Entrevistas para monitoramento das condicoes de trabalho UC4

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O ambiente de trabalho representa um dos espaços de
valorização e reconhecimento para o homem, de acordo com
os parâmetros da sociedade. A partir da atividade que
desempenha, ele pode manter a família e adquirir bens
materiais. Porém, é também no trabalho que, muitas vezes,
uma atividade prejudicial à saúde pode estar sendo
desempenhada, na medida em que ela seja responsável por
fadiga ou doença.
ENTREVISTAS PARA MONITORAMENTO DAS
CONDIÇÕES DE TRABALHO:
COLETA DE DADOS E ORGANIZAÇÃO DAS
INFORMAÇÕES
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Os trabalhadores podem estar expostos a fatores de
risco, de acordo com a tarefa laboral exercida. Esta
exposição ocorre pelo envolvimento direto com estes
agentes (caso ele faça parte do processo de trabalho) ou por
contato acidental, por exemplo, pela contaminação do
ambiente ou por meio de tarefas realizadas por outros
trabalhadores (produtos manipulados por outro setor).
O GRANDE DESAFIO NA AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
OCUPACIONAL É RECONHECER TODAS AS FORMAS
EXISTENTES, AVALIAR CADA UMA COMO ACEITÁVEL OU NÃO
E DESENVOLVER ESTRATÉGIAS PARA MONITORAR AS NÃO
ACEITÁVEIS.
A gestão da segurança e da saúde precisa de um olhar
atento, que identifique os fatores de risco e desenvolva
estratégias de melhorias e adequações dos ambientes.
Entretanto, os ambientes de trabalho são complexos, e as
concentrações podem variar ao longo do dia; é a partir dessa
informação que muitas vezes se faz necessário, por parte do
profissional de segurança e saúde do trabalho, a realização
de entrevistas, como forma de coletar dados e informações,
com os funcionários, sobre o ambiente, a ocupação etc.
Ouvi-los permite um mapeamento das condições de
exposição, para que então formas de monitoramento dos
riscos ocupacionais possam ser elaboradas.
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ENTREVISTAS
Entrevista é um processo de interação entre duas
pessoas (entrevistado e entrevistador), no qual o
entrevistador objetiva adquirir informações sobre um
determinado assunto previamente determinado e delineado.
O OBJETIVO DO ENTREVISTADOR É OBTER
INFORMAÇÕES MAIS DETALHADAS AO COLETAR OS DADOS,
OS QUAIS NÃO PODERIAM SER APROPRIADOS APENAS COM
UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA, ACRESCIDA DE
OBSERVAÇÃO. A ENTREVISTA É UMA DAS TÉCNICAS MAIS
UTILIZADAS PARA A COLETA DE DADOS E PERMITE
ADQUIRIR INFORMAÇÕES QUE REALMENTE AGREGAM E
ELUCIDAM A PRÁTICA DO TRABALHADOR.
Por meio desta ferramenta de coleta de dados o entrevistador
terá como adquirir informações de caráter objetivo e subjetivo. Os
dados objetivosdados objetivos também podem ser obtidos por meio de fontes
secundárias, tais como: censos, estatísticas etc. Já os dadosdados
subjetivossubjetivos só poderão ser obtidos com a entrevista, pois eles se
relacionam com os valores, com as atitudes e com as opiniões dos
sujeitos entrevistados (BONI e QUARESMA, 2005).
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A SEGUIR SÃO APRESENTADAS ALGUMAS
DICAS PARA A CONDUÇÃO ADEQUADA DE
UMA ENTREVISTA DE MONITORAMENTO
DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO:
ELABORAR UM ROTEIRO
É importante ressaltar que a qualidade da entrevista
está atrelada a forma como ela foi planejada e pensada.
Para isso, é indicado que o entrevistador elabore um roteiro
que sirva como guia durante a entrevista e que permita o
registro de todas as informações importantes para a
obtenção de dados fidedigno e com informações uniformes
para todos os entrevistados, padronizando as informações
que temos a pretensão de coletar.
É FUNDAMENTAL CONHECER O PÚBLICO QUE SERÁ
ENTREVISTADO: NÍVEL DE ESCOLARIZAÇÃO, TIPO DE
TRABALHO, DISPONIBILIDADE, ENTRE OUTRAS
INFORMAÇÕES QUE CARACTERIZAM O PERFIL DO
TRABALHADOR. PARA ASSIM SER POSSÍVEL TRAÇAR UM
ROTEIRO ADEQUADO QUE CONTRIBUA DIRETAMENTE PARA
O SUCESSO DO ENTREVISTADOR.
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FICAR ATENTO À POSTURA DURANTE A
ENTREVISTA
Antes de iniciar a entrevista, o entrevistador deve se
apresentar, informando o cargo que ocupa na empresa e a
finalidade da conversa, para que o colaborador se sinta à
vontade em interagir.
Além do roteiro de entrevista, é preciso atentar para o
comportamento do entrevistador no processo efetivo de
entrevista. Este não deve ser ríspido nem muito falante, ao
ponto de não deixar o entrevistado responder ou concluir o
pensamento. O entrevistador deve transmitir confiança ao
informante e domínio do questionário que está utilizando
como guia. Deve possibilitar que o informante esteja
confortável, para que não se sinta constrangido e possa falar
livremente o que ele realmente percebe e identifica no seu
processo de trabalho.
A vestimenta adequada e, caso haja necessidade, a
utilização de equipamentos de proteção adequados, de
acordo com o setor ou o local onde a entrevista ocorrerá,
também são pontos importantes.
ESSE ROTEIRO NADA MAIS É DO QUE A ESTRUTURA DO
QUESTIONÁRIO, COMPOSTO POR QUESTÕES FECHADAS
(POSSIBILIDADE DE MARCAR SIM OU NÃO, POR EXEMPLO) E
QUESTÕES ABERTAS (O ENTREVISTADO PODE DISSERTAR
SOBRE O ASSUNTO INVESTIGADO). AS INFORMAÇÕES
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EXTRAÍDAS DESTA ENTREVISTA CORRESPONDEM AO QUE
CHAMAMOS DE DADOS COLETADOS E PERMITEM UMA
ANÁLISE QUALITATIVA (UMA ANÁLISE DO TEXTO) E
QUANTITATIVA (QUANTIFICAR AS INFORMAÇÕES).
CONTROLAR O TEMPO DA ENTREVISTA
É fundamental respeitar o tempo e a disponibilidade
do entrevistado, pois é no ambiente de trabalho que o
processo acontece. O colaborador pode estar com muita
demanda de serviço e, desta forma, não pode ser
prejudicado, por exemplo.
ASSIM SENDO, É IMPORTANTE DESTACAR TAMBÉM QUE,
AO FINAL DA ENTREVISTA, DEVE-SE PROMOVER UM CLIMA
DE CORDIALIDADE, POIS É EXTREMAMENTE IMPORTANTE
QUE O ENTREVISTADO NÃO SE SINTA CONSTRANGIDO OU
ATÉ MESMO QUE ESTE NÃO ENTENDA QUE AQUELAS
RESPOSTAS E OBSERVAÇÕES POSSAM LHE PREJUDICAR NO
AMBIENTE DE TRABALHO (BRITO E FERES, 2011).
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PENSANDO NA PRÁTICA
Para aplicar este contexto à prática profissional, vamos analisar dois exemplos
de empresas, as respectivas características e depois discutir de que forma seria
possível utilizar a entrevista para coletar os dados necessários ao monitoramento.
QUAIS SERIAM ENTÃO AS INFORMAÇÕES
NECESSÁRIAS PARA UMA ENTREVISTA
NESTES AMBIENTES DE TRABALHO?
Primeiramente, precisamos identificar o nosso objetivo
e pensar no que será útil para essa coleta de dados. Depois,
o que efetivamente faremos com os resultados obtidos
nesta entrevista. Assim, saberemos quais são as questões
que devemos abordar sobre o processo de trabalho em cada
setor da empresa.
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Também não podemos esquecer que é necessário
analisar o ambiente da empresa como um todo,
considerando principalmente a proximidade com outros
setores, o fluxo de trabalho, a demanda e a linha de
produção.
Observe agora a figura 3, referente ao exemplo da
serralheria:
Na figura 3 temos um soldador com o equipamento de solda
fazendo o seu trabalho. Será que os outros trabalhadores,
colegas de linha de produção, também estão expostos aos
fatores de risco? Será que o calor emitido nesta soldagem
não afeta os colegas que estão ao lado? E os fumos
metálicos? E o ruído? Além disso, num ambiente
compartilhado como o da serralheria, precisamos estar
atentos ao que os outros trabalhadores estão fazendo?
Lembre-se de que trata-se de uma linha de produção e
que provavelmente os outros trabalhadores estejam fazendo
corte, soldagem, acabamento, pintura e montagem. Sendo
assim, precisamos sempre identificar o processo de trabalho
dos diferentes setores e investigar, por meio da entrevista,
alguma queixa e/ou sintoma que esteja diretamente
relacionado com os fatores de risco que não foram
identificados no processo de trabalho (tipo de exposição
que não está associada diretamente à função daquele
trabalhador).
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Figura 3 - Trabalhador metalúrgico
Fonte: <http://rcnserralheria.com.br/industrial/img
6.jpg>. Acesso em: 30 jan. 2020.
Observe a figura 4, que corresponde ao layout da
serralheria.
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Figura 4 - Layout de uma serralheriaFonte: <http://3.bp.blogspot.com/-q0BCanK6fEc/TfQR080SVdI/
AAAAAAAAAM0/JOp7_Hknnd4/s1600/LAYOUT+METAIS+MODELO+-
+NOVO.jpg>. Acesso em: 30 jan. 2020.
Perceba no layout a proximidade dos setores que
compõem este ambiente de trabalho. Logo, é pensando
neste ambiente e nas características das diferentes funções
exercidas nesse espaço, que vamos planejar as perguntas da
entrevista - o questionário que servirá de roteiro -
contemplando informações que permitam visualizar todos
os profissionais que fazem parte da empresa.
Para isso, as questões não podem ser muito fechadas,
pois devem permitir que o trabalhador possa expressar-se
livremente sobre as atividades, as facilidades, as
dificuldades, as principais funções desenvolvidas
diariamente, as queixas e as manifestações.
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Não existe uma receita ou um modelo padrão. Porém, se, antes de
planejarmos a entrevista, observarmos as características do ambiente de
trabalho, por meio de um layout, por exemplo, examinando as atividades
desenvolvidas em cada função ou setor e os riscos de exposição de cada
uma delas, identificando os grupos homogêneos de exposição,
certamente já teremos uma boa percepção do todo para então planejar
um modelo de entrevista que tenha relação com o contexto avaliado e
apresente dados que sejam realmente válidos.
VOCÊ DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO:
COMO PLANEJAR PREVIAMENTE PERGUNTAS
DE ENTREVISTAS, CONSIDERANDO O TODO E
DE FORMA A NÃO FECHAR DEMAIS A
RESPOSTA DOS ENTREVISTADOS?
Mesmo assim, durante um processo de entrevista,
alguns dados são sempre fundamentais e podem servir
como base para um planejamento inicial da entrevista,
principalmente no que diz respeito aos dados do
trabalhador e do ambiente de trabalho.
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COLETA DE DADOS
A entrevista é um dos principais meios para que o investigador possa realizar a
coleta de dados inicialmente necessária. Porém, é preciso sempre fazer uma
aproximação e confirmação das informações.
As respostas devem ser registradas enquanto a entrevista ocorre, para que as
informações apresentadas tenham credibilidade. Além disso, o registro deve
apresentar as palavras utilizadas pelo entrevistado, buscando não as resumir. 
Para isso, tais dados precisam ser tabulados e organizados, tendo como objetivo a
checagem das informações obtidas no monitoramento, pois nem sempre os
trabalhadores conseguem identificar os fatores de risco presentes no ambiente de
trabalho e que constam nos documentos que fazem parte da área de saúde e
segurança do trabalho.
COMO ORGANIZAR AS INFORMAÇÕES COLETADAS?
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VALE RESSALTAR QUE ENQUANTO PROFISSIONAIS NÃO É POSSÍVEL EXPOR
OS FUNCIONÁRIOS QUE PARTICIPARAM DA ENTREVISTA E DA COLETA DE DADOS.
O OBJETIVO É FORMAR UM BANCO DE DADOS SEM DIVULGAR E/OU PREJUDICAR
OS INFORMANTES.
Para organizar os dados é preciso analisar as informações de forma a
respeitar a natureza da informação. Os dados qualitativos e quantitativos serão
úteis e devem atuar de forma complementar para que tenhamos a melhor leitura
possível e para que a realidade seja traduzida com uma adequada formatação.
PARA DADOS QUANTITATIVOSDADOS QUANTITATIVOS (QUESTÕES FECHADAS), AS ANÁLISES
ESTATÍSTICAS SÃO AS MAIS COMUNS; JÁ OS DADOS QUALITATIVOSDADOS QUALITATIVOS
(QUESTÕES ABERTAS) EXIGEM ABORDAGENS DISTINTAS, COMO A ANÁLISE DO
DISCURSO PRESENTE NAS QUESTÕES ABERTAS E NAS OBSERVAÇÕES
REALIZADAS PELO ENTREVISTADOR.
Estes dados e informações precisam ser organizados e agrupados por setor,
tipo de exposição e grupo homogêneo. O banco de dados deve ser disposto de
maneira organizada para permitir a comparação com as informações coletadas,
Uma vez coletados os dados temos em mãos muitas informações que são de
extrema relevância para uma efetiva gestão da saúde e segurança dos
trabalhadores. Nesta hora é fundamental que tenhamos muita organização e
cuidado ao apresentar as informações coletadas.
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identificadas e descritas no PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) ou em
outro programa de gerenciamento de riscos.
(objetos/tabela.png)
Descrição Fatores de
risco
referidos
pelos
trabalhadores
do setor
Riscos
identificados
no PGR
Grupo
homogêneo
de exposição
Setor
Ao analisar as informações e apresentar os resultados obtidos na entrevista,
temos como propósito ordenar os dados para que eles tenham um sentido e
sirvam para fazer o comparativo das entrevistas realizadas de um ano para o
outro.
Os dados qualitativos são obtidos por meio das questões abertas, nas quais o
entrevistado fornece um panorama geral sobre o que foi perguntado. Quando
processados e analisados, tais dados podem indicar pontos que requerem
atenção na empresa (por exemplo, queixas dos trabalhadores sobre situações de
saúde relacionadas às atividades executadas).
Para os resultados e dados que podem ser quantificáveis, oriundos de uma
pesquisa quantitativa, é possível apresentar as informações por meio da
estatística descritiva (caracterização da amostra pesquisada). Podemos explorar
os recursos das tabelas e dos gráficos. Este formato facilita a análise e a
interpretação dos resultados, conforme as figuras expostas a seguir.
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GÊNERO
feminino
masculino
Figura 5 – Total de respondente da pesquisa (gênero)
19% menos de 2 anos
21% entre 6 e 10 anos
22% acima de 10 anos
38% entre 2 e 5 anos
RESUMO:
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Nesta etapa do estudo foi possível conceituar, identificar e compreender a
importância das entrevistas de monitoramento das condições de trabalho. Essas
entrevistas devem ser realizadas com uma frequência determinada pelos
profissionais de segurança e podem estar relacionadas com as etapas de
desenvolvimento ou reavaliação de programas de saúde e segurança. Uma
comparação entre as entrevistas anteriores e as novas entrevistas pode revelar dados
importantes para a condução de uma avaliação abrangente e para a determinação de
controles.
A coleta de dados deve ser realizada pelo entrevistador, a partir do uso do
roteiro da entrevista, diretamente no ambiente de trabalho. Deve-se estabelecer um
diálogo adequado, de acordo com o público participante e o setor. Quanto à
organização das informações, estas devem ser objetivas e compreensíveis para que
componham um banco de dados organizado e bem detalhado, de acordo com os
dados extraídos das entrevistas.
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