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25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/22 BOTÂNICA FANEROGÂMICA AULA 3 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/22 Profª Dayane May CONVERSA INICIAL Estudos de anatomia e histologia vegetal levam a conhecimentos importantes para melhor compreensão e entendimento dos grupos taxonômicos, da evolução dos mesmos e da funcionalidade dos diferentes tecidos vegetais. Ademais, eles são importantes para identificação de caracteres ecológicos e adaptativos, pois refletem as pressões ambientais geradas por fatores bióticos e abióticos às quais as espécies estão submetidas. Apesar de sua aparente diversidade, o corpo de todas as plantas com sementes apresenta o mesmo plano básico: os tecidos primários estarão presentes na raiz, no caule e nas folhas desempenhando as funções de revestimento, preenchimento e condução. Nesta etapa, estudaremos os principais pontos referentes à anatomia e histologia das fanerógamas. Objetivos: Identificar a composição da célula vegetal, com ênfase na parede celular, plastos e vacúolo celular e como unidade funcional e de crescimento; Conhecer o desenvolvimento inicial das plantas, as células meristemáticas e sua importância no crescimento e desenvolvimento vegetal; Reconhecer os diversos tipos de tecidos de revestimento e suas funções; Entender a importância dos tecidos fundamentais na constituição do organismo vegetal; Validar a importância dos tecidos de condução para o pleno funcionamento dos vegetais. TEMA 1 – CÉLULA VEGETAL COMO UNIDADE BÁSICA E DE CRESCIMENTO DO VEGETAL 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/22 A célula vegetal consiste em parede celular ou membrana celulósica mais ou menos rígida e um protoplasto. Protoplasma, protoplasto ou citoplasma fundamental é um coloide gelatinoso que contém no seu interior o núcleo e as organelas citoplasmáticas (Evert, 2013). É diferenciada da célula animal principalmente pela presença de parede celular e plastos ou plastídios, conforme apresenta a Figura 1. Figura 1 – Estrutura da célula vegetal e suas diferenças em relação à célula animal Créditos: Ldarin/Shutterstock. 1.1 PAREDE CELULAR A parede celular ou membrana celulósica é exclusiva das células vegetais e visível ao microscópio óptico. Ela consiste em uma parede que envolve o protoplasto, dando-lhe proteção e sustentação, podendo variar em espessura de acordo com a idade da célula e com sua função na planta (Reece et al., 2015). Apresenta várias características importantes: é resistente à tensão e à decomposição por ação de organismos vivos; é permeável, ou seja, substâncias podem atravessar, entrar ou sair da célula; pode ser morta, com os materiais componentes da parede celular inertes; é dotada de certa elasticidade. Além disso, atua na resistência às pressões de turgescência e participa da adesão celular, da sinalização célula a célula, da interação com o ambiente e em processos de diferenciação e desenvolvimento celular (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). A ampla diversidade das formas dos órgãos vegetais, de tecidos, bem como o desenvolvimento das plantas, está relacionada às propriedades da parede celular (Reece et al., 2015). 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/22 A parede celular é composta de três camadas: lamela média (faz a união entre as células), parede primária e secundária. É formada externamente à membrana plasmática. As primeiras camadas formam a parede primária e as demais camadas desenvolvidas durante o desenvolvimento celular formam a parede secundária. Estando localizada internamente à parede primária, pode apresentar até três camadas: S1, S2 e S3, as quais se diferem pela organização estrutural das microfibrilas de celulose e hemicelulose. As paredes primárias contêm campos primários de pontoação e plasmodesmas, enquanto as paredes secundárias apresentam pontoações de dois tipos: simples ou areoladas. As pontoações são comuns nas gimnospermas (Raven; Evert; Eichhorn, 2016; Evert, 2013). A Figura 2 ilustra a estrutura da parede celular. Figura 2 – Parede celular 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/22 Fonte: elaborado com base em Raven; Evert; Eichhorn, 2016. Crédito: Ramos, [S.d.]; Excellent Dream/Shutterstock. O principal componente da parede celular é a celulose. Os polímeros de celulose agrupados formam as microfibrilas. Essas moléculas entrelaçadas conferem resistência à parede celular. Outras moléculas estão presentes na estrutura: hemicelulose, pectinas (polissacarídeos) e proteínas estruturais (glicoproteínas) (Evert, 2013). A Figura 3 apresenta esquematiza a estrutura e composição da parede celular primária. Figura 3 – Estrutura da parede celular primária 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/22 Crédito: Vectormine/Shutterstock. A lignina é outro constituinte da parede celular, que, quando depositada, fornece rigidez e resistência à compressão, permitindo a sustentação. Ademais, impermeabiliza a parede celular, o que facilita o transporte de água nas células condutoras do xilema. Acredita-se que o processo de lignificação (deposição de lignina) teve um papel primordial na evolução das plantas terrestres. Dependendo da função que a célula vai exercer na planta, a parede celular pode sofrer modificações em consequência da deposição de várias substâncias como suberina, cutina, sílica e ceras (Reece et al., 2015). A cutina e suberina são lipídeos (gorduras) impermeáveis à água, as quais são frequentes principalmente quando a planta necessita proteger as paredes celulares contra a perda de água. A cutina forma a película que reveste as folhas e frutos e a suberina aparece no tecido chamado súber (cortiça) (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 1.2 PLASTOS OU PLASTÍDEOS São organelas exclusivas de células vegetais, capazes de realizar várias funções. Os plastídios pigmentados (cromoplastos) são classificados de acordo com o pigmento predominante. Por exemplo, cloroplasto (clorofila) e xantoplasto (xantofila). Os plastídios não pigmentados são denominados leucoplastos e estão normalmente associados à função de reserva. São eles: amiloplastos (amido), elaioplastos (óleos ou gorduras) e proteinoplastos (proteínas) (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/22 Os plastídios têm origem nos proplastídios (precursor) presentes nas células meristemáticas. Após diferenciados, alguns plastídios podem se transformar em outro (Figura 4). Os cloroplastos são dotados de clorofila e relacionados com a função de fotossíntese, mas só se desenvolvem na presença de luz. Caso isso não ocorra, os pigmentos não se tornam ativos, sendo chamados de etioplastos, ocorrentes em plantas que se desenvolvem no escuro (Evert, 2013). Figura 4 – Diferentes tipos de plastos Crédito: Sakurra/Shutterstock. 1.3 VACÚOLO São grandes cavidades encontradas no interior das células vegetais e separadas do protoplasto por uma membrana lipoprotéica denominada tonoplasto. O interior do vacúolo é preenchido pelo suco vacuolar ou suco celular (solução de várias substâncias). As substâncias ergásticas são os componentes não protoplasmáticos que incluem os materiais de reserva e outros produtos do metabolismo vegetal, dentre os quais podemos citar: amido, lipídeos, proteínas, taninos, cristais de oxalato de cálcio, carbonato de cálcio, entre outros (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). As formas mais comuns dos cristais de oxalato de cálcio são monocristais 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/22 prismáticos (prismas), ráfides (cristais em forma de agulha) e drusas (agregados esféricos) (Evert, 2013). A Figura 5 representa algumas formas desses cristais. Figura 5 – Representação de cristais de oxalato de cálcio presentes nos vacúolos, oriundos dometabolismo secundário das plantas Créditos: Morphart Creation/Shutterstock. 1.4 OUTROS COMPONENTES DA CÉLULA VEGETAL Mitocôndrias: corpúsculos que realizam a respiração, processo que libera energia dentro da célula; Retículo endoplasmático: representa um conjunto de canalículos delimitados por membranas, que permitem uma rápida circulação de nutrientes no interior da célula; Dictiossomos: representam o complexo de Golgi difuso de uma célula vegetal; têm função de secretar várias substâncias, entre os quais os materiais que formam a parede celular; Ribossomos: corpúsculos relacionados com a síntese de proteínas; Peroxissomos: atuam na reserva de lipídeos e no metabolismo do carbono; Núcleo: As células vegetais contêm, normalmente, apenas um núcleo, mas podem existir estruturas polinucleadas (cenocíticas). O núcleo está separado do citoplasma pelo envoltório nuclear. Internamente à membrana, encontra-se a matriz conhecida por matriz nuclear ou nucleoplasma, dentro do qual encontramos os cromossomos e o nucléolo. Os cromossomos 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/22 são filamentos que contêm o material genético (DNA). O nucléolo é um corpúsculo rico em RNA. TEMA 2 – EMBRIOGÊNESE E TECIDOS MERISTEMÁTICOS Para compreensão da estrutura e desenvolvimento do corpo vegetal, estudaremos a formação do embrião ou embriogênese, início do desenvolvimento da planta, bem como a atividade dos meristemas, regiões com células embrionárias com potencial para se dividir após a embriogênese ter terminado. 2.1 EMBRIOGÊNESE A formação do embrião ou embriogênese é acompanhada pelo desenvolvimento da semente. Começa com a divisão do zigoto no interior do saco embrionário do óvulo, estabelecendo a polaridade apical-basal, ainda de forma assimétrica e transversal. O polo superior (calazal) dará origem a maior parte do embrião maduro. O polo inferior (micropilar) produzirá o suspensor, uma estrutura que ancora o embrião junto à micrópila (abertura do óvulo). A começar desse ponto, ocorrem divisões celulares progressivas até formar o embrião esférico (estágio globular) (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). Inicialmente, as células do embrião em estágio globular são indiferenciadas. O primeiro tecido a ser formado é a protoderme, que dará origem à epiderme, por divisões periclinais, ou seja, paralelas à superfície. Posteriormente, as divisões anticlinais (verticais) no interior do embrião resultam na separação de meristema fundamental precursor do tecido fundamental, que circunda o procâmbio, que dará origem ao tecido vascular. Protoderme, meristema fundamental e procâmbio são os tecidos meristemáticos primários (Evert, 2013; Taiz et al., 2017). As primeiras folhas da planta são os cotilédones. Nas eudicotiledôneas, desenvolvem-se dois cotilédones; então, o embrião globular adquire a forma bilobada ou cordiforme. Nas monocotiledôneas, o embrião globular se torna cilíndrico. O eixo do embrião, no padrão apical-basal, fica evidenciado com as subdivisões em: meristema apical do sistema caulinar, cotilédone, hipocótilo, raiz embrionária e seu meristema apical (Raven; Evert; Eichhorn, 2016; Taiz et al., 2017). 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/22 A próxima etapa consiste no alongamento do eixo do embrião e do(s) cotilédone(s) (estágio de torpedo), com extensão dos meristemas primários. As divisões celulares ocorrem por todo o esporófito jovem até a formação de um embrião maduro, o qual contém um sistema caulinar embrionário com um eixo acima dos cotilédones (epicótilo) com uma ou mais folhas e um meristema apical; e um eixo caulinar abaixo dos cotilédones (hipocótilo), estando presente uma raiz embrionária ou radícula (Evert, 2013). Os estágios sucessivos da embriogênese estão representados na Figura 6. Figura 6 – Padrão de formação de uma plântula durante a embriogênese – Representação esquemática da embriogênese. Crédito: Ramos, [S.d.]. 2.2 TECIDOS MERISTEMÁTICOS Numa planta em crescimento, a capacidade de divisão e de produção de novas células está limitada a regiões denominadas meristemáticas. Os meristemas apresentam características citológicas 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/22 típicas como: células com paredes delgadas, citoplasma denso, núcleo grande e poucos vacúolos (Evert, 2013). Os meristemas podem ser apicais (ápice de caule e raiz) responsáveis pelo crescimento longitudinal; intercalares (na base dos entrenós de gramíneas) promovem o crescimento longitudinal do entrenó e os laterais (paralelos a circunferência do órgão) responsáveis pelo crescimento em espessura, conforme apresenta a Figura 7. Figura 7 – Diferentes meristemas na estrutura da planta (meristemas apicais, laterais e intercalares) Créditos: Vectormine/Shutterstock. Os meristemas oriundos de células pró-meristemáticas são denominados primários e os que se originam de células já diferenciadas são denominados secundários. Na região apical, encontra-se o promeristema ou meristema apical com suas iniciais e derivadas. Próximo ao promeristema, situa-se uma zona meristemática parcialmente diferenciada, composta de três meristemas primários: a protoderme, o meristema fundamental e o procâmbio. O meristema 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/22 apical do caule se mostra mais complexo do que o da raiz, por estar envolvido na formação de primórdios foliares (Evert, 2013). A Figura 8 mostra os meristemas apicais de caule e raiz. Na formação de órgãos vegetativos (caule, folha e raiz) e reprodutivos (flor, fruto e semente), a protoderme irá originar a epiderme; do meristema fundamental, podem ser originados o parênquima, colênquima e esclerênquima; e, do procâmbio, são originados xilema e floema primários. O primórdio foliar formará uma folha; o traço foliar se constitui de células de procâmbio e originará xilema e floema primários nas folhas; a gema axilar originará um ramo. Na formação da raiz, o caliptrogênio é responsável pela formação (renovação) da coifa, que tem a função de reduzir o atrito do solo e proteger a região meristemática (Evert, 2013). Figura 8 – Meristemas apicais (primários): ápice de caule, com evidência dos primórdios floliares e ápice de raiz, com destaque da coifa Créditos: Jubal Harshaw/Shutterstock; Choksawatdikorn/Shutterstock. Os meristemas secundários são câmbio vascular e felogênio. O câmbio vascular forma, para o lado externo, floema secundário e, para o lado interno, xilema secundário. Esse meristema é responsável pelo crescimento em diâmetro (engrossamento) de caules e raízes que apresentam crescimento secundário. O felogênio forma súber para o lado externo e feloderme para o lado interno. O conjunto de súber, felogênio e feloderme gera a periderme (tecido de proteção ou revestimento secundário) (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). A Figura 9 apresenta o panorama dos crescimentos primário e secundário. 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/22 Figura 9 – Panorama dos crescimentos primário e secundário Crédito: Jefferson Schnaider. TEMA 3 – TECIDOS DE REVESTIMENTOS A epiderme constitui o sistema dérmico (de revestimento) do corpo da planta. Origina-se da protoderme e reveste todo o corpo primário dos vegetais. Suas células variam em forma e tamanho. Todavia, estão sempre reunidas formando uma camada compacta, desprovida de espaços intercelulares. Entre as funções, estão: proteção contra a herbivoria, diminuição da transpiração, secreção de substâncias e trocas gasosas (Reece et al., 2015). As células epidérmicas são vivas, vacuoladas e normalmente desprovidas de cloroplastos (exceto algumas plantas ombrófilas ou aquáticas e células estomáticas ou células-guarda). As células epidérmicas em secção transversal aparecem geralmente com aspecto tabular: a parede tem espessura variável e apresenta impregnação de cutina na parede periclinal externa (Raven; Evert;Eichhorn, 2016). Pode-se distinguir na epiderme vários tipos de células: células epidérmicas propriamente ditas, células estomáticas, tricomas (Figura 10), idioblastos, células buliformes, células suberificadas e silicificadas (Evert, 2013). 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/22 Diferentes tipos de apêndices denominados tricomas podem ocorrer: tricomas uni ou pluricelulares, simples, ramificados, glandulares ou não-glandulares, papilas e escamas (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). A periderme reveste caules e raízes maduros, substitui a epiderme e tem função de proteção. É a união do felogênio, feloderme e o súber (casca). Figura 10 – Células epidérmicas propriamente ditas; células estomáticas e tricomas Créditos: Kallayanee Naloka/ Shutterstock; Gleti/Shutterstock. TEMA 4 – TECIDOS FUNDAMENTAIS O sistema fundamental consiste em três tipos de tecidos – o parênquima, o colênquima e o esclerênquima e são responsáveis pelo preenchimento e sustentação do corpo da planta. 4.1 PARÊNQUIMA O parênquima é o tecido mais abundante de todos os órgãos vegetais adultos, sendo constituído por células vivas, fisiologicamente ativas, originadas do meristema fundamental. As células parenquimáticas variam em forma, tamanho e conteúdo celular (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). Podemos diferenciar os seguintes tipos de parênquimas: parênquima clorofiliano paliçádico, esponjoso ou lacunoso (e plicado em algumas gimnospermas), parênquima de reserva (aquífero, amilífero e aerífero) e parênquima fundamental (Evert, 2013). 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/22 O parênquima clorofiliano ocorre nos órgãos aéreos dos vegetais, principalmente, nas folhas. Suas células apresentam paredes primárias delgadas, numerosos cloroplastos e são intensamente vacuoladas. O tecido está envolvido com a fotossíntese, convertendo energia luminosa em energia química, armazenando-a sob a forma de carboidratos. Quando heterogêneo, podem ser observadas camadas distintas: parênquima clorofiliano paliçádico e parênquima clorofiliano lacunoso. No primeiro, as células são cilíndricas, dispostas perpendicularmente à epiderme, com função de fotossíntese e evitar a perda excessiva de água; no segundo, o parênquima clorofiliano lacunoso, as células são de formato irregular se dispõem de maneira a deixar numerosos espaços intercelulares (lacunas) e tem função de fotossíntese e absorção de água. Quando homogêneo, o parênquima clorofiliano possui a função de fotossíntese (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). A Figura 11 mostra o parênquima clorofiliano em corte transversal. Figura 11 – Parênquima clorofiliano (folha) Crédito: Oliveira, [S.d.]. 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/22 O parênquima aerífero ou aerênquima é um tecido cujas células apresentam grandes espaços intercelulares, facilitando a circulação de gases, fazendo com que principalmente os vegetais aquáticos flutuem. São comuns em plantas de solo encharcado ou ambiente aquático. Os espaços intercelulares são excepcionalmente bem desenvolvidos, para ter reserva de oxigênio para respiração e flutuação. O parênquima fundamental é um tecido constituído por células relativamente grandes, com um notável vacúolo, envolvido por uma fina camada de citoplasma. O parênquima aquífero tem a função de armazenamento de água, com característica de poucos ou nenhum cloroplasto, típico de plantas suculentas. O parênquima amilífero ocorre nos tecidos vegetais contendo células com plastos responsáveis por armazenar substâncias de reserva (amido, neste caso) (Evert, 2013). A Figura 12 remete às características dos diferentes parênquimas. Figura 12 – Diferentes parênquimas: fundamental (preenchimento), aerífero (flutuação), aquífero (armazenamento de água) e amilífero (reserva) Crédito: Pecker/Shutterstock; Natalya Yudina/Shutterstock; D. Kucharski K. Kucharska/Shutterstock. 4.2 COLÊNQUIMA E ESCLERÊNQUIMA O colênquima e o esclerênquima são oriundos do meristema fundamental. O colênquima consta de células vivas, frequentemente alongadas, com cloroplastos, paredes primárias espessadas com aspecto brilhante. O esclerênquima consta de células com paredes secundárias espessadas, frequentemente lignificadas, com pontoações simples e, na maioria dos casos, sem protoplasto ativo na maturidade (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). O colênquima sustenta órgãos em crescimento ou órgãos maduros de plantas herbáceas. Normalmente, situa-se próximo à epiderme em caules, folhas e raízes aéreas. De acordo com o tipo 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/22 de espessamento da parede, podemos distinguir os seguintes tipos de colênquima: angular, lacunar e lamelar (Evert, 2013). O esclerênquima consta de dois tipos de células: esclereídes e fibras. Os esclereídes são usualmente definidos como elementos curtos e as fibras como elementos longos com extremidades afiladas. As fibras podem ser classificadas quanto à localização, como xilemáticas e extraxilemáticas. Os esclereídes ocorrem em camadas, grupos ou isoladamente e são classificados de acordo com sua forma: braquiesclereídes, macroesclereídes, osteoesclereídes, tricoesclereídes e astroesclereides (Evert, 2013). A Figura 13 apresenta o colênquima, com depósito de celulose na parede celular e fibras esclerenquimáticas, com lignina na constituição do tecido. Figura 13 – Colênquima e fibras do esclerênquima em corte transversal. Na primeira foto, fica evidente o espessamento da parede celular pela celulose, enquanto, na segunda, o espessamento da parede celular secundária é feito com a lignina Crédito: Rattiya Thongdumhyu/Shutterstock; Pissamai Boonkane/Shutterstock. TEMA 5 – TECIDOS DE CONDUÇÃO O xilema e o floema geralmente estão associados formando um sistema vascular contínuo que percorre a planta inteira, incluindo todas as ramificações. O xilema realiza a condução de água e sais minerais, além de atuar na sustentação e armazenamento de substâncias alimentares. O tecido floemático é responsável por transportar as substâncias orgânicas nas plantas vasculares, como açúcares, aminoácidos, lipídios, micronutrientes, hormônios, proteínas e RNA (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/22 Os tecidos vasculares se dividem em primário (oriundo do procâmbio) e o secundário (oriundo do câmbio vascular). O tecido secundário tem maior desenvolvimento nas partes axiais da planta (caule e raiz). Tanto o xilema como o floema apresentam diferentes tipos de células, que estão presentes tanto no sistema primário como no secundário, sendo o secundário organizado no sistema axial e radial (Judd et al., 2009). O xilema é composto de elementos traqueais de dois tipos: traqueídes, encontrados na maioria das gimnospermas, e elementos de vaso, encontrados em angiospermas. Ambos são células alongadas, com parede secundária e não apresentam protoplasto na maturidade, sendo células ocas. A comunicação entre as células ocorre por meio das pontoações (traqueídes – gimnospermas) e perfurações (elementos de vaso – angiospermas) (Judd et al., 2009), conforme mostra a Figura 14. Figura 14 – Feixe vascular do caule de uma angiosperma e elementos traqueais (elementos de vasos – angiospermas; traqueídes – gimnospermas) Crédito: Dahlke, [S.d.]. 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/22 Os elementos do xilema podem combinar a função de condução com a de sustentação, pois, no cerne (xilema central e inativo), têm a função de sustentação e no alburno (xilema periférico e ativo) têm como principal função a condução; porém, secundariamente, fazem a sustentação também (Evert, 2013). O xilema secundário, também chamado de lenho, possui atividade cambial muito intensa durante a primavera e o verão, diminuindo progressivamente no outono até cessar por completo no inverno; é chamado de lenho estivale primaveril. No fim do verão, quando está encerrando mais um ciclo de atividade, o câmbio produz vasos lenhosos de paredes grossas e lúmen estreito, que constituem o lenho estival. Na primavera, ao retomar o seu funcionamento depois do repouso invernal, o câmbio produz vasos lenhosos de paredes delgadas e lúmen grande, que constituem o lenho primaveril (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). O floema apresenta elementos crivados: células crivadas (maioria das gimnospermas) e elementos de tubo crivados com células companheiras (em angiospermas), células de esclerênquima (fibras e sclereides) e células parenquimáticas (Reece et al., 2015), conforme a Figura 15. Figura 15 – Células estruturais do tecido floemático 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/22 Créditos: Dahlke, [S.d.]. Fonte: Reece et al., 2015. NA PRÁTICA Faça a leitura do capítulo 22 – Desenvolvimento Inicial do Corpo da planta, da obra “Biologia vegetal”, entre as páginas 526 a 557. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 856 p. Após a leitura, construa um quadro comparativo com as características que distinguem o sistema dérmico, sistema fundamental e sistema vascular, considerando os tipos de tecidos, tipos de células, características, localização e função. FINALIZANDO 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/22 As células vegetais são as unidades básicas e são constituídas pelo protoplasto (membrana, citoplasma com organelas e núcleo) e a parede celular, característica que difere da célula animal, junto com a presença de plastos ou plastídios; A embriogênese estabelece o plano do corpo da planta com polaridade apical-basal. Com as divisões celulares, o embrião se desenvolve até adquirir uma estrutura globular. Surgem os meristemas primários, protoderme, meristema fundamental e procâmbio, precursores dos tecidos de revestimento, preenchimento, sustentação e condução, respectivamente, os quais farão parte do crescimento e desenvolvimento da planta; A epiderme reveste o corpo da planta, conferindo proteção mecânica, redução da perda de água e aeração dos tecidos internos. Pode ter células especializadas como tricomas ou células estomáticas. A periderme é formada da células do súber, feloderme e do felogênio, substitui a epiderme e garante proteção nas raízes e caules; Os tecidos de preenchimento (parênquima) e sustentação (colênquima e esclerênquima) constituem os tecidos fundamentais. Consiste em células metabolicamente ativas, que fazem respiração, secreção, fotossíntese, armazenamento e cicatrização de ferimentos e regeneração. Podem ter adaptações de acordo com o ambiente, com armazenamento de água, oxigênio ou tecidos de reserva. Os tecidos de sustentação têm a parede celular bastante desenvolvida, com ou sem lignina; O sistema vascular consiste em dois tecidos de condução: o xilema e o floema. O primeiro realiza a condução de água e sais minerais, enquanto o segundo transporta substâncias orgânicas para toda a planta. REFERÊNCIAS EVERT, R. F. Anatomia das plantas de Esaú: meristemas, células e tecidos do corpo da planta. São Paulo: Blucher, 2013. 726 p. JUDD, W. S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOGG, E. A.; STEVENS, P. F.; DONOGHUE, M. J. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 612 p. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 856 p. 25/02/2023, 21:05 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/22 REECE, J. B.; URRY, L. A.; CAIN, M. L.; WASSERMAN, S. A.; MINORSKY, P. V.; JACKSON, R. B. Biologia de Campbell. 10.ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. 1488 p. TAIZ, L.; ZEIGER, E; MOOLER, I. M.; MURPHY, A. Fisiologia vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 858 p.
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