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12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG542/unidade-3/aula3 1/15
Aula 03
A leitura
Prezado(a) estudante, continuando nossos estudos, damos as boas-vindas a você, estudante, que
chega à segunda etapa de nossa disciplina. Nesta unidade, trabalharemos os níveis de leitura, a
saber: a leitura como processo de levantamento de sentidos, enfocando a leitura exploratória, a
leitura analítica e a leitura crítica.
Este material foi elaborado de forma a dialogar com você sobre as estratégias de leitura que devem
ser levadas em conta para proporcionar a apropriação das competências linguísticas necessárias ao
seu desenvolvimento pessoal, social e acadêmico.
Para que isso se concretize, sugerimos que você leia os textos básicos com atenção e coloque em
prática as dicas de leitura feitas ao longo do curso.
Vamos iniciar nossos estudos focando na leitura como processo de levantamento de sentidos. Aqui,
trabalharemos o nível de leitura exploratória. Você tem ideia do que seria isso?
Antes de começarmos a ler e estudar o conteúdo, que tal fazermos um exercício para testar a
velocidade de sua leitura?
A Leitura Como Processo de Levantamento
de Sentidos
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Qual a sua velocidade de leitura? 
Experimente ler (em silêncio, sem soletrar as palavras) o seguinte texto, contando o tempo que
leva para o fazer (em segundos): 
Quantos planetas há no Sistema Solar? Qualquer pessoa responde com facilidade: nove. Todavia,
para chegar a esta simples conclusão, o mundo da astronomia teve de percorrer um longo
caminho de descobertas, pistas falsas e erros. 
A família planetária conhecida começava com Mercúrio e acabava com Saturno, até que, em
1781, William Herschel descobriu, de forma acidental, um novo membro da família, Urano,
através do telescópio instalado no seu jardim, em Bath (Inglaterra). A descoberta valeu-lhe fama
imediata e uma pensão vitalícia do rei. 
Espicaçados pelo êxito de Herschel, outros astrónomos dedicaram-se de imediato a estabelecer
as bases de uma nova disciplina, a caça aos planetas, mas foi preciso mais de meio século para
localizarem a primeira presa. Neptuno foi registado em 1846, embora a sua existência já antes
tivesse sido demonstrada no papel: os astrónomos tinham reparado em ligeiras irregularidades
na órbita de Urano, apenas explicáveis pela atracção gravitacional provocada por outro corpo de
grandes dimensões. 
Generalizou-se assim, entre os cientistas, a esperançosa ideia de que os mundos invisíveis
podiam ser descobertos observando meticulosamente os subtis movimentos orbitais dos
planetas conhecidos. 
Agora compare o tempo gasto na leitura com a seguinte tabela: 
30 segundos: Leitor Rápido 
45 segundos: Leitor Médio 
60 segundos: Leitor Lento 
90 segundos: Leitor Muito Lento
AMPLIE SEU CONHECIMENTO
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E aí? Como se saiu no teste?
Com o passar do tempo, praticando a leitura frequentemente, a tendência é você se tornar um
leitor cada vez mais rápido. Salientamos que: você lerá rapidamente e conseguirá absorver o
conteúdo que está sendo lido.
Para empreendermos essa tarefa, é preciso inicialmente compreendermos o que é leitura,
sabermos que ela não está desvinculada da escrita. É pela leitura que vamos construindo uma
intimidade com a língua escrita, internalizando as suas estruturas e as suas ilimitadas possibilidades
estilísticas.
Desse modo, consolidamos também a compreensão do funcionamento de cada gênero em cada
situação comunicativa. Além disso, a leitura enriquece a memória, desperta o senso crítico e
estimula o conhecimento sobre os diversos assuntos acerca dos quais podemos escrever.
A leitura é um processo complexo e abrangente de decodi�cação de signos e, porque lida com a
capacidade simbólica e com a habilidade de interação mediada pela palavra, faz rigorosas
exigências ao cérebro, à memória e à emoção... Envolve especi�camente elementos da linguagem,
da experiência de vida dos indivíduos e de compreensão e intelecção do mundo, que alcança signos,
frases, sentenças, argumentos, provas formais e informais, objetivos, intenções, ações e
motivações.
Os procedimentos de leitura podem variar de indivíduo para indivíduo e de objetivo para objetivo.
De acordo com esse objetivo acionamos nosso cérebro para a apreensão dos signi�cados implícitos
ou explícitos no texto lido. Se lemos apenas para nos divertir, o procedimento de leitura é bem
espontâneo e não envolve o nosso esforço para manter a atenção ou para gravar na memória algum
item. Contudo, em todas as formas de leitura, nosso conhecimento prévio é exigido para
apreendermos os sentidos do texto.
Para que haja uma compreensão mais exata do texto e a leitura se efetive, os nossos conhecimentos
prévios sobre a língua, os gêneros e os tipos de texto e o assunto são acionados. Esses
conhecimentos são muito importantes para a compreensão de um texto. É preciso compreender
simultaneamente o vocabulário e sua inserção na organização das frases; identi�car o tipo de texto
e o gênero; ativar as informações antigas e novas sobre o assunto; perceber os implícitos, as ironias,
as relações estabelecidas com o nosso mundo real. Esse é o jogo que torna a leitura produtiva.
O conhecimento prévio, portanto, é essencial para a compreensão de um texto.
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De acordo com Garcez (2001), há dados nesse texto que nos ajudam a compreendê-lo, levando em
consideração, além de outros, os seguintes conhecimentos prévios:
Vejamos como isso se dá com a leitura da seguinte crônica de Luis Fernando Verissimo, proposta
como exercício de compreensão leitora por Garcez (2001):
O PRESIDENTE TEM RAZÃO
Luis Fernando Verissimo 
02/09/1998
Mais uma vez os adversários pinçam, maliciosamente, uma frase do presidente para criticar. No
caso, a sua observação de que é chato ser rico. Pois eu entendi a intenção do presidente. Ele
estava falando para pobres e, preocupado em prepará-los para o fato de que não vão �car menos
pobres e podem até �car mais, no seu governo, e que isso não é tão ruim assim. E eu concordo
com o presidente. Ser pobre é muito mais divertido do que ser rico. Pobre vive amontoado em
favelas, quase em estado natural, numa alegre promiscuidade que rico só pode invejar. Muitas
vezes o pobre constrói sua própria casa, com papelão e caixotes. Quando é que um rico terá a
mesma oportunidade de mexer assim com o barro da vida, exercer sua criatividade e morar num
lugar que pode chamar de realmente seu, da sua autoria, pelo menos até ser despejado? Que
�lho de rico verá um dia sua casa ser arrasada por um trator? Um maravilhoso trator de verdade,
não de brinquedo, ali, no seu quintal! Todas as emoções que um �lho de rico só tem em vídeo-
game o �lho de pobre tem ao vivo, olhando pela janela, só precisando cuidar para não levar bala.
Mais de um rico obrigado a esperar dez minutos para ser atendido por um especialista, aqui ou
no exterior, folheando uma National Geographic de 1950, deve ter suspirado e pensado que, se
fosse pobre, aquilo não estaria acontecendo com ele. Ele estaria numa �la de hospital público
desde a madrugada, conversando animadamente com todos à sua volta, lutando para manter
seu lugar, xingando o funcionário que vem avisar que as senhas acabaram e que é preciso voltar
amanhã, e ainda podendo assistir a uma visita teatral do Ministro da Saúde ao hospital, o que é
sempre divertido em vez de estarse chateando daquela maneira. E pior. Com todas as suas
privações, rico ainda sabe que vai viver muito mais do que pobre, ainda mais neste modelo, e que
seu tédio não terá �m. Efe Agá tem razão, é um inferno. 
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Quem é o autor. Saber que Luis Fernando Verissimo é um escritor de humor e um cronista
crítico que se opõe ao governo em questão ajuda o leitor a acompanhar seu estilo.
Qual o estilo do autor. Em geral, Verissimo escreve com humor e ironia.
Qual a posição do autor no jornalismo de sua época. Quando se sabe que é um dos mais
conceituados e respeitados cronistas de costumes e de política e que seus textos são
publicados em espaços nobres dos principais jornais e revistas brasileiros, �ca mais fácil
compreender suas estratégias argumentativas.
Quem é o presidente a que ele se refere. O presidente da República no ano de publicação,
1998.
A que fala do presidente ele se refere. A comparação que estabeleceu entre a vida do pobre e
do rico.
Qual é a situação social do Brasil em nossa época e como é realmente a vida nas classes menos
favorecidas.
Há elementos no texto que nos levam a entender os recursos estratégicos do autor, quando
emprega a ironia, uma vez que se exprime dizendo o contrário daquilo que está pensando ou
sentindo.
Veri�camos que o texto revela-se também pelo que não diz. Assim, podemos constatar que a leitura
não é um procedimento simples. Ao contrário, é uma atividade extremamente complexa, pois não
podemos considerar apenas o que está escrito. No texto analisado, por exemplo, para compreender
as intenções e posições do autor, lemos muito mais o que não está escrito, pois suas ideias são
contrárias ao que está escrito.
Coscarelli (2003, p. 4) a�rma que:
Para compreender um texto, o leitor não pode contar somente com os elementos nele
presentes. Além do que o autor selecionou para colocar no texto, o leitor deve contar
também com seus conhecimentos prévios para fazer inferências, o que signi�ca usar seus
conhecimentos sobre o funcionamento da língua, sobre o assunto tratado e a respeito da
situação, para completar o texto, construindo, assim, um ou mais signi�cados para ele. 
Coscarelli (2003, p. 4).
Toda leitura é um momento privilegiado de interação, que articula questões formais dos textos a
questões cognitivas e socioculturais externas à materialidade do texto, em um momento único. Por
ser um processo comunicativo, na leitura estão envolvidas questões extralinguísticas ligadas ao
conhecimento prévio dos leitores, às condições de produção do texto e às intenções do autor. São
esses os fatores que determinam a construção de sentidos, que emergem na interação com as mais
variadas formas de expressão humana.
O processo de ler envolve habilidades especí�cas de:
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decodi�cação de signos;
interpretação de itens lexicais e gramaticais;
agrupamento de palavras em blocos conceituais;
identi�cação de palavras-chave;
seleção e hierarquização de ideias;
associação com informações anteriores;
antecipação de informações;
elaboração de hipóteses;
construção de inferências;
compreensão de pressupostos;
controle de velocidade;
focalização da atenção;
avaliação do processo realizado;
reorientação dos próprios procedimentos mentais.
Esse processo também pressupõe a cooperação do leitor que pode estar aberto a múltiplos pontos
de vista interpretativos, cujo trabalho cooperativo exaustivo o transforma em um leitor crítico. No
entanto, a ausência de cooperação pode transformá-lo em um leitor ingênuo, cuja obediência
textual, ancorada unicamente em uma semântica linguístico-frasal estreita, linear e mínima, limita
sua percepção de horizontes mais amplos. De qualquer modo, como o que caracteriza um texto é a
incompletude que permite a abertura à complementação, o trabalho interpretativo de
preenchimento desse espaço que constitui o tecido textual só pode gerar-se em conjunto com a
cooperação do leitor, seja ele crítico ou ingênuo.
Tipos de Leitura
Você sabia que podemos classi�car a leitura em diferentes categorias? De acordo com o seu tipo,
podemos classi�cá-la em descendente e ascendente. 
LEITURA DESCENDENTE 
Leitura do tipo geral para o particular. Um exemplo seria o “passar os olhos” pelo jornal/revista,
quando passeamos por entre manchetes, alguns parágrafos iniciais, mas não lemos efetivamente, e
com a acuidade necessária, o texto. É uma leitura mais geral, menos pormenorizada. Espécie de
“varredura” do texto. É uma leitura �uente e veloz. Não obstante, tenta excessivamente adivinhar
ideias sem con�rmá-las. Há uma valorização dos conhecimentos prévios do leitor em detrimento
dos conhecimentos oferecidos pelo texto.
LEITURA ASCENDENTE 
Leitura do tipo particular para o geral. Um exemplo seria, ao ler esse mesmo jornal, o momento em
que se para e se lê, minuciosamente, um determinado artigo. Esse tipo de leitura é mais detalhista,
busca-se a compreensão exata daquilo que se leu (se é que esse tipo de “exatidão” existe, quando se
fala em leitura!).
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Um leitor maduro sabe quando sua leitura deve ser ascendente ou descendente, de acordo com
seus objetivos. O bom leitor sabe, na verdade, quando e como mesclar essas duas formas de
leituras, uma vez que se pode fazer uma primeira leitura, descendente, de um texto e, em seguida,
uma leitura ascendente do mesmo texto.
As Dimensões Textuais na Leitura
Como visto no tópico “Tipos de leitura”, é possível classi�car a leitura em diferentes categorias.
Podemos dividi-la em cinco dimensões textuais:
A DIMENSÃO CONTEXTUAL 
Consiste na apreensão ideológica, para onde o autor conduz os leitores, o que ele quer enfatizar,
quem é ele socialmente, em que contexto está inserido. Refere-se à propriedade sociocomunicativa
inerente a todo texto. O contexto em que está inserido o texto ajuda muito em sua compreensão.
Para entender certas informações presentes nos textos, temos que acionar nosso conhecimento de
mundo (conhecimento pragmático-cultural): crenças, experiências, ideologias, histórias e contextos
da cultura em que estamos inseridos.
A DIMENSÃO DISCURSIVA 
Cada gênero textual tem uma �nalidade distinta, isto é, objetiva realizar uma função social
especí�ca: convencer (a propaganda); ensinar (o texto didático); contar uma história (um romance);
fazer rir (a piada); defender um ponto de vista (o artigo de opinião).
A DIMENSÃO TEXTUAL 
É o nível linguístico por excelência. Consiste no domínio da língua, isto é, do vocabulário, da
estrutura sintática e da semântica do texto. Refere-se à sua unidade semântica e formal. Há nos
textos algumas “palavras gramaticais” que facilitam nossa compreensão, elas são chamadas de
elementos coesivos. Esses elementos são responsáveis pela coesão do texto. Promovem sua
progressividade e nos permitem perceber o encadeamento das ideias e a temática do texto.
A DIMENSÃO INFRATEXTUAL 
Refere-se a todas as informações que estão abaixo da superfície textual, mas que são decisivas para
sua coerência, pois elas vão completar o sentido do que está escrito na superfície textual. Essas
informações são as inferências que vamos construindo no decorrer da leitura.
A DIMENSÃO INTERTEXTUAL 
Re�ete o lastro cultural de quem escreve e de quem lê. Ela é resultado de leituras e vivências
variadas e ricas. Sem esse domínio, corre-se o risco de se fazer uma leitura super�cial do texto.
Quando lemos um texto e percebemos nele marcas e/ou referências a textos anteriormente lidos,estamos diante de uma intertextualidade. A intertextualidade pode ocorrer de diversas formas,
entre elas, por meio da paráfrase e da paródia. A paráfrase retoma o texto anterior, não altera suas
ideias, mas, sim, as reitera. Na paródia, há uma retomada das ideias de um texto anterior, com a
intenção de subvertê-las, por meio de recursos como o humor, a crítica e a brincadeira.
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Vejamos essas dimensões com a leitura do texto a seguir:
O SORRISO DE GAGARIN
Foi-se. O Brasil já tem seu astronauta, o tenente-coronel Marcos Cesar Pontes, que partiu
sorridente para a órbita terrestre a bordo da ultracon�ável geringonça Soyuz. Durante oito ou
nove minutos de decolagem ao vivo pela TV, comportou-se à altura: deu tchauzinhos, fez sinal de
positivo e apontou para a bandeira brasileira na manga esquerda de seu traje. O gesto só não foi
a senha para uma constrangedora avalanche de ufanismo espacial porque ela já havia começado
antes. Muito antes, por exemplo, da desanimada fala em rede nacional de TV do ministro da
Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, no mesmo dia. A imprensa já estava coalhada de
reportagens e documentários sobre Pontes, o novo herói dos brasileiros (rivalizado nos últimos
dias por um simples caseiro, Francenildo).
Nesta altura, já se sabe quase tudo sobre o aviador nascido em Bauru há 43 anos. É bom �lho, pai
e irmão. Desenha bem e toca violão. Até compôs uma "Suíte Sideral", que serviria de trilha
sonora para a aventura brasileira no espaço. Arrastado pelo entusiasmo com a odisséia
tupiniquim, um repórter de TV arrojado a�rmou que até as estrelas compreenderiam a emoção
especial do astronauta brasileiro. E por aí se foi.
O ponto alto da misti�cação foi comparar Pontes com Alberto Santos Dumont e Iuri Gagarin.
Pontes merece todo o respeito, mais por sua coragem e determinação do que por suas palavras,
mas não chega aos pés de nenhum dos dois. O primeiro aviador brasileiro voou nas máquinas
que ele mesmo projetou, um século atrás, com toques de genialidade (mais apreciáveis num
Demoiselle do que num 14-Bis).
Gagarin, por seu lado, fez mais do que ser o primeiro a voar algumas dezenas de metros. Sentou-
se no topo de um míssil e viu o próprio planeta de fora, coisa que nunca ninguém havia feito. Foi
e disse: "A Terra é azul". Nunca mais precisou dizer nem fazer nada. Bastava sorrir.
Pontes também tem muitas razões para rir, mas não são as mesmas de Gagarin. Compará-lo ao
herói soviético com base somente nisso -o sorriso- é prova rematada de falta de assunto, ou de
argumentos.
A cobertura da imprensa para o pequeno vôo histórico do brasileiro, contudo, não teve só
ufanismo. Aqui e ali se �zeram ouvir críticas ao caráter perdulário da empreitada, à indigência da
maior parte dos experimentos que leva a bordo, aos objetivos propagandísticos da viagem. Coisa
rara, na cobertura de feitos cientí�cos.
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Vamos identi�car as dimensões textuais na leitura realizada?
Para compreender as estratégias empregadas pelo autor, comecemos por entender o contexto que
circunda esse texto respondendo às seguintes questões:
Por que Marcos Pontes tornou-se herói dos brasileiros?
Por que ele estava sendo rivalizado pelo caseiro Francenildo?
Por que o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, falou em rede nacional?
Por que a imprensa estava coalhada de reportagens sobre Pontes?
Quem foi Santos Dumont?
Quem foi Yuri Gagarin?
Entrando na dimensão infratextual, que nos permite ler as entrelinhas, seria necessário responder
às questões:
Por que o autor escolheu esse título?
Qual o tom que o autor dá a seu texto?
Quais palavras e expressões reforçam esse tom?
Por que essa odisseia é “tupiniquim”?
Qual é o argumento central do texto?
Por que Gagarin “se não estiver se revirando no túmulo, pode até estar sorrindo”?
E, para ampliarmos nossa compreensão do texto, cumpre reconhecer nele a presença de outros
textos.
No dia mesmo do lançamento, em pleno Jornal Nacional da Rede Globo, que tanto investiu no
novo herói, a surpresa: uma entrevista com Ennio Candotti, presidente da SBPC (Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência), espinafrando a iniciativa. Denunciou que a "carona paga"
torrava boa parte do orçamento do programa espacial e disse que isso equivalia a comer a
sobremesa antes da refeição.
Gagarin, se não estiver se revirando no túmulo, pode até estar sorrindo. Talvez dissesse: "A Terra
é azul, mas o espaço, hoje, é verde-e-amarelo".
Fonte: LEITE, Marcelo. O sorriso de Gagarin. Folha de São Paulo, São Paulo, 2 abr. 2006
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Chegou o momento de estudarmos sobre a leitura exploratória: o que é, quais as suas
características e suas técnicas. A leitura exploratória deve ser feita antes do início da leitura efetiva
de um texto e serve para que se encontre uma informação pontual.
Como fazer um leitura exploratória?
Vejamos os procedimentos para fazer uma leitura exploratória:
1. O que o texto apresenta:
2. Quem escreve o texto (busque informações sobre o autor: ele possui outras obras sobre o
mesmo assunto?) e quem edita (o que se sabe sobre essa editora: quais os outros textos dessa
mesma editora?)
3. Para qual público-alvo/leitor o autor escreveu esse texto.
4. Para que ele escreveu esse texto, qual o seu objetivo?
5. Conhecendo o pensamento do autor
6. Quem é o autor do texto?
7. Qual é o seu estilo?
8. Ele pssui outras obras publicadas?
9. Recolha informações que ajudam a "con�ar" no texto desse autor e a "entender" a tese que ele
defende.
Nem todos os textos são lidos do mesmo modo. Uma crônica ou um manual escolar são textos
diferentes que demandam diferentes abordagens de leitura. Podemos, então, distinguir três tipos
básicos de leitura:
LEITURA EM DIAGONAL 
A leitura em diagonal é uma observação super�cial do material escrito, com o objetivo de
formarmos ligeiramente uma ideia global do seu conteúdo. Essa observação dá atenção aos índices,
títulos, subtítulos e partes do texto que estão em destaque. Devem ser lidos alguns parágrafos e
frases ao acaso, no início, no meio e no �m do texto. Embora esse tipo de leitura seja normalmente
usado quando não temos muito tempo disponível, essa técnica também pode ser usada como
primeira leitura de um texto que pretendemos estudar em profundidade.
LEITURA NORMAL 
É a leitura completa de um texto, de forma corrida e sem grandes interrupções. É o tipo de leitura
usada, em geral, para uma notícia de jornal ou uma obra literária. Entretanto, também os textos de
estudo requerem esse tipo de leitura.
Leitura Exploratória
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LEITURA EM ESTUDO 
É preciso entender que estudar não é apenas ler. Enquanto a leitura completa se faz de forma
ininterrupta, a leitura de estudo é interrompida constantemente para que possamos analisar
determinados pormenores, que nos levem a pensar, comparar, relacionar, criticar, avaliar,
memorizar e efetuar registros daquilo que estamos lendo.
Para obtermos o máximo rendimento, a leitura em estudo deve ser sempre precedida das duas
formas de leitura anteriores.
Os três tipos de leitura implicam técnicas distintas.Mas, em termos gerais, podemos considerar os
seguintes aspectos praticamente comuns a todos eles:
CONCENTRAÇÃO
Ler em ambiente calmo e sem elementos perturbadores da nossa concentração (rádio,
televisão, conversas, entrada e saída de pessoas). Um fundo musical muito baixo pode ajudar a
criar ambiente para certas pessoas, contudo, isso é bastante subjetivo e depende da habilidade
de cada um.
A leitura em estudo deve ser feita confortavelmente em uma mesa, de forma a podermos usar
facilmente diversos materiais (outros textos, cadernos, papel de rascunho, canetas, lápis,
borracha, entre outros).
ESPÍRITO CRÍTICO
Não basta juntar sílabas, letras ou frases para ler. A compreensão dos assuntos implica uma
permanente atitude crítica sobre aquilo que se lê.
Essa atitude crítica exerce-se relacionando aquilo que está a ser lido com aquilo que já
conhecemos e com as opiniões que temos sobre o assunto.
VELOCIDADE DE LEITURA
A velocidade de leitura deve ser adaptada à natureza dos textos. Será mais lenta quanto mais
complexos eles forem. O que também varia de acordo com quem lê.
Deve ser feita com a cabeça imóvel (apenas os olhos se deslocam), sem acompanhar as palavras
com o dedo ou um lápis.
Deve ser puramente visual, isto é, não devemos pronunciar as palavras, nem sequer
mentalmente.
Por vezes, também temos de voltar atrás para reler uma ou mais frases, pois o contexto
inicialmente percebido (encadeamento de ideias) pode necessitar de ser revisto.
Quais as ações complementares à leitura?
SUBLINHAR 
Sublinhar um texto nos ajuda a reler rapidamente o essencial de um texto sem efetuar uma leitura
completa. Por isso, devemos usar esse recurso com critério, apenas nas palavras ou frases
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fundamentais. Se várias frases ou parágrafos merecem ser sublinhados integralmente, o sublinhado
pode ser substituído por traços verticais nas margens, ao lado do texto que se pretende destacar.
Isso permite usar vários tipos de traços que podemos convencionar, de acordo com um critério pré-
de�nido. Exemplo: traço duplos para parágrafos muito importantes, linhas onduladas para
exemplos.
APONTAMENTOS 
Esses registros em caderno próprio permitem ao leitor retomar o tema depois de algum tempo, sem
a necessidade de voltar a ler o texto completo. Os apontamentos não devem ser meras transcrições
de partes do texto, mas sim resumos produzidos por nós. Poderão ser constituídos por frases ou por
esquemas grá�cos que sintetizem relações (setas, desenhos, símbolos diversos). Contudo, o
principal objetivo dos apontamentos reside no esforço empreendido na sua execução, o que ajuda a
compreender as ideias contidas no texto estudado e contribui de forma decisiva para a sua
memorização.
RESUMO 
Vejamos agora algumas características do resumo:
sintetiza o texto inicial;
conserva as ideias principais do texto original;
utiliza palavras ou símbolos originais de quem resume alternadas com palavras-chave do texto
original.
Qualquer resumo é apenas uma possibilidade entre várias que a língua permite. Assim, elaborar
resumos treina a capacidade de síntese e desenvolve uma maior facilidade de expressão.
Essas foram as informações iniciais sobre a leitura, alguns conceitos, técnicas e dicas! Esperamos
que tenham aproveitado o conteúdo! Vamos em frente nos estudos.
Leitura Analítica
É a leitura completa, a melhor que se pode fazer, ela é ativa por excelência. É um nível de leitura
voltado basicamente para a compreensão.
Para se fazer uma leitura analítica é preciso fazer alguns procedimentos:
identi�que qual o gênero textual antes de começar a ler;
tente sintetizar o texto em uma frase ou, no máximo, um parágrafo curto;
divida o textos em partes, dando-lhes um título que resuma a sua ideia central;
identi�que os termos importantes e descubra seus signi�cados para conversar com o autor
usando uma terminologia conhecida; é preciso sincronizar-se com o autor;
descubra quais são as soluções do autor e quais são os problemas que ele não resolveu;
argumente com o autor; a�nal, a leitura é uma conversação;
tente parafrasear o autor, coloque a argumentação do autor nas suas próprias palavras;
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respeite a diferença entre conhecimento e opiniões, para tanto você tem que dar razões para
não concordar; opiniões são pessoais e não podem ser o motivo de não concordar.
Observe agora um esquema de leitura analítica
Percebeu o quanto esse tipo de leitura é complexo?
Convidamos você a re�etir um pouco sobre a leitura...
1. A produção ou leitura de textos sempre envolve conjuntos de modos semióticos.
2. Cada modalidade tem suas potencialidades especí�cas de representação e de comunicação,
produzidas culturalmente.
3. A maneira de ler os textos multimodais deve considerar os textos coerentes em si mesmos.
4. Tanto os produtores quanto os leitores exercem poder em relação aos textos.
5. Escritores e leitores produzem signos complexos – textos – que emergem do “interesse” do
produtor do texto.
6. O “interesse” descreve a convergência de um complexo conjunto de fatores: histórias sociais e
culturais, contextos atuais e ações dos produtores dos signos sobre o contexto comunicativo.
7. O “interesse” em representações aptas e em uma comunicação efetiva signi�ca que os
produtores de signos elegem signi�cantes (formas) apropriadas para expressar signi�cados
(sentidos), de maneira que a relação entre signi�cante e signi�cado é motivada e não arbitrária.
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
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SAIBA MAIS
Já com esses conceitos que você leu e estudou acerca de leitura, apresentamos algumas dicas
para que esse processo seja cada vez mais potencializado. Clique aqui e leia o texto Dicas de
leitura.
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