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Ética Direitos Humanos, Educação e Trabalho

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ÉTICA: DIREITOS HUMANOS, 
EDUCAÇÃO E TRABALHO 
 Dra. Giselle Soares 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2022 
 
 
1 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
 
Objetivo 
Introduzir e problematizar as noções de ética, direitos humanos e cidadania, 
relacionando-as com a vida social. 
 
Introdução 
A ética acompanha a humanidade no propósito de regular as relações sociais, 
estabelecendo limites e trazendo à tona valores que alcançam os diferentes indivíduos. 
Esses valores e normas de conduta são necessários para assegurar o processo civilizatório 
de forma satisfatória com o intuito de promover desenvolvimento. 
 
O estudo dessas noções requer que tenhamos condições de observar o mundo que 
nos cerca, percebendo como se estabelecessem as diferentes relações sociais e como os 
valores vigentes na sociedade se revelam nesse contexto. 
 
Vale salientar que essas temáticas devem ser amplamente debatidas na vida em 
sociedade para que todos os cidadãos se apropriem das questões presentes na vida em 
sociedade, identificando coletivamente as possibilidades de respostas positivas para a 
promoção da efetivação dos direitos. A participação é uma das questões centrais para a 
construção e efetivação dos direitos na vida social. 
 
1.1. Reflexões sobre a ética no nosso tempo 
A ética é uma noção ou orientação que faz parte da vida em sociedade e acompanha 
a humanidade ao longo do tempo. Portanto, pensar sobre a ética e identificar sua relevância 
em uma sociedade pressupõe considerar suas determinações sócio-históricas, isso porque 
a noção de ética é também produto da história e reflexo do que a humanidade em 
determinado momento da história. 
 
Vale lembrar que a definição e a explicação da conduta ética aceitável em dado 
momento se define pelo modo de pensar dominante em uma sociedade ou grupo, 
perpassando pelos valores presentes na coletividade. Assim, sabemos que a ética se 
constitui e se altera de acordo com os valores presentes na vida em sociedade. 
 
 
2 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
https://ssvpbrasil.org.br/vicentinos-brasileiros-tem-novo-codigo-de-etica/ acesso em 17/02/2021 
 
Em reflexo da influência dos valores presentes na sociedade no campo da ética, é 
necessário considerar que a mesma se revela no comportamento dos indivíduos, isso 
significa afirmar que a conduta ética se efetiva na ação humana. A ética se realiza à medida 
que agimos, geralmente orientamos nossas ações a partir do que a sociedade define ou 
espera de nós. Há um comportamento esperado aos cidadãos de uma sociedade, aos 
profissionais de uma determinada profissão como os professores, médicos, policiais, 
assistentes sociais. Há, inclusive, ética entre os grupos marginalizados da sociedade, tais 
como encarcerados, população em situação de rua. 
 
Desse modo, de jeitos diferentes a ética está presente em todos os grupos da 
sociedade, isso faz com que sua realização e, até seu entendimento se tornem complexos 
e demande observação e análise cuidadosa, por esse motivo pesquisadores, intelectuais 
se dedicam ao estudo da ética, uma vez que seu estudo revela aspectos centrais sobre o 
agir em sociedade. Os estudos sobre a ética podem fortalecer o debate em torno dela, 
enriquecendo seu entendimento e a identificação de seu alcance entre os diferentes grupos 
de uma sociedade. 
 
A complexidade da vida em sociedade alcança o campo da ética, isso se apresenta 
através de dilemas presentes, por exemplo no nosso tempo, tais como procedimentos 
profissionais específicos, comportamentos realizados nas redes sociais, atualização de leis, 
definição de limites possíveis para a ação humana em uma sociedade tecnológica. 
 
 
 
 
https://ssvpbrasil.org.br/vicentinos-brasileiros-tem-novo-codigo-de-etica/
 
 
3 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.2. A dimensão dos direitos humanos 
A construção dos direitos se realizou também no curso da vida em sociedade, sendo 
assim, resultado de determinações sócio-históricas que se apresentam como um produto 
construído no curso da vida social. 
 
A definição de direitos humanos pressupõe um debate sobre a noção de 
humanidade, definindo limites civilizatórios a serem considerados para a construção 
coletiva da vida social. Antes da elaboração dos direitos humanos percorreu-se uma 
trajetória necessária para identificar a necessidade de definir quais os limites para 
assegurar a toda humanidade as condições básicas para a existência e o desenvolvimento 
pleno e geral. 
 
A concepção de direitos humanos perpassa relações de poder, uma vez que a 
história da humanidade é marcada por disputas, conflitos, domínio de um grupo de 
indivíduos sobre outro. Tal situação demandou norteamento e regulamentação daquilo que 
é possível nas diferentes relações sociais com o objetivo de assegurar a realização de um 
padrão civilizatório humano. 
 
Nesse sentido, a noção de dignidade humana respalda a definição e elaboração dos 
direitos humanos. A dignidade humana é o princípio norteador da elaboração do conjunto 
de direitos humanos elaborados em nossa sociedade e representa aquilo que é necessário 
para assegurar uma vida digna, as condições mínimas para uma existência que permite o 
desenvolvimento de cada ser humano. Assim, a dignidade humana perpassa as esferas da 
educação, alimentação, moradia, saúde, participação, trabalho, cultura, ou seja, ela está 
presente. 
 
http://genjuridico.com.br/2020/09/21/principio-da-dignidade-humana/ acesso em 17/02/2021 
 
http://genjuridico.com.br/2020/09/21/principio-da-dignidade-humana/
 
 
4 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Cabe ressaltar que a plena realização dos direitos humanos é um desafio que a 
civilização humana ainda percorre, pois a falta de dignidade está presente em todas as 
esferas da vida em sociedade e de formas diferentes, uma vez que situações como trabalho 
escravo ainda convivem na nossa sociedade. 
 
Podemos considerar que os direitos humanos envolvem um amplo debate e alcança 
a elaboração dos direitos e das garantias fundamentais em sociedades diferentes, a 
realização desses direitos é algo amplo e complexo e se reflete na validação de ações e 
comportamentos aceitáveis na vida em sociedade. 
 
 
1.3. Cidadania como caminho para a realização dos direitos 
A elaboração dos direitos e o desenvolvimento da civilização perpassam a noção e 
a construção da concepção de cidadania. O que configurou na condição de regulamentar, 
ao menos, no campo jurídico a igualdade entre os indivíduos de uma sociedade, 
independente das condições socioeconômicas desiguais. 
 
Ao lado dos direitos, a cidadania é um marco regulatório para definir e permitir a 
construção do ordenamento sociojurídico de uma sociedade, ou seja, seu conjunto de leis 
e limites daquilo que é aceitável ou não para o desenvolvimento e a realização da vida em 
sociedade. 
 
A cidadania é a primeira condição para afirmam que todos os indivíduos participam 
de uma mesma sociedade. Nesse caso, podemos indagar se a própria noção está clara e 
apropriada, por exemplo, por todos os indivíduos da sociedade brasileira? Ainda, podemos 
perguntar quais são efetivamente os espaços de participação dos cidadãos? 
 
 
 
5 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=wZcskBctAPQ acesso em 17/02/2021 
 Assim, percebemos que a cidadania nasce com a ideia de cidade que conhecemos, 
pois os cidadãos habitam as diferentes cidades ou municípios, com destaque para o fato 
de que os cidadãos estão alocadosnão só nos espaços urbanos. Podemos pensar no 
direito de ir e vir, uma garantia fundamental e um direito civil assegurado a todo o cidadão. 
 
 Portanto, a cidadania envolve debate, possibilidades de participação coletiva e 
construção de espaços públicos de passagem, de convivência. Além disto, os direitos 
elaborados em uma nação voltam-se para seus cidadãos com o objetivo de promover 
desenvolvimento, participação e convivência coletiva. 
 
Desse modo, a realização do exercício da cidadania envolve os indivíduos e seus 
governos e tem uma dimensão sociocultural e, ao mesmo tempo, sociojurídica. Além do 
fato, da cidadania que conhecemos resultar do processo histórico que representou a 
formação da sociedade moderna. 
 
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=wZcskBctAPQ
 
 
6 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. ÉTICA E SOCIEDADE 
 
Objetivo 
 Dimensionar o conceito de ética e sua relevância para a vida em sociedade, 
destacando a dimensão histórica, bem como sua estreita relação com a noção de moral. 
 
Introdução 
 O conceito de ética pode variar de acordo com o tempo e o espaço de uma 
sociedade, desde da antiguidade até os dias de hoje forma de explica-la surgiram, 
destacando determinado aspecto. 
 
 No entanto, a ética tem ligação estreita com a noção de moral, por vezes ambas se 
fundem e se apresentam aos indivíduos na sociedade como única. Podemos considerar 
que uma respalda a outra, se a moral pressupõe um valor, uma norma, a ética se realiza 
através o comportamento dos indivíduos. 
 
 Nesse sentido, ética e moral estão presentes na vida em sociedade e normatizam 
as relações sociais para que a humanidade possa realizar um projeto civilizatório que 
contemple o desenvolvimento também dos indivíduos. 
 
2.1. Ética como conceito 
O conceito geral de ética remete para a noção de “princípios de conduta que 
orientam a ação de uma pessoa ou grupo” (Marcon, 2017, p.36), mas a ética é também 
uma área do conhecimento filosófico, tendo sido tema de reflexões de diferentes filósofos 
ao longo do tempo. 
 
http://faculdadelasalle.edu.br/eticaprofissionalecidadania/etica-e-qualidade/ acesso em 17/02/2021 
 
http://faculdadelasalle.edu.br/eticaprofissionalecidadania/etica-e-qualidade/
 
 
7 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A origem da palavra vem do grego, ethos e significa “costume, maneira habitual de 
agir ou índole”. De modo geral a noção de ética pode se confundir com a noção de moral 
que se origina do latim, moris e remete para a ideia de normas que representam o 
comportamento esperado, mas pela definição conseguimos perceber que a moral envolve 
uma normativa e a ética diz respeito ao agir, a maneira de orientar um comportamento. 
Percebemos, então que moral e ética às vezes se fundem e se confundem, por esse motivo 
em termos práticos é difícil identificar cada um deles (Marcon, 2017, p.37). 
 
Na filosofia o estudo da ética tem como objeto de estudo a conduta humana, por isso 
o comportamento humano é o objeto de análise da ética. Tal estudo é importante porque 
pode contribuir para o esclarecimento acerca da ética da própria sociedade estudada, com 
isso, podem usar o “conhecimento gerado pela ética no sentido de tornar o seu próprio 
conhecimento o mais alinhado possível ao que as sociedades entendem como certo, bom 
e justo”. Nesse caso, além da compreensão, do entendimento sobre a ação humana, é 
possível que o conhecimento busque colaborar com o bem da coletividade, da sociedade 
(Marcon, 2017, p.38). 
 
O estudo da ética se volta para o estudo dos “princípios que guiam o que as pessoas 
costumam ou se habituam a fazer”, esses princípios dizem respeito ao que as pessoas 
julgam como correto. Os julgamentos normativos de uma sociedade permite a identificação 
dos seus padrões morais, ou seja, qual a noção de certo que influencia o agir na direção 
do bem, o que significa considerar que as condutas revelam valores. Por esse motivo, o 
comportamento ético é influenciado por um padrão moral, por definição social do que é 
certo para um grupo ou uma sociedade (Marcon, 2017, p.39). 
 
 
2.2. Sobre a conduta ética 
É bem verdade que se há o comportamento ético há também a ausência da ética no 
momento de agir de acordo com o esperado pela sociedade. Essa prática acompanha a 
humanidade, ao mesmo tempo, em que dilemas se constituem frequentemente no curso da 
vida social. 
 
O primeiro ponto a considerarmos aqui é o tipo de comportamento ou o tipo de 
situação apresentada diante de nós, porque podemos dependendo da situação, definimos 
nossa conduta. Orientamos nossa ação dependendo do tipo de situação ou de dilema que 
 
 
8 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
temos diante de nós, ou seja, as situações não são iguais e não se configuram como 
dilemas todas da mesma forma. Nesse sentido, devemos nos perguntar o que define a 
intensidade de uma situação? Como uma situação se constitui em dilema? 
 
Assim, agimos de acordo com a ética em situações simples como se nos deparamos 
com uma carteira caída em algum local e abrimos a carteira para tentar identificar a quem 
pertence, se achamos dinheiro dessa carteira e nos perguntamos sobre mantê-lo ou pegar 
para si, afinal nem conhecemos a quem pertence a carteira. Podemos considerar essa uma 
situação simples, mas que exige uma conduta ética. 
 
 
 https://proafr.wordpress.com/especial/falar-sobre-etica-e-facil/ 17/02/2021 
 
Por outro lado, podemos durante uma caminhada nos depararmos com uma situação 
de violência contra mulher, exigindo que prestemos algum tipo de socorro à vítima, por 
exemplo, chamar e esperar com a vítima a chegada da ambulância. A situação de violência 
não exige apenas o cuidado médico, mas envolve também a justiça, sendo necessário 
registrar o ocorrido em uma delegacia de polícia. Você tem a oportunidade de testemunhar 
o ocorrido ou tentar se eximir da situação para não se comprometer. Diante dessa situação, 
a conduta ética pode prejudicar ou não uma vítima, pode livrar ou não o agressor de 
responder legalmente ao crime cometido. Parece que esse dilema pode envolver uma 
conduta ética simples, mas variando o padrão moral de uma pessoa, é possível que se 
pense é melhor não se envolver, embora a violência contra a mulher seja definido em nossa 
sociedade como crime. Sabemos o que é certo nessa situação, mas sua realização pode 
não nos deixar confortável na situação, esse desconforto pode nos levar ou não a fugirmos 
de testemunhar o ocorrido. 
 
https://proafr.wordpress.com/especial/falar-sobre-etica-e-facil/
 
 
9 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
As situações apresentadas são diferentes e se caracterizam também por 
intensidades diferentes. No entanto, a ausência da ética pode significar o desrespeito a 
uma regra socialmente definida, envolve a responsabilidade de quem descumpre uma 
regra. Podemos nos perguntar o que faz indivíduos diferentes de uma mesma sociedade 
escolherem padrões diferentes de conduta: cumprir ou descumprir uma regra? 
 
O valor e a moral prevalecente em cada indivíduo será decisivo para que se 
comprometa a respeitar as regras definidas e orientar sua conduta como tal, de maneira 
agir de forma ética na vida em sociedade, no exercício de sua profissão. 
 
 
2.3. O agir de acordo com a moral 
 A moral se constrói ao longo do tempo, ou seja os valores que influenciam a definição 
dos padrões morais se alteram no tempo e no espaço. Além disso, é vivendo em sociedade 
que apreendemos os valores, a noção de certo ou errado, bem como a conduta ética 
esperada socialmente. 
 
 No entanto, um indivíduo pode depositar em outra pessoaa identificação dos valores 
e padrões morais, reproduzindo a conduta sugerira pelo outro como em uma relação entre 
quem manda e quem obedece ou, entre rei e súdito ou, entre chefe e empregado. Tal 
situação se define pela ausência de moral de quem reproduz o padrão e o comportamento 
sugerido pelo outro, há ainda, a ausência do exercício reflexivo. 
 
 https://www.gestaoeducacional.com.br/moral-o-que-e/ acesso em 17/02/2021 
 
A prevalência dos interesses individuais também pode comprometer a conduta de 
um indivíduo, comprometendo antes a identificação do padrão moral. Busca-se, nesse 
caso, a exceção à realização da regra definida como aceitável na vida em sociedade com 
https://www.gestaoeducacional.com.br/moral-o-que-e/
 
 
10 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
o propósito de obter algo para si mesmo com a oportunidade. Tal prática pode se configurar 
em postura egocêntrica. 
 
 Contudo, nem sempre é simples agir de forma individualista, pois nossas ações 
podem interferir diretamente no grupo ao qual pertencemos, seja a família, colegas de sala, 
o grupo de trabalho. A questão é que nossas ações são perceptíveis ao outro, muitas vezes 
as ações são orientadas pensando primeiro em não falhar com o grupo ao qual se faz parte, 
considerando que nesse prevalece a mesma visão de mundo e o mesmo padrão moral. 
 
 Cabe ressaltar que o padrão moral pode ser definido prioritariamente pelo espaço 
que ocupa, muitas vezes somos influenciados a orientar nosso padrão moral considerando 
a instituição em que estamos, seja a instituição o lugar de trabalho, de cultura ou mesmo o 
governo que define regras de convivência entre os diferentes indivíduos de uma cidade, por 
exemplo. Podemos cumprir as regras definidas porque fazemos parte da instituição e temos 
afinidade de valores, podemos agir de acordo com o padrão estabelecido sem, na verdade, 
concordarmos com ele. 
 
 Os padrões morais são construídos também nos indivíduos, ou seja, nossas 
experiências podem fortalecer determinado valores, dependendo do que vivenciamos, por 
esse motivo, podemos orientar nossa conduta com autonomia, identificando os princípios 
que se aproximam do que é importante para nós e, ao mesmo tempo, é aceitável para a 
vida em sociedade. Nessa situação, agimos com autonomia porque há o exercício da 
reflexão anterior ao posicionamento do indivíduo, configurando-se em uma escolha 
racional. 
 
 
 
11 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. ÉTICA E PENSAMENTO FILOSÓFICO 
 
Objetivo 
Dimensionar a ética como conceito filosófico utilizado para a compreensão dos 
valores de uma determinado momento histórico. 
 
Introdução 
A filosofia se deteve ao estudo da ética em momentos diferentes, desde o período 
antigo, na tentativa de compreendê-la os filósofos a associaram à noções de virtude, de 
felicidade, de dever. Desta forma, foi considerada uma área de estudo dentro da filosofia, 
seu estudo permite a própria compreensão da sociedade. 
 
As diferentes interpretações revelam a relevância da sua noção e o quanto ela 
permite que os indivíduos consigam viver de forma satisfatória, dentro daquilo que é 
aceitável para a vida em sociedade, na busca pela realização do bem. 
 
O debate sobre a ética e suas explicações são necessárias para que possamos 
entender de que forma ela está presente na sociedade e no comportamento dos indivíduos. 
 
3.1. Ética e filosofia antiga 
A ética foi um dos temas contemplados entre os questionamentos levantados pelos 
filósofos gregos. A busca para identificar ou definir a essência humana fez com esses 
pensadores elaborassem vários questionamentos sobre a vida, sobre viver de forma 
virtuosa, o que só poderia acontecer através da realização de uma postura ética. 
 
Sócrates, Platão e Aristóteles 
https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/etica-e-politica-na-filosofia-antiga/ acesso em 14/02/2021 
 
https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/etica-e-politica-na-filosofia-antiga/
 
 
12 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Assim, o primeiro a contribuir para tal reflexão foi Sócrates que entendia a ética como 
uma conquista para a vida virtuosa, por esse motivo defendia que os “homens deveriam 
cuidar menos do corpo e das riquezas e mais da alma”. Acreditava, afinal que “não era o 
ter que elevava a alma do homem, mas o contrário. Na Grécia antiga essa concepção 
filosófica incomodou e muito, Sócrates acabou condenado a morte pelos atenienses, seguiu 
confinado, aguardando sua morte, pois acreditava que não se devia responder a uma 
injustiça com uma atitude injusta, pois a ausência da ética comprometia mais àquele que 
punia injustamente do que o punido (Marcon, 2017, p.56). 
 
Sócrates acreditava no equilíbrio das atitudes, em uma vida de moderação com as 
paixões para segundo plano, pois o homem virtuoso “deveria ser modesto e buscar não se 
tornar dependente das coisas materiais terrenas” (Marcon, 2017, p.57). 
 
No pensamento de Platão, discípulo de Sócrates, o mundo em que vivemos se 
constitui como o mundo das ideias, seria uma reprodução da vida real. No entanto, há 
também para o filósofo o mundo platônico que seria o mundo ideal, aquele que deveríamos 
percorrer, pois nesse mundo o “ homem possui retidão e é virtuoso”, os indivíduos devem 
utilizar a inteligência para estarem no mundo ideal. Para Platão, o “comportamento ético 
significa agir de acordo com os valores do homem platônico, que vive em um mundo 
virtuoso”. O ser humano deve agir no esforço de corrigir seus erros, por isso o considera 
um ser “sábio e procura o ideal” (Marcon, 2017, p.57). 
 
Platão continua o pensamento de Sócrates sobre a justiça e a injustiça, considerando 
também que perde mais aquele que comete a injustiça, pois esse não poderá ser feliz com 
tal atitude, no lugar do prazer deve a humanidade buscar realizar o bem. 
 
Segundo Aristóteles discípulo de Platão, a principal meta humana deve ser fazer o 
bem, ou seja, “o homem deve buscar ser feliz” e para isso é necessário buscar alcançar a 
meta de fazer o bem. O filósofo classificou a ética como uma ciência prática (Marcon, 2017, 
p.57). 
Na visão de Aristóteles, os “bens da alma são os mais importantes que o homem 
pode alcançar, pois conduzem à real felicidade”. Assim, outros bens como “bens do corpo 
e exteriores” seriam um caminho intermediário para se alcançar a “felicidade trazida pelos 
bens da alma” (Marcon, 2017, p.57/ 58). 
 
 
 
13 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3.2. Ética para Kant 
 Já no século XVIII, na formação da sociedade moderna, um filósofo chamado 
Immanuel Kant, ao contrário dos filósofos da antiguidade, associou a ética à noção de 
dever, pois considera que ao “cumprir um dever por obrigação, o homem está se baseando 
na razão”. Assim, o exercício da razão faz com que o homem oriente suas ações com 
retidão, aproximando-se do comportamento ético (Marcon, 2017, p.58). 
 
 Kant entende como dever uma “lei que tem origem na razão e se impõe sobre os 
homens, seres racionais”. Portanto, ser ético significa “cumprir os deveres definidos 
racionalmente por uma sociedade” (Marcon, 2017, p.58). 
 
Crítica da Razão Prática 
https://app.planejativo.com/ver-aula/193/material-de-apoio/resumo/filosofia/filosofia-moderna-immanuel-kant acesso em 
17/02/2021 
 Desse modo as obrigações morais dos indivíduos racionais constituem-se em 
“imperativo categórico”, uma vez que a “razão tem o poder de dominar a vontade humana”, 
a razão se apresenta na forma da lei sendo capaz de se sobrepor à vontade humana. Na 
obra Crítica da Razão Prática, Kant “distingueas ideias da razão e realiza uma investigação 
ética-moral. Para ele, uma moral correta estaria fundada no bem universal, um valor eterno 
e absoluto” (Marcon, 2017, p.61). 
 
O imperativo categórico considera que o indivíduo é, ao mesmo tempo, “legislador e 
o ator que age conforme as leis”, justificando a noção da ética e da moral como um dever. 
A consciência da cada indivíduo o “faz perceber essa “lei universal” e evitar contradições”. 
Os indivíduos orientam suas vontades com base nos imperativos definidos na vida em 
sociedade e aprendem, segundo Kant, que não devem fazer ao outro o que não querem 
para si mesmo (Marcon, 2017, p.61). 
 
 
https://app.planejativo.com/ver-aula/193/material-de-apoio/resumo/filosofia/filosofia-moderna-immanuel-kant
 
 
14 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3.3. Ética e sociedade moderna 
 A sociedade moderna representou um período de transformação que se realizou 
efetivamente nas áreas social, política econômica. Do ponto de vista sociopolítico um 
advento importante foi a formação do Estado moderno, com isso, a institucionalização de 
um conjunto de leis. Desse modo, a percepção das noções de ética e moral também se 
alterou. 
 
Aristóteles influenciou tal concepção de ética, uma vez que a associou à felicidade, 
associada a busca do “bem e a agir segundo as suas virtudes” e, as virtudes morais podem 
ser aperfeiçoadas com o tempo (Marcon, 2017, p.59). 
 
https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/filosofia-etica-e-sociedade/ acesso em 17/02/2021 
 
Nesta perspectiva, refinando ambas as noções, podemos considerar a ética 
associada ao pensamento filosófico, pois ela envolve explicações teóricas, definição de 
princípios, aspectos ou leis universais e regras que se apresentam através de estatutos que 
são instituídos na sociedade, tais como os códigos de ética de diferentes profissões. 
 
Por outro lado, a moral envolve uma visão de mundo, valores que podem variar 
dependendo da cultura, do povo ou do lugar onde se está, a moral se apresenta a partir de 
normas de conduta presentes na sociedade que são capazes de pressionar os indivíduos 
a agirem de acordo com os valores morais vigentes na sociedade. 
 
 Cabe ressaltar que na sociedade moderna prevalece o individualismo, também por 
esse motivo a presença dos valores morais e a consciência para o agir ético são 
necessários para que a sociedade se mantenha de forma equilibrada, pois à medida que 
os valores são incorporados pelos indivíduos e os mesmo se refletem em seus 
https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/filosofia-etica-e-sociedade/
 
 
15 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
comportamentos, isso faz com que os indivíduos participem da vida em sociedade, 
sentindo-se ligados a ela. 
 
 
 
Direitos Humanos: marco fundamental de uma nova era 
Dalmo de Abreu Dallari 
 
 
A aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações 
Unidas, em 1984, foi o marco inicial de um novo ciclo na história da humanidade. Elaborado e 
proclamado pouco depois do término da segunda guerra mundial, esse documento fundamental 
não foi apenas um grito de protesto, uma explosão momentânea de indignação, contra as agressões 
armadas e a negação da racionalidade implícita em todas as guerras. 
 
Muito mais do que isso, a Declaração Universal de 1948 foi a proclamação solene da rejeição 
do individualismo egoísta e do materialismo mal disfarçado, implantados no mundo ocidental no fim 
do século dezoito, utilizando o rótulo do liberalismo e, no entanto, só cuidando da liberdade dos 
privilegiados econômicos. 
 
A par dessa rejeição, a declaração Universal proclama com muita clareza a primazia da 
pessoa humana, com suas dimensões espiritual e material, com sua dignidade implícita na condição 
humana e com seus valores fundamentais, protegidos como direitos próprios da natureza humana. 
 
Desse modo, os valores humanos essenciais, aqueles que são indispensáveis para a 
preservação da dignidade e o crescimento interior da pessoa, valores que nascem com a pessoa 
humana e que não dependem das circunstâncias de tempo e lugar, das condições materiais e da 
situação social, foram novamente colocados em primeiro plano. 
 
A consciência de tais valores, já revelados na antigüidade e postos em evidência, sobretudo, 
através da obra de grandes pensadores da Grécia antiga, havia sido perdida pela humanidade, o 
que levara, afinal, ao sistema de arbítrio do absolutismo e à ordem aristocrática caracterizada pelas 
discriminações e exclusões. 
 
Embora algumas vozes isoladas já tenham denunciado as violências contra os valores 
inerentes à natureza ainda no período medieval, como se verifica, por exemplo, na obra de Santo 
 
 
16 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Tomás de Aquino, foi nos séculos dezessete e dezoito que se conjugaram vários fatores que iriam 
levar à implantação de uma nova ordem. Filósofos políticos de grande envergadura, testemunhas 
e às vezes vítimas de discriminações sociais e perseguições políticas e religiosas, demonstraram 
com sólida argumentação a injustiça das agressões a valores inerentes à natureza humana. 
 
Ao mesmo tempo, uma nova força social, a burguesia, que se formara a partir do século 
doze e que no século dezessete já era o segmento mais rico da população, em termos de patrimônio 
e renda, não queria mais aceitar sua exclusão política e a insegurança que daí decorria para a 
pessoa, o patrimônio e as relações econômicas. Suas aspirações e a necessidade de proteção para 
os seus interesses foram bem sistematizados na afirmação da liberdade e da igualdade como 
valores fundamentais e direitos naturais da pessoa humana. 
 
Esses mesmos valores e direitos, proclamados e defendidos pelos filósofos humanistas e 
cujo respeito era desejado pelos burgueses, davam resposta às necessidades dos trabalhadores e 
das camadas mais pobres da população de modo geral. Todos esses sofriam agressões, 
humilhações e exclusões, não havendo o mínimo respeito por sua dignidade e pelas exigências 
naturais de sua condição humana. 
 
Foi sob inspiração desses valores humanos fundamentais que ocorreram as revoluções 
burguesas dos séculos dezessete e dezoito, lideradas por intelectuais e burgueses e fortemente 
apoiadas pelas massas populares, crentes em que a imposição de limitações ao poder pessoal dos 
governantes e a eliminação dos privilégios da nobreza dariam lugar a uma ordem social justa, a 
uma sociedade de pessoas livres e iguais. 
 
Essas crenças e aspirações foram bem resumidas no lema da Revolução Francesa: 
liberdade, igualdade e fraternidade. Elas foram também incorporadas à Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, aprovada pela assembléia Francesa em 1789. Acredita-se que os valores 
humanos fundamentais iriam determinar os rumos da humanidade daí por diante. 
 
O que ocorreu, entretanto, foi bem diferente do que se poderia supor pela aparente crença 
comum nos valores fundamentais da pessoa humana e pela conjugação de esforços para demolição 
da antiga ordem injusta. A nova ordem estabelecida, liderada pelos detentores do poder econômico, 
apenas substituiu os privilégios, pois a partir de uma afirmação formal e abstrata de respeito à 
liberdade, assegurou a supremacia política e social dos detentores de bens econômicos e de maior 
renda. 
 
A igualdade de direitos e de oportunidades foi completamente esquecida, usando-se o 
sofisma de que a desigualdade é justa se todos forem livres. Não se levou em conta que nada 
 
 
17 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
significa o direito de ser livre para quem, nascido na pobreza e sem ter acesso à educação,aos 
cuidados de saúde, à boa alimentação e a tudo o mais de que a pessoa humana necessita para 
sobreviver e para viver com dignidade, não tem, por todas essas limitações, o poder de ser livre. 
 
A liberdade econômica e a proteção do patrimônio foram muito benéficas para quem tinha 
condições materiais para gozar dessa liberdade. Assim se desenvolvem no século dezenove a 
relação industrial, houve notáveis avanços científicos e tecnológicos e as fortunas aumentaram. 
Mas as diferenças sociais aumentaram profundamente, a exploração do homem pelo homem atingiu 
proporções degradantes para toda a humanidade. 
 
Na encíclica "Centésimo Ano", publicada em 1981 para comemorar o centenário da 
publicação da encíclica "Rerum Novarum", na qual o papa Leão XIII fazia a denúncia da existência 
de graves e extensas injustiças sociais, com multidões de marginalizados e excluídos, o papa João 
Paulo II ressaltou que o século dezenove, tão celebrado pelo dinamismo da economia, foi o mesmo 
que criou o capitalismo e o proletariado. E poderia acrescentar que foi um século em que se usou 
amplamente o trabalho escravo. 
 
Supremacia absoluta para a riqueza material, privilégios políticos e sociais para os 
detentores dessa riqueza, egoísmo a avidez em lugar da fraternidade e solidariedade, foi essa a 
marca da sociedade implantada no século dezoito. Com o mais absoluto desprezo pelos valores 
humanos fundamentais, esse tipo de sociedade criou distâncias enormes entre pobres e ricos, 
estabelecendo barreiras insuperáveis para os nascidos na miséria, estabelecendo uma ordem legal 
essencialmente injusta, os dominadores legalizaram as injustiças, dando o nome de "direitos" aos 
seus privilégios e assim impuseram um sistema de marginalização crônica e hereditária, 
pretendendo-se transferir para os excluídos a culpa por sua exclusão. 
 
As duas guerras do século vinte, que envolveram, direta ou indiretamente, quase toda a 
humanidade, espalhando morte e destruição e plantando as sementes de novas guerras inevitáveis 
se não ocorrerem mudanças profundas, foram produtos desse tipo de sociedade e de sua escala 
de valores. Ambições materiais sem limites, ao lado de injustiças insuportáveis, só podem levar ao 
conflito e à violência e jamais produzirão a paz. 
 
Foi a consciência dessa necessidade de mudança profunda que produziu a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos em 1948. Um dado fundamental da declaração, que é o ponto de 
partida para a recuperação da consciência da dignidade e dos valores básicos da pessoa humana, 
é a proclamação contida no artigo 1º: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em direitos 
e dignidade...". Aí está, na utilização da palavra "todos", abrindo o documento e condicionando sua 
leitura, compreensão e aplicação, a afirmação expressa da Universalidade dos Direitos Humanos. 
 
 
18 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Isso tem como conseqüência que se alguma pessoa nascer em condições tais que 
impliquem discriminação ou exclusão, quanto à titularidade dos direitos e à igual possibilidade de 
seu uso, estará ocorrendo uma agressão aos direitos Humanos. 
 
Educação para os Direitos Humanos: "basta" à exclusão social 
Educar para os Direitos Humanos é infundir e implementar a consciência de que a pessoa 
humana é o primeiro dos valores. Disso decorre o compromisso de respeito à dignidade dos seres 
humanos e aos valores fundamentais que são de toda a humanidade. Sendo direitos e valores 
universais nenhuma pessoa pode ser excluída desse respeito e toda exclusão social é negação do 
humano. 
 
Um ponto que deve ficar bem claro é que a educação para os Direitos Humanos é sempre, 
necessariamente, preparo e estímulo para a prática. Nas últimas décadas aumentou muito o número 
de instrumentos normativos de Direitos Humanos, havendo já uma quantidade considerável de 
convenções, pactos, acordos, tratados e outros instrumentos de natureza jurídica a afirmação e a 
proteção dos Direitos Humanos, sobretudo para a correção de situações em que tem sido habitual 
a prática de ofensas graves a esses direitos. 
 
Ao mesmo tempo, e em parte como conseqüência da evolução normativa, vem aumentando 
constantemente o número de pessoas que falam e escrevem sobre Direitos Humanos. Em princípio 
é bom que isso aconteça, mas existe, em primeiro lugar, o risco de se confundir o tratamento teórico 
com a prática. Não basta falar em Direitos Humanos, escrever sobre eles e até fazer leis em seu 
favor se isso não tiver autenticidade, se não houver a firme disposição de respeitá-los e fazê-los 
respeitar. 
 
Outro risco é a criação da ilusão de respeito, é a introdução dos Direitos Humanos na 
linguagem comum como simples modismo, sem conseqüências práticas. Assim, por exemplo, hoje 
ninguém diz que a mulher é inferior ao homem e que as posições de comando na sociedade devem 
ser reservadas aos homens. E no entanto em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, as 
mulheres continuam sofrendo muitas exclusões, não tendo as mesmas oportunidades pelo simples 
fato de serem mulheres, independente do mérito que possam ter. 
 
Na realidade, já houve consideráveis avanços, o que deve ser reconhecido e louvado, mas 
persistem ainda muitas exclusões, que devem ser identificadas, denunciadas e combatidas sem 
descanso. Existem os excluídos tradicionais, que são os herdeiros da pobreza, os marginais da 
educação, os imigrantes e refugiados, entre outros. 
 
 
 
19 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Em pesquisa realizada na França recentemente, verificou-se que cerca de 70% dos jovens 
sem qualquer diploma e sem qualificação profissional eram mais humildes e de menor 
remuneração, ou então eram filhos de desempregados ou de pessoas que nunca tiveram um 
emprego fixo. 
 
Esse é um aspecto que deve merecer especial atenção: a existência de pessoas que já 
nascem excluídas e que muito provavelmente jamais poderão superar a situação de exclusão. Não 
è preciso ir longe, fazer uma pesquisa aprofundada ou ser especialista em qualquer ciência para 
perceber que isso acontece hoje no Brasil. Embora a Constituição afirme a igualdade de todos e 
assegure a todos a mesma liberdade, só por hipocrisia alguém poderá dizer que o filho de pais ricos 
tem a mesma liberdade e as mesmas oportunidades quanto ao acesso aos direitos fundamentais 
que os filhos de pais pobres ou miseráveis. 
 
Basta ter olhos para ver que um número muito grande de crianças brasileiras nasce em 
situação de exclusão social. Muitas dessas crianças não ultrapassam o primeiro ano de vida e se 
resistirem estarão sempre à margem da sociedade ou numa longínqua retaguarda, vítimas da fome 
e da falta de cuidados de saúde, com pouca ou nenhuma possibilidade de educação, morando na 
rua ou em condições extre3mamente precárias, sofrendo humilhações e agressões à sua pessoa e 
completamente desprovidas de bens materiais. E, no entanto, o Brasil assinou a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, segundo a qual "todos os seres humanos nascem livres e iguais 
em dignidade e direitos". 
 
A esses excluídos tradicionais juntam-se agora novos excluídos. São filhos malditos da 
globalização, os que não são aquinhoados com a liberdade do neo-liberalismo, os que são 
inexoravelmente condenados pelas leis do mercado, porque nem sequer chegam ao mercado. Na 
verdade, o que se procura esconder sob esses rótulos é a última tentativa de manutenção dos 
privilégios usufruídos há duzentos anos, com egoísmo e insensibilidade moral, pelos detentores de 
superioridade econômico e financeira. 
 
Em última análise, a globalização econômica, apresentada como novidade embora já exista 
há quinhentos anos com o estabelecimento de rotas marítimas e terrestres para o comércio, é um 
artifício do materialismo egoísta para dificultaro avanço dos Direitos Humanos. 
 
Sem exagerar no otimismo e sem deixar de reconhecer que ainda são muitos os obstáculos 
para que as ambições materiais e a busca desenfreada de poder público e prestígio social cedam 
lugar à predominância da ética e da solidariedade humana, pode-se afirmar que a humanidade 
reencontrou o bom caminho. 
 
 
 
20 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Através da educação para os Direitos Humanos os dominados, discriminados e excluídos 
adquirem consciência dos direitos inerentes à sua condição humana e começam a lutar por eles. 
Entre os dominadores alguns já perceberam que se persistirem as injustiças e as violações graves 
de Direitos Humanos haverá a "guerra de todos contra todos". Se houver empenho e determinação 
não estará longe a nova sociedade, livre de injustiças e exclusões sociais. 
 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos, Exclusão Social e Educação para o Humanismo. 
http://www.dhnet.org.br/dados/livros/edh/estaduais/rs/adunisinos/dallari.htm <Acesso em 
23/06/2022> 
. 
 
 
http://www.dhnet.org.br/dados/livros/edh/estaduais/rs/adunisinos/dallari.htm
 
 
21 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. SOBRE A NOÇÃO DE CIDADANIA 
 
Objetivo 
 Propiciar a compreensão da noção de cidadania e seu desenvolvimento na 
sociedade moderna, identificado sua centralidade na construção dos direitos civis, políticos 
e sociais. 
 
Introdução 
 A noção de cidadania é central para que possamos dimensionar o processo de 
construção de direitos presente na nossa sociedade. Tal concepção e processo foram 
iniciados com a formação da sociedade moderna. 
 
 O entendimento da cidadania permite que possamos dimensionar a construção dos 
direitos como um processo sócio-histórico capaz de influenciar a vida em sociedade, além 
de definir aos seus indivíduos o que são deveres e o que são direitos para uma convivência 
equilibrada. 
 
 Além disso, a cidadania se associa aos processos de participação da vida em 
sociedade, onde os indivíduos podem expressar suas demandas sociais, exercitarem o ser 
cidadãos e se apropriarem das questões presentes na sociedade. 
 
4.1. Cidadania e suas determinações sócio-históricas 
A formação da sociedade moderna corresponde a um marco do ponto de vista do 
processo de civilização e do ponto de vista da vida social. Entre as transformações 
ocorridas se destaca a reorganização da vida social e das formas de pertencer à sociedade. 
 
Portanto, a partir da sociedade moderna todos os indivíduos passam a ser 
considerados cidadãos, é importante destacar que com isso passam a ter direitos e deveres 
para com a sociedade, o Estado e os demais cidadãos. 
 
Tal reconhecimento significou um avanço do ponto de vista da organização social, 
além disso, foi necessário para que a sociedade, no caso a europeia pudesse avançar em 
seu processo civilizatório. Portanto, podemos considerar que a cidadania moderna é 
resultado do processo sócio-histórico e reflete as mudanças necessárias na busca do 
desenvolvimento da vida em sociedade. 
 
 
22 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A noção de cidadania é anterior à modernidade e está associada aos processos de 
lutas sociais da população em diferentes momentos da humanidade. Na Grécia antiga, a 
“cidadania representava um privilégio para os homens livres, ou seja, os atenienses com 
mais de 21 anos de idade, do sexo masculino; os cidadãos gregos participavam da vida 
pública, das discussões que caracterizavam as questões decisivas sobre a sociedade 
grega, os demais grupos sociais dessa sociedade, tais como as mulheres, os escravos e 
estrangeiros eram excluídos das decisões políticas (Marcon, 2017, p.69). 
 
Na Roma antiga, os cidadãos eram os patrícios, os direitos civis eram assegurados 
a esse grupo e os direitos das gentes aos estrangeiros com o propósito de facilitar as 
transações comerciais, os plebeus não tinham os direitos civis, políticos e religiosos 
assegurados. 
 
Estrutura social no Feudalismo 
http://fexcidadania.blogspot.com/2017/03/de-volta-idade-media.html acesso em 17/02/2021 
 
Na sociedade feudal, a ausência de mobilidade social e a estrutura da sociedade a 
partir de estamentos permitia que as leis fossem elaboradas de forma fragmentada, sem 
uma legislação comum a toda a sociedade feudal. Tal condição favorecia a rigidez da 
estrutura social e a ausência do reconhecimento dos direitos aos servos que eram 
considerados como uma extensão das terras situadas no feudo. 
 
Na transição da sociedade feudal para a moderna as questões vinculadas à 
liberdade, igualdade e reconhecimento de direitos se apresentavam como urgentes. À 
medida que os burgueses aumentaram seu poder aquisitivo, reivindicavam pelo 
reconhecimento dos direitos civis e políticos. Tal condição se constituiu na semente que 
culminou em revoluções e na instituição de uma nova ordem social: a sociedade moderna. 
http://fexcidadania.blogspot.com/2017/03/de-volta-idade-media.html
 
 
23 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.2. As revoluções burguesas 
A formação da sociedade moderna demandou um período de transição e sua 
formação foi influenciada por várias determinações sócio-históricas, entre elas, as 
revoluções burguesas, sendo a Revolução Industrial na Inglaterra e a Revolução Francesa 
na França. 
 
A Revolução Industrial corresponde às transformações do ponto de vista 
socioeconômico da modernidade, pois significou o processo de implementação do modo 
capitalista de produção com a formação das grandes indústrias, demandando o 
desenvolvimento técnico-científico para respaldar tal formação e manter as industrias em 
desenvolvimento e expansão do mercado de consumo e do processo de produção. Esse 
processo demandou o desenvolvimento da cidade com a expansão urbano-industrial, 
favorecendo a formação dos centros urbanos e a migração dos trabalhadores do campo 
para o trabalho na indústria. 
 
A implementação da produção industrial e, portanto, do modo capitalista de produção 
correspondeu a um processo de transformação marcado por contradições, sendo essa uma 
das características do próprio capitalismo. Desse modo, as contradições influenciaram a 
condição de vida dos trabalhadores que trabalhavam inúmeras horas para terem condições 
de receberem um salário que não era o suficiente para assegurar as mínimas condições de 
sobrevivência na cidade em formação. 
 
Representação da Revolução Industrial 
http://blogdopolini.blogspot.com/2014/09/revolucao-industrial-aula-de-historia.html acesso em 17/02/2021 
 
Tal quadro foi impulsionado pela valorização das liberdades individuais que assegura 
o direito à propriedade privada que contemplava o direito de acumular riquezas. Por outro 
lado, a condição dos operários no final do século XVIII e início do século XIX demandou 
http://blogdopolini.blogspot.com/2014/09/revolucao-industrial-aula-de-historia.html
 
 
24 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
mobilização e intensas lutas sociais que culminaram com a regulamentação dos direitos 
trabalhistas; no caso os primeiros direitos sociais da sociedade moderna que foram 
instituídos com o propósito de minimizar os conflitos sociais e o processo de desigualdade 
social, inerente à sociedade capitalista. 
 
Na França aconteceu a Revolução Francesa que significou um processo de 
mudança do ponto de vista sociopolítico. A mola propulsora dessa revolução foi a tentativa 
de resistir ao Absolutismo e sua centralização do poder ao regente. Tal processo foi 
necessário, pois a produção industrial começava a se organizar, os burgueses tinham poder 
aquisitivo,mas não tinham reconhecimento política dentro da ordem feudal. Daí a 
necessidade de pressionar a mudança do regime político e de toda a organização social da 
sociedade que nascia. 
 
Nesse caso, o lema dos burguesas foi: ‘Igualdade, Liberdade e Fraternidade’, o grito 
sinalizava a urgência de um novo modelo político que coubesse a igualdade jurídica entre 
as pessoas que viviam no mesmo pais, o cidadão. 
 
No entanto, para que se chegasse ao reconhecimento de que todos os indivíduos 
eram cidadãos, embora tivessem condições socioeconômicas diferentes seria necessário 
um Estado organizado de forma a respaldar o reconhecimento dessa igualdade civil ou 
jurídica. 
 
Representação da Revolução Francesa 
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-revolucao-francesa.htm acesso 17/02/2021 
 
Assim, a Revolução Francesa contribuiu para a formação da república como sistema 
político como forma de assegurar e manter o nascente Estado Moderno que representou 
um avanço do ponto de vista sociopolítico, bem como sociojurídico e culminou com a 
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-revolucao-francesa.htm
 
 
25 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
elaboração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), proclamando que 
“os homens nascem livres e iguais em direitos”, sendo tais direitos “naturais e inalienáveis”, 
devendo o Estado assegurá-los aos indivíduos através de sua organização, a separação 
dos poderes (Marcon, 2017, p.85). 
 
A noção de universalidade respaldou a organização sociojurídica, a ampliação da 
concepção de direito e da noção de justiça. Nesse processo, as leis elaboradas para 
organizar a vida sociojurídica deveria ser expressão da vontade geral. 
 
4.3. Os direitos civis, políticos e sociais 
Com a evolução da cidadania em etapas, tivemos também a formação e o instituição 
dos diferentes direitos, os direitos civis, políticos e sociais. 
 
 Os direitos civis são também conhecidos como liberdades individuais, entre eles 
destacam-se o direito de propriedade, “o direito à vida, à liberdade de expressão, 
pensamento e fé, à propriedade, à igualdade perante a lei, à presunção de inocência” e, o 
direito de ir e vir. Os direitos civis têm o propósito de garantir a igualdade de todos perante 
a lei, através da legitimação das liberdades fundamentais (Marcon, 2017, p.73). 
 
Cena do filme Germinal 
http://cineclubedelirio.blogspot.com/2010/11/das-coisas-que-podem-germinar.html acesso em 17/02/2021 
 
Os direitos políticos correspondem à possibilidade de “participação do cidadão no 
governo e no exercício do poder”, incluindo o direito ao voto e a “possibilidade de se 
candidatar a cargos políticos e de participar de ou fundar partidos” políticos. Tais direitos 
envolvem a ação dos indivíduos no Estado e na sociedade, ou seja, remete à participação 
na vida pública de sua sociedade ou do lugar onde você reside (Marcon, 2017, p.74). 
 
http://cineclubedelirio.blogspot.com/2010/11/das-coisas-que-podem-germinar.html
 
 
26 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os direitos sociais nascem do processo de mobilização social dos trabalhadores em 
função de suas condições trabalhistas no momento da formação e consolidação do modo 
capitalista de produção. Assim, dizem respeito aos direitos que asseguram as condições 
mínimas de bem-estar social e econômico do cidadão, assegurando também os direitos 
civis e políticos. São direitos sociais, o direito ao trabalho, à saúde, previdência social, 
saúde, educação, à vida, maternidade, infância, entre outros. 
 
Cabe ressaltar que esses direitos são fundamentais ao “pleno exercício de 
cidadania”, estão presentes nas legislações nacionais, as Constituintes dos diferentes 
países, a realização desses direitos demandam a elaboração de políticas sociais por parte 
dos Estados (Marcon, 2017, p.75). 
 
 
 
27 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
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5. A NOÇÃO E O DEBATE SOBRE DIREITOS HUMANOS 
 
Objetivo 
 Propiciar o entendimento sobre os direitos humanos, sua relação com os demais 
direitos e sua importância para regular as relações sociais na vida em sociedade 
 
Introdução 
Os direitos humanos são também como os outros direitos resultado de um processo 
sócio-histórico que corresponde ao esforço de regulamentar e validar a noção de dignidade 
humana como marco civilizatório para assegurar o desenvolvimento das diferentes nações, 
bem como de seus cidadãos. 
 
O debate sobre os direitos humanos é relevante, pois seu reconhecimento e sua 
efetivação envolvem questões presentes na sociedade do interesse de todos os cidadãos. 
Além disso, o debate sobre a noção e os temas em torno dos direitos humanos permite que 
se realize o processo de participação dos cidadãos onde esses podem se apropriar das 
particularidades sobre a realização da dignidade humana. 
 
A realização dos direitos humanos te uma dimensão educativa que se efetiva no 
exercício de cidadania e, consequentemente, no processo de participação onde os 
cidadãos podem pautar e reivindicar suas demandas. 
 
5.1. Direitos humanos 
A consolidação da sociedade moderna propiciou que caminhássemos para o que 
Norberto Bobbio chama de A Era dos Direitos, pois destacou que o “problema fundamental 
em relação aos direitos do homem, hoje não é tanto o de justifica-los, mas o de protegê-
los” (p.6). Tal questão alcança os direitos humanos, pois a concepção de direitos humanos 
nasce vinculada ao fato de que eles seriam um direito natural do homem, mas ao mesmo 
tempo, sua efetivação envolve ações afirmativas que devem estar previstas na lei dos 
países que reconhecem os direitos humanos. 
 
A questão é que os direitos humanos resultam de uma processo histórico de 
civilização que tem seu marco na sociedade ocidental, abarcando países de diferentes 
continentes, mas não todos os países do mundo. Assim, foram necessários vários 
acontecimentos que ocasionaram a urgência de reconhecê-los. 
 
 
28 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nesse sentido, a identificação sobre o que são os direitos humanos envolve 
diferentes perspectivas de análise. Primeiro, entende-se que são “direitos inerentes à 
natureza humana”. Segundo, eles são considerados “uma construção do ser humano, que 
pode ser conquistada com luta política” (p.8). 
 
 
Sobre a Era dos Direitos 
https://cecgp.com.br/a-era-dos-direitos-nos-70-anos-da-declaracao-universal-de-direitos-humanos-por-vital-
moreira/ acesso em 17/02/2021 
 
Portanto, os direitos humanos envolve concepções diferentes, entre elas a idealista, 
a jurídico-positiva e a histórico-estrutural. As concepções idealistas buscam uma 
fundamentação sobre os direitos humanos através de visão abstrata, ideal, “identificando 
os direitos humanos a valores informados por uma ordem de princípios e condições 
pretensamente inerentes à natureza humana” (Dornelles, 2013 Apud Chicarino, 2016, p.9). 
 
Nas concepções jurídico-positivas, os direitos humanos são “direitos fundamentais 
do ser humano e que surgem do Estado”, precisando estarem positivados na legislação 
para que sejam reconhecidos (Dornelles, 2013 Apud Chicarino, 2016, p.9). 
 
A concepção histórico-estrutural, os direitos humanos resultam de movimentos 
históricos e refletem as conquistas de lutas sociais de um determinado grupo da sociedade. 
“São marcados por contingências econômicas, políticas e ideológicas, expressando-se 
através de conquistas sociais”. Assim, “os valores e princípios são a expressão da práxis 
social e potencializam as demandas concretas por reconhecimento jurídico-formal e o 
exercício plenoe material dos direitos” (Dornelles, 2013 Apud Chicarino, 2016, p.9). 
 
A partir das concepções que tentam fundamentar os direitos humanos podemos 
considerar que o reconhecimento desses direitos e sua materialidade vincula-se ao 
https://cecgp.com.br/a-era-dos-direitos-nos-70-anos-da-declaracao-universal-de-direitos-humanos-por-vital-moreira/
https://cecgp.com.br/a-era-dos-direitos-nos-70-anos-da-declaracao-universal-de-direitos-humanos-por-vital-moreira/
 
 
29 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
processos históricos, circunstâncias e determinações que propiciaram experiência, 
urgência de demandas sociais e acabaram impulsionando a materialidade desses direitos. 
Contudo, podemos considerar que há relação entre processo histórico, mobilização e lutas 
sociais e elaboração dos direitos sociais. 
 
5.2. Evolução dos direitos humanos 
A elaboração dos direitos envolveram um percurso na vida social, sendo construídos, 
elaborados, aplicados ao longo do tempo. Tal percurso iniciou-se no século XVIII com o 
processo de transformação social. Os direitos humanos têm como princípio a realização da 
dignidade humana, ao mesmo tempo em que estabelecem limites ao poder dos governos, 
pois há sempre um princípio básico a ser considerado e assegurado aos cidadãos. 
 
Portanto, sua efetivação envolve outros princípios, a universalidade, individualidade 
e autonomia, alguns direitos humanos se configuram como direitos civis e políticos, sendo 
os direitos de expressão, a religião, de não-violência. Esses direitos “reivindicam um espaço 
de autonomia e liberdade frente ao Estado e a não interferência deste na vida dos cidadãos, 
interferência no sentido privado ou de abuso de poder” (Chicarino, 2016, p.11). 
 
É importante considerar que para a realização da dignidade humana se afirma pelo 
reconhecimento dos direitos civis e políticos e também os sociais e culturais. Assim, os 
“cidadãos começam a reivindicar do Estado proteção e garantia de direitos como acesso à 
saúde, à habitação, à educação, o direito ao trabalho, à segurança social, ao lazer, etc” 
(Chicarino, 2016, p.12). 
 
Os efeitos da 2ª Guerra Mundial: meninos no campo de concentração 
https://observatorio3setor.org.br/noticias/lancamento-de-livro-discute-memoria-e-segunda-guerra-mundial/ 
acesso em 16/02/21 
 
https://observatorio3setor.org.br/noticias/lancamento-de-livro-discute-memoria-e-segunda-guerra-mundial/
 
 
30 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
No entanto, a efetivação dos direitos humanos perpassa um acordo internacional, 
seu surgimento se deu por volta de 1945, após a Segunda Guerra Mundial, embora cada 
Estado que o reconheça deve realiza-lo em sua comunidade, ao mesmo tempo, ele é 
regulado internacionalmente, através de um acordo que envolve países diferentes. Nesse 
cenário, a ONU (Organizações das Nações Unidades) faz a mediação da comunidade 
internacional, sendo uma espécie de guardiã da efetivação dos direitos humanos em cada 
país que o reconhece. O genocídio dos judeus foi o acontecimento histórico que 
impulsionou o papel da ONU diante da comunidade internacional, pautando a relevância e 
urgência de sua efetivação nas diversas nações. 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) é o documento que legitima e 
protege os direitos humanos no cenário internacional, representou a afirmação do 
compromisso de cada nação em efetivá-lo. 
 
A garantia e a efetivação dos direitos humanos refletem as contradições presentes 
na sociedade, bem como os processos políticos de disputa de poder entre as nações 
diferentes, mantendo-se a divisão entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. 
Além disso, nas últimas décadas as questões humanitárias de cunho global têm sido foco 
de atenção da ONU. 
 
5.3. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 
Os artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos buscam romper com a 
“violação e destruição da essência humana provocada pelo nazismo e constitui um marco 
universal de reconhecimento e proteção dos direitos humanos”. Tais princípios devem ser 
seguidos e ensinados pelas nações aos seus cidadãos, por esse motivo os direitos 
humanos devem ser estudados nas escolas (Chicarino, 2016, p.23). 
 
Há na DUDH a indicação da preocupação com as novas gerações no propósito de 
preservá-las de conflitos internacionais, “firmando as bases para uma sociedade 
democrática, não por coincidência ‘dignidade, liberdade e igualdade’ são termos 
significativos no presente texto”. É necessário que cada cidadão se aproprie do texto da 
DUDH, pois ela foi elaborada em âmbito internacional e cada localidade, cada região tem 
suas questões peculiares (Chicarino, 2016, p.23). 
 
 
 
31 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
www.docsity.com/pt/declaracao-universal-dos-direitos-humanos-10/5140711/ acesso em 16/02/21 
 
Por exemplo, podemos pensar que no Brasil ainda há a presença de trabalho 
escravo, mais ainda, no Brasil temos a presença de crianças trabalhando nas ruas e sem 
frequentar as escolas. Tal quadro se configura como uma particularidade da nossa região 
ou do nosso país. 
 
A garantia da dignidade humana envolve todos os outros direitos, civis, políticos, 
sociais, econômicos e culturais, o que reforça sua relevância e complexidade. 
 
 
 https://brasa.org.br/declaracao-universal-dos-direitos-humanos/ acesso em 16/02/21 
http://www.docsity.com/pt/declaracao-universal-dos-direitos-humanos-10/5140711/
https://brasa.org.br/declaracao-universal-dos-direitos-humanos/
 
 
32 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Assim, a realização dos direitos humanos permite que se resgate valores sociais que 
fazem parte da sociedade, com o esforço de colocá-los em prática, eles envolvem a 
solidariedade, paz, tolerância, as diferenças e as diversidades. 
 
 
 
33 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. EDUCAÇÃO PARA OS DIREITOS HUMANOS 
 
Objetivo 
Problematizar sobre a dimensão educativa em torno da apropriação dos temas e da 
prática associada aos direitos humanos. 
 
Introdução 
Sabemos que os direitos humanos pressupõem debate para a sua realização, além 
de envolver temáticas sensíveis e associadas à questões presentes na sociedade, o que 
demanda uma preparação para todos possam identificar as próprias questões da sociedade 
ligadas à problemática que envolve toda a efetivação dos direitos humanos. 
 
Portanto, esses temas, a dignidade humana e até a normatização dos direitos 
humanos devem ser debatidos na escola e em outros espaços socioeducativos. O trabalho 
educativo em direitos humanos envolve profissionais de diferentes áreas, sendo importante 
da formação de equipes multiprofissionais para o desenvolvimento de ações cidadãs. 
 
Cabe ressaltar que no trabalho com direitos humanos todos aprendem: educadores, 
educandos e outros profissionais ou atores sociais envolvidos no projeto ou no programa 
em desenvolvimento. 
 
6.1 Direitos humanos e direito à educação 
A efetivação pelos direitos humanos passa pela incorporação dos temas diretamente 
associados à dignidade humana em programas associados à política de educação, afinal 
os direitos humanos pressupõe uma educação, a experimentação do debate e de práticas 
que permitam que os estudantes-cidadãos se apropriem dessa temática para que eles 
sejam sensíveis ao tema e tenham a disposição para orientar seus comportamentos de 
forma a contemplar os princípios éticos e da dignidade humana. 
 
O trabalho em educação com os direitos humanos pressupõe um programa mundial 
com definição de diretrizes, objetivos e princípios norteadores para o desenvolvimentodas 
ações necessárias para que sejam trabalhados em forma de atividades ou práticas 
socioeducativas em âmbito local em articulação à diretrizes da ONU. Desse modo, no Brasil 
a implementação de um projeto vinculado a um programa sugerido pela ONU demanda um 
planejamento intergovernamental e intersetorial, ou seja, envolve as três esferas de 
 
 
34 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
governo: federal, estadual e municipal. A realização de um projeto intersetorial envolve 
diferentes áreas, setores ou secretarias de uma gestão pública, por exemplo, um projeto de 
cultura de paz pode abarcar a secretaria da educação, da assistência social, da cultura, da 
habitação, entre outras. 
 
https://www.ohchr.org acesso em 17/02/2021 
 
O Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos (2012) correspondeu a 
um marco intergovernamental no Brasil. Podemos considerar que a educação em direitos 
humanos corresponde a “práticas de atividades de capacitação e difusão de informação 
orientadas para criar uma cultural universal na esfera dos direitos humanos, mediante a 
transmissão de conhecimentos, o ensino de técnicas e a formação de atitudes” (Chicarino, 
2016, p.25). 
 
A educação em direitos humanos tem como propósito: 
• Fortalecer o respeito aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais. 
• Desenvolver plenamente a personalidade humana e o sentido da 
dignidade do ser humano. 
• Promover a compreensão, a tolerância, a igualdade entre os sexos 
e a amizades entre todas as nações, os povos indígenas e os grupos 
raciais, nacionais, étnicos, religiosos e linguísticos. 
• Facilitar a participação efetiva de todas as pessoas em uma 
sociedade livre e democrática, na qual impere o Estado de direitos. 
• Fomentar e manter a paz. 
• Promover um desenvolvimento sustentável centrado nas pessoas e 
na justiça social (UNESCO, 2012, Apud Chicarino, 2016, p.26). 
https://www.ohchr.org/
 
 
35 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A educação em direitos humanos envolve o conhecimento de práticas educativas, 
temáticas vinculadas à noção de dignidade humana, mas também conhecimento sobre as 
políticas sociais e gestão pública. Além de questões associadas à comunidade global e o 
direito internacional, pois uma ação local ou regional, nesse caso, é sempre articulada com 
a esfera internacional. 
 
6.2. Os Tratados Internacionais 
 Os direitos humanos são elaborados em âmbito internacional no esforço de realizar 
a universalização desses direitos aos cidadãos globais, seu reconhecimento deve ser 
jurídico. 
 
 Nesse sentido, as declarações de direitos são elaboradas no esforço de estender os 
princípios básicos que envolvem a realização da dignidade humana a todos os países 
signatários, ou seja, que assinam junto à ONU o reconhecimento dos direitos humanos, 
considerando que os direitos humanos buscam trabalhar com o princípio de igualdade, das 
garantias daquilo que é necessário para as condições de vida dos indivíduos. 
 
 Os direitos humanos têm dimensão internacional porque superam os limites dos 
diferentes Estados, envolvendo um processo de universalização e a intervenção 
internacional. A intervenção ocorre “contra genocídio, tortura, discriminação, pobreza, 
escravidão, tráfico de pessoas, velhas ou novas formas de terrorismo” (Chicarino, 2016, 
p.30). 
 
https://ugt.org.br/index.php/post/25291-Convencao-da-OIT-sobre-trabalho-infantil-conquista-ratificacao-universal acesso 
em 17/02/2021 
 
A realização internacional dos direitos fortalece a dimensão da universalização e da 
democracia na sociedade global e se constitui em esperança individual e coletiva, capaz de 
regular processos históricos caracterizados pela disputa de poder, especialmente as 
grandes guerras mundiais. 
 
https://ugt.org.br/index.php/post/25291-Convencao-da-OIT-sobre-trabalho-infantil-conquista-ratificacao-universal
 
 
36 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Portanto, o fato de os direitos humanos serem pautados por uma agência reguladora 
e mediadora de nível internacional permite que se coloque em pauta situações de 
intolerância, injustiça, às vezes de um grupo para outro grupo, ou de uma Nação para outra 
Nação. 
 
 
 
CIDADÃO, CIDADANIA E INTEGRAÇÃO SOCIAL 
 
Dalmo de Abreu Dallari 
A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade 
de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem 
cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de 
decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social. Por 
extensão, a cidadania pode designar o conjunto das pessoas que gozam 
daqueles direitos. Assim, por exemplo, pode-se dizer que todo brasileiro, no 
exercício de sua cidadania, tem o direito de influir sobre as decisões do 
governo. Mas também se pode aplicar isso ao conjunto dos brasileiros, 
dizendo-se que a cidadania brasileira exige que seja respeitado seu direito de 
influir nas decisões do governo. Nesse caso se entende que a exigência não é 
de um cidadão mas do conjunto de cidadãos. 
 
Na Grécia antiga, como se lê no filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C), já havia 
o reconhecimento do direito de participar ativamente da vida da cidade, 
tomando decisões políticas, embora esse direito ficasse restrito a um número 
pequeno de pessoas. Em Roma, como anteriormente mencionado, foi feita a 
classificação das pessoas para efeito de cidadania. Os estrangeiros e os 
escravos estavam excluídos da cidadania, e, além disso, só uma parte dos 
cidadãos romanos gozava da cidadania ativa. E só o cidadão ativo tinha o 
direito de ocupar cargos públicos importantes e de participar das decisões 
políticas, especialmente através do voto. 
 
Cidadania: Participação na Vida Pública 
Foi a partir da concepção romana que se adotou o conceito de cidadania, na 
França do século dezoito, como foi acima exposto. E foi também a partir da 
França que se introduziu nas legislações modernas a diferenciação entre 
cidadania e cidadania ativa. 
 
A cidadania, que no século dezoito teve sentido político, ligando-se ao 
princípio da igualdade de todos, passou a expressar uma situação jurídica, 
indicando um conjunto de direitos e de deveres, jurídicos. Na terminologia 
atual, cidadão é o indivíduo vinculado à ordem jurídica de um Estado. Essa 
vinculação pode ser determinada pelo local do nascimento ou pela 
descendência, bem como por outros fatores, dependendo das leis de cada 
Estado. Assim, por exemplo, o Brasil consideram seus cidadãos, como regra 
 
 
37 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
geral, as pessoas nascidas em território brasileiro ou que tenham mãe ou pai 
brasileiro. 
 
Essa vinculação significa que o indivíduo terá todos os direitos que a lei 
assegura aos cidadãos daquele Estado, tendo também o direito de receber a 
proteção de seu Estado se estiver em território estrangeiro. Desde o começo 
do século dezenove foi estabelecida a idéia de que direitos específicos da 
cidadania são aqueles relacionados com o governo e a vida pública. Em 
primeiro lugar, o direito de votar e ser votado, mas a partir disso existem 
outros direitos exclusivos dos cidadãos. Entre esses se acha o direito de ser 
membro do Tribunal do Júri, além do direito de tter um cargo, emprego ou 
função na Administração Pública. 
 
A Cidadania no Brasil Atual 
A constituição Brasileira de 1988 assegurou aos cidadãos brasileiros os direitos 
já tradicionalmente reconhecidos, como o direito de votar para escolher 
representantes do Legislativo e no Executivo e o direito de se candidatar para 
esses cargos. Não ficou, porém, apenasnisso, sendo importante assinalar que 
essa Constituição ampliou bastante os direitos da cidadania. 
 
Como inovação, foi dado ao cidadão o direito de apresentar projetos de lei, 
por meio de iniciativa popular, tanto ao Legislativo federal quanto às 
Assembléias Legislativas dos Estados e as Câmaras Municipais. Foi assegurado 
também o direito de participar de plebiscito ou referendo, quando forem 
feitas consultas ao povo brasileiro sobre projetos de lei ou atos do governo. 
Além disso, foi atribuído também aos cidadãos brasileiros o direito de propor 
certas ações judiciais, denominadas garantias constitucionais, especialmente 
previstas para a garantia de direitos fundamentais. Entre essas ações estão a 
Ação Popular e o Mandado de Segurança, que visam impedir abusos de 
autoridades em prejuízo de direitos de um cidadão ou de toda a cidadania. 
 
A par disso, a Constituição prevê a participação obrigatória de representantes 
da comunidade em órgãos de consulta e decisões sobre os direitos da criança 
e do adolescente, bem como na área da educação e da saúde. Essa 
participação configura o exercício de direitos da cidadania e é muito 
importante para a democratização da sociedade. 
 
Em todos os Estados do mundo, inclusive no Brasil, a legislação estabelece 
exigências mínimas para que um cidadão exerça os direitos relacionados com 
a vida pública, o que significa a imposição de restrições para que alguém 
exerça os direitos da cidadania. De certo modo, isso mantém a diferenciação 
entre cidadãos e cidadãos ativos. O dado novo é que no século vinte, 
sobretudo a partir de sua Segunda metade, houve o reconhecimento de que 
muitas dessas restrições eram anti-democráticas e por isso elas foram sendo 
eliminadas. Um exemplo muito expressivo dessa mudança é o que aconteceu 
com o direito de cidadania das mulheres. Em grande parte do mundo as 
mulheres conquistaram o direito de votar e de ocupar todos os cargos 
 
 
38 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
públicos, eliminando-se uma discriminação injusta que, no entanto, muitos 
efeitos ainda permanece na prática. 
 
Por último, é importante assinalar que os direitos da cidadania são, ao mesmo 
tempo, deveres. Pode parecer estranho dizer que uma pessoa tem o dever de 
exercer os seus direitos, porque isso dá a impressão de que tais direitos são 
convertidos em obrigações. Mas a natureza associativa da pessoa humana, a 
solidariedade natural característica da humanidade, a fraqueza dos indivíduos 
isolados quando devem enfrentar o Estado ou grupos sociais poderosos são 
fatores que tornam necessária a participação de todos nas atividades sociais. 
Acrescente-se a isso a impossibilidade de viver democraticamente se os 
membros da sociedade externarem suas opiniões e sua vontade. Tudo isso 
torna imprescindível que os cidadãos exerçam seus direitos de cidadania. 
 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos e Deveres da Cidadania. 
http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/deveres.htm <Acesso em 
23/06/2022> 
 
 
http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/deveres.htm
 
 
39 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. BRASIL E A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Objetivo 
 Compreender o processo de elaboração dos direitos no Brasil, bem como aspectos 
ligados à implementação e efetivação dos direitos humanos no país. 
 
Introdução 
A noção de cidadania no Brasil se desenvolveu de forma frágil, ainda assim, 
caminhamos para a afirmação dos direitos sociais e dos direitos humanos. Nesse sentido, 
é necessário que o profissional em formação tenha elementos para refletir sobre as 
principais características desse processo para poder orientar sua capacidade reflexiva 
sobre a realidade, a qual se insere e também para orientar sua ação profissional com vistas 
a formar uma conduta profissional que afirme os valores e princípios que norteiam os 
direitos humanos. 
 
7.1. Os direitos no Brasil 
A construção dos direitos no Brasil refere-se a um processo lento. Historicamente o 
reconhecimento da noção da cidadania, bem como os direitos sociais voltaram-se aos 
trabalhadores com carteira assinada. Portanto, a universalização dos direitos sociais 
passou a ser realidade no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988, com isso 
podemos considerar que a efetivação dos direitos no Brasil corresponda a um processo em 
curso, embora nos deparamos neste início de século com o desmonte dos direitos sociais 
em função do projeto e das políticas neoliberais também em curso no Brasil. 
 
 
https://biblioo.info/censura-o-fantasma-que-volta-a-assustar-as-bibliotecas-brasileiras/ acesso em 24/02/2021 
 
Diante da configuração sobre os direitos sociais no Brasil podemos nos perguntar 
como se constituiu o debate em torno dos direitos humanos no país. Cabe ressaltar que o 
https://biblioo.info/censura-o-fantasma-que-volta-a-assustar-as-bibliotecas-brasileiras/
 
 
40 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
debate em torno da efetivação dos direitos humanos no Brasil ganhou corpo e intensidade 
com o processo de redemocratização e com a validação das regras democráticas no país. 
 
Vale lembrar que a ditadura militar brasileira representou um governo apoiado na 
cassação dos direitos civis e políticos da população e durou entre os anos 1964 e 1985. 
Nesse período, aqueles que se mobilizaram contra o regime foram considerados inimigos 
da pátria, muitos foram exilados, mas antes torturados, alguns foram brutalmente assinados 
e algumas famílias até hoje não tiveram os corpos dessas lideranças identificados. 
 
Nesse sentido, a Comissão da Verdade representa um avanço para a identificação 
dos mortos pelo governo militar brasileiro no período da ditadura. Assim, a Comissão da 
Verdade fundada e 2011 corresponde a um marco para o reconhecimento dos direitos 
humanos no Brasil, bem como o debate sobre as consequências da ditadura militar, uma 
vez que conhecer o que representou esse tipo de governo é essencial para que possamos 
superar e eliminar a possibilidade desse tipo de governo no país. 
 
O debate sobre os direitos humanos perpassa as condições de vários grupos 
excluídos da sociedade brasileira, podemos pensar na população em situação de rua, na 
população confinada pelo sistema carcerário do país. O problema da violência frequente 
contra a população residente nas periferias das grandes cidades ou contra a população 
negra é outro ponto que merece atenção, na maior parte das vezes, a violência começa 
pela própria polícia, quando essa deveria proteger indistintamente seus cidadãos, uma vez 
que a segurança pública é um serviço que se apoia na realização do bem comum de uma 
sociedade. 
 
7.2. A luta por direitos humanos no Brasil 
A mobilização para iniciar e efetivação dos direitos humanos no Brasil, alinhando à 
agenda internacional da ONU se intensificou tardiamente, no processo de 
redemocratização da sociedade. Desta forma, podemos considerar que a “Constituição 
Cidadã de 1988 é muito representativa e simbólica, porque foi elaborada e proclamada 
após a ruptura provocada pelo governo federal de modo a fundar a reconstrução 
democrática no Brasil” (Chicarino, 2016, p.54). 
 
Na atual Constituição Federal brasileira estão contemplados os seis “instrumentos 
fundamentais de proteção e promoção dos direitos humanos que integram a Declaração 
 
 
41 Ética: Direitos Humanos, Educação e Trabalho 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Universal dos Direitos Humanos”: Convenção sobre a eliminação de todas as formas de 
discriminação racial; Pacto internacional dos direitos civis e políticos; Pacto internacional 
dos direitos econômicos, sociais e culturais; Convenção sobre a eliminação de todas as 
formas de discriminação contra a mulher; Convenção

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