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Meningite Bacteriana Definimos meningite bacteriana como a infecção purulenta das meninges e do espaço subaracnoide. Esta condição está relacionada a uma intensa reação inflamatória no sistema nervoso central, que se manifesta como rebaixamento do nível de consciência, convulsões, aumento da pressão intracraniana (PIC) e eventos isquêmicos. Pelo frequente envolvimento do parênquima cerebral, o termo mais adequado para esta grave infecção seria meningoencefalite. Epidemiologia Em 2020, foram notificados 417 casos suspeitos de meningites na Bahia, sendo confirmados 171 (41,0%) casos, com coeficiente de incidência (CI) de 1,11 caso/100 mil habitantes. Houve registro de 27 óbitos, com uma letalidade de 15,8%. Analisando-se todas as meningites no mesmo período de 2019, observase uma redução no número de casos confirmados para todas as meningites, com destaque para as meningites bacterianas (MB), com 66,3% de redução. Possivelmente, as medidas de controle adotadas durante a pandemia da Covid-19 tenham contribuído para queda nos registros casos de meningites. Fisiopatologia A lise bacteriana e a posterior liberação de elementos de sua parede celular, como o lipopolissacarídeo (bactérias Gram-negativas) e ácido teicoico e peptidioglicano (bactérias Gram-positivas), induzem inflamação intensa das meninges devido à produção de citocinas, principalmente o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α) e interleucina-1 (IL-1). As células envolvidas na síntese destes mediadores são: leucócitos (presentes no liquor), células da micróglia, astrócitos e células endoteliais da microvasculatura. As citocinas levam a um aumento da permeabilidade capilar, alterando as propriedades da barreira hematoencefálica. Este fenômeno favorece o aparecimento de edema cerebral do tipo vasogênico e permite o extravasamento de proteínas e leucócitos para o liquor, elementos que determinam a formação de um espesso exsudato. O exsudato pode bloquear a reabsorção liquórica pelas granulações aracnoideas, o que leva à hidrocefalia e ao edema cerebral do tipo intersticial. As citocinas levam ao surgimento de selectinas, que são receptores para leucócitos expressos em células endoteliais. Este fenômeno favorece a migração destas células para o liquor. A liberação de radicais livres derivados do oxigênio e a degranulação de neutrófilos contribuem ainda mais para o edema citotóxico que se instala. A autorregulação cerebrovascular também é perdida nas meningites bacterianas, sendo igualmente uma consequência da produção de citocinas... Sabemos que este mecanismo é fundamental para preservar a perfusão cerebral adequada frente a variações na Pressão Arterial Média (PAM). Em cérebros hígidos, quando a PAM se eleva, ocorre vasoconstrição cerebral, o que protege o SNC do hiperfluxo. Em casos de queda da PAM, a vasodilatação cerebral tenta preservar a pressão de perfusão para o encéfalo. A perda da autorregulação cerebrovascular traz, portanto, graves consequências. Caso ocorra hipotensão durante o episódio de meningite (o que é comum, sobretudo na meningocócica), o hipofluxo cerebral pode determinar alterações isquêmicos. Por outro lado, o aumento da PAM é transmitido com facilidade para o encéfalo, o que pode agravar o edema cerebral. Por fim, o processo inflamatório no espaço subaracnoide pode acometer vasos sanguíneos por contiguidade (vasculite – principalmente nos vasos da base do crânio), ocasionando trombose e infarto cerebral isquêmico (a isquemia do SNC ocasiona edema do tipo citotóxico) ou então favorecendo a disseminação do processo infeccioso para o encéfalo, determinando o aparecimento de abscessos cerebrais. O surgimento precoce da síndrome de secreção inapropriada do ADH piora ainda mais o edema cerebral, com a decorrente elevação da PIC e baixa perfusão do sistema nervoso. Etiologia A meningite no recém-nascido e no lactente de até três meses é ocasionada mais frequentemente pelo Streptococcus agalactiae (estreptococo do grupo B), pela Listeria monocytogenes e por bactérias Gram-negativas entéricas, por exemplo: Escherichia coli (principal), Enterobacter spp., Klebsiella pneumoniae, Salmonella enteritidis. A aquisição dessas bactérias se dá no momento do parto, devido à colonização da mucosa vaginal. Dos 3 meses aos 18 anos, os micro-organismos mais frequentes passam a ser a Neisseria meningitidis (meningococo), o Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e o Haemophilus influenzae tipo b (Hib). No passado era descrito um predomínio do Hib sobre o meningococo, porém, devido à vacinação anti-Hib, a meningite por este agente teve sua incidência bastante diminuída. Dos 18 aos 50 anos, o pneumococo se torna mais frequente que o meningococo (que assume a segunda posição no ranking), permanecendo o Hib como o menos frequente dos três. Em indivíduos > 50 anos, o pneumococo também é o principal agente etiológico de meningite bacteriana, seguido agora pela Listeria e pelos bacilos Gramnegativos entéricos, que voltam a ter importância estatística. A meningite pelo Streptococcus pneumoniae determina os quadros clínicos de maior gravidade (letalidade 15-30%) geralmente deixando mais sequelas entre os sobreviventes. O fator de risco mais significativo é a pneumonia, presente em até 25% dos pacientes. Outras condições que aumentam o risco de meningite pneumocócica incluem sinusite/otite média aguda ou crônica, alcoolismo, diabetes, esplenectomia, hipogamaglobulinemia, trauma cranioencefálico com fratura de base de crânio e fístula liquórica (rinorreia de liquor), anemia falciforme e deficiência de complemento. A meningite por Neisseria meningitidis raramente deixa sequelas quando curada. A chance de óbito por este agente é menor que a do pneumococo (letalidade 5- 15%)... Indivíduos com deficiência do sistema complemento são mais suscetíveis à infecção invasiva. A meningite por Haemophilus influenzae tipo b também é menos letal que a por pneumococo (letalidade 5-15%), porém, costuma deixar sequelas (ex.: surdez neurossensorial) com maior frequência que a meningite por meningococo. A meningite por Listeria monocytogenes, um bacilo Gram-positivo, acomete idosos e pacientes com alteração na imunidade celular, como transplantados, portadores de doença maligna e indivíduos em terapia imunossupressora. A grávida possui entre a 26a e 30a semana de gestação distúrbio em sua imunidade celular, sendo também suscetível à infecção por este patógeno. A L. monocytogenes é a segunda causa de meningite em idosos (ficando atrás apenas do pneumococo), sendo o agente mais comum em pacientes com linfoma e transplantados. O Staphylococcus aureus e o Staphylococcus epidermidis, principalmente o último, são os micro-organismos mais envolvidos em meningite após procedimentos neurocirúrgicos, como derivação ventriculoperitoneal para o tratamento de hidrocefalia e instalação de dispositivos subcutâneos para realização de quimioterapia intratecal. Os bastonetes Gram-negativos podem causar meningite em alcoólatras, diabéticos, pacientes com infecção crônica do trato urinário e em indivíduos com estrongiloidíase disseminada. A meningite após neurocirurgias, como craniectomia, também pode ser ocasionada por bacilos Gram-negativos. A meningite pós-punção lombar tem como principais agentes etiológicos S. aureus e Pseudomonas aeruginosa. Aspectos clínicos Três síndromes concomitantes caracterizam a apresentação clínica das meningites bacterianas agudas: (1) síndrome toxêmica; (2) síndrome de irritação meníngea; (3) síndrome de hipertensão intracraniana. A presença de duas delas ao mesmo tempo é muito sugestiva do diagnóstico. É digno de nota que, em crianças pequenas, em particular nos lactentes, os sinais e sintomas de irritação meníngea podem estar AUSENTES em até 50% dos casos! Tais pacientes manifestam alterações inespecíficas, como choro intenso e persistente,agitação e recusa alimentar... Logo, o limiar para a suspeição de meningite aguda em crianças pequenas é baixo, não devendo-se hesitar quanto à realização de uma Punção Lombar diagnóstica (PL) frente à mera possibilidade da doença (o risco de uma punção lombar bem-feita é infinitamente inferior ao risco de uma meningite bacteriana não tratada ou tratada com atraso). Dito de outro modo, a PL deve sempre ser realizada, em crianças pequenas, em casos de sepse de foco indeterminado. Síndrome Totêmica Assim como acontece em outras infecções graves, na meningite bacteriana o doente desenvolve febre alta, mal-estar geral, prostração e, eventualmente, agitação psicomotora. Curiosamente, o sinal de Faget (dissociação pulso-temperatura, isto é, “muita febre para pouca taquicardia”) é relativamente comum. Em 40-60% das meningites meningocócicas, um rash cutâneo hemorrágico, mar-cado pelo surgimento de petéquias e equimoses disseminadas, pode ser encontrado (dano endotelial nos capilares da derme pela “semeadura” local do meningococo). Síndrome de irritação meníngea Vale dizer que alguns autores acreditam que mesmo na suspeita de hipertensão intracraniana grave o liquor poderia ser retirado, desde que por um especialista treinado e sob monitorização da manometria liquórica... Em pacientes com nível de consciência normal, sem papiledema ou deficits focais, a punção liquórica é realizada na região lombar, entre L1 e S1, sendo mais indicados os espaços L3-L4, L4-L5 ou L5-S1. A única contraindicação ABSOLUTA à punção liquórica é a presença de infecção no local da punção (piodermite). Síndrome de Hipertensão intracraniana Caracterizada por cefaleia holocraniana intensa, náuseas, vômitos, fotofobia e, muitas vezes, confusão mental. Em geral os vômitos são precedidos por náuseas, mas, classicamente, podem ocorrer vômitos “em jato” sem náuseas antecedentes. Crises convulsivas podem aparecer em 30-40% dos casos de meningite bacteriana. Quando focais, podem indicar a ocorrência de lesões vasculares (vasculite) complicadas por trombose e infarto isquêmico do parênquima cerebral. Meningites Virais As meningites virais são entidades comuns e ocorrem em crianças maiores do que um ano, adolescentes e adultos jovens. Os vírus mais comumente envolvidos são os da caxumba, o Epstein-Baar, acompanhando uma síndrome de mononucleose infecciosa, enterovírus outros (coxsackie, echovirus, etc.) o CMV e o HIV. No lactente, a presença de meningite com o liquor claro nos faz sempre pensar em comprometimento sifilítico. No adulto jovem e sexualmente ativo, a pesquisa de HIV é mandatória. Quadro clínico O início é agudo com náuseas, vômitos, cefaleia, diarreia e rash maculopapular, em casos de enteroviroses. Uma infecção respiratória alta pode preceder a instalação do quadro. Alguns doentes manifestam também envolvimento do encéfalo, com agitação, rebaixamento do nível de consciência e crises convulsivas, justificando o termo meningoencefalite. O aumento das parótidas pode preceder, ser concomitante ou aparecer durante a convalescença da meningite por paramixovírus. Determinados vírus comprometem o encéfalo preferencialmente, como é o caso do herpes- simplex (encefalite com acometimento preferencial do lobo temporal). Diagnóstico Laboratorial A análise do liquor é mostrada na O diagnóstico etiológico é feito com cultura do liquor, sorologia pareada, com intervalo de 10 a 14 dias entre as amostras de sangue colhidas, coprocultura para vírus (na suspeita de enteroviroses) e cultura de secreções da nasofaringe (até três dias de início da doença). Tratamento Na maioria das vezes é de suporte, com reposição hidroeletrolítica e controle das convulsões, quando presentes. O isolamento respiratório deve ser feito em casos de meningite pelo vírus da caxumba enquanto durar o aumento das parótidas ou até nove dias a partir do início de doença. Abscesso Cerebral Definimos abscesso cerebral como um processo supurativo, focal, localizado na intimidade do parênquima do cérebro. Esta infecção grave tem seus primeiros relatos na literatura no século XVI, mas foi somente no século XIX que o primeiro relato de drenagem cirúrgica de um abscesso no lobo temporal foi realizada, com uma surpreendente sobrevida de 80%. Uma alteração significativa na mortalidade e morbidade do abscesso cerebral só foi conseguida nos últimos 15 a 20 anos. Este fenômeno teve como causa uma maior sofisticação dos métodos de imagem, fenômeno que permitiu a localização e diagnóstico precoce do processo infeccioso. A lesão inicial, conhecida como cerebrite, ocorre em área de tecido cerebral desvitalizado; a cerebrite evolui para coleção de pus envolta por cápsula bem vascularizada. As condições predisponentes para o desenvolvimento do abscesso cerebral bacteriano incluem sinusite paranasal, otite média e infecções dentárias. Embora estas infecções sejam relativamente comuns, o abscesso cerebral é uma complicação rara, ocorrendo em aproximadamente uma em cada 100.000 pessoas por ano. Em trabalhos recentes, um percentual significativo de abscessos não tem sido causado por bactérias piogênicas, e sim por agentes como Toxoplasma gondii, Aspergillus spp., Nocardia spp., Mycobacteria spp. e Criptococcus neoformans. Estes dados refletem a importância de pacientes imunodeprimidos (infecção pelo HIV, transplantados) como população de risco para o desenvolvimento desta complicação. Uma causa relativamente frequente de abscesso cerebral em nosso meio é a teníase (Taenia solium), agente da neurocisticercose. Patogênese e Etiologia O abscesso pode se desenvolver de quatro formas: (1) em associação com um foco supurativo, sinusite paranasal, por exemplo; (2) seguindose ao trauma craniano (fratura aberta de crânio com lesão da dura), lesão ocular em ponta de lápis na criança ou neurocirurgias; (3) como resultado de disseminação hematogênica a partir de um foco à distância; e (4) criptogênico, em que nenhum fator de risco é identificado (20 a 30% dos casos). A extensão de foco infeccioso contíguo parece ser a principal forma de desenvolvimento de abscesso cerebral, sendo identificado este fator de risco em cerca de 47% dos casos. Os abscessos metastáticos ou hematogênicos são encontrados em 25% dos pacientes. Em ordem decrescente de frequência, um abscesso solitário pode envolver as seguintes regiões: frontal > frontoparietal > parietal > cerebelar > occipital. Esta distribuição reflete a presença de foco infeccioso contíguo. Os abscessos que se desenvolvem no lobo frontal geralmente decorrem de sinusite paranasal ou infecção dentária. Nas sinusites, os microorganismos mais prevalentes são os estreptococos aneróbios, Haemophilus spp., Bacteroides (não fragilis) spp. e Fusobacterium spp. Germes como estreptococo, Porphyromonas spp. e Prevotella predominam quando o foco primário é infecção dentária. A sinusite esfenoidal é a principal condição que predispõe ao abscesso. Manifestações clínicas O curso clínico de pacientes com abscesso cerebral pode ser indolente ou fulminante; em cerca de 75% dos casos a duração dos sintomas data de duas semanas ou menos. Uma minoria de pacientes (< 50%) apresenta a clássica tríade de febre, cefaleia e deficit neurológico focal. As manifestações proeminentes do abscesso devem-se mais à lesão em massa que ocupa espaço do que à presença de um processo infeccioso. Cefaleia, hemicrânica ou generalizada, moderada a intensa, é o principal sintoma, ocorrendo em 70% dos casos. Febre ocorre em 40 a 50% dos pacientes. Em crianças este sinal é bem mais frequente, ocorrendo em 80% dos casos. Alteração no nível de consciência, que varia de letargia a coma, é observada na maior parte dos casos. Deficit neurológico focal é encontrado em metade dos pacientes, estando na dependência da localizaçãoda lesão e da presença de edema cerebral associado. A hemiparesia é o achado mais comum. Convulsões ocorrem em cerca de 25-35% dos pacientes à época da apresentação, sendo mais frequentemente generalizadas e ocorrendo mais comumente em lesões situadas no lobo frontal. Náuseas e vômitos, decorrentes de pressão intracraniana aumentada, acometem metade dos pacientes. Os abscessos no lobo frontal são dominados por cefaleia, sonolência, desatenção e deterioração generalizada da função mental. Hemiparesia com sinais motores unilaterais e desordens na fala são as manifestações focais mais comuns. Um abscesso no lobo temporal apresenta-se com cefaleia ipsilateral. A afasia pode ocorrer caso a lesão se localize no hemisfério dominante. Quadrantanopsia homônima superior pode ser demonstrada; em alguns casos, esta é a única queixa do paciente. Abscesso intrasselares tem comportamento semelhante a tumores hipofisários com cefaleia, defeitos em campo visual e vários distúrbios endócrinos. Paralisia facial, vômito, disfagia, cefaleia e febre são manifestações encontradas no abscesso situado em tronco cerebral. Achados laboratoriais e diagnóstico Leucocitose neutrofílica e elevação da VHS (em torno de 40-50 mm/h) são encontradas com frequência. Um aumento da proteína C-reativa sérica é um parâmetro que tem sido utilizado na diferenciação entre abscesso e tumor cerebral, estando elevada no primeiro. Hiponatremia, decorrente de secreção inapropriada de ADH, é encontrada em muitos pacientes. A punção lombar não é aconselhada inicialmente em pacientes com deficit neurológico focal. Na suspeita de abscesso cerebral, por exemplo, o procedimento é contraindicado. A probabilidade de herniação é real e alguns trabalhos demonstram uma deterioração progressiva póspunção. O diagnóstico do abscesso cerebral é fornecido por métodos de neuroimagem. A Ressonância Nuclear Magnética (RM) é superior à Tomografia Computadorizada (TC) de crânio. A RM identifica os abscessos ainda em fase precoce de cerebrite, caracteriza melhor o edema associado e diagnostica com mais precisão lesões na fossa posterior. A cerebrite aparece como áreas de baixo sinal de intensidade em T1, com reforço irregular após a administração de gadolinium, e como regiões de aumento de intensidade de sinal na sequência T2. O abscesso já formado apresenta na sequência T2, área central purulenta, hiperintensa, rodeada por cápsula hipointensa. Em T1, é a parede do abscesso que demonstra aumento de intensidade de sinal com área central (contendo pus) hipointensa. Em alguns casos, áreas concêntricas de hiperintensidade, semelhante a um alvo, são observadas; este achado é altamente sugestivo de abscesso cerebral. Além dessas vantagens, a RM define com mais precisão as complicações devastadoras da extensão extra parenquimatosa do abscesso, como a rotura para o interior do ventrículo cerebral. A TC é menos precisa na demonstração da lesão, mas pode ser o método inicial na ausência de RM ou em pacientes críticos que não suportariam um exame demorado como a RM. Em áreas onde não exista RM ou TC, a cintilografia com 99mTc é o método de maior sensibilidade diagnóstica. Entretanto, as imagens obtidas não diferenciam com precisão o abscesso de um tumor necrótico ou de um infarto cerebral. Este exame parece superior à TC na detecção das fases iniciais de cerebrite. A aspiração estereotáxica do abscesso, realizada por neurocirurgião habituado com o método, obtém material para Gram e cultura. Infecções do SNC podem ser causadas por quase todos os agentes infecciosos, incluindo bactérias, micobactérias, fungos, espiroquetas, protozoários, helmintos e vírus. Meningite purulenta Os pacientes com meningite bacteriana geralmente buscam assistência médica dentro de horas ou 1-2 dias após o início dos sintomas. O diagnóstico em geral baseia-se no esfregaço do LCS corado pelo Gram (positivo em 60-90%) ou na cultura (positiva em mais de 90%) do LCS. Meningite crônica A apresentação da meningite crônica é menos aguda do que a meningite purulenta. Os pacientes com meningite crônica costuma ter uma história de ✓ A infecção do sistema nervoso central (SNC) é uma emergência médica. ✓ Sinais e sintomas comuns a todas as infecções do SNC incluem cefaleia, febre, distúrbios sensoriais, rigidez de nuca e dorso, sinais de Kernig e Brudzinski positivos e anormalidades do líquido cerebrospinal. sintomas por semanas a meses. Os agentes patogênicos mais comuns são Mycobacterium tuberculosis, micobactérias atípicas, fungos (Cryptococcus, Coccidioides, Histoplasma) e espiroquetas (Treponema pallidum e Borrelia burgdorferi, a causa da doença de Lyme). O diagnóstico é feito por cultura ou, em alguns casos, por sorologia (criptococose, coccidioidomicose, sífilis, doença de Lyme). Meningite asséptica Ameningite asséptica – uma síndrome muito mais benigna e autolimitada do que a meningite purulenta –, é causada principalmente por vírus, em especial o vírus herpes simples e o grupo dos enterovírus (incluindo coxsackie e ecovírus). A mononucleose infecciosa pode ser acompanhada por meningite asséptica. Em geral, a infecção por leptospiras também é colocada no grupo asséptico, devido à resposta celular linfocítica e seu curso relativamente benigno. Esse tipo de meningite também ocorre durante a sífilis secundária e doença de Lyme disseminada. Antes da administração rotineira da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR), a caxumba era a causa mais comum de meningite viral. A meningite asséptica induzida por medicamentos foi relatada com o uso de anti- inflamatórios não esteroides (AINEs), sulfonamidas e outros agentes usados em transplantes de órgãos sólidos, incluindo muromonab-CD3 (OKT3). Encefalite A encefalite (devida a herpes-vírus, arbovírus, vírus da raiva, flavivírus [encefalite do Oeste do Nilo, encefalite japonesa] e muitos outros) produz alterações no sensório, convulsões, e muitas outras manifestações. Os pacientes estão mais doentes do que os com meningite asséptica. O LCS pode ser inteiramente normal ou mostrar alguns linfócitos e, em alguns casos, (p. ex., herpes simples) também eritrócitos. A influenza foi associada à encefalite, mas a relação não está clara. Deve-se suspeitar de uma forma autoimune de encefalite associada a anticorpos ao receptor do N-metilD aspartato em pacientes mais jovens com encefalite associada a convulsões, distúrbios do movimento e psicose. Meningite bacteriana parcialmente tratada A antibioticoterapia prévia efetiva administrada por 12-24 horas diminuirá em 20% a taxa de positividade de lâminas coradas pelo Gram e em 30- 40% a da cultura do LCS, mas terá pouco efeito no número de células, proteína, ou glicose. Ocasionalmente, a antibioticoterapia prévia mudará uma resposta predominantemente polimorfonuclear para uma pleocitose linfocítica, e alguns dos achados do LCS podem ser similares aos vistos na meningite asséptica. Reação de vizinhança Esse termo denota um processo infeccioso purulento muito próximo ao SNC que extravasa alguns dos produtos do processo inflamatório – leucócitos ou proteínas – no LCS. Essa infecção pode ser um abscesso cerebral, osteomielite vertebral, abscesso epidural, empiema subdural, ou sinusite ou mastoidite bacterianas. Irritação meníngea não infecciosa Meningite carcinomatosa, sarcoidose, LES, meningite química e certas substâncias (AINEs, OKT3, SMZ-TMP e outras) também podem produzir sinais e sintomas de irritação meníngea associados a pleocitose, aumento de proteínas, e glicorraquia baixa ou normal. O meningismo com achados normais no LCS ocorre na presença de outras infecções, como pneumonia e shigelose. Abscesso cerebral O abscesso cerebral apresenta-se como uma lesão que ocupa espaço; os sintomas podem incluir vômitos, febre, mudança no estado mental, ou manifestaçõesneurológicas focais. Quando há suspeita de abscesso cerebral, deve-se fazer uma TC. Se esta for positiva, não se deve realizar uma punção lombar, uma vez que os resultados raramente fornecem informações clinicamente úteis e pode haver herniação. A bacteriologia do abscesso cerebral geralmente é polimicrobiana e inclui S. aureus, bacilos gram-negativos, estreptococos e anaeróbios (incluindo estreptococos anaeróbios e Prevotella sp.). Meningoencefalite amebiana Essas infecções são causadas por amebas livres e apresentam-se como duas síndromes distintas. O diagnóstico é confirmado por cultura (Acanthamoeba sp. e Balamuthia mandrillaris) ou identificação do organismo em uma lâmina a fresco do LCS (Naegleria fowleri) ou em amostras de biópsia. Não existe uma terapia efetiva disponível. A meningoencefalite amebiana primária é causada pela N. fowleri e é uma doença aguda fulminante, vista com frequência em crianças e adultos jovens com exposição recente à água não tratada; caracteriza-se por sinais de irritação meníngea que progridem rapidamente para encefalite e morte. Há raros relatos de cura com a administração de anfotericina B intravenosa e intraventricular. A encefalite amebiana granulomatosa é causada por Acanthamoeba sp. É uma doença indolor, frequentemente vista em pacientes imunocomprometidos e associada a lesões cutâneas. A doença do SNC é caracterizada por cefaleia, náusea, vômitos, neuropatias cranianas, convulsões e hemiparesia. As infecções por Balamuthia são similares às por Acanthamoeba, pois o curso é de subagudo a crônico, mas, ao contrário da Acanthamoeba, tanto pessoas imunocomprometidas quanto imunocompetentes podem ser afetadas. Meningite associada a cuidados de saúde Essa infecção pode surgir como resultado de procedimentos neurocirúrgicos invasivos (p. ex., craniotomia, cateteres ventriculares internos ou externos, cateteres lombares externos), trauma craniano complicado, ou de infecções circulatórias adquiridas no hospital. Surtos foram associados a injeções epidurais ou paraspinais de cortocosteroides contaminados. Em geral, a microbiologia é distinta da meningite comunitária, com um papel mais importante dos organismos gram-negativos (p. ex., Pseudomonas), S. aureus e estafilococos coagulase- negativos e, nos surtos associados a corticosteroides contaminados, de fungos filamentosos e outros fungos (Exserohilum rostratum e Aspergillus fumigatus). O envolvimento das meninges por microrganismos patogênicos é designado como leptomeningite, porque a infecção e a resposta inflamatória se limitam geralmente ao espaço subaracnóide e à aracnoide e pia. Os casos são divididos em meningites agudas, subagudas e crônicas, de acordo com a rapidez com que o processo Inflamatório evolui. Essa razão de desenvolvimento está relacionada em parte com a natureza do organismo infeccioso. Meningite purulenta aguda As bactérias podem ter acesso ao espaço ventrículo-subaracnoide por meio do sangue, no decorrer de uma septicemia, ou como metástase de uma infecção do coração, do pulmão ou de outras vísceras. As meninges também podem ser invadidas por extensão direta de um foco séptico no crânio, na coluna vertebral ou no parênquima do sistema nervoso (p. ex., sinusite, otite, osteomielite, abcesso cerebral). Os organismos também podem ter acesso no espaço subaracnoide por meio de fraturas compostas do crânio e de fraturas através dos seios nasais ou do mastoide ou depois de procedimentos neurocirúrgicos. A introdução de patógenos por punção lombar é rara. A base patológica dos sintomas e a evolução clínica da maioria dos pacientes com meningites purulentas agudas são semelhantes, independentemente dos organismos causadores. A tríade clássica de febre, rigidez de nuca e alteração do estado mental ocorre em menos da metade de todos os pacientes, mas 95% apresentam pelo menos dois entre quatro sintomas de febre, rigidez de nuca, alteração do estado mental e cefaleia. Sintomas O início da meningite meningocócica é semelhante àquele de outras formas de meningite e se acompanhada de calafrios e febre, cefaleia, náuseas e vômitos, dores nas costas, rigidez de nuca e prostração. É comum nas infecções meningocócicas a ocorrência de herpes labial, conjuntivite e uma erupção cutânea petequial ou hemorrágica. No início, o paciente se mostra irritadiço. Em crianças, ocorre com frequência um choro característico, agudo e estridente (choro meníngeo). Com a evolução da doença, há obnubilação da consciência e podem ocorrer torpor ou coma. Ocasionalmente, o início pode ser fulminante e acompanhado de coma profundo. Crises convulsivas são com frequência um sintoma inicial especialmente em crianças, mas sinais neurológicos focais são raros. Casos fulminantes agudos com colapso circulatório grave são raros. Sinais O paciente parece estar agudamente doente e pode se mostrar mentalmente confuso, torporoso ou semicomatoso. A temperatura se eleva a 38°C até 40°C, mas pode por vezes se mostrar normal ao início. O pulso se mostra geralmente rápido e a frequência respiratória aumentada. A PA é normal exceto em casos fulminantes agudos, em que pode haver uma hipotensão profunda. Uma erupção petequial pode ser encontrada na pele, nas membranas mucosas ou na conjuntiva, porém nunca nos leitos ungueais. Ela geralmente desaparece em 3 a 4 dias. Há rigidez de nuca, com sinais de Kernig e de Brudzinski. Esses sinais podem estar ausentes em pacientes recém-nascidos, idosos ou em coma. A PIC aumentada causa a saliência de uma fontanela anterior não fechada e uma respiração periódica. Os reflexos tendinosos estão frequentemente diminuídos, mas podem ocasionalmente estar aumentados. Paralisias de nervos cranianos e sinais neurológicos focais são raros, manifestando-se geralmente apenas alguns dias após o início da infecção. Os discos ópticos se mostram normais, mas pode ocorrer papiledema se a meningite persistir por mais de 1 semana. Em adultos, a meningite por H. influenzae é mais comumente secundária a uma sinusite aguda, otite média ou fratura do crânio. Está associada à rinorreia liquórica, deficiência imunológica, diabetes melito e alcoolismo. Atualmente, os casos tendem a ocorrer no outono e na primavera, com uma proporção menor ocorrendo durante os meses de verão. Os sintomas e sinais físicos da meningite por H. influenzae se assemelham àqueles de outras formas de meningite bacteriana aguda. A doença dura geralmente de 10 a 20 dias. Ela pode por vezes ser fulminante e é com frequência protraída, estendendo-se por várias semanas ou meses. A infecção é habitualmente uma complicação de otite média, mastoidite, sinusite, fraturas do crânio, fístulas do LCR. Infecções respiratórias superiores e infecções do pulmão. Alcoolismo, asplenia cirúrgica ou funcional, doença falciforme e implantes cocleares predispõem os pacientes ao desenvolvimento da meningite pneumocócica. A infecção pode ocorrer a qualquer idade, porém mais de 50% dos pacientes têm menos de 1 ano ou mais de 50. A frequência deve começar a declinar com a vacinação das crianças com idade entre 2 e 23 meses e dos indivíduos idosos. Os sintomas clínicos, os sinais físicos e os achados laboratoriais na meningite pneumocócica se assemelham aos de outras formas de meningite purulenta aguda. O diagnóstico é feito geralmente sem dificuldade, porque o LCR contém muitos organismos. Quando são vistos diplococos gram-positivos em esfregaços do LCR ou no seu sedimento, urna reação de quellung positiva serve para identificar tanto o pneumococo como seu tipo. A aglutinação de partículas do LCR e do soro pode ajudar na demonstração do antígeno pneumocócico. Os estafilococos (Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis) são causas relativamente pouco frequentes de meningite. A meningite pode ocorrer em consequência da disseminaçãode furúnculos na face ou de infecções estafilocócicas em outras partes do corpo. Ela é por vezes uma complicação de uma trombose do seio cavernoso, de um abscesso epidural ou subdural e de procedimentos neurocirúrgicos envolvendo uma derivação para o alívio de hidrocefalia. A endocardite pode ser encontrada em associação à meningite estafilocócica. Podem ocorrer complicações tais como ventriculite, aramoidite e hidrocefalia. Deve-se erradicar o foco de infecção original. A infecção por outras cepas estreptocócicas é responsável por menos de 5% de todos os casos de meningite. Os sintomas não se diferenciam daqueles de outras formas de meningite. Membros de outros grupos do organismo podem ser isolados ocasionalmente do LCR; isso é sempre secundário a algum foco séptico, mais comumente no mastoide ou nos seios nasais. As meningites em lactentes recém-nascidos são causadas mais comumente por estreptococos hemolíticos do grupo B. Também são comuns bacilos coliformes gram-negativos, especialmente E. coli. Esse tipo de meningite acompanha frequentemente a septicemia e pode não apresentar nenhum dos sinais típicos de meningite em crianças e em adultos. Em vez disso, o lactente evidencia irritabilidade, letargia, anorexia e fontanelas salientes. A meningite causada por bactérias entéricas gram-negativas também ocorre frequentemente em pacientes adultos hospitalizados em imunossupressão ou cronicamente doentes e em pessoas com lesões cranioencefálicas penetrantes, procedimentos neurocirúrgicos, defeitos congênitos ou diabetes melito. Nessas circunstâncias, pode ser difícil reconhecer-se a meningite, devido à alteração de consciência relacionada com a doença subjacente. A meningite causada por Listeria monocytogenes pode ocorrer em adultos com doenças crônicas (p. ex., doença renal com diálise ou transplante, câncer, transtornos do tecido conjuntivo, alcoolismo crônico) e em lactentes. Pode ocorrer, porém, sem nenhum fator predisponente, e a incidência desses casos parece estar aumentando. A incidência mais alta ocorre em neonatos e em adultos com idade acima de 60 anos. Ocasionalmente, a meningite por L. monocytogenes ocorre com proeminentes achados do tronco cerebral (rombencefalite). Um relatório laboratorial de "difteroides" vistos à coloração pelo Gram ou isolados em cultura deve sugerir a possível presença de L. monocytogenes. A septicemia listerial ocorre em cerca de 65% dos pacientes e o organismo pode ser isolado de hemoculturas, mesmo quando não pode ser recuperado do LCR. Os pacientes podem apresentar sintomas clínicos indicativos de uma meningite purulenta aguda, porém com achados atípicos do LCR Esses pacientes manifestam geralmente sintomas inespecíficos e são frequentemente tratados por alguns dias com alguma forma de terapia antimicrobiana, em doses suficientes para modificar as anormalidades do LCR, porém não suficientes para erradicar a infecção. Seus sintomas têm duração mais longa e os pacientes apresentam alterações menos acentuadas do estado mental e morrem em uma etapa mais avançada de sua hospitalização que os pacientes comprovadamente portadores de meningites bacterianas. Episódios repetidos de meningite bacteriana indicam um defeito do hospedeiro, seja na anatomia local, seja em defesas antibacterianas e imunológicas. Eles sobrevêm geralmente após um traumatismo; alguns anos podem se passar entre o traumatismo e o primeiro episódio de meningite. O patógeno mais comum é S. pneumoniae, responsável por cerca de um terço dos casos. As bactérias podem penetrar no espaço subaracnoide pela lâmina cribriforme, uma fratura da base do crânio, alterações ósseas erosivas no mastoide, defeitos cutâneos congênitos ao longo do eixo cranioespinal, lesões cranioencefálicas penetrantes ou procedimentos neurocirúrgicos. Uma rinorreia ou otorreia liquórica está com frequência presente, mas pode ser transitória. Ela pode ser detectada testando-se quanto a uma concentração significativa de glicose em secreções nasais ou auditivas. Meningites subagudas e crônicas As meningites subagudas e crônicas se devem comumente à infecção por bacilos da tuberculose, organismos micóticos, parasitos e alguns vírus (p. ex., HIV, CMV). Drogas e doenças não infecciosas também podem causar meningites subagudas e crônicas. A síndrome clínica difere daquela da meningite purulenta aguda porque geralmente o início dos sintomas não é tão agudo, a reação inflamatória não é tão grave e a evolução é mais longa. As meningites subagudas e crônicas evoluem por algumas semanas a alguns meses, em comparação a horas ou dias para a meningite aguda. A meningite tuberculosa difere daquela causada por muitas outras bactérias comuns por ser a evolução mais prolongada, a mortalidade mais elevada, as alterações do LCR agudamente de menor gravidade e o tratamento menos eficaz na prevenção de sequelas. O início é geralmente subagudo, com cefaleia, vômitos, febre, explosões de irritabilidade e insônia como sintomas mais proeminente. Podem se evidenciar anorexia, perda de peso e dores abdominais. Na maioria dos casos, o estágio prodrômico dura de 2 semanas a 3 meses. Em crianças pequenas, tem utilidade para o diagnóstico uma história de contato íntimo com uma pessoa reconhecidamente portadora de tuberculose. Rigidez de nuca e vômitos se evidenciam dentro de alguns dias. Crises convulsivas não são raras em crianças nos primeiros dias da doença. A cefaleia se torna progressivamente mais intensa; há abaulamento das fontanelas em lactentes. A dor faz com que o lactente emita com frequência um choro estridente peculiar (choro meníngeo). Com a evolução da doença o paciente se torna torporoso ou entra em coma. Podem aparecer cegueira e sinais de comprometimento de outros nervos cranianos ou pode haver crises convulsivas ou sinais neurológicos focais. Achados Físicos Os achados físicos nos estágios iniciais são aqueles associados com a infecção meníngea (febre, irritabilidade, rigidez de nuca e sinais de Kernig e de Brudzinski). Os reflexos tendinosos podem estar exaltados ou deprimidos. Sinais de PIC aumentada e de danos cerebral focais raramente estão presentes já ao início da doença. A irritabilidade é geralmente substituída gradualmente por apatia, confusão mental, letargia e torpor. Papiledema, paralisia de nervos cranianos e sinais neurológicos focais são comuns em estágios avançados da doença. Pode haver oftalmoplegia externa, geralmente incompleta, unilateral e envolvendo principalmente o nervo oculomotor. A oftalmoscopia pode demonstrar tubérculos nas coroides. Estão geralmente presentes evidências de tuberculose em outras partes do corpo. Convulsões, coma e hemiplegia ocorrem com o avanço da doença. A temperatura se eleva apenas moderadamente (37,7"C a 38,8°C) nos estágios iniciais, mas sobe a níveis elevados antes da morte. A frequência respiratória e a do pulso aumentam. Nos estágios terminais, as respirações se tornam irregulares e do tipo Cheyne-Stokes. Infecções subdurais e epidurais Uma coleção de pus no espaço pré-formado entre a superfície interna da dura e a superfície externa da aracnoide do cérebro é designada como empiema subdural. Os sintomas incluem aqueles associados ao foco ou à origem da infecção e aqueles causados pela extensão intracraniana. Dor e hipersensibilidade locais estão presentes na região do seio nasal ou do ouvido infectado. Uma tumefação orbital está geralmente presente em casos em que a infecção é secundária ao acometimento do seio frontal. Calafrios, febre e cefaleia intensa são sintomas iniciais comuns do envolvimento intracraniano. Há a presença de rigidez de nuca e de sinais de Kernig. Com a evolução da infecção, o paciente passa para um estado de confusão mental, sonolência ou coma. A tromboflebite das veias corticais se manifesta por convulsões jacksonianasou generalizadas e pelo aparecimento de sinais neurológicos focais (p. ex., hemiplegia, afasia, paralisia do desvio conjugado dos olhos, perda sensorial cortical). Nos estágios mais avançados, a PIC se eleva e pode ocorrer o papiledema. O quadro clínico integral pode evoluir em apenas algumas horas ou em até 10 dias. Abscessos confinados ao espaço epidural são frequentes e se associam quase sempre a uma infecção sobrejacente nos ossos cranianos. O mais comum é a penetração a partir de uma sinusite ou mastoidite crônica, mas infecções após trauma craniano ou neurocirurgia também podem causar este problema. Ocasionalmente, a origem não é aparente. Com frequência, o abscesso epidural intracraniano se associa a uma penetração mais profunda da infecção e a um empiema subdural, meningite ou abscesso intraparenquimatoso. Cefaleia intensa, febre, mal-estar e achados referentes ao local de infecção inicial são as características de um abscesso epidural intracraniano isolado. Achados neurológicos focais estão raramente presentes. O abscesso epidural espinal é uma coleção de material purulento localizada fora da dura-máter e dentro do canal vertebral. As infecções do espaço epidural espinal se acompanham de febre, cefaleia, dor lombar, fraqueza das extremidades inferiores e finalmente, paraplegia completa. Os sintomas de um abscesso epidural espinal agudo se manifestam subitamente, alguns dias ou semanas após uma infecção da pele ou de outras partes do corpo. A infecção precedente pode ser tão leve que passa despercebida. Dores lombares intensas são geralmente o sintoma inicial (estágio I-manifestações localizadas). Mal-estar, febre, rigidez de nuca e cefaleia podem estar presentes ou sobrevir após alguns dias. Em geral dentro de algumas horas, porém por vezes não por algumas semanas, os sintomas iniciais são seguidos por dores radiculares (estágio li- manifestações radiculares). Se o abscesso não for tratado, fraqueza muscular e paralisia das pernas podem se evidenciar subitamente (estágio III- compressão medular). Febre e mal-estar estão habitualmente presentes na fase inicial; letargia ou irritabilidade se evidenciam com a evolução da doença. Há rigidez de nuca e sinal de Kernig. A hipersensibilidade local à percussão sobre a coluna é um sinal diagnóstico importante. Os reflexos tendinosos podem estar aumentados ou diminuídos e as respostas plantares podem ser extensoras. Em casos de trombose dos vasos medulares ocorre uma paraplegia flácida, com perda total da sensação abaixo do nível da lesão e paralisia da bexiga ou do reto. Imediatamente após o início da paraplegia, os reflexos tendinosos nas extremidades paralisadas estão abolidos. Há com frequência eritema e tumefação na área de dor lombar. Em casos crônicos, nos quais a infecção é localizada e há a formação de um granuloma, os sinais neurológicos se assemelham aos observados em outros tipos de tumores extradurais. A febre é rara; a fraqueza e a paralisia podem não se evidenciar senão após semanas ou meses. As complicações neurológicas da endocardite infecciosa são importantes devido à sua frequência e gravidade. Elas podem ser as primeiras manifestações da infecção intracardíaca subjacente. São mais comuns os infartos cerebrais, leves ou, mais raramente, hemorrágicos. Infartos de nervos cranianos ou periféricos e da medula espinal ocorrem raramente. As hemorragias intracranianas causadas por aneurismas micóticos, abscessos cerebrais e meningites também são frequentes. Essas complicações decorrem presumivelmente de embolias de material infeccioso a partir do coração. A arterite inflamatória também foi implicada como causa, especialmente de hemorragias intracerebrais em casos em que não se evidencia nenhum aneurisma micótico. Uma encefalopatia, por vezes com proeminentes características psiquiátricas, pode ocorrer e pode estar relacionada com microembolias, com ou sem a formação de microabscessos, vasculites, efeitos tóxicos de medicações ou distúrbios metabólicos associados à doença, ocorrendo tanto individual como concomitantemente. Crises convulsivas podem ocorrer em associação a qualquer uma das complicações cerebrais. A endocardite infecciosa deve ser sempre considerada em eventos vasculares neurológicos súbitos, especialmente quando houver fatores predisponentes conhecidos, como doença cardíaca, dependência a drogas, febre ou infecção em outra parte do corpo. A hanseníase (doença de Hansen) é uma doença crônica que decorre da infecção pelo Mycobacterium leprae, que tem predileção pela pele e pelos nervos periféricos. O bacilo tem essa predileção por membranas mucosas e pela pele, incluindo nervos superficiais, porque estas são as áreas mais frias do corpo, em que a temperatura é ideal para sua multiplicação. São reconhecidos dois tipos clínicos principais de hanseníase: lepromatosa e tuberculoide. O tipo que predomina depende da natureza da resposta imunológica ao organismo. Na maioria dos casos, há uma mistura de lesões cutâneas e de nervos periféricos. O comprometimento neurológico é mais frequente e ocorre precocemente na forma tuberculoide. A primeira manifestação da hanseníase neural é uma mácula eritematosa, a lépride. Essa lesão cresce por extensão periférica e forma uma mácula anular. A mácula tem uma região central atrófica e despigmentada, que apresenta anestesia parcial ou completa. Essas lesões podem atingir um tamanho enorme e cobrir a maior parte de uma extremidade ou do tronco. A infecção do nervo pode ocasionar a formação de nódulos ou de tumefações fusiformes ao longo de seu trajeto. Embora qualquer dos nervos periféricos possa ser atingido, a doença tem predileção pelos nervos ulnar, grande auricular, tibial posterior, fibular comum e o V e VII nervos cranianos. Esses nervos são envolvidos em locais em que seu trajeto é superficial. Ataques repetidos de dor neurálgica precedem frequentemente o início de fraqueza ou de perda da sensibilidade. Meningites Bacterianas A confirmação diagnóstica das meningites bacterianas é feita por exames complementares.O exame auxiliar imprescindível é o exame de LCR. O diagnóstico é sindrômico (aumento do número de células, predomínio absoluto de neutrófilos, hiperproteinorraquia, hipoglicorraquia intensa), muitas vezes completado pelo diagnóstico etiológico (presença do agente etiológico ao exame bacteriológico direto ou detecção de antígenos bacterianos pela prova do látex). Os riscos do exame de LCR, desde que não haja sinais de comprometimento parenquimatoso com efeito de massa, são praticamente nulos. Os exames de neuroimagem têm valor muito restrito na fase de diagnóstico das meningites bacterianas agudas e não precisam nem devem ser solicitados rotineiramente, a não ser nas situações em que os exames de imagem têm precedência, descritas a seguir. O fator tempo é crucial no tratamento das MBA e os exames de imagem podem causar atraso na conduta clínica, sem acrescentar elementos relevantes ao diagnóstico. Os exames de neuroimagem devem preceder o exame de LCR nas seguintes eventualidades: (a) quando houver sinais de localização ao exame neurológico; (b) quando, clinicamente, a síndrome toxêmica estiver ausente ou for pouco expressiva; (c) quando houver deterioração precoce do estado clínico; (d) quando houver papiledema ao exame físico: papiledema costuma aparecer apenas depois de cerca de 36-48 horas de vigência de hipertensão intracraniana; seu aparecimento em quadros agudos com poucas horas de evolução sugere fortemente haver outro tipo de etiologia (processo expansivo sensu lato) ocorrendo de modo associado ou concomitante. Exames de neuroimagem são imprescindíveis, durante a evolução, quando houver sinais clínicos de complicações das meningites bacterianas agudas: ventriculites, coleções epidurais infectadas ou, mais raramente, abscessos cerebrais.Exames laboratoriais de rotina em processos infecciosos agudos também devem ser solicitados no caso de MBA. Deve ser dada ênfase especial às hemoculturas seriadas, uma vez que o agente etiológico chega ao sistema nervoso, na maioria das vezes, por via hematogênica. Além disso, em até 30% dos casos de MBA, bactérias podem entrar na corrente circulatória a partir de focos infecciosos meníngeos mesmo quando não detectadas ao exame de LCR. ✓ Cultura – tanto para o LCR quanto para o sangue, é um exame de alto grau de especificidade. Seu objetivo é identificar a espécie da bactéria, podendo ser realizado com diversos tipos de fluídos corporais. É o padrão ouro para diagnóstico das meningites bacterianas e, no caso da doença meningocócica, para a identificação do sorogrupo, de grande relevância para acompanhar as tendências e investigação de surtos e/ou epidemias. ✓ Contraimunoeletroforese cruzada (CIE) – os polissacarídeos de N. meningitidis e H. influenzae tipo b apresentam carga negativa e, quando submetidos a um campo elétrico, sob determinadas condições de pH e força iônica, migram em sentido contrário ao do anticorpo. Assim, tanto o antígeno quanto o anticorpo dirigem-se para um determinado ponto e, ao se encontrarem, formam uma linha de precipitação que indica a positividade da reação. A contraimunoeletroforese fornece uma sensibilidade de, aproximadamente, 70%, na identificação de N. meningitidis, e de 90%, na identificação de H. influenzae, e uma especificidade de reação de 98%. ✓ Aglutinação pelo látex – partículas de látex, sensibilizadas com anti-soros específicos, permitem, por técnica de aglutinação rápida (em lâmina ou placa), detectar o antígeno bacteriano em líquor, soro e outros fluídos biológicos. Pode ocorrer resultado falso-positivo, em indivíduos portadores do fator reumático ou em reações cruzadas com outros agentes. A sensibilidade do teste de látex é da ordem de 90% para H. influenzae, 94,4% para S. pneumoniae e 80% para N. meningitidis. A especificidade da reação é de 97%. ✓ Bacterioscopia – a coloração do LCR pela técnica de Gram permite, ainda que com baixo grau de especificidade, caracterizar morfológica e tintorialmente as bactérias presentes. Pode ser realizada a partir do líquor e de outros fluidos corpóreos normalmente estéreis e de material colhido a partir de raspagem de petéquias. ✓ Quimiocitológico – permite a contagem das células e as dosagens de glicose e proteínas do LCR. Traduz a intensidade do processo infeccioso e orienta a suspeita clínica, mas não deve ser utilizado para conclusão do diagnóstico final, por seu baixo grau de especificidade. ✓ Outros exames – alguns métodos vêm sendo utilizados, principalmente nos laboratórios de pesquisa, como PCR, ELISA e Imunofluorescência, cujos resultados ainda se encontram em avaliação e, portanto, não são preconizados na rotina diagnóstica. ✓ Reação em cadeia pela polimerase (PCR) – a detecção do DNA bacteriano pode ser obtida por amplificação da cadeia de DNA pela enzima polimerase, que permite a identificação do agente utilizando oligonucleotídeos específicos. Possui alta sensibilidade e especificidade, entretanto a técnica para o diagnóstico de meningite ainda não está validada e, portanto, não é utilizada como rotina diagnóstica. ✓ Método da imunofluorescência – este método consiste na marcação de anticorpos específicos com substâncias fluorescentes, para a identificação de H. influenzae, S.pneumoniae e N. meningitidis, em esfregaços de materiais clínicos. A sensibilidade dos resultados é comparável a dos métodos convencionais, como exame direto, através da coloração de gram e cultura, atingindo de 70% a 93%. O material indicado para o ensaio é LCR e o soro. ✓ Método imunoenzimático – ELISA (Enyme-linked immunosorbent assay) – o método fundamenta-se na capacidade do anticorpo ou antígeno ligar- se a uma enzima, resultando em conjugado, com a atividade imunológica inalterada e, portanto, possível de detectar tanto o antígen, como o anticorpo. O material indicado é o LCR e o soro. Além dos métodos supracitados, há outros inespecíficos que são utilizados de forma complementar. São eles: tomografia computadorizada, raio x, ultrassonografia, angiografia cerebral e ressonância magnética. OBS: Nenhum dos exames citados substitui a cultura de líquor e/ou sangue. O diagnóstico de meningite deve ser confirmado por uma punção lombar diagnóstica (raquicentese). No entanto, na presença de rebaixamento do nível de consciência, com deficits focais novos e/ou papiledema, muitos autores recomendam um exame de neuroimagem antes da punção. Caso se opte por esta conduta, a primeira dose do antibiótico intravenoso deve ser ministrada antes do transporte para a radiologia, e após coleta de hemoculturas. Vale dizer que alguns autores acreditam que mesmo na suspeita de hipertensão intracraniana grave o liquor poderia ser retirado, desde que por um especialista treinado e sob monitorização da manometria liquórica. Em pacientes com nível de consciência normal, sem papiledema ou deficits focais, a punção liquórica é realizada na região lombar, entre L1 e S1, sendo mais indicados os espaços L3-L4, L4-L5 ou L5-S1. A única contraindicação ABSOLUTA à punção liquórica é a presença de infecção no local da punção (piodermite). Pressão De Abertura (Opening Pressure) Deve ser medida com o paciente em decúbito lateral. Em adultos a pressão normal situa-se abaixo de 18 cmH2O. ➢ Na meningite bacteriana, os valores estão acima de 18 cmH2O em 90% dos casos. Coloração O liquor normal é límpido e incolor como “água de rocha”. O aumento de elementos figurados (células) causa a turvação no LCR, variando sua intensidade de acordo com a quantidade e o tipo desses elementos. Os neutrófilos degenerados geralmente o tornam turvo e de aspecto purulento. Xantocromia é uma coloração derivada, primariamente, dos pigmentos de bilirrubina. Xantocromia verdadeira encontra-se associada à hemorragia subaracnoidea, em que o LCR não se torna límpido após centrifugação, pois é devido à lise de hemácias por período superior a quatro horas. No acidente de punção, o LCR, inicialmente xantocrômico, torna-se límpido após centrifugação. Contagem De Células O liquor normal apresenta até 4 células/mm3 , sendo constituído de linfócitos e monócitos. ➢ Em casos de meningite bacteriana, a contagem celular é maior do que 500 células, com predomínio de neutrófilos (> 70%). Os linfócitos e eosinófilos predominam nos casos subagudos e crônicos. Faz-se a contagem global (total) de células por milímetro cúbico e a contagem específica (diferencial) dessas células (neutrófilos, eosinófilos, monócitos, etc.) através de esfregaços corados. Em cerca de 1/3 dos pacientes com meningite por L. monocytogenes pode haver predomínio de mononucleares. Bioquímico Utilizam-se técnicas bioquímicas para dosagem de glicose, proteínas, cloretos, ureia, etc. O valor da glicose no LCR é maior do que 2/3 do valor do sangue. Um método mais confiável de avaliar a glicose do liquor é relacioná-la à do soro (glicose liquórica/glicose do soro). ➢ Em meningites bacterianas ocorre hipoglicorraquia, representada por glicose inferior a 40 mg/dl ou por uma relação inferior a 0,40, este último método sendo mais confiável. A quantidade de proteínas varia com a idade, sendo maior nas primeiras semanas de vida e na velhice. Varia, também, com o local da punção. ➢ Em meningites bacterianas as proteínas excedem o valor de 45 mg/dl (normal até 30 mg/dl). Aglutinação Pelo Látex A pesquisa de antígenos bacterianos poderá ser processada pela técnica de aglutinação pelo látex ou contraimunoeletroforese, sendo a primeira mais comumente utilizada. Ambas nos fornecem resultados rápidos. O látex apresenta especificidade de 95 a 100% na meningite por pneumococoe meningococo. Sendo assim, um resultado positivo confirma o agente infeccioso. Infelizmente a sensibilidade do exame já não é tão elevada, sendo de 33 a 70% na meningite meningocócica e 70 a 95% na pneumocócica. Exame Microbiológico Exame realizado, sob assepsia, para detectar a presença de bactérias. Os mais utilizados são a bacterioscopia pelo Gram e a cultura. Se disponível, também podemos empregar a pesquisa de ácidos nucleicos por meio da técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase). Esta última possui como vantagem o fato de não sofrer influência do uso recente de antibióticos, pelo menos em relação às primeiras doses do tratamento (isto é, se o paciente recebeu antibióticos antes da punção lombar, o Gram e a cultura podem não revelar a presença de bactérias, porém a PCR ainda pode firmar o diagnóstico ao demonstrar a existência de fragmentos do material genético do patógeno). A coloração pelo método de Gram apresenta positividade em cerca de 80- 85% das vezes, mas pode não revelar micro-organismos em até 60% dos casos de meningite por L. monocytogenes. A cultura é positiva em > 80 %. Neuroimagem Em algum momento da evolução os métodos de neuroimagem devem ser solicitados, uma vez que evidenciam com clareza áreas de edema e/ou isquemia. A ressonância nuclear magnética é preferida sobre a tomografia de crânio. Hemoculturas E Biópsia De Lesões Cutâneas Em casos de meningite associada à meningococcemia, as hemoculturas costumam ser positivas e a biópsia de lesões petequiais costuma revelar o micro-organismo, inclusive de forma rápida pelo método de Gram. Meningites virais O diagnóstico deve ser precoce e na suspeita deve-se realizar punção liquórica, de preferência lombar, entre L3 e S1. Para a punção ser realizada de forma segura, é importante realizar-se exame de fundo de olho nos adultos e em crianças com fontanela fechada. O aspecto do líquor é geralmente claro nas meningites virais, com menos de 500 células, mas na caxumba, pode haver turbidez devido à quantidade de células, de 300 a 3.000; o predomínio inicial é de neutrófilos, podendo alterar para linfomonocitário em seis a 48 horas. Deve-se tomar cuidado para não confundir com as meningites bacterianas parcialmente tratadas pelo uso de antibióticos prévios. Na bioquímica do líquor costumeiramente há proteína, cloreto e glicose normais ou com discreta alteração. O nível normal de glicose do líquor corresponde a dois terços da glicemia normal, a proteína pode variar de 15 a 45 mg/dl e o cloreto, de 680 a 750 mg/dl. Para a tentativa de isolamento dos Enterovírus deverão ser testadas amostras de líquor e fezes, além da pesquisa de anticorpos em amostras pareadas de soro. No caso dos herpes vírus e citomegalovírus, pode ser realizada a reação em cadeia de polimerase (PCR), no LCR. ✓ Isolamento viral em cultura celular – pode ser realizado com diversos tipos de fluídos corporais, mais comumente líquor e fezes. São utilizados cultivos celulares sensíveis, para o isolamento da maioria dos vírus associados às meningites assépticas: RD (rabdomiosarcoma embrionário humano), Hep- 2 (carcinoma epidermóide de laringe) e Vero (rim de macaco verde africano). ✓ Reação de soroneutralização e de imunofluorescência – técnicas imunológicas para identificação do vírus isolado; são utilizados conjuntos de anti-soros específicos para a identificação dos sorotipos. ✓ Reação em cadeia pela polimerase (PCR e RT-PCR) – técnica baseada na amplificação de sequências nucleotídicas definidas, presentes no DNA ou RNA viral. Possui alto grau de especificidade quanto à identificação do agente etiológico, sendo utilizada para detecção direta, ou identificação de diferentes grupos de vírus associados às meningites virais. ✓ Pesquisa de anticorpos no soro do paciente – são utilizados testes de soroneutralização, em amostras pareadas de soro, para a pesquisa de anticorpos para enterovírus. Para os demais vírus, são utilizados ensaios imunoenzimáticos com a finalidade de se detectar anticorpos da classe IgG e IgM. O diagnóstico etiológico é feito com cultura do liquor, sorologia pareada, com intervalo de 10 a 14 dias entre as amostras de sangue colhidas, coprocultura para vírus (na suspeita de enteroviroses) e cultura de secreções da nasofaringe (até três dias de início da doença). A Meningite Bacteriana Aguda (MBA) é uma emergência infecciosa e, como tal, deve ser tratada sem demora. A aplicação da dose inicial de antibiótico na suspeita da MBA, embora altere um pouco a sensibilidade dos métodos diagnósticos, diminui enormemente a morbiletalidade da doença! Dessa forma, quando houver suspeita de MBA e por algum motivo não for possível realizar uma punção lombar diagnóstica, seja por falta de condições técnicas, seja pelo fato do doente estar muito grave (ou mesmo na presença de contraindicações ao procedimento), impõe-se o início IMEDIATO do antibiótico, escolhido empiricamente de acordo com a faixa etária e outros dados clínicos e epidemiológicos. Posteriormente, o paciente deverá ser removido para um serviço/hospital onde possam ser feitos adequadamente o diagnóstico e tratamento. A antibioticoterapia é ministrada por via intravenosa, por um período de 7-14 dias, ou até mais, dependendo da evolução clínica e da etiologia. A descreve a antibioticoterapia indicada para cada agente específico. Glicocorticoides Preconiza-se o uso sistemático de GC em todas as formas de meningite bacteriana aguda, visando reduzir a inflamação no SNC e, desse modo, a chance de óbito e sequelas neurológicas. Existem fortes evidências para tal conduta nos casos de meningite por Haemophilus (menos surdez neurossensorial) e pneumococo (menos óbito); sua influência nas infecções por outros germes, no entanto, não possui o mesmo peso de evidências científicas mas, como dissemos, o uso dos GC é extrapolado para todos os casos de MBA. Idealmente o GC deve ser iniciado 15- 30 minutos antes do início da antibioticoterapia ou, no máximo, junto com a 1 a dose do antibiótico (pois a morte dos micro-organismos por efeito da medicação costuma agravar ainda mais o processo inflamatório no espaço subaracnoide). Seu início > 6h após início do tratamento antimicrobiano é inútil. O esquema classicamente empregado é: dexametasona 10 mg IV 6/6 horas por quatro dias. Se utilizarmos a dexametasona para a meningite por pneumococo resistente à penicilina, a rifampicina deve ser acrescentada ao esquema, uma vez que os glicocorticoides diminuem a penetração da vancomicina no sistema nervoso central. Além da antibioticoterapia específica, são necessárias medidas importantes como: ● Isolamento respiratório por 24 horas em meningites por meningococo ou hemófilo; ● Hidratação com solução isosmolar evitando a hiper-hidratação, o que agravará o edema cerebral e a Secreção Inapropriada do Hormônio Antidiurético (SIADH); ● Elevar a cabeceira da cama; ● Manitol: promove diurese osmótica e melhora o edema cerebral nos pacientes com HIC. É empregado em dose de ataque de 0,5 a 1,0 g/kg EV e manutenção de 0,25 g/kg a cada 4/4 horas; ● Diazepam para o tratamento das convulsões e hidantoína ou fenobarbital para o controle; ● Ventilação mecânica: presença de coma ou arritmias respiratórias. Evolução e controle A resposta ao tratamento antimicrobiano corretamente instituído costuma ser RÁPIDA, havendo melhora da confusão mental nas primeiras seis horas de terapia. A febre também costuma melhorar já nas primeiras 6-12h. Os sinais e sintomas da síndrome de irritação meníngea, por outro lado, levam de três a cinco dias para desaparecer... Eventualmente, na doença meningocócica, a febre se mantém ou reaparece após alguns dias, devido ao surgimento de um quadro de artrite reativa. Nesta situação, nãoé indicado manter ou reintroduzir o antibiótico: o tratamento é feito apenas com as drogas antiinflamatórias habitualmente empregadas nestes quadros. Quando nos defrontamos com febre de evolução prolongada, devemos afastar COMPLICAÇÕES DA MENINGITE como efusão subdural (mais comum em RN e lactentes), tromboflebites sépticas, febre por antibiótico, abscesso cerebral e infecção urinária. Uma nova punção lombar após 72h de tratamento é classicamente indicada para avaliar a evolução das alterações inflamatórias do liquor, bem como para demonstrar a esterilização do mesmo. No entanto, nos casos em que a evolução clínica do paciente é boa, pode-se prescindir da repetição do exame... Quando a resposta clínica não é satisfatória (ex.: o paciente permanece em estado grave), ou quando a evolução é arrastada, suscitando dúvidas a respeito do correto diagnóstico etiológico e/ou do perfil de sensibilidade do germe, podem-se realizar punções lombares seriadas, de modo a permitir um acompanhamento mais amiúde da evolução do quadro (garantindo, quando indicado, uma mudança mais precoce nas decisões terapêuticas). A raquicentese é o método complementar mais OBJETIVO e FIDEDIGNO para demonstrar a evolução de um quadro de meningite! ● Coma: edema cerebral com herniação dos lobos temporais ou cerebelo/lesão cortical difusa (aumento da PIC, oclusão de vasos cerebrais). ● Choque séptico: mais comumente associado à meningite meningocócica. ● Comprometimento de pares cranianos: na criança, o facial (VII par) e o ramo acústico do vestibulococlear (VIII par) são os mais afetados. ● Secreção inapropriada do ADH: levando à hiponatremia e piora do edema cerebral. ● Efusão subdural estéril: típica dos lactentes infectados por pneumococo ou hemófilo; caracteriza-se por retorno ou manutenção da febre, irritabilidade, vômitos, crises convulsivas. A ultrassonografia (USG) de crânio geralmente diagnostica. O tratamento consiste em punções repetidas. ● Empiema subdural: menos frequente que a efusão, tem as mesmas características clínicas e epidemiológicas da efusão, porém, aqui existe infecção da coleção. ● Ventriculite: mais comum em crianças menores de dois meses. Está relacionada à demora do início da terapia e à meningite por enterobactérias. O comprometimento ventricular leva a aumentos da PIC e hidrocefalia. A USG é diagnóstica e revela aumento da ecogenicidade da membrana ependimária e duplo contorno da parede ventricular. A conduta muitas vezes envolve o posicionamento de uma válvula de derivação externa e a administração intraventricular de antibióticos. ● Hidrocefalia: pode surgir durante o episódio de meningite ou após a resolução do processo infeccioso. É importante o acompanhamento ambulatorial de crianças, através de medidas seriadas do perímetro cefálico. ● Sequelas: a surdez, a hidrocefalia, a epilepsia, a cegueira, a hemiplegia, o retardo psicomotor e o deficit intelectual são as sequelas mais comuns. Profilaxia Indicada em contatos familiares e íntimos do paciente. Exemplos destes últimos incluem crianças em creches, orfanatos, jardim de infância ou maternal. Indivíduos que permaneceram com o paciente por cerca de quatro horas por dia durante cinco a sete dias também devem receber profilaxia, assim como profissionais de saúde que foram expostos às secreções respiratória do paciente, como em procedimentos de intubação orotraqueal e aspiração de secreções sem a devida utilização de equipamentos de proteção adequados. O médico que realizou fundoscopia sem máscara também se enquadra nesse grupo. As drogas escolhidas são a rifampicina (1ª opção) na dose de 10 mg/kg a cada 12 horas durante dois dias para crianças e 600 mg de 12 em 12 horas para adultos. Em mulheres grávidas utilizamos a ceftriaxona em dose única (250 mg IM). Vacinação: atualmente, a vacina conjugada contra o meningococo sorotipo C faz parte do calendário vacinal básico das crianças brasileiras. As vacinas que contemplam outros sorotipos são menos imunogênicas, conferindo proteção parcial e transitória, e por isso não fazem parte do calendário vacinal. Todavia, é válido dizer que mesmo assim poderão ser feitas em campanhas, na vigência de surtos epidêmicos. A profilaxia é indicada para contatos familiares somente quando houver uma criança com menos de quatro anos de idade além do caso índice. É necessário o uso de antibiótico para todos os membros da família. Para creches ou escolas onde existam crianças expostas com idade inferior a 24 meses e diante da ocorrência de um segundo caso confirmado, indica-se, então, a profilaxia para os contatos íntimos, incluindo os adultos. A droga de escolha é a rifampicina na dose de 20 mg/kg uma vez ao dia por quatro dias para crianças, e 600 mg uma vez ao dia por quatro dias para adultos. Conduta para crianças vacinadas ● Criança com vacinação completa: não fazer a quimioprofilaxia. ● Criança com vacinação incompleta: completar. a. < 1 ano: começar e/ou completar a vacinação + a quimioprofilaxia. b. > 1 ano até 5 anos: 1 dose + quimioprofilaxia. ● Adultos e/ou contatos domiciliares em ambiente onde existam as crianças com menos de quatro anos, além do caso índice, vacinadas – não fazer quimioprofilaxia. ● Adulto e/ou contato domiciliar em ambiente onde existam as crianças < 4 anos, além do caso índice, NÃO vacinadas – fazer quimioprofilaxia. A vacina contra o Hib é produzida a partir do componente polissacarídico da cápsula bacteriana, conjugado a uma proteína carreadora. Apresenta altos níveis de eficácia quando aplicada nas doses recomendadas, conferindo imunidade duradoura. Atualmente, no Brasil, a vacina anti-Hib faz parte da vacina PENTAVALENTE (DTP + Hib + HBV), preconizada pelo calendário vacinal oficial. Marcadores de mau prognóstico das meningites bacterianas: 1. Rebaixamento do nível de consciência à admissão hospitalar; 2. Convulsões dentro de 24 horas da admissão hospitalar*; 3. Extremos das idades (crianças e adultos > 50 anos); 4. Sinais de aumento da pressão intracraniana; 5. Choque ou necessidade de ventilação mecânica; 6. Atraso no início da terapia; 7. Liquor com glicose < 40 mg/dl ou PTN > 300 mg/dl**. *De acordo com o Nelson (livro-texto de Pediatria), as convulsões que ocorrem na apresentação ou nos primeiros quatro dias não têm significado de mau prognóstico; um dado que contrasta com a meningite bacteriana de adultos. **Embora não seja consenso, alguns autores estão relacionando esses dados laboratoriais com um aumento na mortalidade de pacientes com meningite bacteriana. Na maioria das vezes é de suporte, com reposição hidroeletrolítica e controle das convulsões, quando presentes. O isolamento respiratório deve ser feito em casos de meningite pelo vírus da caxumba enquanto durar o aumento das parótidas ou até nove dias a partir do início de doença. Nos casos de meningite viral, o tratamento antiviral específico não tem sido amplamente utilizado. Em geral, utiliza-se o tratamento de suporte, com criteriosa avaliação e acompanhamento clínicos. Tratamentos específicos somente estão preconizados para a meningite herpética (HSV 1 e 2 e VZV), com acyclovir endovenoso. Na caxumba, a globulina específica hiperimune pode diminuir a incidência de orquite, porém não melhora a síndrome neurológica. O Sistema de Vigilância das Meningites (SVE/Meningites) compreende todas as atividades e atores envolvidos desde a identificação de um caso suspeito até a adoção das medidas de prevenção e controle da doença na comunidade. Dessa forma, a operação desse Sistema pressupõe uma boa integração técnica entre as atividades de assistência aos casos, de identificação e estudo das características do agente etiológico e de análise epidemiológica do comportamento da doença na população. O SVE/Meningites teve sua implantaçãoem 1975, quando tinha como objetivo principal o controle da doença meningocócica, em virtude dos surtos então verificados no país. Ao longo dos anos, foi incorporada a esse Sistema a vigilância de outras meningites de interesse para a saúde pública, como a meningite tuberculosa, a meningite por H. influenzae, a meningite por S. pneumoniae e as meningites virais. A partir de 2004, foi desencadeada a implementação do diagnóstico laboratorial de meningite viral, com o intuito de conhecer melhor os agentes virais causadores desse tipo de meningite no país. A implementação da vigilância das meningites virais, juntamente com as ações de vigilância vetorial, permitirá também a detecção precoce de casos da Febre do Nilo Ocidental, doença em expansão no mundo, a partir dos focos existentes nos Estados Unidos. • Monitorizar a situação epidemiológica das meningites no país. • Orientar a utilização das medidas de prevenção e controle disponíveis e avaliar a efetividade do uso dessas tecnologias. • Avaliar o desempenho operacional do SVE/Meningites. • Produzir e disseminar informações epidemiológicas. • Detectar surtos de doença meningocócica e de meningite viral. • Monitorar a prevalência dos sorogrupos e sorotipos de N. meningitidis, dos sorotipos de H. influenzae e S. pneumoniae circulantes no país. • Monitorar o perfil da resistência bacteriana das cepas de N. meningitidis, H. influenzae e S. pneumoniae. • Crianças acima de 1 ano de idade e adultos com febre, cefaléia intensa, vômitos em jato, rigidez da nuca, sinais de irritação meníngea (Kernig, Brudzinski), convulsões e/ou manchas vermelhas no corpo. • Em crianças abaixo de 1 ano de idade, os sintomas clássicos acima referidos podem não ser tão evidentes. É importante considerar, para a suspeita diagnóstica, sinais de irritabilidade, como choro persistente, e verificar a existência de abaulamento de fontanela. • Todo caso suspeito confirmado através dos seguintes exames laboratoriais específicos: cultura, contraimunoeletroforese (CIE) e látex; ou, • Todo caso suspeito de meningite com história de vínculo epidemiológico com caso confirmado laboratorialmente por um dos exames especificados acima; ou, • Todo caso suspeito com bacterioscopia positiva (diplococo Gram negativo) ou clínica sugestiva, com petéquias (meningococcemia). • Caso suspeito com diagnóstico confirmado de outra doença. A meningite faz parte da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória, de acordo com a Portaria nº 5, de 21 de fevereiro de 2006. É de responsabilidade de todo serviço de saúde notificar todo caso suspeito às autoridades municipais de saúde, que deverão providenciar, de forma imediata, a investigação epidemiológica e avaliar a necessidade da adoção das medidas de controle pertinentes. Todos os profissionais de saúde das unidades públicas e privadas de ensino e de laboratórios públicos e privados são responsáveis pela notificação. O funcionamento de unidades de vigilância epidemiológica (UVE) nos hospitais é fundamental para a busca ativa de casos em seu âmbito. Assistência médica ao paciente – hospitalização imediata dos casos suspeitos, coleta de líquor céfalorraquidiano e de sangue para o esclarecimento diagnóstico, medidas de suporte geral e instituição de terapêutica específica, conforme a suspeita clínica. – o tratamento precoce e adequado dos casos reduz significativamente a letalidade da doença. Para o bom desempenho no atendimento ao paciente grave, toda a equipe de assistência deve estar familiarizada com as técnicas de suporte cardio-respiratório e contar com a infraestrutura necessária. A abordagem inicial, o rápido reconhecimento da falência respiratória e do choque, a identificação e realização de drenagem de abcessos, dentre outros procedimentos de suporte ao paciente, são de fundamental importância na diminuição da morbimortalidade. O transporte dos casos para outra unidade de saúde, quando necessário, deve ser efetuado após a estabilização da ventilação, oxigenação e perfusão orgânica e com acesso venoso com antibioticoterapia. – o isolamento do paciente está indicado apenas durante as primeiras 24 horas do tratamento com o antibiótico adequado. Deve-se proceder à desinfecção concorrente em relação às secreções nasofaríngeas e aos objetos contaminados por elas. Nos casos de doença meningocócica ou meningite por H. influnzae, está indicada a quimioprofilaxia do caso e dos contatos íntimos (ver item “Instrumentos Disponíveis para a Prevenção e Controle”, mais adiante). É importante a vigilância desses contatos por um período mínimo de 10 dias, orientando a população sobre os sinais e sintomas da doença e indicando os serviços de saúde que devem acessados frente a uma suspeita diagnóstica de meningite. Como contato íntimo são considerados os moradores do mesmo domicílio, indivíduos que compartilham o mesmo dormitório, comunicantes de creches e pessoas diretamente expostas às secreções do paciente. A quimioprofilaxia não está indicada para pessoal médico ou de enfermagem que tenha atendido pacientes com meningites bacterianas, a menos que tenha havido exposição às secreções respiratórias, durante procedimentos como respiração boca a boca e/ou entubação. Investigação – deve-se proceder à investigação epidemiológica frente à notificação de qualquer caso suspeito de meningite, para que sejam obtidas informações quanto à caracterização clínica do caso (incluindo a análise dos exames laboratoriais) e as possíveis fontes de transmissão da doença. Além disso, verificar a necessidade de identificação de contatos e a implementação das medidas de controle cabíveis em cada situação. O instrumento de coleta de dados é a ficha de investigação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que contém as informações essenciais a serem coletadas em uma investigação de rotina. Todos os campos dessa ficha devem ser criteriosamente preenchidos, mesmo que a informação seja negativa. Outras informações podem ser incluídas, conforme a necessidade. Preencher todos os campos referentes à notificação (dados gerais, do caso e de residência) da ficha de investigação do Sinan. Deve ser realizado após a verificação de todas as informações necessárias para a conclusão do caso. A ficha de investigação deve ter sido devidamente preenchida para possibilitar a revisão e discussão do caso para o encerramento. O encerramento deverá ser feito com base na tabela de Inconsistência entre Etiologia e Critério Diagnóstico (Anexo C), no prazo máximo de 60 dias e posterior atualização dos dados no Sinan. • Orientar a população sobre a importância da higiene corporal e ambiental, bem como a manutenção de ambientes domiciliares e ocupacionais ventilados e evitar aglomerados em ambientes fechados. • Informar sobre os mecanismos de transmissão da doença. • Capacitar profissionais de saúde para o diagnóstico e o tratamento precoces. • Notificar todos os casos suspeitos às autoridades de saúde. • Investigar imediatamente todos os casos notificados como meningite. • Realizar, de forma adequada e em tempo hábil, a quimioprofilaxia dos contatos íntimos, quando indicada. • Manter alta cobertura vacinal contra BCG e Tetravalente, observando a importância da cobertura homogênea nos municípios. • Detectar precocemente e investigar rapidamente situações que indiquem possibilidade de surto. • Realizar a vacinação para bloqueio de surtos, quando indicada. Referências: MCPHEE, S.P. CURRENT: Medicina - Diagnóstico e Tratamento. 60 ed. Porto Alegre: AMGH, 2021 BAHIA. Secretária Estadual de Saúde. S. de Vigilância e Proteção à Saúde. Diretoria de V. Epidemiológica. Relatório Descritivo 3º Quadrimestre. Salvador/BA. 2020.
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