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Clínica Médica I Epilepsia ❖ Epilepsia é um distúrbio cerebral caracterizado por uma permanente predisposição de gerar crises epilépticas e suas consequências neuropsicossociais. A epilepsia é diagnosticada quando há crises epilépticas recorrentes em curtos espaços de tempo. ❖ Crise epiléptica é uma descarga excessiva e sincrônica dos neurônios, podendo ser espontânea ou desencadeada por motivos secundários (febre, distúrbio hidroeletrolítico e intoxicações). Pode se apresentar de forma convulsiva (quando há manifestação motora) ou não convulsiva (quando não há manifestação motora). ❖ Alguns pacientes podem acompanhar sintomas como náuseas, perda de consciência, sensações estranhas e movimentos anormais pois o acometimento do córtex está associado a diversas manifestações patológicas de acordo com a região afetada. ❖ As crises acontecem quando há uma atividade anormal do cérebro, ou seja, uma descarga excessiva e síncrona de um grupo de neurônios, no entanto, uma crise isolada não é sinônimo de epilepsia. ❖ Alguns diagnósticos diferenciais envolvem Síncope, pseudocrise de enxaqueca, perda de fôlego, terror noturno, distúrbios do sono e DRGE (geralmente acompanha uma aura epigástrica). Nesses casos, para correta diferenciação, é necessário o relato de um acompanhante. O tipo de epilepsia mais comum é aquele que atinge o lobo temporal. NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES CRISE PARCIAL SIMPLES (FOCAL PERCEPTIVA) ❖ São sintomas resultantes de descargas limitadas a uma área restrita do cérebro e que, por isto, não promovem comprometimento da consciência. São precedidas de auras, que podem ser, alterações dos sentidos, auras psíquicas, aura epigástrica, formigamentos e manifestações motoras (crises tônicas – enrijecimento; e clônicas – movimentos). Pode evoluir com uma crise disperceptiva. CRISE PARCIAL COMPLEXA (FOCAL DISPERCEPTIVA) ❖ São crises epilépticas focais em que há comprometimento da consciência, sendo observado o estreitamento e não a perda completa da consciência. Podem vir acompanhadas de automatismo orais e manuais. Enquanto a crise durar o paciente fica irresponsivo, com o olhar fixo em algum ponto e os automatismos orais são ipsilaterais ao foco cerebral da crise. Em algumas crises, o lado em que não possui automatismos manuais assume uma postura de decorticação. CRISES GENERALIZADAS ❖ São crises em que não há evidência de início localizado, mas ambos os hemisférios cerebrais são afetados concomitantemente. Pode haver perda de consciência. ❖ Perante o EEG, observa-se descargas em ritmo que se apresentam com a formação de complexos do tipo espículo-onda. CRISE TÔNICO – CLÔNICA BILATERAL ❖ Desde o início há perda de consciência, acompanhado de uma convulsão (aumento do tônus e clônus muscular). CRISE DE AUSÊNCIA ❖ Geralmente de início precoce na vida do paciente (comum em crianças e jovens). O paciente brevemente perde a consciência (fica paralisada) e fica irresponsiva enquanto a crise durar. MIOCLONIA ❖ Ocorre repentina contração muscular bilateral (e consequente movimento do membro afetado). É compreendido e percebido pelos pacientes como um “choque”, isto é, um movimento inconsciente, geralmente proximal, dos MMSS. Pode ocorrer em outras regiões do corpo, mas sempre com acometimento simétrico e mais rápido quando comparadas a clonia. DIAGNÓSTICO ❖ Inicialmente é com base na clínica durante a vigência da crise. É fechado apenas com o EEG (quando realizado na crise, observa-se a descarga no lobo originário). EXAMES COMPLEMENTARES ❖ Em caso de houver trauma ou possível trauma prévio, com o paciente estável, pode-se realizar um exame de imagem para excluir causas estruturais (TC ou RNM de crânio). TRATAMENTO ❖ Drogas com mesmo efeito acabam competindo entre si, como a carbamazepina e a fenitoína (não devem ser usadas juntamente). ❖ É sempre recomendado iniciar o tratamento em monoterapia. Para as crises focais, a droga de escolha é a carbamazepina ou a fenitoína. Para as crises generalizadas, a droga de escolha é o valproato de sódio ou topiramato. ❖ Estado de mau epiléptico iminente (emergência neurológica): há uma incapacidade neural em autocontrolar as crises, que induz a ocorrência de múltiplas crises subsequentes, devendo ser tratadas com Diazepam 1 ampola EV (se não for possível pegar um acesso venoso, pode-se usar midazolam IM) podendo repetir a dose se necessário. Se mesmo com a repetição da dose não cessar as crises, deve-se optar pelo Hidantal (fenitoína 20mg/kg, repetindo com 10mg/kg se necessário – pode ser diluída apenas com SF, pois com SG ocorre precipitação). Ainda, deve-se monitorizar os SSVV do paciente. Recomendado ter um EEG contínuo para monitorização. ❖ Se o paciente der entrada no PS após a crise (sem manifestações visíveis), deve-se monitorizar SSVV e observar instabilidades. Se houver indícios de diagnostico prévio de epilepsia, opta-se pela conduta de estado de mau epiléptico. Caso contrário, pode ser que esteja ocorrendo o estado de mau epiléptico não convulsivo (mais comum em idosos e portadores de doenças degenerativas), geralmente acompanhando apenas confusão mental, sendo que nesse cenário pode-se seguir com o tratamento Diazepam + Fenitoína. Na gestação: apenas usar lamotrigina, levotiracetam e sulfato de magnésio (quando houver eclâmpsia).
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