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As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed O organismo feminino sofre mudanças anatômicas e funcionais durante a gravidez, adaptando-se para a presença do feto em desenvolvimento. Essas alterações podem ser molecular, bioquímica, hormonal, celular e tecidual dos mais variados órgãos e sistemas. É possível se deparar com situações de má adaptação do organismo materno à presença do feto, de manifestação de doenças latentes, de intercorrências patológicas ligadas especificamente ao período gestacional e de piora de doenças previamente existentes. Nesses casos, as gestações serão consideradas de alto risco e merecem atenção especial na assistência pré-natal. No início da gestação, a presença de células trofoblásticas no ambiente intrauterino altera a homeostase local e, por meio da produção celular de hormônios e outras substâncias, o funcionamento de quase todos os sistemas maternos se adapta à nova condição. As manifestações dessas adaptações em outros órgãos e sistemas são consideradas modificações do organismo materno à gestação e podem ser classificadas como locais (presentes nos órgãos genitais e/ ou sexuais) ou gerais (que surgem nos sistemas digestório, urinário, respiratório, nervoso, esquelético e em pele e anexos). Mecanismo endócrinos e metabólicos estão intimamente ligados às adaptações do sistema circulatório a) Adaptações hematológicas do organismo materno A primeira adaptação circulatória observada na gestante se constitui de alterações do volume e da constituição do sangue. O volume sanguíneo materno aumenta consideravelmente durante a gravidez, atingindo valores 30 a 50% maiores do que os níveis pré-gestacionais. As variações relacionadas ao aumento da volemia se associam a diferenças individuais e à quantidade de tecido trofoblástico, sendo maior em gestações múltiplas e menor em gestações com predisposição a insuficiência placentária (Restrição de crescimento fetal e HAS). O papel da hipervolemia no organismo materno está associado ao aumento das necessidades de suprimento sanguíneo nos órgãos genitais, especialmente em território uterino, cuja vascularização apresenta-se maior na gestação. Além disso, tem função protetora para gestante e feto em relação à redução do retorno venoso, comprometido com as posições supina e ereta, e também para as perdas sanguíneas esperadas no processo de parturição. b) Volume sanguíneo e plasmático O aumento da volemia materna decorre do acréscimo de volume plasmático e, em menor proporção, da hiperplasia celular. Em geral, o aumento de volume plasmático é da ordem de 45 a 50% em comparação com os valores da mulher não gestante, enquanto o volume de células vermelhas se eleva em cerca de 30%, estabelecendo um estado de hemodiluição. Consequentemente, a viscosidade plasmática está menor, o que reduz o trabalho cardíaco. Esses processos adaptativos se iniciam no 1º trimestre de gestação (6ª semana) com expansão mais acelerada no 2º trimestre, para, finalmente, reduzir sua velocidade e estabilizar-se nas últimas semanas do período gravídico. Dessa forma, observa-se aumento do volume plasmático ao fim do 1º trimestre e de aproximadamente mais ao fim do 2º trimestre. O aumento da massa eritrocitária acompanha as velocidades de acréscimo observadas para o volume plasmático Parece se tratar do surgimento de novo equilíbrio entre fatores envolvidos na retenção e na excreção de sódio e água, resultantes da vasodilatação sistêmica e do aumento da capacitância dos vasos. O sistema renina-angiotensina-aldosterona tem maior atividade na gestação de forma a suplantar a ação de mecanismos excretores, como o aumento da filtração glomerular e do peptídeo atrial natriurético. Fora do ciclo gravídico-puerperal, elevações agudas da volemia ativam receptores de volume e barorreceptores Modificações no Corpo Feminino na Gravidez Introdução Sistema Circulatório As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed presentes nos átrios e em grandes vasos, assim como a baixa osmolaridade plasmática provoca a excitação de quimiorreceptores do hipotálamo anterior. Esses estímulos acarretam secreção de peptídeo atrial natriurético, que atua em receptores presentes nos rins, adrenais e vasos, promovendo excreção de sódio e água, além de vasodilatação. Durante a gravidez, apesar do aumento progressivo dos níveis séricos de peptídeo atrial natriurético, o aumento lento da volemia torna os receptores menos. sensíveis ao seu estímulo, permitindo o acúmulo de sódio e água pelo organismo materno. Assim, a atividade do sistema renina- angiotensina-aldosterona suplanta os mecanismos de manutenção da volemia. c) Eritrócitos Apesar da hemodiluição fisiológica observada na gestante, o volume eritrocitário absoluto apresenta aumento Em média, mulheres grávidas possuem eritrócitos a mais, com maior incremento no 3º trimestre. A produção de hemácias está acelerada, em função do aumento dos níveis plasmáticos de eritropoetina, o que é confirmado pela discreta elevação do número de reticulócitos apresentado pelas gestantes. A vida média dessas células é menor durante a gestação. A concentração de hemoglobina se encontra reduzida durante a gravidez, resultado da hemodiluição Considerando-se que a produção eritrocitária seja maior no 3º trimestre, essa redução relativa dos valores de hemoglobina é menor no fim da gravidez. Apesar dessa variação ocorrer, é consenso utilizar valores de hemoglobina e hematócritos d) Leucócitos Existe aumento da produção da maioria dos elementos figurados do sangue na gravidez. A leucocitose pode estar presente na gravidez normal Durante o parto e o puerpério imediato, os valores de leucócitos se elevam de modo significativo, possivelmente relacionado à atividade das adrenais no momento de estresse. O aumento dos níveis sanguíneos de leucócitos ocorre principalmente à custa de células polimorfonucleares. Apesar do maior número de neutrófilos, sua função se encontra deprimida, com diminuição de fenômenos quimiotáxicos e da expressão de moléculas de aderência As proteínas inflamatórias da fase aguda apresentam aumento em todo o período gestacional. A proteína C reativa apresenta níveis plasmáticos mais elevados no momento próximo ao parto. A velocidade de hemossedimentação, eleva-se por conta do aumento de fibrinogênio e de globulinas no sangue, perdendo seu valor em investigações diagnósticas na gravidez. e) Plaquetas e sistema de coagulação Os níveis plaquetários estão discretamente reduzidos na gravidez normal. Parte desse evento ocorre pelo fenômeno da hemodiluição, mas o consumo de plaquetas também está envolvido nesse processo, e certo grau de coagulação intravascular no leito uteroplacentário pode ser uma justificativa para esse achado. O aumento da produção de tromboxano A2 está associado à maior agregação plaquetária e, assim, à redução da contagem plaquetária. Um discreto aumento do baço também pode ser responsável pela queda observada no número de plaquetas na gravidez. A contagem de plaquetas volta a aumentar logo depois do parto e continua subindo por 3 a 4 semanas até retornar aos valores basais. Praticamente todos os fatores de coagulação apresentam-se elevados na gestação, com exceção dos fatores XI e XIII. Fibrinogênio e dímero D têm seus níveis elevados com o decorrer da gravidez. A atividade fibrinolítica parece estar reduzida na gestação à custa da elevaçãode inibidores dos ativadores de plasminogênio (precursor da plasmina, que remove fibrina, metabólito final da cascata de coagulação), PAl-1 e PAI-2, e do inibidor da fibrinólise ativado pela trombina As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed Outras proteínas que possuem função anticoagulante colaboram para o estado de hipercoagulabilidade da gestação. A resistência à proteína Cativada e a diminuição dos níveis plasmáticos de proteína S estão entre os fatores que se somam ao incremento da coagulabilidade do organismo materno. Todas essas alterações do mecanismo de coagulação sejam mediadas por processos hormonais relacionados aos altos níveis de estrógeno e progesterona oriundos do tecido placentário, uma vez que desaparecem 1 hora após a dequitação. f) Metabolismo do ferro As necessidades de ferro durante o à clo gravídico-puerperal aumentam consideravelmente. O consumo e a perda de ferro que ocorrem nessa fase não permitem que a gestante mantenha os níveis de hemoglobina e os estoques desse elemento dentro do intervalo de normalidade. Uma série de eventos contribui para esse estado de deficiênà a de ferro: Consumo pela unidade fetoplacentária Utilização para produção de hemoglobina e de mioglobina para aumento da massa eritrocitária e da musculatura uterina Depleção por perdas sanguíneas e pelo aleitamento. Por esse motivo, a não ser que haja suplementação adequada, a maioria das gestantes apresentará anemia ferropriva. A demanda por ferro é maior na segunda metade da gravidez, chegando a uma necessidade de 6 a 7 mg/dia no 3º trimestre. Mesmo em gestantes com grave deficiência de ferro, a produção de hemoglobina fetal permanece intacta; no entanto, nesses casos, além de anemia materna grave, há depleção das reservas de ferro na gestante e no produto conceptual. g) Adaptações cardiovasculares do organismo materno As adaptações cardiovasculares se instalam logo no iníào da gestação. Antes mesmo das principais modificações da circulação do território uteroplacentário, observa-se novo equilíbrio circulatório na grávida. As gestantes hígidas toleram bem essas alterações enquanto as portadoras de cardiopatia, hipertensão arterial ou distúrbio hiperdinâmico, como hipertireoidismo, porém, podem apresentar descompensação clínica já no 1º trimestre, diante da sobrecarga hemodinâmica. h) Adaptações hemodinâmicas Na gravidez, o aumento da frequência cardíaca basal, geralmente em 15 a 20 bpm, e a elevação do volume sistólico determinam aumento do débito cardíaco. Esse processo se inicia por volta da 5ª semana de gravidez, estabiliza-se por volta de 24 semanas e atinge seu ápice no pós- parto imediato Esse aumento final no pós-parto imediato possivelmente ocorre pelo aumento do retorno venoso e, portanto, da pré-carga, após a descompressão dos vasos pélvicos pelo útero. A postura da gestante pode exercer grande influência no débito cardíaco, especialmente nas últimas semanas da gravidez em função do grande volume uterino. A posição supina pode reduzir o déb ito cardíaco em comparação com o decúbito lateral esquerdo, por conta da compressão da veia cava e da redução do retorno venoso. As alterações esperadas seguem as relações entre os parâmetros hemodinâmicos definidos por: ↑ 𝐷é𝑏𝑖𝑡𝑜 𝐶𝑎𝑟𝑑í𝑎𝑐𝑜 = ↑ 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑆𝑖𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑜 𝑥 ↑ 𝐹𝐶 A terceira adaptação circulatória acontece em nível bioquímico. O aumento relativo da produção de prostaciclina, em comparação à produção de tromboxano A2, ocasiona vasodilatação sistêmica. Em associação aos altos níveis de progesterona presentes no período gestacional, a prostaciclina não só gera, como também mantém a vasodilatação generalizada que se observa na gestante. A refratariedade vascular aos estímulos vasoconstritores de angiotensina II e de catecolaminas ocorre pela ação dessas substâncias. As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed Além desses fatores, a produção endotelial de óxido nítrico apresenta aumento no período gestacional e colabora localmente para a vasodilatação periférica. Em adição a essa vasodilatação, o surgimento da circulação uteroplacentária, de baixa resistência, contribui para diminuir a resistência vascular periférica. A redução da resistência vascular periférica é tão acentuada que é capaz de reduzir a pressão arterial sistêmica, apesar do aumento do débito cardíaco. O decréscimo da pressão arterial sistêmica resulte dos seguintes determinantes: ↓ 𝑃𝐴 𝑆𝑖𝑠𝑡ê𝑚𝑖𝑐𝑎 = ↓↓ 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑥 ↑ 𝐷𝐶 𝑎𝑟𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎 A queda da PA sistêmica média é mais acentuada no 2º trimestre e retorna para níveis pré-gravídicos próximo ao parto. Essa redução acontece mais à custa da pressão arterial diastólica que diminui mais do que da pressão arterial sistólica Durante as contrações uterinas do trabalho de parto, a pressão arterial se eleva, o que é desencadeado pelo aumento do débito cardíaco e pela ação das catecolaminas liberadas pelo estímulo da dor O aumento da pressão venosa nos membros inferiores é justificado pela compressão das veias pélvicas pelo útero volumoso. Por essa razão, há maior chance de a gestante apresentar hipotensão, edema, varizes e doença hemorroidária. A compressão uterina também pode ocorrer sobre vasos maiores, como a veia cava inferior, quando a gestante se encontra na posição supina a partir da segunda metade da gravidez. A redução da pré-carga nessas ocasiões provoca hipotensão seguida de bradicardia por reflexo vagal, podendo se manifestar com quadro de lipotimia (síndrome da hipotensão supina). As adaptações circulatórias se inià am com 6 semanas de gestação e estão completamente instaladas entre o fim do 1º trimestre e o início do 2º. A distribuição do fluxo sanguíneo se modifica durante a gravidez e vai sendo desviada com prioridade para útero, rins, mamas e pele i) Coração Com o decorrer da gravidez, o diafragma se eleva por conta do aumento do volume abdominal. Esse deslocamento altera a posição cardíaca, que está intimamente relacionada à localização do diafragma. Assim, o coração se apresenta desviado para cima e para a esquerda, ligeiramente rodado para a face anterior do tórax. Além desse deslocamento, o volume do órgão está maior como um todo, em função do aumento do volume sistólico e da hipertrofia dos miócitos. Pequenas alterações do ritmo cardíaco são frequentes, em especial as extrassístoles ventriculares e taquicardias paroxísticas supraventriculares. O sopro cardíaco sistólico é comum em decorrência da redução da viscosidade sanguínea e do aumento do DC As adaptações endócrinas e metabólicas do organismo materno visam garantir o aporte nutricional para o desenvolvimento saudável do feto, de termo e com peso adequado. A produção placentária de substâncias similares aos hormônios maternos gera um novo equilíbrio dos eixos hipotálamo-hipófise- adrenal, hipotálamo-hipófise-ovário e hipotálamo-hipófise-tireoide. Da mesma forma, sua produção hormonal própria, como a do hormônio lactogênico placentário, altera o metabolismo da gestante no decorrer da gravidez, adequando-o ao momento de desenvolvimento o u crescimento fetal. Portanto, existem duas fases distintas: Sistema Endócrino As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed Uma primeira etapa de anabolismo materno,que dura pouco mais da metade da gestação Uma segunda etapa de catabolismo materno e anabolismo fetal, segue até o término da gravidez. a) Hipotálamo O hipotálamo exerce importante papel no sistema endócrino por ação parácrina e autócrina, atuando na regulação da atividade da hipófise. Durante a gravidez, as concentrações de diversos hormônios produzidos pelo hipotálamo têm aumento na circulação periférica, apesar de não serem tipicamente detectadas fora do período gestacional. Isso decorre da produção placentária de variantes idênticas aos hormônios hipotalâmicos, como: Hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH) Hormônio liberador da corticotrofina (CRH), Hormônio hipotalâmico estimulador da tireotrofina (TRH) Somatostatina Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH) b) Hipófise Durante a gestação normal, a hipófise aumenta de tamanho à custa de hipertrofia e hiperplasia da adeno-hipófise, especialmente dos lactótrofos, promovidas pela ação estimulante do estrógeno. A expansão volumétrica pode, no entanto, acarretar falência da glândula quando ocorre sangramento profuso no período periparto e isquemia hipofisária (síndrome de Sheehan). Com relação à adeno-hipófise, observa-se aumento considerável da produção de prolactina, que chega a níveis maiores que em mulheres não gestantes A elevação desse hormônio tem por finalidade preparar as glândulas mamárias para a produção de leite no pós-parto. Por causa desse aumento fisiológico, não se dosa a prolactina para o acompanhamento das doenças hipofisárias durante a gravidez. A produção e a secreção de hormônio do crescimento (GH), por sua vez, permanecem normais no 1º trimestre, mas, com o aumento da secreção desse hormônio pelo sinciciotrofoblasto, os níveis séricos de GH aumentam ao longo da gestação. A fração alfa da gonadotrofina coriônica humana (hCG), por sua semelhança molecular com a fração alfa do hormônio estimulante da tireoide (TSH), estimula a função tireoidiana, o que, por meio de retroalimentação negativa, reduz a produção e a secreção hipofisária de TSH. Essas alterações são evidentes no 1º trimestre da gravidez, com retomo a níveis normais de TSH no 2º e no 3º trimestres. Os altos níveis de progesterona parecem aumentar a produção e a secreção do hormônio melanotrófico da hipófise ( MSH). Os níveis de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) aumentam progressivamente em função da produção hipofisária e placentária. A produção placentária de esteroides sexuais leva ao decréscimo da secreção de gonadotrofinas hipofisárias. Os hormônios armazenados pela neuro- hipófise são o hormônio antidiurético (ADH) e a ocitocina. Os níveis de ocitocina mantêm-se constantes durante a gestação, elevando- se na fase ativa e no período expulsivo do trabalho de parto. De acordo com a hemodiluição fisiológica da gravidez, a gestante experimenta nível de osmolaridade sanguínea mais baixo para desencadear a liberação de ADH pelo mecanismo de sede. No entanto, não há alteração dos níveis circulantes de ADH, apenas um novo equilíbrio do limiar determinante de sua liberação. c) Tireoide As alterações provocam sobrecarga funcional da tireoide, mas não costumam causar aumento volumétrico acentuado da glândula. A regulação da tireoide está alterada na gravidez em razão de: 1. Redução dos níveis séricos de iodo pelo aumento da taxa de filtração glomerular e pelo consumo periférico. O aumento da depuração renal de iodo associado à ingestão baixa ou limítrofe desse elemento pode ocasionar deficiência na produção hormonal materna e fetal. Políticas nacionais de iodação do sal de cozinha limitam o surgimento de deficiência de iodo, o que pode ocorrer, contudo, em gestantes que fazem dietas restritivas. 2. Aumento da produção e da glicosilação da globulina transportadora de hormônios tireoidianos (TBG) com consequente aumento das frações ligadas dos hormônios. A glicosilação da TBG é estimulada pela crescente produção de estrógenos pela placenta, o que diminui sua metabolização hepática e, consequentemente, aumenta seus As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed níveis circulantes. Isso faz com que as formas ligadas de tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4) tenham aumento fisiologicamente. 3. Estimulação direta dos receptores de TSH pelo hCG. d) Paratireoides A função das paratireoides está intimamente ligada ao metabolismo do cálcio. A demanda de cálcio na gestação é maior em função da unidade fetoplacentária, que absorve cálcio e outros elementos do organismo materno para a formação do esqueleto fetal. Na lactante, as demandas são ainda maiores, pelo alto teor de cálcio no leite materno, que deve suprir as necessidades do recém-nascido O produto conceptual consome, em média, cerca de 300 mg/ dia de cálcio na gravidez, concentrados no 3º trimestre O aumento da filtração glomerular, por sua vez, contribui para maior excreção de cálcio urinário. A hemodiluição materna leva a um decréscimo na concentração de albumina, a qual se liga a aproximadamente 50% do cálcio total. Essas alterações fisiológicas levam a um decréscimo do nível sérico de cálcio total, sem alterar, contudo, os níveis de cálcio iônico e de cálcio corrigido pela albumina. Dessa forma, não se observa benefício na suplementação desse elemento em gestações normais, mas deve-se considerá-la em situações como na adolescência, gemelidade, intervalo entre partos curto e doenças intestinais disabsortivas. O paratormônio (PTH) apresenta redução dos níveis séricos no 1º trimestre, que depois voltam a aumentar progressivamente ao longo da gestação. Os efeitos adaptativos que mantêm o equilíbrio do metabolismo do cálcio, a despeito da diminuição na produção de PTH pela paratireoide, estão relacionados, principalmente, à elevação observada do calcitriol (vitD3 ativada), resultante da estimulação da atividade da 1-alfa- hidroxilase renal por estrógeno, hormônio lactogênico placentário e proteína relacionada ao paratormônio (PTH-rP), produzidos pela placenta. Consequentemente, com o aumento do calcitriol, ocorre maior absorção de cálcio pelo sistema digestório. e) Adrenais O aumento generalizado das atividades do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e do sistema renina-angiotensina-aldosterona dosterona faz da gravidez um período de hipercortisolismo e hiperaldosteronismo. O aumento do cortisol sérico decorre da redução de sua excreção e do aumento de sua meia-vida. Tem relação direta com a unidade fetoplacentária, que produz CRH e ACTH, e, no 3º trimestre, os níveis de cortisol chegam a ser três vezes maiores que os níveis basais. Na presença de ambiente com altos níveis de progesterona, ocorre refratariedade da resposta tecidual ao cortisol. O hiperaldosteronismo relativo, mantém o balanço eletrolítico de sódio, de acordo com as alterações do volume plasmático. Os níveis circulantes e excretados de andrógenos adrenais, como o sulfato de deidroepiandrosterona (DHEA-S), encontram-se reduzidos, possivelmente pelo consumo e pela metabolização em estrógeno placentário. Os níveis maternos de androstenediona e de testosterona, por sua vez, encontram- - se maiores na gestação. f) Ovários Durante a gravidez normal, a função endócrina ovariana está relacionada à produção de progesterona pelo corpo lúteo. Sua importância se limita até a 7ª semana de gravidez, pois está associada à manutenção da gestação até o período em que o trofoblasto cresce suficientemente para sua autonomia hormonal. A produção de outras substâncias como a relaxina se associa a mecanismos de relaxamento sistêmico das fibras de colágeno e musculares, responsáveis pela acomodação da gestação e pelo processo de parturição. A relaxina também está envolvida na fisiopatologia do parto pré-termo e das alterações da cérvix, mas não tem relação com o processo de embebição gravídica presente no sistema articular. As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed A produção de andrógenos (androstenediona e testosterona) está elevada, mas não acarreta maiores repercussões, já que a placenta converte esses hormônios em estradiol.54 As demandas energéticas são as mais evidentes, reservando-se ao metabolismo hidroeletrolítico papel secundário e associado às alterações circulatórias. O ganho de peso materno decorre, em grande parte, do acúmulo de componente hídrico intra e extravascular, e em menor proporção, do acúmulo de componentes energéticos e estruturais (carboidratos, lípides e proteínas). O ganho de peso total se distribui de forma proporcionalmente diferente nos diversos segmentos do organismo, preferenàalmente alocado no território uterino e fetoplacentário, nas mamas e nas estruturas vasculares As demandas gestacionais não são constantes e diferem de acordo com os diversos trimestres e compartimentos, sendo maiores quanto mais avançada for a gravidez, Na primeira fase de anabolismo materno, que se estende da concepção até 24 a 26 semanas de gestação, o aporte energético é direcionado para reservas maternas. Na segunda fase, de catabolismo materno, tanto o aporte energético ingerido como as reservas maternas são direcionados ao crescimento do feto. a) Metabolismo dos carboidratos e lipídeos A gravidez normal gera um deslocamento do equilíbrio entre o metabolismo materno de carboidratos e o de lípides, os quais ganham mais relevância no metabolismo energético durante o período gestacional. Dessa forma, há uma redução da glicemia em jejum e da glicemia basal materna em favor do armazenamento de gordura, (glicogênese hepática e transferência de glicose para o feto) Essas alterações são observadas na fase anabólica da gestação e são desencadeadas pelos hormônios sexuais placentários (estrógeno e progesterona). A partir da segunda metade da gravidez, inicia-se o período catabólico, com: Lipólise Neoglicogênese Resistência periférica à insulina, (secundária à produção placentária de hormônios diabetogênicos, como GH, CRH, progesterona e hormônio lactogênico placentário (hLP ou somatomamotropina coriônica) A partir de 30 semanas gestacionais que a mulher começa a mobilizar suas reservas energéticas para se adequar ao crescimento fetal. Para garantir o aporte de glicose necessário visando o crescimento e o desenvolvimento do produto conceptual, ocorre aumento da resistência periférica à insulina, criando um ambiente de hiperglicemia pós-prandial e consequente hiperinsulinemia, resultante da hipertrofia e da hiperplasia das células beta pancreáticas mediadas pela prolactina e pelo hLP A hiperglicemia visa satisfazer a maior necessidade energética do feto no 3º trimestre, favorecendo o transporte de glicose pela placenta, que ocorre por difusão facilitada. Para manter o desvio de glicose para o produto conceptual, o metabolismo da gestante passa a utilizar mais lípides como fonte energética. A redução da sensibilidade à insulina é um fenômeno materno observado de forma mais evidente a partir de 26 semanas de gestação, período em que há aumento progressivo do nível de hLP. E nesse momento, portanto, que qualquer desequilíbrio no metabolismo de carboidratos pode gerar quadro de diabetes mellitus gestacional, em especial se a oferta de glicose no sangue materno ultrapassar a capacidade pancreática de produção de insulina. Entre outras substâncias, além do hLP, participam desse processo fisiológico a prolactina, o fator de necrose tumoral, a leptina e a adiponectina Em jejum, especialmente quando muito prolongado, as concentrações plasmáticas de ácidos graxos, triglicérides e colesterol aumentam, podendo causar cetonemia mais facilmente. Diz-se, portanto, que a gestante apresenta um estado de jejum acelerado. O tecido adiposo também exerce papel ativo na regulação do metabolismo materno, adaptando-o às necessidades fetoplacentárias. Na gravidez, ocorre aumento dos níveis de colesterol total e suas frações, além dos triglicérides. O tecido adiposo produz uma família de chamadas adipocinas (leptina e a adiponectina) Essas proteínas estão envolvidas no metabolismo lipídico, no centro regulador de saciedade, na sensibilidade à insulina e também em processos inflamatórios e cardiovasculares. Na gravidez normal, existe um aumento da leptina, com pico no 2º trimestre. Metabolismo Materno As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed Apesar disso, o apetite e a ingestão alimentar são maiores na gravidez porque as gestantes desenvolvem resistência relativa à leptina no centro de saciedade do sistema nervoso central. Já os níveis de adiponectina se encontram menores durante a gestação, o que contribui para a diminuição da sensibilidade à insulina. Glicosúria pode estar presente em um número considerável de gestantes, mas sem maiores significados, pois está relacionada ao aumento fisiológico da filtração glomerular e à diminuição da , reabsorção tubular renal. b) Metabolismo proteico Existe aumento do balanço nitrogenado materno total com acúmulo de proteína no termo da gestação. Metade desse acúmulo é direcionada ao feto e a seus anexos, sendo a outra metade destinada a suprir as necessidades da musculatura uterina hipertrofiada, do desenvolvimento mamário, da hipervolemia plasmática e da hiperplasia dos eritrócitos Acredita-se que o incremento de aminoácidos no organismo materno esteja relacionado ao melhor aproveitamento dietético e à menor taxa de excreção. A insulina exerce importante função no armazenamento de aminoácidos para reservas maternas e, com o desenvolvimento da capacidade fetal de produzi-la, também para reservas do concepto. Com relação às proteínas plasmáticas, observam-se aumento da albumina total e redução de sua concentração plasmática. Os níveis circulantes de gamaglobulina também estão maiores, mas em pequena proporção, o que aumenta a relação albumina-globulina. Outras proteínas como: fibrinogênio e alfa e betaglobulinas também apresentam níveis aumentados. A produção placentária de estrógenos leva à proliferação da microvasculatura de todo o tegumento, fenômeno conhecido como angiogênese. Associado ao estado hiperprogestogênico, ocorre vasodilatação de toda a periferia do organismo. Observam-se, assim, eventos vasculares da pele e dos anexos, como: Eritema palmar Telangiectasias Hipertricose Aumento de secreção sebácea e sudorese. A alopecia é rara, mas pode ocorrer por causa das alterações hormonais A hiperpigmentação da pele da gestante também está relacionada aos altos níveis de progesterona, que parecem aumentar a produção e a secreção do hormônio melanotrófico da hipófise. Agindo sobre moléculas de tirosina da pele, induz a produção excessiva de melanina, o que provoca máculas hipercrômicas denominadas cloasmas ou melasmas Entre os locais de maior incidência a estão face, fronte, projeção cutânea da linha alba (linha nigra), aréola mamária e regiões de dobras Podem piorar com a exposição solar e costumam desaparecerapós a gravidez. O sinal de Hunter nada mais é que a pigmentação periareolar que determina o surgimento da aréola secundária nas gestantes. Mais raramente, podem surgir as linhas de demarcação pigmentares, transições bem delimitadas entre pele mais clara e pele mais escura, que ocorrem prinàpalmente no tronco e nos membros inferiores e tendem a sumir ao término da gestação As estrias são mais frequentes no período gestacional. Como não há alteração da qualidade das fibras colágenas nem da constituição da epiderme, atribui-se sua ocorrência à hiperfunção das Pele e Anexos As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed glândulas adrenais, portanto, ao hipercortisolismo típico da gravidez. Os fatores de risco para o desenvolvimento de estria são história familiar e, marcadamente, ganho de peso excessivo na gestação. A distensão da pele do abdome, das mamas e do quadril pode provocar o aparecimento de estrias nessas regiões e até o momento não há tratamentos eficazes As articulações, de modo geral, sofrem processo de relaxamento durante a gravidez, com acúmulo de líquido também denominado embebição gravídica. Os níveis de estrógeno, progesterona e relaxina parecem não estar envolvidos nesse fenômeno. Nas articulações dos membros inferiores, a embebição gravídica pode predispor a gestante a dores crônicas, entorses, luxações e até fraturas. Durante a gravidez, observa-se que as articulações da bacia óssea (sínfise púbica, sacrococcígea e sinostoses sacroilíacas) se apresentam com maior elasticidade, aumentando a capacidade pélvica e modificando a postura e a deambulação da gestante, o que prepara o organismo para a parturição. Essas modificações, por sua vez, parecem estar associadas à ação da relaxina e são mais evidentes na sínfise púbica Em geral, os ligamentos estão mais frouxos e são mais complacentes à movimentação. Tais modificações são imprescindíveis para o fenômeno de expulsão fetal, pois elas permitem o aumento dos diâmetros e estreitos da pelve materna. O aumento do volume abdominal e das mamas desvia anteriormente o centro de gravidade materno. Por instinto, a gestante direciona o corpo todo posteriormente, de forma a compensar e encontrar novo eixo de equilíbrio que permita que ela se mantenha ereta. Por essa razão, surgem hiperlordose e hipercifose da coluna vertebral, aumento da base de sustentação, com afastamento dos pés e diminuição da amplitude dos passos durante a deambulação Além disso, o aumento da flexão cervical causa compressão de raízes cervicais que originam os nervos ulnar e mediano, acarretando fadiga muscular, dores lombares e cervicais, e parestesias de extremidades Muitas gestantes se queixam do aumento de apetite e sede. A resistência à ação da leptina e as alterações da secreção de ADH, em nível de osmolaridade distinto da não grávida, parecem ser as explicações para tais alterações Mudanças nas preferências alimentares são comuns e podem chegar a perversões do paladar, com desejos de ingerir terra, sabão, carvão, entre outros, situação denominada pica ou malacia. Náuseas e vômitos são ocorrências muito prevalentes no 1º trimestre e desaparecem ao longo da gravidez. Por vezes, podem ser de difícil manejo, acompanhados de perda significativa de peso, o que configura hiperêmese gravídica. Os aspectos emocionais e psíquicos da paciente também exercem efeito no quadro de ínico. A sialorreia, ou secreção salivar exacerbada, é desencadeada por estímulo neurológico do quinto par craniano (nervo trigêmeo) e do nervo vago, e relaciona-se mais à dificuldade de deglutição decorrente das náuseas do que propriamente ao aumento de secreção salivar. As adaptações vasculares orais decorrentes dos altos níveis de esteroides sexuais circulantes causam hipertrofia e hipervascularização gengival. Tal fato resulta em gengiva edemaciada e facilmente sangrante, o que dificulta a limpeza local. O pH salivar é mais baixo, podendo propiciar proliferação bacteriana. A hipertrofia gengival acentuada com proliferação das papilas intermediárias e dos vasos locais pode eventualmente formar pseudotumores ou granulomas, os quais são denominados epúlides gravídicos. Sistema Esquelético Sistema Digestório As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed A progesterona é um potente relaxante de fibras musculares lisas. O estrógeno, por sua vez, age como indutor dos efeitos progestogênicos no organismo materno. Esses efeitos levam a relaxamento do esfíncter esofágico inferior e redução de seu peristaltismo com aumento da incidência de refluxo gastroesofágico (pirose). A hipotonia da vesícula biliar, por sua vez, predispõe ao surgimento de litíase biliar, em especial pela associação com o aumento do colesterol total desde o início da gestação. A contratilidade da musculatura lisa dos intestinos também se encontra reduzida, causando constipação. A permanência prolongada do bolo fecal no lúmen intestinal expõe os alimentos ao contato com enzimas digestivas por tempo mais prolongado e aumenta a absorção de água, o que contribui para piora da obstipação. As alterações hepáticas e pancreáticas desencadeadas pela gravidez são eminentemente funcionais e relacionadas ao metabolismo energético. A função hepática permanece igual à da não grávida, com exceção do transporte intraductal de sais biliares, que se apresenta parcialmente inibido (efeito secundário do estrógeno e da progesterona). As concentrações séricas de fosfatase alcalina são significativamente mais elevadas no 3º trimestre, devido à síntese placentária de fosfatase alcalina. Os níveis séricos de gama glutamiltransferase são significativamente reduzidos. O tempo de protrombina se mantém inalterado durante a gravidez e ocorre aumento do nível sérico de fibrinogênio ao final da gestação. Com o aumento do volume uterino, ocorrem alterações anatômicas que desviam o estômago e o apêndice para cima e para a direita de sua localização habitual, e os intestinos para a esquerda. Por vezes, o apêndice cecal ocupa o flanco direto, dificultando o diagnóstico clínico de apendicite na gravidez. Sintomas intestinais e anorretais, como inchaço abdominal, constipação, incontinência e doença hemorroidária, são comuns durante a gravidez e o pós-parto As vias aéreas superiores apresentam modificações significativas durante a gestação. Ocorre ingurgitamento e edema da mucosa nasal, que se traduz em maior frequência de obstrução, sangramento e rinite durante a gravidez. O edema da mucosa também acomete a laringe e a faringe, diminuindo o lúmen dessas vias, o que pode, inclusive, representar maior dificuldade de entubacão orotraqueal nessas mulheres. Alterações anatômicas da caixa torácica podem ser notadas tão logo se inicia a gestação. A amplitude de movimento do diafragma se reduz ao longo da gravidez devido ao aumento do volume abdominal que ocorre com o crescimento uterino. A caixa torácica apresenta aumento em sua circunferência e em seu diâmetro anteroposterior, com consequente ampliação dos ângulos costofrênicos A capacidade vital é a soma das reservas pulmonares expiratória e inspiratória e do volume corrente. Na grávida, não se nota modificação da capacidade vital, mas ocorre readaptação dos volumes distribuídos nos seus diversos componentes. Dessa forma, presencia-se aumento do volume corrente com redução da reserva expiratória e preservação da reserva inspiratória. A elevação do volume correntepretende suprir as demandas de oxigênio, que sofrem aumento por conta da maior massa eritrócitária e da quantidade total de hemoglobina circulante. A hemodiluição e a queda da hemoglobina induzem o aumento do volume corrente para compensar o fato de que a frequência respiratória em si não se altera, mas as necessidades de oxigênio estão maiores, e esse aumento do volume corrente determina aumento do volume-minuto também Na capacidade inspiratória, reconhece-se o conjunto volume corrente e reserva inspiratória, enquanto a capacidade residual funcional é: reserva expiratória + volume residual. Durante a gestação, ocorre deslocamento de volume entre essas duas capacidades, com acréscimo na capacidade inspiratória (pelo aumento do volume corrente) Afecções das vias aéreas superiores também podem ser motivo de dificuldade respiratória, como a congestão nasal. A própria gravidez promove edema e hipervascularização da mucosa, responsáveis por um quinto das queixas típicas de rinite. Os rins apresentam aumento em seus diâmetros durante a gestação. Modificações vasculares das arteríolas renais são fruto das adaptações circulatórias Assim, o aumento da volemia em associação com a redução da resistência vascular periférica provoca elevação do fluxo plasmático Sistema Respiratório Sistema Urinário As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed glomerular, com aceleração do ritmo de filtração glomerular. Essas alterações podem ser observadas logo na 10ª semana de gestação, com aumento gradativo ao longo da gravidez e redução discreta próxima ao termo. O fluxo plasmático glomerular, assim como o ritmo de filtração glomerular aumentam já no final do 1º trimestre. A osmolaridade plasmática também se modifica na gravidez por conta da ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e da redução do limiar para secreção de ADH. A liberação de ADH e o mecanismo de sede são desencadeados por menores níveis osmóticos, concentrando a urina. As grávidas, filtram maiores quantidades de sódio e água no glomérulo, o que é compensado por maior reabsorção tubular desses elementos, resultado da ação da aldosterona e do ADH. Da mesma forma que a pressão arterial, as taxas de fluxo plasmático glomerular e ritmo de filtração glomerular também sofrem grande influência da posição materna Ao contrário do que ocorre em mulheres não grávidas, o padrão de excreção urinária é maior à noite em função do repouso em decúbito, com maior mobilização dos fluidos extravasculares e menor capacidade de reabsorção de água livre (noctúria) Os fatores etiológicos dessas modificações relacionam-se não somente às adaptações circulatórias, mas também a substâncias que alterarão o funcionamento renal, como o óxido nítrico, a endotelina e a relaxina O papel da endotelina, apesar de vasoconstritora, nos vasos renais estabiliza o tônus vascular. A relaxina, produzida pelo corpo lúteo age na osmolaridade plasmática, aumentando o ritmo de filtração glomerular Alterações do sistema urinário coletor são evidentes na gravidez. Fatores hormonais como a progesterona provocam hipotonia da musculatura dos ureteres e da bexiga, causando discreta hidronefrose e aumento do volume residual vesical Fatores mecânicos, como aumento do plexo vascular ovariano direito, dextrorrotação e compressão extrínseca uterina, predispõem à acentuação da hidronefrose do lado direito e à redução da capacidade vesical A bexiga se encontra mais elevada ao longo da gestação, com retificação do trígono vesical, provocando refluxo vesicoureteral. Incontinência urinária é queixa comum, embora mecanismos protetores estejam mais desenvolvidos, como aumento do comprimento absoluto e funcional da uretra e aumento da pressão intrauretral máxima. Durante o trabalho de parto, a compressão da apresentação fetal sobre a bexiga acarreta edema e microtraumas na mucosa, aumentando as chances de hematúria e infecção. As modificações gravídicas do sistema urinário aumentam o risco de formação de cálculos e de infecções do trato urinário.