FC estão controladas, não há indicação de aumen- tar o atenolol. Alternativa B: INCORRETA. Nos pacientes com FA, a estratégia de controle de ritmo não é superior ao controle de FC. Como o paciente está com FC controlada, não há benefício em substituir o BB por amiodarona (que podem reverter o ritmo para sinusal). Além disso, a amiodarona é uma droga de depósito com diversos efeitos colaterais. Alternativa C: INCORRETA. Os nitratos estariam indi- cados no caso de angina, porém paciente tem teste ergométrico submáximo sem sinais de isquemia. Alternativa D: CORRETA. Como paciente tem quadro clínico com ICFEP, o diurético de alça pode aliviar a dispneia. Alternativa E: INCORRETA. Na espirometria não há distúrbio obstrutivo que justifique a prescrição de broncodilatadores. Além disso, o formoterol (B2-a- gonista) pode causar taquicardia e piorar o quadro clínico do paciente. ✔ resposta: ⮩ Questão 9 dificuldade: Comentário: A terapia de ressincronização cardía- ca (TRC) está indicada em pacientes sintomáticos com terapia medicamentosa otimizada e com ritmo sinusal e BRE com QRS > 150 ms. Alternativa A: INCORRETA. Ivabradina está indicada quando ritmo sinusal + FC > 70 bpm, a despeito de dose máxima tolerada de BB. Alternativa B: INCORRETA. Sacubitril/valsartana está indicado em pacientes sintomáticos (CF ≥ 2) a des- peito do uso de terapiaotimizada. Alternativa C: INCORRETA. A TRC estaria indicada neste caso. Alternativa D: CORRETA. O CDI também é indicado em paciente com ICFER de etiologia isquêmica, FEVE < 30%, para prevenção de morte súbita. Alternativa E: INCORRETA. Não há essa contraindica- ção à TRC e ao CDI. ✔ resposta: ⮩ Questão 10 dificuldade: Comentário: Temos um paciente com HAS, DM e IAM há três anos, com quadro clínico de franca insuficiência cardíaca bastante descompensado. Alternativa A: CORRETA. Nosso paciente possui uma síndrome edemigênica, francamente anasarcado, com edema de membros, ascite, congestão pulmo- nar e sistêmica. Alternativa B: CORRETA. Nosso paciente possui uma ICC com indicação clara de uso de diuréticos, por conta da congestão importante, além, é claro, do uso de IECA e betabloqueadores no manejo crôni- co da doença. Alternativa C: CORRETA. O quadro de IC pode de fato ser precipitado por pioras de função renal, compon- do um espectro da chamada síndrome cardiorrenal, e que neste caso pode ser atribuída ao uso de AAS Ano_1_Clinica-4.indb 322Ano_1_Clinica-4.indb 322 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Insuficiência cardíaca Cap . 9 323 em dose anti-inflamatória (500 mg), e não em dose antiagregante (88 a 325 mg). Alternativa D: CORRETA. Nosso paciente possui sin- tomas aos mínimos esforços, como vestir-se, não apresentando sintomas em repouso, o que carac- terizaria classe IV. Sendo assim, nosso paciente se enquadra em classe III. Alternativa E: INCORRETA. Diuréticos não atuam no remodelamento cardíaco, nem possuem impacto em mortalidade na ICC. ✔ resposta: ⮪ Ano_1_Clinica-4.indb 323Ano_1_Clinica-4.indb 323 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32 Fixe seus conhecimentos! 324 FIXE SEU CONHECIMENTO COM FLUXOGRAMAS Use esse espaço para construir fluxogramas e fixar seu conhecimento! FIXE SEU CONHECIMENTO COM MAPAS MENTAIS Use esse espaço para construir mapas mentais e fixar seu conhecimento! Ano_1_Clinica-4.indb 324Ano_1_Clinica-4.indb 324 03/11/2021 09:57:3203/11/2021 09:57:32
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