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Modificações no Organismo Materno

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- As adaptações na anatomia, na fisiologia e no metabolismo maternos são 
fundamentais para que ocorra uma gravidez normal. Entretanto, por vezes, 
essas modificações, embora fisiológicas, podem provocar algum tipo de 
desconforto para a gestante. 
- Algumas dessas alterações podem ser minimizadas com medidas posturais 
simples, mudança no comportamento ou no estilo de vida, uso de medicações, 
ou o profissional pode valer-se da orientação correta à gestante. A maioria 
das alterações fisiológicas ocorridas no período gestacional é resolvida 
quase em sua totalidade após o término da gravidez, sem nenhum prejuízo 
para a mulher. 
- No advento da gravidez, o organismo feminino sofrerá diversas 
adaptações, que são as modificações fisiológicas. Essas transformações vão 
produzir alguns sinais e sintomas, e por vezes ficará difícil a distinção entre 
o normal e o patológico. Tais modificações acontecem de forma sistêmica e 
no aparelho reprodutor feminino especificamente. 
- Existem as modificações sistêmicas e a do aparelho reprodutor. As 
alterações fisiológicas observadas na gestação decorrem, principalmente, 
de fatores hormonais e mecânicos. 
 
- A síndrome hipercinética caracteriza o sistema circulatório da grávida. As 
alterações mais expressivas ocorrem no débito cardíaco (DC) e na 
redistribuição de fluxos sanguíneos regionais, sendo menores as 
repercussões na frequência cardíaca e na pressão arterial. 
- A maior parte dessas modificações ocorre no primeiro trimestre da 
gestação. 
o Coração: 
- A frequência dos batimentos do coração materno aumenta em 10 a 15 bpm, 
sendo importante para a manutenção do DC. 
Giovanna Lopes 
 
- O diafragma se eleva e desloca o coração para a esquerda e para cima, e 
seu ápice é movido lateralmente, aumentando a silhueta cardíaca na 
radiografia de tórax. Um discreto derrame pericárdico pode aparecer em 
gestação normal, contribuindo para o aumento da área do coração e 
dificultando a identificação de moderados graus de cardiomegalia pela 
radiografia de tórax. 
- Parece não haver alterações significativas na contratilidade miocárdica 
durante a gravidez. 
- Sopros sistólicos são frequentes, provavelmente decorrentes da síndrome 
hipercinética e da redução da viscosidade sanguínea. Extrassístoles e 
desdobramento de bulha são também comuns. Em geral, o eletrocardiograma 
não se altera, embora ocorra discreto desvio do eixo elétrico cardíaco para 
a esquerda decorrente da posição alterada do coração. 
o Débito Cardíaco: 
- Na gravidez, espera-se diminuição da pressão arterial e da resistência 
vascular periférica, assim como crescimento do volume sanguíneo, do peso e 
do metabolismo basal. Como consequência, após 10 ou 12 semanas de 
gestação, o DC aumenta, alcançando o seu máximo entre 20 e 24 semanas 
(aumento de 30-40%), mantendo-se, a partir daí, relativamente constante 
até o termo. 
- Ao final da gravidez, o DC é maior com a paciente em decúbito lateral 
esquerdo, uma vez que, na posição supina, o útero aumentado de tamanho 
comprime a veia cava inferior e dificulta o retorno venoso. 
- O DC também é maior durante o trabalho de parto, pois as metrossístoles 
e a redução volumétrica uterina no secundamento e no puerpério inicial 
provocam auto-hemotransfusão e aumento do retorno venoso. 
 
o Resistência Vascular Periférica (RVP): 
- Na gravidez, a resistência vascular sistêmica (RVS) diminui de modo 
considerável, mais acentuadamente no início do que próximo ao termo, 
provavelmente como consequência da circulação uteroplacentária e da ação 
de progesterona, prostaglandinas, estrogênio e óxido nítrico sobre a parede 
dos vasos, com início já nas primeiras semanas de gestação. 
- Um nível mínimo da resistência vascular periférica (RVP) é alcançado até a 
20ª semana de gestação, com retorno gradual até o termo. Entretanto, 
permanece 20% menor em comparação com os níveis pré-gravídicos. 
o Pressão Arterial (PA): 
- A pressão arterial (PA) é o produto do DC pela RVP. Como os fatores 
envolvidos no cálculo da PA marcadamente se alteram, há significativas 
mudanças nos valores da PA materna. 
- A PA decresce expressivamente no 1º e 2º trimestres da gestação, 
em especial o seu componente diastólico (queda de 10-15 mmHg). A pressão 
sistólica apresenta uma diminuição mais discreta, porque a queda da RVP é 
compensada pelo aumento do DC (queda de 3-4 mmHg). 
- No trabalho de parto, observa-se aumento de 15 a 25 mmHg na pressão 
diastólica, em especial durante as metrossístoles. 
- Essa queda ocorre em virtude de causas diversas, incluindo alterações do 
sistema renina-angiotensina-aldosterona e, também, devido às flutuações 
hormonais. 
 
 
o Pressão Venosa: 
- O útero da gestante comprime as veias pélvicas e a cava inferior, 
dificultando o retorno venoso e aumentando em cerca de três vezes a 
pressão venosa nos membros inferiores. Essas alterações são as principais 
responsáveis pelo surgimento de edema dos membros inferiores, 
varicosidades vulvares e hemorroidas, iniciando-se no 2º trimestre e sendo 
mais frequentes na gestação avançada. 
- A resistência vascular pulmonar sofre redução de 34% na gestação, e a 
pressão capilar da artéria pulmonar diminui 28%. A pressão venosa central 
não se altera. 
o Hipotensão Supina: 
- Na segunda metade da gravidez, o útero aumentado de tamanho comprime 
a veia cava inferior quando a grávida assume o decúbito dorsal; isso 
dificulta o retorno venoso, reduz o DC e provoca queda da pressão sistólica 
superior a 30%. 
- Após 4 ou 5 minutos, nessa posição, ocorre bradicardia, sinal indicativo de 
reflexo vagal. 
- Essa associação entre hipotensão e bradicardia reduz em até 50% o DC e 
responde por episódios de lipotimias. Ao conjunto desses acontecimentos 
dá-se o nome de síndrome da hipotensão supina, que rapidamente é corrigida 
quando a gestante se posiciona em decúbito lateral esquerdo, liberando o 
fluxo sanguíneo na veia cava inferior. 
o RESUMINDO: 
- Ocorre o aumento da frequência cardíaca, do débito cardíaco, do 
volume sanguíneo e do plasmático enquanto há diminuição da resistência 
vascular e da pressão sanguínea. 
- A frequência cardíaca materna se eleva a partir da 4ª semana de 
gestação, enquanto o volume sanguíneo, na 6ª semana. 
- No terceiro trimestre, a frequência cardíaca se situa cerca de 20% acima 
dos valores não gravídicos e o volume sanguíneo sofre acréscimo de 45% a 
50%. Com a elevação de 30% a 50% do volume plasmático e de 25% do 
volume globular, a grávida desenvolverá a anemia fisiológica. 
- O débito cardíaco de gestantes normais encontra-se duas vezes maior por 
volta de 32 semanas, em comparação com não gestantes, isso decorre do 
aumento do volume sistólico e da frequência cardíaca. O débito cardíaco 
inicia essa elevação por volta da 10ª a 12ª semana de gravidez: débito 
cardíaco = volume sistólico x frequência cardíaca 
- O débito cardíaco tem acréscimo de 34% (300 a 500 mL) durante as 
contrações e 12% nos intervalos. A frequência cardíaca tende a aumentar 
durante o trabalho de parto pela dor e pela ansiedade. 
- A hipervolemia induzida pela gestação é uma adaptação do organismo 
materno no sentido de suprir as necessidades fetais e evitar perdas 
importantes de sangue na hora do parto. 
- A resistência vascular periférica reduz drasticamente até a 20ª semana 
de gravidez, e próximo do termo ainda permanece 20% dos níveis pré-
gravídicos. O aumento dos níveis de prostaciclinas, as quais têm importante 
ação vasodilatadora, produzidas pelas paredes dos vasos sanguíneos 
sobrepujam o desempenho vasoconstritor do tromboxano, produzido pelas 
plaquetas e, assim, auxilia na diminuição da resistência vascular. 
- A pressão sanguínea arterial apresenta discreta queda na pressão sistólica 
(5 a 10 mmHg) e maior na diastólica (10 a 15 mmHg), atingindo os menores 
valores por volta de 20 semanas, decorrente da diminuição da resistência 
vascular, apesar da elevação do débito cardíaco, e retornando ao nível 
normal no termo. 
- Após a 20ª semana,grávidas em posição supina podem ter hipotensão pela 
compressão do útero gravídico dificultando o retorno venoso e causando 
síncope. Em função disso, o decúbito lateral esquerdo favorece a 
descompressão e restaura o débito cardíaco. 
- O coração encontra-se desviado para cima e para esquerda pela elevação 
de 4 cm do diafragma. Pela hipervascularização mamária, na avaliação 
clínica, podem ser detectados sopros cardíacos. Essas modificações 
provocam as seguintes alterações no eletrocardiograma: o desvio do eixo do 
elétrico (ÂQRS) tende acima de 0o, a onda T pode ter discreto desvio para 
a esquerda, com mais frequência, outras vezes aparecem de forma achatada 
ou invertida. Ainda podem ocorrer a taquicardia supraventricular 
paroxística devida a batimentos ectópicos frequentes e o desnivelamento do 
segmento ST. 
 
- A função pulmonar sofre importantes modificações durante a gestação 
para suprir o organismo materno das necessidades aumentadas de oxigênio. 
- A progesterona age diretamente na via aérea superior, levando a um 
aumento de suas secreções e edema dos seus tecidos, e pode provocar 
congestão nasal. Também promove ação estimulante sobre os centros 
respiratórios cerebrais e consequente aumento da frequência respiratória e 
do volume corrente; o volume-minuto está elevado, resultando em alcalose 
respiratória (diminuição da pCO2 e aumento da pressão parcial de oxigênio 
[pO2]), compensada pelo aumento da excreção renal de bicarbonato. 
- Os estrogênios promovem alterações na mucosa nasal, como congestão 
capilar, hiperplasia e hipertrofia das suas glândulas, e estimulam a 
reatividade dos brônquios, tanto nos indivíduos geneticamente predispostos, 
quanto naqueles com síndrome respiratória obstrutiva. Já os 
corticosteroides levam maior labilidade ao calibre brônquico. 
- O trabalho mecânico dos músculos envolvidos na respiração é mais intenso, 
em consequência do aumento da pressão intra-abdominal favorecido pelo 
útero gravídico. As gestantes podem sofrer algum grau de restrição 
respiratória pelo levantamento observado do músculo diafragma no último 
trimestre da gravidez. A dispneia é uma queixa frequente e resulta do 
incremento dos estímulos respiratórios não acompanhado pela resposta 
adequada da musculatura que auxilia na expansão pulmonar. 
- Observa-se alteração dos volumes pulmonares imposta por esse novo 
estado fisiológico, em especial a redução do volume de reserva expiratória 
(VRE) e do volume residual (VR), situação que traduz perda da capacidade 
residual funcional. 
- Modificações na caixa torácica, como o deslocamento lateral e para baixo 
dos arcos costais e o aumento da circunferência do tórax, elevam a 
capacidade respiratória e contrabalançam a diminuição da capacidade 
residual funcional, mantendo estável a capacidade pulmonar total. Como 
consequência dessas mudanças na caixa torácica e do aumento da frequência 
respiratória, a capacidade vital mostra-se discretamente aumentada. 
Embora a complacência pulmonar esteja diminuída em razão da elevação do 
diafragma pelo crescimento fetal, não se observam alterações na 
complacência pulmonar. 
- A elevação do diafragma leva à redução do volume residual pulmonar 
(20%), apesar do aumento da circunferência torácica (5 a 7 cm). 
- Na gestante, a frequência respiratória não se altera, contudo o volume 
corrente e a ventilação-minuto em repouso aumentam com o decorrer da 
gravidez. Esta última se modifica à custa da progesterona, da redução do 
volume de reserva expiratória e da alcalose respiratória compensada. 
- A capacidade respiratória total encontra-se reduzida (cerca de 200 mL), 
pois ocorre diminuição da capacidade residual funcional. Esta é constituída 
pelo volume residual e pela reserva expiratória, que na gravidez estão com 
valores menores. 
- A capacidade inspiratória é composta pela reserva inspiratória e pelo 
volume corrente, e apresenta aumento em decorrência deste último. O 
volume corrente provoca hiperventilação, que tem como efeito a diminuição 
da pressão parcial de dióxido de carbono (pCO2). Esse fenômeno facilita a 
excreção fetal de CO2 devida ao gradiente materno-fetal. Além disso, a 
curva de dissociação de oxigênio encontra-se desviada para a esquerda pelo 
aumento do pH, ocasionando dificuldade de liberação de oxigênio para os 
tecidos maternos. A redução dos níveis circulantes de bicarbonato tem 
como consequência a alcalose respiratória compensada. 
- A dispneia e sintomas relacionados com congestão nasal são comuns pela 
hiperventilação e pela hipervascularização e edema da mucosa nasal, 
respectivamente. 
 
o Volume Plasmático: 
- O volume plasmático cresce marcadamente (cerca de 40-50%) com início 
no primeiro trimestre da gestação e se acentua ao longo do segundo 
trimestre, atingindo seus valores máximos em torno de 30 a 34 semanas. 
- Provavelmente, esse aumento decorre da ação da aldosterona e de 
outros hormônios e acarreta hipervolemia e diminuição da viscosidade 
sanguínea. É uma resposta às demandas uterinas aumentadas e compensa a 
queda do retorno venoso por compressão da veia cava inferior. 
o Hemácias: 
- O volume total de hemácias apresenta incremento de 20 a 30%, refletindo 
o aumento da demanda de oxigênio materno-fetal. 
- Esse crescimento da massa de hemácias é precedido por aumento na 
produção de eritropoietina, o que justifica a presença de reticulocitose 
discreta após 20 semanas de gestação. 
- Devido à desproporcional subida do volume plasmático, quando comparado 
com a massa de hemácias, o hematócrito cai 1 ou 2 pontos, constituindo 
quadro conhecido como anemia fisiológica da gestação. Nos últimos meses 
da gestação, o aumento do volume plasmático se dá de forma mais lenta, e a 
queda do hematócrito é menos significativa, principalmente em gestantes 
que receberam suplemento de ferro. 
- Existe um aumento das necessidades de ferro durante a gestação; caso 
este não seja reposto, pode haver um quadro de anemia. Portanto, é 
recomendada para toda gestante uma suplementação dietética de 30 a 60 
mg de ferro elementar por dia durante o segundo e o terceiro 
trimestres de gestação e também durante toda a lactação ou por 2 a 3 
meses nas não lactantes. 
- Se o volume sanguíneo tiver subido de forma adequada durante a gestação, 
podem ser toleradas perdas durante o parto de até 1.000 mL sem provocar 
queda significativa na concentração de hemoglobina. A maior parte do 
sangue é perdida na primeira hora após o parto, e aproximadamente 80 mL 
são perdidos pela via vaginal durante as 72 horas seguintes. As pacientes 
com atonia uterina, episiotomia ampliada ou lacerações terão, 
evidentemente, perdas muito maiores. O volume globular, o hematócrito e a 
hemoglobina retornam aos valores iniciais em aproximadamente seis 
semanas após o parto. 
o Leucócitos: 
- Observa-se leucocitose, especialmente no segundo e terceiro trimestres, 
secundária ao número aumentado de neutrófilos segmentados. Após 38 
semanas de gestação, a quantidade de leucócitos decresce. Existe tendência 
à monocitose e à progressiva diminuição de basófilos e eosinófilos. A 
contagem de leucócitos é aceitável entre 8.000 e 12.000 por mm3 e retorna 
aos valores basais em aproximadamente quatro semanas. 
- Ocorre uma diminuição da função quimiotáxica e de aderência dos 
leucócitos após o segundo trimestre, aumentando a suscetibilidade a 
processos infecciosos e a uma relativa supressão da imunidade humoral e 
celular. Por esse mesmo motivo, em algumas gestações, ocorre melhora do 
quadro clínico de algumas doenças autoimunes. 
- As respostas cutâneas e de anticorpos estão seletivamente diminuídas, 
assim como os processos celulares de inflamação. As células secretoras de 
imunoglobulinas aumentam, a resposta inflamatória diminui, as proteínas 
plasmáticas se alteram, e os imunocomplexos circulantes podem estar 
presentes. Os níveis dos complementos (C3 total, C4 ou CH50) estão iguais 
aos pré-gravídicos ou sofrem discreta elevação. 
o Plaquetas: 
- A contagem de plaquetasse encontra relativamente inalterada. Pode 
ocorrer quadro de trombocitopenia (5-7% das gestações) que, em sua 
maioria, é uma variação da normalidade, mas é recomendável excluir outras 
causas de trombocitopenia. 
o Coagulação: 
- A gestação é acompanhada de grandes modificações dos sistemas 
coagulativo e fibrinolítico, que já podem ser detectadas a partir do terceiro 
mês de gravidez. Ocorre aumento acentuado de alguns dos fatores de 
coagulação (principalmente VII, VIII, IX e o fator de Von Willebrand), de 
fibrinogênio (aumento de até 50%) e, em geral, dos agentes pró-
coagulantes. Há diminuição da resistência dos anticoagulantes endógenos e 
diminuição da proteína S e do cofator da proteína C. 
- A atividade fibrinolítica do plasma permanece baixa, inclusive durante 
todo o processo de parturição, voltando ao normal em até 24 horas após a 
saída da placenta. A rápida volta à normalidade da atividade fibrinolítica 
sugere que a inibição da fibrinólise seja intermediada pela placenta. 
- O tempo de coagulação, a antitrombina III, o fator V e a proteína C não se 
alteram durante a gravidez. Essas modificações, junto com o aumento do 
volume sanguíneo, ajudam a combater os riscos de hemorragia na dequitação 
placentária. Em contrapartida, produzem estado de vulnerabilidade à 
coagulação intravascular, manifestando-se clinicamente como situações que 
variam desde tromboembolia até hemorragia por coagulação intravascular 
disseminada. 
o RESUMINDO: 
- Com o aumento das hemácias, ocorre a necessidade de reposição do ferro, 
cerca de 1.000 mg durante a gestação. 
- Os leucócitos podem apresentar leve aumento, entretanto no parto e no 
puerpério chega a atingir cifras de 30 mil. 
- De modo geral, os fatores de coagulação encontram-se mais elevados, 
principalmente o fibrinogênio (300 a 600 mg), e, associados à estase venosa 
e ao útero gravídico, comprometendo o retorno venoso, proporcionam um 
quadro propício para o tromboembolismo. Os fatores XI e XIII não se 
alteram na gravidez. 
- Os níveis plaquetários estão pouco reduzidos principalmente pela 
hemodiluição. 
 
o Boca: 
- Embora encontradas com frequência na gestação, as cáries dentárias e as 
periodontites não surgem nem pioram em decorrência direta da gravidez. A 
gengivite gravídica (edema e sangramento da gengiva) é consequência da 
saturação gestacional por estrogênio, progesterona e hCG sobre o tecido 
conectivo e se acentua no segundo trimestre da gestação. O ptialismo, 
produção excessiva de saliva, tem como causas hipertonia vagal, fatores 
psíquicos e estímulos do segundo e terceiro ramos do nervo trigêmeo. 
o Estômago e Esôfago: 
- O crescimento uterino desloca o estômago, elevando seu fundo e 
provocando uma leve dextrorrotação. O aumento da progesterona e a 
diminuição da motilina (substância que estimula a musculatura lisa) são 
fatores bioquímicos que, somados aos mecânicos, retardam o esvaziamento 
gástrico. Estes, associados à redução do tônus do esfíncter esofagiano 
inferior e à diminuição da amplitude e da velocidade das ondas peristálticas 
do esôfago, facilitam o surgimento de pirose e refluxo gastresofágico. 
- Hérnia de hiato pode ser encontrada em até 20% das grávidas, regredindo 
no pós-parto. 
o Intestino Delgado e Grosso: 
- A progesterona provoca hipotonia na musculatura lisa do trato 
gastrintestinal e, juntamente com a compressão das estruturas abdominais 
pelo útero, retarda o trânsito intestinal. 
- A maior absorção de líquidos leva ao ressecamento das fezes e pode 
provocar constipação intestinal, queixa frequente na gestação, 
especialmente no último trimestre. Hemorroidas são comuns, aparecendo 
como resultado da constipação intestinal, da vasodilatação periférica e do 
aumento da pressão nas veias retais por compressão da circulação de 
retorno. 
- As relações anatômicas dos intestinos se alteram em decorrência da 
ocupação da cavidade abdominal pelo útero, podendo o apêndice cecal ser 
encontrado no flanco direito da gestante. 
o Fígado: 
- Não foram evidenciadas alterações importantes na morfologia e na função 
hepática durante a gravidez. A fosfatase alcalina está aumentada, mas sua 
origem é placentária. 
- Não é raro o surgimento de colestase intra-hepática e prurido cutâneo, 
resultado dos altos níveis de estrogênio circulante que inibem o transporte 
intraductal de ácidos biliares. 
o Vesícula Biliar: 
- A vesícula biliar mostra esvaziamento lento por hipotonia muscular 
(consequência da ação da progesterona sobre a musculatura lisa), 
provocando estase biliar e favorecendo a formação de cálculos de 
colesterol, já que o estrogênio e a progesterona saturam a bile com 
colesterol e diminuem a síntese de ácidos biliares. Multiparidade e fatores 
genéticos também contribuem para a formação de cálculos. 
o Pâncreas: 
- O pâncreas da gestante saudável sofre hiperplasia das células β das 
ilhotas de Langerhans, provável resposta ao bloqueio periférico da insulina 
pelos hormônios gravídicos, em especial os estrogênios e o hormônio 
lactogênico placentário (hPL, do inglês human placental lactogen). Esse 
processo aumenta a insulina plasmática livre e facilita as maiores 
necessidades fetais de carboidratos. 
o Náuseas e Vômitos: 
- Náuseas e vômitos são alguns dos sintomas mais comuns da gravidez e 
ocorrem predominantemente durante o primeiro trimestre, embora mais 
raramente possam continuar durante toda a gestação. Uma pequena 
porcentagem de mulheres pode desenvolver a forma grave de náuseas e 
vômitos, chamada de hiperêmese gravídica, que, se não for tratada, pode 
levar a uma morbidade materna e fetal significativa. A patogênese 
permanece incerta, mas há consenso de que há a participação dos hormônios 
da gravidez, como o estrogênio, a progesterona e o hCG. 
o RESUMINDO: 
- No início da gravidez, fora o atraso menstrual, a náusea, que comumente 
vem acompanhada de vômitos, é muito frequente. Esse sintoma geralmente 
ocorre pela manhã e talvez esteja relacionado à elevação progressiva da 
gonadotrofina coriônica (hCG) e dos estrogênios no primeiro trimestre. 
- O sangramento gengival atinge as gestantes mais amiúde pela presença de 
hiperemia e de edema. A associação da placa bacteriana pode desencadear 
gengivites; alguns autores afirmam que se pode correlacioná-las com parto 
pré-termo. 
- Pela ação hormonal, principalmente da progesterona, todo o aparelho 
digestivo permanece com tônus diminuído, facilitando o aparecimento de 
pirose, obstipação, hemorroidas etc. A pirose é desencadeada por refluxo 
das secreções gástricas, além do relaxamento do esfíncter esofágico. Com o 
evoluir da gestação, o útero deslocará o intestino para cima e para a direita 
e o estômago para cima e a para esquerda, prejudicando a digestão e 
agravando a pirose. Ainda nos primeiros meses, ocorre a diminuição da 
secreção gástrica de ácidos. O peso do útero gravídico comprimindo as veias 
do plexo hemorroidário e a obstipação podem provocar a manifestação de 
hemorroidas. 
- Em multíparas, encontra-se propensão para a formação de cálculos de 
colesterol pela potente ação relaxante da musculatura lisa provocada pela 
progesterona na vesícula biliar e pela alteração do metabolismo lipídico no 
período gestacional. A progesterona age inibindo a estimulação da 
musculatura lisa mediada por citocinas. O aumento dos níveis de estrógeno 
também facilita a colestase intra-hepática por meio da inibição do 
transporte intraductal dos ácidos biliares. 
- O fluxo sanguíneo hepático e o diâmetro da veia porta sofrem grande 
aumento, enquanto o fígado permanece nas mesmas dimensões. Quanto aos 
exames laboratoriais, a fosfatase alcalina apresenta níveis mais elevados 
(dobro), a albumina sérica, valores reduzidos, e os demais exames para 
avaliação da função hepática podem aparecer normais e às vezes com 
discreta diminuição. 
 
o Rins: 
- As alterações renais e das vias urinárias decorrentes de fatores 
mecânicos ou hormonais elevam a chance da ocorrência de cálculos ou 
processos infecciosos.- Pode ocorrer, na gestação, aumento do volume dos rins, com incremento de 
aproximadamente 30% em seu peso e discreto aumento em seu tamanho (1 
cm), devido à hipertrofia e ao aumento do fluxo plasmático renal. 
Observam-se, também, aumento da vascularização e diminuição da 
resistência vascular, que acarretam um crescimento de 60 a 80% no fluxo 
sanguíneo renal e um aumento de 40 a 50% na filtração glomerular, que 
podem motivar o aparecimento de glicosúria (também pela menor capacidade 
de reabsorção tubular) e provocar proteinúria, hipercalciúria, perda de 
nutrientes (aminoácidos e vitaminas hidrossolúveis), diminuição nas 
concentrações plasmáticas de ureia e de creatinina e aumento da depuração 
de creatinina. A hematúria, se estiver presente, deve ser sempre 
investigada. 
- O sistema coletor sofre dilatação em até 80% das gestações, 
apresentando-se com dilatação ureteral e pielocalicial, mais pronunciada à 
direita (por compressão do sistema urinário pelo útero volumoso que sofreu 
discreta dextrorrotação). 
o Ureteres: 
- O relaxamento da musculatura lisa do trato urinário promovido pela 
progesterona causa hipotonia ureteral, que, adicionada à compressão ou à 
obstrução pelo crescimento uterino e pela congestão do plexo venoso 
ovariano, pode acarretar hidronefrose e dilatação dos ureteres. Esses 
achados podem persistir por até 4 meses após o parto. 
o Bexiga: 
- Com o crescimento uterino, a bexiga altera sua posição e é rechaçada para 
a frente e em direção à cavidade abdominal, deixando de ser órgão 
exclusivamente pélvico. Essa mudança de posicionamento diminui sua 
capacidade residual e provoca polaciúria na gestante. Sua mucosa mostra-
se espessada e com aspecto tortuoso em virtude dos vasos sanguíneos 
congestos. Também ocorrem elevação do trígono vesical e diminuição do 
tônus. 
o RESUMINDO: 
- As modificações no aparelho urinário são oriundas de alterações 
mecânicas, fisiológicas e anatômicas. Tanto os rins quanto ureteres e a 
bexiga sofrem compressão pelo útero gravídico. Pela dextrorrotação 
uterina, a hidronefrose à direita é mais pronunciada, enquanto o sigmoide 
protege o ureter esquerdo. A progesterona atua no tônus da musculatura 
lisa ureteral promovendo também a dilatação do trato urinário e 
causando estase urinária. Convém alertar da maior propensão a 
infecções urinárias. 
- As alterações circulatórias desencadeiam o aumento de fluxo plasmático 
renal (50% a 80%) e da taxa de filtração renal – TFR (40% a 60%). A 
creatinina plasmática (0,73, 0,58 e 0,53, respectivamente, no primeiro, 
segundo e terceiro trimestre) e a ureia (10 a 20 mg) encontram-se em 
valores menores que em não gestantes em decorrência da elevação da TFR. 
Ainda, pode-se considerar valor normal proteinúria de até 300 mg/24h. A 
glicosúria deve-se a aumento da oferta de glicose em nível renal, que 
ultrapassa a capacidade de absorção. O aumento da taxa de filtração 
glomerular (TFG) e a ação dos estrógenos promovendo uricosúria levam à 
diminuição do ácido úrico sanguíneo durante a gravidez, atingindo valores 
próximos ou menores que 3 mg/l no primeiro trimestre, contudo no último 
trimestre sofre acréscimo, podendo alcançar níveis de 4 a 5 mg/dl. 
- A ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e a redução do 
limiar do hormônio antidiurético (ADH) promove a diminuição da 
osmolaridade plasmática. Os rins gravídicos têm certa dificuldade em 
concentrar a urina. Pela ação da aldosterona e ADH, ocorre a reabsorção de 
sódio e água no túbulo renal, que compensa a maior quantidade desses no 
glomérulo. 
- Contribuem também para essas modificações do aparelho urinário algumas 
substâncias como óxido nítrico, a endotelina (estabilidade do tônus vascular) 
e a relaxina (aumento da TFR). 
- A bexiga apresenta-se com retificação do trígono vesical pela sua posição 
mais elevada na gestação, provocando refluxo vesicoureteral. Essas 
transformações podem favorecer a formação de cálculos renais, infecções, 
incontinência urinária e até hematúria, esta principalmente mais frequente 
em parturientes. 
 
o Hipófise: 
- A adeno-hipófise aumenta em 2 a 3 vezes o seu tamanho, principalmente 
pela hiperplasia das células produtoras de prolactina, raramente ocorrendo 
compressão do quiasma óptico. Os níveis do hormônio luteinizante (LH, do 
inglês luteinizing hormone), do hormônio folículo-estimulante (FSH, do 
inglês follicle-stimulating hormone) e do hormônio de crescimento (GH, do 
inglês growth hormone) se mostram muito baixos, ao contrário da produção 
de prolactina, que ascende continuamente, chegando ao seu máximo no início 
do trabalho de parto. 
- Após o parto, os níveis de prolactina circulante declinam, e ela passa a ser 
liberada em pulsos que respondem ao estímulo de sucção mamilar ocorrido 
na amamentação. Durante a gestação, a prolactina estimula a síntese de 
DNA e a multiplicação das células glandulares e alveolares da mama, 
aumenta o número de receptores de estrogênios e de prolactina nas células 
epiteliais da mama, participa ativamente da galactopoiese e incentiva a 
produção de caseína, lactoalbumina, lactose e lipídeos. 
o Tireoide: 
- A tireoide exibe moderado aumento no seu tamanho durante a gestação, 
com hiperplasia do tecido glandular e incremento da sua vascularização, 
consequente à diminuição na concentração plasmática de iodo e à maior 
captação de iodeto para equilibrar a depuração renal elevada. 
- O aumento da concentração de estrogênios determina um aumento 
acentuado dos níveis de globulina de ligação de tireoxina sérica (TBG, do 
inglês thyroxine-binding globulin), que reduz os hormônios livres da tireoide 
e estimula o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. A tireotrofina (TSH, do 
inglês thyroid-stimulating hormone) está fisiologicamente reduzida no 
primeiro trimestre, pois, devido à semelhança com o hCG, este estimula a 
liberação de T3 e T4, que em seguida agem fazendo a retroalimentação 
negativa sobre a hipófise e provocam a diminuição transitória do TSH entre 
8 e 14 semanas. À medida que a gestação progride, os limites de 
normalidade superiores são abaixo de 3 e 3,5 mUI/Lno segundo e terceiro 
trimestres, respectivamente. 
o Paratireoide: 
- Estudos recentes, dosando apenas a fração livre do paratormônio, 
observaram discreta diminuição plasmática do paratormônio no primeiro 
trimestre seguida por um aumento nos trimestres seguintes, mas ainda 
dentro dos limites da normalidade. Já a calcitonina aumenta seus níveis 
plasmáticos durante a gravidez, provavelmente devido à produção 
placentária, tiroideana e mamária desse hormônio. 
o Suprarrenais: 
- Cortisol: a produção suprarrenal do cortisol não aumenta e sua depuração 
renal diminui, levando a um incremento na concentração plasmática desse 
hormônio, sendo a maior parte ligada à globulina transportadora do cortisol. 
O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, do inglês adrenocorticotropic 
hormone), inicialmente diminuído, aumenta com o progresso da gestação. 
- Aldosterona: a partir de 16 semanas de gestação, observa-se aumento na 
secreção de aldosterona, estimulado pela redução da resistência vascular 
periférica e da pressão arterial. 
- Desoxicorticosterona: ocorre acentuado aumento de desoxicorticosterona 
na gravidez, e sua maior fonte é a conversão periférica da progesterona em 
sítios não suprarrenais, como o rim, a pelve e os vasos sanguíneos. 
o RESUMINDO: 
- A hipófise aumenta tanto de volume como de peso, e isso decorre da 
hipertrofia e hiperplasia da adenoipófise por estímulo dos estrógenos. A 
produção aumentada da prolactina obtida por essas modificações preparará 
as mamas para a lactação no pós-parto. 
- O hormônio de crescimento (GH) permanece inalterado, e o 
sinciciotrofoblasto posteriormente produzirá esse hormônio. 
- O hormônio estimulante da tireoide sofre diminuição pela presença da 
fração beta do hormônio gonadotrófico que apresenta semelhança 
molecular. 
- A hipófise possui papel importante na secreção do hormônio de 
crescimento durante o primeirotrimestre. Após esse período, a 
placenta passa a ser a principal fonte do hormônio de crescimento. Atinge 
pico máximo com 14 a 15 semanas, apresentando valores decrescentes até 
36ª semana, quando alcança níveis basais. 
- O hormônio de crescimento placentário parece ter importância no 
crescimento fetal e no desenvolvimento da pré-eclâmpsia. Ele é o elemento 
vital no desencadeamento da resistência à insulina na segunda metade da 
gestação. Seu nível sérico materno tem correlação direta com o peso do 
recém-nascido e inversa com a restrição ao crescimento fetal e resistência 
arterial uterina. 
- A prolactina produzida pela adenoipófise durante a gravidez é encontrada 
em valores elevados com a finalidade de garantir a lactação. 
Paradoxalmente, seu nível diminui após o parto e apenas com o estímulo da 
sucção ocorrem pulsos de sua secreção. 
- O ADH e a ocitocina são armazenados na neuroipófise. O ADH e a 
ocitocina não apresentam alterações durante a gestação, apenas esta última 
aumenta no trabalho de parto e no parto. Contudo, a liberação do ADH é 
mais sensível, tendo resposta com osmolaridade sanguínea inferior ao pré-
gravídico pela hemodiluição materna. 
- Na tireoide, observa-se aumento de seu volume. Sua função altera-se em 
decorrência do nível do iodo reduzido pela TFR, pelo aumento da globulina 
transportadora de hormônios tireoidianos (diminuição das frações livres) e 
pela ação da gonadotrofina coriônica (beta) pela semelhança estrutural com 
o hormônio estimulante da tireoide. 
- Desde o primeiro trimestre, a globulina transportadora de hormônios 
tireoidianos encontra-se aumentada e atinge seu pico com 20 semanas, 
permanecendo em um platô com valores de cerca do dobro de não gestantes. 
A tiroxina sérica total (T4) e a triiodotironina (T3) apresentam picos 
máximos com seis a nove semanas e 18 semanas, respectivamente. O T4 
livre alcança o nível máximo com o hCG e depois volta ao normal. 
- A taxa metabólica está maior que em não grávidas, pois há necessidade de 
maior consumo de oxigênio para suprir o metabolismo fetal. 
- O cortisol e a androsterona na suprarrenal têm papel fundamental em 
manter a homeostase. A suprarrenal não aumenta a secreção do cortisol, 
entretanto ele sofre redução de sua excreção e apresenta aumento de sua 
meia-vida. As altas concentrações de progesterona provocam uma má 
resposta dos tecidos ao cortisol. 
- A desoxicorticosterona de produção renal por estímulo dos estrógenos 
apresenta níveis elevados. Os valores maiores desse mineralocorticoide 
encontrado em sangue fetal sugere que ocorra transferência para sangue 
materno. 
- O sulfato de deidroepiandrosterona encontra-se reduzido pela conversão 
placentária em estrógenos. 
- A androstenediona e a testosterona mantêm-se aumentadas durante toda 
a gravidez. 
- A paratireoide, por meio do paratormônio (PTH), controla a concentração 
do íon cálcio no soro por aumento da absorção pelo intestino e rins e 
liberação nos ossos. Esse hormônio tem sua liberação na dependência da 
redução de cálcio e de magnésio. Após o primeiro trimestre, o PTH se eleva 
em resposta à diminuição de cálcio pelo aumento do volume plasmático e da 
TFG, além da transferência de cálcio materna para o feto. 
- A calcitonina promove a deposição de cálcio nos ossos e diminui a 
concentração desse íon no líquido extracelular. Na gravidez e na lactação, 
ocorrem altos níveis desse hormônio. 
- A vitamina D estimula a reabsorção de cálcio nos ossos e a absorção nos 
intestinos. O fígado realiza a conversão dessa vitamina obtida pela síntese 
na pele ou pela ingestão oral em 25(OH) vitamina D3. O composto 
biologicamente ativo é o 1,25(OH) vitamina D3 produzido nos rins, placenta 
e decídua, que está aumentado na gestação. 
 
o Ganho Ponderal: 
- A grávida deve ser orientada a seguir as recomendações para ganho 
ponderal conforme seu índice de massa corporal (IMC) no início da gestação. 
Esse aumento ponderal é atribuído ao útero e ao seu conteúdo (feto, 
placenta, líquido amniótico); ao crescimento das mamas, do volume sanguíneo 
e do líquido extravascular; e às alterações metabólicas responsáveis pelo 
incremento da água celular; e pela deposição de proteínas e gorduras nos 
tecidos maternos para formar suas reservas. 
 
 
 
 
o Metabolismo Hídrico: 
- A retenção de água é uma alteração fisiológica da gravidez em parte 
mediada pela queda da osmolaridade plasmática. É comum observar edema 
nos membros inferiores, em especial ao final do dia, favorecido pelo 
aumento da pressão venosa e pela redução da pressão coloidosmótica 
intersticial. 
o Metabolismo Proteico: 
- Na gravidez, para atender às demandas de feto, útero, placenta, mamas e 
volume sanguíneo, todos em crescimento, as necessidades proteicas 
aumentam. Observa-se redução dos aminoácidos e incremento absoluto das 
proteínas totais, embora suas concentrações plasmáticas se mostrem 
diminuídas em consequência da hemodiluição experimentada pela gestante. 
- A concentração de albumina circulante sofre redução, ao passo que é 
menor a queda das γ-globulinas. Os teores de α e β-globulinas ascendem. 
Para manter o balanço nitrogenado positivo, a gestante necessita de 25% de 
proteínas do total dos nutrientes por ela ingeridos durante o dia, não 
podendo se descuidar, todavia, da ingesta adequada de carboidratos e 
gorduras, medida que evita o catabolismo proteico. 
o Metabolismo dos Carboidratos: 
- A gravidez é um estado potencialmente diabetogênico e é considerada um 
teste para o adequado funcionamento do pâncreas materno. A gestação 
normal se caracteriza por resistência à insulina, leve hiperinsulinemia, 
hipoglicemia de jejum e hiperglicemia pós-prandial. 
- Inicialmente, o metabolismo da glicose parece ser alterado pelo aumento 
dos níveis de estrogênio e de progesterona, hormônios que agem 
estimulando a secreção endógena de insulina e melhorando a utilização 
periférica da glicose. Na segunda metade da gestação, crescem os 
hormônios contrainsulinares, como o hPL e o cortisol, que promovem 
aumento dos ácidos graxos livres, ao incentivarem a lipólise, e poupam a 
glicose. Também ocorre supressão da resposta ao glucagon e redução do seu 
consumo periférico, fatos que caracterizam o estado diabetogênico da 
grávida e que mantêm constante o aporte de glicose ao feto. 
- Não se conhece o mecanismo que responde pela hipertrofia e pela 
hiperplasia das células β-pancreáticas e pela hipersecreção de insulina. 
Sabe-se que o hPL, o estrogênio, a progesterona e o cortisol estão 
provavelmente envolvidos nesse processo. 
o Metabolismo Lipídico: 
- As concentrações de lipoproteínas, de apolipoproteínas e de lipídeos totais 
aumentam no plasma materno durante a gravidez. O colesterol pode crescer 
50%, e os triglicerídeos podem triplicar. A lipoproteína de baixa densidade 
(LDL, do inglês low density lipoprotein) atinge sua maior concentração 
plasmática por volta de 36 semanas de gestação, resultado da ação da 
progesterona e do estradiol sobre o fígado da gestante. Já a lipoproteína 
de alta densidade (HDL, do inglês high density lipoprotein) alcança seu nível 
máximo por volta de 25 semanas, diminui até 32 semanas e, a partir daí, 
mantém-se constante até o termo. 
o Metabolismo Eletrolítico: 
- Sódio: o crescimento do feto, o aumento do líquido amniótico e a expansão 
do líquido extracelular são os principais responsáveis pela retenção de sódio 
no organismo materno. Por outro lado, a excreção pode aumentar em 
consequência de aumento da taxa de filtração glomerular, ação da 
progesterona, que atua promovendo vasodilatação das arteríolas renais e 
facilitando a natriurese, presença do fator natriurético atrial e redução de 
albumina, prostaglandinas e dopamina. Outras substâncias agem diminuindo a 
excreção renal de sódio, como a aldosterona, o sistema renina-angiotensina, 
os corticosteroides e os estrogênios. 
- Cálcio e Magnésio: os níveis plasmáticos de cálcio e de magnésio, 
elementos importantes na bioquímica da contração uterina,diminuem 
durante a gravidez; entretanto, sua fração ionizada e metabolicamente 
ativa permanece inalterada, confirmando que a queda nos níveis de cálcio e 
magnésio não tem importância clínica durante a gestação. Sua absorção 
intestinal dobra durante a gravidez, devido à grande necessidade fetal de 
cálcio, e sua excreção renal também aumenta, eliminando o excesso de 
cálcio sérico. 
- Ferro: o ferro é um elemento essencial tanto para a gestante quanto para 
o feto em desenvolvimento. As necessidades de ferro durante a gravidez 
estão aumentadas pelo incremento da massa de hemácias, podendo a mãe 
desenvolver anemia caso esse elemento não seja suplementado em sua dieta. 
O rastreamento de anemia é indicado no pré-natal de todas as gestantes no 
Brasil, e a suplementação com ferro deve seguir as recomendações do 
ministério da saúde. 
 
- Iodo: durante a gravidez, os níveis plasmáticos de iodo estão diminuídos, 
devido ao aumento de sua filtração renal e por maior demanda fetal, que 
compete com a mãe pelo iodeto disponível. Para absorver uma maior 
quantidade de iodo do plasma, a tireoide da grávida depura duas vezes o 
volume sanguíneo habitual para manter a captação normal adequada. 
o Metabolismo das Vitaminas: 
- Em geral, as exigências da gravidez levam à diminuição de todas as 
vitaminas (exceto as vitaminas E e K), fato que exige reforço dietético. 
- A carência de vitamina A pode causar anomalias congênitas por defeitos na 
embriogênese. A deficiência de ácido fólico pode levar a distúrbios no 
crescimento fetal e produzir malformações estruturais, em especial aquelas 
relativas ao fechamento do tubo neural. Na gravidez e no puerpério, há 
aumento no consumo de vitamina C, e graus elevados de avitaminose C 
determinam abortamento e/ou morte fetal. A vitamina D é fundamental 
para o metabolismo do cálcio e do fósforo e para a fixação desses 
elementos no arcabouço ósseo. Com a evolução da gravidez, suas 
necessidades crescem. 
- Por mobilização das reservas maternas e pela síntese placentária e/ou 
fetal, os teores de vitamina E se elevam durante a gestação, mesmo motivo 
pelo qual a vitamina K aumenta na gravidez, atuando na formação de 
trombina e no mecanismo de coagulação sanguínea. 
o Equilíbrio Acidobásico: 
- Na gravidez normal, ocorre uma alcalose respiratória por hiperventilação, 
diminuindo a pressão parcial de gás carbônico (pCO2) no sangue materno. 
Com isso, o rim aumenta a excreção de bicarbonato, diminuindo seus níveis 
plasmáticos de 26 para 22 mMol/L, e provoca uma pequena queda do pH, que 
desvia a curva de dissociação do oxigênio (O2) para a esquerda e aumenta a 
afinidade da hemoglobina materna pelo O2 – efeito de Bohr. A 
hiperventilação reduz a pCO2 materna e facilita o transporte do CO2 do 
feto para a mãe, mas parece diminuir a liberação de O2 da mãe para o feto. 
- No início do parto, observam-se aumento do pH e redução da pCO2 
plasmática, consequência da hiperventilação da parturiente que persiste até 
o final do período de dilatação. No período expulsivo, os puxos provocam 
episódios temporários de apneia que aumentam a pCO2 e, por conta da 
intensa atividade muscular, liberam lactatos, levando à acidose metabólica. 
o RESUMINDO: 
- A gravidez está associada a significantes alterações metabólicas no 
organismo materno, das quais depende a boa evolução da gestação. Tais 
modificações acontecem como resposta ao processo adaptativo materno, 
bem como para viabilizar o desenvolvimento fetal. 
- O consumo de glicose fetal é contínuo, enquanto a ingestão materna passa 
por períodos de jejum, como é o caso do período noturno, quando a grávida 
está dormindo. Para manter a fonte de energia contínua ao feto, o 
transporte da glicose, através da placenta, ocorre por difusão facilitada, 
mesmo com pequenas diferenças nos gradientes de concentração. Para 
manter a disponibilização da glicose ao feto priorizada, há aumento da 
resistência insulínica materna, conhecido como efeito diabetogênico, 
que é determinado pelo hormônio lactogênio placentário humano (hPL) em 
associação ao hormônio de crescimento placentário humano (hPGH) e 
adipocinas (leptina, adiponectina, fator de necrose tumoral alfa – TNFα – e 
interleucina-6). Essas alterações são evidenciadas no terceiro trimestre da 
gravidez e estão associadas às alterações catabólicas do metabolismo 
lipídico. 
- As alterações no metabolismo lipídico ocorrem de forma diferenciada, de 
acordo com o período gestacional. A fase anabólica acontece no primeiro e 
segundo trimestre, quando existe favorecimento da lipogênese aumentando 
o depósito de gordura e a reserva energética materna. Na fase catabólica, 
evidenciada no terceiro trimestre, há incentivo à lipólise. Nesse processo, a 
resistência insulínica reduz o efeito inibitório da insulina sobre a lipólise e 
favorece o recrutamento dos depósitos de gordura como fonte energética 
para compensar o jejum materno e priorizar a disponibilização de glicose e 
aminoácidos ao feto. Outro objetivo da lipólise é facilitar a disponibilização 
dos ácidos graxos que são necessários à constituição de estruturas 
importantes do cérebro e do aparelho ocular, bem como exercem 
fundamental importância na composição das membranas celulares fetais. 
- Elevam-se os triglicerídeos e as lipoproteínas, em especial a lipoproteína 
de muito baixa densidade (VLDL-colesterol). Em menor escala, também 
aumentam as demais lipoproteínas (HDL-colesterol e LDL-colesterol). 
- A necessidade calórica materna total é estimada em 80.000 kcal, que 
corresponde ao acréscimo de aporte médio de 300 kcal por dia. 
- O ganho de peso materno provém principalmente do acúmulo do 
componente hídrico intra e extravascular. Os demais componentes como 
proteínas, carboidratos e lípides contribuem em menor escala. 
- O ganho ponderal de 12,5 kg garante ao feto crescimento adequado. 
- No metabolismo proteico, verifica-se maior concentração dos aminoácidos 
fetais em relação aos níveis maternos. As proteínas totais maternas, 
embora em maiores concentrações durante a gravidez, apresentam-se 
reduzidas devido à hemodiluição. A albumina está reduzida e, em menor 
evidência, as globulinas. Há aumento do fibrinogênio, da alfaglobulina e da 
betaglobulina. 
- No metabolismo hidroeletrolítico, advém a retenção de líquido intra e 
extracelular determinada por mecanismos adaptativos no sistema renina-
angiotensina-aldosterona, que estão relacionados à preservação do sódio, 
bem como à redução da pressão coloidosmótica, que está associada à 
redução da concentração plasmática da albumina. 
 
- Ocorre relaxamento dos ligamentos em decorrência da embebição 
gravídica. Nota-se frouxidão das articulações em todo o organismo materno; 
entretanto, ela é mais notada nas articulações pélvicas e, em especial, na 
sínfise púbica, favorecendo a sua abertura em até 12 mm. Essa disjunção 
fisiológica retorna em até cinco meses de pós-parto. Enquanto os 
estrogênios aumentam a vascularização e a hidratação do tecido conectivo 
dos ligamentos articulares, a progesterona e a relaxina atuam diminuindo o 
tônus da musculatura responsável pela estabilização dessas articulações. 
o Postura e Marcha: 
- Como resultado do peso adicional (útero, feto e anexos), o equilíbrio 
materno desloca seu centro de gravidade para a frente; a grávida altera sua 
postura para corrigir o seu eixo corporal e assume atitude involuntária de 
acentuada lordose lombar, jogando seu tórax para trás e voltando a 
coincidir seu centro de gravidade com o eixo do seu corpo. Somado a isso, 
ocorre ampliação da base de sustentação (com afastamento discreto entre 
um pé e outro): ela assume um andar oscilante, com passos curtos e lentos e 
um maior ângulo dos pés com a linha média. 
- Todas essas alterações somadas descrevem uma marcha típica da gestante 
chamada de marcha anserina. 
- Essas alterações posturais modificam a anatomia da coluna vertebral da 
grávida, em especial da coluna lombar, possibilitando espasmos dos músculos 
intervertebraise diminuindo os espaços entre as vértebras, o que 
possibilita compressões radiculares e causa dor lombar, queixa frequente 
das gestantes. 
- No final da gravidez, pode surgir dor na região cervical, causada pela 
flexão mantida do pescoço. 
- O nervo ulnar e o mediano podem sofrer pequenas trações ocasionadas por 
um deslocamento posterior da cintura escapular que produz desconforto e 
dormência nos membros superiores. 
o RESUMINDO: 
- A embebição gravídica acomete todas as articulações. Por meio dela, 
articulações da bacia apresentam mais elasticidade e maior capacidade 
pélvica. Ainda promove modificação da postura e da deambulação. O 
aumento dos diâmetros e estreitos da pelve é indispensável para a expulsão 
fetal. 
- A marcha anserina da gestante decorre da necessidade de mudança de 
centro da gravidade para manter o equilíbrio. Ela projeta o ventre para 
frente, afasta a base de sustentação dos membros inferiores e os ombros 
se inclinam para trás. Esse esforço faz com que ela utilize um conjunto de 
músculos tanto cervicais como lombares pouco empregados fora da 
gestação. Em contrapartida, vai desencadear fadiga muscular, parestesia de 
extremidades e dores cervicais e lombares decorrentes da compressão de 
raízes cervicais (nervo ulnar e mediano). 
 
- A queixa mais frequente é a sonolência. A etiologia desse sintoma está 
associada aos altos níveis de progesterona, potente depressor do sistema 
nervoso central, e à hiperventilação, pela produção da alcalose respiratória. 
- Pode surgir fadiga relacionada a distúrbios do sono, principalmente no 
final da gravidez, facilitando o desenvolvimento de hiperêmese gravídica, 
enxaqueca e quadros psíquicos (blues, depressão). 
- Apresentam também certa dificuldade na concentração e na memória, 
talvez decorrente das alterações vasculares da artéria cerebral média e da 
posterior. Esses sintomas tendem a piorar com o evoluir da gravidez. 
 
o Acne e Queda de Cabelo: 
- A hipersecreção das glândulas sebáceas decorrente da ação 
progestagênica torna a pele da grávida mais oleosa e facilita a queda capilar 
e o surgimento de acne. 
o Alterações Pigmentares: 
- O perfil hormonal da gestação desencadeia um aumento na produção de 
estrogênio e progesterona que leva a uma hipertrofia do lobo intermediário 
hipófise (responsável pelo metabolismo da pró-opiomelanocorticotrofina em 
β-endorfina e α-melanotropina). Essa hipertrofia resulta na liberação de α-
melanotropina, que exerce ação estimulante sobre os melanócitos. É 
importante destacar que as alterações pigmentares aumentam de acordo 
com a exposição ao sol. Locais naturalmente mais escuros podem adquirir 
pigmentação mais escura durante a gravidez, como aréola mamária, períneo 
e axilas. 
o Linha Nigra: 
- A linha nigra é uma pigmentação de cor preto-acastanhada na linha média 
do abdome resultante da ação estimulante sobre os melanócitos. 
 
o Cloasma ou Melasma Gravídico: 
- O cloasma é uma mancha acastanhada na face consequente à estimulação 
dos melanócitos. Embora característico da gestação, não é exclusivo dela. 
o RESUMINDO: 
- As alterações cutâneas observadas na gestação são decorrentes dos níveis 
elevados da progesterona e da produção placentária de estrógenos. 
- Ocorre ainda maior dissipação materna de calor pela pele devido à 
vasodilatação periférica. 
- As modificações mais encontradas estão relacionadas a pigmentação, 
vascularização e atrofia. A hiperpigmentação atinge preferencialmente a 
face (cloasma), linha alba (linha nigra), aréolas mamárias, períneo e axilas; 
geralmente desaparecem após o parto e pioram com a exposição ao sol. Do 
ponto de vista vascular, podem surgir eritema palmar, teleangiectasias, 
hipertricose, secreção sebácea exacerbada e sudorese. Quanto à atrofia, 
50% das gestantes podem apresentar estrias gravídicas, violáceas, quando 
recentes, e nacaradas, quando antigas. 
 
o Estrias Gravídicas: 
- As estrias gravídicas são alterações atróficas por estiramento das fibras 
colágenas, condicionadas à diminuição da hidratação e ao estiramento da 
pele. Incidem principalmente em abdome, glúteos, mamas e coxas. Na 
gestação, costumam ser avermelhadas; após o parto, são geralmente 
brancacentas. 
- Em multíparas, além das estrias de uma gravidez atual, podem ser 
encontradas linhas de tonalidade prata, brilhantes, que representam 
cicatrizes de estrias de gestações anteriores. 
o Alterações Vasculares: 
- As alterações vasculares são consequências da vasodilatação imposta pelo 
perfil hormonal da gestação. 
o Aranhas Vasculares ou Telangiectasia ou Angioma: 
- Essas alterações vasculares surgem em toda a superfície palmar como uma 
vermelhidão difusa, notadamente nas eminências tênares e hipotênares. São 
encontradas em até 70% das gestantes, independentemente da etnia. Na 
maioria dos casos, desaparecem após a gravidez. 
o Eritema Palmar: 
- O eritema palmar é caracterizado por diminutos vasos que se ramificam de 
um corpo central. Aparecem como pequenas elevações vermelhas na pele, 
principalmente na face, no pescoço, na parte superior do tórax e nos braços. 
Surge em 60% das mulheres brancas e em 10% das afro-americanas durante 
a gravidez. Também desaparece em sua maioria após a gravidez. 
o Varizes: 
- Quando a atonia dos vasos se associa ao aumento da pressão intravascular 
decorrente da compressão da circulação de retorno, surgem as 
varicosidades em membros inferiores e região perineal. 
 
o Visão: 
- A acuidade visual pode estar comprometida por edema ou opacificação 
pigmentar da córnea durante a gestação. A pressão ocular pode estar 
diminuída por aumento de reabsorção de humor aquoso. 
o Olfato: 
- A epistaxe é uma queixa frequente da grávida e decorre de aumento da 
vascularização e espessamento da mucosa nasal ou ação dos estrogênios e 
da progesterona. A rinite vasomotora com obstrução nasal, no mais das 
vezes acompanhada de hiposmia ou anosmia, é também acontecimento 
comum. 
o Audição: 
- Algumas grávidas apresentam zumbidos e vertigens por alterações 
circulatórias; outras experimentam diminuição da acuidade auditiva, 
principalmente para tons altos, decorrente de hiperemia na tuba uterina. 
o Tato: 
- Parestesias das extremidades são comuns, frequentemente atribuídas a 
alterações vasomotoras e a deficiências metabólicas. 
o Paladar: 
- As alterações do apetite, como perversão (preferência por alimentos ou 
substâncias exóticas), mudanças qualitativas dos hábitos alimentares e 
baixa sensibilidade gustativa, não são incomuns; as gestantes preferem 
degustar alimentos de sabor marcante, mais doces, salgados, ácidos ou 
amargos. 
 
o Útero: 
- Já no primeiro trimestre, começam a acontecer modificações no útero, as 
quais continuam durante toda a gestação. Ao final da gravidez, ele pode ter 
sua capacidade volumétrica aumentada cerca de 500 a 1.000 vezes, e a 
presença do feto e dos anexos responde em parte pelo desenvolvimento do 
útero. Durante o início da gravidez, a parede uterina torna-se mais espessa; 
com o desenvolvimento da gestação, ela sofre afinamento progressivo, 
chegando a 1,5 cm de espessura na gravidez a termo (após 37 semanas). 
- O aumento uterino não é simétrico; é mais pronunciado na região fúndica 
do órgão e no local onde ocorre o desenvolvimento placentário. O útero não 
gravídico e durante a gestação inicial é intrapélvico e tem formato 
piriforme. Por volta de 12 semanas, ganha a cavidade abdominal e é palpado 
acima da sínfise púbica. Entre 18 e 20 semanas de gravidez, o útero se 
apresenta globoso, assumindo forma ovoide após a 20a semana, quando é 
palpado próximo à cicatriz umbilical. Na gravidez a termo, o útero é 
encontrado tangenciando o apêndice xifoide. Esse aumento promove uma 
discreta rotação do órgão para a direita. 
o Colo Uterino: 
- Ocorrem hiperplasia e hipertrofia das glândulas cervicais que podem 
produzir alterações colposcópicas consideradas normais durante a gestação, 
especialmente representadas pela eversão do epitélio colunar,que se torna 
friável e sangrante ao menor traumatismo. Essa alteração tem o nome de 
ectopia fisiológica da gestação. O aumento de vascularização provoca edema 
no colo e o torna mais amolecido. 
- O muco cervical torna-se mais espesso e viscoso e não se cristaliza quando 
desidratado. O aumento dos níveis de progesterona determina a diminuição 
das concentrações de sódio nas secreções cervicais, e é fundamental para 
que o muco apresente o padrão arboriforme quando desidratado. O canal 
cervical é obstruído por tampão mucoso, que é expelido nos dias que 
antecedem o parto em decorrência do afinamento e do encurtamento 
observados no colo. 
o Tubas: 
- Assim como no útero, ocorrem aumento da vascularização e hipertrofia 
das camadas musculares da tuba. Sua localização é alterada pelo 
crescimento do útero, deslocando-se em direção à cavidade abdominal. 
Observa-se uma diminuição da sua motilidade por ação da progesterona. 
o Ovários: 
- O processo de maturação de novos folículos cessa. O corpo lúteo mantém-
se funcionante por estímulo do hormônio gonadotrófico coriônico (hCG, do 
inglês human chorionic gonadotropin), produzido pelo sinciciotrofoblasto, e 
responde pela grande produção de progesterona observada nas primeiras 6 
ou 7 semanas de gravidez, acontecimento essencial para a manutenção da 
gestação até o completo funcionamento placentário. 
o Vagina: 
- A vagina aumenta seu comprimento e largura ao longo da gestação. As 
fibras do colágeno encontram-se mais separadas, possibilitando o 
afrouxamento do tecido conectivo. Modificações similares são observadas 
na musculatura do períneo e do assoalho pélvico. 
- A secreção vaginal pode estar aumentada, e isso se deve ao aumento da 
vascularização e à maior atividade glandular, e assume aspecto leitoso por 
conter grande quantidade de células epiteliais descamadas. O pH vaginal é 
mais ácido em decorrência da ação dos lactobacilos sobre o glicogênio 
acumulado na parede da vagina, e a citologia vaginal é semelhante à da fase 
lútea do ciclo menstrual. 
- Com a evolução da gravidez, passam a ser observadas células da camada 
intermediária (células naviculares) e os núcleos desprovidos de citoplasma 
(núcleos desnudos). 
o Vulva: 
- A vulva pode se apresentar com a coloração violácea. Os grandes e os 
pequenos lábios e o meato uretral se hipertrofiam. As ninfas tornam-se 
túrgidas e proeminentes. O tegumento perineal adquire intensa pigmentação 
ao longo da gestação. 
o Mamas: 
- No início da gravidez, a partir de 5 ou 6 semanas, as mamas aumentam de 
volume e tornam-se dolorosas e túrgidas, causando mastalgia. Esse aumento 
ocorre por hiperplasia dos elementos glandulares com proliferação dos 
canais galactóforos e ramificações dos dutos mamários. 
- Observam-se o surgimento de veias logo abaixo da pele (rede de Haller) e 
o aumento da pigmentação dos mamilos. 
- No segundo trimestre da gestação, a progesterona, os estrogênios e a 
prolactina provocam a expansão dos alvéolos a partir da árvore ductal; 
acontecem a hiperpigmentação da aruéola primária, o aparecimento da 
aréola secundária (sinal de Hunter) e a hipertrofia das glândulas sebáceas 
periareolares (tubérculos de Montgomery). 
- Após os primeiros meses de gestação, pode-se observar a formação do 
colostro. Com o crescimento exagerado da mama, surgem as estrias 
gravídicas, provável consequência do estiramento das fibras de colágeno e 
da hiperdistensão da pele. 
o Sistema Genital Feminino: 
- A gestação exige várias adaptações do aparelho reprodutor, 
principalmente do útero, que tem como função albergar o feto. 
- O útero não gravídico possui peso de 70g, cerca de 7 cm de comprimento e 
10 mL de volume; com o decorrer da gestação, seu peso alcança 1.100g e seu 
volume atinge 4.500 a 5.000 mL. 
- Na prática clínica, pode-se observar o crescimento uterino de 4 cm por 
mês após ultrapassar os limites da pelve, alcança a cicatriz umbilical na 20a 
semana e o apêndice xifoide ao termo. Portanto, a medida do púbis ao fundo 
uterino constitui ferramenta importante no evoluir da gestação. 
- Ele sofre alterações na coloração, na forma e na consistência. Pelo 
aumento da vascularização e a vasodilatação venosa, o útero apresenta cor 
violácea. Enquanto ocupa a pelve materna, a forma do útero é de pera, 
evoluindo ao redor de 12 semanas para esférico, pelo aspecto globoso do 
corpo e fundo uterino. Posteriormente, torna-se ovoide pelo crescimento 
longitudinal maior que a largura. O sinal de Piscacek aparece pela assimetria 
uterina provocada no local da implantação do embrião. A embebição 
gravídica leva à diminuição da consistência uterina, além do adelgaçamento 
das fibras uterinas com o evoluir da gestação, propiciando a palpação de 
partes fetais. Pelo amolecimento dos tecidos adjacentes e pelo peso 
uterino, ocorre a ocupação dos fórnices vaginais laterais, o sinal de Nobile-
Budin. 
- A polaciúria do início da gestação devida à anteversoflexão (sinal de 
Hegar, amolecimento do istmo sentido ao toque vaginal) melhora com o 
crescimento uterino que leva à dextrorrotação do mesmo devido à presença 
do sigmoide. 
- A conversão uterina acontece quando o útero adquire a forma esférica, 
para promover melhor circulação uterina ao redor de 20 semanas. Nesse 
momento, o istmo é incorporado ao corpo uterino e vai se denominar 
segmento inferior. 
- O endométrio desenvolve a decídua basal, onde o embrião se implanta, a 
decídua parietal, restante da cavidade uterina em que não ocorre a 
implantação, e a decídua reflexa, que envolve o embrião e se funde com a 
parietal com 16 semanas, quando o embrião passa a preencher toda a 
cavidade uterina. 
- O miométrio é constituído por fibras musculares, colágeno e matriz 
extracelular. A consistência sofre modificação pela retenção hídrica da 
embebição gravídica e pelo afastamento das fibras musculares devido à 
alteração das frações solúveis e da matriz extracelular. 
- As fibras musculares apresentam hiperplasia nas primeiras semanas da 
gestação, importante hipertrofia (50 μ passam a 500 μ) e, finalmente, 
alongamento em resposta ao crescimento do feto. 
- As fibras musculares se dispõem em sistemas de espirais, que se originam 
de cada lado das tubas e vão formar ângulos na porção mediana. Essa 
disposição das fibras facilita o estiramento durante a evolução da prenhez. 
Também tem fundamental papel no pós-parto para o tônus uterino e o 
clampeamento fisiológico dos vasos, ligadura viva. 
- Apesar da existência de contrações irregulares e indolores desde a 
gestação inicial, somente as contrações de Braxton-Hicks podem ser 
detectadas por palpação após o segundo trimestre. Essas têm intensidade 
cerca de 5 a 25 mmHg e aparecem aleatoriamente sem intervalo ou 
frequência predeterminados. 
- As artérias uterinas e as artérias ovarianas são responsáveis pela 
vascularização O fluxo sanguíneo local chega a níveis de 500 a 700 mL/min. 
Na região do istmo, os ramos das artérias uterinas passam transversamente 
e paralelamente às fibras musculares. A recomendação de incisão 
transversa segmentar para a cesárea favorece a menor perda sanguínea e 
poupa as fibras musculares. 
- As ondas de invasão trofoblásticas aumentam o número de vasos 
placentários, destruindo a camada média das arteríolas espiraladas para 
transformá-las em uteroplacentárias. Em decorrência, obtém-se aumento do 
fluxo e redução da resistência das artérias uterinas. 
- O sistema nervoso autônomo promove a inervação uterina, através de 
fibras aferentes (sensitivas) e eferentes (motoras, secretoras, simpáticas 
e parassimpáticas). O plexo uterovaginal (plexo de Frankenhauser) é o 
principal e age na atividade contrátil involuntária da musculatura uterina, 
tubária e vaginal. Essa região tem ainda outros plexos importantes como 
hipogástrico e pélvico. 
- O istmo é limitado superiormente pelo seu orifício interno (orifício interno 
anatômico) e inferiormente pelo orifício interno do colo uterino. 
- O colo uterino gravídico apresenta, ao toque,amolecimento, que pode 
auxiliar no diagnóstico da gravidez (regra de Goodell – consistência 
semelhante à do lábio, na presença de gravidez). 
- O esvaecimento do colo em primíparas e a perda do tampão mucoso são 
sinais clínicos importantes da proximidade do parto. 
- Não se observa o apagamento em multíparas, pois os ligamentos 
uterossacros encontram-se frouxos, de forma que as contrações de 
Braxton-Hicks não conseguem pressionar a apresentação na pelve. 
- O colo do útero pode ser influenciado pelos hormônios e sofrer eversão da 
mucosa da endocérvice, o que constitui a mácula rubra, evidenciada ao 
exame especular. Também pela intensa vascularização, possui sangramento 
fácil. 
- No ovário, o corpo lúteo gravídico fornece quantidades suficientes de 
progesterona para preparar a decídua para a implantação do blastocisto. Os 
altos níveis de beta-hCG mantêm o corpo lúteo. A regressão dele começa 
por volta de 12 semanas. 
- A vulva e a vagina apresentam cor arroxeada pelo aumento vascular local, 
cujas denominações são, respectivamente, sinal de Jacquemier-Chadwick e 
sinal de Kluge. 
- O sinal de Osiander é a percepção da pulsação das artérias vaginais 
dilatadas nos fórnices laterais. 
- Novamente, a retenção hídrica e a hipertrofia das células musculares e do 
tecido conjuntivo vão garantir a distensão vaginal para o parto. 
- O pH vaginal oscila entre 3,5 e 6,0 e age na defesa contra infecções 
bacterianas, contudo pode facilitar a candidíase. 
- O epitélio da vagina é submetido a altos níveis de progesterona, que 
propicia a proliferação de Lactobacillus acidophilus por meio do acúmulo de 
glicogênio e da excessiva descamação. 
- As células naviculares são típicas de esfregaços de gestantes, 
provenientes da descamação da camada intermediária. 
- As modificações das mamas ocorrem na gestação incipiente. Aumento da 
temperatura mamária (hipervascularização da rede venosa, denominada de 
rede de Haller), mastalgia e hipersensibilidade são sintomas comuns. 
- A prolactina, produzida pela adenoipófise, os estrógenos e a progesterona 
procedentes do compartimento placentário têm a função de preparar as 
mamas para a lactação. 
- O aumento do volume mamário se inicia com seis semanas. Os mamilos se 
apresentam com cor acastanhada, e os limites da aréola não precisos dão 
origem à aréola secundária ou de sinal de Hunter. Os tubérculos de 
Montgomery são elevações visíveis nas mamas (aréolas e mamilos), 
decorrentes da hipertrofia das glândulas sebáceas. 
- Não existe correlação do tamanho pré-gravídico das mamas com o êxito da 
produção láctea. 
- À expressão mamária, pode-se observar saída de colostro após a segunda 
metade da gestação.

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