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DIREITO PROCESSUAL CIVIL- PROVAS ILICITAS

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL- PROVAS ILICITAS
Provas Ilícitas: Explorando o Universo do Processo Civil
Nesta aula de Processo Civil, vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre as provas em espécie. No entanto, antes de entrarmos nesse tópico, é importante destacar que essa matéria é altamente doutrinária e centrada no texto do código. Embora haja algumas questões polêmicas, muitas delas não têm relevância para concursos. Portanto, vamos simplificar onde possível, focando no que é importante para sua aprovação.
1. Proibição de Provas Ilícitas e Outros Valores Constitucionais
Vamos começar abordando a discussão sobre se é possível equilibrar a proibição de provas ilícitas com outros valores constitucionais. Existem várias abordagens para esse tema, incluindo a ponderação e a derrotabilidade das regras. No entanto, lembre-se de que muitos países que proíbem provas ilícitas acabaram admitindo exceções para proteger bens e valores específicos.
Portanto, essa é uma questão complicada, e a posição que você adotar tem suas consequências. Pode levar a situações casuísticas e falta de segurança jurídica.
1.1 Prova Ilícita por Derivação: Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada
A teoria dos "frutos da árvore envenenada" é uma ideia principalmente explorada no processo penal. Ela estabelece que, se uma prova é ilícita, todas as provas derivadas dela também são consideradas ilícitas e devem ser descartadas. Isso se baseia no princípio de que, se a árvore está envenenada, seus frutos não são confiáveis.
No entanto, essa teoria é abrangente, o que poderia invalidar a maioria das provas em casos com provas ilícitas. É importante considerar exceções, como a "descoberta inevitável", onde a prova teria sido encontrada independentemente da prova ilícita anterior. Além disso, a admissão voluntária das partes em relação aos fatos pode influenciar na análise da ilicitude da prova.
1.2 Discussão sobre a Teoria da Descontaminação do Julgado
Outra questão importante envolve a teoria da "descontaminação do julgado", especialmente no contexto de juízes impedidos ou suspeitos. Alguns países consideram um juiz parcial se ele tiver contato com provas ilícitas devido a uma possível contaminação psicológica. No entanto, essa teoria ainda não é amplamente adotada no Brasil.
É crucial notar que existem questionamentos sobre se essa teoria é necessária e se os juízes têm a capacidade psicológica de ignorar provas ilícitas. O treinamento dos juízes é fundamental nesse sentido.
Além disso, a Lei 13.964 de 2019 incluiu disposições relacionadas ao impedimento ou suspeição do juiz que tenha conhecimento de prova declarada inadmissível. Essa questão é altamente debatida, e está sujeita a ação direta de inconstitucionalidade (ADI 6305).
Em resumo, o tema das provas ilícitas é complexo e cheio de nuances. Nossa abordagem simplificada visa ajudá-lo a compreender os principais pontos relacionados a esse assunto no contexto do Processo Civil.
2. 
PROVAS EM ESPÉCIE 2.1 SISTEMA DE CONVENCIMENTO JUDICIAL Vamos abordar os sistemas de convencimento judicial, que ao longo do tempo conhecemos três.
O primeiro deles é a "íntima convicção", usada principalmente em júris. Nesse sistema, o juiz decide sem a obrigação de justificar sua decisão, baseando-se apenas em sua convicção pessoal.
1. Íntima convicção: o juiz decide sem motivar, superado, com raras exceções.
O segundo sistema é o da "prova tarifada", que foi desenvolvido na Idade Média, hierarquizando as provas antecipadamente. No entanto, esse sistema também está predominantemente superado.
2. Prova tarifada: valoração pré-determinada do valor das provas, superado, com exceções.
O terceiro sistema, conhecido como "livre convencimento motivado," permite que o juiz defina como as provas devem ser apreciadas e, a partir dessa definição, ele deve motivar e justificar sua decisão.
3. Livre convencimento motivado: o juiz aprecia as provas dos autos e pode atribuir-lhes o valor que julgar adequado, mediante motivação idônea.
É importante ressaltar que o "livre convencimento motivado" não significa que o juiz decide de acordo com sua própria vontade, mas sim que não há hierarquização prévia das provas, e o peso de cada prova depende das circunstâncias do caso.
Outra questão importante é a discussão sobre a prova indiciária e a prova direta. Não há uma hierarquia predefinida de provas, e o valor de cada prova depende das circunstâncias do caso.
Não há nada de errado com o convencimento motivado em si; os problemas surgem quando há abusos nesse sistema. O importante é evitar abusos no processo de livre convencimento motivado.
2.2 PROVA EMPRESTADA (ART. 372) O artigo 372 do CPC trata da prova emprestada, que é a utilização de prova produzida em um processo em outro processo. Essa prática é uma medida de economia processual, pois permite reutilizar provas já produzidas.
O importante é garantir que a prova emprestada seja submetida ao contraditório, permitindo que as partes que não participaram da produção original da prova tenham a oportunidade de participar do processo e questionar a prova conforme necessário.
A prova emprestada pode ser proveniente de processos de diferentes áreas do direito, como processos penais, civis, administrativos e até estrangeiros, desde que sejam respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa.
2.3 PROVAS ATÍPICAS As provas atípicas referem-se a qualquer meio de prova que não está especificamente regulamentado no Código de Processo Civil (CPC). O artigo 369 do CPC estabelece que as partes têm o direito de empregar todos os meios legais e moralmente legítimos para provar os fatos em que se baseiam suas demandas.
Portanto, qualquer prova pode ser requerida e deferida pelo juiz, desde que seja necessária e adequada à instrução do processo. As espécies probatórias listadas no CPC são meramente exemplificativas, e os litigantes têm a liberdade de buscar meios de prova que sejam adequados e relevantes para o caso em questão.
2.3 PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA A produção antecipada de prova é uma ação cujo objetivo é produzir provas antes do momento em que normalmente seriam produzidas no processo. Ela pode ser ajuizada como ação autônoma, caso ainda não exista o processo principal, ou como um requerimento nos próprios autos do processo. O CPC, no artigo 381, estabelece os pressupostos para a produção antecipada de prova:
I - Quando houver fundado receio de que a verificação de certos fatos se torne impossível ou muito difícil durante a pendência da ação. II - Quando a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito. III - Quando o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
A produção antecipada de prova não está mais limitada a situações de urgência ou impossibilidade futura. Os novos pressupostos ampliam significativamente a possibilidade de utilizar esse procedimento. Dessa forma, a produção antecipada de prova pode ser uma estratégia para submeter ao contraditório determinadas provas antes mesmo de entrar com a ação principal, garantindo que essas provas estejam prontas e submetidas ao devido processo. Isso pode evitar a repetição de litígios e economizar tempo e recursos no futuro.
A produção antecipada de provas, como discutido anteriormente, oferece diversas vantagens estratégicas, incluindo a produção de provas em contraditório, a redução da margem de sucumbência e a possibilidade de documentar a existência de bens ou obter provas periciais de forma a evitar riscos excessivos.
No que se refere ao depoimento pessoal, ele é um dos meios de prova utilizados no sistema jurídico para esclarecer fatos relacionados a um caso. Um depoimento pessoal envolve o testemunho oral de uma parte envolvida no processo, como um autor, réu, testemunha ou perito, com o objetivo de fornecer informações relevantes para o caso em questão.
No contexto da produção antecipada de provas, o depoimento pessoal pode ser solicitado, permitindo que uma das partes (ou um terceiro envolvido) forneçainformações essenciais antes da ação principal ser ajuizada. Isso pode ser útil em casos em que a obtenção dessas informações é crucial para determinar a estratégia legal a ser adotada.
Além disso, é importante lembrar que, no procedimento de produção antecipada de provas, o juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato ou sobre as respectivas consequências jurídicas. O objetivo principal é adquirir a prova, e o mérito da controvérsia será discutido em um processo subsequente, se necessário.
Portanto, a produção antecipada de provas, incluindo o depoimento pessoal, é uma ferramenta importante no sistema legal para permitir que as partes obtenham informações necessárias para tomar decisões informadas sobre como proceder em casos complexos, especialmente quando a urgência é um fator.
3.1 Depoimento Pessoal
O depoimento pessoal é uma situação em que a própria parte é interrogada em uma audiência. Isso acontece quando o juiz interroga diretamente a parte para obter informações sobre o caso ou, possivelmente, obter uma confissão. Essa situação pode ocorrer por ordem do juiz ou a pedido da parte contrária, mas a própria parte não pode solicitar seu próprio depoimento.
A principal característica do depoimento pessoal é que a parte fala diretamente nos autos com sua própria voz, sem a mediação de seu advogado. No entanto, no processo civil, ao contrário do processo penal, o depoimento pessoal não é usado como meio de defesa. Seu propósito principal é obter confissões, e, portanto, só pode ser determinado de ofício pelo juiz ou solicitado pela parte contrária.
Há uma exceção a essa regra no novo contexto da Lei 14.320, que diz respeito à ação de improbidade administrativa, onde a parte pode falar em juízo com seu próprio interrogatório. No entanto, essa é uma situação específica.
Além disso, existem limitações sobre os tópicos que a parte está obrigada a responder, estabelecidas no Artigo 388 do Código de Processo Civil. A parte não é obrigada a depor sobre fatos criminosos, fatos sigilosos que ela deve guardar, questões que possam trazer desonra a si mesma, ao cônjuge, ao companheiro ou parentes próximos, ou fatos que coloquem em risco a vida da parte ou das pessoas mencionadas no inciso III.
3.2 Confissão
A confissão é um meio de prova que pode ser apresentado tanto judicial quanto extrajudicialmente. Isso acontece quando uma parte admite a veracidade de um fato que é contrário aos seus interesses e favorável ao adversário.
Alguns pontos importantes sobre a confissão incluem:
· A confissão deve se referir a um direito disponível.
· Pode ser feita espontaneamente pela própria parte ou de forma provocada.
· Uma confissão extrajudicial só é válida se a lei não exigir prova escrita.
· Deve dizer respeito a um fato pessoal, não de terceiros.
· A confissão é irrevogável, a menos que decorra de erro de fato ou coação.
O erro de fato ocorre quando alguém confessa algo que acredita ser verdade, mas que na realidade é falso. Nesse caso, a confissão pode ser anulada. A coação refere-se a situações em que a parte é forçada a confessar.
Importante lembrar que a confissão diz respeito apenas ao reconhecimento de fatos, não ao pedido da parte contrária. O reconhecimento de um fato não significa necessariamente que a parte perde o caso.
Estamos de volta, e desejo concluir a discussão que iniciamos na aula anterior sobre a confissão. Na ocasião, mencionei que o efeito prático da confissão é dispensar a necessidade de outras provas. No entanto, é importante observar que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) entende que os efeitos da confissão não podem gerar uma presunção absoluta de veracidade. Isso pode se tornar problemático, uma vez que, apesar de ser dispensada a prova, o juiz pode não se convencer da confissão.
Nesse sentido, a solução para esse impasse é que, se o juiz não estiver plenamente convencido com a confissão, ele deve determinar a produção de outras provas e comunicar às partes sobre essa decisão. É crucial que o juiz não surpreenda as partes, desde que não haja surpresa, o processo segue sem problemas.
A confissão válida tem o efeito de dispensar a parte contrária de produzir prova sobre o fato, e a parte que confessou fica impedida de negá-lo (artigo 374, II). No entanto, a presunção de veracidade decorrente da confissão é relativa, de acordo com o entendimento do STJ. O juiz deve avaliar essa confissão juntamente com as demais provas do caso. Caso o juiz não aceite plenamente a confissão, a parte interessada deve ser notificada para, se desejar, produzir outras provas.
Além disso, é importante destacar que a confissão é indivisível, o que significa que a parte beneficiada pela confissão pode aceitá-la integralmente ou rejeitá-la por completo. Em outras palavras, não é possível aceitar parte da confissão e contestar outra parte. No entanto, essa regra não se aplica quando o confessante acrescenta novos fatos que poderiam constituir fundamento de defesa, como fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor, ou quando se trata de reconvenção, que é conhecida como confissão complexa. Nesses casos, é possível aceitar a confissão de certos aspectos e contestar outros.
A prova documental é essencial no direito processual, abrangendo qualquer elemento, material ou eletrônico, que represente um fato. Isso inclui escritos, imagens, símbolos, sons gravados, vídeos e outros suportes. No entanto, é importante notar que o código não regulamenta especificamente as provas tecnológicas, como mensagens de WhatsApp, sendo necessário avaliar a confiabilidade dessas evidências.
Embora as provas tecnológicas sejam consideradas provas documentais, o foco deve estar na confiabilidade dessas evidências. Existem aplicativos e métodos confiáveis para extrair e apresentar essas provas no processo, e a parte interessada deve garantir que as evidências sejam convincentes. Não há hierarquia entre diferentes meios de prova; a escolha depende da natureza e confiabilidade de cada evidência.
No contexto de documentos, é importante distinguir entre documento público e documento particular. Documento público é produzido por agentes públicos no exercício de suas funções e possui fé pública, o que o torna altamente confiável. Documento particular, por outro lado, é todo o restante. A diferença prática reside na fé pública: o documento público faz prova dos fatos que seu signatário declarar, e a impugnação exige um ônus probatório maior. Já o documento particular possui força probatória limitada, e suas declarações têm presunção de veracidade apenas em relação ao signatário.
As cópias de documentos são geralmente aceitáveis no processo, e sua autenticidade pode ser impugnada. Em casos que exigem formalidades, como instrumentos públicos, nenhum outro documento ou prova pode substituir o original. Hoje em dia, com o processo eletrônico, raramente os documentos originais são anexados, mas é essencial que as partes guardem os originais caso haja questionamentos sobre a autenticidade.
Para detalhes específicos, recomenda-se a leitura dos artigos 405 a 429 do Código de Processo Civil, que fornecem orientações sobre diferentes situações relacionadas à prova documental.
A ata notarial é um documento público pelo qual um tabelião registra um fato. Ela serve como prova documentada e é caracterizada pela produção de uma certidão de um fato presenciado pelo tabelião. O tabelião não faz juízos valorativos sobre os fatos; ele apenas descreve o que ocorreu.
A vantagem de criar uma ata notarial é que ela agrega a fé pública do tabelião aos fatos registrados. Isso significa que, se você quiser processar alguém com base nos fatos descritos na ata notarial, terá uma prova com maior peso perante o tribunal. No entanto, você também pode fazer uma transcrição dos fatos por conta própria e apresentá-la em juízo, mas nesse caso, a prova terá um peso diferente, já que não conta com a fé pública do tabelião.
É importante ressaltar que a ata notarial não deve conter juízos subjetivos do tabelião, apenas uma descrição objetivados fatos presenciados por ele. Diferentemente dos peritos, cuja função envolve fazer avaliações e análises subjetivas, as atas notariais são estritamente descritivas.
Portanto, a ata notarial é uma ferramenta útil para documentar fatos e eventos, conferindo maior credibilidade à prova perante o tribunal. No entanto, é importante seguir os procedimentos corretos e evitar juízos subjetivos na descrição dos fatos.
3.4 Prova Testemunhal
Vamos explorar o tópico sobre a prova testemunhal, que consiste na coleta de depoimentos de pessoas que não fazem parte do litígio e que podem esclarecer fatos relevantes para o processo.
A) Admissibilidade
A prova testemunhal é geralmente admitida em qualquer situação em que seja relevante, a menos que a lei estabeleça o contrário. Há algumas exceções em que a lei proíbe a prova de fatos por meio de testemunhas.
Se a lei exigir uma prova escrita da obrigação, a prova testemunhal pode ser admitida se houver um "começo de prova por escrito". Por exemplo, em casos de mandado de segurança, a lei determina procedimentos diferentes.
B) Capacidade Testemunhal
No geral, qualquer pessoa pode depor como testemunha, desde que não seja incapaz, impedida ou suspeita.
As pessoas incapazes de prestar depoimento incluem:
I - Indivíduos interditos devido a doença ou deficiência mental. II - Aqueles que, devido a doença mental ou retardamento mental, no momento dos fatos, não puderam compreendê-los ou, no momento de depor, não estão habilitados a relatar suas percepções. III - Menores de 16 anos. IV - Pessoas cegas e surdas, se a prova dos fatos depende dos sentidos que lhes faltam.
Os impedimentos e suspeitas referem-se à parcialidade das testemunhas:
Impedidos são: I - Cônjuges, companheiros, ascendentes, descendentes até o terceiro grau e parentes por consanguinidade ou afinidade, a menos que o interesse público exija ou, no caso de ação relacionada ao estado da pessoa, não seja possível obter a prova de outra maneira necessária para o julgamento do mérito. II - Aqueles que são partes na causa. III - Pessoas que agem em nome de uma das partes, como tutores, representantes legais de pessoas jurídicas, juízes, advogados e outros que auxiliam ou auxiliaram as partes.
Suspeitos são: I - Inimigos da parte ou amigos íntimos. II - Aqueles com interesse no litígio.
Quando necessário, o juiz pode admitir o depoimento de testemunhas menores, impedidas ou suspeitas, chamadas de informantes. Essas testemunhas são ouvidas sem a necessidade de prestar compromisso de dizer a verdade, e o juiz atribuirá ao depoimento o valor que considerar adequado.
É importante destacar que o Código Civil foi alterado e revogou o artigo 227, que anteriormente restringia a prova exclusivamente testemunhal em negócios jurídicos com valores acima de dez salários-mínimos.
Em resumo, a prova testemunhal é permitida na maioria dos casos, mas a credibilidade dessas testemunhas é um fator crítico. Testemunhas impedidas ou suspeitas podem ser ouvidas, mas seus depoimentos geralmente têm menos peso. A capacidade de discernir a confiabilidade de uma testemunha é fundamental, especialmente em casos de direito de família, nos quais muitas testemunhas são consideradas informantes.
C) Dispensa de Testemunhar
Estamos de volta para concluir nossa fase probatória, tratando do tema da dispensa de testemunhar. Em regra, testemunhar é encarado como um ônus, e todos devem cumprir esse dever quando arrolados como testemunhas. A legislação permite dispensar testemunhas de depor sobre fatos que possam causar sérios danos a elas, ou quando há necessidade de manter sigilo. Portanto, estamos lidando com situações de grande gravidade.
Art. 448. A testemunha não é obrigada a depor sobre fatos: I - que possam causar grave dano a ela, seu cônjuge, companheiro ou parentes até o terceiro grau, tanto consanguíneos quanto afins. II - em relação aos quais, por seu estado ou profissão, deva guardar sigilo.
D) Procedimento de Produção de Prova Testemunhal
Além disso, é importante abordar o procedimento de produção de prova testemunhal. Esse procedimento começa com a apresentação do rol de testemunhas, regulado pelo artigo 357. Este rol deve conter informações detalhadas sobre as testemunhas, como nome, profissão, estado civil, idade, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, número de registro de identidade e endereço completo de residência e local de trabalho.
Art. 357, § 4o - Caso seja necessária a produção de prova testemunhal, o juiz estabelecerá um prazo comum de até 15 dias para que ambas as partes apresentem suas listas de testemunhas.
É importante observar que, como regra geral, um processo pode contar com até no máximo dez testemunhas, sendo permitido o depoimento de três delas para cada fato. No entanto, o juiz tem a flexibilidade de alterar esses limites, conforme a complexidade do processo.
Art. 357, § 6o - O número de testemunhas arroladas não pode exceder a 10, sendo 3, no máximo, para a prova de cada fato. O juiz pode ajustar esse número levando em consideração a complexidade da causa e dos fatos envolvidos.
É fundamental destacar que, normalmente, as testemunhas incluídas no rol não podem ser substituídas, a menos que ocorram circunstâncias como óbito, doença ou mudança de residência ou local de trabalho.
Art. 451. Após a apresentação do rol mencionado nos parágrafos 4º e 5º do artigo 357, a parte só pode substituir a testemunha nos seguintes casos: I - falecimento da testemunha; II - incapacidade de depor devido a doença; III - mudança de residência ou local de trabalho, resultando na impossibilidade de encontrá-la.
Além disso, o juiz que for arrolado como testemunha pode se declarar impedido se tiver conhecimento de fatos que possam influenciar a decisão. Nesse caso, a parte que incluiu o juiz no rol não pode desistir de seu depoimento. Caso o juiz não tenha conhecimento dos fatos, seu nome será excluído.
Art. 452. Quando um juiz for arrolado como testemunha: I - ele se declarará impedido caso tenha conhecimento de fatos que possam influenciar a decisão, e a parte que o arrolou não pode desistir de seu depoimento; II - se o juiz não tiver conhecimento de tais fatos, seu nome será excluído do rol.
Um ponto relevante a ser observado é a questão das intimações das testemunhas. De acordo com o novo código, cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha arrolada sobre o dia, a hora e o local da audiência designada, dispensando a intimação judicial. A intimação deve ser realizada por meio de carta com aviso de recebimento, e o advogado deve anexar ao processo cópia da correspondência de intimação e o comprovante de recebimento com, pelo menos, três dias de antecedência da audiência.
Art. 455. A intimação da testemunha é de responsabilidade do advogado da parte que a arrolou. A intimação deve ser realizada por carta com aviso de recebimento, com cópia da correspondência de intimação e do comprovante de recebimento sendo anexada aos autos com, pelo menos, três dias de antecedência da audiência. Se a testemunha não comparecer sem motivo justificado, o ônus do adiamento será de sua responsabilidade.
Nas situações em que a intimação não for bem-sucedida, seja por não ter sido realizada ou por dificuldades na localização da testemunha, o código prevê que a intimação será realizada pela via judicial. Isso ocorre quando a intimação prevista no artigo 455 não é efetivada, se a necessidade for demonstrada pela parte ou quando a testemunha for arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, entre outras situações.
Art. 455, § 4o. A intimação será feita pela via judicial nos seguintes casos: I - quando a intimação prevista no § 1o for frustrada; II - se a necessidade for devidamente demonstrada pela parte perante o juiz; III - quando a testemunha for arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública.
Em casos de intimação malsucedida ou quando a testemunha não comparece sem motivo justificado, ela será conduzida coercitivamente, e responderá pelas despesas decorrentes do adiamento.
Art. 455, § 5o. A testemunhaque, intimada na forma do § 1o ou do § 4o, deixar de comparecer sem motivo justificado será conduzida e responderá pelas despesas do adiamento.
Inquirição
A inquirição das testemunhas é realizada pelo juiz e, geralmente, as testemunhas são ouvidas separadamente, começando com as do autor e, em seguida, as do réu. No entanto, o juiz tem a liberdade de fazer as perguntas que considerar necessárias. Após as perguntas do juiz, as partes podem fazer suas próprias perguntas às testemunhas. É importante ressaltar que o novo código estabelece limites para a duração da inquirição.
Art. 459. A inquirição das testemunhas deve ser realizada pelo juiz, mas as partes podem fazer perguntas diretamente. O juiz pode limitar o número de perguntas e seu tempo de duração.
Além disso, se uma das partes arrolar testemunhas que tenham conhecimento de fatos que são objeto de perícia, o novo código determina que a inquirição das testemunhas seja suspensa até a apresentação do laudo pericial.
Art. 461. Quando a testemunha for arrolada por uma das partes e tiver conhecimento de fatos objeto de perícia, a inquirição será suspensa até a apresentação do laudo pericial.
O novo código também estabelece que as partes podem apresentar ao juiz as perguntas que desejam fazer às testemunhas por escrito, antes da audiência, caso isso seja mais conveniente. O juiz deve registrar na ata as perguntas deferidas e indeferidas.
Art. 462. As partes podem apresentar por escrito as perguntas que desejam fazer às testemunhas antes da audiência, a critério do juiz. Este registrará na ata as perguntas deferidas e indeferidas.
Prova testemunhal por videoconferência
O novo código traz uma importante novidade em relação à realização de depoimentos por videoconferência. Segundo o código, os depoimentos podem ser realizados por videoconferência quando houver a necessidade de se preservar a integridade da testemunha, do jurado ou de qualquer outra pessoa que participe da audiência.
Art. 470. A inquirição de testemunhas e a tomada de declarações de ofendidos e acusados, a realização de acareações e a inquirição dos peritos podem ser realizadas por videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, que permita a comunicação simultânea entre quem está em local de depoimento, onde todos poderão ser vistos e ouvidos.
Essa possibilidade é particularmente relevante em casos sensíveis, nos quais a testemunha possa sofrer ameaças ou intimidações. A utilização de videoconferência permite a realização dos depoimentos sem que a testemunha precise estar fisicamente presente no tribunal.
E) Relatório do Processo
Por fim, após a conclusão da fase de instrução, o novo código prevê que as partes devem apresentar um relatório do processo, destacando os pontos controvertidos e não controvertidos, as provas produzidas, o valor da causa, entre outras informações.
Art. 470-A. Concluída a fase de instrução, as partes apresentarão relatório do processo, no qual destacarão, entre outras informações: I - os pontos controvertidos e não controvertidos; II - as provas produzidas; III - o valor da causa.
O relatório deve ser apresentado no prazo de 15 dias e é uma etapa importante para a deliberação do juiz e para a preparação da sentença.
Conclusão
Em resumo, a produção de prova testemunhal é uma etapa fundamental no processo judicial, e o novo código de processo civil traz importantes regulamentações a respeito desse tema. Ele estabelece regras para a dispensa de testemunhas, o procedimento de produção de prova, a intimação das testemunhas, a inquirição, a utilização de videoconferência e a apresentação do relatório do processo. Essas regras visam garantir a eficiência e a celeridade do processo, bem como a ampla defesa das partes envolvidas. Portanto, é essencial que os profissionais do direito estejam familiarizados com as disposições do novo código para atuar de acordo com suas diretrizes e garantir a justiça nos processos judiciais.

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