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Sala de Aula _ Estacio 4

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Esta aula pretende mostrar a influência do aparelho policial na solução de conflitos e os
efeitos desse direito de transição, bem como a comunicação não violenta (CNV), criada por
Marshall Rosenberg como recurso interativo para definir o poder e conciliar os conflitos
quando a intenção de agredir o outro encontrar-se totalmente superada.
1. Analisar conceito e efeitos do direito em transição;
2. Compreender o papel das polícias comunitárias na resolução de conflitos;
3. Demonstrar a comunicação não violenta como proposta de solução de conflitos.
Para começarmos a falar sobre repressão social, devemos nos recordar que, em episódios
retratados no livro Memórias de um Sargento de Milícias, temos o surgimento da figura do
brigadeiro Vidigal, famoso pelas ceias de camarão, nas quais os marginais eram açoitados
em praça pública até que seus lombos se assemelhassem a cascas de camarões. Embora o
brigadeiro tenha ficado conhecido por seus métodos de repressão social, não era o único a
praticá-los na corporação.
Nessa época, o negro que fosse flagrado jogando capoeira também era açoitado
publicamente, caracterizando, portanto, uma prática comum de repressão social,
respaldada pela política da época.
Entre 1930 e 1945, durante o primeiro governo de Vargas, a polícia militar ganhou maior
prestígio político. Ao longo da ditadura militar, o papel da PM não foi alterado na medida em
que agia junto aos militares para combater a guerra comunista, que ficou conhecida como
Ciência jurídica e Segurança pública
Aula 3: Preservar a ordem ou aplicar a lei
Introdução
Objetivos
Origens da repressão social
Guerra subversiva
guerra subversiva. O inimigo da época não era somente o marginal comum, mas, também,
os comunistas.
Embora os comunistas não fossem os vitoriosos dessa guerra, a ditadura, no final da década
de 1970, já indicava os sinais de fragilidade. Uma figura de destaque na época foi o coronel
Carlos Nazareth Cerqueira. Importante ressaltar que, embora visse a polícia como
garantidora da cidadania, Cerqueira não abria mão da repressão, respaldando-se nos limites
de atuação impostos pela lei e, principalmente, sem violar os direitos humanos.
Com o fim da ditadura militar no Brasil, houve uma crise de identidade entre militares e
policiais sobre seus novos papéis constitucionais. No entanto, aos poucos, ambas as
instituições foram se reformulando em busca de suas identidades institucionais. Se a
pacificação, ao menos em alguns estados brasileiros, se tornou uma realidade, as mazelas
deixadas pelo papel histórico da PM na repressão social também são.
A pacificação, então, pode ser entendida como uma estratégia organizacional que vem
ganhando cada vez mais espaço na segurança pública brasileira. Importante destacar que o
caráter dessa estratégia é, preferencialmente, preventivo. Daí, a importância de entender o
que consiste o fenômeno de crime, ou seja, compreender que ele é um produto da
realidade social. Não cabe, então, ao policial militar julgar (espancar ou matar, por exemplo),
mas, sim, prender (se for o caso) e entregar à justiça para que, se condenado, o indivíduo
sofra as punições que a lei exigir.
Além disso, o próprio Ministério da Justiça recomenda a todas as polícias militares que
busquem envolver as comunidades na preservação da ordem pública. O conceito de ordem
pública representa, portanto, os valores, princípios e normas que a moral vigente em
nossa cultura jurídica considera fundamentais e que se pretende que sejam observados
em sociedade. Assim, tudo que se mostrar contrário a essa conformação moral básica
será considerado contrário à ordem pública.
Em consonância com essa proposta, tem-se aplicado o policiamento comunitário para
estabelecer o elo de confiança entre polícia e sociedade. A Constituição de 1988 também
afirma que as polícias militares e corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e
reserva do exército. Na ausência do exército brasileiro na defesa das fronteiras territoriais
brasileiras, é inegável que as polícias devam ser acionadas; no entanto, é de extrema
urgência que a PM não seja mais confundida com o exército brasileiro. É inaceitável que as
polícias militares continuem mantendo práticas ilegais nos dias de hoje. O uso da força letal
só é autorizado pela lei em defesa própria ou da sociedade. Ao policial, cabe preservar a
vida e garantir a cidadania.
A defesa social é um conceito bem mais amplo do que segurança pública. Ela está
associada ao conjunto de mecanismos coletivos, públicos e privados, com vista à
preservação da paz social. A segurança pública torna-se parte importante da sociedade, da
cidadania e do bem jurídico. Dessa forma, justiça e segurança se completam, mas, entre
elas, localiza-se uma área que é a de riscos coletivos, que envolve também a autodefesa
das comunidades.
A Constituição de 1988 é marcada pela transição e, hoje, percebe-se que ela permite uma
pequena abertura na revisão conceitual de segurança quando fala, no Artigo 136 e
seguintes, em paz social como um valor diferente de ordem pública. Se, ontem, a
instabilidade compreendia terrorismo e guerrilha, turbações eminentemente políticas, hoje,
ela advém principalmente do crime organizado.
Em um conceito de defesa social, é simultânea à defesa das instituições democráticas,
disciplinando a Constituição, em seu Artigo 136 e seguintes, a condição radical de
intervenção do estado para “preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e
determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
Defesa social
instabilidade institucional ou ameaçadas por calamidades de grandes proporções da
natureza”.
Dentro do contexto de defesa, é especificada a segurança pública “para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” através do aparelho policial
(Artigo 144 e seguintes). Dessa forma, cabe ao estado, ao mesmo tempo, a garantia dos
direitos individuais e coletivos previstos na Constituição, condição indispensável para a
manutenção de um estado de tranquilidade ou paz social, alcançada graças às boas
relações de convivência entre os indivíduos.
A construção dessa paz deveria ser objetivo constitucional de política interna; entretanto, a
manutenção da ordem pública envolve a prevenção e a resolução de conflitos no âmbito da
segurança pública. Mas, para que haja paz social, há necessidade de se atender a uma
demanda específica: a garantia dos direitos individuais e das minorias, e daqueles a quem a
Constituição garante privilégios em relação aos demais; isto significa proteção.
O Brasil vive um processo de mudanças profundas, inclusive estruturais. A paz é uma opção
nacional, claramente expressa na Constituição. Construir a paz em um processo de
mudança é o que responde, de fato, aos anseios da sociedade. Isso exige um esforço
continuado e uma revisão constante de mecanismos; por outro lado, estabelece um
princípio comum entre o estado e a sociedade, um filtro para as ações dos dois lados –
princípio que, de resto, já está expresso na vontade política constitucional. Uma política
pública deriva, forçosamente, do próprio pacto social que reúne as pessoas numa
organização social.
Ela é feita de opções que resultam em diretrizes, prioridades e, finalmente, normas legais ou
consensuais. Como em todos os produtos de uma sociedade complexa, uma política
pública organiza-se também no bojo das pressões da vida em sociedade e se constrói em
produtos do confronto dessas pressões: minorias e maiorias, interesses de várias ordens.
Uma política pública deve possuir objetivos claros a serem alcançados e um rumo definido,
o que não acontece quando os confrontos e pressões são resolvidos de maneira pontual.
Atenção!
O Brasil e a paz
Figura 4 – Vida em sociedade
Autor: peeterv/istock
Com vista à construção da política pública voltada para a defesa social, pode-se estruturar
uma política de segurança pública como ferramenta importante para alcançar um objetivo
maior. É importante pensar que uma política de segurança pública é só umaparte da ação
necessária para romper, definitivamente, as amarras deixadas pela visão repressiva e
puramente estatal no combate à violência e ao delito.
O debate referente à segurança pública baseia-se, muitas vezes, em premissas pouco
consistentes ou, no mínimo, polêmicas. Mas qual deve ser o papel da polícia na violência
contra a pessoa? A maioria absoluta das violências praticadas contra a pessoa, em que não
existe vinculação com delitos contra o patrimônio, como no caso de homicídios e lesões
corporais, é casual. A redução dessa modalidade criminosa depende de dois fatores.
O primeiro fator é a prevenção, que pode estar embutida inclusive na própria comunicação
de massa ou através de mecanismos não necessariamente judiciais de conciliação e
resolução de disputas entre pessoas. O segundo fator é a certeza de punição, que depende,
em primeiro lugar, de comprovada e reconhecida capacidade de investigação, atribuição
eminentemente policial. A morosidade do judiciário consiste em outro grande problema,
mas só chega a sê-lo quando os casos de homicídio ou lesão referidos chegam à sua
alçada.
O atual sistema legal brasileiro só alcança um percentual mínimo de infratores. Mesmo com
todas as deficiências do aparelho policial, o número de procedimentos encaminhados à
justiça abarrota e entrava os cartórios criminais de todo o país, sem solução. Isso significa
que a maioria absoluta não é punida. Também não há mecanismo que possibilite o acordo, a
conciliação ou a pacificação antes da delegacia e do tribunal. A polícia atua na repressão do
crime e procura inibir sua prática com a presença suasória.
Construção da política pública
Atual sistema legal brasileiro
https://stecine.azureedge.net/webaula/pos.estacio/ATU259/aula3/img/04vidaSociedade.jpg
Mas as medidas proativas que previnem as situações de conflitos individuais e coletivos, ou
que dificultam práticas criminosas, ou, ainda, que influenciem o comportamento positivo do
cidadão estão nas mãos da União, dos estados e, especialmente, dos municípios; porém,
fora da polícia. Essas medidas envolvem ampla gama de ações, que vão desde a eficiência
do aparelho judicial – o que envolve o poder judiciário e o ministério público – até soluções
eminentemente localizadas, como o controle do tráfego ou a iluminação das ruas ou, ainda,
lugares para deixar a criança enquanto os pais trabalham.
A função militar articula-se à defesa do estado, à segurança do país e à condição de força
mobilizável pelo país. A função policial está diretamente articulada à sociedade e ao pacto
da organização dela, e responde ao desafio imposto pela violência e pelo crime. Essas duas
funções podem ser desenvolvidas de maneira definida e clara numa mesma organização;
para tanto, é necessário rever vários conceitos doutrinários e algumas normas legais.
Do ponto de vista material, ordem pública é a situação de fato ocorrente em uma
sociedade, resultante da disposição harmônica dos elementos que nela interagem de modo
a permitir um funcionamento regular e estável que garanta a liberdade de todos.
A ordem pública deve estar em consonância com o conjunto de regras formais que
emanam do ordenamento jurídico da nação. Dessa forma, o conceito de ordem pública
reflete os valores dominantes e a cultura jurídica vigente em determinada época – a
Constituição, a noção de interesse social e dos direitos basilares de uma coletividade.
Pela preservação dessa ordem pública, entende-se a manutenção da ordem do estado e
do bem social através de ações coativas, objetivando coibir as ameaças à convivência
pacífica em sociedade. Essas ações coativas estão presentes em instrumentos judiciais,
policiais, prisionais e promotorias públicas.
No momento em que começa a existir essa transformação política e social, a compreensão
da sociedade como um ambiente conflitivo, no qual os problemas da violência e da
criminalidade são complexos, a polícia passa a ser demandada para garantir não mais uma
ordem pública determinada, mas, sim, os direitos, como está colocado na Constituição de
88.
Nesse novo contexto, a ordem pública passa a ser definida também no cotidiano, exigindo
uma atuação estatal mediadora dos conflitos e interesses difusos e, muitas vezes, confusos.
Por isso, a democracia exige justamente uma função policial protetora de direitos dos
cidadãos em um ambiente conflitivo.
Para saber mais sobre a ordem pública, clique aqui [../downloads/a03_t09.pdf] .
A segurança pública é a garantia que o estado proporciona de preservação da ordem
pública diante de toda espécie de violação. Mas, neste ponto da discussão, vale
exemplificar: nas favelas, o policial não pode simplesmente aplicar a lei e apreender todas
as motos irregulares, pois isso acabaria com o transporte mais utilizado pelos moradores.
Função militar
Ordem pública
Atenção!
https://stecine.azureedge.net/webaula/pos.estacio/ATU259/downloads/a03_t09.pdf
Ele precisa preservar a ordem, e, muitas vezes, isto significa ponderar a regulação informal
do espaço público e do direito, criando espaço para uma transição pacífica entre a ordem
que existia antes e aquela trazida com a presença do estado, até porque a ordem pública
deve ser entendida como sendo o conjunto de regras formais que emanam do
ordenamento jurídico da nação.
Na introdução do livro Sociologia (1983, p. 23), Evaristo de Morais Filho expõe uma síntese
do pensamento de Simmel acerca do conflito, considerando-o:
“(...) forma pura de sociação e tão necessário à vida do grupo e sua continuidade como o
consenso. (...) O conflito não é patológico nem nocivo à vida social, pelo contrário, é
condição para sua própria manutenção, além de ser o processo social fundamental para a
mudança de uma forma de organização para outra”.
Assim, o conflito surge das interações dos indivíduos, sendo inerente à própria existência
humana. Diferentemente do que a grande maioria das pessoas acha, o conflito não é nocivo
à vida social, muito embora congregue elementos positivos e negativos, que propiciam a
alteração da realidade posta segundo essa compreensão.
Para alguns teóricos, como Paes de Carvalho, o conflito pressupõe a existência de três
caminhos possíveis:
1. a recusa do diálogo, que pode estimular a competição ou a estagnação do conflito; no
entanto, até chegar nessas soluções, os envolvidos passam por situações de ansiedade,
stress, irritabilidade, entre outras sensações;
2. a declaração de guerra, que propicia um resultado negativo para as pessoas e para a
sociedade, pois tem como expressão a violência, a agressão e a destruição, gerando,
entre os conflitantes, situações de agressividade, disputa e stress;
3. a administração do conflito, resultado positivo que a mediação busca gerar, traz novas
oportunidades, crescimento e desenvolvimento dos envolvidos e daqueles que estão
ao redor, possibilitando a comunicação, a cooperação, o respeito mútuo e a resolução
do conflito.
Dessa forma, ademais da resolução do conflito, o estímulo à sua prevenção, a inclusão
social e a mediação de conflitos visam à implantação da paz social ou pacificação social,
que vai além da mera prática de não violência, pois essa prática é parte também do
processo de efetivação dos direitos fundamentais da pessoa humana, principalmente nas
localidades e para os indivíduos excluídos social e economicamente, uma vez que tal
exclusão é tida como violação de direitos, gerando, portanto, instabilidade na ordem social.
A ordem pública deve estar em consonância com o conjunto de regras formais que
emanam do ordenamento jurídico da nação. Dessa forma, o conceito de ordem pública
reflete os valores dominantes e a cultura jurídica vigente em determinada época – a
Constituição, a noção de interesse social e dos direitos basilares de uma coletividade.
Conflito
Atenção!
Mediação de conflitos
Outro motivo que torna sua análise importante é que a técnica de mediação comunitária
tem como um dos objetivos fundamentais, como dito acima, facilitar o acesso à justiça, visto
que a justiça formal é de difícil acesso para as pessoasde bairros periféricos com alta taxa
de vulnerabilidade social e alto índice de criminalidade.
Destarte, essa técnica passa a mostrar uma representação social diferenciada aos
moradores dos bairros do que é justiça por ser, principalmente, baseada no princípio da
informalidade do acesso e das ações realizadas nos núcleos de justiça comunitária.
Segundo o programa mediação de conflitos (2009, p. 31), “(...) a cultura da mediação traz
consigo propostas semelhantes de pacificação social, visando a uma cultura, sobretudo de
paz”.
Sabemos que a violência urbana e a criminalidade estão crescendo de forma
desproporcional, e uma pergunta se faz importante: será que cabe apenas ao sistema penal,
à justiça criminal e à segurança pública, através de ações reativas policiais, a solução para a
violência?
A utilização dos meios tradicionais é importante para gerar mudanças no fenômeno da
violência e da criminalidade, mas também é imprescindível a associação de ações
preventivas, como, por exemplo, a utilização da mediação de conflitos, uma vez que a
complementaridade entre repressão e prevenção é mais eficiente.
A mediação tem como princípios fundantes o respeito mútuo e a cooperação entre as
pessoas envolvidas no procedimento, estimulando que os envolvidos resolvam seus
conflitos de forma pacífica, diferentemente do método adversarial, que se caracteriza por
incentivar a competição, promovendo uma rivalidade entre vencedor e vencido.
Partimos do pressuposto de que os moradores de favela se acham inseridos nos grupos
dos mais excluídos do sistema formal de justiça por sua condição de renda e escolaridade
mais baixas, mas quais seriam os fatores, além de renda e educação, que ajudariam a
explicar a exclusão dessa população do acesso à justiça? No caso das favelas, existem
outros elementos de exclusão, a começar pela forma irregular e mesmo ilegal de ocupação
do espaço urbano, que acabam por configurar a própria negação do acesso de seus
moradores à cidade.
A ilegalidade coletiva do tipo de habitação nas favelas, à luz do direito brasileiro, condiciona
o relacionamento de seus moradores com o aparelho jurídico-político do estado.
Ao estarem excluídos do sistema legal oficial, os moradores das favelas acabam
construindo um direito próprio, interno e informal. Somando-se à forma de ocupação do
espaço, a escassa presença do estado nas favelas possibilitou o controle do território por
Soluções para a violência
A relação dos moradores de favela com o aparelho jurídico-
político do estado
A relação dos moradores de favela com o aparelho jurídico-
político do estado
grupos armados, reforçando o discurso criminalizante que vem estigmatizando essa
população.
Partindo do pressuposto de que, ao promover a recuperação do território, a polícia
pacificadora se constitui como etapa antecedente e essencial para possibilitar o acesso aos
demais direitos relacionados à cidadania. Como dito, o principal aspecto do exercício de
cidadania que nos interessa analisar aqui é o acesso à justiça. Argumentamos que acesso à
justiça é condição fundamental para o desenvolvimento pleno da cidadania.
O acesso à justiça pressupõe igualdade de condições a todos os cidadãos na utilização das
instituições e dos canais do sistema pelos quais possam reivindicar direitos e solucionar
conflitos, a assistência judiciária à população de baixa renda, bem como a simplificação de
procedimentos e do próprio processo, e incorporação dos meios alternativos e informais de
resolução de conflitos. Assim, o acesso à justiça só é pleno se envolver a possibilidade de
mobilizar instrumentos institucionais e beneficiar-se da ação dos mecanismos institucionais
pertinentes.
É frequente nas favelas, até pela presença ostensiva do tráfico, os moradores parecerem
mais descrentes em relação à justiça ao apontarem que as leis não são cumpridas, e a
justiça “não fazer valer as leis”, conforme se pode perceber por algumas falas que aparecem
nas mídias. Afirmam essas vozes que o domínio dos traficantes de drogas desestimula a
procura pelos equipamentos formais de justiça, seja porque os moradores têm medo de
serem confundidos com delatores, seja porque podem contar com a mediação do próprio
tráfico (chamado de “movimento”) para a solução desses conflitos. Para saber mais sobre
esse assunto, clique aqui [../downloads/a03_t14.pdf] .
Partimos do pressuposto de que os moradores de favela se acham inseridos nos grupos
dos mais excluídos do sistema formal de justiça por sua condição de renda e escolaridade
mais baixas, mas quais seriam os fatores, além de renda e educação, que ajudariam a
explicar a exclusão dessa população do acesso à justiça? No caso das favelas, existem
outros elementos de exclusão, a começar pela forma irregular e mesmo ilegal de ocupação
do espaço urbano, que acabam por configurar a própria negação do acesso de seus
moradores à cidade.
Sabemos que ações coativas estão presentes em instrumentos judiciais, policiais, prisionais
e promotorias públicas. Pergunta-se então: O que se pode entender por ordem pública?
Segundo Tourinho Filho, o conceito de ordem pública pode ser entendido como a
paz, a tranquilidade que reina no meio social; este conceito não se limita a dizer em
quais casos, por exemplo, estaria tal ordem periclitada, como nos casos em que o
agente estiver cometendo novas infrações penais, sem que se consiga surpreendê-
lo em flagrante delito, estiver fazendo apologia ou incitando ao crime, ou se
reunindo em quadrilha ou bando.
Atividade proposta
Exercícios de fixação
Questão 1 - O que se entende por pacificação de favelas?
É um programa no qual a polícia recupera territórios controlados por traficantes e
milicianos e instala unidades de polícia pacificadora, tentando aproximar a polícia da
https://stecine.azureedge.net/webaula/pos.estacio/ATU259/downloads/a03_t14.pdf
população.
É um programa no qual são instaladas unidades de polícia pacificadora em locais
estratégicos para que, futuramente, a polícia possa recuperar territórios controlados por
traficantes e milicianos.
É a instalação de unidades de polícia pacificadora em diversos pontos da cidade para
atender especialmente à denúncia de crimes relacionados ao tráfico de drogas.
É a transformação de delegacias comuns em unidades de polícia pacificadora, onde
policiais de elite se concentrarão para atender chamados de crimes mais graves.
É a retirada em etapas de moradores de áreas dominadas pelos traficantes e sua
realocação em moradias populares em outros locais.
Questão 2 - Dentre as afirmativas abaixo, indique aquela que melhor conceitua o
policiamento de proximidade.
Consiste na proatividade e na descentralização de conflitos da polícia.
Consiste tão somente no combate ao tráfico de drogas.
Consiste unicamente numa polícia de enfrentamento.
Consiste em criar única e exclusivamente planos de controle e ataque.
Consiste em criar estratégias capazes de resolver conflitos e reduzir os indicadores de
criminalidade com base na ação de uma polícia qualificada.
Questão 3 - O atendimento prestado à cidadania, a educação dos policiais e os êxitos
alcançados pelas polícias ajudam bastante, mas confiança exige proximidade dos policiais
com as pessoas. Nesse sentido, pode-se dizer que o objetivo da polícia pacificadora está
fundado:
Numa concepção reativa, onde os policiais patrulham aleatoriamente as favelas.
Na ausência de vínculos entre policiais e indivíduos para combater a violência.
No conceito de cidadania que une policiais e comunidade para solucionar conflitos
temporários.
Na criação de estratégias para resolver conflitos e reduzir os índices de criminalidade
local.
Questão 4 - Com o policiamento de proximidade, os profissionais de segurança passam a
conhecer os residentes por seus nomes, passam a entender as dinâmicas sociais da região,
adquirindo, assim, melhores condições para auxiliar as pessoas em variados momentos de
dificuldade. Dessa forma, podemos entender que a polícia pacificadora:
Trabalha com um conceito que vai além da polícia comunitária e temsua estratégia
fundamentada na parceria entre a população e as instituições da área de segurança
pública.
Trabalha com um conceito de enfrentamento e tem sua estratégia pautada no
afastamento entre policiais e comunidade.
Trabalha para reduzir os índices de criminalidade, sem, contudo, se preocupar com os
problemas causados pela violência doméstica
Trabalha exclusivamente para reduzir os conflitos domésticos, sem se preocupar com o
tráfico de drogas e as milícias.
Questão 5 - A presença ininterrupta da polícia tem sido essencial para que as comunidades
se integrem ao restante da cidade formal. Hoje, as comunidades pacificadas recebem
investimentos privados, têm agências bancárias e serviços públicos que, antes,
simplesmente eram impedidos de chegar. Assim:
A prioridade do governo é a preservação de vidas e liberdades dos moradores.
A prioridade do governo é a dominação e captura de narcotraficantes.
A prioridade do governo é a redução de crimes de pequena monta.
A prioridade do governo é defender a comunidade de balas perdidas.
Questão 6 - A restauração da relação social implica em retomar uma qualidade de
comunicação e de convivência pautada no respeito mútuo, de forma a garantir a
sustentabilidade do diálogo daqueles que participam daquela convivência. Assim, podemos
entender como mediação de conflitos, exceto:
O processo de diálogo, que inclui a desconstrução do conflito e o restauro da relação
social.
A construção de soluções com comprometimento para preservar a relação social.
O método autocompositivo dedicado à restauração da relação social.
A composição de diferenças com soluções de mútuo benefício.
O método de contraste visando à coexistência da competição.
Questão 7 - O conflito surge das interações dos indivíduos, sendo inerente à própria
existência humana. Diferentemente do que a grande maioria das pessoas acha, o conflito
não é nocivo à vida social, muito embora congregue elementos positivos e negativos,
formando uma unidade. Assinale a resposta correta:
Os participantes da mediação aprendem uma forma pacífica e colaborativa de negociar
diferenças.
Os participantes da mediação não possuem nenhum comprometimento com o
fortalecimento da harmonia social.
Os participantes da mediação interagem sem, contudo, se preocuparem com a
restauração do equilíbrio social.
Os participantes da mediação interagem em favor da coexistência da competição,
promovendo diferenças.
Os participantes da mediação colaboram com as diferenças, instigando os
enfrentamentos.
Questão 8 - A mediação de conflitos é uma técnica utilizada para a administração positiva
do conflito, colocando a paz social ao alcance dos cidadãos. Um policiamento voltado para
a resolução de problemas locais é necessário para recuperar territórios empobrecidos,
dominados pela criminalidade. Assim, relacionando a mediação de conflito com a polícia
pacificadora, é incorreto afirmar que:
Surge um novo paradigma no enfrentamento da violência e criminalidade.
Surge a possibilidade de favorecer o encontro de mundos conflitantes, aumentando as
chances de diálogo.
Surge a possibilidade de estabelecer possibilidades de convivência pacífica.
Surge uma experiência inovadora de policiamento comunitário.
Surge a ineficácia diante de uma situação de longa data: o conflito.
Questão 9 - O conceito tradicional de segurança pública restringe-se à ação policial
ostensiva e repressiva contra o crime. Contrapondo-se a essa abordagem tradicional, já se
pode pensar num trabalho capaz de solucionar conflitos e estabelecer a ordem pública.
Assim, pode-se dizer que:
Não há dúvidas de que os agentes da segurança pública em nada contribuem para a
solução de conflitos.
Somente a sociedade civil pode planejar e executar ações e oferecer estímulos
positivos no combate a conflitos.
As ações do governo demonstram a preocupação do estado em implantar mudanças e
solucionar conflitos.
O fazer policial justifica-se na manutenção da ordem frente aos conflitos insurgentes
produzidos no interior da sociedade.
Questão 10 - Numa acepção moderna, mediação é o processo voluntário de ajuste de
conflitos, no qual uma terceira pessoa, imparcial e capacitada ─ escolhida ou aceita pelas
partes ─, atua no sentido de encorajar e facilitar a resolução de uma disputa sem determinar
qual a solução. Por mediação de conflito, podemos entender:
O processo dialógico e cooperativo, que possibilita identificar os interesses e as
necessidades que jazem sob as posições adversárias.
O processo cooperativo, mas nunca dialógico, que propicia a articulação de interesses.
O processo que visa desarticular os interesses e estabelecer desigualdades.
O processo capaz de favorecer um conjunto de ganhadores com suas necessidades e
interesses.
O processo que possibilita a satisfação de interesses de apenas uma das partes
envolvidas.
Questão 11 - Dentre as afirmativas abaixo sobre comunicação não violenta (CNV), escolha
aquela não se relaciona com a verdade.
A CNV é eficaz e capaz de exercer relações de parceria e colaboração.
A CNV possibilita mudanças estruturais no modo de encarar e organizar as relações
humanas.
A CNV baseia-se na escuta empática e na expressão autêntica da nossa própria
experiência interior.
A CNV não é capaz de transformar o modelo social, uma vez que se pauta no
autoritarismo e na imposição do medo.
A CNV foi criada por Marshall B. Rosenberg a partir de suas experiências pessoais.
Questão 12 - A CNV possibilita entrar em contato com a nossa própria compassividade,
podendo ser aplicada em todos os níveis de comunicação, bem como em instituições
públicas e privadas e na solução de conflitos de toda a natureza. Para Rosenberg:
I. É justamente na forma como nos comunicamos e, também, como somos ouvidos pelos
outros que reside os motivos dos conflitos.
II. É reconhecer qual necessidade está ligada ao sentimento observado e que não está
sendo atendida num determinado momento.
III. É reconhecer que, na forma como nos comunicamos, está a chave para a solução de
questões conflituosas.
IV. É reconhecer que formas específicas de linguagem contribuem para comportamentos
violentos em relação aos outros; dentre eles, encontra-se a CNV.
Estão corretas as afirmativas:
I e II
II e IV
I, II e III
Todas as afirmativas estão corretas.
Questão 13 - Observemos os seguintes exemplos: “Cheguei atrasado porque havia muito
trânsito hoje”; “Trabalho nesta empresa porque não tem outra”; “Ele fala assim comigo
porque não sabe do que sou capaz”. Todas essas falas podem ocasionar conflitos e
estabelecer desarmonia. A proposta de Rosenberg é:
I. Criar uma comunicação capaz de evitar focos de discussão e consequentes conflitos.
II. Criar a possibilidade de nos comunicarmos de maneira independente, sem nos
importarmos com o outro.
III. Criar a possibilidade de sermos autênticos, nos comunicando com liberdade e de
acordo com nossos próprios interesses.
IV. Criar uma comunicação capaz de atuar como um norteador na resolução de conflitos.
Estão corretas as afirmativas:
I e II
II e III
I, II e IV
I e IV
Questão 14 - Assinale a afirmativa incorreta.
A CNV começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e que
estratégias violentas – verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela
cultura dominante.
A CNV possibilita mudanças estruturais no modo de encarar e organizar as relações
humanas (gestão de grupos e organizações) e na questão da responsabilidade,
diminuindo a chance de agressões ou dinâmicas de grupo opressoras.
A CNV faz parte da formação de membros da força não violenta de paz, grupo
internacional presente em situações de conflito armado para apoiar a transformação
Nesta aula, você:
Analisou as medidas pensadas na atualidade para diminuir os índices de violência e
aumentar a segurança: a proposta da polícia comunitária como modelo de polícia
preventiva para aproximar os policiais da população e fortalecer a confiança da
sociedade nas instituições policiais do estado.
Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos:Aspectos da legislação penal com ênfase no uso de algemas, na apreensão do
jovem infrator e na preservação do local de crime.
FILHO, Evaristo de Morais. O problema de uma sociologia do direito. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1950.
LUCI DE OLIVEIRA, Fabiana. UPPs, direitos e justiça: um estudo de caso das favelas do
Vidigal e do Cantagalo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012.
MONTEIRO, Fabiano Dias; MALANQUINI, Lidiane. Sobre soldados e gansos: uma
aproximação acerca da percepção policial sobre a atuação em UPPs. Trabalho apresentado
na 28ª Reunião Brasileira de Antropologia. São Paulo, 2012.
pacífica.
O ideal da CNV é conseguir que nossas necessidades, desejos e expectativas sejam
satisfeitos de acordo com nossos próprios interesses, custe o que custar.
A CNV foi usada primeiramente em projetos federais do governo americano durante os
anos sessenta e é cada vez mais utilizada no processo da reintegração de ex-
presidiários.
Questão 15 - Indique a única resposta incorreta.
A comunicação não violenta faz com que os outros que nos ouvem se sintam atacados,
fragilizados e impotentes.
A comunicação não violenta pode ser utilizada formalmente na mediação e resolução
de conflitos, e mais informalmente em todas as situações da vida quotidiana.
A comunicação não violenta pode ser útil em qualquer situação onde existam
problemas ou conflitos e contribuir para encontrar soluções benéficas para todos.
A comunicação não violenta é uma maneira de falar que é assertiva e empática ao
mesmo tempo.
A comunicação não violenta também é uma forma de compreender o que se passa
com os outros e reconhecer a nossa situação.
Síntese
Próxima aula
Referências
NASCIMENTO, Vânia. Mediação nas unidades de polícia pacificadora: Morro da Formiga.
Dissertação UFF/ PPGA. 2012.
PAES DE CARVALHO, Ana Karine P. C. Miranda. Mediação de conflitos: uma alternativa para
a paz. 5. ed. Fortaleza: s.n., 2009.
ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar
relacionamentos pessoais e profissionais. 1. ed. São Paulo: Summus, 2006.

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