Resumo Responsabilidade social das escolas médicas

Prévia do material em texto

Vídeo complementar:
Medicalização da saúde | Naomar Almeida Filho
Link Artigo
 O Papel da Responsabilidade 
Social na Formação Médica: 
Promovendo a Saúde Coletiva
Introdução
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou a necessidade de aumentar o acesso 
a profissionais de saúde em áreas remotas e rurais em 2010. Essa questão trouxe à tona 
quatro dimensões fundamentais para reter profissionais nessas áreas, incluindo 
iniciativas educacionais. Contudo, críticas à formação médica tradicional têm apontado 
para a necessidade de mudanças significativas no ensino médico, com o objetivo de 
produzir médicos mais qualificados e competentes. Essas críticas ecoam as 
preocupações levantadas no Relatório Flexner, que evidenciou a necessidade de 
reformas na formação médica, com uma ênfase excessiva na subespecialização e na 
abordagem hospitalocêntrica, que se desconecta dos determinantes sociais em saúde.
Desde a década de 1950 até a de 1960, a Organização Pan-Americana de Saúde 
reconheceu a importância de atender às demandas sociais por médicos com uma 
formação mais adequada. O foco passou a ser não apenas formar profissionais, mas 
também melhorar a saúde da população. Isso impulsionou a busca por mudanças nas 
escolas médicas e enfatizou a missão social da educação médica na busca pela 
equidade em saúde.
Nesse contexto, surgiu a noção de que a busca por saúde também está intrinsecamente 
ligada à busca por justiça social. A relação entre o sistema de saúde e as escolas 
médicas ganhou importância, e a responsabilidade social passou a ser vista como a 
responsabilidade institucional de orientar o ensino, pesquisa e atividades para atender 
às necessidades em saúde da sociedade.
A Interseção entre Saúde e Educação
A conexão entre saúde e educação é fundamental na promoção do bem-estar da 
população. A formação de médicos tem um impacto direto nos indicadores de saúde de 
suas comunidades. Portanto, é crucial que os médicos sejam treinados não apenas em 
aspectos clínicos, mas também em aspectos sociais, culturais e comunitários da saúde.
Globalmente, existe um consenso sobre a responsabilidade social das escolas médicas. 
Dez diretrizes foram estabelecidas para orientar as escolas médicas nesse sentido, 
incluindo antecipar as necessidades sociais de saúde, promover a educação baseada em 
resultados e estabelecer mecanismos de acreditação que considerem princípios globais 
e locais. O papel da sociedade também é essencial nesse processo, permitindo uma 
abordagem mais colaborativa na promoção da saúde.
Estágios da Formação Médica e Responsabilidade 
Social
A formação médica passa por três estágios essenciais que refletem a responsabilidade 
social:
1. Responsabilidade
A formação médica começa com a responsabilidade de educar futuros médicos para 
que possam contribuir efetivamente para a saúde da população. Isso envolve não 
apenas o desenvolvimento de habilidades clínicas, mas também uma compreensão dos 
determinantes sociais da saúde.
2. Responsividade
A responsividade na formação médica está relacionada à adaptação das escolas 
médicas às prioridades de saúde locais. Cada comunidade tem suas necessidades 
específicas, e os médicos devem ser treinados com base nessas competências 
específicas para atender às demandas da população.
3. Accountability
A accountability envolve a colaboração das escolas médicas com governos, 
organizações de saúde e a sociedade em geral. Os médicos formados devem assumir a 
responsabilidade de melhorar a saúde da população e trabalhar em conjunto com 
outros atores para alcançar esse objetivo.
Resumo: Responsabilidade social das escolas médicas
 Página 1 de RENEW MED 
https://www.youtube.com/watch?v=kF58rMxir2I
https://www.scielo.br/j/rbem/a/rgFdtV6c3cndY564bSwM93n/abstract/?lang=pt
Desafios na Busca pela Responsabilidade Social
A busca pela responsabilidade social na formação médica não está isenta de desafios. 
Uma das principais questões é a necessidade de reexaminar o papel de cada ator no 
processo e contextualizar a situação social, política e cultural local. Além disso, as 
referências nacionais sobre responsabilidade social ainda são insuficientes, o que torna 
difícil estabelecer diretrizes claras.
Entre as iniciativas que buscam promover a responsabilidade social na formação 
médica, destaca-se o Projeto Integração Docente Assistencial (IDA), que teve início na 
década de 1970. Essa iniciativa enfatiza a união entre os profissionais de saúde e a 
comunidade na educação dos futuros médicos. Outra ação importante foi a criação da 
Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico (Cinaem) na 
década de 1990.
No contexto brasileiro, foram implementadas diversas iniciativas, como o Programa 
Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), o Programa 
de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-Saúde) e o Programa de Valorização da 
Atenção Básica (Provab). No entanto, a iniciativa mais recente e abrangente é o 
Programa Mais Médicos (PMM), que prioriza regiões com maior carência de médicos e 
estrutura de serviços de saúde.
Metodologia e Resultados
O PMM resultou na criação de novos cursos de medicina, com diretrizes curriculares 
nacionais estabelecidas em 2014. Esses cursos foram projetados com ênfase na tutoria e 
na inserção semanal e longitudinal dos estudantes nos serviços de saúde. A análise das 
representações sociais dos estudantes revelou mudanças significativas em relação à 
responsabilidade social.
As representações sociais são elementos simbólicos expressos pelos indivíduos por 
meio de palavras e gestos. Quando um sujeito expressa uma opinião sobre um objeto, 
contribui para a elaboração de uma representação. As representações sociais possuem 
um núcleo central estável e coerente, que reflete as condições históricas, sociológicas e 
ideológicas do grupo. Esse núcleo é resistente à mudança e garante a continuidade da 
representação. No entanto, as representações sociais também possuem um núcleo 
periférico que permite a integração de experiências individuais e suporta a 
heterogeneidade do grupo.
Os resultados revelaram que o PMM teve um impacto positivo na percepção dos 
estudantes em relação à responsabilidade social na formação médica. Houve um maior 
incentivo às políticas afirmativas e uma percepção mais ampla no âmbito coletivo da 
responsabilidade social. O termo "Sistema Único de Saúde" (SUS) também ganhou 
destaque entre os estudantes de escolas médicas mais novas.
 Página 2 de RENEW MED