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@anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 1 SÍNDROME CORONARIANA AGUDA INTRODUÇÃO A síndrome coronariana aguda (SCA), definida como redução abrupta de suprimento sanguíneo para o coração, continua sendo causa importante de morbimortalidade no mundo, sendo que a cada ano sete milhões de pessoas recebem este diagnóstico. OBSERVAÇÃO O ECG inicial de 12 derivações é usado para classificar os pacientes em 1 entre 2 categorias de infarto do miocárdio, cada uma com estratégias distintas de atendimento e manejo. Estas duas categorias de ECG estão descritas no algoritmo de síndrome coronárias agudas: − Supradesnivelamento do segmento ST (IAMST); − SCA sem supradesnivelamento do segmento ST (SCA-SSST). METAS − Prevenção de eventos cardiovasculares adversos maiores, como morte, IM não fatal e a necessidade de revascularicção urgente pós-infarto; @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 2 − Identificação de pacientes com IAMST e encaminhamento para o tratamento de reperfusão precoce; − Alivio do desconforto torácico isquêmico; − Tratamento de complicações agudas e potencialmente fatais de SCA, como FV/TVSP, bradicardia instável, ruptura da parece vascular, ruptura do musculo papilar, choque descompensado e outras taquicardias instáveis. CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA DA SÍNDROME CORONARIANA AGUDA COM SUPRA DE ST (SCACSST) É importante reconhecer e ter reação aos sinais de aviso da SCACSST. Os serviços medico de emergência e transporte devem ser mandados rápido e dever ser ágil. Além disso, antes do paciente da entrada, o hospital deve ser notificado antecipadamente. A avaliação e diagnostico devem ser rápidos no departamento de emergência (ou no laboratório de cateterização) e deve ser instituído um tratamento. Obs.: laboratório de cateterização = serviço de hemodinâmica. RESPOSTA A PCR EM AMBIENTE EXTRAHOSPITALAR (PCREH) Os pacientes com SCACSST são pacientes graves e tem alto índice de mortalidade, sendo que metade dessas mortes acontece antes do paciente chegar ao hospital. As principais causas dessas mortes são FV ou TVSP. Para evitar isso, os médicos devem fazer: • Executar RCP precoce, se ele estiver diante de uma PCR; • Fornecer desfibrilação precoce com DEAs, se disponível; • Fornecer um serviço de atendimento coordenado. FISIOPATOLOGIA A SCA pode desenvolve muito de pacientes que tem arteriosclerose coronária que podem desenvolver um espectro de síndromes clinicas. Essas síndromes clinicas vai desde vários graus de oclusão da artéria coronária. Pode ter um SCA sem supra de ST (angina instável) ou SCA com supra de ST. ETAPAS 01 São pacientes que tem sintomas sugestivos de isquemia ou de infarto (ou seja, sintomas de SCA). Avaliação e descrição da dor torácica: 1. Localização: onde é a dor? Qual região? 2. Característica: é opressiva? Em queimação? “tipo facada no peito”? 3. Intensidade: a dor é forte ou fraca? Moderada? 4. Irradiação: irradia para a mandíbula? Dorso? MMSS ou MMII? 5. Duração: rápida (dura segundos)? Ou tem duração maior que 10 minutos? 6. Fatores de melhora/piora: melhora quando se meche? Muda de posição? Piora quando faz esforço ou respira? 7. Sintomas associados: tem náusea, vômitos, sudorese ou pele fria? Obs.: lembrar que pessoas que tem fatores de risco são mais susceptíveis e tem aumento do risco cardiovascular @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 3 (CV). Por isso, deve perguntar se o paciente tem HAS, DM, dislipidemia, se usa algum remédio para tratamento, verificar os antecedentes patológicos, histórico familiar. SINTOMAS SUGESTIVOS DE ISQUEMIA OU INFARTO − Sensação de pressão, aperto no peito ou dor desconfortável no centro do tórax, persistindo por vários minutos; − O desconforto torácico pode irradiar para as costas ou entre as escapulas; − Observar os sintomas associados, que são desfalecimento, tontura, desmaio, suor, náusea ou vomito; − Pode apresentar também falta de ar súbito e inexplicável, que pode ocorrer com ou sem desconforto torácico; − Desconforto epigástrico (dores acima do umbigo podem ser característico). Atenção para os EQUIVALENTES ISQUÊMICOS (idosos, mulheres, diabéticos, hipertensos) que são: − Dor atípica; − Dispneia súbita; − Sudorese; − Palpitação; − Náuseas; − Vômitos; − Tontura; − Sincope. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: Dissecção de aorta, embolia pulmonar (sua história pode ser dispneia súbita sem outro sintoma associado), efusão pericárdica aguda com tamponamento, pneumotórax hipertensivo. ETAPA 02 Avaliação e atendimento do serviço médico de emergência e preparo hospitalar Avaliar os ABCs: − Monitoras sinais vitais e o ritmo cardíaco; − Estar preparado para fornecer RCP; − Usar um desfibrilador se necessário. Deve estar sempre preparado para aplicar uma RCP e desfibrilação se necessário (se for chocável). Se a suspeita for SCA deve administrar aspirina (AAS) e considerar oxigênio (se SatO2 < 90% ou sinais de desconforto respiratórios): − O oxigênio deve ser usado se o paciente estiver dispneico ou hipoxemico, sinais óbvios de IC ou SatO2 < 90%; − AAS. AAS − Dose de 162-325mg de AAS, que causa inibição imediata ou quase total da produção de tromboxano A2 inibindo a COX-1 das plaquetas; − Reduz a reoclusão e outros eventos recorrentes independente e após o tratamento fibrinolítico; − Se o paciente não tiver ingerido aspirina e não tiver histórico de alergia real a AAS, nem evidencia de sangramento intestinal recente, realizar a dose mastigável; − Reduz a mortalidade de pacientes com SCA. Além disso, deve avaliar se a necessidade do uso de nitroglicerina e morfina; NITROGLICERINA − Reduz o desconforto torácico isquêmico; − Redução na pré carga ventricular esquerda e direita, por meio de dilatação arterial e venoso; − 1 comprimido sublingual a cada 3-5 minutos diante de sintomas contínuos, se não houver complicações; − Total de 3 doses; − Deve ser administrada somente se o paciente permanecer hemodinamicamente estável (PAS>90mmHg) ou não inferior a 30 mmHg da linha basal conhecida; FC entre 50 e 100/min; − Não deve ser usada em hipotensos; − Contraindicações: nitrato, Bbloqueadores e opioides. CONTRAINDICAÇÕES para uso de nitrato e morfina − Infarto de parede inferior e infarto de VD: o VD é altamente dependente de pressão de enchimento para manter a PA e o DC. Se não descartar o infarto do VD, deve ter muita cautela ao usar nitrato. Caso seja confirmado o infarto do VD, não deve utilizar nitroglicerina e outros vasodilatadores (morfina) e depletores de volume (diuréticos). − Hipotensão, bradicardia ou taquicardia: evitar o uso de nitroglicerina. − Uso recente de inibidor da fosfodiesterase: sildenafil ou vardenafil nas ultimas 24h ou tadalafil nas ultimas 48h; hipotensão refrataria grave aos vasopressores. Obs.: Não há associação entre o uso de nitroglicerina e a sobrevivência em pacientes com SCA. OPIOIDES − Considerar uso em desconforto torácico grave que não responde a nitroglicerina sublingual; − Cautela em SCASSST, associada a maior mortalidade; @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 4 − Mascara sintomas, reduzir absorção de antiplaquetários (principalmente os inibidores de P2Y12); − Tem o objetivo de aliviar analgesia, alivio de dispneia, vasodilatação, reduz RVS, redistribui volume sanguíneo em EAP. ATENÇÃO Obtenha um ECG de 12 derivações (deve ser feita em menos de 10 minutos); e avaliar se há supradesnivelamento do segmento ST, caso o paciente tenha, deve notificar o hospital que recebera o paciente. Anote a hora do início e do primeiro contato médico. Forneça ao hospital notificação com antecedência da chegada do paciente (e até mesmo quanto tempo vai demorar para chegar lá) e, na chegada, transporte para o departamento de emergência/hemodinâmica, de acordo com o protocolo.O hospital notificado devera mobilizar recursos para responder a SCACSST e acionar um alerta de SCACSST; Se houver consideração de fibrinólise pré hospitalar (ou seja, administração de fibrinolítico), use a lista de verificação de fibrinolíticos. Obs.: Se os profissionais extra hospitalares não conseguirem concluir essas etapas iniciais antes de chegar ao hospital, o profissional da emergência deve fazê-lo. TERAPIA ADJUVANTE INICIAL ETAPA 03 Avaliação simultânea no departamento de emergência/laboratório de hemodinâmica (<10 minutos). Acionar a equipe de SCACSST mediantes notificação do serviço médico de emergência. Avalie os ABCs e administre oxigênio, se necessário. Estabeleça acesso venoso IV. Breve exame físico e histórico direcionado. Revisar e completar a lista de verificação fibrinolítica. Há contra indicações? Fazer exames para obter os níveis dos marcadores cardíacos iniciais, hemograma, estudo de coagulação. Obter radiografia portátil de tórax (em < 30 minutos). Se não tiver não atrase o transporte para o laboratório de hemodinâmica. Tratamento geral e imediato no DE/laboratório de hemodinâmica: − Se a SatO2 < 90%: inicie oxigênio a 4L/min e titule; − AAS 162-325mg (se não administrado pelo serviço de emergência); − Nitroglicerina sublingual; − Morfina IV, se o desconforto não for aliviado pela nitroglicerina; − Considere administrar inibidores P2Y12. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES − O ECG é fundamental para o processor de estratificação inicial de risco e tratamento; @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 5 − Pacientes com SCACSST, NÃO é necessário a evidencia de marcadores cardíacos elevados para tomar a decisão de administrar um tratamento (deve fazer um fibrinolítico ou realizar uma angiografia diagnóstica com ICP – Angioplastia/stent). ETAPA 04 Interpretação do ECG A: desvio de 5mm; B: desvio de 4,5mm. ETAPA 09 Síndrome coronariana com supra ST de alto risco Infradesnivelamento isquêmico do segmento ST de 0,5mm (0,05mV) ou maior ou por inversão da onda T dinâmica com dor ou desconforto torácico. Supradesnivelamento do segmento DT não persistente ou transitório de 0,5mm ou superior, por menos de 20 minutos, também se inclui nesta categoria Se troponina elevada ou paciente de alto risco → Estratégia invasiva precoce, se (ETAPA 11): − Desconforto torácico isquêmico refratário; − Desvio de segmento ST recorrente/persistente; − Taquicardia ventricular; − Instabilidade hemodinâmica; − Sinais de IC. ETAPA 12 SCASSST de risco baixo a intermediário. Alterações normais ou não diagnósticas no segmento ST ou na onda T que são inconclusivas e exigem melhor estratificação de risco. ECG normais e com desvio do segmento ST, em qualquer direção, de menos de 0,5mm (0,05mV). Inversão de onda T de 2mm (0,2mV) ou menos. ETAPA 13 Considere internação em unidade de dor torácica do departamento de emergência ou leito para monitoramento adicional e possível internação. Repetir ECGs. Seriar marcadores. OBS.: Lembrando que essas etapas são da síndrome coronariana SEM supra ST. Com supra deve ser tratada imediatamente, o mais rápido possível. SÍNDROME CORONARIANA COM SUPRA ST Tratamento precoce de reperfusão com ICP primária ou fibrinolíticos. Tratamento padrão em pacientes que se apresentam até 12 horas após início dos sintomas, sem CI. O tratamento fibrinolítico na primeira hora depois do início dos sintomas reduz a mortalidade em 47%. ICP: Meta é um tempo de 90 minutos ou menos entre o 1º contato médico e a insuflação do balão. Em hospital sem recurso para ICP, o tempo deverá ser menos de 120 minutos, para ICP primária Se fibrinólise: Tempo Porta-Agulha meta mais longa aceitável é de 30 minutos – Indicada em situações em que não consegue transportar o paciente para intervenção coronária percutânea em 120 minutos. ESCOLHA DA TERAPIA DE REPERFUSÃO @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 6 É um trombolítico fácil de usar, pois já vem com o diluente próprio e a seringa. O cálculo é de acordo o peso. ESTRATÉGIAS DE REPERFUSÃO PRECOCE ICP PRIMÁRIA Angioplastia coronária com colocação de stent; Preferida em relação à administração de fibrinolítico; ICP reduziu desfechos combinados de morte, AVC e novo infarto comparado ao fibrinolítico (Paciente entre 3-12 horas do início). ESTRATÉGIAS 1- ICP Primária: Primeira coisa que foi realizada com o paciente 2- ICP de resgate: Quando faz o fibrinolítico e não dá certo (existem critérios) e é necessário levar para hospital 3- Fármaco invasiva: o fibrinolítico deu certo, mas é necessário transportar o paciente para um hospital de referência para realizar o cateterismo. USO DO FIBRINOLÍTICO Na ausência de CI e na presença de uma relação risco/benefício favorável, o tratamento fibrinolítico é uma opção para a reperfusão em paciente com SCACSST – Início dos sintomas nas 12h anteriores, ICP não disponível de 90 min. EM SCACSST em parede posterior; Não são recomendados após 12h do inicio dos sintomas, exceto se desconforto torácico continuar com supradesnivelamento persistente do segmento ST. TRATAMENTOS ACESSÓRIOS: HEPARINA não fracionada ou de baixo peso molecular NITROGLICERINA IV − Não reduz a mortalidade; − Desconforto torácico recorrente ou contínuo que não responde à nitroglicerina sublingual (Isordil); − EAP complicando a SCACSST; − Hipertensão complicando a SCACSST. Deve ser utilizada da seguinte forma: 1- Para alivio do desconforto torácico isquêmico − Titule até obter o efeito; − Mantenha PAS superior a 90mmHg; − Limite a queda de PAS a 30mmHg abaixo da linha basal em pacientes hipertensos. 2- Para melhora do edema pulmonar e na hipertensão − Titule até obter efeito; − Limite a queda de PAS a 10% da linha basal em pacientes normotensos; − Limite a queda na PAS a 30mmHg abaixo da linha basal em hipertensos. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 7 INIBIDORES P2Y12 (CLOPIDOGREL, PRASUGREL E TICAGRELOR) Clopidogrel e prasugrel são tienopiridinas que exigem biotransformação hepática em metabólitos ativos O ticagrelor não requer e é um inibidor P2Y12 reversível.
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